1. Mensagem de Diana Andringa, enviada esta madrugada:
Em primeiro lugar, quero agradecer a vossa comparência na estreia do documentário e todas as palavras simpáticas que nos (aos autores do filme) dirigiram.
Em segundo, pedir desculpa se não conversei com todos nem me despedi da maioria - mas, antes da projecção, além do nervoso, estava a tentar receber todos os convidados. E, depois, parei a conversar com alguns e demorei a chegar à saída.
Em terceiro lugar, lamento que o debate não se tenha efectuado ontem, logo a seguir ao filme. Mas os trabalhadores da Culturgest têm direito ao descanso... Para os que quiserem, hoje domingo, às 20, lá estarei, na Culturgest, para o debate.
Finalmente, aguardo as vossas críticas. Que, naturalmente, me interessam muito.
Obrigada outra vez,
Diana
2. Apelo do editor do blogue, L.G.:
Amigos e camaradas:
Agora agora gostava de conhecer a reacção, sincera, espontânea, dos nosssos tertulianos ao filme...
O filme ficou aquém (ou foi além) das vossas expectivas ? E quais eram essas expectativas ? Mexeu convosco, mexeu com as vossas emoções ? Foi (des)confortável ? Gostaram ? Mostrou, de facto, os dois lados da guerra ? Era politicamente (in)correcto ? Foi objectivo e equidistante ? Era mais pro-PAIGC, não foi isento ? Deu mais tempo de antena a uns do que a outros ? Os realizadores escolheram as pessoas certas, de um lado e de outro ? Ignoraram ou escamatearam coisas importantes e polémicas, de um lado e de outro ? Por exemplo, o Congresso do PAIGC em Cassaca,em 1964, ou a invasão de Conacri, pelas NT, em 22 de Novembro de 1970...
Enfim, foi importante ter sido realizado e mostrado este filme aos portugueses, aos guineenses e aos caboverdianos ? Ou foi dinheiro deitado ao lixo ?
Não se esqueçam que nós tínhamos vinte anos e já se passaram 40... E que em matéria de audiovisual há muito pouco para mostrar aos vindouros... Ou será que o exército ainda guarda a sete chaves documentos audiovisuais classificados ? Reparem que os realizadores do filme tiveram que ir buscar, aos franceses, um bocado de uma reportagem de guerra, para mostrar uma cena de uma emboscada do PAIGC com mortos e feridos para o nosso lado...
Fazendo minhas a pergunta e a resposta do meu camarada Humberto Reis:
Onde é que estavam os nossos fotocines, os nossos operadores de cinema militares ? Em centenas e centenas de quilómetros batidos, a pé (!), por nós e pelos nossos nharros da CCAÇ 12, nunca vimos um fotocine... Andavam na propaganda, sempre atrás do Spínola e da sua corte... A guerra, que se travava nas bolanhas e lalas, nas florestas-galeria, na savana arbustiva, nas picadas, no tarrafo, nos rios e braços de mar, nas tabancas, nos destacamentos, nos aquartelamentos do mato.... nada disso foi filmado. Restam as nossas fotos, os nossos testemunhos, o nosso sangue, suor e lágrimas...
Em suma, digam muito sinceramente o que sentiram e viram... Vamos publicar as vossas opiniões (dos que viram o filme)... Eu reservo a minha opinião para mais tarde, não quero inibir bem influenciar ninguém... Só quero que fundamentem as vossas opiniões: gostei ou não gostei do filme, por isto e por aquilo... Não é preciso ser crítico de cinema, para dar opinião sobre um filme... Nós estivemos lá, mesmo que cada nós só tenho visto um face da guerra... Por isso mesmo, juntar a nossa à parte...
Espero ir ao debate, hoje, às 20h, na Culturgest.
Luís Graça
PS - Atenção: É preciso não ignorar o seguinte: este filme foi feito com escassos recursos (humanos, técnicos, financeiros)... Não estamos na América, estamos em Portugal...
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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