Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
sexta-feira, 26 de outubro de 2007
Guiné 63/74 - P2218: Operação Macaréu à Vista - Parte II (Beja Santos) (7): Afundem a armada de Madina
Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bambadinca > Geba Estreito > Novembro de 2000 > Restos da "armada de Madina" ? Não, apenas velhas canoas, diz-nos o Albano Costa que por lá passou em Novembro de 2000...
Fotos: © Albano Costa (2006). Direitos reservados.
Texto enviado, em 11 de Setembro último, pelo Beja Santos (ex-alf mil, comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70).
Luís, aqui vai o VII episódio (1). Tens aí as boas fotografias do Geba estreito. Mando pelo correio os apontamentos do almirante Teixeira da Mota, parece-me muito bonito publicá-los pela primeira vez. Os livros seguem pelo correio, também. Esta semana já não posso mandar mais, tenho um relatório urgente até sexta feira para acabar. Um abraço do Mário.
Operação Macaréu à Vista - Parte II (Beja Santos) (7) > Afundem a armada de Madina!
A premonição de que vou estudar a história da Guiné
Fui chamado de urgência a Bambadinca, a coluna sairá por volta das sete, é um amanhecer límpido, glorioso, carregado de bons presságios. Leio finalmente a brochura que o comandante Teixeira da Mota me ofereceu em Bissau no início de Agosto passado, e que é da sua autoria. Chama-se “A primeira visita de um governador das ilhas de Cabo Verde à Guiné, António Velho Tinoco, 1575”. Ele escreveu na dedicatória: ao Mário Beja Santos, “Filho de Deus” para as gentes do Cuor. Como é muito ao estilo do insigne historiador, ele junta uma folha com os seguinte comentários:
“António Velho Tinoco foi o corregedor que condenou à morte o piloto açoriano trânsfuga Bartolomeu Baião, o qual lhe foi levado preso para a ilha de Santiago por um lançado da Guiné.
"Sobre o Baião tenho reunidos dezenas de documentos de Lisboa, Madrid e Londres que permitem reconstituir uma vida aventurosa, tipo capa e espada, de um piloto português - no que foi um entre muitos - que se valeu da sua arte náutica para roubar navios e intrujar ingleses e espanhóis (fugiu de uma prisão de Sevilha pelo telhado, e depois andou e ludibriar em Londres o embaixador de Espanha).
"Um colaborador em Sevilha acaba de me enviar mais uma boa dose de documentos sobre o mesmo, catados no Arquivo das Índias, e onde se explica como, quando comandava uma frota de corsário ingleses que andava à caça de navios portugueses, foi apanhado pelo rei da Ilha de Jeta, que depois o entregou ao lançado que o levou à justiça do bom António Velho Tinoco. O Baião não era Filho de Deus!"
Esta viagem do Tinoco é uma maravilha. Ele vem pela costa da Guiné, entra no rio de São Domingos, fala com o rei de Cacheu e aí ficamos a saber que Filho de Deus significa português. Daqui passa para o rio Grande que ao tempo era o conjunto de rias que hoje têm os nomes de Canal do Geba, Canal de Pedro Álvares, Canal de Bolola e Rio Grande de Buba, sendo certo que mais tarde sempre que se fala em Rio Grande se usa como sinónimo de Rio Grande de Buba. É no chão de beafadas, em Gambaro, que ocorre uma missa, em que o rei local pediu uma igreja, isto depois de Velho Tinoco ter sido recebido com trombetas de marfim e atabales e de se ter comido massapão. Depois o governador partiu para a Serra Leoa. Refere-se igualmente aos padres da Companhia de Jesus, logo que possa vou mandar esta referência ao padre Fazenda que insiste em saber mais pormenores sobre a presença dos Jesuítas em Cabo Verde e na Guiné, a partir do séc. XVI. Assento comigo próprio que logo que tiver disponibilidade hei-de estudar muito mais sobre a Guiné. A promessa está feita, tal a curiosidade por este passado totalmente desconhecido.
Ainda não sei que dentro de dias vou perder os óculos e ficar com o olho esquerdo afectado pelos ácidos da explosão da mina anticarro e vou parar seis dias a Bissau. Aí, completamente deprimido e sem querer ver ninguém, passarei todo o tempo disponível num espaço ameno chamado Centro de Estudos da Guiné Portuguesa, onde irei vasculhar artigos científicos, curiosidades, relatórios dos governadores, cartas de capitães-mores, documentos sobre a vida religiosa, os movimentos migratórios, a vida administrativa, as histórias das campanhas militares. Lerei emocionado os relatos de Honório Pereira Barreto e ficarei a saber que existiu um missionário guineense chamado Marcelino Marques de Barros que escreveu o primeiro dicionário de português-crioulo, foi sócio da Sociedade de Geografia e morreu em Cernache de Bonjardim, bem velhinho. Eu não poderia saber que durante meses andarei a estudar este fascinante missionário e cientista.
Estou, pois, empolgado com o que acabo de aprender. Agora vamos até Caranquecunda, pica-se até Canturé e depois, com mais prudência, tal o receio que temos da horta de caju, bem fechada, seguimos até Finete. Pelas dez da manhã, sou recebido pelo major Herberto Sampaio. Vou ficar a saber que existe uma armada de Madina que me compete destruir, o mais rapidamente possível.
À procura da armada de Madina no Geba
-Oiça, Beja, os gajos de Madina passaram as marcas. No fim do mês passado, cinquenta mânfios entraram no Nhabijão Bedinca, vinham bem armados, espancaram quem lhes ofereceu resistência, roubaram vacas, arroz, milho, roupas e atravessaram o Geba nas calmas. Quem se queixou disse claramente que cambaram o Geba em canoas. Eu não acredito que foram para a bolanha de S. Belchior. É longe, podem ser avistados do Xime. Temos que saber urgentemente o que se passou e dar-lhes caça. Estamos convencidos que para além dos apoios que eles recebem nos Nhabijões têm canoas e não devem ser poucas. Daqui a meia hora chega uma DO e vamos fazer um RVIS sobre todo o Geba. Pergunte tudo o que quiser, a seguir vai lá e rebenta com os barcos. Quero também lembrar que foi recentemente atacada uma embarcação para lá de Mato de Cão que felizmente não teve consequências dramáticas porque o piloto afastou o barco para a outra margem, mesmo com feridos estilhaçados pelas roquetadas. Vamos saber se eles cambam o Geba para lá de S. Belchior.
E assim foi. Saímos de Bambadinca e começamos a sobrevoar essa longa tripa que é o Geba estreito. Primeiro a imensa bolanha de Finete, segundo até Malandim. Nada, nenhuns vestígios, natureza intocada. Depois a bolanha de Gambana até Mato de Cão. Aqui sim, diferentes sulcos impunham-se nos arrozais agora infecundos. A DO cirandava e desceu a escassos metros do espelho de água. Sim, havia ali um madeirame estranho, a despontar dos lamaçais do tarrafe. A pesquisa prosseguiu pela bolanha de Saliquinhé, em cujo o termo se evidenciavam novos sulcos, perto do último pontão antes de S. Belchior. Interessava agora verificar as bolanhas da outra margem do Geba. Com toda a minúcia, procurámos sinais na extensa bolanha de Samba Silate. Pois bem, quase como no seguimento do que tínhamos avistado do lado de lá em Saliquinhé, vimos um trilho que prosseguia até às imediações de Nhabijão Cau, bem dissimulado. E igualmente, mais adiante, em frente à bolanha de Gambana indiciava-se um outro sulco até perto de Nhabijão Imbume. Regressámos, e acordou-se que eu partiria imediatamente para examinar a bolanha de Gambana, deixando para o dia seguinte a bolanha de Saliquinhé. Nos mesmos horários, grupos de CCAÇ 12 fariam o mesmo reconhecimento nos trilhos junto ao Geba, do lado dos Nhabijões.
Para nós não foi nada fácil, o Geba estava na vazante, tivemos de nos socorrer de cordas na cintura para chegar ao tarrafe. Encontrámos cinco canoas invertidas presas a estacas por cordas, tudo bem enterrado e escondido com vegetação. Retiraram-se as canoas, foram desfeitas à bala. Tudo coincidia: era impossível ver as canoas das picadas que habitualmente percorríamos de e para Mato de Cão; as gentes de Madina apagavam as marcas dos pés com folhas de árvore, os caminhos só eram usados quando faltava a rocha. Eles tinham atravessado para cá com as suas presas, não tinham tido ainda ensejo de voltar à pilhagem. Do lado dos Nhabijões, em frente a Gambana, encontrou-se uma canoa e vestígios de pontos de ancoragem. No dia seguinte, repetimos a operação em Saliquinhé, com idênticos resultados. Provisoriamente, as gentes de Madina tinham perdido a sua armada no Geba estreito. Para os lados de Enxalé, a questão era bem diferente, como se sabia do antecedente: vindos de lá do Morés, mesmo com o apoio de gentes de Madina/Belel, era entre Enxalé e Porto Gole se atravessavam peças de artilharia e mantimentos, tudo feito com a maior das discrições e pouco sobressalto, já que os patrulhamentos eram praticamente inexistentes.
Dentro em breve, irá começar o reordenamento dos Nhabijões, onde colaborámos, a partir do momento em que passámos à intervenção em Bambadinca. A armada de Madina nunca desapareceu, mudou de portos, adoptaram-se outras atitudes, era impossível destruir as cumplicidades do sangue.
Confissões íntimas de Queta Baldé
Pedi ao Queta para conversarmos sobre diferentes assuntos, desde o colapso nervoso do furriel Casanova até à nossa transferência para Bambadinca. O Queta que é tão meticuloso, incapaz de subverter assuntos, hoje pega em pontas distantes e vai-me avisando:
-Nosso alfero vai ouvir coisas que até agora não tive coragem para lhe dizer, nem a mim próprio.
Olhando-me bem nos olhos, tomando fôlego e compassando as frases do discurso, Queta confessa-se:
-Todos tínhamos medo, era uma questão de domínio ou da vontade de Deus. No Burontoni, em 1967, vi um soldado ficar maluco quando um camarada morreu à sua frente. O nosso alfero Azevedo ficou paralisado e nunca mais deu ordens quando o nosso bazuqueiro Mário Adulai Camará morreu em combate. O furriel Casanova estava muito cansado, via-se que não era um problema de coragem, o seu coração já não estava em Missirá, era a vontade de Deus. E um dia os nervos cederam, ele sentia que não tinha nada a dizer-nos, e por isso partiu doente e todos percebemos que nosso alfero ficara numa grande tristeza, com mais coisas para fazer. A guerra faz uma grande pressão, não é a nossa maneira de viver natural, nós às vezes julgamos que Deus nos põe à prova com sacrifícios que o corpo não pode aguentar. Então gritamos e fazemos disparates, já não queremos combater mais, não se pode resistir ao sofrimento. Passados estes anos todos, já não tenho a certeza do que é ser herói ou ter medo.
Capa do romance de Ilse Losa, Sob céus estranhos. Lisboa: Portugália. s/d. Capa de João da Câmara Leme.
Foto: © Luís Graça & Camaradas da Guiné (2007). Direitos reservados.
Como está em maré de desabafos, Queta mostra perplexidade quando lhe volto a falar nas canoas escondidas nas margens do Geba, dá mesmo sinais de indignação:
-Eu sei que nosso alfero se recusa a acreditar que o PAIGC tinha aliados em Missirá e em Finete. Nunca aceitou que aquelas pequenas flagelações dos meses de Setembro, Outubro e Novembro eram só para o intimidar, aquele fogo sempre ao fim da tarde era combinado com os informadores. Durante o dia, havia pontos de encontro entre as patrulhas de Madina e os seus informadores no Cuor. Nem eu mesmo sabia que quando os civis diziam que iam visitar a família no Cossé ou iam a cerimónias ou aos choros, era tudo pretexto para passarem informações. Toda a gente tinha família no mato, pais, irmãos, gente do mesmo sangue que combatia nos dois lados. O PAIGC na verdade odiava os fulas pois nós éramos o povo que verdadeiramente os combateu. Por isso é que eles queriam a morte dos fulas.
Procuro desviar a conversa que ganha tons emotivos e proporções inquantificáveis e pergunto ao Queta porque é que o régulo Malã, naquele início de Outubro, quando soube que íamos partir , fora pedir ao comandante de Bambadinca para eu ficar no Cuor à frente de uma companhia de milícias, pedido extravagante, sabendo ele que existiam fortes laços entre mim e a malta do 52. A resposta de Queta não me deixou de surpreender:
- Malã e as populações do Cuor sabiam que era o Pel Caç Nat 54 quem ia para Missirá. Eles não gostavam desta tropa, pois no início de 1967 eram eles que estavam lá e não responderam ao ataque de Madina como devia ser. Nós os africanos tratamos os valentes como deuses, desprezamos quem não luta com toda a coragem. Mais tarde, Malã reconheceu que o 52 não podia estar mais tempo em Missirá e que aquele 54 era já um pelotão muito diferente do de 1967. Nós, no 52, também errámos, estávamos convencidos que íamos descansar para Bambadinca, afinal ficámos ainda muito pior!.
Combinei com Queta conversar para a semana sobre os preparativos da partida, os arranjos e as últimas obras, as conferências de material, as limpezas, as verificações de todos os livros de modo a passar a pasta para o Alves Correia sem faltas nem imprecisões graves. Como, felizmente, veio a acontecer.
Para além destes patrulhamentos, conto com a preciosa ajuda do Pires para deixarmos os livros das cargas e das contas em dia. Escrevo aos familiares do Casanova pedindo-lhes ajuda, ele está reticente a falar seja com quem for. A Cristina faz exames em Outubro, tudo parece estar a correr bem. Descobrimos de repente que o milícia Samba Embaló, vitimado pela a malária, está reduzido a pele e osso, teve que ser evacuado de helicóptero. As duas viaturas têm estado empanadas recuperaram subitamente a vontade de andar. Não tenho tempo de ir Bafatá saber do andamento da papelada indispensável ao casamento por procuração e, francamente, começo a estar empedernido diante de tanto correio que só traz desassossego e insídia. É agora que sinto que fraquejo, que estou abalado, suspendo no éter todos os meus compromissos para lá do oceano. Respondo com frenesim, convoco todas energias, é preciso deixar tudo feito, custe o que custar. Vou baixar as guardas à segurança, adoptarei comportamentos irresponsáveis. A resposta será dada com os amargores da mina anticarro, dentro de dias.
Capa do romance policial de Ellery Queen, O Crime da Raposa. Lisboa: Livros do Brasil, s/d. (Colecção Vampiro)de Cândido Costa Pinto
Capa do romance policial de E. C. Bentley, O último Caso de Trent. Lisboa Livros do Brasil, s/d. (Colecção Vamprio). Capa de Cândido Costa Pinto
Fotos: © Luís Graça & Camaradas da Guiné (2007). Direitos reservados.
Sob Céus Estranhos
Nunca tinha lido Ilse Losa, já ouvira falar dessa refugiada alemã que escapara à sanha e que escrevia histórias para crianças em língua portuguesa. Alguém me falara já de O Mundo em Que Vivi e Aqui Havia uma Casa. O romance Sob Céus Estranhos é sobretudo comovente pela a autenticidade que se pretende dar do judeu refugiado, da dignidade da sua sobrevivência, a sua capacidade de adaptação a pensar e agir em duas culturas distintas. Não sei qual é a dimensão autobiográfica do livro mas é impossível que este Josef Berger não seja uma réplica de Ilse Losa. Agarro-me a estes personagens do Porto, onde vai desembarcar Josef, as suas convenções de classe, a sua pobreza envergonhada, a pasmaceira das suas vidas. Josef vai resistir, dar aulas, escrever cartas comerciais, resistir à tentação de migrar para a América e casar com a Teresa. Quando termina o livro nasceu-lhes um filho que alterou tudo. Há uma pátria que ficou muito lá ao longe, na penumbra das recordações da infância e da adolescência. Este filho que acaba de nascer traz um apelo a novas raízes, até porque a guerra acabou, já nem há o pavor de que recomece a barbárie nazi, ao sonho de fazer uma editora, há amigos queridos, muitos outros pereceram nos fogos crematórios, é a Teresa e o nosso filho que nos lançam à procura de um outro futuro, ao lançar de novas âncoras. Não vale a pena esconder, Josef acredita num novo futuro mas vive sobre céus estranhos. Romance pungente que não vou esquecer tão cedo.
E leio romances policiais, pois claro. Primeiro, O Crime da Raposa, por Ellery Queen. O famoso detective volta de novo a Wrightsville para decifrar um crime que ocorreu há doze anos atrás e que se virá a descobrir que onde os homens consideram ter havido um crime não passara de um acidente. É Ellery Queen no seu melhor, voltando ao passado, reabrindo feridas de amores desavindos, denunciando mentiras e pequenas infâmias, reabilitando um falso culpado.
Aproveitei para reler O Último Caso de Trent, por Edmund C. Bentley, que muitos consideram ser o primeiro policial com estatuto de obra clássica, no séc. XX. Philip Trent é um jornalista e pintor que acidentalmente investiga casos policiais. Desta feita, é assassinado um multimilionário e tudo vai correr ao contrário da arquitectura do romance policial: o detective apaixona-se pela mulher do assassinado, ele que tantas dúvidas teve sobre o comportamento da senhora face aos meandros do homicídio; a sua previsão falha estrondosamente, ele julgara ter todas as provas contra o homicida, afinal o crime fora perpetrado por um seu grande amigo, que nunca estivera sob suspeita. Publicado em 1913, este romance é uma delícia, pela qualidade da prosa, pela virtuosidade com que se desenvolve a trama, e a espantosa surpresa do último acto.
São leituras a que me agarro para disfarçar a inquietação incontrolável da minha vida interior, da energia física levada à desmesura. Vem aí uma tragédia, eu não dou por nada. Parece que é assim em todas as guerras.
___________
Nota de L.G.:
(1) Vd.post anterior > 19 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2195: Operação Macaréu à Vista - Parte II (Beja Santos) (6): Hoje perdi o meu braço direito, o Casanova
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