quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Guiné 63/74 - P7600: Blogoterapia (172): Obrigado, camarigos, os melhores anos da minha vida são os que estão para vir porque os outros jamais voltam... (Rui Alexandrino Ferreira)







Guiné > Aldeia Formosa > CCAÇ 18 (1970/72) > 1971 > Os primeiros foguetões 122 capturados aos guerrilheiros do PAIGC. No foto, ao centro Cap Mil Rui Ferreira, comandante da CCAÇ 18, com dois dos seus homens.


FERREIRA, Rui Alexandrino - Rumo a Fulacunda. 2ª ed. Viseu: Palimage Editores. 2003. [1ª ed., 2000]. (Colecção Imagens de Hoje). 415 pp. Preço: c. 20€. Capa do livro, à direita.




Fotos: © Rui Ferreira (2007) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todoso os direitos reservados.


1. Mensagem, assinada pelo nosso camarigo Rui Alexandrino Ferreira, remetida por Maria Hermínia Ferreira:
  


Meu caro Luís Graça,
Meus caros Carlos Vinhal , Virgínio Briote e Magalhães Ribeiro,
Meus caros camarigos:

Para utilizar a expressão feliz com que o Mexia Alves definiu o nosso blogue,  começo por vos desejar tudo de bom que possa acontecer. Hoje dou comigo a pensar que efectivamente sou um "cheio de sorte" porque quem tem amigos como os que eu tenho ou uma família que nunca deixou de me apoiar quando passei na descida que fiz ao inferno num sofrimento para o qual me faltam palavras embora me sobre em emoção.

Agravado subitamente em princípios de Dezembro o estado debilitado da minha saúde a uma semana de exames médicos, fui internado de urgência no Hospital de São Teotónio em Viseu e poucas horas depois transferido de ambulância para o Hospital de Santa Maria em Lisboa.



Tal era a gravidade da minha situação que fui operado nesse mesmo dia às coronárias. A minha recuperação tem sido um mar de tormentas e só hoje 12 de Janeiro me sinto com alguma capacidade para poder exercer o privilégio de escrever.


Gostava de vos dizer que hoje me sinto como se tivesse renascido. Acabaram-se as alucinações, os medos, as desconfianças, as dores, o mau estado geral que me acompanhou meses a fio.


Se por um lado não posso nem devo esquecer e muito menos de agradecer todo o amor,  a amizade,  a disponibilidade com que sempre me rodearam a minha esposa, filhas, cunhados,  a que junto a grande frota de amigos que Deus me deu, também não posso deixar de vos dizer que os melhores anos da nossa vida são os que estão para vir porque os outros jamais voltam.

 Um Grande Abraço Rui Alexandrino Ferreira


[ Revisão / fixação de texto / bold a cor / título: L.G.]







Recorde-se que o Rui Alexandrino Ferreira nasceu em Angola (Lubango, 1943). Vive actualmente em Viseu. Fez o COM  (Curso de Oficiais Mlicianos) em Mafra em 1964. Tem duas comissões na Guiné, primeiro como Alferes Miliciano (CCAÇ 1420, Fulacunda, 1965/67) e depois como Capitão Miliciano (CCAÇ 18, Aldeia Formosa, 1970/72). Fez ainda uma comissão em Angola, como capitão. Publicou em 2001 a sua primeira obra literária, Rumo a Fulacunda. Conhecemo-nos desde 2006. O Rui teve então a gentileza de me mandar um exemplar da 2ª edição com a seguinte dedicatória:


"Ao ilustre camarada e antigo combatente, Luís Graça, na esperança e na expectativa de o poder ajudar no muito que tem feito para não deixar cair no esquecimento o marco que influenciaria a vida colectiva dos Portugueses na segunda metade do Séc XX, que já lá vai - a guerra colonial.

"Com a alegria de quem sente renascer uma sã e leal amizade, no desejo de reviver os nossos vinte anos, e sentir o orgulho de termos sido o que fomos e o orgulho de o termos feito. Com um grande abraço do Rui A. Ferreira, Viseu, 23 /Out /2006".



2. Comentário de L.G.:


Querido Rui: Sê bem vindo de novo à vida... e à nossa companhia sob o poilão da Tabanca Grande!... Vejo, pela tua mensagem de hoje, que estiveste nas mãos de grandes profissionais de saúde, do Serviço Nacional de Saúde, e que não deixaste em Lisboa, no Hospital de Santa Maria, os teus neurónios, o teu fino sentido de humor, o teu forte sentimento de partilha e de camarigagem, o teu arreigado amor à vida, o teu optimismo e a tua determinação, nem muito menos o teu talento para a escrita... Ficamos  à espera da prometida 3ª edição do Rumo a Fulacunda (revista e aumentada) ou do novo livro de que me falaste em Monte Real e que já estava na forja, antes desta tua crise de saúde. 

Até ao nosso próximo encontro de 1º grau!  Um grande xicoração da malta toda, do tamanho da distância (física e simbólica) que vai do Quebo a Viseu, e do Lubango à Tabanca Grande!


______________


Nota de L.G.:


Último poste da série >  30 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7527: Blogoterapia (171): Caminante no hay camino (José Brás)

8 comentários:

Valentim Oliveira disse...

Caro Rui
Faço votos para que a tua saúde se erga ao mais alto nivel e regresses há nossa Cidade Lusitana.
Um forte abraço do Camarigo Valentim Oliveira.

Torcato Mendonca disse...

....também não posso deixar de vos dizer que os melhores anos da nossa vida são os que estão para vir porque os outros jamais voltam....

Gostei mesmo.
O pior já passou.
Encontrado o caminho (a picada ficava melhor), lentamente e sem pressas é ir caminhado...
Abração do Torcato
-especialista em coronárias e afins-

Luís Dias disse...

Carissimo Rui Ferreira

Com os desejos de uma recuperação rápida e os votos de que esse ânimo de ex-combatente que demonstras, continue forte.
Um abraço
Luís Dias

Anónimo disse...

Amigo Rui,

É bom saber que estás em franca recuperação.

Que Deus permita que tu e todos os nossos Camaradas a atravessar momentos menos bons, se recuperem rapidamente, a 100%, pois na minha opinião aqueles que perderam uma boa parte, do melhor que há nesta vida - a juventude -, na guerra, merecem mais uns bons 30 anitos cá por cima dos torrões.

Um grande abraço Fraterno do Amigo Magalhães Ribeiro

Rui Silva disse...

Rui:
Folgo muito, mas mesmo muito, em ver que estás recuperado.
Eu sabia que homens fortes não se abatem com facilidade.
Um dia destes haveremos de nos encontrar novamente, talvez no Convívio da 816 lá para Maio.
Um grande abraço.
Rui Silva

Anónimo disse...

Se outros indícios não houvesse, a foto da época agora publicada (só podia ser à volta de armamento capturado)não me deixa dúvidas quanto ao capitão barbudo com quem pude trocar algumas palavras no Saltinho. No entanto, gostaria que, quando estivesses completamente restabelecido, me confirmasses se conheceste realmente o capitão Carlos Clemente (CCAÇ 2701 - Saltinho) e o furriel Quartim, do serviço de informações (Aldeia Formosa).
Entretanto, fica bem de uma vez por todas e vamos aos que faltam!... (aos anos, claro, aos muitos anos que faltam, que os outros....)
Mário Migueis

Anónimo disse...

Caro Camarigo Rui

Ainda bem que estás de volta depois dessa tempestade que tiveste de aguentar.

Que tudo continue a correr bem e possas regressar, agora remoçado, para a tua Viseu e nos apresentes o novo livro.

Grande abraço

Jorge Picado

Anónimo disse...

Olá Camarigo Rui Ferreira, Saudações Guinéuas.

O maior vendaval já passou, agora é só seguir a rigor as instruções Médicas e Paramédicas, e de forma que a recuperação se possa proceder controladamente.

Espero numa possível oportunidade fazer-te uma visita, aquando da minha passagem pelas Termas de São Pedro do Sul, Viseu, São João do Monte - Nelas, neste Lugar é a residência do Sold. Condutor Acácio Marques, meu Amigo e Irmão Maioral da C.Caç. 2381.

Haja Saúde e da Boa
Arménio Estorninho