O anoitecer no Cantanhez
Foto: © João Graça (2009). Todos os direitos reservados.
África
No teu corpo moreno
O teu perfume inebriante
Os teus braços prisão de doces muralhas
Em ti descobri a cor para além do cinzento
Os teus olhos amendoados
São ditadura dos sentidos
Misticismo das tuas crenças
No morno entardecer ventania e redopio
Tanto mar entre nós, ainda te reconheço
Em ti descobri a diferença
Calo fundo o desejo como que se ignora a dor
Dormir, sonhar e não querer acordar na tua ausência
Não querer apalpar o teu lugar vazio
Mergulhar para sempre no teu abraço
Varrer o teu passado e tornar luminoso o futuro
Em ti descobri a emoção
Sentir para sempre o odor
O doce aroma que o Sol castiga
Ainda julgo ver os teus panos coloridos
A brancura dos teus sorrisos
Os teus seios pujantes
Na bolanha o teu corpo bronze dourado
Juventude imortalizada e renovada
Em ti descobri a beleza
Uma mulher grande sussurrou-me que em África,
Era perigoso bebermos o pôr-do-sol
Cheirarmos as trovoadas
Olhar de frente os relâmpagos
E que, se nos enamorássemos
Também podíamos morrer de amor
Em ti descobri a saudade
Juvenal Amado
Foto: © Juvenal Amado. Todos os direitos reservados.
____________Nota do editor
Último poste da série de 2 DE NOVEMBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12242: Blogpoesia (358): Ele ensinou-nos a viver a sua ausência, / mas nunca com a saudade que temos dele (Juvenal Amado)
8 comentários:
Lindo, Juvenal!
Lindo!
Expressivo!
Vivo!
Vivido!
Sentido!
Adorei!
Para quando o livro?
Abraço fraterno
Felismina mealha
O poema belo, que toca a alma da gente. Quem melhor do que a Felismina pra poder avaliar. Parabens, eu gostei muito.
Um grande abraço
Francisco Baptista
PARABÉNS POETA JUVENAL.
GOSTEI BASTANTE.
Caro Juvenal
Como já te disse, não tenho muito jeito para a poesia, mas isso não impede de ter sensibilidade para ser 'tocado' por várias que vão aparecendo.
A descrição desta, do seu conteúdo, da sua expressividade, está muito bem caracterizada pela Felismina e avalizada pelo Maia, pelo que não posso adiantar mais.
Aproveito para salientar as duas fotos que são realmente magníficas. A tua, em que apareces com ar de 'guerreiro de faca de mato ao ombro', mostra um bocado da 'deslocação das tropas' e a outro é uma feliz foto de um final de dia, com as cores que ainda hoje recordo com saudade e que tanta tranquilidade me transmitiam.
Abraço
Hélder S.
Juvenal.
Li com atenção, e simplesmente gostei.
És um privilegiado, sabes expressar-te.
Um abraço companheiro.
Tony Borie.
o poema soberbo e a força da foto
eternizam magistralmente, a nossa Guiné dos verdes anos...Obrigado
Um abraço
Joaquim
Parabéns Juvenal, sentimento e saudade com raízes profundas àquela terra, que se tornou inesquecível por muitos e variados aspectos.
Parabéns Juvenal (meu “piriquito”).
Continua a presentear-nos quer em verso quer em prosa!
Abraço do
António Tavares
Galomaro 1970/72.
Enviar um comentário