Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) > Preparação das NT para mais uma saída mato (1)
Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) > Preparação das NT para mais uma saída mato (2)
Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) > As NT a instalarem-se na mata... [Jorge, gostava de saber que livro é que o militar que está à tua esquerda levou para o mato... Ampliando a foto dá para perceber o título: "O fim da mulher" (ou será o "O fim do mundo" ?)... O "fim da mulher" parece-me um título demasiado feminista para a época... Através da Porbase, encontrei um livro com o título "O fim do mundo", editado pelos Salesianos, Porto, 1946!...LG]
Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) > Efeito de um ataque a Fulacunda: moranças queimadas
Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) > Uma das ruas da tabanca de Fulacunda (1)
Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) >Uma das ruas da tabanca de Fulacunda (2)
Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) > Mulher Beafada a avistar as NT, na mata.
Todos os direitos reservados.[Edição: L.G.]
1. Mensagem de ontem do nosso estimado
amigo e camarada Jorge Pinto [ex-Alf Mil da 3.ª CART/BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74)], um alcobacence a viver na Grande Lisboa:
Caro amigo e camarada Luis Graça
Por vezes as "coisas da vida" e uma certa "preguiça" que teimosamente me tem impedido de descer à "cave" das memórias, levou-me a adiar a "promessa" de ir enviando artigos para o nosso Blog (*).
Como, "mais vale tarde do que nunca", hoje meti "mãos à obra" e elaborei este pequeno texto sobre a actividade operacional da minha companhia (3ª Cart / Bart 6520/72), sediada em Fulacunda, desde Julho 72 a Agosto de 74.
Por vezes as "coisas da vida" e uma certa "preguiça" que teimosamente me tem impedido de descer à "cave" das memórias, levou-me a adiar a "promessa" de ir enviando artigos para o nosso Blog (*).
Como, "mais vale tarde do que nunca", hoje meti "mãos à obra" e elaborei este pequeno texto sobre a actividade operacional da minha companhia (3ª Cart / Bart 6520/72), sediada em Fulacunda, desde Julho 72 a Agosto de 74.
Envio, ainda algumas fotos em anexos, cuja legenda acrescento:
F1010010 - Efeito de um ataque a Fulacunda.
F1010028 - Uma das ruas da tabanca de Fulacunda.
F1010040 - Mulher Beafada a avistar as NT, na mata.
F1020026 - Preparação das NT para mais uma saída mato.
F1000018 - NT a instalarem-se na mata.
Sei que este artigo devia ser acompanhado de uma carta geográfica da região, mas tal não me foi possível. Se tu conseguires fazê-lo agradeço, desde já.
Com um forte abraço, Jorge Pinto.
2. Memórias da minha comissão em Fulacunda (Jorge Pinto, ex-alf mil, 3.ª CART/BART 6520/72, 1972/74) (Parte I)
Distraído com as “coisas da vida”, (netos, doença familiar, leituras, atividades inadiáveis e também alguma preguiça…), o tempo foi passando e a minha promessa de voltar a enviar notícias de Fulacunda foi sendo adiada…. Agora, vou mesmo descer à “cave” (ou subir ao “sótão”) das memórias e partilhar com “camaradas de armas”, algumas dessas memórias, que no fundo são coletivas. Hoje, vou dar particular relevo a memórias relacionadas com a atividade operacional da minha companhia: 3ª Cart do Bart6520/72.
A este propósito convém esclarecer que esta companhia a partir de meados do ano 1973, já com um ano de comissão, passou a pertencer ao COP7. Com esta mudança de comando, a atividade operacional tornou-se mais intensa, pois passámos a integrar operações em articulação com grupos de tropas especiais que ocasionalmente estacionavam em Fulacunda ou operavam na nossa área de intervenção.
Como se sabe, Fulacunda situa-se no Quínara, precisamente no cruzamento de estradas que fazem a ligação (tipo placa giratória) entre as margens esquerdas do rio Geba desde Jabadá , (Tabanca próximo de Tite), e do rio Corubal em direção a sul passando por Buba. Localiza-se aproximadamente, em linha reta, a 15/20 Kms, de cada margem e 35/40 Kms da confluência destes dois rios, local onde se começou a instalar, com muitas dificuldades, o quartel de Ganjauará.
F1010010 - Efeito de um ataque a Fulacunda.
F1010028 - Uma das ruas da tabanca de Fulacunda.
F1010040 - Mulher Beafada a avistar as NT, na mata.
F1020026 - Preparação das NT para mais uma saída mato.
F1000018 - NT a instalarem-se na mata.
Sei que este artigo devia ser acompanhado de uma carta geográfica da região, mas tal não me foi possível. Se tu conseguires fazê-lo agradeço, desde já.
Com um forte abraço, Jorge Pinto.
2. Memórias da minha comissão em Fulacunda (Jorge Pinto, ex-alf mil, 3.ª CART/BART 6520/72, 1972/74) (Parte I)
Distraído com as “coisas da vida”, (netos, doença familiar, leituras, atividades inadiáveis e também alguma preguiça…), o tempo foi passando e a minha promessa de voltar a enviar notícias de Fulacunda foi sendo adiada…. Agora, vou mesmo descer à “cave” (ou subir ao “sótão”) das memórias e partilhar com “camaradas de armas”, algumas dessas memórias, que no fundo são coletivas. Hoje, vou dar particular relevo a memórias relacionadas com a atividade operacional da minha companhia: 3ª Cart do Bart6520/72.
A este propósito convém esclarecer que esta companhia a partir de meados do ano 1973, já com um ano de comissão, passou a pertencer ao COP7. Com esta mudança de comando, a atividade operacional tornou-se mais intensa, pois passámos a integrar operações em articulação com grupos de tropas especiais que ocasionalmente estacionavam em Fulacunda ou operavam na nossa área de intervenção.
Como se sabe, Fulacunda situa-se no Quínara, precisamente no cruzamento de estradas que fazem a ligação (tipo placa giratória) entre as margens esquerdas do rio Geba desde Jabadá , (Tabanca próximo de Tite), e do rio Corubal em direção a sul passando por Buba. Localiza-se aproximadamente, em linha reta, a 15/20 Kms, de cada margem e 35/40 Kms da confluência destes dois rios, local onde se começou a instalar, com muitas dificuldades, o quartel de Ganjauará.
Claro que todas estas estradas, da época colonial,. estavam intransitáveis devido às minas e aos pontões destruídos. De qualquer forma havia muitos “trilhos” e pequenos “carreiros” (sempre transitórios) a ladear estas estradas e a fazer a ligação entre as várias tabancas camufladas na mata e que muito frequentemente mudavam de local.
Era uma vasta área de “chão Beafada”, considerada pelo PAIGC zona libertada, e berço da luta armada com implantação no terreno, a partir do ataque ao quartel de Tite, liderado por Arafan Mané, em 23 de Janeiro de 1963.
Em termos operacionais a nossa principal missão era impedir que o PAIGC usasse estes corredores como canal de infiltração. Assim muitas vezes o nosso aquartelamento era atacado, como forma de as NT, se manterem em defesa “intra valas”, enquanto o IN, passava com guerrilheiros e armamento em direção ao Geba. Sofremos cerca de 16 ataques, durante os 25 meses da nossa permanência no local. O último, ocorreu em 7 de Maio de 1974, quinze dias após o “25 de Abril”, mas sem grandes consequências, dado a maioria das granadas do canhão s/recuo, caírem fora do nosso aquartelamento.
Normalmente, a atividade operacional regular consistia em patrulhamentos na zona sempre ao nível de bigrupo e montagem de emboscadas nos referidos eixos de infiltração. Muitas vezes executavam-se operações em articulação com tropa especial que ocasionalmente operava na nossa zona (ex. comandos africanos e páras) ou se aquartelava em Fulacunda, como, por exemplo um pelotão de tropa especial constituído exclusivamente por Balantas, que esteve connosco cerca de dois meses e que causou múltiplos problemas com a população local de etnia Beafada.
Em termos operacionais a nossa principal missão era impedir que o PAIGC usasse estes corredores como canal de infiltração. Assim muitas vezes o nosso aquartelamento era atacado, como forma de as NT, se manterem em defesa “intra valas”, enquanto o IN, passava com guerrilheiros e armamento em direção ao Geba. Sofremos cerca de 16 ataques, durante os 25 meses da nossa permanência no local. O último, ocorreu em 7 de Maio de 1974, quinze dias após o “25 de Abril”, mas sem grandes consequências, dado a maioria das granadas do canhão s/recuo, caírem fora do nosso aquartelamento.
Normalmente, a atividade operacional regular consistia em patrulhamentos na zona sempre ao nível de bigrupo e montagem de emboscadas nos referidos eixos de infiltração. Muitas vezes executavam-se operações em articulação com tropa especial que ocasionalmente operava na nossa zona (ex. comandos africanos e páras) ou se aquartelava em Fulacunda, como, por exemplo um pelotão de tropa especial constituído exclusivamente por Balantas, que esteve connosco cerca de dois meses e que causou múltiplos problemas com a população local de etnia Beafada.
Estas missões e, participei em várias, eram dirigidas especialmente na direção dos rios Geba (tabancas de Umbassa, Gã Formoso, Gã João, Garsene, Braia) e Corubal (tabancas de Guebambol, Uaná Beafada, Farená Beafada, Farená Balanta…), zonas consideradas libertadas pelo PAIGC. [Vd. mapa de Fulacunda]-
Por vezes, nestas operações havia contactos. Como exemplo, recordo uma operação à tabanca camuflada de Umbã, em que na aproximação à referida tabanca as NT e o IN se encontraram frente a frente, no mesmo trilho. Ambos os grupos abriram fogo de imediato, caindo feridos um guerrilheiro IN e o nosso Furriel Santos, distanciados uns cinco metros um do outro. Nem as NT abandonavam o nosso camarada nem o IN o seu ferido. Como nós estávamos em maior número conseguimos fazer o envolvimento. O IN foi obrigado a afastar-se e parou o fogo momentaneamente.
Por vezes, nestas operações havia contactos. Como exemplo, recordo uma operação à tabanca camuflada de Umbã, em que na aproximação à referida tabanca as NT e o IN se encontraram frente a frente, no mesmo trilho. Ambos os grupos abriram fogo de imediato, caindo feridos um guerrilheiro IN e o nosso Furriel Santos, distanciados uns cinco metros um do outro. Nem as NT abandonavam o nosso camarada nem o IN o seu ferido. Como nós estávamos em maior número conseguimos fazer o envolvimento. O IN foi obrigado a afastar-se e parou o fogo momentaneamente.
Foi nesta fase que socorremos ambos os feridos e verificámos estar já morto o guerrilheiro do PAIGC. Pedimos evacuação por heli que veio acompanhado do helicanhão. Porém, logo que este, nos ares rumou a Bissau e as NT, em terra, se preparavam para rumar a Fulacunda, verificámos que o IN tinha entretanto montado um semi-cerco, cortando-nos o acesso a Fulacunda. Foi com muito esforço e perícia da força aérea, que veio novamente em nosso auxílio, que conseguimos sair dali e chegar ao quartel, sem mais feridos, já com a noite a cair…
Outros contactos houve, igualmente com alguns feridos, principalmente do pelotão de milícias de Fulacunda que nos acompanhava sempre e que nos serviam de guias. Contudo, não quero terminar este pequeno artigo, sem salientar com grande felicidade que todos os homens que constituíram a 3º CART/BART6520/72 e saíram do RAL 5 (Penafiel), em 24 de Junho de 1972, apesar de alguns feridos, regressaram todos vivos e unidos por uma amizade que ainda hoje perdura e nos faz reunir todos os anos em Penafiel, no restaurante Ramirinho, propriedade do nosso 1º cabo Silva, do 3º pelotão.
Nota do editor:
(*) Vd. poste anterior > 17 de abril de 2012 > Guiné 63/74 – P9760: Tabanca Grande (329): Joaquim Jorge Loureiro Pinto, ex-Alf Mil da 3.ª CART/BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74)
Outros contactos houve, igualmente com alguns feridos, principalmente do pelotão de milícias de Fulacunda que nos acompanhava sempre e que nos serviam de guias. Contudo, não quero terminar este pequeno artigo, sem salientar com grande felicidade que todos os homens que constituíram a 3º CART/BART6520/72 e saíram do RAL 5 (Penafiel), em 24 de Junho de 1972, apesar de alguns feridos, regressaram todos vivos e unidos por uma amizade que ainda hoje perdura e nos faz reunir todos os anos em Penafiel, no restaurante Ramirinho, propriedade do nosso 1º cabo Silva, do 3º pelotão.
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Nota do editor:
(*) Vd. poste anterior > 17 de abril de 2012 > Guiné 63/74 – P9760: Tabanca Grande (329): Joaquim Jorge Loureiro Pinto, ex-Alf Mil da 3.ª CART/BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74)
4 comentários:
Jorge, saúdo o teu reaparecimento. Espero que os teus problemas familiares se reolvam depressa e bem. E dou-te os parabéns por pores Fulacunda, a região de Quínara e os beafadas no... mapa ou na agenda do nosso blogue. Vou estar uns dias fora, mas conta sempre com o meu apoio...Um abraço fraterno. Luis
Jorge, intrigou-me a foto nº 3 (a contar de cima)... Gostava de saber que raio de livro é que o militar que está à tua esquerda levou para o mato... Deveria ser literatura anti-stressante...
Ampliando a foto dá para perceber o título... mas tenho dúvidas: "O fim da mulher"...ou será o "O fim do mundo" ?
O "fim da mulher" parece-me um título demasiado feminista para a época...
Através da Porbase, encontrei um livro com o título "O fim do mundo", editado pelos Salesianos, Porto, 1946!...
Aquele abraço. Luis
Respondendo à tua questão, sem certeza, penso que o título do livro é "O fim do Mundo", pois esse livro circulava por lá..
Aproveito, para corrigir o meu nome: Jorge Pinto é o correto e não Jorge "Pires".
Também esclarecer que COP7, abrange a área de Gampará e não Bafatá.
Forte abraço
Jorge Pinto
Jorge, mil desculpas, pela troca di apelido algures no poste... Sabes o que é... Quem toca muitos burros...
Quanto ao COP 7, poderás falar melhor um dia destes... Fico à espera de pelo menos mais cinco postes para "justificar" esta nova série, da tua autoria (Memórias da minha comissão em Fulacunda...).
Obrigado, também, pela informação sobre o título do livro. Sei que havia pequenas bibliotecas nos nossos aquartelamentos, alimentadas pelo Movimento Nacional Feminino...
Através dsa Porbase [ http://porbase.bnportugal.pt/ ] cheguei ao título, editora e ano de edição do livro:
O fim do mundo / Salesianus. Porto : Ed. Salesianos, 1946.
Seria este ?
Um grande abraço madrugador, Luis
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