domingo, 1 de junho de 2014

Guiné 63/74 - P13223: Os nossos seres, saberes e lazeres (71): O Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes visitou o Comando da Zona Marítima do Norte, instalado em Leça da Palmeira (Carlos Vinhal)



VISITA AO COMANDO DA ZONA MARÍTIMA DO NORTE
LEÇA DA PALMEIRA

No passado dia 17 de Maio de 2014, integrado nas comemorações do Dia da Marinha, foi proporcionada, aos sócios (familiares e amigos) do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes, uma visita às instalações do Comando da Zona Marítima do Norte (CZMN), situado na bonita marginal de Leça da Palmeira, e uma subida ao Farol de Leça, também conhecido como Farol da Boa Nova. Estava também prevista uma visita a uma embarcação da Marinha de Guerra normalmente estacionada em Leixões, mas, como por motivos operacionais, esta se encontrava em Lisboa, a mesma não se pôde efectuar.

A concentração das pessoas, previamente inscritas, estava marcada para as 14h15 na parada do CZMN. Fomos recebidos pelo Senhor Comandante Martins dos Santos que se fazia acompanhar do 2.º Comandante e do Oficial Adjunto.

O Comandante Martins dos Santos falando aos presentes. 
Foto: Abel Santos

Já no auditório, o Comandante Martins dos Santos deu as boas-vindas aos presentes e fez uma descrição sumária das muitas funções operacionais atribuídas ao Comando da Zona Marítima do Norte, que compreende a costa atlântica entre o Rio Minho e a Figueira da Foz, numa extensão para Oeste de muitas milhas.
Na sua qualidade de Comandante da ZMN, acumula os cargos de Chefe de Departamento Marítimo do Norte, Capitão dos Portos de Douro e Leixões, Comandante Regional da Polícia Marítima e Comandante Local da Polícia Marítima do Douro e Leixões.

Apresentação de diapositivos
Foto: Abel Santos

Seguiu-se a intervenção do Oficial Adjunto, que auxiliado por um projector de diapositivos, fez uma exaustiva apresentação dos efectivos, meios e competências operacionais atribuídas ao CZMN.
As principais preocupações deste organismo têm a ver, na área das pescas, com as infracções às leis vigentes; com a poluição das águas do mar e dos rios que desaguam no Atlântico; o funcionamento e a conservação dos faróis existentes entre o Rio Minho e a Figueira da Foz, e a manutenção da ordem pública nas áreas da costa marítima, como praias e áreas portuárias.
Ainda houve uma segunda intervenção do senhor Comandante Martins dos Santos para vincar alguns dos assuntos até ali aflorados, e para nos convidar a visitar uma exposição de meios de combate à poluição marítima, montada num "hangar" que serve de armazém para aqueles meios.
Pudemos obervar equipamento de proteção individual; viaturas para transporte de pessoas, de equipamentos, de poluentes recuperados das águas e motos-quatro para vigilância e detecção, próxima da água; grupos de bombagem para apanha e trasfega de hidrocarbonetos, etc.

Tendo-se atrás falado de faróis, e tendo nós ali à mão o Farol de Leça, nada melhor que visitá-lo.


Recebidos pela equipa de Faroleiros, impecavelmente uniformizados, numa dependência que serve de museu, ali se pôde apreciar algum equipamento antigo, fora de uso mas operacional. Todo o tipo de faróis e farolins com as cores verdes e encarnadas, convencionadas para, no mar, assinalar respectivamente o lado direito (estibordo) e o lado esquerdo (bombordo) das embarcações, assim como sinalização de entradas de barras marítimas; motores accionadores de compressores que enchiam reservatórios com ar comprimido, que por sua vez faziam funcionar as célebres roncas (enormes cornetas) que sinalizavam a costa marítima em dias de forte nevoeiro; ilustrações com a história dos faróis, desde o primeiro, construído no ano 280 a.C. na ilha de Faros, na Alexandria. Aqui estará a origem da designação de farol.

O Chefe dos Faroleiros fez um historial dos meios de sinalização das costas marítimas, em todo o mundo, a fim de evitar a tragédia dos sucessivos naufrágios, principalmente em noites de tempestade. Desde fogueiras nos pontos mais altos e os improvisados meios de iluminação junto à costa, até aos sofisticados meios actualmente ao dispor, os faróis têm ainda hoje uma importante utilidade para a navegação.

O Farol de Leça é composto por um edifício cilíndrico com 46 metros de altura, construído numa pequena elevação com 11 metros, o que lhe confere uma altitude de 57 metros, tornando-o o segundo mais alto de Portugal, atrás do farol de Aveiro com 66 metros.

Entrou em funcionamento em 1926, substituindo o pequeno farol da Boa Nova, pouco eficaz, que existia nuns penhascos junto à Ermida de S. Clemente das Penhas, hoje conhecida por Capela de S. João da Boa Nova.

Postal feito a partir de uma foto pertença de Jorge Bento (1915-2004), autor de imensa bibliografia sobre Leça da Palmeira

Aspecto actual da  zona envolvente da Capela de S. Clemente das Penhas, em estado deplorável, tendo em conta as obras que por ali têm sido levadas a efeito. Ao fundo ainda visível o local da instalação do antigo Farol da Boa Nova
Foto: Carlos Vinhal

O seu aparelho óptico rotativo está assente em mercúrio, que por ser um metal líquido reduz ao mínimo o atrito. E composto por uma lâmpada emissora de luz, com 1000 Watts de potência, que reflectida num complexo sistema prismático, aumenta a intensidade da luz e a dirige, na forma de raios na cor branca, três de 14 em 14 segundos, na direcção certa, o céu, de modo a ser visível a mais de 50 quilómetros.
O aparelho, que antigamente era accionado por um mecanismo de relógio por pêndulo, é hoje eléctrico, comandado por células. Ainda hoje se pode apreciar o anterior sistema, em perfeito estado de conservação.

O jovem Faroleiro explicava-nos o funcionamento do aparelho óptico rotativo
Foto: Carlos Vinhal

Houve ainda tempo para ir ao exterior apreciar a vista, que do alto se desfruta, e fazer umas fotos, mau grado o vento forte que se fazia sentir.

Vista da marginal de Leça da Palmeira
Foto: Carlos Vinhal

Ainda a partir do Farol de Leça se pode ter esta perspectiva da Refinaria do Porto da Petrogal, que por acaso fica, parte dela, em Leça da Palmeira e outra parte em Perafita.
Foto: Carlos Vinhal

Feitas as despedidas, e os agradecimentos de parte a parte, deixámos as instalações do Farol e voltámos ao Comando da Zona Marítima do Norte para fazer a foto de família e troca de lembranças entre o Comandante Martins dos Santos, nossos anfitrião, e o Presidente do Núcleo de Matosinhos da LC, TCor Armando Costa que "comandava" os visitantes.

Momento dos agradecimentos e troca de lembranças no exterior da "Porta de Armas" do Comando da Zona Marítima do Norte, após a foto de família de que não se dispõe nenhuma cópia.

Carlos Vinhal
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Nota do editor

Último poste da série de 7 DE ABRIL DE 2014 > Guiné 63/74 - P12943: Os nossos seres, saberes e lazeres (70): Pinturas a partir de fotos com mais de 40 anos (Jaime Machado)

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