domingo, 27 de novembro de 2016

Guiné 63/74 - P16767: Álbum fotográfico de Fernando Andrade Sousa (ex-1º cabo aux enf, CCAÇ 12, 1969/71) - Parte V: Eu, em Mansambo, com o alf mil op esp Francisco Magalhães Moreira, cmdt do 1º Gr Comb



Guiné >Zona leste > Setor L1 > Mansambo >  c. 1970 > O Fernado Sousa, como o seu malão de primeiros socorros, à direita, com o alf mil op esp Francisco Magalhães Moreira, comandante do 1º Gr Comb,  ambos da CCAÇ 12 (1969/71). Hoje são vizinhos. "Tínhamos regressado de uma operação entre o Xime e Mansambo, Deve ser já para o fim da comissão".

O Francisco Moreira, que não integra a nossa Tabanca Grande (mas que teríamos todo o gosto em o acolher aqui!), vive em Santo Tirso. Já não nos vemos desde 1994. O Moreira era reconhecidamente o homem de confiança do comandante da companhia, o cap inf Carlos Alberto Machado Brito (, hoje cor inf ref). O Moreira passou por Lamego, pelo CIOE, tal como Humberto Reis, os dois "rangers" da CCAÇ 12.

Na altura em que eu, o Fernando Sousa, Francisco Moreira,  o Humberto Reis e outros estivemos na CCAÇ 12 (maio de 1969/março de 1971),  como unidade de intervenção no Sector L1,  conhecemos, como subnidades de quadrícula em Mansambo, as seguintes:

(i)  CART 2339 (1968/69), adida ao BCAÇ 2852 (1968/70):

(ii) CCAÇ 2404 (novembro de 1969/maio de 1970);

e (iii) a CART 2714, do BART 2917 (1970/72). (Esta companhia será rendida pela CART 3493, a que pertenceram o nosso grã-tabanqueiro António Duarte e  António Eduardo Ferreira; a CART 3493 vai em março de 1973 para Cobumba, na região de Tombali, sendo substituída pela CART 3494, do mesmo batalhão, o BART 3873, sedidado em Bambadinca, 1972/74).

A CCAÇ 12 ia frequentememte a Mansambo, em colunas logísticas ou em operações nos subsetores de Mansambo e Xitole.

Foto (e legenda): © Fernando Andrade Sousa (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Continuação da publicação do álbum de Fernando Andrade Sousa que foi 1º cabo aux enf, CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, entre maio de 1969 e março de 1971), e mora na Trofa (*). 

É inacreditável como é que a CCAÇ 12 só tinha dois enfermeiros operacionais para alinhar no mato, aliás, dois 1ºs cabos aux enf, o Fernando Sousa e o Carlos Alberto Rentes dos Santos (e este por pouco tempo, já que foi trabalhar como carpinteiro no reordenamento de Nhabijões!... O 1º cabo aux enf  José Maria S. Faleiro  foi cedo evacuado para a metrópole. +pr doença infetoconbtagiosa,  e e só muito mais tarde foi substituído pelo  1º cabo aux enf Fernando B. Gonçalves.)

Os médicos e os furrieis enfermeiros (como era o caso do nosso João Carreiro Martins) não alinhavam no mato (!), sendo cada vez mais absorvidos pelas tarefas de prestação de cuidados de saúde às populações civis!... 

Spínola parecia confiar apenas no HM 241, nos helicópteros da FAP  e nas enfermeiras paraquedistas que vinham fazer as evacuações Ypsilon!... Quantos camaradas nossos não terão morrido por falta de primeiros socorros no mato!... A vida ali contava-se ao segundo... 

Nunca vi ninguém protestar por esta insólita situação. A política da "Guiné Melhor" levou Spínola a "canibalizar" o seu próprio exército: alguns dos nossos melhores operacionais eram afetados a missões civis, como os reordenamentos, os postes militares escolares e os serviços de saúde!

Mais: a CCAÇ 12 é obrigada a participar directamente no "projecto de recuperação psicológica e promoção social da população dos Nhabijões",  ao tempo do BCAÇ 2852 (e depois do BART 2917), fornecendo uma equipa de reordenamentos e autodefesa, constituída pelos operacionais  alf mil António Carlão (cmdt do 2º Gr Comb), o fur mil at inf Joaquim  M. A. Fernandes (cmdt da 1ª seção do 4º Gr Comb), o 1º cabo at inf Virgílio Encarnação (cmdt da 3ª seção do 4º Gr Comb) ,e o sold arv  at int Alfa Baldé,  que foram tirar o respectivo estágio a Bissau, de 6 a 12 de Outubro de 1969, e ainda 2 carpinteiros, um 1º cabo at inf (cujo nome preciso de confirmar) e próprio 1º cabo aux enf Carlso Albertos Rentes dos Santos).

A CCÇ 12 tinham 24 operacionais (graduados e 1ºs cabos atiradores), metropolitanos,  e uma centena de praças do recrutamento local, distribuídos por 4 grupos de combate, sem contar com os especialistas, metropolitanos (condutores auto, transmissões, enfermagem, etc., ao todo uns 35). Os 4 elementos operacionais brancos que são retirados à companhia, representava um 1/6 do total!

Na prática, e durante muitos meses, o pobre  do 1º cabo aux enf Fernando Andrade Sousa era o único a !alinhar no mato", dos 4 elementos iniciais da equipa de saúde!... (A CCAÇ 12 não tinha, de resto,  soldados maqueiros).  

E o Fernando também tinha, além disso, de integrar as equipas de  "ação psicossocioal" (!), por exemplo, as visitas às tabancas (*)...  E mais: ia todos os dias para o poste de saúde quando estava em Bambadinca!... E ainda foi destacado, dois ou três meses, no princípio de 1970,  para o Xime da CART 2520, que estava sem enfermeiro!...

Em conclusão foram homens como o Fernando Anadrade Sousa, "marca c...",, como se diz no Norte, que seguraram as pontas desta p... de guerra!... (Julgo que levou,  no fim, um louvor, averbado na caderneta militar, como seria, de resto,  da mais elementar justiça!).

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2 comentários:

Unknown disse...

Sem pretender estabelecer qualquer paralelismo com os Camaradas que nos antecederam, seja-me permitido manifestar a minha estupefacção quando leio alguns relatos dos mais velhos.

Ele é trajar à civil para ir passear, são ruas de cidades e aldeias, corridas de motorizadas assim como de outros eventos. Falam das marmitas, das facas de mato oferecidas pela tropa, etc. etc.

No presente poste fala-se de enfermeiros, maqueiros e outras especialidades ligadas aos cuidados de saúde. Se bem me lembro, na companhia a que tive o gosto de ter pertencido, 3ª CART do BART 6520/73, colocada em Jemberém, tínhamos uns 2 ou 3 cabos enfermeiros e um furriel mil., o meu Bom Amigo Barbosa, dos Arcos de Valdevez. Pista de aterragem para evacuações via aérea, o que é isso ?.

Médico ? nem no Batalhão alguma vez houve algum. Capelão ? idem. Médico suponho que talvez em Cacine houvesse algum. Felizmente não sei ao certo. Reporto-me a 1974.

E só posso concluir que, comparativamente com os nossos antecessores, ficamos a perder e de muito longe. De facto, já não havia nada para nós. Vai para o mato e desenrasca-te.

Olhem se não tivesse vindo a madrugada do dia 25 de Abril de 1974 !!! Por tudo.

Desculpem lá qualquer coisinha, mas os factos são estes.

Grande Abraço.
Joaquim Sabido
Évora

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Joaquim, entendo a tua ironia... Tenmos de ter cuidado com as comparações... Tu estiveste no fim da guerra, na ocupação do mítico Cantanhez, apanhaste todas as contradições, indecisões e perplexidades do pós 25 de abril... Conheci Iemberém, em março de 2008... Já não se dizai "Jemberém"...

Tenho um grande admiração por todos vocês, que foram os últimos soldados do império... Não quereria estar na vossa pele... Em contrapartida, apanhei também as contradições, indecisões e perplexidades do "consulado" de Spínola, entre maio de 1969 e março de 1971...

A minha experiência é muito diferente da tua, já a minha companhia africana, que ajudei a formar, a CCAÇ 12, não era uma subuniddae de quadrícula, foi colocada como subunidade de intervenção às ordens do comando do setor L1 (Bambadinca)...

Ambos conhecemos, ao fim e ao cabo, as misérias e as grandezas do nosso exército, no TO da Guiné, em épocas e lugares diferentes...

Uma abraço fraterno do camarada LG