sábado, 15 de setembro de 2018

Guiné 61/74 - P19018: Os nossos capelães (7): o 1º curso de formação de capelães militares foi em 1967, na Academia Militar


Lisboa > Academia Militar > 23 de outubro de 2017 > Comemoração  dos 50 anos do 1º curso de formação de capelães militares. Foto: Agência ECCLESIA/HM (reditada pelo Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, com a devida vénia...)






1º Curso de Formação de Capelães Militares, realizado na Academia Militar, de 23 de agosto a 17 de setembro de 1967. Lista  dos sacerdores, graduados em aspirante a oficial, que o frequentaram, por ramos das Forças Armadas (Marinha, Força Aérea e Exército).

Fonte: Ordinariato Castrense  (sítio da Diocese das Forças Armadas e das Forças de Segurança)


1. Entre os 58 participantes deste 1º curso de formação de capelães militares estão dois membros da nossa Tabanca Grande:

(i) Mário de Oliveira (ex-alf mil capelão, CCS/BCAÇ 1912, Mansoa, entre novembro de 1967 e em março 1968);

(ii) e Horácio Fernandes.(ex-alf mil capelão, BART 1913, Catió, 1967/69).

Outro dos participantes foi deste histórico curso foi padre Carlos Augusto  Leal Moita, entretanto já falecido, segundo informação do nosso camarada Virgílio Teixeira. Em 1988, tinha o posto de major capelão.

50 anos depois, em 2017, o Ordinariato Castrense celebrou este histórico curso de formação de capelães militares. Ver aqui vídeo da Agência Ecclesia. Ver também aqui a notícia escrita, de 23 de outubro de 2017.

Antes de 1967, já havia capelães militares no TO da Guiné, mas sem formação específica (que passou a ser prevista no art. 10º do decreto-lei nº 47188, de 8 de setembro de 1966)..

O nosso blogue tem 80 referências com o descritor capelães. Temos ainda a série Os Nossos Capelães, com 13 referências.

______________

Nota do editor:

Útimo poste da série > 25 de outubro de 2016 > Guiné 63/74 - P16638: Os nossos capelães (6): Libório [Jacinto Cunha] Tavares, o meu Capelini, capelão dos "Gatos Negros", açoriano de São Miguel, vive hoje, reformado, em Brampton, AM Toronto, província de Ontario, Canadá (José Martins, ex-fur mil trms, CCAÇ 5, Canjadude, 1968/70)

Vd. postes anteriores da série:

25 de outubro de 2016 > Guiné 63/74 - P16636: Os nossos capelães (5): Relação, até à sua independência, dos Capelães Militares que prestaram serviço no Comando Territorial Independente da Guiné desde 1961 até 1974 (Mário Beja Santos)

17 de setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13616: Os nossos capelães (4): O bispo de Madarsuma, capelão-mor das Forças Armadas, em Gandembel, no natal de 1968 (Idálio Reis, ex-alf mil, CCAÇ 2317, Gandembel / Balana, 1968/69)

5 de setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13577: Os nossos capelães (3): O capelão do BCAÇ 619 ia, de Catió, ao Cachil dizer missa... Creio que era Pinho de apelido, e tinha a patente de capitão (José Colaço, ex-sold trms, CCAÇ 557, Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65)

5 de setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13576: Os nossos capelães (2): Convivi com o ten mil Gama, de alcunha, "pardal espantado"... Muitas vezes era incompreendido, até indesejado por alguns, pois tinha coragem para denunciar os abusos, quando os presenciava (Domingos Gonçalves, ex-allf mil, CCAÇ 1546 / BCAÇ 1887, Nova Lamego, Fá Mandinga e Binta, 1966/68)

5 de setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13575: Os nossos capelães (1): Conheci em Bedanda o ten mil Pinho... Ia visitar-nos uma vez por mês para dizer missa... E 'pirava-se' logo que podia (Rui Santos, ex-alf mil, 4.ª CCAÇ, Bedanda, 1963/65)

9 comentários:

Valdemar Silva disse...

Capelães Militares.
Só assisti uma vez, em Cabuca, numa Igreja, ou um barracão que servia de Igreja e que tinha sido atingida por morteiradas na noite anterior, a uma missa ou uma conversa entre o Capelão Militar e a tropa e não me recordo bem do que se passou.
Só me recordo de todo aquele monte de escombros e o Capelão a falar. Julgo nunca ter estado noutra situação igual até ao fim da minha 'comissão'.
Não quero, aliás nem é permitido no nosso blogue e muito bem, fazer comentários religiosos, mas nunca ouvi naqueles tempos, quer em Fátima, nas milhares de igrejas do país e mesmo nos Capelães Militares uma única palavra para: Rezem para acabar com esta guerra.
A Nossa Senhora de Fátima, em 1917, não teve medo de pedir aos pastorinhos para rezarem para acabar com a guerra. (Coitada da Nossa Senhora ainda não estava sujeita à censura da PIDE).
Tenho o maior respeito pelo empenho dos Capelães Militares e, se calhar, nas suas homilias sempre foram dizendo 'assim não pode ser', mas foram muito poucos os que a mais se sentiram eram obrigados

Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Valdemar:

Temos quatro antigos capelães militares, que passaram pelo TO da Guiné, inbscritos como membros da nossa Tabanca Grande... O que é muito bom. Dois deles, o Arsénio Puim (que eu conheci em Bambadinca, em 1970), açoriano, e o Mário de Oliveira (mais tarde conhecido como o Padra Mário da Lixa) foram "expulsos" da tropa...

Não vou comnentar as razões... O Mário esteve em Mansoa (1967/68) e só foi capelão por 4 meses... Tem escritos, aqui sobre essa experiência... que foi marcante para ele... Quando regressou a casa, não era o mesmo Mário de Oliveira que frequentara o 1º curso de formação de capelães militares uns meses antes...

Nunca fui a uma homilia do padre Puim, mas dizem-me que ele rezava pela paz...E foi or causa do dia da paz que ele se tranou ou tramaran-no, o comand0 do BART 2917...

Os anos 60 foram desastrosos para a Igreja Católia. Primeiro houve o Concílio Vaticano II, que comneçou a abrir brechas nas consciências individuais e nas comunidades. Os seminários, até então despovoaram-se, tal como a Academia Militar... A frequência das igrejas, a prática religuiosa, etc. conheceram um descréscino acentuado... Não me lembro de ver as nossas capelas no mato cheias de militares... Eu nessa altura já não era crente (desde os 15 anos) e só entrava ba capela de Bambadinca em caso de velórios dos nossos camaradas mortos...

O que é que te posso dizer mais ? Não foi fácil o papel dos nossos capelães, ainda para mais vítumas, como o Horácio Fernandes, ao chegar a Catió, do mais grosseiro anticlericalisno, falta de camaradagem, de bom senso e de bom gosto, não dizer, falta da mais elementar educação e civilidade, por parte de camaradas, oficiais do exército...

Essa história está aqui contada por ele... Merece ser relida e comentada---


15 DE AGOSTO DE 2014
Guiné 63/74 - P13498: "Francisco Caboz", um padre franciscano, natural de Ribamar, Lourinhã, na guerra colonial (Horácio Fernandes, ex-alf mil capelão, BART 1913, Catió, 1967/69): Parte III: Um periquito praxado com pornografia à mesa do comandante... E as primeiras impressões (más) de Catió e do destacamento de Ganjola...

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2014/08/guine-6374-p13498-francisco-caboz-um.html


Tabanca Grande Luís Graça disse...

Veja-se aqui a opinião que o nosso camarada Domingos Gonçalves (ex-Alf Mil da CCAÇ 1546/BCAÇ 1887, Nova Lamego, Fá Mandinga e Binta, 1966/68) manifestou o seu capelão, o tenenet Ga [Serafim Monteiro Alves Gama, salesiano]


(...) Convivi com o capelão do batalhão de infantaria, a que pertenci, o padre Gama. O primeiro nome já não o recordo. Tinha, na altura, o posto de tenente, o que me leva a pensar que terá pertencido, anteriormente, a outras unidades.

Era um homem bom. Chamavam-lhe 'pardal espantado'. A alcunha vinha-lhe do facto de passar os seu dias a correr de um lado para o outro, de destacamento para destacamento, de companhia para companhia, movido pelo desejo de a todos ajudar um pouco.

Muitas vezes era incompreendido, até indesejado por alguns, pois tinha coragem para denunciar os abusos, quando os presenciava. Era um homem desprendido dos bens materiais, e levava uma vida humilde. (...)


Vd. poste de 5 DE SETEMBRO DE 2014 > Guiné 63/74 - P13576: Os nossos capelães (2): Convivi com o ten mil Gama, de alcunha, "pardal espantado"... Muitas vezes era incompreendido, até indesejado por alguns, pois tinha coragem para denunciar os abusos, quando os presenciava (Domingos Gonçalves, ex-allf mil, CCAÇ 1546 / BCAÇ 1887, Nova Lamego, Fá Mandinga e Binta, 1966/68)

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2014/09/guine-6374-p13568-os-nossos-capelaes-2.html

Anónimo disse...

Os único convívio com capelães militares, foi com o Alf Mil Carlos Moita. Chegou ao nosso convívio com um mês de atraso, ele foi dos 50 do 1º curso de 67, e quando chegou em Out ou Nov de 67, já vinha atrasado, mas ficou todo o tempo e veio embora no mesmo UIGE que os outros.
Era um bom homem, o convívio maior eram as refeições na messe de oficiais, ele era igual aos outros, fumava e bebia bem, era um bom camarada e sabia comportar-se como um verdadeiro homem, sempre foi bem tratado, ele ia a todos os destacamentos do batalhão, um deles fui com ele até Piche. Ver fotos. Fora disso ele devia ter as suas instalações próprias e por isso não havia convívio com a restante malta.
Acho que em termos religiosos foi numa ou noutra cerimónia de velórios, e no dia 27Set68, quando foi a festa do 1º aniversário da partida do batalhão, em 1967. Ele deve ter feito uma missa campal, mas nunca frequentei as missas, não tinha essa tão grande fé...
Também não me parece que o 'papel' do capelão, fosse de apelar ao fim da guerra, afinal eles eram como nós, estavam sujeitos a tudo, aos ataques, flagelações, emboscadas, minas, etc....

E depois lá estava a Policia Politica, vou abster-me de escrever as siglas, já falei demais sobre isso.

Não aparece na festa dos 50 anos do seu curso, pois já tinha falecido.
Paz à sua alma.
Virgilio Teixeira

Antº Rosinha disse...

Os Padres "corriam" por fora.

E, também, a par dos enfermeiros e médicos, poucos militares ouviram e viram tantos camaradas partirem, com ou sem extrema unção.

No entanto, não se ouvia falar em muitas dissidências nestas classes, que a maioria seriam milicianos.

Provavelmente que os que fossem dissidentes, seriam aqueles que mais convictamente e conscientemente dissidiam, sem facciosismos.

Sobre ex-padres, apreciei sobremaneira a inteligência e grandeza de espírito e a dignidade do ex-padre Fanhais sobre a recente polémica de Zeca Afonso e o Panteão.




Valdemar Silva disse...

Rosinha
Sobre o Padre Fanhais, nunca mais me esquecerei de o ter ouvido nos discos do
Aurélio Duarte, já infelizmente falecido, lá no 'mato' de Paunca.

É preciso avisar toda a gente
dar notícias informar prevenir
que por cada flor estrangulada
há milhões de sementes a florir.

É preciso avisar toda a gente
segredar a palavra e a senha
engrossando a verdade corrente
duma força que nada detenha.

É preciso avisar toda a gente
que há fogo no meio da floresta
e que os mortos apontam em frente
o caminho da esperança que resta.

É preciso avisar toda a gente
transmitindo este morse de dores.
É preciso imperioso e urgente
mais flores mais flores mais flores.

Inesquecível.
Valdemar Queiroz

Anónimo disse...

Sim, os padres, médicos e enfermeiros, devem ter sido as classes militares que mais gente viu partir, com ou sem unção. Tenho muito respeito e admiração por todos.
Grande poema do Valdemar.
Virgilio Teixeira

Valdemar Silva disse...

Virgílio
Este grande poema 'É preciso avisar toda a gente' é de João Apolinário, cantado pelo Padre Fanhais e por Luís Cília com discos gravados nos finais dos anos 60 do
século passado.

Ab.
Valdemar Queiroz

Anónimo disse...

Está feita a correcção, obrigado pela chamada de atenção, estou sempre a ler à pressa e falham-me estes pequenos/grandes pormenores.
De qualquer forma um grande poema.
Virgilio Teixeira