terça-feira, 11 de junho de 2019

Guiné 61/74 - P19882: In Memoriam (343): Mário Gualter Rodrigues Pinto (1945-2019), ex-fur mil art, CART 2519 (Buba, Mampatá e Aldeia Formosa, 1969/71)... Era chefe de cozinha, e vivia no Barreiro... O corpo já seguiu para a capela mortuária da igreja do Lavradio, Barreiro, e o seu funeral realiza-se esta tarde pelas 16h15 (Herlânder Simões / Luís Graça)



Tabanca de Mampatá >  23 de dezembro de 2018 · > Recordações: Faz hoje 49 anos que eu e o meu camarada e amigo Furriel Bernardo e mais 5 militares, incluindo dois milicias, fomos feridos, quando procedíamos ao envolvimento do grupo do PAIGC que tinha atacado o aquartelamento da Chamarra. Foi perto do Balana,  o Grupo do .PAIGC encontrou-se frente a frente com o nosso Grupo de Combate quando fazia a retirada do ataque. Felizmente nós  tivemos 7 feridos mas o PAIGC teve mais baixas, incluindo 2 mortos confirmados.....Enfim, são recordações." (Mário Gualter Pinto)

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Página do Facebook do Mário Gualter Pinto  >  17 de dezembro de 2010 >  S/d: Op Diamante Azul > Sambasó nas imediações de Salancaur,  com população controlada pelo PAIGC. Ao centro, em segundo plano, o alf mil Frade, OE (Operações Especiais), 2.º Comandamte da CArt 2519 ( à direita); o fur Mil Mário Gualter Pinto, CArt. 2519 (à esquerda); o Alf mil  Duarte,  da CArt. 2521, agachado, em  primeiro plano; e, à esquerda, o sélebre sold Machado,  o "Cigano", da CArt 2519.

Fotos do álbum do Mário Pinto (1945-2019)




Uma das últimas foto do Mário Pinto (1945-2019), no dia 19 de março de 2019, "Dia do Pai", com a filha, Clara Pinto: "O meu herói .. o meu melhor amigo .. este é o meu pai .. feliz dia PaPi do meu ❤ ... Gosto tanto de Ti" (Clara Pinto)


A sua neta escreveu este belísismo e comovente texto à memória do avô Mário Pinto (, o "Marinho",  como era tratado carinhosamente no seio da família,), que faleceu ontem de manhã, aos 74 anos:

"Um obrigado não vai chegar para todo o que tu fizeste por mim... A dor que sinto hoje também não cabe em mim... no meu corpo pequeno eu sinto tanta dor... é possível?? Não te vou dizer adeus porque acho que despedidas são fatelas e nós os dois não somos fatelas... Partiste hoje!! Mas nunca vais partir do meu coração!!

Obrigada por estes 14 anos incríveis e obrigada por nunca teres desistido desta batalha!! Afinal um homem da guerra nunca desiste! Estou muito orgulhosa de ti e tenho a certeza que tu estás orgulhoso de mim! 


Eu amo-te, avô! Hoje, amanhã e para sempre!! Todos os super heróis perdem os seus poderes e hoje o meu super herói perdeu os dele... Que a força esteja contigo do outro lado, eu vou estar sempre contigo independentemente de aonde tu estejas, eu vou estar contigo e tu vais estar comigo... Que tu sejas a estrela que mais brilha no meu céu (sim porque tu és só meu, então só podes brilhar no meu céu). Não é um adeus,  apenas um até logo!! Vou antigir todas as minhas metas e no fim vou dedicá-las a ti!!" (Beatriz Pinto Fernandes)



1. Mensagens de ontem, 10 de junho de 2019, do nosso camarada Herlander Simões [ex-fur mil,  passou pelo CTIG entre maio de 72 e janeiro de 74;  destinado à CCAÇ 16 (onde nunca chegou a ser colocado) foi primeiro para os "Duros" de Nova Sintra (CART 2771, onde esteve seis meses) e posteriormente para os "Gringos" de Guileje (CCAÇ 3477, 1971/73), entretanto já sediados em Nhacra]:



(i) 16:53

A pedido da família,  estou a comunicar para conhecimento da nossa Tabanca, o falecimento do nosso camarada Mário Gualter Pinto.

Ainda não sei quando é realizado o funeral pois ainda não está determinado.
Quando tiver mais notícias comunicarei á nossa Tabanca.

Um abraço. Herlander Simões

(ii) 17:32

O corpo do camarada Mário Gualter Pinto vai hoje para a capela da Igreja do Lavradio pelas 17,30 H e o seu funeral realiza-se amanhã, dia 11, e sai da capela pelas 16,15, seguindo para o crematório da Quinta do Conde. (...)


2. Comentário do editor Luís Graça:

Mário Pinto foi fur mil at art da CART 2519 (Buba, Aldeia Formosa e Mampatá, 1969/71) (, foto à esquerda). Mais do que "morcego de Mampatá", gostava de ser tratado como "coirão"... Foi um bravo "coirão de Mampatá", alcunha coletiva dada pelo comandante da companhia, Jacinto Manuel Barrelas, hoje cor art ref, autor do do livro " Há Sangue na Picada”.

O Mário gostava de partilhar as memórias desse tempo. Tem cerca de meia centena de referências no nosso blogue. O último mail que troquei com ele foi em novembro de 2018. Sabíamos que estava com  graves problemas de saúde.

Entrou para a Tabanca Grande em 24 de julho de 2009 (*), por mão do José Teixeira, outro "bravo de Mampatá". Era um camarada afável e bem disposto. Não convivemos muito, apenas uma ou outra vez, na Tabanca da Linha e creio que também em Monte Real.

Vivia no Barreiro. Amava a vida, a boa comida, o convívio com os amigos e camradas, a sua terra, o rio Tejo, a Guiné, Mampatá... O seu telemóvel, nº 931648953, esse, já não volta a tocar.  Criou  um blogue sobre a sua companhia, a CART 2519, "Os Morcegos de Mampatá", além de uma página no Facebook, Tabanca de Mampatá - Grupo Público. Também tinha a sua página pessoal, em nome de Mário Gualter Pinto. No nosso blogue alimentou uma  notável  série, "Estórias do Mário Pinto", de que se publicaram cerca de 4 dezenas de postes.

Do seu CV militar  e profissional destacamos  o seguinte:

(i) nasceu em 20 de maio de 1945; 

(ii) estudou no liceu Camões, em Lisboa, era da tirma 63;

(iii) fez a recruta na EPC;

(ii) tirou a especialidade na EPA, atirador de Artilharia, CSM. 

(iii) após o CSM é promovido a 1º cabo miliciano:

(iv) foi  colocado no RAL 4 pela EPA - GI para monitor de armamento e transmissões, no COM;

(v) mobilizado para Guiné pelo RAL 3;

(vi) pertenceu à  CART 2519, e tinha o posto de fur mil;

(viii)  na Guiné esteve em: Buba, Aldeia Formosa e Mamaptá,  nos anos de 1969/1971;

(ix)  foi desmobizado e integrou-se na vida civil;

(x) profissionalmente, estava ligado à hotelaria e restauração, era chefe de cozinha: formou-se na Escola Hoteleira de Setúbal;  criou um blogue em fevereiro de 2010 ( e que alimentou até julho desse ano) com o  sugestivo título Tacho ao Lume; nele fazia-se referência e publicidade à "Quinta do Branco, magnifico espaço, situada na Margem Sul do Tejo,  Chão Duro, Moita do Ribatejo,  Chefe Mário. Organização de eventos e carting. Contacto tel 931648953";

(xi) no seu blogue , deixa algumas dezenas de receitas e notas sobre vinhos; deixem-me destacar cinco receitas, relacionadas com os salores do mar: canja de ameijoas; robalo ao sal; arroz de lingueirão; carapaus alimados;  e lulas recheadas...

(xii) trabalhou  no grupo "Só Peso" (com cerca de duas dezenas de restaurantes), onde foi chefe executivo de cozinha.

(xiii) também era um apaixonado pelo estuário do  Tejo e a atividade piscatória ribeirinha, tendo criado o blogue A Ilha do Rato, de que publicou 37 postes entre fevereiro e maio de 2010. (A ilha ou ilhéu do Rato fica no estuário do Tejo, no mar da Palha, frente ao Lavradio, Barreiro; o Mário foi lá pela primeira vez em 1972, com um amigo pescador.)

Para a  família enlutada, os amigos mais próximos e os camaradas da CART 2519 vai a nossa solidariedade na dor...É mais uma grande perda para todos nós. O seu nome vai juntar-se à lista dos camaradas que da lei da morte já se libertaram. Com ele, são 74 os grã-tabanqueiros que já nos deixaram ao longo destes 15 anos da partilha de memórias e de afetos. 

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Notas do editor:

3 comentários:

Anónimo disse...

Quem tem uma filha destas, e uma neta da idade das minhas, e escrevem isto, que mais pode desejar o nosso camarada Mário Gualter? Até as lágrimas me caíram pela face, sou assim.
Paz e tranquilidade para o Mário lá no Olimpo dos Deuses.
Não conheço este camarada, mas possivelmente cruzamos alguma vez em terras da Guiné, no ano de 1969, quem sabe?

O meu maior afecto para a neta Beatriz e a sua filha Clara, que honrem sempre a memória do vosso avô e pai.
Não há muitos filhos e netos que se manifestam assim, por isso bem hajam para sempre.

Virgilio Teixeira



Os meus sentidos pêsames

Anónimo disse...



Não me recordo do Mário Pinto, algumas vezes o terei visto em Buba, talvez até teremos falado. Em Buba estava o cais, onde acostavam as LDG.s com reabastecimentos para todas as companhias sob o comando de Aldeia Formosa. Durante muitos meses teremos percorrido de diferentes formas essa estrada da morte Buba-Aldeia Formosa, que tu referiste em poste, eu normalmente a pé até próximo de Nhala para fazer segurança às colunas e tu em viatura nas colunas ou a pé a fazer segurança perto de Mampatá. Pela partilha desse chão, por essa proximidade durante muitos meses, pelo conhecimento mútuo dos nossos mortos, dos acidentes, dos combates doutros azares, dos bombardeamentos dos nossos quartéis e dos quartéis do Sul, do inferno das colunas que na época das chuvas se atascavam no lodo e na água das bolanhas, por tudo isso , meu camarada que partiste para a viagem mais longa, sinto-te como um irmão, um irmão diferente, e é com pesar que me despeço de ti.
A bondade e a ternura com que criaste a tua família está bem patente no testemunho da tua filha Clara e da tua neta Beatriz, para elas e para toda a tua família envio os meus sentidos pêsames

Francisco Baptista

Carla Sofia Oliveira Rodrigues Pinto disse...

Ola amigos do meu Pai.

Muito obrigada pela vossa homenagem e bonitas palavras acerca do meu querido pai que já sinto tanta falta, mas a vida é mesmo assim e não nos deixou escolher que ele não fosse o escolhido, lutamos até ao fim mas o Sistema Nacional de Saúde não salva pessoas muito pelo contrario.

Mas não é isso que me leva a vir aqui vos dar uma palavra de agradecimento mas sim saber se existe alguma forma de enviar para Mampatá ( uma parte das cinzas ) sei que ele ia ficar muito feliz se o fizéssemos.

Ficaria muito agradecida se um de vos me pudesse ajudar nesta missão.

Um bem haja e muito obrigada.
Deixo o meu mail caso me possam passar a informação que desejamos ( carbia@sapo.pt)

Carla Pinto.