quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Guiné 61/74 - P21488: (Ex)citações (378): O memorial ao Domingos Ramos, em Madina do Boé: parece ser mais uma prova de que o PAIGC não dá muita importância ao legado histórico da sua 'luta de libertação nacional", nem à memória dos heróicos guineenses que deram a sua vida pela causa, deixando que tudo esteja envolto num nevoeiro de mitos, lendas e narrativas populares (Cherno Baldé, Bissau)


Guiné-Bissau > Região de Gabu > Sector de Boé > 1 de julho de 2018 > Monumento à memória de Domingos Ramos, comandante do PAIGC, morto em 10 de novembro de 1966, ao tempo da CCAÇ 1416. 

Numa das viagens de trabalho ao Boé, o Patrício Ribeiro esteve junto ao Memorial de Domingos Ramos, local onde terá sido  morto, em 10 de novembro de 1966 . Está aproximadamente a uns 500 metros da fonte "Colina do Boé", construída em 1945,  e do antigo quartel, a poucos metros do caminho para Dandum, na planície.

Escreveu o Patrício Ribeiro: "Na pedrta, não havia nenhuma inscrição. O pessoal que me acompanhava,  do Parque Natural do Boé, sabia deste local, indicaram-me talvez porque passamos perto. Das outras vezes que fui a Madina,  não me indicaram este sitio. Do outro lado da picada, perto a 70 metros, já há algumas casas. " (*)

Foto (e legenda): © Patrício Ribeiro (2018) Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


 



Guiné-Bissau > PAIGC > Manual escolar, O Nosso Livro - 2ª Classe, editado em 1970
 (Upsala, Suécia).  Domingos Ramos, ilustração, Lição nº 23: Um grande patriota, p. 74. 
[Exemplar cedido pelo Paulo Santiago, Águeda (ex-Alf Mil,  comandante do Pel Caç Nat 53, Saltinho , 1970/72)]

Infografia: Bogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2020)


1. Comentário de Cherno Baldé (*), nosso assessor para as questões etnolinguísticas, profundo conhecedor da sua terra e das suas gentes, colaborador permanente do nosso blogue, com cerca de 220 referências no nosso blogue, o que é obra!

 
Caros amigos, 

Mais um enigma para desvendar, trata-se do lugar indicado como sendo o local onde o Domingos Ramos (**) teria sido ferido e eventualmente, morto. 

A primeira vez que me mostraram o local, estranhei por causa da proximidade (menos de 500 metros) do antigo aquartelamento [de Madina do Boé]. Se atenderamos o depoimento do Internacional Cubano, [, Ulisses Estrada,]  que estava presente e relatou os acontecimentos na primeira pessoa, torna-se estranho e incompreensível que hoje nos digam que tudo teria acontecido a menos de 500 metros do aquartelamento, o que equivale a dizer que eles estavam a flagelar com canhões sem recuo a uma distância tão curta ?! 

Na minha opinião,  o mais provável é que, na impossibilidade de localizar o sitio certo ou então devido a dificuldade de acesso, seja uma localização simbólica e num sitio bem acessível, do lado Sul/Sudeste, bem perto do caminho para Dandum. 

Mais um caso para dizer que o PAIGC não parece dar muita importância ao legado histórico da sua 'luta de libertação nacional" assim como [à memória] dos heróis guineenses que deram a sua vida pela causa, deixando que tudo esteja envolto num nevoeiro de mitos, lendas e narrativas populares. 

Caro Luís Graça, em relação à tua questão, tenhpo a dizer o seguinte: o facto de parte da população Boenca (de Boé) não falar Português ou Crioulo não é sinónimo de ser estrangeira, isto mostra o quão a região de Boé está isolada do resto do país, onde durante a época das chuvas (que vai de Junho a Novembro) quase que não há nenhuma comunicação com o exterior, por terra, rio e ar e para pior nem por telefone. 

Abraço, Cherno Baldé (***)


2. Comentário do editor LG (*):

Patrício, se puderes (e souberes) explica là à gente quem são os atuais habitantes do Boé (, os "boencas", na expressão do nosso querido amigo Cherno Baldé): 12 mil, naquele buraco, é muita gente, 85 tabancas ainda mais..., em termos de "peugada ecológica" ou de impacto sobre o ecossistema, a fauna e a flora...

No "nosso tempo", era uma região sem população, andavam lá, à solta, os leões, os elefantes, os chimpanzés, os búfalos, os macacos-cães... Depois veio a tropa fandanga do Amílcar, mais os seus "instrutores" cubanos... Montaram lá o circo da guerrilha: base, hospital, campo de prisioneiros, etc.  

Eh!, pá, e a propósito de cubanos, ainda conheci, em março de 2008, na Guiné-Bissau, o Oramas e o Estrada, lídimos  representantes do internacionalismo cubano, discretos, distantes, polidos, compenetrados do seu papel histórico em prol do progresso dos povos, mais simpático o diplomata Oramas, mais reservado o guerrilheiro Estrada, que, coitado, estava com um camadão de paludismo em cima do corpinho. (Penso que já morreu, há uns anos, o Estrada...).

AS NT retiraram de Madina do Boé em 1969... Aquilo  não interessava a ninguém, jurava o cor inf Hélio Felgas, comandante da Op Mabecos Bravios... E para as eventuais empresas mineiras colonialistas, portuguesas ou estrangeiras, não tinha qualquer interesse económico a m... da bauxite do Boé, de fraca qualidade... A abarrotar de bauxite, ao preço da chuva, estava o país vizinho, a Guiné-Conacri, que no tempo do Sékou Touré queria abocanhar a pobre da "guinezinha", como diria a nossa querida Cilinha...(Lamentavalmente, distraído com os seus sucessos diplomáticos, o pobre do Amílcar Cabral não se apercebeu disso a tempo...).

Depois da independência da Guiné-Bissau, parece que aquilo,o Boé, se tornou o Eldorado, uma espécie de Faroeste, neste caso Farleste,,,

Pergunta-se a quem sabe, ao Cherno, ao Patrício: quem montou lá tenda? São fulas do Futa Jalom, fugidos da miséria da Guiné-Conacri ?... Ou fulas de outras zonas da Guiné-Bissau, à procura de novas oportunidades de vida e trabalho ?...

É estranho, não falam português, nem crioulo, dizes tu, Patrício, que és um bom e imparcial observador...

Enfim, mano Patrício (, "pai dos tugas", sem ofensa para ninguém, como te chamavam em Bissau os nossos meninos e meninas "cooperantes"), talvez tenhas mais informação que nós...já lá fostes por diversas vezes, nestes anos todos... De resto, só por isso, devias ter direito a comenda para o resto da vida...

Recebe um conselho de amigo: olha que a Guiné é dura, vê o que aconteceu ao nosso comum querido amigo Pepito...Fica de vez na tua "ponta do rio Vouga", a cuidar dos teus eucaliptos e da tua vinha, das tuas nogueiras e dos teus castanheiros... Eu sei que a Guiné é, para ti, "manga di sabe", ajudou-te a fazer o luto da tua querida Angola, da tua querida Nova Lisboa, mas tens que ter cuidado com a saúde do corpinho e da alma... Um gajo não é eterno"!... Nem os poilões são eternos, que o diga o machado chinês, ou a melhor, a motoserra chinesa...

Bom, abafa-te, avinha-te, abifa-te... e vacina-te que vem aí a gripe sazonal para se juntar à maldita Covid-19...

Eu, hoje, dei o exemplo, fui à "bacina", como se diz no Norte, estou em idade de risco... Todos os anos "tomo", quer eu dizer, levo a "bacina" contra a gripe sazonal. Desta vez, tudo planeado ao minuto, marcado "on line", para as 12h30, na junta de freguesia cá do sítio... Dez minutos depois estava despachado... Sem confusões, sem atropelos, sem demoras...

Mantenhas. Amanhã volto para a Lourinhã, preciso cada vez mais do meu "Mar do Serro" para me esquecer da "normalidade da anormalidade" a que fomos condenados...

___________


(**) Sobre Domingos Ramos, vd. nomeadamente os seguintes postes:

12 de dezembro de  2007 > Guiné 63/74 - P2343: PAIGC - Quem foi quem (5): Domingos Ramos (Mário Dias / Luís Graça)

12 comentários:

António J. P. Costa disse...

Olá Camaradas

Começo com a minha habitual declaração de "desinteresses": Não são contas do meu rosário!
Sou português e não "tuga". Não vejo onde é que está a graça de aceitarmos esta alcunha "carinhosa". É uma questão de educação! Da parte de quem chama, bem entendido.
Não tenho por hábito chamar "turras" ao guineenses que vivem no meu país, beneficiando da "integração". São pessoas como as outras e é tudo.
A Guiné tem o seu Hino Nacional, a sua Bandeira, a sua estrutura política e o seu povo que nada tem a ver com um meu. É outro país.
Contudo, este monumento - verdadeiro ou falso - confirma-me que os guineenses não prestam atenção à sua história, neste caso a sua história política e social mais recente e relativamente à qual têm elementos de sobra - próprios e de outrem - para estudar, se quiserem... Claro.
Infelizmente, parece-me que a verdade histórica não lhes dá muito jeito e, por isso, preferem o esquecimento ou a deturpação (vulgo tradição ou mito). O esquecimento é a melhor forma de descaracterização de um país, mas isso parece não ser importante, no caso vertente. Assim, tudo pode ter sido como foi ou de outra maneira qualquer. Ficará, como for mais conveniente, no momento. E quem isto contradisser ou é racista e está a apoucar, ou está a interferir nos assuntos internos do país. Livre-me Deus desta hipótese.
A ex-guerrilheiros que conheci, cheguei a chamar a tenção para o sofrimento e sacrifício das populações que estavam sob seu controlo, no interior do território, ou dos guerrilheiros que ali passavam toda a espécie de privações. Nem vale a pena enumerá-las...
Além disso, houve gente que nem sequer sob de que é que morreu, tal a violência da causa da morte, e esses - civis e guerrilheiros - mereciam todo o reconhecimento por parte dos que lhes sobreviveram. Mas não e os resultados estão à vista.
Estou a falar como cidadão português que não se sente ligado a nada nem a ninguém da Guiné, mas que sabe um pouco de História e para que é que ela serve.
Já deve ser tarde para emendar os procedimentos e, mais uma vez, que tenho eu com isso?
As opiniões que aqui verto são de um português, que vive em Portugal e escreve num blog de ex-combatentes, ligados entre si, por terem estado na Guiné

Um Ab.
António J. P. Costa


Tabanca Grande Luís Graça disse...

Tó Zé, já corrigi a frase_ "Os tugas cavaram do Boé em 1969"...O que é correto é: "As NT retiraram de Madina do Boé em 1969"... Os "tugas" estão a mais, e o "cavar" também: foi uma retirada planeada, para a qual se fez uma operação que envolveu muitos meios... Acabou em tragédia por causa de um estúpido acidente com a jangada do Cheche... Mas isso é outra história... Não há aqui nenhum mérito (militar) do PAIGC...

Sei que não gostas do termo "tuga" que usamos, em geral, na brincadeira... Faz prte do nosso humor de caserna. Os meus soldados, fulas, usavam-no quando se zangavam connosco. A "Maria Turra" também o usava, em tom insultuoso... Eu também não gosto de usar o termo "turra"... Aliás, faz parte das nossas regras editoriais: "respeito pelo inimigo de ontem, o PAIGC, por um lado, e as Forças Armadas Portuguesas, por outro"... Respeito não é subserviência, é apenas o sentimento que nos impede de fazer ou dizer coisas desagradáveis a alguém...

Tu, tanto quanto sei, nunca mais voltaste à Guiné, nem tencionas lá voltar. Mas se voltasses, podias constatar que não há "ódio" aos portugueses, nem ninguém te trata por "tuga" com sentido depreciativo, injurioso ou insultuoso...

Tu gostas de fazer humor, tal como eu...E às vezes "salta", no discurso, a palavra "tuga", que continuamos a usar, aqui, no linguajar informal do dia-a-dia...

Pessoalmente, não me ofende. Mas eu tenho, como editor, a obrigação de respeitar os sentimentos dos nossos leitores, e sobretudo dos mais fiéis como tu...

"Pai dos tugas", é que eu não posso alterar, é o "nickname" do Patrício Ribeiro, e que ele, tanto quanto sei, não enjeita...Se fores a Bissau (, sei que nunca irás...), pergunta logo pelo "pai dos tugas", levam-te direitinho ao patrão da Impar Lda, a empresa que "dá à luz" na Guiné...

Mantenhas, quero eu dizer, um alfabravo. Luís

___________________

tuga | adj. 2 g. s. 2 g.

tu·ga
(redução de portuga)
adjectivo de dois géneros e nome de dois géneros
[Informal] O mesmo que português.


"tuga", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020, https://dicionario.priberam.org/tuga [consultado em 28-10-2020].

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Ser ou não ser... "tuga", não é a questão... Como todos os epítetos "depreciativos" (incluindo os sexistas, xenófobose racistas), tudo depende do "emissor", do "recetor" e do "contexto comunicacional... É um tema já velho no nosso blogue...

15 DE MAIO DE 2015
Guiné 63/74 - P14617: Questões politicamente (in)correctas (46): "Não sou 'tuga', sou português"... (António J. Pereira da Costa) / "Confesso que nunca me chocou como português e patriota ser chamado por 'tuga' pelos guineenses" (Francisco Baptista)
...

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Querido Cherno, meu irmão: aqui aplica-se a "teoria de Maslow"... Quando as necessidades básicas, de um um indivíduo ou de uma comunidade, são as mais prementes, porque não estão satisfeitas, de maneira permanente ou durável, as outras, ditas superiores (sociais, de autoestima, de poder e de realização), não são relevantes em termos de motivação ou ação...

Quando se luta todos os dias, arduamente, pela "bianda nossa de cada dia", quando a segurança é uma coisa incerta, hoje e amanhã, que importa a Pátria e a sua História e os seus Heróis ?!...

Infelizmente o que se passa na Guiné-Bissau, no diz respeito à "memória histórica", é corrente na maior parte do mundo... Os Heróis não enchem a barriga...

Valdemar Silva disse...

Das várias vezes que estive na Holanda, agora deve-se dizer Países Baixos ou Neerlândia, quando se juntavam vários portugueses amigos do meu filho, com idades na casa dos 40 anos, referiam-se com humor, piadas ou anedotas a outros conterrâneos mais velhos utilizavam os "tugas" isto e aquilo, estranhava esse tratamento por saber que eles nem sequer fizeram o serviço militar.
Há muito que os brasileiros utilizam portuga na mesma forma, para contar piadas a respeito dos portugueses.
Até no Mundial de Futebol 2002 a mascote era o "Tuga".
Mas, na Infopédia é feita a seguinte (e interessante) designação para tuga:
Guiné-Bissau - soldado português
Guiné-Bissau - designação de qualquer português
Guiné-Bissau - designação de indivíduo de pele branca
Não sei, se o "tuga" é utilizado pela generalidade da comunidade de emigrantes portugueses, ou apenas por aqueles que tivessem estado na guerra da Guiné, mas parece que se generalizou.
Também se verificava por cá, agora não tanto, chamar "turra" ao nos referirmos a um indivíduo de pela preta.
E ficou assim: turra com tuga se paga. (bem mais maneirinho, se diga)

Pois, 'Os Heróis não enchem a barriga...' e provavelmente na Guiné não se fez ou não vai ser feito, um grandioso e monumental cortejo como o que foi feito em Lisboa, em 1947, comemorativo dos 800 anos Tomada de Lisboa aos Mouros, com milhares de pessoas a assistir e muitos deles com a barriga ainda da ressaca do 'livrou-nos da guerra mas não da fome'.

Abracelos
Valdemar Queiroz

Cherno Baldé disse...

Amigo Luis Graça,

A populaçao do Sector de Boé em 2009 (Terceiro recenseamento geral da populaçao e habitaçao) era de 10878 hab. e 84 Tabancas. Considerando a taxa de crescimento anual de 2,5 teriamos hoje um numero proximo dos 14000 habitantes. Este numero
é bem superior ao numero da estimativa que apresentas de 12000, e o numero de Tabancas mantem-se quase igual. Esta analise rapida e superficial do numero de habitantes do sector de Boé mostra-nos que nao se verifica nenhuma invasao do territorio, pelo contrario, o numero das pessoas que saiem sao mais importantes do que aqueles que la entram ou entao o crescimento é muito inferior a media nacional.

A populaçao Boenca considera a si mesma como Futa-fula cuja variante de lingua utiliza com ligeiras variaçoes do tipo regional, nesse caso seria logico pensar no prolongamento natural do meio e da poipulaçao do Futa-Djalon. Todavia, ha quem os considere como um sub-grupo dentro do grupo fula, por razoes geograficas e também por alguns traços culturais identitarios que caracterizam os grandes grupos populacionais do continente, nesse caso dos fulas que tém a lingua como denominador principal. Mas, tendo em atençao o predominio no seio da sua populaçao de apelidos caracteristicos de outros grupos como Camara, Sané, Sissé,
Canté, Sidibé etc (tipicamente mandingas na regiao da Senegambia) é uma evidencia demonstrativa da miscigenaçao em grande escala, de ramificaçoes de grupos de diferentes origens que se fundiram formando uma comunidade sui-generis denominada fulas de Boé ou Boencas e que teria como principal causa e origem no declinio do império mandinga no séc. XIX e a ascençao do poder fula em toda a regiao.

As dificuldades de viver naquela regiao de solos pobres e vales profundos sao de tal ordem que so eles (os Boencas) conseguem la sobreviver e sao cada vez menos a habitar as suas encostas montanhosas (Fello's) e ribeiras/lagoas (vendu's) que aqui sao tao importantes que ocupam uma posiçao determinante no ordenamento e os toponimos locais, dando nomes as aldeias e lugares de vida e de culto.

Ao mesmo tempo, verifica-se uma erosao da cultura ancestral do respeito do sagrado e dos mais velhos, factores que se combinam com as mudanças do clima, a destruiçao irreversivel do meio natural (fauna e flora) e pouco respeito pelos usos e costumes do mundo antigo, alias, a semelhança do que acontece um pouco em todo o pais.

Cordialmente,

Cherno Baldé

António J. P. Costa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
António J. P. Costa disse...

Olá Camarada

Fizeste bem em corrigir as tais expressões.

Não gosto do termo "tuga" que usas e nem vejo como pode ser utilizado como brincadeira... Qual humor de caserna? Não me lembro de nos chamarmos uns aos outros por esse epíteto.
Se os teus soldados fulas o usavam quando se zangavam contigo e se a "Maria Turra" também o usava, em tom insultuoso... parece que não há motivo para o usarmos, num blog de portugueses, como "brincadeira".
Se não gostas de usar o termo "turra" e se faz parte das nossas regras editoriais: "respeito pelo inimigo de ontem, o PAIGC, por um lado, e as Forças Armadas Portuguesas, por outro"... nada mais há a dizer.
Pois claro que o "respeito não é subserviência, é apenas o sentimento que nos impede de fazer ou dizer coisas desagradáveis a alguém"... Boa definição! É só cumprir.

O que é que o elementos do PAIGC e os actuais habitantes da Guiné achariam, especialmente os que cá vivem se os tratássemos por turras, como naqueles tempos ou por pretinhos, como o Salazar fazia? Mas se tal sucedesse estávamos no nosso país e, que diabo, isso há-de dar-nos alguns direitos a uma certa liberdade de linguagem.
Agora, sermos nós a deprimirmo-nos e a diminuirmo-nos perante nós mesmo (peço desculpa) mas será sempre de evitar.

E já reparaste a carga de problemas que um português arranja se se referir aos brasileiros como "brazucas" ou simplesmente zukas?
Se houvesse "ódio" aos portugueses, era um fenómeno sociológico e eu teria de o admitir. Se ele não existe cá no meu país a recíproca tem que ser verdadeira. Ninguém é obrigado a conviver com ninguém e a aceitar inimigos antigos como novos amigos.

Em resumo direi que o desrespeito é livre e não paga IVA (para já) especialmente se for usado "por casa", mas o auto-desrespeito (mesmo de trazer por casa) é inaceitável!

Um Ab.
António J. P. Costa

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Tó Zé, ouvi a tua rabecada, em sentido e silêncio...Tens razão, prometo não reincidir, ter mais cuidado para a próxima, e ler mais vezes o nosso RDM... que é +aar cumprir!...

E, agora, se dás licença, vou comer uma bucha, que já me estou a chamar para o rancho. Luís

Tabanca Grande Luís Graça disse...

É bom que se saiba... Portugal é solidário com a Guiné-Bissau, membro da CPLP...LG
___________


Portugal tratou 8.344 doentes oriundos dos PALOP em quatro anos, a maioria da Guiné-Bissau

O Serviço Nacional de Saúde (SNS) tratou 8.344 doentes oriundos dos países africanos lusófonos, entre 2016 e 2019, sendo a maioria oriunda da Guiné-Bissau, segundo dados oficiais.


Agência Lusa

27 set 2020, 10:54

https://observador.pt/2020/09/27/portugal-tratou-8-344-doentes-oriundos-dos-palop-em-quatro-anos-a-maioria-da-guine-bissau/

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Já agora, o resto da notícia da Agência Lusa:

https://observador.pt/2020/09/27/portugal-tratou-8-344-doentes-oriundos-dos-palop-em-quatro-anos-a-maioria-da-guine-bissau/


(...) Estes doentes, que são enviados para Portugal ao abrigo dos acordos de cooperação entre Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe, são portadores de doenças que precisam de cuidados especializados que não existem nos seus países.

As especialidades mais procuradas são a cardiologia, a oncologia, a oftalmologia, a pediatria, a urologia, a otorrinolaringologia, a cirurgia geral e cirurgia pediátrica, a ortopedia e a neurocirurgia. Segundo dados da Direção Geral da Saúde (DGS), nestes quatro anos a Guiné-Bissau foi o país que fez mais evacuações médicas para Portugal (53%), seguindo-se Cabo Verde (31%) e São Tomé e Príncipe (12%).

No total, Portugal tratou 1.748 doentes enviados por estes países africanos de língua oficial portuguesa em 2016, 2.705 em 2017, 2.307 em 2018 e 1.595 em 2019. (...)

António J. P. Costa disse...

Espero que seja Rancho à Moda de Viseu.

Bom apetite!
António J. P. Costa