segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Guiné 671/74 - P21445: Notas de leitura (1314): “Guerra Colonial", por Aniceto Afonso e Carlos Matos Gomes; Porto Editora, 2020 - O mais rigoroso manual de divulgação de toda a guerra colonial (2) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 3 de Outubro de 2020:

Queridos amigos,
Não podemos ignorar que o tema da guerra colonial continua a suscitar, sobretudo na classe sénior, uma controvérsia maniqueísta, há permanentemente um dedo acusador de que o rumo da guerra podia ter sido outro, diferente do que sucedeu ao 25 de Abril. Estes dois investigadores manifestam-se arredados de prós e contras, consultaram fontes documentais, e acima de tudo dão no seu manual um pano de fundo como mais ninguém até hoje ensaiou na literatura destinada ao grande público, é uma narrativa onde não se foge ao essencial do que é a guerra subversiva, guerrilha e contra-guerrilha, qual o ideal imperial do Estado Novo personificado em Salazar, o deflagrar da guerra e o seu alastramento, os homens e os dispositivos, as populações envolvidas, escolhem-se três generais distintos para relevar o comportamento pragmático, passando pelo destemor pessoal até à motivação ideológica de desejar uma vitória impossível. Os autores não fogem a esta discussão acirrada entre aqueles, em diferentes quadrantes ideológicos, associados à nostalgia e ao saudosismo, responsabilizam o 25 de Abril por se ter conduzido o desfecho da guerra para o caos e para a vergonha da retirada, mostrando, com a evidência dos documentos, a situação crítica que se estava a viver em Angola, na Guiné e em Moçambique, nas vésperas do 25 de Abril.

Um abraço do
Mário


O mais rigoroso manual de divulgação de toda a guerra colonial (2)

Mário Beja Santos

"Guerra Colonial", por Aniceto Afonso e Carlos Matos Gomes, Porto Editora, 2020, só de longe é uma reedição, ganhou a forma de livro de consulta, transformado numa grande angular onde os dois investigadores, seguramente os mais habilitados nesta vertente historiográfica, deram uma arrumação muito mais ventilada para políticas, doutrinas, territórios, organização das Forças Armadas, movimentos de libertação, populações envolvidas, ritos do quotidiano, balanço, o pós-guerra, elenco de figuras cimeiras intervenientes nos três teatros de operações. É timbre dos autores o rigor, a comunicação acessível só possível de quem muito sabe, o desnudar mitos diáfanos da fantasia de quem ainda hoje propala toda aquela guerra era por natureza sustentável e um ato patriótico. O texto de Adriano Moreira, em que este académico esculpe Salazar, o seu regime e o seu pensamento sobre o ideal imperial, é uma peça de indiscutível importância. Luís Salgado de Matos regista igualmente o relacionamento entre a Igreja e o regime face aos conflitos coloniais e averba com oportunidade que as independências de Angola e de Moçambique vieram mostrar que a Igreja Católica nestes territórios tinha uma implantação suficientemente forte para poder sustentar-se sozinha, o que é facto indesmentível. O mesmo investigador aborda a economia e a guerra, esta era paga pela metrópole, como ele escreve: “Em 1971, as colónias contribuíam com apenas 18% dos 12 milhões de contos de despesas operacionais de defesa, uma proporção que ficava permutada da sua participação na receita total do Estado. A metrópole gastava com a guerra cerca de 40% da despesa pública. Em 1974, aos custos morais e humanos da guerra – que eram os mais decisivos – acrescentava-se o prejuízo económico. À vontade da independência africana ameaçava sobrepor-se a da independência branca”.

Três generais são analisados, pela forma como fizeram a guerra: Costa Gomes, Spínola e Kaúlza de Arriaga. Costa Gomes chega a Angola em 1970, fora aberta a Frente Leste, ali se movem os três movimentos independentistas. E delineou uma estratégia de reorientação do esforço para as imensas planícies do Leste em detrimento das florestas dos Dembos e das margens do rio Zaire. Aumentou o número de distritos dentro da zona militar Leste, convocou múltiplas forças auxiliares. Consegue pôr a UNITA a combater o MPLA, lançou no terreno unidades táticas de contra-infiltração. “Um aspeto caraterístico da sua manobra foi o modo de emprego das forças africanas. Costa Gomes, ao contrário de Spínola na Guiné, não as integrou em qualquer projeto político destinado a alterar o status quo existente”. Os autores alongam-se na figura de Spínola, na análise das suas primeiras Diretivas, a sua enorme preocupação em pôr os guineenses do seu lado. Mexe no dispositivo criando Comandos de Agrupamento Operacional e os Comandos Operacionais, irá utilizar as forças africanas na contra-guerrilha e as milícias na proteção e enquadramento da autodefesa das populações. Consegue manter a situação equilibrada até 1972, será depois ultrapassado por uma nova estratégia e pelo uso de armamento mais sofisticado. Promoveu os Congressos do Povo, envolveu-se em operações que desencadearam fiascos diplomáticos, apercebeu-se que toda a sua orientação depois dos acontecimentos de Maio de 1973 era posta em causa, todo aquele plano de retração que inicialmente aceitou e que Costa Gomes assinou era o princípio do fim, nada do que ele sonhara para uma Guiné inteiramente dos guineenses.

Kaúlza de Arriaga terá uma ação de comando assumida e radicalmente ideológica, não podia admitir outro resultado que não fosse a vitória sem compromissos. Quando ele chega a Moçambique, a FRELIMO já está a esboçar um plano para avançar até ao Tete. Kaúlza lança em força a Operação Nó Górdio, vão encontrar as bases da FRELIMO abandonadas. Cahora Bassa, como se veio a demonstrar, não era um empreendimento primacial, exigiu a mobilização de um volume de meios cada vez maior para a defender, acabou por ser o Nó Górdio de Kaúlza, acrescido da denúncia dos massacres de Wiriamu, tal como Marcello Caetano já estava desavençado com Spínola acabou igualmente o relacionamento de confiança com Kaúlza e Arriaga. Ele regressa e vem para conspirar.

Este importante roteiro mostra como se desenvolveu o esforço de guerra, como foi evoluindo o comportamento da ONU dos anos 1960 para 1970, como nasceu o Movimento dos Capitães. E temos as feridas, a mais óbvia e visível foram os deficientes, escreve o presidente da ADFA que durante a guerra terão sido evacuados da frente de combate cerca de 25 mil militares afetados por deficiências motoras, sensoriais, orgânicas e motoras.

E chegou a hora da polémica interminável, se a guerra estava ou não perdida. As investigações têm progredido e os autores revelam o que se estava a passar sobretudo em 1974 em Angola, Moçambique e Guiné. Resumindo, em Angola não se estava a caminho de nenhuma vitória militar nem política: existia uma séria e assumida ameaça colonial sobre Cabinda e o Norte, a situação no Leste não inspirava confiança ao nosso aliado sul-africano, considerava-se que o programa de aldeamentos era desastroso; em Moçambique a situação era crítica, para além da continuação das ações nas zonas tradicionais de guerrilha, a FRELIMO estava a infiltrar grupos cada vez mais para Sul, abatera três aviões rodesianos que apoiavam as operações de contraguerrilha, o grosso dos meios estava empenhado na defesa de Cahora Bassa e nas linhas de reabastecimento à barragem, nas zonas restantes as forças portuguesas corriam atrás dos acontecimentos. Na Guiné, é onde tudo ia pior, primeiro com a chegada dos mísseis terra-ar e depois com os acontecimentos de Maio de 1973. Põem-se em cima da mesa o plano de retração. “Para a constituição deste reduto eram considerados os seguintes ponto-chave, a manter a todo o custo: Aldeia Formosa, Cufar, Catió, Farim, Nova Lamego e Bafatá, a Ilha de Bissau associada às regiões de Bula e de Mansoa. Isto é, reduzir a soberania a um reduto central. Esta solução é a clara admissão de que as forças portuguesas abdicavam da posse de boa parte do território da Guiné e das suas populações para se concentrarem num reduto central”. Enquanto tudo isto se passa, Marcello Caetano tentou várias saídas para o problema colonial e a guerra, pensa-se numa independência branca para Moçambique e Angola, há conversações em enviados secretos do Governo Português com o PAIGC e o MPLA, por três vezes Caetano procura a admissão junto do Almirante Tomás, este respondeu: “Já é tarde para qualquer um de nós abandonar o cargo”.

As investigações evoluíram muito e os saudosistas da sustentabilidade da guerra colonial veem cair por terra toda a sua carga emocional. Um só exemplo, referente à Guiné. Em 27 de novembro de 1973, o Comandante da Zona Aérea, Coronel Lemos Ferreira, enviou uma carta a Costa Gomes a explicar o que se passara na Guiné. Refere as possibilidades militares do PAIGC, que incluíam o patrulhamento aéreo feito por aviões MiG-15 e MiG-17 da República da Guiné Conacri, a eliminação de duas guarnições portuguesas junto da fronteira, a existência de blindados e armas anti-aéreas e anti-carro. E escreve textualmente: “Sabendo-se que a sobrevivência militar desta Província Ultramarina assenta quase exclusivamente no pessoal e nos meios da Força Aérea, por ser patente que as forças terrestres não parecem capazes de suportar e reagir a uma safanão forte por razões conhecidas, nomeadamente a sua reduzida motivação, deduz-se o risco de, apesar de sermos aqueles que mais intensamente procuramos remar contra a maré, acabarmos por ser o pião das nicas, por não termos realizado o milagre integral, ou seja, impedir todo e qualquer ataque inimigo!”.

Manual de referência, roteiro, obra-prima de divulgação, nada supera no panorama editorial português esta guerra colonial, totalmente indicada para antigos combatentes, investigadores e curiosos das novas gerações, manifestamente indiferentes às apoplexias do saudosismo.
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Notas do editor:

Poste anterior de 5 de outubro de 2020 > Guiné 671/74 - P21419: Notas de leitura (1312): “Guerra Colonial", por Aniceto Afonso e Carlos Matos Gomes - O mais rigoroso manual de divulgação de toda a guerra colonial (1) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 7 de outubro de 2020 > Guiné 61/74 - P21426: Notas de leitura (1313): "O Cântico das Costureiras", de Gonçalo Inocentes (Matheos) - Parte IV (Luís Graça): as primeiras minas e fornilhos A/C

22 comentários:

Manuel Luís Lomba disse...

Viva, Mário!
Desde logo o título parece tendencioso, ideológico.
"Guerra do Ultramar", seria apropriado, em Português vernáculo.
Porventura os distintos autores, pelo seu desempenho de agentes da soberania portuguesa ultramarina, gostarão ser chamados de "oficiais colonialistas"?
O livro diz-me respeito e já o encomendei.
Abr.
Manuel Luís Lomba

Anónimo disse...

Há quase meio século longe do nosso querido Portugal as “semânticas” envolvendo a nossa língua tornam-se cada vez mais interessantes.
Será o tal “português vernáculo” referido no comentário anterior estabelecido por um decreto-lei ?

Tivemos um Império Colonial por um período de muitos séculos.
Não consta terem os nossos “maiores” quaisquer complexos quanto à denominação .
Os republicanos também souberam viver administrando...colónias.

No ano,ainda tão próximo,de 1951 o governo da ditadura determinou administrativamente que as seculares colónias passariam a províncias ultramarinas.
Ficaria assim resolvido um problema internacional que viria a mostrar-se bem mais sério do que o saloiismo político dos iluminados governantes da ditadura estavam capacitados de resolver.

Tapar administrativamente o “Sol com uma peneira “?
E,não só,ficar-se surpreendido quando os aliados tradicionais se riram com tal decreto lei,a contra corrente das suas políticas e ,não menos,dos seus interesses?

A continuar-se a “semantear” com os termos “ultramar e colonial”,deve-se ter em conta que os “ultramarinos” não nos fizeram guerra.
Quem se revoltou, e nos combateu,foram alguns dos “colonizados “.
Nunca terá havido guerra contra os “ultramarinos”.
A extensão abrangente deste termo em muito ultrapassava os grupos de guerrilheiros que combatíamos.
Foram os que se sentiam colonizados que procurámos pacificar pelas armas.

A continuar-se a jogar com as palavras as colónias estavam situadas além mar...ultramar!
Durante todos os muitos séculos do Império muitas guerras coloniais foram travadas em África,tanto Guiné como Angola e Moçambique.
No tal vernáculo ,procurado por comentador anterior, não seria mais sério ,por menos político,denominarem-se todos estes conflitos históricos como....guerras de África?

Pelo menos,quanto à geografia,todos estaremos de acordo.

Um abraço do J.Belo

Anónimo disse...

Internacionalmente,tanto nas Nações Unidas como na mais amigável NATO,a frase “Soberania portuguesa ultramarina” não era a aprovada.
O termo legal era: “Territórios sobre responsabilidade da Administração Portuguesa “.

Continuando com jogos semânticos ,que nome se poderia dar (na legalidade internacional) às funções dos dois ilustres militares autores do livro aquando combatentes em África?

“Administradores com responsabilizações armadas?”

Um abraço
J.Belo

Tabanca Grande Luís Graça disse...

No nosso blogue temos os seguintes marcadores, para os conflitos armados em que estivemos envolvidos, nos TO de Angola, Guiné e Moçambique, de 1961 a 1974... Mas devíamos ser mais abrangentes, incluindo Índia e Timor...

guerra colonial (380)
Guerra da Guiné (9)
Guerra de África (1)
guerra de libertação (10)
guerra do Ultramar (103)

A designação não é "neutra", é "político-ideológica"!, e o nosso blogue tem dados provas de pluralismo... Cada um designa a guerra como entende, já que as opiniões aqui são livres e não há "pensamento único"...

Os historiógrafos e os historiadores dividem-se... Como será daqui a 50 anos ? Estou-me nas tintas... O que importa é que, ao fim destes anos todos (e já lá vão mais de 16), somos capazes de partilhar memórias (e até afetos) a propósito da "guerra da Guiné"... Falamos desta guerra como não o fazem os franceses, da sua "guerra da Indochina" e da sua "guerra da Argélia"...

A nossa Academia Militar é pragmática: não adjetiva a "guerra", diz que foi em África... Nâo se fala de "guerra colonial" nas aulas e nos trabalhos académicos mas de "Campanhas do Utramar" ou de "Guerra de África"...

Repare-se que a própria designação "Guerra do Ultranar", no tempo do Estado Novo, não era oficial, era oficiosa... Na realidade, Portugal não estava em guerra contra nenhum país estrangeiro, limitava-se a "lutar contra o terrorismo".. E aos "terroristas" não se aplicava a Convenção de Genebra, não eram "prisioneiros de guerra"...

Estamos, decididamente, perante uma questão que não é apenas semântica mas também conceptual...Os nossos historiadores académicos tendem a usar o termo "guerra colonial"... Mas temos, em Portugal, na Guiné-Bissau, em Angola, em Moçambique e demais países lusófonos, incluindo o Brasil, de decidir o que ensinamos às nossas crianças, e como transmitimos a memória destes conflitos que não foram entre povos mas entre regimes, partidos ou facções...

Alguns de nós não gostam da expressão "guerra colonial", mas aceitam, sem crítica, o vocábulo "descolonização"... Grandes africanistas portugueses usavam o termo "colónias" sem rebuço nem complexos...

Claro que o termo "colonialista" aplicado pelo PAIGC aos soldados, aos milicianos, aos sargentos e aos oficiais do quadro, oriundos da chamada Metrópole, era um "insulto" tal como o termo "terrorista" ou "turra" (, para não falar dos "cães dos colonialistas" aplicados pela "Maria Turra" aos nossos camaradas guineenses)... Mas em todas as guerras (incluindo as "guerras civis", as "guerras revolucuonárias", etc.) a "diabolização do "adversário" é uma peça chave da "criação do palco de guerra" ou da "encenação do conflito"...

Enfim, são questões interessantes para discutirmos, e que temos discutido, aqui, numa boa, sem puxarmos da G3 ou da Kalash...

PS - Se o Aniceto Afonso (que de resto é um académico nesta área...) e o Carlos Matos Gomes chamassem ao seu livro "Guerra do Ultramar", seguramente que não o venderiam no Brasil e demais países da CPLP... E se o livro fosse publicado pela Academia Militar (, instituição que devia ter uma editora, que acho que não tem...) muito provavelmente chamar-se-ia Campanhas do Ultramar...ou Guerra de África.

Anónimo disse...

Melhor seria....


"INSURREIÇÕES MILITARES EM TERRITÓRIOS AFRICANOS SOBRE ADMINISTRAÇÃO PORTUGUESA"

Que tal a minha sugestão semântica.

AB

C.Martins

Antº Rosinha disse...

Foram 500 anos de guerras pelo Ultramar a fora, e esta teria sido a última que se convencionou que durou apenas 13 anos, (aproximadamente)porque militarmente continuámos com militares em Angola por mais de um ano após os 13 anos,e em Timor e Macau diplomaticamente continuou uma guerra duradoira, e de permeio a invasão de Goa Damão e Diu.

De facto aquilo que o velho do restelo condenava e ninguém o ouvia, a tal glória de mandar e a vã cobiça, quando via a nau Berrio do Gama e mais tarde o Uige da Cª colonial, a caminho do desconhecido, e que não era nosso, se lhe dessem ouvidos..., mas não, ninguem o ouvia.

Agora estamos todos a discutir uns com os outros e cada historiador a escrever a sua história, quando podiamos não ter história nenhuma para contar.

Até dizem estes e outros historiadores que a metrópole pagava a guerra com 45 % por cento do orçamento, (1971) como se fosse possível uma guerra daquelas fosse tão baratinha.

Interrogo-me eu que não sou contabilista.



antonio graça de abreu disse...

Não vale a pena bater mais nos iluminados historiadores,criticar quem quer que seja. Ainda há dias vi no You Tube, o grande historiador Fernando Rosas a falar, na Guiné, durante mais de 30 minutos, sobre a nossa guerra na Guiné. Um vómito! Uma aldrabice refinada...
Não será bem o caso do Aniceto e do Matos Gomes. Mas que de vez em quando a conversa, o fazer História, sai enviesada, lá isso sai. São as claras opções ideológicas a sobrepor-se à rigorosa abordagem da História. Um exemplo. Leio:

Põem-se em cima da mesa o plano de retração. “Para a constituição deste reduto eram considerados os seguintes ponto-chave, a manter a todo o custo: Aldeia Formosa, Cufar, Catió, Farim, Nova Lamego e Bafatá, a Ilha de Bissau associada às regiões de Bula e de Mansoa. Isto é, reduzir a soberania a um reduto central. Esta solução é a clara admissão de que as forças portuguesas abdicavam da posse de boa parte do território da Guiné e das suas populações para se concentrarem num reduto central”.

Ora nada disto se veio a concretizar, não se abdicou de coisa nenhuma, o plano de retração militar saíu de cima da mesa, foi metido na gaveta, o PAIGC perdeu força e não houve mais guilejes, nem guidages. Em Abril de 1974, altura em que deixei Cufar, a guerra na Guiné estava empatada, não se via solução militar, e a solução política viria com a revolta dos capitães, em Portugal.Faça-se a nossa História com a verdade, baseada em factos.

Abraço,

António Graça de Abreu

Manuel Luís Lomba disse...

Ter e exprimir opiniões é um direito constitucional.
Quando entrei para a escola, em 1949, Portugal e os portugueses orgulhavam-se como império do Minho a Timor e as grandes EXO´s coloniais no Porto e em Lisboa já tinham bradado pelo mundo.
Quando completei o "ensino básico", em 1953, já tinha aprendido que Portugal passara de império colonial a Portugal continental, insular e ultramarino. E a professora (falecida há pouco, com 105 anos de idade!) ajudou-nos a compreender a "despromoção" com a comparação: "Como as vossas mães. Eram meninas, cresceram e são senhoras (no Minho ensinavam-nos a tratar os pais por "senhora mãe e "senhor pai"), serão velhinhas e terão os cabelos brancos".
Tal mudança não foi por via administrativa, mas por via constitucional.(No seu tempo de português, Amílcar Cabral elogiava a Constituição Portuguesa).
Quem foi criada a não gostar de Portugal Ultramarino foi a ONU. O mundo novo versus o terceiro país mais antigo do mundo.(Se me ficar por aqui, não ferirei susceptibilidades ideológicas).
O Portugal que servi como soldado não era administrador, era soberano da Guiné, a bandeira que içámos todos os dias não era de administradores era o secular símbolo de Portugal. E confesso a honra de ter sido camarada de D. Afonso Henriques, o fundador e o primeiro soldado de Portugal.
Ao contactar a realidade social e política pós independências, nos princípios da década de 80 do século passado, logo constatei que a "Descolonização exemplar" fora a derrota dos seus povos.
Abr.
Manuel Luís Lomba


António J. P. Costa disse...

Olá Camaradas

"A guerra da Guiné estava empatada"?
Se calhar iriam a penalties...
Era uma opção. Quem seria o guarda-redes e quem marcava os penalties?
Se calhar o Velho do Restelo ou o comandante da Bérrio ou da nau de mantimentos.
Lá saímos nós da matéria de conteúdo para virmos falar de questões secundárias. Na escola aprendemos que a "Campanhas de África" decorreram nos fins do Séc. XIX e inícios do Séc. XX.
Depois de 61 é que as opiniões se dividem. Por mim, já tenho pena do Salazar debruçado sobre a mesa de trabalho e verdadeiramente esgotado, a pensar no nome que havia de dar à guerra que tinha mandado começar...

Um Ab.
António J. P. Costa

Valdemar Silva disse...

A jovem e bela minha professora da 4ª. Classe ensinou-me que o último Rei de Portugal, também era o Rei dos Algarves, d'Aquém e d'Além Mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia e etc, julgo que este etc. seria para esconder o Brasil, depois, já no Secundário, falou-se do 5 de Outubro e passou a ser Portugal e as suas Colónias, em África, Ásia e Oceânia, sem deixar de ser um Portugal Imperial. (nunca se viu Pátria assim, pequena com tanto peito)
Depois, passou a ser Portugal Continental, Insular e Ultramarino, embora fossem colónias pra lá e pra cá, com um Ministério das Colónias e tudo, e para reforçar esta posição de nada ter a ver com as colónias doutros países lá foram em visitas os Presidentes da República em viagens nos paquetes da CCN-Companhia Colonial de Navegação*. Carmona viajou no paquete "Colonial" em viagem apoteótica e regresso triunfal com direito à substituição das duas colunas no cais da Pç.do Comércio por outras assinalando o feito extraordinário.
Entretanto, com o final da 2ª. Guerra Mundial, começou-se a ouvir falar da ONU não gostar do Portugal Ultramarino. Grande malandra aquela ONU, a pensar que nós eramos colonialistas como os outros e que até aqueles territórios passaram a ser Províncias Ultramarinas e já se estava a pensar num Estatuto do Indígena com os mesmos direitos de qualquer minhoto ou algarvio (não seria bem assim, tá bem prontus).
Mas, alguns de nós já sabia ler, contar e mais alguma coisa, e como nem todos eram surdos, soubemos que afinal a ONU era uma Organização das Nações Unidas, ou seja de todas as nações do Mundo, e a grande maioria dessas nações entendia que os esses territórios coloniais se formassem países independentes,
Como, naquele tempo, o governo era formado por gente inteligentíssima teve uma ideia genial para acalmar as revoltas, que entretanto surgiram, enviar rapidamente e em força tropas para acalmar aquele problema de policia, que depois passou a ser uma sublevação vinda e apoiada do exterior, mas, realmente, passou a uma guerra nas colónias durante treze anos, com mais de meio milhão de homens envolvidos e com milhares de jovens mortos e feridos, sem fim à vista pese, embora, haver uma 'hipótese de empate' na Guiné, o que daria, provavelmente, mais uma ideia genial da criação duns «bantustões» portugueses dentro daquele território.

Abracelos
Valdemar Queiroz

*entre muitos outros os paquetes "Pátria", "Império", "Vera Cruz", Santa Maria" e "Uige" também pertencia à CCN-Companhia Colonial de Navegação.

Anónimo disse...

Alguns detalhes “constitucionais” a propósito da transformação em 1951 das centenárias colónias em “províncias “ de...aviário.

O Direito Administrativo é o instrumento do Estado para o exercício do Direito Constitucional nos atos administrativos,sejam eles vinculados ou discricionários.
Para cada ordem constitucional existirá necessariamente um Direito Administrativo que a concretize.
A Constituição como documento escrito,delimitador do poder público e garante do respeito pelos Direitos Funsamentais de uma determinada comunidade em determinado tempo.

A Constituição desempenha um papel de esquadria delimitativa do poder político .
Fora desta o poder não pode ser legitimamente exercido.
E lá chegamos ao paralelismo entre ditadura e Constituição em 1951!

Toda a actuação política terá que ser reconduzivel ao poder constitucional originário,sob pena de se darem actuações que carecem de apoio popular constituinte.

Ora em 1951,em pleno governo de uma ditadura de Partido único,com critérios eleitorais muito especiais quanto a Deputados.
Com as “práticas” eleitorais garantes dos resultados desejados.
O apoio popular constituinte era algo de totalmente não existente como subestrutura da actuação política.
Neste contexto de “posso,quero e mando” deu-se o milagre colónias-províncias.

Internamente a propaganda do regime da ditadura funcionou eficientemente.
Alguns ainda hoje fazem deste deste gesto político ,efectuado sem qualquer consulta livre aos cidadãos,um ato de fé patrioteira. que durante E os que durante séculos defenderam as colónias?
Administraram as colónias?.
Se estabeleceram em África colonizando?
Viajaram na Companhia Colonial de Navegação?.
Pagaram as despesas ,ou receberam pagamentos ( não menos o Soldo militar) em moeda das colónias.
Todos sofreram em 1951 uma “transubstanciação” milagrosa!

O que os nossos aliados próximos pensaram deste genial golpe do ditador?
Os resultados falaram por si.......talvez por os campanários das aldeias deles serem um pouco mais altos

Um abraço
J.Belo

Carlos Vinhal disse...

Caro Valdemar, se atenderes à listagem abaixo, verificarás que Portugal não era o único país maroto/colonialista à data do fim da 2.ª GG. Repara nas datas das independências, todas praticamente na década de 60, isto em África. Acho que na ONU, naquele tempo como ainda hoje, há vários pesos e várias medidas. Um paiseco como o nosso, estava fora do contexto, pequeno demais para tamanho império. Eu que passei a minha vida no Porto de Leixões, vi chegar centenas de navios franceses da empresa Delmas, carregados de madeira exótica que continuavam a explorar nas suas antigas colónias. Portugal foi um mau ocupante e um mau colonialista, todos sabemos. Nas duas grandes guerras as nossas colónias foram cobiçadas por outros países colonialistas, bem piores do que nós, Bélgica, Holanda, Inglaterra e França, entre outos. Um tio meu esteve em Moçambique durante a 2.ª GG a cumprir uma comissão de serviço.

Datas das independências
Angola - 11 de novembro de 1975 (44 anos) - Portugal Portugal
Argélia - 3 de julho de 1962 (58 anos) - França
Benim - 1 de agosto de 1960 (60 anos) - França
Botswana - 30 de setembro de 1966 (54 anos) - Reino Unido
Burkina Faso - 5 de agosto de 1960 (60 anos) - França
Burundi - 1 de julho de 1962 (58 anos) - Bélgica
Cabo Verde - 5 de julho de 1975 (45 anos) - Portugal
Camarões 1 de janeiro de 1960 (60 anos) - França
Centro-Africana, República - 13 de agosto de 1958 (62 anos) - França
Chade 11 de agosto de 1960 (60 anos) - França
Comores 6 de julho de 1975 (45 anos) - França
Congo, República Democrática do 30 de junho de 1960 (60 anos) - Bélgica
Congo, República do 15 de agosto de 1960 (60 anos) - França
Costa do Marfim 7 de agosto de 1960 (60 anos) - França
Djibouti - 27 de junho de 1977 (43 anos) - França
Eritreia - 24 de março de 1993 (27 anos) - Etiópia
Essuatíni - 6 de setembro de 1968 (52 anos) - Reino Unido
Gabão - 17 de agosto de 1960 (60 anos) - França
Gâmbia - 18 de fevereiro de 1960 (60 anos) - Reino Unido
Gana - 6 de março de 1957 (63 anos) - Reino Unido
Guiné - 2 de outubro de 1958 (62 anos) - França
Guiné-Bissau - 10 de setembro de 1974 (46 anos) - Portugal
Guiné Equatorial - 12 de outubro de 1968 (52 anos) - Espanha
Lesoto - 4 de setembro de 1966 (54 anos) - Reino Unido
Libéria - 26 de julho de 1847 (173 anos) - Estados Unidos
Líbia - 24 de dezembro de 1951 (68 anos) - Reino Unido e França (abandonada pela Itália)
Madagáscar - 26 de junho de 1960 (60 anos) - França
Malawi - 6 de julho de 1964 (56 anos) - Reino Unido
Mali - 22 de setembro de 1960 (60 anos) - França
Mauritânia - 28 de novembro de 1960 (59 anos) - França
Maurícia - 12 de março de 1968 (52 anos) - Reino Unido
Moçambique - 25 de junho de 1975 (45 anos) - Portugal
Namíbia 21 de março de 1990 (30 anos) África do Sul
Níger - 3 de agosto de 1960 (60 anos) - França
Nigéria - 1 de janeiro de 1960 (60 anos) - Reino Unido
Quênia - 12 de dezembro de 1963 (56 anos) - Reino Unido
Ruanda - 1 de julho de 1962 (58 anos) - Bélgica
São Tomé e Príncipe - 12 de julho de 1975 (45 anos) - Portugal
Seicheles - 29 de junho de 1976 (44 anos) - Reino Unido
Senegal - 20 de agosto de 1960 (60 anos) - França
Serra Leoa - 27 de abril de 1961 (59 anos) - Reino Unido
Somália - 26 de junho de 1960 (60 anos) - Reino Unido
Sudão - 1 de janeiro de 1956 (64 anos) - Egito - Reino Unido
Sudão do Sul - 9 de julho de 2011 (9 anos) - Sudão
Tanzânia - 9 de dezembro de 1961 (58 anos) - Reino Unido
Togo - 27 de abril de 1960 (60 anos) - França
Tunísia - 20 de março de 1956 (64 anos) França
Uganda - 9 de outubro de 1962 (58 anos) Reino Unido
Zâmbia - 24 de outubro de 1964 (55 anos) - Reino Unido
Zimbabwe - 18 de abril de 1980 (40 anos) - Reino Unido

Carlos Vinhal

Antº Rosinha disse...

Os genocídios e tentativas de genocídios nos anos 60 em África com estas independências (comentário de Carlos Vinhal)promovidas pela guerra fria, foram crimes a que a ONU assistiu de "poleiro" impávida e serena, e com uma Europa de braços caídos, que ainda hoje não sabem como lidar, nem a Europa nem a ONU, com certas independências em cima do joelho.

Em 1961 não podiamos abandonar nas mãos daquela "criançola" Kenedy, o destino das nossas colónias, como ele preconizava e propunha, para seguirmos o "rumo da história", o rumo da guerra fria.

Lutámos enquanto se pode, era a nossa obrigação.

Quem faz o que pode a mais não é obrigado.

A guerra que se seguiu em Angola, mais de 30 anos, guerra internacional, o povo merecia aquela barbaridade? certamente merecia porque a ONU assistiu e nenhum secretário se suicidou de desgosto.

Sem falar no que se passa hoje nos países da África oriental, com o norte de Moçambique incluido, nas mãos dos extremismos islâmicos, que estão revertendo a colonização europeia em colonização árabe.

A Europa já está a pagar!

Antº Rosinha disse...

Os genocídios e tentativas de genocídios nos anos 60 em África com estas independências (comentário de Carlos Vinhal)promovidas pela guerra fria, foram crimes a que a ONU assistiu de "poleiro" impávida e serena, e com uma Europa de braços caídos, que ainda hoje não sabem como lidar, nem a Europa nem a ONU, com certas independências em cima do joelho.

Em 1961 não podiamos abandonar nas mãos daquela "criançola" Kenedy, o destino das nossas colónias, como ele preconizava e propunha, para seguirmos o "rumo da história", o rumo da guerra fria.

Lutámos enquanto se pode, era a nossa obrigação.

Quem faz o que pode a mais não é obrigado.

A guerra que se seguiu em Angola, mais de 30 anos, guerra internacional, o povo merecia aquela barbaridade? certamente merecia porque a ONU assistiu e nenhum secretário se suicidou de desgosto.

Sem falar no que se passa hoje nos países da África oriental, com o norte de Moçambique incluido, nas mãos dos extremismos islâmicos, que estão revertendo a colonização europeia em colonização árabe.

A Europa já está a pagar!

Anónimo disse...

Precisamente meu Caro Carlos Vinhal.

Não souberam jogar internacionalmente com as “cartas” disponíveis.
Não só não eram cartas fortes quanto ao tipo de economia,indústria,desenvolvimento social e educacional,
como ao mesmo tempo que as regras do jogo se iam modificando em adaptações convenientes aos interesses económicos e políticos dos nossos aliados ocidentais

Por outro lado,a nossa total dependência quanto ao material militar moderno ,embargado pelos tais aliados, ou adquirido a preço exorbitante em mercados dúbios,empurrava-nos para uma situação original,para não escrever única,na qual um exército regular tem cada vez maiores dificuldades em acompanhar a modernização do material de guerra utilizado pela guerrilha.
O que ,lenta mas inexoravelmente, se estava a passar na Guiné.

Face às capacidades neo-coloniais de outros países a dimensão económica de Portugal não lhe viria a permitir tais evoluções estratégicas futuras.
Salazar terá dito:”Teremos força para resistir,mas não a temos para negociar “.
Nesta continuada afirmação de resistência terá esquecido que os povos resistem....quando motivados por políticos competentes.
Não resistem unicamente pelo “resistir”, mas sim tendo em vista resultados futuros viáveis.
Partir de um ponto (A) para um ponto (B),e não do ponto (A) para o mesmo ponto (A) como era exigido.
Faltou ao ditador a capacidade,ou a coragem,de apresentar um ponto (B) em futuro possível,viável e executável.
Um tipo de rigidez doutrinária e falta de capacidade de adaptação à evolução envolvente que levaram ao desastre militar,mas principalmente
político (!) que foi a tragédia de Goa.
Tragédia que veio pressagiar todo o futuro colonial português.

E,os nossos aliados ocidentais que antes sorriam com a visão política do ditador,continuaram a gargalhar com a “descolonização exemplar” dos “revolucionários”,alguns dos quais muito idealistas,outros muito...ideológicos!

De qualquer modo não vencemos.
Nem sequer moralmente,como sempre o faz o meu glorioso Benfica!

Abraço do J.Belo

Anónimo disse...

Caro Camarada Luís Lomba

Tenho que admitir não me ter “demorado” na leitura quanto ao Camarada Soldado Afonso Henriques,na gíria da caserna “O Conquistador “.
Tendo escolhido a profissão militar quando prestava serviço na Guiné,na minha proverbial humildade pessoal nunca me teria atrevido a considerar tal personagem da nossa História como um exemplo de Camarada no Destacamento de Mampata.
Não é que por lá não existissem heróis mas...cada um em seu lugar na tão famosa “bicha de pirilau”!

Quanto muito ,a “Padeira de Aljubarrota” chegava-me como figura inspiracional de camarada de armas.
Idealizada.
Muito idealizada!

Abraço
J.Belo

Anónimo disse...

O meu comentário anterior,devidamente assinado,foi mais uma vez eliminado.
Os factos documentados de o nosso Zé Belo ser um homem de esquerda?
Para mais sempre se orgulhou de o ser.
Também comprovadamente hoje rico com os seus negócios familiares internacionais?
Contraste certamente curioso, mas ofensivo para quem?

Manuel Teixeira

Anónimo disse...

Manuel Teixeira

Terá razão quando afirma que sempre me orgulhei de ser um homem de esquerda.
Muito “educadamente” corrigiu a mão “ quanto ao esquerdalho como habitualmente me classifica.
Desnecessário por ,pessoalmente, gostar do termo.

Volta a “emendar a mão “ ao mudar o “podre de rico” para simplesmente “rico”.
Ou as Escolas Regimentais lhe chegaram tarde na vida,ou está a perfumar-se para entrar em salões finos.

Afirma ter assinado o seu comentário como Manuel Teixeira.
Não é membro do blogue e,a ter razões pontuais,deverá levar em conta que nele não existem “vacas sagradas “ mas simples regras editoriais.

J.Belo

Manuel Luís Lomba disse...

Caro J. Belo
A vida pessoal e operacional do nosso D. Afonso I é fascinante!
Aos 18 anos emancipou-se da mãe,do padrasto e alçou-se a primeiro soldado, (auto-armou-se cavaleiro), alçou-se a "rei dos portugueses", foi o primeiro general, o primeiro líder e o construtor do nosso país, ao longo de mais de meio século.
... E à custa dos colonialistas e racistas africanos! (ai o que disse!)
Têr um camarada desttes não é uma honra para os combatentes da Guerra do Ultramar?!...
Abr.
Manuel Luís Lomba

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Manuel Teixeira:

Há regras de bom senso e bom gosto, de lisura, educação cívica, decênia, tolerância, respeito democrático pelas opiniões uns dos outros, e mais: sentido de camaradagem entre antigos combatentes da Guiné... Não temos que ser irmãos, amigos, parentes... mas somos (u fomos) camaradas.

Em suma, não nos insultamos, mesmo que o ódio e o insulto estejam a minar as relações das pessoas e das sociedades graças à total impunidade das redes sociais...

O que nós somos, enquanto cidadãos, as nossas preferências políticas, ideológicas, filosóficas, religiosas, futebolíticas, estéticas, etc.. o "status" social, a marac do carro, a orientação sexual, a nacionalidade, a cor da pele, a conta bancária, o sítio onde moramos, etc., não é de todo relevante para este blogue, onde o "cyberbulling", por exemplo, o assédio moral através das redes sociais, é interdito...

É interdito pelas regras editoriais do nossos blogue e pela política do Blogger que nos acolhe (, a pagantes: não há almoços grátis para o Blogue dos Amigos & Camaradas da Guiné, esta conta custa dinheiro...).

Esquerdalho, facho, comuna, turra, tuga, bicha, monhé... são insultos que devemos evitar. Em certos contextos, como um texto literário (ou prosa ou em verso), podemos usá-lo com "aspas"...

Manuel Teixeira: esperamos ser esta a última vez que te cortamos um comentário, "a posteriori" (uma vez que não temos moderação ou censura prévia).

Serás sempre bem vindo se vieres por bem, como antigo camarada da Guiné, que julgo que és.

Luís Graça, editor

Anónimo disse...

Os nossos comentários estarão a tornar-se demasiadamente “pessoalistas” para o gosto de alguns.
Não só pessoais como a afastarem-se do tema original que é o livro dos Camaradas e Amigos Aniceto Afonso e Matos Gomes.

Caro Luís Lomba

Será que todos nós mais não somos hoje que velhotes sentados à lareira confundindo ideias(ou ideais) com as duras realidades?
De qualquer modo,e sem a mínima falta de respeito para com o Rei Conquistador,contínuo ,muito pessoalmente,a admirar (também) as mitológicas Padeira de Aljubarrota,Maria da Fonte,e....Isabel do Carmo.

As duas primeiras,sempre de pé descalço,não tive infelizmente oportunidade de conhecer pessoalmente.
A última,enfim....Senhora Doutora...a quem me liga profunda amizade,tive a oportunidade de encontrar também (literalmente)de pé descalço numa casa de Amigos em serra algarvia.
Pé descalço por comodidade no calor do Verão algarvio.
De qualquer modo o meu “trio” favorito nos seus significados mitológicos ou reais.

Quanto ao nosso Rei Afonso Henriques,militar de indiscutível coragem e valor,que tão importante foi para o Portugal por ele construído a pulso,espada,e muito inteligentes jogadas políticas tanto internas como externas (a tal coragem e visão que tanta falta fez ao governo da ditadura),não foi mais do que um...Homem!
Com as inerentes contradições de caráter tão normais em todos nós.
Um herói,mas de modo algum um Santo.
Muito menos o Santo Padroeiro em que alguns nacionalistas de última hora o procuram sempre tornar.

Terá sido lamentável que as razões ,tanto políticas como dos equilíbrios de forças dos reinos cristãos ibéricos não lhe tenham permitido (apesar de o ter tentado com alguns êxitos) uma expansão para além Norte do Minho,para a área das suas raízes familiares e,não menos,culturais.
Talvez nos proporcionasse hoje(!!!) vantagens reais.
Vantagens que as “províncias” do Minho a Timor estão longe de proporcionar nos nossos dias “europeus”.

E lá voltamos aos velhos sentados à lareira......

Abraço do J.Belo

Valdemar Silva disse...

Ah! o D. Afonso Henriques, não fosse o Nosso Senhor lhe ter aparecido em Ourique, nada lhe teria valido a valentia e outros atributos de grande guerreiro e mestre da espadeirada contra os mouros infiéis.
Nas tertúlias assim acontece, fala-se de tudo e mais alguma coisa.
Mas, não vamos fugir à questão de colónias ou províncias ultramarinas, e nós não fomos colonialistas em África como os outros: franceses, ingleses, o Leopoldo, rurais holandeses, ou os alemãs também quererem umas parcelas.
Nada disso, os portugueses sendo os descobridores nunca foram colonialistas e a prova disso é haver mulatos de cabelo encaracolado escuro como o nosso, e nada de loirinhos sem serem albinos. As feitorias, o comércio junto à costa e o comércio de escravos quem os não teve, até o P. António Vieira esteve quase a dizer, como alguns agora dizem, aquilo não era nenhuma Santa Casa da Misericórdia. E porque não, diria eu?.
E prontus té quenfim!!
Não! Tantos anos de convivência e isto aqui é Portugal, não mais pararam as campanhas de pacificação por causa daqueles que se revoltavam por 'esta terra é nossa' e coitados não queriam pertencer às sociedades modernas, cristãs e ocidentais. (lembrei-me daquela 'eles gostam de viver em palhotas' e nas casas que se vivia por cá nas zonas que não havia pedras para as fazer)
Voltando à tertúlia, digam lá, esta cabeça já não é como dantes e provavelmente já foi escrito, visto e dito nas TVs, como seria agora ou durante o que se passou há quase 50 anos, é mais fácil comentar o que passou que fazer futurologia, se nada tivesse acontecido em 25 de Abril de 1974. Como seriam os acontecimentos desses tempos até agora ou até hoje que estamos a falar nisso. Digam lá, atendendo que nada mudaria governo em 24 de Abril de 1974, à guerra que já durava há 13 anos, ao que se ia passando em toda a África, incluindo a África do Sul. Digam lá, como deveria ter sido feito.
Digam lá, eu não queria viver num país diferente do resto dos países europeus, eu não queria estar a pensar ter filhos, e sabe-se lá filhas, que morressem na guerra da Guiné.
Digam lá!!! e desculpem se estivesse-mos juntos e descovinados teria levantado um pouco a voz.

Abracelos
Valdemar Queiroz