quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Guiné 61/74 - P21516: Tabanca Grande (505): Serra Vaz senta-se à sombra do nosso poilão, no lugar nº 821: foi fur mil op esp, CCAÇ 2335 (Angola, 1968/70) e dedica-se ao estudo de memoriais militares



Serra Vaz, o agora e o antes...


1. Mensagem do nosso camarada Pedro da Luz Serra Vaz, residente no Dafundo, Cruz Quebrada, Oeiras, antigo combatente em Angola, ex-fur mil inf /op esp, CCAÇ 2335 (Madureira, Nambuangongo, Zala, Malange, jan 1968/ abr 1970), estudioso e colecionador de memoriais militares, nomeadamente os erguidos no teatro de operações da guerra colonial / guerra do ultramar (Angola, Guiné, Moçambique, "incluindo Cabo Verde e São Tomé e Príncipe") (*):
 
Date: terça, 3/11/2020 à(s) 17:33
Subject: Apresentação à Tabanca Grande

Amigo Luís Graça:

Como supostamente eu pertenço a uma tabanca ( não sei o tamanho mas também deve ser grande… ) é com imenso prazer que aceito o teu amável convite para integrar a Tabanca, ainda por cima Grande!

As fotos seguem em anexo e dispensam legendas; é fácil distinguir o "antes" e o "agora", apesar deste, também já ter alguns anitos…

Abraço, Serra Vaz

2. Comentário do editor LG:

Serra Vaz, obrigado por teres aceite o convite que te deixei, na caixa de comentários do blogue (**), para a integrar a nossa Tabanca Grande. E, como foste rápido na resposta, o lugar nº  821 é teu.  (***)

Como eu te disse, a malta é proativa e solidária, respondendo logo ao teu apelo. Há diversos camaradas da Guiné, que vivem no  estrangeiro, nomeadamente nos EUA e em França, que já estão a ajudar-te  a estabelecer contactos. 

Quando quiseres e puderes, manda-nos um "cheirinho" da tua coleção de memoriais militares. É também uma maneira pedagógica de lembrar a todos aqueles que tem documentação fotográfica para a partilharem contigo e connosco... E quanto mais depressa melhor: sempre que morre um camarada nosso, perde-se uma importante fonte de memórias, escritas e não-escritas, incluindo documentação fotográfica, cartas, aerogramas, e até objetos pessoais (, desde máquinas fotográficas a "roncos" apanhados à guerrilha do PAIGC) que poderiam ter interesse museológico...

Em baixo, tens mais um memorial, disponibilizado pelo Jorge Araújo (****).

Portanto, a tua iniciativa é meritória e passa a ser acarinhada pelo Blogue Amigos e Camaradas da Guiné. O teu nome (Serra Vaz) passa desde agora a fugurar na lista alfabética, de A a Z, dos Amigos e Canaradas da Guiné, na coluna (estática) do lado esquerdo da nossa página de rosto.

Temos um conjunto de 10 regras editoriais, que deves ler e aceitar, tacitamente, Até à próxima.



Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadica) > CART 3494 > Xime > Estrada Xime-Bambadinca > Destacmento da Ponte do Rio Udunduma > Memorial Militar: a «Rotunda da Ponte»,  construída  como ícone da CART 3494, através da reprodução do seu símbolo. 

Para a sua construção foi utilizado o cimento que restou de outras obras (construção de uma moradia...)  e as pedras que foram retiradas dos espaços envolventes da nova ponte.  Para sinalizar a aproximação à rotunda foi pintada a base [disco] de um bidão de gasóleo com “obrigatório circular” e colocado em local visível, na extremidade de um tubo de ferro. Como curiosidade, todos os veículos que por lá passavam, os seus condutores cumpriam o código da estrada. 

Foto (e legenda): © Jorge Araújo (2014). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
________________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 26 de outubro de 2020 > Guiné 61/74 - P21484: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (76): Memoriais Militares / Mémoriaux des Anciens Combattants / Veterans' Memorials: procuram-se contactos, nomeadamente em França e EUA, de associações de veteranos que se interessem por este tema (Serra Vaz, ex-fur mil inf / op esp, CCAÇ 2335, Angola, 1968 / 70)

(...) Dedico-me ao estudo de diversas matérias sobre a Guerra do Ultramar, sendo a principal os "Memoriais Militares", ou seja, aqueles pequenos (e grandes !) monumentos que (quase) todos nós construímos e deixámos lá pelas Áfricas, pelos aquartelamentos por onde penosamente errámos (...).

(...) Disponho de, no total, cerca de 700 exemplos, (Angola, Guiné e Moçambique ), na sua maior parte documentados por imagens, identificados e, na medida do possível, estudados.(...)

(...) A fim de fazer um estudo comparativo, gostava de saber se os militares americanos no Vietnam (1955 / 75 ) e os franceses na Indochina (1945/54) e na Argélia (1954 / 62 ) também deixaram algumas "marcas", assinalando a sua presença pelas posições que ocuparam durante essas, bem conhecidas, guerras, em termos tácticos muito semelhantes e contemporâneas da nossa guerra do ultramar. (...)

(**) Vd. poste de 28 de outubro de 2020 > Guiné 61/74 - P21490: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (77): Memoriais Militares: obrigado pelo apoio da Tabanca Grande... Mas, atenção, o que procuro são as marcas, deixadas nos diferentes territórios ultramarinos pelas unidades que por lá passaram, e não monumentos aos combatentes da guerra do ultramar, erigidos nas nossas vilas e cidades (Serra Vaz, ex-fur mil inf / op esp, CCAÇ 2335, Angola, 1968 / 70)

7 comentários:

José Marcelino Martins disse...

Sê Benvindo, camarada.
Cá aguardamos as tuas histórias e pesquisas.

Anónimo disse...


jcamara301@aol.com

quarta, 4/11, 23:25


Caro amigo Luí Graça,

Espero que esteja tudo bem contigo e com os teus.

Hoje, via telefone, estive a falar com pessoa amiga, um americano, que serviu e foi ferido na guerra do Vietname. Na verdade esteve cerca de 6 meses sem saber que estava neste mundo. Depois de lhe explicar o que o nosso companheiro Serra Vaz procurava daquela guerra ele disse-me que não tinha conhecimento dos militares americanos terem erguido monumentos como os nossos. Pelo menos por onde andou. E explicou:

Os americanos tinham uma base, mas passavam o seu tempo fora. Vinham dois ou três por mês a essas bases para descanso e voltavam ao "trabalho", mas que nunca paravam tempo suficiente para construirem esses momumentos.

Dito isso, mantenho o que escrevi antes, contactar o Adalino Cabral, a melhor fonte que pode ajudar.

Um abraço transatlântico.
José Câmara

Fernando Ribeiro disse...

Madureira... Zala... Nambuangongo... Que lindas estâncias turísticas! É claro que estou a ser irónico. Não invejo a sorte deste nosso camarada. Esteve em alguns dos piores lugares do Norte de Angola. Só Malange é que escapa.

Não conheci Nambuangongo. Nunca estive lá. Mas fiz visitas muito breves a Zala (duas vezes) e à Fazenda Madureira (uma vez).

Eu estive colocado em Zemba, a uns cem quilómetros de Zala em linha reta (o dobro ou o triplo da distância por picada), e quando fui gozar férias em março de 1973, fui para Luanda de avião. Fiz então escala em Zala. No regresso das férias, um mês mais tarde, fiz escala na Fazenda Madureira, primeiro, e de novo em Zala, depois.

O quartel da Fazenda Madureira ficava num ponto muito alto, claramente dominante, mas a pista de aviação encontrava-se numa zona baixa, a 3 ou 4 km de distância do quartel. Antes de aterrar, o táxi aéreo em que eu viajava deu duas ou três voltas a grande altitude por cima do quartel da Madureira, para que da companhia lá instalada saísse uma força militar que montasse um dispositivo de segurança à pista. Enquanto o dispositivo de segurança não ficou montado, o piloto continuou às voltas, sempre a grande altitude. Assim que os militares da Madureira ficaram a postos, o avião fez um voo picado sobre a pista, aterrando logo de seguida, o que muito assustou os passageiros, eu incluído. Depois de o avião ter pousado, o piloto pediu desculpa por aquela aterragem tão brusca, dizendo que o fez porque tinha medo de aterrar ali. Explicou que era frequente os aviões serem alvo de tiros disparados do interior da floresta enquanto se faziam à pista. Ele era civil, tinha mulher e filhos para sustentar e não queria perder a vida ali. A forma mais segura de minimizar o tempo de aproximação à pista era fazer aquele voo picado, quase em queda livre.

Zala era muito diferente da Madureira. Sede de um batalhão, com o respetivo comando, uma CCS, duas companhias operacionais e um pelotão de morteiros, Zala era um quartel do mato, tipo bairro da lata como muitos outros, no meio de um terreno acidentado e coberto de densíssimas florestas tropicais húmidas, tal como Zemba. Ao contrário da Madureira, mas à semelhança de Santa Eulália, a pista de Zala passava por dentro do quartel. Quando aterrei em Zala pela segunda vez, em abril de 1973, encontrei o pessoal de lá muito abatido, porque no dia anterior tinha morrido em combate, perto dali, um alferes dos comandos. Zala não era para brincadeiras.


Fernando de Sousa Ribeiro, ex-alferes miliciano, C.Caç. 3535 / B.Caç. 3880, Angola 1972-74

Anónimo disse...


jorge araujo (pro email)

5 nov 2020 00:29


Caro Luís,

Boa noite.

Antes de mais os meus agradecimentos por me teres feito recordar, no poste de apresentação de um novo membro da nossa «Tabanca» - o camarada Serra Vaz - o ícone (memorial) da minha CART 3494, erigido há quarenta e sete anos no Destacamento da Ponte do Rio Udunduma, contexto onde, para além da missão militar, fui "engenheiro", "mestre d'obras", "pedreiro", e, ainda, "caçador", "pescador", "cozinheiro"...

Em suma, local de muitas memórias, com algumas tensões e outras tantas emoções, que dificilmente esqueceremos, porque fazem parte da nossa vida.

Em segundo lugar, anexo a PARTE IV das «Memórias Cruzadas» dos Enfermeiros condecorados.

Fica bem, e até breve.
Um abraço, Jorge Araújo.

Abel Santos disse...

Luís boa tarde.

Acabo de ler no blogue a entrada de um camarada de armas que prestou serviço militar em Angola e que passa a integrar a Tabanca Grande. Sendo assim a sigla Luís Graça & Camaradas da Guiné deixará de existir? Se assim for, abre-se um precedente em relação a inscrições de pessoal que prestaram serviço militar noutros teatros operacionais, o que irá desvirtuar a página para o efeito com que foi criada.

Fica bem.

Abel Santos.

Tabanca Grande Luís Graça disse...

O blogue continuará a ser sempre o blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné... Há alguns exceções em relação a camaradas que, tendo servido noutros Teatros de Operações, se têm interessado pelo estudo do que se passou na Guiné (e dando contributos importantes para o seu conhecimento): É o caso, por exemplo, do Serra Vaz que está a fazer o levantamento dos memoriais lá deixados...

Um abraço, fica bem, Luís

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Há camaradas que estiveram noutros teatros de operações, como Angola, mas que fazem ou fizeram uma ponte como a Guiné: além do Serra Vaz, cito outros membros da nossa Tabanca Grande como o Carlos Cordeio (1946-2018), o António Rosinha, o Patrício Ribeiro, o Jaime Bonifácio Marques da Silva, o Mário Leitão, o Fernando de Sousa Ribeiro...

Todos eles foram combatentes em Angola,e honram-nos com a sua presença (e colaboração ativa) no nosso blogue...

De resto, foi em Angola que "tudo começou"... Sobre Angola temos cerca de 430 referências!...