sábado, 22 de outubro de 2022

Guiné 61/74 - P23730: "Despojos de Guerra" (Série documental de 4 episódios, SIC, 2022): Comentários - Parte IV: 3.º Episódio, "O Corredor da Morte"...Valeu pela prestação dos nossos "camarigos" Giselda e Miguel Pessoa (Carlos Vinhal / Luís Graça / Hélder Sousa / Morais Silva / Joaquim Mexia Alves / Manuel Resende / António J. Pereira da Costa / Joaquim Costa / Jorge Ferreira)

 

Sic Notícias > Primeiro Jornal > Grande Reportagem > "Despojos de Guerra", 3.º Episódio: O Corredor da Morte (31' ) > 20 de outubro de 2022 > Miguel Pessoa e Giselda Antunes: fotogramas do "trailer" (2' 37'') (Com a devida vénia...) 


1. Seleção de comentários dos nossos leitores (*)

(i) Carlos Vinhal:


"Neste episódio, Giselda revela os processos de salvamento e conta como era recolher soldados feridos em territórios controlados pelas forças inimigas."

Esta expressão não será da autoria da nossa querida Enfermeira Paraquedista Giselda. Uma coisa era um "território" onde o conflito acontecia, outra seria um "território controlado" pelas forças inimigas.

Estas séries documentais são feitas para consumo do grande público, aquele que não esteve "lá", portanto nelas cabe tudo, incluindo imagens que não têm nada a ver com o que "lá" se passou.

Este episódio foi o que mais me interessou particularmente porque nele intervieram duas pessoas que muito prezo e que viveram a guerra nas suas vertentes mais duras. A Giselda porque viu e lidou de perto com o sofrimento e a morte de camaradas combatentes, e o Miguel, ele próprio uma vítima de armas poderosas, numa altura em que a guerra assumia um ponto de não retorno.

Uma coisa ficou por dizer é que o Miguel Pessoa voltou a voar nos céus da Guiné apesar do grande susto que apanhou em Março de 1973, quando o seu Fiat foi derrubado.

Muito obrigado a ambos porque muito lhes devemos enquanto infantes.

21 de outubro de 2022 às 15:15

(ii) Luís Graça:

Carlos, estamos de acordo: há sempre "questões terminológicas" nestes trabalhos de jornalistas que são "leigos" nestas matérias, eles e elas: é uma geração que nem sequer fez a tropa, muito menos pôs os pés na Guiné do nosso tempo... Ainda bem para eles, que são muito mais novos do que nós...

Confesso que dou de barato estes erros ou imprecisões... Mas nós temos a obrigação de pugnar pelo rigor... De qualquer modo, é preciso perceber que o estilo destes programas de "grande reportagem", para mais em televisão, não admitem demasiadas legendas, notas de rodapé e muto menos "explicadores" em voz "off record"... Isto não é uma aula ou uma conferência..., é um programa de televisão.

Se entares em pormenores "demasiado técnicos" (como o uso do napalm, que foi explicitamente falado pelo Miguel, e que precisava de ser "conteztualizado"; ou o funcionamento do míssil Strela), estás feito: o programa não capta a atenção do telespectador... Não te esqueças que estamos em "horário nobre", em competição com outras estações, e a Sic Motícias não é a RTP 2 ou o Canal História...

De qualquer modo, fizeste bem em lembrar que o nosso Miguel Pessoa teve que "voltar para o castigo", depois de recuperação no "resort" do Hospital Militar Principal, em Lisboa... É ele que que nos conta na sua apresentação à Tabanca c Grande, no já longínquo ano de 2009 (ainda escrevíamos todos Strella com dois ll):

(...) "Cumpri a comissão na Guiné no período de 18NOV72 a 14AGO74, com um intervalo passado em Lisboa (entre 7ABR73 e início de AGO73) para recuperar das mazelas sofridas quando da minha ejecção de Fiat G91, depois de atingido por um SAM-7 Strella durante um apoio de fogo ao aquartelamento do Guileje." (...)

21 de outubro de 2022 às 16:08

(iii) Hélder Sousa:

Pois sim senhor, um conjunto de circunstâncias favoráveis permitiram-me ver este episódio.

E, é verdade, também reparei em imprecisões, imagens de outros locais que não a Guiné, expressões menos acertadas ou carecendo de explicação mas, e há sempre um "mas", posso dizer que gostei bastante.

E gostei, logo à cabeça, pela serenidade dos depoimentos dos nossos camaradas e amigos, sem alardes de heroísmo, sem fanfarronices, sem vitimização. Tudo com sobriedade e até, em alguns momentos, com a revelação de situações dramáticas referidas como se "não fosse nada".

Gostei também porque, embora de forma abreviada, ficaram alguns tópicos para que, quem quiser, possa aprofundar e conhecer melhor aqueles tempos, aqueles locais, aquelas situações.

O proverbial humor do Miguel está bem retratado na forma brincalhona como se dirige à Enfermeira Giselda sobre a "temperatura da água" aquando do seu (dela) resgate da DO. A forma com a Giselda relatou o "embate" com a triste realidade com a "dar a mão" ao moribundo é realmente cativante.

Também poderia ser motivo para mais e melhores explicações a advertência/conselho que o Sr. Tenente-Coronel Brito deu ao Miguel de que não estava ali para medalhas mas para ajudar aqueles 40 mil que "lá em baixo" precisavam de ajuda.

Por fim, devo dizer que o "saldo" do episódio é positivo e que deixa margem para continuidade.

21 de outubro de 2022 às 16:56

(iv) Morais Silva:

Independentemente das imprecisões ou erros, o importante foi que a Sofia Pinto Coelho deu à luz um impressivo retrato do sofrimento de muitos e da abnegação, coragem e solidariedade de muitos outros.

Das enfermeiras páras guardo a imagem de prontidão e cuidado com que recolheram os meus feridos e os conduziram para lugar seguro no HM 241 considerado no mato como passaporte para a sobrevivência.

Com os pilotaços, só tenho dívidas, tantas foram as vezes que me apoiaram, eficazmente e sem delongas, quer em evacuações quer em apoio de fogos.

Para a minha camarada Giselda vai um abraço de muita estima e reconhecimento do, agora velho, capitão de Gadamael 1970-72. Para o Miguel Pessoa, meu contemporâneo na AM que não na Guiné, vai um grande abraço e o desejo de muita saúde.

Gostei de vê-los e rever a história incrível de que são protagonistas.

21 de outubro de 2022 às 18:14

(v) Joaquim Mexia Alves:

Valeu pela grande, sincera e emotiva prestação da Giselda e do Miguel, queridos amigos. O resto teve o enviesamento habitual com a profusão de imagens de Amílcar Cabral a contar mentiras e imagens de bombardeamento de napalm em sítios que não são a Guiné e a velha conversa dos territórios libertados e da supremacia aérea

Parabéns à Giselda e ao Miguel pelo seu contributo cheio de sensatez, bom senso, e verdadeiro

21 de outubro de 2022 às 20:25

(vi) Manuel Resende:

Comento só para dar um abraço ao Miguel e Giselda. Gostei muito de vos ver e ouvir. Andava ansioso pelo dia 20.

Não sabia que voltaste a voar para ir ver onde estava a Giselda, no acidente. Pelo menos percebi isso.

Já sabia a tua estória, do Marcelino da Mata a dizer "sou eu, o Marcelino", contado pelo próprio Marcelino, e igual com a tua versão.

Continuação de boa saúde para ambos e a ver se em Janeiro nos encontramos. Abraços,  Miguel e Giselda

21 de outubro de 2022 às 23:54


(vii) António J. Pereira da Costa:

Foi um mau programa de TV e, por ele poderemos avaliar os outros que, se calhar não conhecemos tão bem por se terem passados noutros TO...

Faço coro com o Mexia Alves: "Valeu pela grande, sincera e emotiva prestação da Giselda e do Miguel, queridos amigos".

Estou farto das imprecisões e de tudo do resto de que o Helder Valério fala (imagens de outros locais que não a Guiné, expressões erradas ou carecendo de explicação).

Como se diz às vezes "se não sabes jogar à bola porque não vais aprender? Mas não é assim! Estes "programas" mal feitos não são inocentes...

Enfim é a TV que temos. Que se escuda num trailleur demasiado longo e com numa ficha técnica final que nunca mais acaba. Ainda não entendi porque é que os noticiários têm que durar mais de hora...

Não se esqueçam que são estes "programas" que ainda por cima chegam atrasados vários anos, que vão ficar em arquivo e que futuramente farão fé, perante as "novas gerações eventualmente interessadas".

Já foi aqui perguntado: "O que querem os ex-combatentes?" Várias vezes a resposta foi "Respeito!" Programas construídos assim, passados mais de um ano depois de gravados, não são uma prova de respeito. Não sou adepto de que vale mais assim do que nada. E ficar agradecido - como os pobrezinhos - também não fico.

22 de outubro de 2022 às 11:26

(viii) Joaquim Costa:

Para quem não esteve lá,  “come” tudo como se fosse real e passado na Guiné, nomeadamente a injeção do piloto Pessoa.

Para os ex-combatentes é uma fraude. Como já alguém disse: Merecíamos mais respeito.
Ou melhor, o Pessoa e a Giselda mereciam mais respeito.

Acredito que a reportagem acaba por dar uma imagem aproximada do que foi o "annus horribilis"  de 1973, aproveitando imagens reais mas descontextualizadas. Tivessem o cuidado de visitar o nosso blogue e tudo seria mais real… e mais barato.

Quanto ao facto de dar voz, também, ao outro lado, não obstante sabermos como funciona a propaganda na guerra, ouvir só um lado, não seria sério, nem honesto… nem democrático. Ninguém é detentor de toda a verdade. Já nos basta as Coreias, Chinas, Rússias, etc.

Ficam as excelentes prestações dos nossos Maiores: Giselda e Pessoa. Contudo sou da opinião que é melhor isto que nada
 
22 de outubro de 2022 às 12:13

(ix) Jorge Ferreira:

(membro da Tabanca da Linha e da Tabanca Grande, ex-al mil, 3ª CCAÇ, Nova Lamego, Buruntuma e Blama, 1961/63):

(comemtário no Facebook da Tabanaca Grander)

Magnifico contributo para as actuais gerações se aperceberem do que foram as vicissitudes dos "então" jovens de 60/70.

Faço minha a frase "estas séries documentais são feitas para consumo do grande público".

Grato aos depoimentos dos Camaradas Giselda/Miguel Pessoa.
22 de outubro de 2022 às 12:48
__________

Nota do editor:

(*) Vd. poste de 21 de outubro de 2022 > Guiné 61/74 - P23727: "Despojos de Guerra" (Série documental de 4 episódios, SIC, 2022): Comentários - Parte III: 3.º Episódio, "O Corredor da Morte" ou.... "Uma história de amor improvável em tempos de guerra" (protagonizada por Miguel Pessoa e Giselda Antunes)

8 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

O programa começa com uma conhecidíssima música do Conjunto Oliveira Muge, Mãe (1965), que se tornou "viral" durante a guerra colonial...

Confesso que já não a ouvia há muitos anos... Há 50 anos considerava "pimba" e "lamechas"...Mas, ao ouvi-la hoje, sinto que me toca cá numa corda muito sensível...

Tenho que admitir que "mexeu" (e se calhar ainda continua a "mexer") com muitos camaradas que estiveram na guerra, em Angola, Guiné, Moçambique, bem longe de casa...

O Conjunto Oliveira Muge, originário da zona de Ovar / Aveiro, é associado a Vila Perry, Moçambique, onde os manos Muge se fixaram... Não sei se chegaram alguma vez ir atuar à Guiné... DE qualquer modo, somos uns "sentimentalões",é verdade... Mas isso faz mal a alguém ?... E depois recordar é viver duas vezes...

Letra:

Mãe, tu estás tão longe de mim
Mãe, sinto que estás a chorar
Não chores a minha ausência
Que um dia hei-de voltar
Não chores e pensa agora
Que o tempo passa depressa
Pede a Deus que te tire esse tormento
Que te abrande o sofrimento
Desse teu formoso rosto.
Mamãe, não chores
Eu volto , Mãe.

https://www.youtube.com/watch?v=thc6PicrgNQ

Sobre a história do grupo ver aqui:

https://www.youtube.com/watch?v=JIBZJBk9DkU


(...) Foi (...) considerado um dos melhores conjuntos de Moçambique, de grande qualidade musical. Venderam inúmeros EPs e as suas canções passavam imensas vezes nas rádios. Os seus EPs gozavam de grande popularidade, colocando-se entre os tops dos 10 mais vendidos. O tema “A Mãe” foi das canções mais solicitadas pelos militares em Moçambique, no período da Guerra Colonial.

Em 1969 regressaram temporariamente a Portugal, onde actuaram em bailes de Carnaval de Ovar.

Entretanto decorria a Guerra Colonial. O grande êxito do compositor Policarpo Costa era a “A Mãe”, um tema sentimental que lembrava a separação, a dor da partida, a distância das famílias e os militares e acima de tudo, as saudades que os militares tinham das suas “mães”. (...)

joaquim disse...

Ainda regresso a este assunto para escrever o seguinte.
Em primeiro lugar voltar a repetir que a prestação da Giselda e do Miguel foi excelente e deve orgulhar todos os combatentes.

Quanto ao programa, a minha opinião é esta.

A nossa geração foi forçada a fazer uma guerra em África, uns por dever profissional, outros chamados a fazê-lo, uns mais voluntários e outros mais obrigados.
Mas fomos nós que fizemos a guerra!
A seguir à revolução e no imediato fomos insultados, desprezados, ofendidos e ninguém se preocupou connosco, muito especialmente com aqueles que sofriam e ainda sofrem na pele os efeitos da guerra.
Pelo contrário, foram enaltecidos os desertores, como de heróis se tratassem!
Entretanto e no decorrer do tempo, foram-se aproveitando de nós para fazerem programas, escreverem livros, (não me refiro, obviamente, aos livros escritos por combatentes), nunca se preocupando com a nossa situação, repito, especialmente daqueles que vivem miseravelmente não só de saúde psíquica e física, mas também sem capacidades financeiras para sobreviverem.
Não há dinheiro, mas é curioso que as subvenções vitalícias vão aumentar para o dobro, segundo as notícias!!

E nós continuamos a ser “carne para canhão”, calando-nos, e até aceitando como bom programas como este que apenas tiveram de bom a Giselda e o Miguel.

Tendo um Piloto da Força Aérea a ser entrevistado algum jornalista se preocupou em perguntar-lhe da tal “supremacia aérea”?
Aproveitaram a ejeção do Miguel para mais uma vez afirmarem, (sem lhe dar conhecimento com certeza de que iriam expender tal teoria), que tínhamos perdido a “supremacia aérea” quando sabemos que a Força Aérea depois de um período de adaptação regressou às suas missões.
Isto, meus camarigos, chama-se má fé.

Não vou continuar a escalpelizar o programa todo mas chamo a atenção para dois factos:
1 – As imagens que envolvem tropa portuguesa, (já nem me refiro aos bombardeamentos, etc.), envolvem sempre feridos e mortos.
As que envolvem o Paigc envolvem um “paraíso” em que Amílcar Cabral mente descaradamente sem nenhum contraditório.

2 – A comparação com o Vietnam continua a “vender”.
Sem colocar em causa o direito dos povos africanos à sua independência são, no entanto, as diferenças abissais as razões das duas guerras.
Portugal tinha como seus aqueles territórios onde se falava português e onde até existiam tradições portuguesas.
Os EUA nada tinham a ver com o Vietnam, o povo vietnamita nada tinha a ver com os americanos e até se poderia dizer que maior parte deles detestavam os americanos.
Na Guiné, sabemos que parte da população até gostava de nós o que até é visível hoje em dia.
Os portugueses de um modo geral mesmo em guerra ajudavam as populações guineenses, os americanos é melhor nem falar do que faziam às populações vietnamitas de um modo geral.
Os americanos tinham acesso a todo o armamento possível.
Os portugueses tinham uns “restos” que o governo de Lisboa conseguia comprar.
Os americanos fugiram com o “rabo entre as pernas”.
Os portugueses saíram porque assim o determinou a mudança política.
(Infelizmente deixando lá inúmeros combatentes guineenses que juraram bandeira como nós).
Basta ler autores americanos sérios sobre a guerra do Vietnam para perceber que alguns chegam a afirmar que se os militares americanos fossem como os portugueses foram na guerra de África outro fim teria acontecido no Vietnam.

Em resumo, continuamos s ser ofendidos e tratados como “carne para canhão” e o problema é que ficamos muitos satisfeitos quando há programas sobre nós que no fundo nos tratam “abaixo de cão”.

Sou cáustico? Pois sou, porque estou farto de ser ofendido e sobretudo estou farto de ver que há dinheiro para toda a gente menos para os combatentes que vivem “debaixo da ponte”!
Há pois e fazem monumentos aos combatentes que proliferam por tudo quanto é freguesia neste nosso país!

Mais uma vez obrigado Giselda e Miguel. Orgulho-me de vós!

Abraços a todos
Joaquim Mexia Alves

Anónimo disse...

Posso comparar o peso de uma melancia com o peso de uma abóbora, contudo uma coisa é uma melancia outra coisa é uma abóbora, completamente diferentes.
A comparação da guerra na Guiné com a guerra no Vietname tem a ver com as caraterísticas do combate no terreno e não com o seu contexto, social e político, obviamente, completamente diferentes.
Continuo a pensar que a guerra na Guiné foi o “nosso Vietname “
Eu e vários camaradas da minha companhia viram, ao longe, a queda do Fiat do camarada Pessoa.
Embora não os conhecendo pessoalmente, para a Giselda e o Pessoa o meu grande apresso pelo que são e pela coragem demonstrada no apoio à tropa “macaca” isolada no interior da Guiné.
Um abraço e muita saúde para todo o pessoal do Blogue.
Joaquim Costa

Valdemar Silva disse...

Joaquim Mexia Alves: "A seguir à revolução e no imediato fomos insultados, desprezados, ofendidos e ninguém se preocupou connosco,...."

O que aconteceu, e especialmente a seguir à chegada dos "retronados", foi uma transformação no tratamento daqueles que deram o corpo às balas na guerra, com um reacionário insulto 'vocês entregaram Portugal aos pretos' e outros da mesma linha.
Mas, passados uns tempos aconteceu uma "mudança no vento" e os que tinham insultado passaram a elogiar com a construção de monumentos por, entretanto, aparecer uma facção dos que diziam 'a tropa chacinava as populações africanas'.
E foi sendo notado, através deste quase meio século, que persistem algumas das mesmas ideias, embora se tente explicar que aquela guerra de mais de uma década só aconteceu por causa da salazadura* que nos governava.

Saúde da boa
Valdemar Queiroz

*ura = sufixo de acção ou efeito de uma acção.

joaquim disse...

Essa de dizer que foram os retornados que ofenderam os combatentes é fantástica!
Enfim nem vale a pena

armando pires disse...

Meus Amigos e Camaradas, Carlos Vinhal e Luis Graça.
Sou jornalista, como sabem.
Embora reformado, como se dizia na tropa (ainda se dirá?) "um sargento é um sargento mesmo quando está na casa de banho...) por isso mantenho a minha carteira profissional activa, e vejam só, como o número 144.
Estou velho, é o que é.
Respondo ao dois, por inteiro, porque ambos levantam a questão das imprecisões no texto (e nas imagens) da reportagem.
Serei breve, porque a "explicar tudo", deixaria a milhas a produção de textos do nosso Camarada Beja Santos.
O problema das redacções de hoje, sem por em causa a competência dos seus profissionais (sim, nem todos mas também não vem ao caso), é que lhes falta "a memória".
Um tema muito discutido nas tertúlias "dos velhos" jornalistas.
Reformados uns, afastados por "velhice" outros, ficaram as redacções desprovidas da memória que eles representavam.
Faltam aqueles a quem se perguntava, "é pá..., e em sua ajuda, lá vinha o que era necessário para enquadrar e contextualizar o que o trabalho exigia.
Como sabem, hoje recorre-se ao "Google e a Wikipédia". Mas essas fontes são factuais, não se prendem com "minudências".
Fecho com duas notas.
Primeiro - este meu comentário não se incluiu naquela expressão tão cara aos saudosistas, mas que eu repudio, qual seja, "no meu tempo é que era bom".
Segundo - profissionalmente acho o trabalho da Sofia bastante sofrível. A SIC pretendeu apenas concorrer com aquilo que a CMtv tem vindo a realizar sobre o tema.
Deixo um abraço aos dois, extensivo a todos os nossos Camaradas "tertulianos".

Carlos Vinhal disse...

Caro Armando Pires, falou quem sabe.
Os profissionais de hoje não são melhores nem piores dos que o do nosso tempo, são de outra fornada, que por acaso até tem mais informação ao dispor, alguma duvidosa, como dizes.
Julgo que foi o pivot Rodrigues Guedes de Carvalho que ao apresentar o segundo episódio desta série, disse que Portugal se viu obrigado a recrutar africanos por não ter em Portugal os efectivos necessários para manter a guerra. Se ele se informasse bem, verificaria que desde sempre houve militares africanos no Exército de Portugal "Imperial".
Como disse antes, quem não esteve "lá" acredita em tudo o que vê.
Nunca houve zonas libertadas na Guiné, apenas sítios mais problemáticos e onde a tropa portuguesa tinha dificuldades em penetrar. Julgo que no teu tempo já era muito difícil irmos ao Morés. Para o fim só a tropa especial, particularmente os Comandos Africanos, entravam e saíam mas sem fazer grande mossa nas hostes inimigas.
Abraço para ti e para todos os camaradas que estiveram "lá".
Carlos Vinhal

Valdemar Silva disse...

"Enfim não vale a pena"

Esta insinuação é das boas, não vale a pena o quê?
Um dos requisitos do nosso blog é :
-manifestação serena mas franca dos nossos pontos de vista, mesmo quando discordamos, saudavelmente, uns dos outros (o mesmo é dizer: que evitaremos as picardias, as polémicas acaloradas, os insultos, a insinuação, a maledicência, a violência verbal, a difamação, os juízos de intenção, etc.).

Valdemar Queiroz