quarta-feira, 16 de junho de 2010

Guiné 63/74 – P6599: Efemérides (46): Inauguração do Monumento aos Combatentes da Guerra do Ultramar, em Vila do Conde (Vasco Santos, ex-1º Cabo Cripto, CCAÇ 6, Bedanda, 1972/73)


1. O nosso Camarada Vasco Santos, ex-1º Cabo Op Cripto da CCAÇ 6, Bedanda - 1972/73 -, enviou-nos a seguinte mensagem, com data de 11 de Junho de 2010:


Inauguração do Monumento aos Combatentes da Guerra do Ultramar e à Mulher (em homenagem a todas as nossas Mães, Esposas e Namoradas), em Vila do Conde
Camaradas,

Foi através do blogue que consegui localizar o meu querido Amigo e Camarada da guerra, Carlos Pinto Azevedo, tendo o nosso reencontro tido lugar no passado dia 3 de Junho, após mais de 30 anos de interregno na nossa fraterna convivência.

Como ontem decorreu, aqui em Vila do Conde, a inauguração do Monumento aos ex-Combatentes da Guerra do Ultramar, que é devidamente enriquecido e complementado por um segundo monumento dedicado, e mais que merecido, à Mulher (em homenagem a todas as nossas Mães, Esposas e Namoradas), aproveitamos a oportunidade para nos deslocarmos juntos às cerimónias, a que nos juntamos sentidamente.
Envio-vos agora algumas fotos dos monumentos e dos acontecimentos.
O Exmo. Sr. Presidente da Câmara de Vila do Conde - Engº Mário Hermenegildo de Almeida -, proferindo o discurso de Inauguração
A bênção do Monumento pelo nosso querido Padre Antero, ex-Capelão na Guiné
O Exmo. Sr. Presidente da Câmara - Engº Mário de Almeida e o Sr. Nascimento - Presidente da Associação dos Ex-Combatentes do Ultramar de Vila do Conde, descerrando uma Placa Comemorativa do evento
Vista geral do nosso Monumento
Vista da parte frontal do Monumento
Placa de homenagem da Câmara
Lista dos nossos conterrâneos falecidos na Guera do Ultramar (42 homens)
À Mulher > Homenagem a todas as nossas Mães, Esposas e Namoradas
Eu, Vasco Santos (pólo às riscas) e o meu amigo Azevedo, que embora ainda não seja membro da Tabanca (sê-lo-á com certeza em data oportuna)
Um bem-haja para todos vós.
Melhores cumprimentos,
Vasco Santos

24 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 – P6238: Efemérides (44): Dia do Combatente. Comemorações do 9 de Abril em Lagoa (Arménio Estorninho)

terça-feira, 15 de junho de 2010

Guiné 63/74 - P6598: Controvérsias (86): A violência inusitada e gratuita do PAIGC no caso dos Três Majores e do Fur Mil Costa, da CART 3567, morto à punhalada (António Costa)

 1. Mensagem, datada de 7 de junho de 2010, enviada pelo  António José Pereira da Costa:

Camarada
A propósito da polémica levantada pelo Poste P6538 e das respostas do Ansaly e do Pepito,  gostava de fazer algumas considerações. (*)

Como sabes,  os povos têm reacções estranhas, como sejam o apoio maciço aos ditadores (Salazar) e seus delegados (como é o caso) e às vezes nem se compreende bem porque o fizeram, se depois os amaldiçoam. (Hitler, Mussolini, para não dizer outros).

No caso vertente, como noutros, (por exemplo  nas cerimónias fúnebres do Salazar),  o povo parece ter sido acometido de uma hilaridade que não se compreende. Ou compreende? Sabemos bem como se organizavam "as espontâneas": com a força pública e não apenas o público "à força", mas também seduzido em jeito, e apenas os (poucos?) simpatizantes.

Além disso, como vemos pela decoração, quem detém o Poder até pode organizar melhor manifes com todo o rigor e exactidão.

O que é um facto é que eles lá estavam. Hoje se fores perguntar não encontras um que lá tenha estado.
Enfim coisas estranhas e não apenas malhas que o Império tece...

Sobre a "Morte dos Majores" deixo a minha visão.

Tratou-se de uma operação psicológica que falhou porque o inimigo a detectou e entrou no Jogo da Espionagem. Em todas as guerras há operações deste tipo - e muito mais na guerra subversiva - em que se pretende desequilibrar uma unidade inimiga (maior ou menor) com ou sem população anexa.

O passo seguinte é a exibição do resultado e, se possível, virar os combatentes seduzidos a combater contra os seus ex-camaradas. No final da guerra ajustam-se as contas e "aí dos vencidos!"

Creio que, pelo nosso lado, os envolvidos estariam convencidos(?) de que estavam a fazer a Paz, pelo menos num sector, o que não seria nada mau numa guerra sem fim à vista...

Pelo lado do IN a operação pode ter sido detectada (cedo ou mais tarde) e levada até onde se quis. Depois foi uma explosão de barbárie que nada justifica, nem mesmo a táctica ou a estratégia. Imagina o que seria termos de negociar o resgate de 4 oficiais (3 superiores e homens de mão do Com-Chefe) e três civis...
O governo do tempo não podia calar-se como fizera com o Lobato, piloto, no início da guerra. E se o fizesse quais seriam as consequências? Estou certo de que haveria consequências. Quais? Não sei. 

O PAIGC andou mal nos dois planos (humano e bélico) e hoje pretende passar a imagem de que os seus guerrilheiros eram integérrimos, seguríssimos dos seus ideais e agiram assim sobre os "criminosos colonialistas tugas" porque se sentiram ofendidos e ridicularizados.

E eu,  com esta idade e a saber o que sei, a acreditar... (Olha para a minha cara de crédulo!).

Também não colhe a desculpa de que era necessário abandonar o local e os prisioneiros "pesavam muito" e retardavam o movimento. Sabemos que até podiam ter usado as nossas viaturas, pelo menos em parte do movimento, e que a unidade que recolheu os corpos só chegou ao local quase dez horas depois dos assassínios.

Enfim,  selvajaria como há em todas as guerras.  Relembro entre outros o caso do Furriel Mil Costa,  da CArt 3567 [,  Mansabá, 1972/ 74], morto à punhalada...

Acho que estamos perante mais um caso de falta de modéstia de quem ganhou a guerra. Relembro o programa do Joaquim Furtado sobre o raide a Conacri em que se discutia se as lanchas da Guiné tinham sido ou não neutralizadas no porto. Luis Cabral diz que não,  por não terem sido destruídas,  o que dá a ideia da sua falta de modéstia. A neutralização impede o uso de um meio bélico durante um período mais ou menos longo. Até com um simples martelo se podiam neutralizar as lanchas (partindo o sonar e radar) mas por pouco tempo. Aliás,  se elas permitiram a saída dos barcos portugueses do porto,  é porque estavam "neutralizadas".

Enfim, começo a não ter paciência para operações psicológicas e muito menos destas, demasiado infantis.

Farás com este mail o que quiseres pois não quero atirar achas para a fogueira...
Podes mantê-lo em banco de dados e jogá-lo no momento oportuno...

Um Ab. do
António Costa

PS: Viste o programa do Joaquim Furtado sobre os GE e GEP de Moçambique? Tens contacto com ele? Parece-me que 84 Gr de GE e GEP num total de cerca de 5000 homens é muito grupo e homens a mais...
Parece-me que há um uso abusivo das estatísticas como no caso da Guiné onde 20% eram militares do recrutamento local... Vamos fazer as contas.


2. Resposta do Carlos Vinhal, com data de 8 do corrente:


Caro Pereira da Costa

Obrigado pela tua opinião baseada em conhecimentos que terás mais abalizados, mercê da tua formação profissional. Vou endereçá-la ao Luís para ele dizer se a vamos publicar.

Nunca compreendi porque teve aquele caso um fim tão trágico. Saberiam os nossos camaradas Majores o perigo que corriam? Fariam aquilo a contragosto ou por dever de ofício? Ou por temerem o Spínola? Ou por ingenuidade?

Do outro lado é ainda mais complicado especular. Dependia de até que nível ia o conhecimentos das conversações, quem manobrava quem e por que é que de repente (?) mudaram de ideias. Que aconteceu aos mediadores e a quem tinha conhecimento do que se passava, no lado do PAIGC? Porque vieram a abater o Amílcar?

Quanto aos relatórios das operações, descrição de objectivos, aprendizagens, mortos, feridos, material gasto ou danificado, etc, sabe-se que era tudo feito conforme o fim em vista. Impressionar o IN, enganar os superiores hierárquicos, justificar material desaparecido, promover amigos, etc, etc. Falo por experiência própria porque trabalhei na Secretaria da minha Companhia praticamente toda a comissão. Fui escrivão de montes de autos de, e para tudo e mais alguma coisa.

Diga-se que como funcionário público vivi experiências similares, porque estive num gabinete de estudos como preparador de trabalhos, mais tarde como chefe de secção, cerca de 33 anos, fiz parte em comissões de recepção de todo o tipo de equipamentos, fiscalização de obras, etc, etc.

Tentaram subornar-me, chamaram-me nomes bons e maus. O que possas imaginar.

Mas quando se fala de manobrar massas por parte dos políticos, aí a coisa é mais complicada. Estes tipos têm formação específica para aprenderem  como isso se faz e quando não querem sujar muito as mãos não falta quem faça isso por eles.

Julgo que já no tempo do Marcelo (ou ainda Salazar?) houve aquela enorme manifestação de apoio ao regime aí em Lisboa, e era ver carregar funcionários públicos de todo o país a caminho do Terreiro do Paço. Mas atenção, porque agora faz-se o mesmo, ou parecido, seja o Governo, ou alguém por ele mandatado, os partidos, os sindicatos e até os clubes de futebol. Ofereça-se um passeio à borla e almoço bem regado com tintol e aí aparecem os espontâneos.

Um abraço, companheiro.
Carlos

[Revisão / fixação de texto / título: L.G.]
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Nota de L.G.:



Guiné 63/74 - P6597: Memória dos lugares (82): Ganjola, Catió, Região de Tombali (Victor Condeço, ex-Fur Mil Mec Arm, CCS / BART 1913, 1967/69)


Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS do BART 1913 (Catió 1967/69) > Álbum fotográfico de Victor Condeço > Catió -Ganjola > Foto 1 - Rio Ganjola visto da margem esquerda, junto da cambança para o Destacamento de Ganjola Porto. Distava cerca de 5 Km do centro de Catió para Norte.


Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS do BART 1913 (Catió 1967/69) > Álbum fotográfico de Victor Condeço > Catió -Ganjola > Foto 2  > Rio Ganjola vendo-se na margem direita o Destacamento de Ganjola Porto na foz do rio Canlolom. O destacamento tinha uma guarnição fornecida por Catió, ao nível de um pelotão, a área ocupada era menor que meio campo de futebol. [Este destacamento foi abandonado pelas NT na segunda metade de 1968].






Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS do BART 1913 (Catió 1967/69) > Álbum fotográfico de Victor Condeço > Catió -Ganjola > Foto 2a > Pormenor da foto anterior. Ganjola Porto era apenas um grande edifício à beira rio, que servia de habitação e entreposto de comércio, nas traseiras deste, uma outra pequena edificação era a cozinha. O resto era os postos de sentinela e defesa, tudo circundado por uma paliçada e arame farpado. O poço era fora do arame farpado a pouca distância.




Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS do BART 1913 (Catió 1967/69) > Álbum fotográfico de Victor Condeço > Catió - Ganjola > Foto 3 > Rio Ganjola na cambança para o Destacamento, o militar em primeiro plano é o Sarg Gaio,  do Pelotão de Morteiros 1209.




Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS do BART 1913 (Catió 1967/69) > Álbum fotográfico de Victor Condeço > Catió -Ganjola > Foto 4 >   Destacamento de Ganjola. As instalações que eram do Sr. Brandão que vivia em Catió, eram compartilhadas pela tropa e por uns poucos civis, duas famílias. Na foto, o Fur Mil Pires de visita, aproveitou foi ao barbeiro.




Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS do BART 1913 (Catió 1967/69) > Álbum fotográfico de Victor Condeço > Catió - Ganjola > Foto 5 > Destacamento de Ganjola. Meninos filhos de habitantes, os mestiços eram irmãos e dizia-se entre a tropa, que eram filhos do proprietário.



Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS do BART 1913 (Catió 1967/69) > Álbum fotográfico de Victor Condeço > Catió - Ganjola > Foto 6 > Destacamento de Ganjola. O Fur Mil Victor Condeço em foto para a família com vista parcial dos edifícios.

Fotos (e legendas): © Victor Condeço (2010). Direitos reservados

Guiné 63/74 - P6596: Estudos (1): Guerra de África - O QP e o Comando das Companhias de Combate (António Carlos Morais da Silva, Cor Art Ref) (VI e última parte)




Guiné > Zona Leste > Sector L1 (Bambadinca) > CCS/ BCAÇ 2852 (1968/70) > Destacamento de Nhabijões (?) > Assistência médica à população do reordenamento de Nhabijões (?), maioritariamente de etnia balanta (e com "parentes no mato"). Como se vê, a consulta médica era muito pouco privada... Além disso, o médico tinha que utilizar os serviços de um intérprete.

Na foto, vemos quatro oficiais, só um dos quais é do Quadro Permanente (o Major Op Inf Herberto Alfredo do Amaral Sampaio); os restantes oficiais são milicianos, o Alf Mil Cav J. L. Vacas de Carvalho (de calções, sentado), comandante do Pel Rec Daimler 2206 (que tinha chegado ao Sector em Jan/Fev de 1970, e que é membro do nosso blogue);  o  Alf Mil Médico Joaquim Vidal Sampaio (que ficou retido um dia no mato,  connosco, CCAÇ 12 e Pel Caç Nat 52, na Op Tigre Vadio, em Março de 1970), e ainda um outro Alf Mil, de pé, de camuflado,  que não identifico (*).

O BART 2917, que veio render o BCAÇ 2852, em Maio de 1970, tinha 2 capitães de artilharia, do QP, à frente das suas unidades de quadrícula: Victor Manuel Amaro dos Santos (CART 2715, Xime); José Manuel Silva Agordela (CART 2714, Mansambo); e um Cap Art Mil,  Francisco Manuel Espinha Almeida (CART 2716, Xitole)... O Cap Art Passos Marques também chegou a comandar uma companhia de combate, a CART 2715 (depois do Victor M. Amaro dos Santos e do Alf Mil Art José Fernando de Andrade Rodrigues; ainda teve mais dois comandantes, oriundos da arma de Infantaria,  a seguir ao Passos Marques:  Cap Inf Artur Bernardino Fontes Monteiro e Cap Inf José Domingos Ferros de Azevedo.

Em termos de idades, as diferenças eram notórias: em geral, os médicos milicianos eram mais velhos meia dúzia de anos (em relação aos restantes alferes milicianos), por razões óbvias: só eram mobilizados de terminar o curso de medicina (muitos deles tinham ainda pouca experiência clínica...).  E os capitães do QP, comandantes de companhias de combate,  rondavam, em média, os 30 anos, segundo o estudo do Cor Art Ref Morais da Silva que estamos a publicar. Neste período, em que eu estive em Bambadinca (CCAÇ 12, 1969/71), a amplitude da idade dos capitães do QP era grande,  podendo ir dos 24 (idade mínima) aos 43 (idade máxima) (dados referentes em 1969).

O meu capitão, da arma de Infantaria,  por exemplo, tinha 37/38 anos, o dobro da idade de alguns dos nossos soldados africanos (tínhamos homens com 16!), e já tinha feito duas comissões no Ultramar... O 'stock' de capitães, saídos da Academia Militar, estava prestes a esgotar-se...  (LG)

Fotos: © Arlindo T. Roda (2010). Direitos reservados
                    



































Publicação da 6ª (e penúltima) parte do estudo do Cor Art Ref António Carlos Morais da Silva, professor do ensino superior universitário, antigo docente da Academia Militar, do Instituto Superior de Gestão e da Universidade Autónoma de Lisboa. O autor é especialista em Investigação Operacional. Também passou pelo TO da Guiné como oficial do QP.

O Morais da Silva teve a gentileza de facultar ao nosso blogue, em pdf e em word, um exemplar do seu estudo, de 33 pp., sobre a "Guerra de África - O QP e o Comando das Companhias de Combate" (2ª versão Maio de 2010). A 1ª versão (Março de 2010), de 30 pp., circulou internamente, na nossa Tabanca Grande, através da nossa rede de emails.

Este estudo chega agora a um público mais vasto, através do nosso blogue (**).

A existência de um elevado número de gráficos e quadros obrigou-nos a digitalizar todo o relatório , sob a forma de imagens, por partes. Esta é a Vi parte, correspondente às pp. 30-33 da 2ª  versão (Maio de 2010).

Por sua vez, o nosso camarada Jorge Canhão (ex-Fur Mil da 3ª Companhia do BCAÇ 4612/72, Mansoa, 1972/74) encarregou-se da morosa tarefa da digitalização do relatório, folha a folha. Aqui fica a expressão do nosso agradecimento público, pelo empenho e pela competência com que levou a cabo a digitalização do documento.

 Entre Março (1ª versão) e Maio de 2010 (2ª versão) o autor conseguiu identificar os comandantes de duas companhias de combate, pelo que os quadros e gráficos foram revistos e actualizados... Até à página 29, no entanto, só usámos os elementos constantes da 1ª versão. Mas as diferenças são mínimas, não afectando as conclusões.

Na 2ª versão o autor acrescentou a 13ª secção - Estrutura etária dos capitães do QP à data da mobilização. Passamos agora  a ter um universo de 1370 (mais dois do que na versão de Março de 2010).

O autor, em nota introdutória, agradece aos alunos-cadetes da Academia Militar que digitalizaram a lista de antiguidades de 1975, dos três ramos combatentes (Infantaria, Artilharia e Cavalaria) a partir da qual foi criada uma base de dados biográficos dos capitães do QP  que comandaram companhias de combate em Angola, Guiné e Moçambique (nome, nº de identificação, data de nascimento,  datas das promoções a Alfere, Tenente, Capitão e Major). A 2ª versão tem a data de 10 de Maio de 2010. Por razões práticas e técnicas, não vamos substituir os quadros e gráficos da 1ª versãio, constantes dos cinco primeiros postes desta série. A 2ª versão, aumentada e actualizada,  que nos foi disponibilizada gentilmente pelo autor, em formato pdf, também irá ser distribuída por email aos cerca de 420 membros (registados) do nosso blogue.

O documento, agora publicado no nosso blogue, está divido em 14 secções, assim discriminadas:

1. Evolução dos efectivos totais nos 3 TO (referidos a 31 de Dezembro)

2. Evolução dos efectivos de reforço (metrópole)  nos 3 TO (referidos a 31 de Dezembro)

3. Evolução dos efectivos de recrutamento local nos 3 TO (referidos a 31 de Dezembro)

4. Peso relativo do recrutamento local no total de efectivos nos 3 TO

5. Companhias de combate mobilizadas (reforço)

6. Companhias de combate embarcadas (fita do tempo)

7. Comandantes das companhias de combate

8. Evolução anual do efectivo de capitães comandantes de companhias de combate

9. Companhias de combate 'versus' número de comandantes de companhia

10. Efectivo anual de companhias de combate

11. Histórico dos efectivos formados na Escola do Exército (EE) e na Academia Militar (AM)

12. Evolução do 'stock' de capitães do QP

13. A idade dos capitães QP - Distribuição

14. Considerações finais


A partir de agora, com o relatório completo disponível, serão bem vindos os comentários dos leitores bem como a resposta às questões em aberto (nomeadamente a identificação dos comandantes das 21 companhias em falta, em Angola e Moçambique, listadas na página 33 do documento).

Será escusado dizer que todas as opiniões são válidas desde que fundamentadas (e, naturalmente, assinadas). Podemos criticar, com elegância e serenidade, este estudo, em relação seja à metodologia de recolha e tratamento de dados seja à interpretação dos dados e às conclusões propostas pelo autor. Só podemos criticar o que conhecemos, o que lemos, o que ouvimos, o que vimos... Críticas gratuitas não fazem sentido entre camaradas que se estimam e que querem contribuir para o melhor conhecimento do texto e do contexto da guerra colonial, com especial enfoque no TO da Guiné. Trata-se de um simples e elementar, mas até à data poucos estudiosos da guerra colonial se interessaram pela sociodemografia das Forças Armadas Portuguesas, e em especial dos seus oficiais do Quadro Permanente.

Agradecemos mais uma vez ao autor o ter confiado na seriedade e honestidade intelectual do nosso blogue para publicitar o seu estudo. Infelizmente, devido ao seu tamanho e à necessidade de garantir uma boa resolução dos seus quadros e gráficos, tivemos que o editar em seis partes.
________________

Notas de L.G.:

(*)  O Alf Mil Méd Vidal Saraiva foi identificado por dois camaradas nossos o ex-1º Cabo Cripto Gabriel Gonçalves, da CCAÇ 12 (1969/71) e o ex-Alf Mil Cav, José Luís Vacas de Carvalho, comandante do Pel Rec Daimler 2206 (1970/71). O Zé Luis gostava de acompanhar os médicos da CCS porque "queria ir para medicina"... O Zé Luís também identificou o Major Sampaio. Quanto, ao alferes, em camuflado, era um adjunto do Major. Passou por Bambadinca, gostava de jogar à lerpa... Mas o nome varreu-se da memória do Zé Luís ("Já não me lembro do que comi ontem, quando mais do que se passou há 40 anos")...  Mesmo assim foi uma grande ajuda, amigos e camaradas!

O Vidal Saraiva, de seu nome completo, Joaquim [António Pinheiro] Vidal Saraiva, nascido em 26 de Junho de 1936,  trabalha (ou trabalhava, já deve estar reformado) no Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia / Espinho, EPE. Tenho o seu nº de telefone, vou ver se o contacto. Está inscrito na Ordem dos Médicos, Secção Regional do Norte, como especialista em Cirurgia Geral. (Parto do princípio que se trata da mesma pessoa, Joaquim Vidal Saraiva ou Joaquim António Pinheiro Vidal Saraiva, residente em S. Félix da Marinha, Vila Nova de Gaia... Terá hoje 73 anos)... Segundop informação do Beja Santos, o Vidal Saraiva terá vindo de Guileje, por volta de Outubro de 1969, vindo substituir o Payne.

(**) Vd. postes anteriores:

31 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6507: Estudos (1): Guerra de África - O QP e o Comando das Companhias de Combate (António Carlos Morais da Silva, Cor Art Ref) (I Parte)

6 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6541: Estudos (1): Guerra de África - O QP e o Comando das Companhias de Combate (António Carlos Morais da Silva, Cor Art Ref) (II Parte)

8 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6560: Estudos (1): Guerra de África - O QP e o Comando das Companhias de Combate (António Carlos Morais da Silva, Cor Art Ref) (III Parte)

9 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6567: Estudos (1): Guerra de África - O QP e o Comando das Companhias de Combate (António Carlos Morais da Silva, Cor Art Ref) (IV Parte)

14 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6593: Estudos (1): Guerra de África - O QP e o Comando das Companhias de Combate (António Carlos Morais da Silva, Cor Art Ref) (V Parte)

Guiné 63/74 - P6595: Estórias do Juvenal Amado (27): Os lugares e os amenos fins de tarde da nossa terra

1. Mensagem de Juvenal Amado* (ex-1.º Cabo Condutor da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1972/74), com data de 30 de Maio de 2010, com mais uma das suas estórias, sempre do agrado da tertúlia:

Caros Luis,Carlos,Magalhães, Briote e restante camaradas da Tabanca Grande
Esta estória é formada por retalhos de momentos vividos pelos jovens que se juntavam ali à volta das mesas, em cadeiras de chapa repintadas.

Contavam anedotas, faziam planos para os bailaricos ou jogatanas de matraquilhos.

Os lugares e os amenos fins de tarde da nossa terra

A tarde estava calma, uma ligeira brisa mexia as folhas novas dos enormes plátanos da praça D. Afonso Henriques, que fica junto ao lado Este do Mosteiro de Sta. Maria de Alcobaça. Muitos camaradas do Norte que estiveram nas Caldas da Rainha passaram na estrada entre a praça e o Monumento encimado pelo «Zé da Moca».* 1

Era um lugar aprazível em calçada portuguesa, havia bancas circulares onde se vendia a nossa famosa fruta aos turistas, a loja onde com sete anos vi pela primeira vez televisão através da montra e também a esplanada do café Trindade, local onde se tinha festejado euforicamente a vitória dos aliados sobre o nazismo.

Era assim anos depois lugar de encontro da malta mais jovem da vila hoje cidade.

Transformou-se num local por excelência para os abraços de quem chegava e as despedidas dos que partiam para o Ultramar.

Quase passava por momento solene diário, assim que saíamos das fábricas, das lojas de comércio, juntarmo-nos ali com que os que tinham continuado a estudar e os já tinham começado a sua vida militar.

Esses se encarregavam de contar aos que para lá iam, as suas peripécias com as marchas, com a pista de obstáculos e com o temível galho. Não sei porquê mas o galho inspirava-me um enorme respeito afinal infundado, pois era um pequeno Adamastor, que após passarmos por ele era como se não existisse.

Mas a verdade que as estórias mais ao menos trágicas, que se contavam à sua volta criavam uma áurea sinistra ao inerte e erecto obstáculo.

Mas as palavras do jovem piloto de helicópteros, regressado em gozo de férias, é que nos prendiam nessa tarde. Falava ele sobre a violência da guerra no Norte de Moçambique. Eu ouvia atentamente pois o meu irmão tinha de lá regressado em 1968 e muitos dos lugares conhecia de nome.

A dificuldade na evacuação dos feridos, o seu número e gravidade, tinham tirado a frescura juventude, aquele jovem que para lá tinha ido voluntário.

Seria difícil hoje recordar ou enumerar os relatos tantas vezes repetidos, por quem chegava com o rosto já envelhecido, passados que eram 10, 12 ou 24 meses sobre a partida.

Os relatos eram diferenciados entre excessivo e os quase contado em murmúrio. Esses eram mais fiáveis no meu entender.

Uma coisa ficou retida na minha memória, foi a sua afirmação de que os colonos em Moçambique não queriam enviar os seus filhos para zonas de guerra. Diziam eles que isso competia aos mancebos metropolitanos, pois o Estado Português ficava com riqueza do território suficiente, para arcar com essa responsabilidade.

Na altura fiquei apreensivo, pois estando eu a dias de me apresentar no CICA 4 em Coimbra, onde passaria o meu 21.º aniversário, e tendo morrido não há muito tempo em combate na Guiné, um dos gémeos se não estou em erro se chamava Luís, que não sendo de Alcobaça, eram por lá conhecidos por frequentarem a nossa vila amiúde, aquela observação foi como uma martelada*2.

Da malta da Guiné vinham relatos de violência e morte. Costureirinha era um nome tristemente famoso. Os que regressavam de Angola também traziam as suas estórias, mas por aquela que eu acabara de ouvir é que não esperava. Não queriam combater na terra onde muitos deles tinham nascido? Então porque razão teríamos nós que ir, que só conhecíamos as tais riquezas, praias, paraísos de marisco barato de nome e em nada, que eu soubesse, influíam no meu bem estar e qualidade de vida?

Isto para não falar noutras minhas razões, era coisa que fazia transbordar o copo já cheio.

Eu fui fazer a recruta, o meu amigo, findas as férias, voltou para lá cumprir o resto da comissão e acabou por seguir a vida militar.

Alguns como os gémeos José Eduardo e José Manuel, os irmãos José António e Joaquim António, frequentadores dessas reuniões informais, foram na mesma altura parar à Guiné tal e qual como eu, o Pedrosa foi para Moçambique, o outro Pedrosa foi para Timor e o Barrão para Angola, etc, etc.*3

Passados quase quarenta anos, por várias vezes pensei naquelas palavras quase queixume e comecei a duvidar tê-las ouvido.

No Domingo passado, tendo-me deslocado a Coimbra para assim assistir a uma cerimónia religiosa de um meu sobrinho neto de sete anos, em conversa com um antigo alferes que lá esteve, já perto do 25 de Abril, e por lá ficou muitos meses depois, vem ele confirmar-me, que afinal eu não tinha ouvido mal naquele ameno fim de tarde.

Juvenal Amado


1 - O Zé da Moca é uma alcunha dada a uma estátua de D. Afonso Henriques. Fica bem no cimo da lateral do Mosteiro. Quando eu era criança um raio atingiu essa parte do Mosteiro, tendo ficado com sequelas alguns frequentadores da antiga pensão Central, que ficava por cima do café Trindade, mas virada para a rua principal.
Trocaram a calçada portuguesa por um piso em saibro, e embora o café esteja no mesmo sítio, perdeu a mística daquele tempo.

2 - Os gémeos eram como duas gotas de água e de tal maneira, que vestindo de igual, um comprava bilhete para o cinema, entrava e a seguir enviava o mesmo por alguém para o irmão, para que ele entrasse também.

3 - Estes Pedrosas só tinham parentesco no nome. Uma particularidade mais os unia, era a o seu gosto pela poesia. Assim nas noitadas de bacalhau assado, no Quim do frangos em frente aos Bombeiros, eles ao despique, soltavam a sua veia e já com o tinto a fazer efeito, declamavam Camões ou Pessoa.
O que foi para Timor não regressou vivo pois suicidou-se lá.
As razões perderam-se no tempo e na distância. Descanse em Paz.

Esta foto é mais antiga, mas à esquerda está a entrada Arte Nova como era há 40 anos

Hoje a entrada é assim. Vá se lá saber porque tiraram as duas meias montras com a porta principal ao meio

Na esquina o café. Em frente, a rua alcunhada do Asilo, por onde passavam os militares para fim de semana e regresso à Escola Prática de Sargentos
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Notas de CV:

Vd. último poste da série de 4 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6532: Estórias do Juvenal Amado (26): Laura, ou as estórias da nossa terra

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Guiné 63/74 - P6594: Notas de leitura (122): A Guerra de África, 1961-1974, Volume II, por José Freire Antunes (1) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso Camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil At Inf, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 9 de Junho de 2010:

Queridos amigos,
Acho que nos faz bem a todos rever o conjunto de depoimentos referentes à Guiné recolhidos pelo José Freire Antunes.
Sem ele, teríamos demorado mais tempo para saber que o Governo de Caetano estava a negociar com o PAIGC ou que o sistema financeiro avançava rapidamente para o colapso.

Um abraço do
Mário


A Guerra de África, 1961 – 1974, Volume II

Por José Freire Antunes


Beja Santos

A obra em dois volumes “A Guerra de África”, organizada por José Freire Antunes, obedece à metodologia designada por “história oral”, o investigador, a propósito de uma determinada época em análise, convoca protagonistas, dá-lhe voz ou socorre-se da sua escrita. Esta metodologia não é hoje completamente aceite como primeiro recurso, exige-se-lhe que seja complementada com outras diferentes fontes, posta em confronto com outros testemunhos, documentos e até com o tratamento do contraditório. Seja como for, há que reconhecer que no acervo dos protagonistas seleccionados por José Freire Antunes trazem um importante contributo para a história de guerra da Guiné. Como se compreenderá, são exclusivamente este tipo de protagonistas os que aqui vão ser enunciados.

Começando por Lemos Ferreira, General da Força Aérea, que serviu na Guiné onde comandou a Base Aérea n.º 12. Referindo-se ao último período da guerra, o general observa: “A convicção do PAIGC era a de que seria possível uma vitória militar e então arriscou e fez o contrário da guerrilha, que era aparecer no terreno com forças relativamente vultosas. Eles consideravam que o que faria a diferença seria a parte aérea, portanto, o que eles precisavam era qualquer coisa que anulasse a Força Aérea. Isto foi perfeitamente claro e apareceram os mísseis Strella. E o que aconteceu foi que, de repente, numa tarde, nós perdemos três aviões: um T6 e dois DO. Quando se tem um núcleo de 60 ou 70 pessoas e, só numa tarde, em duas ou três horas se perde cinco por cento da sua capacidade, isto é muito complicado. Um soldado de infantaria podia-se preparar num mês e meio, um piloto demorava muito mais tempo.

Criaram-se vícios de forma nas Forças Armadas. Pensava-se que era possível realizar tudo devido à cobertura aérea. Mas a nova situação levou a que se decidisse que tinha que haver algumas restrições. Tivemos que ser inventivos: se a ideia do adversário era de que a Força Aérea estava de gatas, havia que provar o contrário. E provar o contrário como? Com a utilização muito mais intensa da arma aérea. Eu nunca fiz tantos bombardeamentos na vida, nunca fiz tantos disparos, como nessa altura, exactamente para a contraprova. Normalmente, a noite era o refúgio do guerrilheiro e, por isso, nós tivemos que inverter a situação. A maior parte flagelações que eles faziam às nossas guarnições eram feitas de noite, muitas delas com morteiros. Havia que responder de forma muito mais pesada. Na altura, vimo-nos no embaraço de consumirmos mais munições – bombas e foguetes – na Guiné do que consumiam Angola e Moçambique juntos”.

O brigadeiro Martins Marquilhas serviu na Guiné entre 1966 e 1968. O seu depoimento é alusivo à instrução dos comandos. Comenta ele: “O inimigo da Guiné era mais aguerrido, mais evoluído culturalmente a nível do soldado. Não estou a falar das elites. Uma gala da Guiné, que era dos fulas, era mais evoluído. Um exemplo era a capacidade de decisão: um terrorista guineense, num aperto, era capaz de tomar uma decisão muito mais rápida e acertada do que um quioco. Na Guiné, a própria religião islâmica desenvolvia-os um bocadinho mais”. Falando dos comandos, observa: “Na Guiné, mataram-nos depois do 25 de Abril, não a todos mas a muitos. Mataram-nos com o receio da reacção deles em relação aos que tinham poder na altura, não foi por mais nada”.

O depoimento do general Almeida Bruno é detalhado, começa por explicar o projecto da Guiné Melhor e as dificuldades militares que Spínola encontrou quando chegou à Guiné. Spínola pretendia em simultâneo aumentar a actividade operacional e desenvolver a Guiné, queria dialogar com o PAIGC numa posição de força. Refere ao pormenor as tentativas de negociação de Spínola e como elas foram inviabilizadas por Caetano. E desabafa: “Quando saí da Guiné em Julho de 1973, nós tínhamos perdido a batalha no plano político. Enquanto se fez a guerra na esperança de que a solução estava à vista porque estávamos a ganhar terreno no plano político, tudo bem. Mas quando nos apercebemos que no plano político tínhamos perdido a batalha, voltámos ao princípio de fazer a guerra pela guerra... Quando percebi que tinha perdido essa batalha, só vi uma hipótese: derrubar o regime. Aderi e ajudei a derrubar o regime, vi na queda do regime a única hipótese de continuar Portugal através da lusofonia”.

O testemunho de Manuel Maria Monteiro Santos, combatente do PAIGC conhecido por “Manecas” tem igualmente muita importância. Destaco o seguinte comentário: “Quando Spínola foi para a Guiné substituir Schultz como comandante-chefe, a situação militar já era nitidamente favorável ao PAIGC. Schultz fez muitas asneiras. Não fez uma anti-guerrilha moderna, dado que os portugueses estavam a bater-se contra um movimento bem estruturado e bem equipado. Schultz não fazia trabalho com as populações... o PAIGC sempre procurou constituir a suas unidades com elementos vindos de todas as etnias. Procurou, mesmo, fazer mover todas as unidades do Sul para o Norte, do Norte para o Leste, do Leste para o Sul, etc., para não vincular nenhum combatente à sua área, à sua região ou à sua etnia”. Falando da sua preparação sobre os mísseis Strella, explicou: “Estive na União Soviética, numa escola militar, com o grupo de soldados que foi lá fazer o estágio dos foguetes anti-aéreos. Da primeira vez vieram umas 24 instalações de lançamento Strella, via Conacri. Os Strella acabaram com a guerra no sentido em que o exército colonial ficou completamente na defensiva. Foi exactamente nesse momento que começamos a fazer operações de maior envergadura, de dia... Em termos de luta armada, o assassinato de Cabral teve um efeito oposto àquele que se esperava: houve um recrudescimento da actividade armada e, quando chegaram os Strella, foi a gota de água. Lembro-me que a chegada de Bethencourt Rodrigues foi saudada com uma operação ofensiva que os portugueses fizeram. Foi uma operação no chão dos manjacos com duas companhias de comandos que se infiltraram ali de helicóptero mas que os helicópteros já não puderam ir buscar por causa dos mísseis terra-ar. Essas suas companhias foram perfeitamente destruídas e até foi capturado o comandante de uma delas”. Deixamos para o próximo texto os depoimentos de Dias Rosas, Tomé Pinto, Hélio Felgas e o Rui Patrício.

(Continua)
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Nota de CV:

Vd. postes de:

9 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6569: Notas de leitura (120): A Guerra de África, 1961-1974, Volume I, por José Freire Antunes (1) (Mário Beja Santos)
e
11 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6577: Notas de leitura (121): A Guerra de África, 1961-1974, Volume I, por José Freire Antunes (2) (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P6593: Estudos (1): Guerra de África - O QP e o Comando das Companhias de Combate (António Carlos Morais da Silva, Cor Art Ref) (V Parte)



Luís Marcelino, um dos poucos ex-capitães milicianos que, até á data, fazem parte da nossa comunidade virtual e nos dão a honra da sua participação (activa) no blogue. Acredito que, para a grande maioria dos oficiais (quer do QP quer milicianos), não seja fácil dar a cara e o nome. Mas, como gostamos de lembrar com frequência, a nossa Tabanca Grande não tem portas nem janelas, cavalos de frisa, valas, arame farpado, fossas, minas e armadilhas... Este blogue está aberto a todos os combatentes da Guiné, qualquer que tenha sido o seu posto na época, ou até o lado em que combateram, desde que estejam dispostos a partilhar histórias e memórias, e aceitar as nossas regras do jogo...

O Luís Marcelino foi o Comandante da CART 6250, Mampatá, 1972/74.  Espero poder dar-lhe um abraço no nosso V Encontro Nacional, no próximo dia 26, em Monte Real. Eis como ele próprio fez a sua apresentação, aquando da sua entrada para a nossa Tabanca Grande, em 6 de Junho de 2009:

(...) "Sou Luís Marcelino, a viver em Leiria. Fiz o meu serviço militar, entre Janeiro de 1971 e Agosto de 1974. No primeiro Trimestre de 1972, em Vila Nova de Gaia, foi formada a CART 6250 que comandei,  ali fazendo a preparação para a comissão na Guiné. Em Junho desse ano, partimos para a grande aventura, que terminou em Agosto de 1974.

"Fizemos o treino Operacional em Bolama, durante cerca de um mês, findo o qual partimos para Mampatá, em rendição de uma Companhia de Infantaria. A nossa Companhia era independente e estava adida ao Batalhão sediado em Aldeia Formosa, a cerca de 7 Kms de Mampatá.

"Após o regresso da Guiné entrei para a GNR, onde prestei serviço em Leiria, Évora, Santarém e Lisboa. Estou actualmente aposentado" (...).

Foto: © Luís Marcelino (2009). Direitos reservados.

































































Publicação da 5ª (e penúltima) parte do estudo do Cor Art Ref António Carlos Morais da Silva, professor do ensino superior universitário, antigo docente da Academia Militar, do Instituto Superior de Gestão e da Universidade Autónoma de Lisboa. O autor é especialista em Investigação Operacional. Também passou pelo TO da Guiné como oficial do QP.

O Morais da Silva teve a gentileza de facultar ao nosso blogue, em pdf e em word, um exemplar do seu estudo, de 33 pp., sobre a "Guerra de África - O QP e o Comando das Companhias de Combate" (2ª versão Maio de 2010). A 1ª versão (Março de 2010), de 30 pp., circulou internamente, na nossa Tabanca Grande, através da nossa rede de emails. A 2ª versão, aumentada e actualizada, também irá ser distribuída por email.

Este estudo chega agora  a um público mais vasto, através do nosso blogue (*).

A existência de um elevado número de gráficos e quadros obrigou-nos a digitalizar todo o relatório , sob a forma de imagens, por partes. Esta é a V  parte, correspondente às pp. 22-29.

Por sua vez, o nosso camarada Jorge Canhão (ex-Fur Mil da 3ª Companhia do BCAÇ 4612/72, Mansoa, 1972/74, foto à esquerda) encarregou-se da morosa tarefa da digitalização do relatório, folha a folha. Aqui fica a expressão do nosso agradecimento público, pelo empenho e pela competência com que levou a cabo a digitalização do documento.

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Nota  de L.G.: 

(*) Vd. postes anteriores:


6 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6541: Estudos (1): Guerra de África - O QP e o Comando das Companhias de Combate (António Carlos Morais da Silva, Cor Art Ref) (II Parte)

8 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6560: Estudos (1): Guerra de África - O QP e o Comando das Companhias de Combate (António Carlos Morais da Silva, Cor Art Ref) (III Parte)