1. Comentário de Cherno Baldé [, foto à esquerda, com os seus quatros filhos,] ao poste P8863
Boa tarde Luís,
Como já tive oportunidade de dizer, gostaria de estar online em permanência para comunicar e acompanhar a vida do Blogue mas, infelizmente, ainda não é possível pelo que lamento o facto de ter que responder sempre com alguns dias de atraso.
Claro que quero ter notícias dos meus amigos portugueses que passaram por Fajonquito entre 1970/74. A CCAÇ 3549 se destaca em especial por ter sido das últimas e das quais nos lembramos melhor.
Não creio que o soldado condutor Dias esteja [já] entre nós por se tratar de uma pessoa que tinha um perfil psicológico muito agitado, temperamental. Não obstante, sei que muitos dos seus colegas ainda estão vivos e têm-se reunido com alguma regularidade. Antes, o José Cortes dava notícias sobre os encontros.
Assusta-me um pouco a ideia de um possível reencontro com os meus velhos amigos de infância, preferia guardá-los, na minha memória, com a imagem de há 40 anos atrás, razão por que não estou muito entusiasmado. Quando vejo as imagens dos vossos encontros, custa-me muito acreditar que são as mesmas pessoas que conheci nos anos 60/70. Da mesma forma que fiquei dececionado quando voltei da URSS em 1990 e encontrei o meu pai, outrora forte e imponente, agora vergado sob o peso da idade e da miséria humana.
Como já tinha deixado transparecer, eu não estou à procura de ninguém em especial. Nós vivemos no mesmo planeta terra, mas temos realidades históricas e contextos sociais diferentes. Não quero expor ninguém a situações que não sejam da sua própria vontade, e salvo algumas exceções, não me parece que haja muito entusiasmo da parte dos ex-soldados metropolitanos em revisitar o seu passado da Guiné e doutras partes. Pode ser uma percepção errada da minha parte e, se for, peço desculpas.
A minha viagem para a ex-URSS aconteceu em agosto de 1985 e o regresso à Guiné em setembro de 1990.
Um grande abraço para ti, extensivo à familia (a Alice, ao João e à Joana) e a todos que te são queridos.
Os meus votos de boa saúde e muita coragem a todos os nossos coeditores.
Do teu amigo e irmão,
2. Comentário de L.G. [, foto à direita, CCAÇ 12, Finete, 1969, acompanhado do José Carlos Suleimane Baldé e do Umaru Baldé, do 4º Gr Comb]:
Tinha perguntado, no mesmo poste, o seguinte:
Cherno Baldé: (...) Andamos à procura do Dias... Será que queres ter noticias dele ?... Outra coisa: quando partiste para a Moldávia ? Finais de 1985, princípios de 1986 ?... Regressaste, de Kiev, em 1989, é isso ?... Um abraço fraterno. Prometo visitar-te quando aí for... Luís
PS - A família, a saúde, o emprego ? Como vão as coisas por aí ?
Como já tive oportunidade de dizer, gostaria de estar online em permanência para comunicar e acompanhar a vida do Blogue mas, infelizmente, ainda não é possível pelo que lamento o facto de ter que responder sempre com alguns dias de atraso.
Claro que quero ter notícias dos meus amigos portugueses que passaram por Fajonquito entre 1970/74. A CCAÇ 3549 se destaca em especial por ter sido das últimas e das quais nos lembramos melhor.
Não creio que o soldado condutor Dias esteja [já] entre nós por se tratar de uma pessoa que tinha um perfil psicológico muito agitado, temperamental. Não obstante, sei que muitos dos seus colegas ainda estão vivos e têm-se reunido com alguma regularidade. Antes, o José Cortes dava notícias sobre os encontros.
Assusta-me um pouco a ideia de um possível reencontro com os meus velhos amigos de infância, preferia guardá-los, na minha memória, com a imagem de há 40 anos atrás, razão por que não estou muito entusiasmado. Quando vejo as imagens dos vossos encontros, custa-me muito acreditar que são as mesmas pessoas que conheci nos anos 60/70. Da mesma forma que fiquei dececionado quando voltei da URSS em 1990 e encontrei o meu pai, outrora forte e imponente, agora vergado sob o peso da idade e da miséria humana.
Como já tinha deixado transparecer, eu não estou à procura de ninguém em especial. Nós vivemos no mesmo planeta terra, mas temos realidades históricas e contextos sociais diferentes. Não quero expor ninguém a situações que não sejam da sua própria vontade, e salvo algumas exceções, não me parece que haja muito entusiasmo da parte dos ex-soldados metropolitanos em revisitar o seu passado da Guiné e doutras partes. Pode ser uma percepção errada da minha parte e, se for, peço desculpas.
A minha viagem para a ex-URSS aconteceu em agosto de 1985 e o regresso à Guiné em setembro de 1990.
Um grande abraço para ti, extensivo à familia (a Alice, ao João e à Joana) e a todos que te são queridos.
Os meus votos de boa saúde e muita coragem a todos os nossos coeditores.
Do teu amigo e irmão,
2. Comentário de L.G. [, foto à direita, CCAÇ 12, Finete, 1969, acompanhado do José Carlos Suleimane Baldé e do Umaru Baldé, do 4º Gr Comb]:
Tinha perguntado, no mesmo poste, o seguinte:
Cherno Baldé: (...) Andamos à procura do Dias... Será que queres ter noticias dele ?... Outra coisa: quando partiste para a Moldávia ? Finais de 1985, princípios de 1986 ?... Regressaste, de Kiev, em 1989, é isso ?... Um abraço fraterno. Prometo visitar-te quando aí for... Luís
PS - A família, a saúde, o emprego ? Como vão as coisas por aí ?
3. Resposta do nosso camarada José Cortes (ex-Fur Mil At Inf da CCAÇ 3549/BCAÇ 3884, Fajonquito, 1972/74), ao um pedido meu de notícias sobre o Sold Conduto Auto Dias:
De: José Cortes [ cortjose@gmail.com]
Data: 12 de Outubro de 2011 21:26
Assunto: Soldado Condutor Dias
Caro Luís Graça, é verdade tenho andado um pouco afastado das lides da Tabanca, já me encontro reformado desde Abril e estou ainda a ajustar o meu novo estilo de vida, com tempo para tudo e sem tempo para nada, se é que me entendes.
Pois o Cherno Baldé pergunta pelo Soldado condutor Manuel Alberto Dias dos Santos, que era conhecido só por Dias, e que na verdade como ele diz era um pouco rude na maneira de falar, mas correto na maneira de agir.
O companheiro Dias, infelizmente, já faleceu, salvo erro em 2005. Foi funcionário do Boavista, e vivia naquela zona da Boavista, na cidade do Porto.
Nós também não o voltámos a ver porque ele não comparecia aos nossos convívios. Fizemos um, onde o Capitão São Pedro quis prestar homenagem a todos os que já tinham falecido, e convidou as viúvas dos camaradas já desaparecidos, e foi quando soubemos da sua morte, através da viúva do soldado Dias, que esteve presente nesse convívio assim como quase todas.
Ainda hoje há viúvas dos camaradas que iam aos nossos encontros, fazem questão de estar presentes, mesmo já não tendo os maridos, porque era aquilo que eles gostavam e elas
continuam a estar presentes e a responder pelos maridos à chamada.
Quero ainda dizer que mantenho contacto com a Filomena, que andou à procura do Furriel Andrade, trocamos emails, e falamos no Facebook, ela trabalha numa ONG (Organização não Governamental), em Bissau, que protege as mulheres que trabalham na agricultura, enquanto os homens passam o dia debaixo do mangueiro à sombra.
Bem fico por aqui, um abraço, a toda a Tabanca.
____________Assunto: Soldado Condutor Dias
Caro Luís Graça, é verdade tenho andado um pouco afastado das lides da Tabanca, já me encontro reformado desde Abril e estou ainda a ajustar o meu novo estilo de vida, com tempo para tudo e sem tempo para nada, se é que me entendes.
Pois o Cherno Baldé pergunta pelo Soldado condutor Manuel Alberto Dias dos Santos, que era conhecido só por Dias, e que na verdade como ele diz era um pouco rude na maneira de falar, mas correto na maneira de agir.
O companheiro Dias, infelizmente, já faleceu, salvo erro em 2005. Foi funcionário do Boavista, e vivia naquela zona da Boavista, na cidade do Porto.
Nós também não o voltámos a ver porque ele não comparecia aos nossos convívios. Fizemos um, onde o Capitão São Pedro quis prestar homenagem a todos os que já tinham falecido, e convidou as viúvas dos camaradas já desaparecidos, e foi quando soubemos da sua morte, através da viúva do soldado Dias, que esteve presente nesse convívio assim como quase todas.
Ainda hoje há viúvas dos camaradas que iam aos nossos encontros, fazem questão de estar presentes, mesmo já não tendo os maridos, porque era aquilo que eles gostavam e elas
continuam a estar presentes e a responder pelos maridos à chamada.
Quero ainda dizer que mantenho contacto com a Filomena, que andou à procura do Furriel Andrade, trocamos emails, e falamos no Facebook, ela trabalha numa ONG (Organização não Governamental), em Bissau, que protege as mulheres que trabalham na agricultura, enquanto os homens passam o dia debaixo do mangueiro à sombra.
Bem fico por aqui, um abraço, a toda a Tabanca.
José Cortes
[ Título / revisão / fixação de texto, em conformidade com o NAO - Novo Acordo Ortográfico]
[ Título / revisão / fixação de texto, em conformidade com o NAO - Novo Acordo Ortográfico]
Nota do editor:
Último poste da série >8 de Outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8870: Memórias do Chico, menino e moço (28): De Bissau a Kiev ou o percurso de um ex-rafeiro (Parte IV) (Cherno Baldé)