terça-feira, 13 de novembro de 2012

Guiné 63/74 - P10663: Álbum fotográfico de Armindo Batata, ex-comandante do Pel Caç Nat 51 (Guileje e Cufar, 1969/70) (11): População civil da região de Tombali


Foto nº 71


Foto nº 74


Foto nº 75


Foto nº 76


Foto nº 77


Foto nº 83


Guiné > Região de Tombali > s/l > c. 1969/70 > Últimas  fotos do álbum do Armindo Batata, ex-alf mil, comandante do Pel Caç Nat 51 que esteve em Guileje (desde janeiro de 1969) e depois em Cufar (1970, provavelmente, cerca de 9 meses). Em Dezembro 1969/Janeiro 1970 estava em Cacine, vindo de Gadamael, em LDM, "em trânsito para Cufar". Ficaram "uns dias em Cacine", antes de prosseguirem viagem, também em LDM, para Catió. (*) 

Estas fotos fazem parte de um lote de largas dezenas, cedidas pelo Armindo Batata ao Núcleo Museológico Memória de Guiledje. Não tinham legendas, estando distribuídas por 4 grupos: (i) Guileje, (ii) Cacine (Dez 69); (iii) Cufar e (iv) Outros locais. 

As fotos que hoje reproduzimos, pertencem a este último grupo, e retratam população civil.  

Aguardamos que o fotógrafo nos ajude a legendá-las. As fotos nº 71, 74 e 75 podem estar relacionadas com a festa do "fanado" feminino... Em princípio, terão sido tiradas em Guileje ou Cufar, as duas localidades onde o fotógrafo passou mais tempo

Fotos: © Armindo Batata (2007) / AD - Acção para o Desenvolvimento. Todos os direitos reservados [Fotos editadas por L.G.]

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Nota do editor:

Guiné 63/74 - P10662: Viagem à volta das minhas memórias (Luís Faria) (58): Bula - Pré-peluda

 


1. Em mensagem do dia 10 de Novembro de 2012, o nosso camarada Luís Faria (ex-Fur Mil Inf MA da CCAÇ 2791, Bula e Teixeira Pinto, 1970/72) enviou-nos mais este episódio para a sua série.
 




Viagem à volta das minhas memórias (58)

Bula – Pré-peluda

Surpresa

Perguntava-me o José Dinis sobre Bubaque, em comentário ao meu “poste” anterior…

Terminados os “festejos” pelo final do trabalho de “mineiro” e recuperado dos seus efeitos, começava a ser hora de iniciar a preparação para a entrada na pré-peluda, ou seja abalançar-me para uns diazitos na sonhada e ansiada Bubaque, o que envolveria alguns trâmites de ordem burocrática e logística, a começar pela efectiva autorização superior e respectiva guia de marcha (?) assim como a procura e espera de transporte. Tudo isto levaria talvez dois ou três dias, com sorte.

Estando já no Cumeré a “FORÇA”, incluso creio o pessoal administrativo, já não recordo a quem me reportava, se ao Comando antigo, se ao novo, se a alguma das Companhias que nos foram substituir. Não sei.

Sei é que nos entretantos e sem que minimamente estivesse a contar, me incumbiram de um novo trabalho que me fez ficar ”puto da vida”. Demonstrar o meu desagrado protestando em nada resultou !!! Ordens… eram para ser cumpridas! Tinha é que interiorizar a situação, mentalizar-me e na hora não deixar que qualquer sentimento de revolta afectasse a concentração no trabalho a desenvolver.

Qual o mancomunado trabalho? Um “convite”, ao que recordo em exclusividade à minha pessoa, para levantar um campo de minas, relativamente pequeno é certo, lá para as bandas esquerdas de S. Vicente, nas bordagens de uma bolanha.

Era certo, lá se me iria a ante-gozada “pré-peluda” pelo cano abaixo. Ordens… eram ordens e estas vinham de cima. Porquê a mim? À altura apeteceu-me mandar tudo “p´ro car… ” e fugir… achei injusto, na minha óptica era injusto.

Assim, no dia e hora aprazados, vestido e calçado para o efeito e munido com a “ferramenta” habitual monto-me na viatura juntamente com a rapaziada da segurança comandada pelo então Cap. Salgueiro Maia.

Chegado e referenciado o campo, surpresa… era quase só lama e água!!!

Comecei a sentir a vida a andar para trás… logo nos primeiros lançamentos… a pica nada detectou na localização assinalada nem nas proximidades. Reconfirmadas as referências e diversificadas as experiências… manteve-se a situação. De repente, talvez a um passo ao lado do pé avisto uma e na proximidade… uma outra… plásticas, digamos a boiar, completamente deslocalizadas, que lá não estavam!!! A movimentação dos pés tê-las-iam feito deslocar? Assim sendo quereria dizer que mesmo picando centímetro a centímetro estava sujeito a pisar uma vadia.

Não, não ia “entrar numa fria”. Senti que não havia a mais pequena hipótese com e naquelas condições de levar a bom termo a empreitada, pelo que não estava nada disposto a arriscar na sorte e só na sorte.

Não, nem pensar, decidi. Já havia tido que bastasse.

Chamado o Capitão… mostro-lhe as “boiadoras” - que acabei por neutralizar - e o estado em que está o campo. Esclareço-o (como se fosse necessário?!) da periculosidade e exemplifico-lhe a quase impossibilidade da detecção que só por sorte, muita sorte mesmo, seria possível sem que houvesse um acidente.

Procura dar-me ânimo e incentivar-me ao levantamento. Para além do já explicado e demonstrado, refiro-lhe o estar a poucos dias de embarcar, ao que responde com um incisivo (do género) ”tem que ser feito”, que não me agradou nada, mesmo nada.

Já decidido pelo não, ao sair-me um agressivo (quase sic), “então levante-as o meu Capitão”, vi-me de imediato com uma porrada e a prolongar a comissão num qualquer “burako” do território. ”Fod…” devia ter sido diplomático… ou fingir que torcia um pé… ou um jeito nas costas… mas o que já tinha saído, ficava… paciência, assumiria as consequências como me tinham ensinado e desde miúdo cumpria.

Se bem recordo ficou a olhar para mim surpreso e bastante “chateado”, mas não tenho ideia de quaisquer mais palavras agressivas ou ameaças… estou em crer que nada disso houve. Fiquei à espera e a mentalizar-me para a “pancada”, coisa mais que natural por ter virado costas e me ter recusado a uma ordem directa, ainda para mais vinda de “cima”.

Bem, mas como havia aqueles meus pensamentos secretos (meter o xico)… não iria ter que me esforçar a decidir, já que após o que se passara, na certa ficaria decidido por “inerência”.

Daí a uns poucos dias e sem ter vislumbrado Bubaque, estava no Cumeré sem que tenha tido conhecimento de qualquer evolução sobre o acontecido, não sei porque… talvez pelas consciências terem trabalhado… apontando a clarividência.

Julgo que três dias depois e com uma ida a Bissau pelo meio, estaria a embarcar no “Boeing” dos TAM juntamente com a Rapaziada, rumo à PELUDA.

E José Dinis, assim foi a tal pré-peluda. BUBAQUE… nem por um canudo… só um sonho relaxante e lindo!

Luís Faria
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 18 de Outubro de 2012 > Guiné 63/74 - P10544: Viagem à volta das minhas memórias (Luís Faria) (57): Bula - A guerra das minas (7): Bula - Minas, fim do suplício

Guiné 63/74 - P10661: Do Ninho D'Águia até África (26): Raízes de agricultor (Tony Borié)

1. Vigésimo sexto episódio da narrativa "Do Ninho de D'Águia até África", de autoria do nosso camarada Tony Borié (ex-1.º Cabo Operador Cripto do Cmd Agru 16, Mansoa, 1964/66), iniciada no Poste P10177:


Do Ninho D'Águia até África (26)

Raízes de agricultor

A época das chuvas, já lá vai, e com ela foram quase quatro meses. Durante este espaço de tempo, o Cifra cumpriu as suas tarefas com normalidade. Só fez uma viajem de fim de mês, circulando, sempre em zonas de acção, mas não teve contacto com alguma situação que envolvesse conflito. No aquartelamento, a sua vida é quase de rotina. Uma, duas, e até três vezes por mês, são flagelados, durante a noite por granadas de morteiro, seguidas de rajadas de metralhadoras e tiros esporádicos de outra arma, talvez pistola. Isto acontece, principalmente, quando chegam tropas novas ao aquartelamento. Já consideram isto uma rotina, umas vezes, são avisados de possível ataque, outras não.

 Em primeiro plano Iafane, o barqueiro. De pé o Cifra

O Iafane, o “Barqueiro”, foto acima, sentado na sua canoa, olhando para o Cifra, (mais para a frente contaremos a sua história), muitas vezes dizia ao Cifra, nos momentos em que passam juntos, na sua pequena casa coberta de colmo, onde guardava os remos e outros utensílios, junta à ponte do rio, enquanto ele estava entretido, com um cigarro na boca, sem nunca o tirar, até ser consumido totalmente, na construção da sua nova canoa, e o Cifra, fumando e abrigando-se do sol tórrido:
- Cifra, pessoal mau, anda na zona.

E o Cifra, questiona:
- Como sabes.

E ele responde, mais ou menos assim:
- Tu saber, que eu sei, e digo a ti, porque tu és meu irmão, e cala-te, se militar no quartel, sabe que eu sei, estou morrido.

Isso era verdade. O Cifra sabia e o Iafane dizia isto ao Cifra, porque confiava nele e sabia do envolvimento do Cifra com as duas raparigas, que afinal eram guerrilheiras, suas vizinhas quando viviam com a família, na tal aldeia, próximo do aquartelamento, numa morança próximo da sua.

Mas continuando, quando acontece um ataque ao aquartelamento, fogem imediatamente para os abrigos, pois neste momento existe uma boa protecção em abrigos subterrâneos, que não são mais do que valas abertas no solo, da altura de um homem, cobertas com troncos de árvores, geralmente palmeiras, depois cobertos com um bom metro de terra. Há o inconveniente, de por vezes se encherem de água, que depois seca, ou se tira com um balde. À volta do aquartelamento, do lado das matas, em alguns locais, existe uma barreira de terra, afastada mais ou menos dois metros do arame farpado, com cerca de um metro de altura. Dá uma certa segurança. Se as primeiras granadas, não acertam no alvo, passado um minuto, já o pessoal está nos abrigos a proteger-se.

Durante estes ataques, e quando os rebentamentos começam a ser menos frequentes, sai uma companhia de intervenção, ou o pelotão de morteiros, tentando bater a zona, até onde sendo possível, não indo além de uma distância de duzentos a trezentos metros, talvez menos. Não sabem, talvez por sorte, ou uma certa experiência de protecção, não houve feridos ou mortes, além de uma reparação, aqui ou ali, em alguns locais, que foram atingidos pelos rebentamentos. Há uma área, no aquartelamento, que foi flagelada por granadas, que nunca se reparou. É para exemplo, de tropas novas, quando chegam ao aquartelamento.


O Cifra, nas horas em que não tem mesmo nada que fazer, trata de uma pequena plantação de couves e alfaces, que iniciou, próximo dos tais três furos de água quente, muito quente, a cheirar a enxofre, ou coisa parecida, que havia ao sul do aquartelamento. No solo, de cor preto/vermelho, largou a semente, que cobriu com um pouco de terra. Passadas umas semanas, já os vegetais cresciam. Era só regar de vez em quando.

Na altura em que a água tinha contacto com o solo, podia ver-se as alfaces a crescer, a desabrochar, como se fosse um ser vivo. Que espectáculo. Os vegetais eram consumidos no aquartelamento.

O Curvas, alto e refilão, passava muitas horas ao redor desta plantação, fez uma vedação, com paus, em seu redor, e não deixava que ninguém se aproximasse, ou tocasse nos vegetais, e dizia, na linguagem que todos lhe conheciam:
- Até que enfim que vi o Cifra fazer qualquer coisa neste aquartelamento, deviam de pôr essa “tropa fandanga”, que são os cifras, e todos esses, que estão metidos nos gabinetes, a cavar terra, pois assim já podiam dizer que trabalham, porra.

Era assim o homem.

(Texto, ilustrações e fotos: © Tony Borié (2012). Direitos reservados) 
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 10 de Novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10646: Do Ninho D'Águia até África (25): O comboio das seis e meia (Tony Borié)

Guiné 63/74 - P10660: Parabéns a você (494): José Manuel Lopes, ex-Fur Mil da CART 6250 (Guiné, 1972/74)

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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 11 de Novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10651: Parabéns a você (493): Jorge Araújo, ex-Fur Mil Op Esp da CART 3494 (Guiné, 1972/74)

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Guiné 63/74 - P10659: O nosso livro de visitas (152): João Meneses, 2º ten FZE RA, DFE 21, gravemente ferido na península do Cubisseco, em 27/9/1972


Página do blogue Reserva Naval, do nosso camarada Manuel Lema Santos, "aberto  a antigos Oficiais da Reserva Naval na publicação de documentos, relatos, imagens e comentários. Um meio de comunicação e participação na divulgação do legado histórico da Reserva Naval da Marinha de Guerra"... No poste de 7 de maio de 2012, 


1. Mensagem do nosso leitor (e camarada) João Saldanha Meneses:

Data: 3 de Novembro de 2012 17:33

Assunto: Tabanca Blog

Exmo Sr. Luis Graça

Começo por me apresentar (*):


João Meneses: 2º Ten FZE RA, oficial do Destacamento de Fuzileiros Especiais 21, na Guiné, no ano de 1972, tendo sido ferido em combate na provincia do Cubisseco [, a sudoeste de Empada, vd.carta de Catió,] em 27 de Setembro desse ano  (**), e tendo passado à situação de DFA [, Deficiente das Forças Armadas,] em consequência dos ferimentos então recebidos.

Posto isto:

Gostaria de fazer parte deste Blog, onde poderei eventualmente participar. Caso tal venha a suceder, e como nada acontece ser escrito sem uma visão própria dos factos, aceitando e respeitando todos, não deixarei de o transmitir

Qual a forma de o fazer?

Com os meus agradecimentos.

João Meneses

2. Comentário de Carlos Vinhal:

Caro camarada João Meneses

À boa maneira do nosso Blogue, permite-me o tratamento (mútuo) por tu. Em nome do Editor Luís Graça estou a agradecer o teu contacto e a dizer-te que será uma honra ter-te como tertuliano do nosso Blogue, mais conhecido por Tabanca Grande.

Infelizmente a Marinha é a Arma menos representada na tertúlia pelo que a tua "entrada" é uma mais-valia.

Isto funciona assim: envias-nos uma foto do teu tempo de Fuzileiro e outra actual (digitalizadas) em formato JPG, tipo passe de preferência, ou em alternativa outros formatos a partir dos quais os "nossos serviços técnicos" (eu) possam fazer as fotos da praxe para encimar os teus artigos a publicar.


Sabemos de ti o essencial, posto e unidade, falta a data de ida e regresso para a Guiné. Se quiseres, poderás na tua apresentação contar como, quando e onde foste ferido, se continuaste a carreira militar, qual o teu posto actual ou de passagem à reserva/reforma, etc.

A ideia é fazer um poste de apresentação à tertúlia com estes elementos mais básicos ou outros que queiras acrescentar. A partir daí, poderás enviar as tuas memórias escritas ou em imagem para serem publicadas. A maioria dos depoimentos escritos, e fotos, pertencem à malta do Exército, havendo ainda uma sensível colaboração da Força Aérea. Da Marinha, militaram por cá os Comandantes Manuel Lema Santos e Pedro Lauret, 2.º Ten José Macedo, Marinheiro Manuel Henrique Q. Pinho, e julgo que é tudo quanto aos valorosos camaradas da Armada.


No lado esquerdo da nossa páginas poderás encontrar as nossas regras e objectivos do Blogue, nada de transcendente, apenas normas de bom convívio, respeito pela diferença de opinião, etc.

Fico a aguardar o teu próximo contacto.

Até lá deixo-te um abraço em nome dos editores (Luís Graça, Eduardo Magalhães e Carlos Vinhal) e da tertúlia em geral.

Fico ao teu dispor para qualquer esclarecimento adicional.

O teu camarada,
Carlos Vinhal
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Nota do editor:

(*) Último poste da série > 12 de novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10654: O nosso livro de visitas (151): José Lino Oliveira, ex-fur mil, CCS/BCAÇ 4612/74 (Cumeré, Mansoa, Brá, 1974)

(**)  Excerto do blogue Reserva Naval, poste de 7 de maio de 2012:

(...9 Entretanto, a situação no sul da Província tornava-se alvo de preocupação do Comando-Chefe, pois a actividade inimiga na área aumentara à medida que o esforço de guerra se deslocava para a fronteira norte. Em Julho de 1972 (Directiva 10/72 do Comando-Chefe) são atribuídos ao CDMG dois DFE’s para assalto e conquista da parte sul da península do Cubisseco. Esta seria uma tarefa típica de forças terrestres cuja finalidade primordial consistia em recuperar psicologicamente a população. É assim que a instrução de operações emanada pela Comando de Defesa Marítima da Guiné em 21 de Julho determina:

Âmbito da manobra militar socio-económica determinada instalação permanência forças região Cubisseco objectivo primordial recuperação psicológica POP (populações) permita construção próxima época seca reordenamento área. Ocupar tabanca região Cubisseco estabelecendo uma posição da qual possam ser conduzidas acções a fim de aniquilar IN exercendo interna acção psicológica sobre POP/IN com vista à sua recuperação e desequilíbrio de forças.

(...) Para esse efeito foi constituída a CTG5 e, a 24 de Julho, é lançada uma grande operação que se iria arrastar por quatro meses e meio com a finalidade de implantar, numa zona controlada pelo inimigo, uma base de onde seriam desencadeadas operações em todo o Cubisseco de Baixo e Pobreza. Era a Operação “Verga Latina”, onde se encontraram empenhados os dois Destacamentos de Fuzileiros Especiais Africanos.

O DFE 21, transportado pela LFG “Hidra”, desembarcou às 07:30 na Ponta Nalu, e o DFE 22 que se encontrava a bordo da LDG “Bombarda”, desembarcou às 06:30 junto às tabancas de Mansabá, reunindo-se os dois destacamentos no dia seguinte próximo da Tabanca Nova, onde foi montado estacionamento; continuando no local com trabalhos de desmatação e instalação, montaram de maneira expedita um aquartelamento que passou a ser designado por “Tabanca Nova da Armada”.

Enquanto os Destacamentos Africanos se encontravam no Cubisseco entregues à Operação “Verga Latina”, os três DFE’s metropolitanos mantinham-se em patrulhas e emboscadas ao rio Cacheu e seus afluentes, sendo que um em Vila Cacheu e os outros dois em Ganturé.

(...) Em Agosto já o inimigo entendera que a intenção da Marinha era permanecer no Cubisseco, pelo que passaram a ser aguardados fortes ataques à Tabanca Nova da Armada. Havia então necessidade de se preparar a defesa, pelo que se cavaram trincheiras com valas e foram montados redutos de armas pesadas:  um com dois morteiros 120 mm; um com cinco morteiros 81 mm; um com três morteiros 81 mm; outro com dois morteiros 81 mm e um de 60 mm, possuindo mesmo um canhão sem recuo 7.5 capturado ao inimigo.

(...) A 26 de Agosto o estacionamento foi flagelado pela primeira vez em ataques que se repetiriam, com maior ou menor violência, por seis vezes durante o mês de Setembro, mantendo-se os dois Destacamentos em intensa actividade na área, com excelentes resultados.

No dia 27 de Setembro, durante uma acção no Cauto, por heliassalto, o DFE21 entra de novo em combate, ficando gravemente ferido o STEN FZE RN Carvalho Meneses, recém-chegado à Província.

Embora com meios cada vez mais sofisticados, o inimigo continua a adoptar a táctica pura de guerrilha.

«Pareceu-me que o IN não se encontra em força na área. Conhecedor do terreno, sabe escolher os sítios onde pode fazer emboscadas com certo êxito e com elevada margem de segurança. Utiliza grupos pequenos para poder estar em vários lados ao mesmo tempo, cobrindo assim a quase totalidade da área. Mostram-se aguerridos mas cautelosos, pois ao mínimo movimento para manobra cortam o contacto e fogem.»

DFE21, Operação “Verga Latina”, SET72

«Após flagelação a aquartelamento, as nossas tropas (NT) detectaram 9 munições de lança-granadas (LG 8.9) metidas dentro dos respectivos tubos, os quais estavam enterrados até metade e com uma inclinação de 45º na direcção do aquartelamento. Os fios de ignição estavam ligados em paralelo para um possível disparo em simultâneo.»

I.O.M.G. n.º 9/72


(...) Durante o mês de Outubro os dois Destacamentos Africanos que integravam a TG5 continuavam empenhados na Operação “Verga Latina”, acantonados na Tabanca Nova da Armada, durante ess período flagelada por quatro vezes, enquanto os DFE’s metropolitanos se mantinham em acção na fronteira norte, entregues a nomadizações, patrulhas e emboscadas terrestres ou aquáticas, no rio Cacheu e afluentes.

«Pelas 08:50 um grupo de assalto com elementos dos dois Destacamentos desembarcou [...], regressando ao estacionamento onde chegou pelas 18:15, tendo capturado uma espingarda Mauser, munições diversas, material diverso, três homens, onze mulheres e nove crianças. Pelas 18:20 foi este flagelado com fogo de morteiro 82 mm e canhão sem recuo, sem consequências».

Durante o mês de Novembro, o estacionamento de Tabanca Nova da Armada foi flagelado por onze vezes, algumas mesmo junto ao “arame” (perímetro defensivo), permanecendo os DFE’s 21 e 22 naquele estacionamento de onde efectuavam permanentemente patrulhamentos ofensivos na área.

Porém, foi entendido pelo Comando de Defesa Marítima da Guiné que os objectivos que presidiam ao lançamento da Operação “Verga Latina”, que consistiam em “recuperar psicologicamente a população do Cubisseco”, não surtiam os efeitos desejados, já que a pouco numerosa população que vivia na área se encontrava perfeitamente enquadrada e mentalizada pelo inimigo. Foi por isso decidido retirar os dois Destacamentos, dasactivando o aquartelamento. (...)



(...) Comentário de 24/10/2012: 

João Saldanha Meneses disse...

Carlos Alberto Encarnação disse: "...a sua discordância já que ao local escolhido as LDM´s só podiam aceder durante cerca de uma hora no estofo da maré e, por outro lado,  qualquer operação originada naquele local obrigava a passar por uma estreita faixa de terra, sem qualquer protecção , o que permitia às forças do PAIGC conhecer todo e qualquer movimento efectuado, no dizer de um dos oficiais fuzileiros que ali estiveram bastava ao PAIGC ter um polícia sinaleiro instalado no terreno para conhecer os movimentos dos fuzileiros".

Estes comentários foram contrariados pelo CDMG com a seguinte máxima "A minha experiência diz-me que estão errados". A pretensão formulada quanto ao tipo de experiência a que era feita referência não logrou qualquer resposta e foi, mais tarde, considerada provocação. Acrescente-se que os dois oficiais que levantaram dúvidas sobre a correcção da escolha daquele local eram dos presentes aqueles que maior experiência e tempo de permanência na Guiné tinham...."

Concordo totalmente sobre a errada localização da "Tabanca Nova da Armada"  que, como foi dito, estava localizada numa zona isolada por tarrafo ligada ao restante território por uma garganta estreitíssima, fácil de controlar, como se verificou na prática. Acrescento que nos foi dada, para além da missão militar, a missão "psico" de aproximação à população. Esta última missão não se acertava com as actuações e espírito de combate de uma unidade de elite, além de que éramos colocados principalmente em zonas de ataque puro.

Quanto à LFG, (era sim uma LFP) que afirma ter sido afundada, tal não corresponde à verdade pois era uma LFP abatida que foi para ali enviada a pedido, para lhe ser retirado o canhão, que iria servir de defesa (e serviu) ao acampamento.

Não foi, também como foi dito, um  "fiasco". Não serviu a totalidade das suas intenções (psico), mas fez o que lhe foi ordenado, de forma impecável, criando um clima de insegurança ao IN numa zona considerava como controlada. Eramos uma unidade a que o IN tinha muito "respeito", pelas informações que eram difundidas pela rádio confirmado por documentos capturados.  (...)

Guiné 63/74 - P10658: O nosso livro de estilo (8): Em louvor da 38ª CCmds (Luís Graça / Eduardo Magalhães Ribeiro / António Graça de Abreu)

1. Há dias escrevia, em comentário, um dos nossos estimados leitores (e, por sinal, camarada, ex-oficial pará, com comissões nos três teatros de operações da dita guerra do ultramar de meados do século passado), que "Jaime Neves nunca esteve na Guiné" (sic), pelo que era descabido, no seu entender, a inserção do poste P10641 (*), anunciando a sessão de lançamento do livro Jaime Neves, da autoria de Rui de Azevedo Teixeira, no próximo dia 25 de Novembro de 2012, em Lisboa. A crítica ia mais longe, denunciando que "este blog é uma plataforma de promoção de realizações de índole comercial e que nada têm a ver com o seu leit-motiv declarado - a guerra da Guiné" (sic).

Conheço mal o CV [, curriculum vitae,]  de Jaime Neves, mesmo assim o suficiente para saber que nunca esteve na Guiné, pelo menos como militar, não tendo por isso  bebido a água do Geba, do Cacheu, do Corubal ou do Cacine, um dos requisitos  indispensáveis para integrar a nossa Tabanca Grande como "camarada da Guiné".  Passou pelo TO de Angola e Moçambique, esteve no 25 de abril  de 1974 e no 25 de novembro de 1975.  Isso não me impede de dar notícia, sem qualquer intuito propagandístico e muito menos comercial, do lançamento de um livro, com a sua biografia, independentemente da qualidade do livro e do seu autor. Afinal, o biografado  não é um militar qualquer.  Por outro lado, um dos apresentadores do livro é Ramalho Eanes, um outro oficial do exército que, esse sim, esteve connosco na Guiné (1969/71). 

Sei que o hoje major general na reforma Jaime Neves tem, na nossa Tabanca Grande,  gente que esteve com ele, nomeadamente no Regimento de Comandos da Amadora, e e no 25 de novembro de 1975. Estou a pensar nomeadamente nos nossos camaradas Amílcar Mendes (ex-1º Cabo Comando da 38ª CCmds, Os Leopardos,  Brá, 1972/74) e o Mário Dias (sargento comando e instrutor dos comandos da Guiné de 1964/66)... São dois camaradas e dois bons amigos, membros da nossa Tabanca Grande, de longa data.

Para mim, isso era motivo mais do que suficiente para dar notícia do evento na nossa série "Agenda Cultural". Não cultivamos ódios de estimação, qualquer que seja a sua razão (pessoal, étnica, profissional, política, ideológica ou outra). Não queremos nem alimentamos polémicas, muito menos entre antigos camaradas da "tropa especial".  E se cito aqui este caso, é apenas para sublinhar que as decisões (de inclusão ou de exclusão) dos meus co-editores têm sempre o meu aval. Confio neles, dando-lhes liberdade e responsabilidade. E, de resto, este blogue não seria o que é hoje (em termos de longevidade e relativa popularidade)  sem o seu valioso contributo, empenho e competência. Dizer que o blogue tem, velada ou descaradamente, objetivos comerciais, políticos ou ideológicos, isso é que eu não admito, porque não corresponde à verdade.

Sublinhe-se todavia que o nosso blogue está longe de ser equidistante, imparcial, justo, objetivo,  usando sempre o mesmo peso e a mesma medida... Só para dar um exemplo:  a 38ª CCmds tem já cerca de 6 dezenas de referências no nosso blogue; a 35ª CCmds, por exemplo,  não chega a meia dúzia...  Como explicar a diferença ? A razão é simples: há muito mais gente, aqui,  a escrever sobre a 38ª CCmds... E outras unidades e subunidades que passaram pelo TO da Guiné nem sequer têm aqui a mais pequena referência... E, no entanto, estamos sempre abertos às notícias que nos chegam (, incluindo sessões de lançamento de livros e outros eventos culturais), e publicamos tudo ou quase tudo que possa interessar aos camaradas que prestaram serviço militar no período, grosso modo, que vai de 1961 a 1974.

2. E a propósito fui aos cadernos do nosso coeditor, Eduardo Magalhães Ribeiro, ex-furriel miliciano de operações especiais, da CCS do BCAÇ 4612/74 (que esteve em Mansoa por escassos dias, cabendo-lhe a honra de arriar a nossa bandeira em 9 de Setembro de 1974, por ocasião da transferência de soberania do território para o PAIGC),  justamente para ir "respescar" uns versos em que se faz o elogio da amizade e camaradagem da malta da 38ª CCmds, que ele conheceu já no pós 25 de abril (*)... São, de resto, valores que queremos cultivar aqui, entre ex-combatentes do TO da Guiné de todas as  épocas, armas e especialidades (*):

Um Comando da 38ª

Era a minha sombra nas deslocações a Bissau
O meu guarda-costas preferido!... O número um!
Eu conhecia-o bem e sabia!... Que se necessário...
Dava a vida pelo amigo!... Como mais nenhum!


Na longínqua e bela Guiné,
Mais do qu’em qualquer outro lugar,
Encontrar um conterrâneo
Era o rei dos motivos p’ra festejar.

Para nós... do Porto e Lisboa,
Como éramos a maioria,
Amíude os encontros se davam
Sempre com renovada alegria.

Quando chegamos a Mansoa
Na recepção a nós, os periquitos,
Alguns velhinhos perguntavam
No meio daqueles pios esquisitos:

- Quais são os periquitos do Porto?…
Duas coisas tendes que fazer:
Pagar uma bebedeira mestra
E contar as novidades... que houver!

Fomos então p’rá cantina beber
E conversar, entusiasmados;
Nós, do Porto... do presente... de Abril
Eles... dos momentos ali passados.

Dias depois estes partiram,
O seu tempo de guerra... findara,
Foram estes os primeiros amigos
Com que a Guiné me brindara.

Um dia o Comandante disse-me:
- O vagomestre está muito doente,
Você vai substitui-lo como souber...
Vai alimentar toda esta gente.

Se mais proveito não lhe fizer,
Vai muitas vezes a Bissau… passear;
É um privilégio raríssimo,
Espero que não vá regatear!

Eu... um Operações Especiais?
Ouço, obedeço e não discuto!
Serei o Rei do desenrascanço?
Se calhar!... avancei, pois, resoluto!

No dia seguinte, surgiram-me ali,
Num jipe, três Comando, sedentos
Da 38ª Companhia,
Risonhos, amigáveis e... barulhentos.

Eram do Regimento de Comandos,
Sito na estrada p’ra Bissau, em Brá,
A cerca de sessenta quilómetros,
Que me convidaram a visitá-los… lá.

Mas entre eles estava um Cabo,
De seu nome Moreira Barbosa,
Que ao saber qu’eramos patrícios.
Exigiu comemoração honrosa.

Bebemos então e conversámos,
Ali cimentamos forte amizade
Daquele tipo hoje muito raro,
Com raízes par’a eternidade.

Ora... sempre qu’eu tinha d’ir à capital
Entrava nos Comandos a correr
- Ó Barbosa, queres vir comigo? -
Perguntai ao cego s’ele quer ver...

Provocavam enorme alarido
As viagens e as petiscadas
No Portugal, no Ronda, etc.
Estórias, anedotas... gargalhadas.

Ele conhecia metade do pessoal,
Apresentava-me toda a gente,
A nossa mesa depressa s’enchia
De malta faladora e contente.

Barbosa perto... tristeza longe,
O seu feitio guerreiro, destemido,
Completava a sua forte alma
E contagiava o mais encolhido.

Como é lógico... muitas conversas
Versavam o tema da guerra,
As grandes operações e combates.
O sangue derramado na terra.

Os golpes de mão e emboscadas,
Os acidentes graves conhecidos,
O 25 de Abril...
Enfim... os mortos e os feridos

- Manga de ronco!... Compr’uma coisa?-,
Era o pregão local dos artesãos,
Pululantes, insistentes, chatos,
Até qu’o Barbosa fechava as mãos!


Quis Deus que partisses mais cedo, amigo, irmão!
Quantas saudades deixaste dessa tua energia,
Da tua dinâmica... do teu empolgar pela acção,
Do teu espírito de aventura, do riso, da alegria!...



2.  Também vai tem aqui um excerto do Diário da Guiné, do António Graça de Abreu, com referência  a um dos últimos mortos (se não mesmo último) da valorosa 38ª CCmds, nas vésperas do 25 de abril, vítima de ataque terrorista a um café de Bissau.

(...) Bissau, 25 de Março de 1974 

A grande novidade em Bissau, capital da guerra foram as bombas no Quartel- General, na Amura, onde os estragos estão bem à vista, e num café no centro da cidade onde inicialmente morreu um civil mas depois morreram mais três militares, entre eles um soldado da 38ª de Comandos. Estes pobres rapazes até a Bissau vêm morrer!

Foram postas em prática medidas de segurança patentes onde quer que uma pessoa vá. Há patrulhas da polícia militar e civil um pouco por todo o lado. Agora, para se entrar no Quartel-General só falta passar pelo RX. O medo é maior, as coisas estão a mudar. (...)

 ___________

Notas do editor:

(*) Vd. I Série > 31 de maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCCXXI: Cancioneiro de Mansoa (8): a amizade e a camaradagem ou o comando da 38ª


(**) Último poste da série > 20 de setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10409: O Nosso Livro de Estilo (6): O que fazer com este blogue ? (Parte II ): Depoimentos de A. Pires, C. Pinheiro, D. Guimarães, L. Ferreira, B. Santos, C. Rocha, F. Súcio, B. Sardinha , T. Mendonça e JERO

Guiné 63/74 - P10657: Em busca de... (207): António de Jesus Vieira de Matos da CCS/BART 2920, ex-impedido da messe de oficiais de Bafatá, entre 1970 e 1972, procura camaradas

1. No dia 8 de Novembro de 2012 recebemos do nosso camarada António de Jesus Vieira de Matos, a viver em França, a seguinte mensagem:

Assunto: - À procura de camaradas da CCS do BART 2920

Sou Antonio de Jesus Vieira de Matos.
Fui impedido na messe dos oficiais na Guiné, em Bafatá, no periodo 1970/72. O meu colega era o Gonçalves.

Actualmente estou reformado em França.

Gostaria de ter contacto com alguns amigos/colegas de armas.

Não me lembro de você mas pelos vistos estivemos no mesmo local, ou seja Bafatá.

Agradeço uma resposta se for possivel.

Um abraço e boa saúde.
António  de Matos
antoniodematos89@hotmail.fr


2. Comentário de CV:

Caro camarada António Matos
À boa maneira entre camaradas, não há outro tratamento que não seja por tu. Somos camaradas da Guiné e temos a mesma idade, logo não há lugar a formalismos.

Um esclarecimento, eu sou teu contemporâneo na Guiné, mas estive em Mansabá entre ABR70 e FEV72. A Bafatá só fui uma vez, em coluna auto, utilizando uma antiga picada existente mas não utilizada.

Quanto ao teu desejo de encontrares camaradas para reatares velhas amizades, deixo-te uma pista que encontrei na página do nosso camarada Jorge Santos, trata-se de José Manuel Valente, do teu Batalhão, com o telemóvel 966 066 772. Podes contactá-lo para iniciares a tua pesquisa. Entretanto pode ser que apareça mais algum dos teus camaradas através deste poste.

Em tempos publicamos o Poste 10273 na nossa série "O Nosso Livro de Visitas" onde fazíamos referência a uma mensagem de um camarada do teu Batalhão, a saber António Bernardo, com o endereço antoniobernardo.faro@gmail.com. Tens aqui mais um contacto a explorar.

Recebe em nome da tertúlia um abraço e os votos de que tenhas uma vida feliz em terras de França, agora na situação de reforma.

O teu camarada e amigo
Carlos Vinhal
____________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 10 de Outubro de 2012 > Guiné 63/74 - P10510: Em busca de... (206): Camaradas que tenham conhecido o meu pai, Francisco Parreira (1948-2012), ex-1º cabo mec elect auto, Grupo de Artilharia nº 7, Bissau, 1970/72 (Filomena Maria de Sousa Parreira)

Guiné 63/74 - P10656: Álbum fotográfico de Leonel Olhero (1): Bula (Fernando Súcio / Leonel Olhero)

 

1. Damos início uma série de 4 postes com fotografias enviadas pelo nosso camarada e tertuliano Fernando Súcio (foto à esquerda), ex-Soldado Condutor do Pel Mort 4275, Bula, 1972/74, fotos estas pertencentes ao seu conterrâneo, o outro nosso camarada Leonel Olhero (foto à direita), ex-Fur Mil Cav do Esq Rec 3432 (Panhard), 1971/73, ambos contemporâneos naquele aquartelamento.




Bula > BCAÇ 8320 (1972/74) > Casa dos geradores > O Fur Mil Olhero vendo os estragos causados por um míssil

Bula > Fortim da pista > Pelotão de Morteiros

Estrada de Bissorã

Rio Mansoa > Jangada civil

João Landim > Três transmontanos: Fernando Súcio, Leonel Olhero e Cipriano.

Rio Mansoa > Jangada civil

Bula

Bula > Leonel Olhero junto a um obus 14

Bula > Fonte

Bula > Esquadrão de Panhard

Fotos: © Leonel Olhero (2012). Todos os direitos reservados [Fotos editadas por CV]

Guiné 63/74 - P10655: Notas de leitura (428): "Colapso e Reconstrução Política na Guiné-Bissau 1998-2000", por Lars Rudebeck (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 3 de Setembro de 2012:

Queridos amigos,
O Prof. Lars Rudebeck acompanhou quase em cima dos acontecimentos o conflito político-militar iniciado em 1998.
Há muitos anos que ele estuda afincadamente o processo da democratização encetado nos anos 90. O que se encontra neste seu trabalho é uma investigação onde se pretende esclarecer até que ponto a democratização tem sido afetada pelos conflitos, pelas lutas intestinas governamentais, com ou sem coligações.
O investigador recorda que os partidos políticos guineenses produziram muito pouco material sobre os seus programas, há situações insólitas em que forças partidárias se esquecem de dizer do que pretendem do desenvolvimento. Ele não esconde a sua preocupação com o facto de a Guiné não poder viver eternamente dependente da ajuda internacional, se a situação se prolongar surgirão novos conflitos com consequências seguramente lesivas para o processo democrático.

Um abraço do
Mário


Colapso e reconstrução política na Guiné-Bissau (1998-2000) 

Beja Santos 

O Prof. Lars Rudebeck é um estudioso universitário com pergaminhos firmados no estudo da Guiné-Bissau. Começou em 1972 aqui a sua tese de doutoramento, da qual já se procedeu à respetiva resenha. Colaborou com o INEP e o seu nome é assíduo na revista Soronda. A pretexto do conflito político-militar encetado em Junho de 1998, o Prof. Lars Rudebeck procura investigar de que forma a ordem democrática funciona, mesmo precariamente, ou está gravemente comprometida. Trata-se de uma análise que vai muito além do sistema multipartidário e dos procedimentos eleitorais, uma vez que nela se discutem os contrastes gritantes na forma como o povo interpreta ou interioriza a democracia. Por tal via de análise, o investigador questiona os fundamentos da sociedade civil e política, o que está por detrás da tentação por via dos complôs no comportamento militar, bem como questiona se a assistência internacional se pode eternizar. “Colapso e Reconstrução Política na Guiné-Bissau 1998-2000, Um Estudo de Democratização Difícil”, é o resultado desta investigação. Para fundamentar a sua análise, Lars Rudebeck fez três viagens de estudo à Guiné-Bissau entre 1999 e 2000.

No verão de 1994 efetuaram-se eleições legislativas e presidenciais e os resultados foram aceites, assim se dava um passo em frente no constitucionalismo democrático: presidente eleito por voto universal, um governo e uma oposição, liberdade associativa, imprensa independente, tudo parecia começar a funcionar. Mas em 7 de Junho de 1998 eclodiu um conflito, de um lado estava o presidente Nino Vieira e os seus seguidores mais próximos e um pequeno número de tropas fiéis ao governo a que se juntaria uma forte ajuda militar com efetivos vindos do Senegal e da Guiné-Conacri, e do outro lado a maior parte das forças armadas guineenses sob o comando do brigadeiro Ansumane Mané. Não demorou muito tempo a comprovar-se que Ansumane Mané e os seus revoltosos tinham um forte e crescente apoio da maior parte da sociedade guineense. O conflito foi devastador e deixou profundas marcas na população. Houve êxodos, destruições, acordos de paz não cumpridos, as duas forças contendoras temiam-se e não escondiam. Por detrás do conflito estaria sobretudo o tráfico ilegal de armas que eram entregues aos rebeldes do Casamansa. Ansumane Mané contou com o apoio de comandantes frustrados e soldados com salários em atraso.

O autor não hesita em escrever que a crise fora provocada por um comportamento de género mafioso nos altos cargos do Governo. Do alto do púlpito, logo em 9 de Agosto de 1998, o bispo de Bissau foi corajosamente direito ao assunto: “Quando cada um de nós se pergunta sobre as razões desta guerra, a resposta estará nos seguintes pontos: ninguém dará ao poderoso o direito de ser arrogante; ninguém dará ao soberbo o direito de ser prepotente; ninguém dará ao injusto o direito de ser usurpador dos bens dos outros; ninguém dará ao rico o direito de escravizar os pobres”. O autor procurou entender o papel da sociedade civil durante a crise e reconheceu que a Liga Guineense dos Direitos Humanos revelava uma atividade meritória. As organizações civis reuniram-se em Novembro de 1998 e constituíram o Movimento Nacional da Sociedade Civil para a Paz, Democracia e Desenvolvimento, estiveram presentes 149 pessoas representando um total de 132 organizações. A Assembleia Nacional Popular, durante a crise, funcionou como um fórum central e marcou pontos a favor do constitucionalismo democrático. A opinião internacional, inicialmente, foi de condenação dos revoltosos, entretanto, até por via diplomática, começou a ter-se conhecimento de saques e destruições gratuitas perpetradas sobretudo pelas forças senegalesas e oriundas de Conacri. Quando o confronto militar terminou, em Maio de 1999, procurou-se um tratado constitucional denominado “Pacto de Transição Política”, onde se exigia a participação e a aprovação do poder militar em situações fundamentais do exercício da autoridade do Estado. Aqui começou o equívoco democrático, os militares mostravam-se reticentes em voltar para os quartéis e deixar os políticos em paz. Logo reivindicaram os seus salários e os soldados manifestaram-se em Bissau, em 3 de Dezembro, de armas em punho. Aproveitando-se do congresso do PAIGC, em Setembro desse ano, Ansumane Mané, sem ambiguidades aconselhou o PAIGC a não eleger o anterior primeiro-ministro, Manuel Saturnino da Costa.

Lars Rudebeck considera que os políticos dentro e fora do governo da Assembleia trabalhavam como podiam para manobrar entre o poder militar, o povo, possíveis investidores na paralisada economia do país e a comunidade internacional. Entrou-se em clima eleitoral, o presidente interino, Malã Bacai Sanhá, candidatou-se também à presidência pelo PAIGC. As eleições tiveram lugar em 28 de Novembro. O candidato do PRS, Koumba Yalá foi o mais votado, mas tendo ficado abaixo dos 50 %, houve segunda volta entre ele e Bacai Sanhá. O investigador aprecia os programas dos partidos e não tem dificuldades em dizer que um grande número deles tem a sua existência graças a um candidato e pouco mais. Analisa Koumba Yalá, um novo presidente que nos anos 80 tivera a responsabilidade pela formação interna dos quadros do PAIGC e observa: “A base social do seu partido é popular, mas na prática não defende ideias políticas muito diferentes das ideias dos outros partidos. Nas eleições legislativas de 1994 o seu partido conseguiu no total um pouco mais de 8 % dos votos e nas presidenciais esteve à beira de vencer Nino na segunda volta. Apesar disto, durante o período de 1994-1999, Koumba Yalá e o seu novo partido não se destacaram muito na cena política”.

É um estudo pormenorizado, que abarca a situação das mulheres, a complexidade da transição, os vínculos étnicos e o sentimento de mudança. O autor não esconde o seu ceticismo quanto ao futuro da democracia no país. Até então, os entrevistados usavam uma expressão eloquente sobre as razões que os levavam a participar nos sucessivos atos eleitorais: acreditavam poder haver uma sociedade melhor, para eles o conceito de democracia andava próximo da busca de felicidade. Para um investigador, a democracia só muito dificilmente poderá sobreviver se não houver um certo grau de participação popular e de justiça social. Ora a justiça social deteriorou-se, os cidadãos apercebem-se que vivem numa sociedade onde a coesão está ausente e onde os militares não respeitam o voto das urnas. No período em análise, o autor detetou várias crises políticas, demissões, rumores, perseguições pelos militares de civis ligados aos direitos humanos, tudo isto enquanto era patente a posição fraca e indecisa do Governo. Os cidadãos guineenses deram provas de se encontrar bem preparados para se envolverem em atos eleitorais mas não se pode iludir a falta de financiamento interno que agrava os principais problemas governamentais, agora crónicos: a sua dependência em relação aos militares e a mão estendida em relação à ajuda internacional. Enquanto escrevia o seu livro, Lars Rudebeck apercebeu-se de que a vida dos governos estava cada vez mais frágil, seguiu-se a guerra sem quartel a Ansumane Mané, morto em 30 de Novembro de 2000. E autor insiste que não é possível uma democracia depender eternamente da ajuda internacional. Afinal, na ordem interna, os cidadãos também se cansaram do protagonismo de Ansumane Mané como mais tarde nada fizeram quando Koumba Yalá foi deposto. Nesse ano de 2001, a população guineense vivia profundamente desencantada.
____________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 9 de Novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10640: Notas de leitura (427): "África Misteriosa", de Julião Quintinha (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P10654: O nosso livro de visitas (151): José Lino Oliveira, ex-fur mil, CCS/BCAÇ 4612/74 (Cumeré, Mansoa, Brá, 1974)


Guiné > Região do Oio > Mansoa > 9 de setembro de 1974 > BCAÇ 4612/74 > Pessoal da CCS impecavelmente fardado e alinhado, na cerimónia de transferência de soberania das NT para o PAIGC. Uma foto histórica, do álbum do Eduardo Magalhães Ribeiro, ex-fur mil op esp.

Foto: © Eduardo José Magalhães Ribeiro (2009). Todos os direitos reservados.

1. Do nosso leitor (e camarada de armas) José Lino Oliveira:
 

Data: 4 de Novembro de 2012 17:07
Assunto: Guiné 1974

Boa tarde,
Tive conhecimento deste blogue sobre a Guiné. Tenho alguma documentação sobre a nossa saída, nomeadamente fotos. Vou procurar para poder enviar. Terei de digitalizar tudo, inclusive "slides".

Estive em Cumeré, Mansoa e Brá, na CCS / BCAC 4612/74 como fur mil. Sou o José Lino Padrão de Oliveira. Estive lá novamente em 1988.  
Darei notícias em breve.

Um Abraço,
José Lino.

 

2. Comentário do nosso co-editor Carlos Vinhal:

Caro camarada José Lino Oliveira: 


À boa maneira do nosso Blogue, permite-me o tratamento (mútuo) por tu. Em nome do Editor Luís Graça estou a agradecer o teu contacto e a dizer-te que será uma honra ter-te como tertuliano do nosso Blogue, mais conhecido por Tabanca Grande.

Isto funciona assim: envias-nos uma foto do teu tempo de Guiné e outra actual (digitalizadas) em formato JPG, tipo passe de preferência, ou em alternativa outros formatos a partir dos quais os "nossos serviços técnicos" (eu) possam fazer as fotos da praxe para encimar os teus artigos a publicar.

Queremos saber de ti, o posto, especialidade, unidade, datas de ida e volta da Guiné, locais onde cumpriram a vossa comissão, etc. A ideia é fazer um poste de apresentação à tertúlia com estes elementos mais básicos ou outros que queiras acrescentar. A partir daí, poderás enviar as tuas memórias escritas ou em imagem para serem publicadas. 

No lado esquerdo da nossa páginas poderás encontrar as nossas regras e objectivos do Blogue, nada de transcendente, apenas normas de bom convívio, respeito pela diferença de opinião, etc.

Fico a aguardar o teu próximo contacto.
Até lá deixo-te um abraço em nome dos editores (Luís Graça, Eduardo Magalhães e Carlos Vinhal) e da tertúlia em geral.
 
Fico ao teu dispor para qualquer esclarecimento adicional.
O teu camarada
Carlos Vinhal

PS - Vejo agora que foste camarada do nosso co-editor Eduardo Magalhães, fur mil op esp na CCS/BCAÇ 4612/74.  Deves lembrar-te dele, não ? ... E ele de ti. Ele mora em Matosinhos.
_______________

Nota do editor:

Último poste da série > 26 de outubro de 2012 > Guiné 63/74 - P10575: O nosso livro de visitas (150): Agradecimento (Vanda Silva) 

domingo, 11 de novembro de 2012

Guiné 63/74 - P10653: Contraponto (Alberto Branquinho) (47): Momento de poesia com Augusto Gil e a "Jovem Lília Abandonada"

 
 1. Mensagem do nosso camarada Alberto Branquinho (ex-Alf Mil de Op Esp da CART 1689, , Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), com data de 9 de Novembro de 2012:

Caro Carlos Vinhal
Porque me parece oportuno e porque não é da minha autoria, aí vai um "Momento de poesia".

Um abraço.
Alberto Branquinho



CONTRAPONTO (47)
MOMENTO DE POESIA...

"JOVEM LÍLIA ABANDONADA...

Sempre que a vejo a contemplar os céus
com um ar de lírica neurastenia
dá-me a impressão de estar pedindo a Deus
ao menos um alferes de infantaria..."

AUGUSTO GIL (1873-1929)
«O canto da cigarra»


NOTA: O autor deveria ter esclarecido se poderia ser um alferes miliciano (de infantaria, claro!)
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 10 de Outubro de 2012 > Guiné 63/74 - P10511: Contraponto (Alberto Branquinho) (46): Banho... de cobra

Guiné 63/74 - P10652: Os melhores 40 meses da minha vida (Veríssimo Ferreira) (10): 11.º episódio: Momentos de puro e são divertimento

1. Em mensagem do dia 8 de Novembro de 2012, o nosso camarada Veríssimo Ferreira (ex-Fur Mil, CCAÇ 1422, Farim, Mansabá, K3, 1965/67), enviou-nos mais um episódio da sua campanha no K3, dias que fazem parte dos melhores 40 meses da sua vida. E nós continuamos a acreditar.


OS MELHORES 40 MESES DA MINHA VIDA

11.º episódio - Momentos de puro e são divertimento

Mas... também tínhamos momentos de puro e são divertimento, pois então. Construíramos para tal, um antro de prazer, num dos paióis anexos ao condomínio e para onde nos deslocávamos andando de gatas. Eram dois, a 10 metros cada do bedroom e o acesso só a partir daí, se podia fazer. Um estava do lado esquerdo (o das bazoocas) e o outro do lado direito (o dos morteiros). Anexo a um dos espaldões, ficava então o nosso casino.

Permanecer lá, só sentados e os bancos, seis ao todo, eram os cunhetes com granadas prontas a entrar ao serviço e até a própria mesa da jogatina eram outros também caixotes cheios daqueles supositórios em forma de míssil terra-ar e que tantas vezes fizeram a diferença. O tecto houvera sido feito com cibes e coberto depois com grossa camada de cimento, porque o tesouro lá depositado, por demais precioso, merecia a obrigatoriedade de estar devidamente acondicionado e protegido. Por esse facto, não tínhamos hipótese de abrir qualquer buraco para que nós, os viciados na lerpa, pudéssemos ter algum ar, vindo do exterior.

Colmatávamos essa falta, fumando desalmadamente... bebendo mesmo sem ter sede... e a luz, fornecida por candeeiros a petróleo.

Pertantus... observadas todas as regras de não segurança, mas qu'é qu'isso importava a quem vivia em permanente corda bamba?

Distraíamo-nos assim e sempre se recuperavam os dez mil réis ontem perdidos. Comigo não... pois que perdia sempre o dobro do amealhado, facto que aceitava, na certeza de que "azar no jogo, sorte com as mulheres". Afinal e comprovei depois nos bailes da minha terra, tratava-se de grande mentira, já que me continuaram a calhar as mais feias.

Quando a água proveniente da maré a encher, começava a subir e habitualmente prái uns 10 cm, eram certos, ou quando os filhos duma quelque chose avec nos vinham incomodar, saíamos então ordeiramente e em magote de seis, pelo buraco onde só um de cada vez, conseguira entrar.

 Outubro de 1965 > Veríssimo Ferreira no K3 (Saliquinhedim)

************

A minha Secção e como sabem, era chamada de "Armas Pesadas" e distribuídos nos foram, por isso, também três morteiros 60, que pesavam mesmo e bem o sentíamos quando os levávamos a tiracolo e nos deslocávamos durante os passeios pedestres através da agreste selva rural, assim estilo rally paper pedonal. E nem sequer levávamos, quer o prato base quer o regulador de distâncias destinado a observar para que a coisa acertasse, por considerarmos que eram apetrechos incomodativos assim mais... mariquices desnecessárias, pois que e disparados a olho nu, não falhavam e nem daquela vez em que um resolveu fugir e desaparecer, mas antes disparou, expeliu e acertou. Foi encontrado, ao que consta, do outro lado do globo, não sem que antes visitasse o centro da terra.

E deu-se porque ao sermos recebidos por intenso fogo d'artifício, ali junto à bolanha do Biribão, nós... pumba lá vai disto... mas mesmo utilizando o costumado capacete por baixo, o gajo quando lhe tocaram no percutor, afundou-se e pronto. Guardo religiosamente a chave de fendas com que substituía tal peça ao fim de quatro bojardas enviadas.

Desertou? está desertado... mas também fomos culpados, dado que já acontecera com outros... na lama não se disparam tais armas... mas aquela ânsia de corresponder foi fatal.

(continua)

OBS: - Imagem do morteiro 60, retirada do site HISTÓRIAS DA GUINÉ 71-74 - A C.CAC 3491-DULOMBI, com a devida vénia ao nosso camarada Luís Dias
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Nota de CV:

Vd. os primeiros dez postes da série de:

12 de Outubro de 2012 > Guiné 63/74 - P10522: Os melhores 40 meses da minha vida (Veríssimo Ferreira) (1): 1º e 2º episódios: tempos de Mafra, EPI, CSM (Veríssimo Ferreira, ex-fur mil, CCAÇ 1422, 1965/67)

16 de Outubro de 2012 > Guiné 63/74 - P10538: Os melhores 40 meses da minha vida (Veríssimo Ferreira) (2): 3.º episódio: O 2.º Turno, no CISMI, na bela terra de Tavira

 18 de Outubro de 2012 > Guiné 63/74 - P10543: Os melhores 40 meses da minha vida Veríssimo Ferreira) (3): 4.º episódio: Passagens por Amadora, Lamego, Tancos e Lisboa

 23 de Outubro de 2012 > Guiné 63/74 - P10558: Os melhores 40 meses da minha vida (Veríssimo Ferreira) (4): 5.º episódio: Partida para o CTIG em Agosto de 1965

 27 de Outubro de 2012 > Guiné 63/74 - P10579: Os melhores 40 meses da minha vida (Veríssimo Ferreira) (5): 6.º episódio: Pela primeira vez o quartel foi atacado

29 de Outubro de 2012 > Guiné 63/74 - P10590: Os melhores 40 meses da minha vida (Veríssimo Ferreira) (6): 7.º episódio: O quotidiano no K3

1 de Novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10602: Os melhores 40 meses da minha vida (Veríssimo Ferreira) (7): 8.º episódio: Uma emboscada perigosa

4 de Novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10618: Os melhores 40 meses da minha vida (Veríssimo Ferreira) (8): 9.º episódio: As confissões de um prisioneiro
e
7 de Novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10631: Os melhores 40 meses da minha vida (Veríssimo Ferreira) (9): 10.º episódio: Um bunker inimigo ao pé da porta

Guiné 63/74 - P10651: Parabéns a você (493): Jorge Araújo, ex-Fur Mil Op Esp da CART 3494 (Guiné, 1972/74)

Por omissão involuntária na nossa base de dados, ontem dia 10 de Novembro não foi publicado o aniversário do nosso camarada Jorge Araújo, a quem pedimos desculpa pelo lapso.

Tentando remediar a nossa falta, em nome de toda a tertúlia, enviamos, com um dia de atraso, as nossas felicitações ao camarada Jorge Araújo, a quem desejamos o melhor da vida.

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Nota de CV:

Vd. último poste da série de Guiné 63/74 - P10644: Parabéns a você (492): António Garcia de Matos, ex-Alf Mil da CCAÇ 2790 (Guiné, 1970/72)

Guiné 63/74 - P10650: O PIFAS de saudosa memória (17): Uma foto histórica: convívio, em 31 de maio de 1985, em Lisboa, do pessoal do emissor regional da Guiné e do Programa das Forças Armadas (Garcez Costa)



Lisboa > Páteo Alfacinha > 31 de maio de 1985 > Convívio do pessoal do emissor regional da Guiné e do PFA - Programa das Forças Armadas.

Foto: © Garcez Costa (2012). Todos os direitos reservados


1. Mensagem do Garcez Costa, ex-radialista do PFA - Programa das Forças Armadas,  furriel miliciano  (Com-chefe, PFA, Bissau, 1970/72), com data de 30 de outubro último:


Caso entendam publicar no blogue, esta é a tal foto de que falei anteriormente, a qual merece o seguinte apontamento:


Jantar de convívio do pessoal do emissor regional da Guiné e Programa das Forças Armadas, em Lisboa, no Páteo Alfacinha, em 31 de maio de 1985.

Passados anos ainda reconheço algumas personalidades, uns fizeram parte da minha convivência, e outros não identifico, porque não houve o cuidado, na altura, de proceder à legenda da foto.
Em cima: 

(i) Jerónimo (o nosso incansável dactilógrafo – não tinha horário de entrada e nunca se sabia a que horas saía de serviço);

(ii) Ramalho Eanes (incentivou-me a ter gosto pela música clássica) (*);

(iii) Maria Eugénia (a nossa mãezinha e a célebre senhora tenente);

(ii) Silvério Dias (está encoberto o paizinho de todos nós, que era então, no meu tem+po, 1º sargento);

(iv) Dias Pinto (estava no mato, quando vinha a Bissau, colaborava nos noticários);

(v) Raul Durão (o 1º locutor do PFA);

(vi) José Manuel Barroso;  

(vii) João Paulo Diniz (um companheiro fraterno que me ajudou a soltar a voz sem medos)...

Em baixo:

(viii) Mário Feio, Júlio Montenegro (ensinou que a palavra é o corpo da rádio), Faride Magide (técnico do Emissor Regional e bom amigo a par do locutor Lopes Pereira que nunca mais ninguém ouviu falar dele), José Avelino, José Camacho Costa (a nossa amizade estendeu-se desde a adolescência no Colégio Nun'Álvares em Tomar até aos seus últimos dias de vida), Garcez Costa (aqui presente nesta narração) [, o último da direita].
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Notas do editor:

Último poste da série > 23 de outubro de 2012 > Guiné 63/74 - P10561: O PIFAS de saudosa memória (16): Compactos de gravação, Parte II: excerto áudio de "Noite 7" (emissão especial aos sábados) (Garcez Costa, ex-fur mil, 1970/72, ex-radialista)

(*) Guiné 1969/71: (...) "Sob o comando de António de Spínola, trabalhando de perto com Otelo Saraiva de Carvalho, chefia o Serviço de Radiodifusão e Imprensa, na Repartição de Assuntos Civis e Acção Psicológica do comando-chefe. A imagem de Spínola acabará por marcá-lo decisivamente, havendo mesmo quem o considere um homem da 'entourage' do general, ou seja, um 'spinolista' " (...) (Fonte: Museu da Presidência).

Guiné 63/74 - P10649: Memória dos lugares (195): Elvas, património mundial da humanidade, pelo seu conjunto de fortificações, o maior do mundo na tipologia de fortificações abaluartadas terrestres



1. Mensagem de Fernando Laureano, autor do blogue Elvas Militar, com data de 25 de julho último, dirigida ao nosso grã-tabanqueiro Hilário Peixeiro:


Exmo Srº Coronel Hilário Peixeiro

Iniciei recentemente um Blogue (http://elvasmilitar.blogspot.pt/) onde tento abordar temas sobre as Unidade Militares e os militares que estiveram nas fileiras em Elvas.

Infelizmente tenho-me deparado com poucas coisas sobre este tema, assim venho solicitar o favor (se assim o entender) que me facilite documentos, fotos e mesmos histórias por si vividas que possam fazer parte deste blogue.

Através de pesquisas no sitio (http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/) descobri que o senhor esteve em vários Quarteés em Elvas, venho pedir, alguns dos documentos acima referidos, mas mais importante de tudo são as suas histórias sobre o quartel.

Grato pela atenção dispensada
Atentamente

Fernando Laureano


2. Comentário de L.G.:


Fernando Laureano  vive em Lisboa e acompanha o nosso blogue. Natural de Elvas, tem  44 anos. De acordo com a sua apresentação, o seu pai foi militar em quase todas as Unidades de Elvas pelo que "passei muito tempo a brincar nesses quartéis quando era miúdo" e, mais tarde,  "estive no Regimento de Infantaria de Elvas como militar".

Recorde-se, por outro lado,  que Elvas possui um notável conjunto de fortificações cuja fundação remonta ao reinado de D. Sancho II, sendo considerado o maior do mundo na tipologia de fortificações abaluartadas terrestres. Possui um perímetro de oito a dez quilómetros e uma área de 300 hectares.

Este conjunto arquitetónico militar foi justamente classificado, em 30 de junho passado, como Património Mundial, na categoria de bens culturais, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO). Aliás, foram classificadas todas as fortificações da cidade, os dois fortes, o de Santa Luzia, do século XVII, e o da Graça, do século XVIII, três fortins do século XIX, as três muralhas medievais e a muralha do século XVII, além do Aqueduto da Amoreira.
 
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Nota do editor:

Último poste da série > 30 de outubro de 2012 > Guiné 63/74 - P10596: Memória dos lugares (194): Ilhavo, Costa Nova... a terra do meu amigo e irmão mais velho e, porque não ?, meu camarada, o arquitecto Zé António Paradela, que hoje celebra 3/4 de século de existência, antigo marinheiro da pesca do bacalhau, último representante de um povo que tem o mar no ADN!... (Luís Graça)