domingo, 10 de fevereiro de 2013

Guiné 63/74 - P11086: Álbum fotográfico do Jorge Canhão (ex-fur mil inf, 3ª CCAÇ / BCAÇ 4612/72, Mansoa e Gadamael, 1972/74) (3): Gadamael, junho/julho de 1973 (Parte III)



Guiné > Região de Tombali > Gadamael > Junho/julho de 1973 > 3ª CCAÇ/BCAÇ 4612 (1972/74) > Pelotão do fur mil armas pes inf António Manuel Gonçalves... A seu lado, o Marreiros (
Luís Manuel Sintra Marreiros, que vive em Faro)... Outro camarada identificado é o D. Nunes  (Duarte Rodrigues Nunes, que vive em Rio de Mouro, Sintra) (Fonte: Ficheiro de nomes e moradas da 3ª CCAÇ/BCAÇ 4612, disponibilizada pelo Agostinho Gaspar)



Guiné > Região de Tombali > Gadamael > Junho/julho de 1973 > 3ª CCAÇ/BCAÇ 4612 (1972/74) > Pelotão do alf mil Rocha (Joaquim da Silva Rocha, Valadares, Vila Nova de Gaia)... Outros militares identificados: Libório, Puto (?), Alexandre (será o Florêncio Alexandre Duarte, de Faro ?), Marreiros (,Luís Manuel Sintra Marreiros, que vive em Faro)...  O Rocha hoje é médico, segundo informação do Agostinho.



Guiné > Região de Tombali > Gadamael > Junho/julho de 1973 > 3ª CCAÇ/BCAÇ 4612 (1972/74) &g Mato em redor de Gadamael


Guiné > Região de Tombali > Gadamael > Junho/julho de 1973 > 3ª CCAÇ/BCAÇ 4612 (1972/74) &g O Florêncio (Florêncio Alexandre Correia, de Faro)





Guiné > Região de Tombali > Gadamael > Junho/julho de 1973 > 3ª CCAÇ/BCAÇ 4612 (1972/74) &g Instalações destruídas...Numa das pedras, lê-se: "Pelotão do Ronco", um enigma por desvendar...



Guiné > Região de Tombali > Gadamael > Junho/julho de 1973 > 3ª CCAÇ/BCAÇ 4612 (1972/74) &g O Leitão (Bernardo Godinho Abranches Leitão, que vive em, Lisboa)


Guiné > Região de Tombali > Gadamael > Junho/julho de 1973 > 3ª CCAÇ/BCAÇ 4612 (1972/74) &g "Rapaziada > Benjamim, o Xico (ao ombro de um camarada não identificado) e o Fernando. O Benjamin Agostinho Duarte mora no concelho do Barreiro. O Fernando não sei quem seja... Havia três, na 3ª Companhia: Fernando Correia Silva Cardoso (Lisboa). Fernando P. Azevedo Magalhães (Mem Martins, Sintra) e Fernando Tomás Ramos Gomes  (Ventosa, Torres Vedras)... O Xico, esse, deve ter ficado por lá, na sua terra...




Guiné > Região de Tombali > Gadamael > Junho de 1973 > 3ª CCAÇ/BCAÇ 4612 (1972/74) > O Xico, a mascote da companhia...

Fotos: © Jorge Canhão (2011). Todos os direitos reservados

1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do nosso amigo e camarada Jorge Canhão, que vive em Oeiras (ex-Fur Mil At Inf da 3ª CCAÇ/BCAÇ 4612/72, Mansoa e Gadamael, 1972/74). Estas fotos chegaram-nos às mãos através de outro grã-tabanqueiro, o Agostinho Gaspar, ex-1.º Cabo Mec Auto Rodas, 3.ª CCAÇ/BCAÇ 4612/72, Mansoa, 1972/74), residente em Leiria. Os nossos especiais agradecimentos aos dois.(*)

Recorde-se que a 3ª CCAÇ/BCAÇ 4612 (1972/74) esteve em reforço do COP 5, em Gadamael, de 18 de junho a 13 de julho de 1973. Em 31 de maio, agravava-se a situação em Gadamael-Porto, com o PAIGC a concentrar a sua artilharia sobre o aquartelamento e a tabanca (reordenada), depois da retirada da guarnição de Guileje (, em 22). (**)


Leiria  > Monrte Real > Ortigosa > Quinta do Paul > 20 de junho de 2009 > IV Encontro Nacional da Tabanca Grande > Da esquerda para a direita, o Jorge Canhão e o Agostinho Gaspar.


Foto: © Magalhães Ribeiro (2009). Todos os  direitos reservados.


2. Falando hoje com o Agostinho Gaspar, fiquei a saber que o nosso querido amigo e comarada Jorge Cnhão teve no fim do ano problemas de saúde que o levaram à "faca"... Tem estado a recuperar, e ainda há dias o Agostinho falou com ele...

Soube também  através do Agostinho que a estadia da 3ª CCAÇ / BCAÇ 4612 (1972/74) não  foi propriamente um passeio turístico... Por exemplo, e contrariamente ao que sugere a correspondência do J. Casimiro Carvalho que em 26/6/1973 escreve à mãe "Now we have peace" (Finalmente em paz), os ataques do PAIGC continuaram (*)... Por exemplo, em 2 de julho de 1973 toda a malta passou  mais de 5h nas valas, período de tempo em que  Gadamael sofreu um ataque cerrado (, o último grande ataque do PAIGC), obrigando à intervenção dos FIAT que eram alvejados, no outro lado da fronteira com antiaéreas quádruplas... Toda a companhia esteve em Gadamael, incluindo o Agostinho, que era mecânico...

Nessa época, o seu comandante era o cap art José Manuel Salgado Martins, transmontano, hoje coronel na reforma, a viver nos Açores. Nunca veio a nenhum encontro da companhia, constituídio maioritariamenmte por malta do Algarve, Alentejo e Lisboa..

O Agostinho (ex-1.º Cabo Mec Auto Rodas ) lembra-se de toda a malta da companhia ter regressado, de LDG, a Bissau, em 13 de julho de 1973. Na LDG iam também os páras do BCP 12. Não se lembra muito bem da malta do pelotão de artilharia, mas já em tempos encontrou um 1º cabo africano que teve como comandante o nosso camarada C. Martins, o último artilheiro de Gadamael (23º Pel Art).

Ao Agostinho, antigo chefe de oficina da Mitsubishi, em Leiria, e a viver na Boavista, Leiria, prometi fazer-lhe uma visita e irmos ao leitão da Boavista quando eu for para aqueles lados (o que já não acontece com a frequência do passado). Pedi-lhe também que me fizesse uma resenha dos dias de Gadamael, para publicação no blogue, desafio que ele aceitou. Ao Jorge, a quem já tentei ligar, desejo-lhe rápidas melhoras. LG


3. Fui repescar uma mensagem de 20 de junho de  2007, do Jorge Canhão:


(...) Sobre a minha foto em Gadamael, não sei a data certa mas sei que foi tirada entre 26 de Junho de 73 e 1 Julho do mesmo ano.Tenho aqui mais meia dúzia tiradas lá.

O período que estive com a 121 e 123 de Páras foi de 25 de Junho de 1973 até 13 de Julho de 1973, data em que deixámos Gadamael com destino a Cacine. Foi nesse período que sofremos (a minha Companhia) o maior ataque do PAIGC, em tempo, e que durou entre 4 e 5 horas, tendo terminado após a 2ª intervenção dos Fiat G91.

Foi a primeira vez que ouvi as antiaéreas do PAIGC atacarem os aviões. Após a 2ª chegada dos Fiat e com as antiaéreas a dispararem, um dos aviões ficou a andar em círculo, enquanto o outro picava, mesmo debaixo de fogo e bombardeava o inimigo de então. Após ouvirmos grandes explosões, o ataque cessou tendo nós ficado um pouco mais descansados.

Em todo o período que estive em Gadamael, não havia electricidade e a comida era escassa, pois não passava de um prato raso com uma camada de grão e 2 ou 3 rodelas de chouriço, com uma sopa (?) e um pedaço de fruta de lata.

Sobre a electricidade: eu, que era electricista naval na vida civil, e o furriel mecânico Louceiro, montámos o gerador e juntamente com outros camarada arranjámos os fios eléctricos para que o quartel pudesse ter energia, o que de facto aconteceu, mas foi sol de pouca dura (algumas horas) pois quem mandava no aquartelamento, mandou desligar,com o argumento que o PAIGC poderia com mais facilidade obter tiro mais certeiro....Como se eles não soubessem...Enfim, no comments. (...)


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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 4 de fevereiro de 2013 > Guiné 63/74 - P11055: Álbum fotográfico do Jorge Canhão (ex-fur mil inf, 3ª CCAÇ / BCAÇ 4612/72, Mansoa e Gadamael, 1972/74) (2): Gadamael, junho/julho  de 1973 (Parte II)

(**) Cronologia dos acontecimentos (seguindo o texto do jornalista e ex-oficial da Reserva Naval, antigo fuzileiro especial Serafim Lobato, Público, 28/12/2003):

(...) Após a retirada das tropas portuguesas de Guileje para Gadamael, este quartel ficou com um dispositivo de duas companhias (Caçadores 4743 e Cavalaria 8350) e ainda dois grupos da Companhia de Caçadores 3520, um pelotão de canhões sem recuo com cinco peças, um pelotão de reconhecimento, com apenas um veículo com autometralhadora White, mais um pelotão de artilharia com cinco obuses de 14 e um pelotão de milícias. Um outro pelotão de milícias estava reduzido a uma secção.

Depois do afastamento do major Coutinho e Lima, assumiu o comando do COP 5 o capitão Ferreira da Silva.

Gadamael, entre o meio-dia de 31 de Maio e o fim da tarde de 2 de Junho, esteve debaixo de fogo de armas pesadas e ligeiras continuadamente, tendo sido referenciados disparos de morteiros de 120 m/m, canhões sem recuo e lança-granadas foguete, com um número de rebentamentos estimado "em cerca de 700", conforme mensagens enviados pelo COP 5 para o quartel-general em Bissau. Os soldados tiveram cinco mortos e 14 feridos e os prejuízos materiais foram avultados.

No dia 1 de Junho, a Companhia de Caçadores 3520, de Cacine, transmitiu a seguinte mensagem: "Informo Gadamael Porto destruído. Feridos e mortos confirmados. Pessoal daquele fugiu para o mato. Solicito providências e instruções concretas acerca procedimento desta."

De imediato, Bissau determinou que tropas pára-quedistas, que se encontravam em Cufar [, subsetor de Guidaje], seguissem para Gadamael.

Ao final do dia 1 de Junho, uma mensagem vinda de Gadamael referia que, apesar da debandada, um grupo de tropas ainda se mantinha no quartel, mas que "centro cripto tinha sido destruído". A mensagem especificava ainda que "aquartelamento estava parcialmente destruído", com transmissões "deficientes" e que a "rede de arame [farpado] fora destruída parcialmente" e terminava com um apelo lancinante:
"situação gravíssima".

A 2 de Junho, Bissau mandava mais uma companhia de pára-quedistas de reforço, juntamente com um pelotão de artilharia com obuses de 14 cm. O comando do COP 5 passou para o major pára-quedista Pessoa.

Entretanto, nesse dia, a companhia de Cacine mudava de comando, que era atribuído ao capitão Manuel Monge, e a lancha de fiscalização grande (LFG) Orion informava que meios navais recolhiam "militares e elementos da população refugiados no tarrafo, na região da confluência do rio Cacine com o rio Cachina, num total de 300 indivíduos (alguns feridos ligeiros)".

(...) Nos dias 3 e 4 de Junho, Gadamael esteve sujeita a flagelações continuadas (mais de 200 rebentamentos) do PAIGC, com morteiros de 120 e canhões sem recuo. As mensagens consultadas assinalam, pelos menos, a existência de seis mortos e oito feridos nesses dias e a perda de três espingardas G3 e um rádio AVP 1.

O capitão Manuel Monge, no dia 4, pede ao quartel-general a "presença imediata" em Cacine de "entidade desse, fim estudar situação Gadamael Porto".  O general Spínola responde-lhe que "o estudo da situação já tinha sido apresentado pelo coronel Durão e que eram impossíveis os contactos pessoais diários". Duas horas depois, uma nova mensagem de Monge ressalta que "situação Gadamael Porto agrava-se aceleradamente" e pede: "Contacto, fim capitão Monge expor a situação e parecer comandante de COP."

O capitão Manuel Monge seguiu para Bissau no dia seguinte, mas ao final do dia 4 uma mensagem do comandante do COP 5 enfatizava: "Situação em Gadamael Porto é insustentável." E solicitava autorização "para se efectuar retirada ordenada" nos meios navais existentes neste. "Ou então - frisava - a minha imediata substituição no comando do COP 5." No final, uma confissão: "Nem tenho conseguido encontrar soluções que me permitam prosseguir."  À meia-noite desse dia, o quartel-general respondia: "Enquanto não for substituído, continua cumprimento da sua missão de defesa a todo o custo, incutindo moral aos seus soldados."

Além de todo o Batalhão de Caçadores Pára-quedistas [, BCP 12,] no terreno, estavam no local várias unidades da Marinha de Guerra e um grupo de assalto de fuzileiros africanos. O comando do Task Group 6 referia, em mensagem, no dia 5, que quatro botes do Destacamento de Fuzileiros Especiais 22, embarcações do Exército e meios das unidades navais tinham efectuado as evacuações de mortos e feridos e ainda de um "número incontrolável" de fugitivos (civis e militares) encontrados à entrada do rio para Gadamael.  "Pessoal encontrado fortemente traumatizado psicologicamente devido situação alarmante Gadamael", terminava a mensagem.

Nesse dia, o comandante do COP 4, tenente-coronel Araújo e Sá, assumiu o comando do COP 5, ficando o major Pessoa como adjunto.  As unidades militares portuguesas sofreram, neste assédio a Gadamael, 24 mortos e 147 feridos. (...)

Fonte: "Estamos Cercados por Todos Os Lados"
Por SERAFIM LOBATO
Público. Domingo, 28 de Dezembro de 2003

Vd. I Série,  poste de 2 de julho de 2005 > Guiné 69/71 - XCI: Antologia (6): A batalha de Guileje e Gadamael (Afonso M.F. Sousa)

Guiné 63/74 - P11085: In Memoriam (137): Maria Henriqueta Esteves Afonso (Valença, 1922 - Leça da Palmeira, Matosinhos, 2013), mãe do nosso querido co-editor Carlos Vinhal... Corpo em câmara ardente na Capela do Corpo Santo, funeral amanhã às 15h para o cemitério nº 1 de Leça da Palmeira

1. A sua "velhotinha", a sua querida maezinha, acaba de morrer, aos 90 anos no Lar onde vivia há 8 anos. Filho único, o nosso Carlos Vinhal  era um filho extremoso, atento  e dedicado. Ainda ontem esteve com a sua mãe, que visitava amiudadas vezes ao longo da semana. Hoje recebeu aquela terrível notícia que nenhum filho, em qualquer parte do mundo,  desejaria algum dia de receber: a mãe que o gerou e deu à luz partia deste mundo.

Maria Henriqueta Esteves Afonso, de seu nome completo. Nasceu em 2/11/1922, em Valença do Minho, onde seu pai era guarda-fiscal. Muito cedo foi para Azurara, Concelho de Vila do Conde, onde conheceu e casou com o pai do Carlos, também Carlos, Carlos Gomes Vinhal (1920-1981). Radicaram-se em Leça da Palmeira, Matosinhos, após o casamento em 1947. Ficou viúva bastante cedo, o pai do Carlos morreu nas vésperas de fazer 61 anos, em 18/1/1981. Teria hoje 93 anos, se fosse vivo. Pai e filho trabalharam na Administração dos Portos do Douro e Leixões.

Filho único, o Carlos falava sempre com grande ternura e delicadeza da sua "velhotinha". Aliás, falávamos, ao telefone, os dois, das nossas mães, a dele e a minha (que é do mesmo ano, nascida em 6/8/1922). A Maria Henriqueta é a primeira a partir, de 3 irmãos. O corpo está em câmara ardente, na conhecida Capela do Corpo Santo, em Leça da Palmeira, Matosinhos, perto da ponte móvel. E o funeral sairá amanhã às 15h, para o cemitério nº 1. [,Vd. maqueta da capela, do séc. XVII,  a seguir, trabalho em madeira do mestre José Cartaxo, também ex-combatente da Guiné, José Francisco Oliveira, ex-1.º Cabo Sapador de Minas e Armadilhas, da  CCS/BCAÇ 1876, Bula e Bissorã, 1966/67].

É uma família pequena, a família a do nosso Carlos Vinhal. Mas ele tem, com ele, a sua querida Dina, e uma priminha que é a mana que ele não teve. Há um bocado, ao telefone, soube que já estavam a chegar camaradas do blogue, o Albano Costa, de Guifões,  o Zé Teixeira, de etc. Por certo, passarão por lá mais camaradas, que a malta de Matosinhos é solidária até ao tutano. Os camaradas também são para esta ocasião única, que é a morte da nossa mãe. 

Em meu nome, em nome da Alice, do João e da Joana, que conhecem o Carlos e a Dina, vai daqui, de Lisboa, um abraço solidário. E creio que posso também mandar outro, do tamanho de todos os rios da Guiné, em nome de nós todos, os 604 grã-tabanqueiros que compõem aTabanca Grande. Um abraço onde vai o nosso pesar, a nossa camaradagem, a nossa amizade e o nosso reconhecimento por tudo o que o Carlos Vinhal tem feito por nós, sacrificando de algum modo a sua saúde e e muitas horas do seu tempo livre. A Dona Henriqueta não sei se sabia da nossa existência, de qualquer modo sei que ela tinha, como boa mãe, um grande orgulho no seu filho Carlos. Que descanse em paz. (LG)

PS - Mesmo à distância, estaremos contigo e com a tua Dina quando o corpo da tua Mãe descer à terra da verdade. Eu e os demais camaradas da Tabanca Grande estaremos contigo e com a tua família.
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Nota do editor:

Último poste da série > 3 de fevereiro de 2013 > Guiné 63/74 - P11050: In Memoriam (136): A CCAÇ 2312 do BCAÇ 2834 (1968/69) está de luto. Faleceu o Alf Mil OpEsp/RANGER Carlos Hermes Ferreira Teixeira (António Brandão)

Guiné 63/74 - P11084: Tabanca Grande (385): José Carlos Lopes, ex-fur mil reabastecimentos, CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70), grã-tabanqueiro nº 604




Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > Da esquerda para a direita: o fur mil Lopes, dos reabastecimentos,  um mecânico (que não consigo identificar, será o "Chapinhas", o 1º cabo Otacíli) , o Ismael Quitério Augusto (que estava de oficial de dia, como se fica a saber pela braçadeira vermelha), e o 2º sargento Daniel (se não erro: 2º srgt mecânico auto Rui Quintino Guerreiro Daniel).

No Pelotão de Manutenção,  constituído por 32 militares, havia um oficial de manutenção (o Ismael Augusto), um 2º srgt mecânico auto (o Daniel), um fur mil mec auto (o Herculano José Duarte Coelho), 2 1ºs cabos mec auto (João de Matos Alexandre e António Luis S. Serafim), mais 3 soldados mec auto (Amável Rodrigues Martins, Rodrigo Leite Sousa Osório e Virgílio Correia dos Santos)... Tinha ainda um 1º cabo bate-chapas (o Otacílio Luz Henriques, mais conhecido pelo "Chapinhas"), um correeiro estofador (1º cabo Norberto Xavier da Silva) e ainda um mecânico electro auto (Vieira João Ferraz). Os restantes 19 eram condutores auto: primeiros cabos (2) e soldados (17)...

Foto: © José Carlos Lopes (2013). Todos os direitos reservados. (Editadas e legendadas por L.G.)

1. Lopes. Rodrigues Lopes. José Carlos Rodrigues Lopes [, foto à direita, Bambadinca, 1968/70]. Do outro lado do telefone. Não longe daqui, Alfragide. Em Linda a Velha, no concelho vizinho de Oeiras.

Há 43 anos éramos vizinhos de quarto. Na Guiné, tropical. Em Bambadinca, zona leste. Comíamos, às vezes, à mesma mesa. Convivíamos na mesma messe, no mesmo bar. Não, não éramos íntimos. Cada um tinha o seu feitio e os seus “hobbies”. E sobretudo desempenhava o seu papel, a sua missão. Eu, era um operacional da CCAÇ 2590 (mais tarde, CCAÇ 12). Ele, um homem da logística, do “back office”, dos reabastecimentos: pertencia do comando do BCAÇ 2852. Ou da CCS ? Sempre o associei aos reabastecimentos, às cargas e descargas dos barcos no porto fluvial de Bambadinca. “Tudo o que viesse para o leste, sem ser pela via da Intendência”, que tinha um importante destacamento em Bambadinca, junto ao rio.

Soube agora, ao reler a história da sua unidade, que ele tinha uma estranha especialidade, contabilidade e pagadoria (sic). Que não exerceu, porque havia dois furriéis. O outro era o Brás, se não me engano. Manuel António Rodrigues Brás. Pertenciam ao conselho administrativo (sic) do comando do batalhão. No organograma do BCAÇ 2852, constam lá como amanuenses. Acabou por ir para seção de pessoal e reabastecimentos, onde já estava o fur mil Carvalho, José António Lima de Carvalho.

O Comando do Batalhão (com um staff reduzido, de duas dezenas de militares), não se confunde com a CCS, a Companhia de Comando e Serviços, cujo capitão era o Neves, o Eugénio Batista Neves. Lembro-me que o furriel vagomestre era o Carvalhal, Silvino Aires Lopes Carvalhal; que o comandante do Pelotão de Manutenção (sic) era o alf mil Ismael Quitério Augusto, e o fur mil o Coelho, Herculano José Duarte Coelho. A este pelotão pertencia o bate-chapas, 1º cabo Otacílio Luz Henriques, o “chapinhas” (que, se não erro, foi quem me cedeu as fotos do Lopes, no encontro da malta de Bambadinca, há 2 anos, em Coimbra).

O oficial das transmissões de infantaria era o nosso grã-tabanqueiro Fernando Carv alho T. Calado… O médico era o David Payne Rodrigues Pereira, já falecido, muito amigodo Mário Beja Santos. Também sei (e confirmei na história da unidade) que o nosso grã-tabanqueiro João Afredo T. Rocha esteve à frente do Pelotão de Rec / Info, mas não já no meu tempo…  



Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > BCAÇ 2852 > 1969 > A "equipa de oficiais de Bambadinca".. Uma equipa de futebol constituída por oficiais da CCAÇ 12 e da CCS do BCAÇ 2852. "Temos aqui uma equipa de futebol em miniatura. Em Dezembro de 69, já eu estava afecto a Bambadinca, às ordens do BCAÇ 2852. Com a tradicional divisão de classes, houve um jogo de oficiais contra sargentos ou vice-versa. Joguei à baliza e deixei entrar três frangos.O Taco Calado  fracturou um braço e foi direito à enfermaria. Na fotografia constam, da esquerda para a direita, um camarada que já não consigo identificar, o Alf Mil Rodrigues, da CCAÇ 12 (já falecido), o Alf Mil Carlão (CCAÇ 12) e o Alf [Ismael] Augusto (CCS do BCAÇ 2852).De pé, também da esquerda para a direita, estou eu, o então major Cunha Ribeiro (hoje coronel), o médico David Payne (já falecido), o capitão da CCAÇ 12, Carlos Brito (hoje coronel) e o Alf Mil Abel (também da CCAÇ 12)".

Foto (e legenda): © Beja Santos (2006). Todos os direitos reservados



Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > No "Hotel de Bambadinca"... Legenda do Carlos Marques dos Santos: "A foto foi tirada pelo Furriel Rei (CArt 2339), meu inseparável companheiro de férias. No interregno das nossas férias aconteceu o desastre do Cheche – Madina do Boé, onde também a CART 2339 esteve envolvida com material auto e apoio logístico. Na primeira fila, vêem-se os Furriéis Oliveira e Soares. Na 2.ª fila, eu (Marques dos Santos) mais o furriel Carlos Pinto".

Foto: © Carlos Marques dos Santos (2006).Todos os direitos reservados.

Há vários furriéis, com quem convivi (ou convivemos, eu, o Humberto Reis, o Tony Levezinho, o António Fernando Marques, etc.) durante 10 meses, que recordo bem, mas não consigo identificar pelo nome. Outros tenho vindo a encontrar nos nossos convívios anuais do pessoal de Bambadinca dessa época (vd. lista de A a Z), ou estão identificado pelo Humberto Reis:

(i) José Duarte Martins Pinto dos Santos, ex-fur mil Operações e Informações (, secção que pertencia ao Comando do Batalhão): vive em Resende, e foi o organizador do encontro de 29 de maio de 1999;

(ii) José Manuel Amaral Soares, fur mil do Pelotão de Sapadores da CCS; foi um dos organizadores do convívio anual da malta de Bambadinca 1968/71, que se realizou em 2004, em Faro; mora em Caneças, Odivelas;.

(iii) Fernando Jorge da Cruz Oliveira, fur mil op esp., mora em Fernão Ferro, concelho do Seixal, amigo do Humberto Reis;

(iv) Carlos Domingos A. Oliveira Pinto, era o fur mil rádio-montador;  vive no Porto, e é hoje engenheiro (segundo informação do Humberto Reis).




Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > Arredores de Bambadinca > s/d > O 2º srgt mec auto Daniel, ao volante, o fur mil reab Lopes, a seu lado, e no banco de trás o 2º srgt Videira (da CCAÇ 12).

Foto: © José Carlos Lopes (2013). Todos os direitos reservados. (Editadas e legendadas por L.G.)


2. Hoje quero finalmente apresentar à Tabanca Grande o meu camarada Lopes, dos meus tempos de Bambadinca. Ele aceitou o meu convite, feito já há uns tempos, embora não vá ser, à partida,  um bloguista proativo. Usa o mail e pouco mais. Em contrapartida, tem uma excelente coleção de fotos, a cores (“slides” digitalizados) e a preto e a branco, que prometeu pôr a nossa disposição. São umas centenas. Dos “slides” já tenho uns 150, que me chegaram por mão do “Chapinhas” (. se não erro,), e que o Lopes diz serem de “segunda escolha”. Os melhores terá ele lá em casa. Além de fotografia, em papel, a preto e branco. Fiquei de o visitar um dia destes. Mora em Linda a Velha, está reformado, e um dos seus "hobbies" é a pesca desportiva (de barco, acompanhado, detesta pescar sozinho).

Para já, quero saudá-lo e desejar-lhe que se sinta confortável no meio da malta da Tabanca Grande. Alguns ele já conhece, sendo do seu tempo, a começar pelo Humberto Reis, e por mim. Da CCAÇ 2590/CCAÇ 12, até ao Abílio Duarte, da CART 2479 / CART 11, que foi seu colega de trabalho no Banco Nacional Ultramarino (BNU), e que de resto já o visitava em Bambadinca.

De vez em quando vou-lhe telefonando para tirar dúvidas em relação às suas fotos (que não trazem legenda).  Já me contou alguma histórias do seu tempo. Vou reconstituir uma delas, o ataque a Bambadinca, em 28 de maio de 1969. Será publicada em poste à parte, proximamente.
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Nota do editor:

Último poste da série > 3 de fevereiro de 2013 >  Guiné 63/74 - P11051: Tabanca Grande (384): Manuel Isidro Campelo de Sousa, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista dos STM (Bafatá e Nova Lamego, 1970/72)

Guiné 63/74 - P11083: Parabéns a você (534): José Brás, ex-Fur Mil TRMS da CCAÇ 1622 (Guiné, 1966/68)

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Nota do editor:

Vd. último poste da série de 8 DE FEVEREIRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11073: Parabéns a você (533): Constantino Neves, ex-1.º Cabo Escriturário da CCS/BCAÇ 2893 (Guiné, 1969/71)

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Guiné 63/74 - P11082: Agenda cultural (254): Apresentação dos livros: "Os Resistentes de Nhala", de Manuel Mesquita e "Ultrajes na Guerra Colonial", de Leonel Olhero, dia 14 de Fevereiro de 2013, pelas 16 horas, na Messe de Oficiais, Praça da Batalha - Porto

C O N V I T E


Exmo. Senhor
O Núcleo do Porto da Liga dos Combatentes vem por este meio enviar convite em anexo para a Tertulia a decorrer na Messe de Oficiais do Porto na Batalha, a realizar no dia 14 de Fevereiro, pelas 16h00.

Nota: Venha acompanhado de um ou mais amigos, a organização agradece.  

Com os melhores cumprimentos e consideração pessoal,
José Manuel da Glória Belchior
Cor. Inf. Cmd
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Nota do editor:

Vd. último poste da série de 30 de Janeiro de 2013 > Guiné 63/74 - P11025: Agenda cultural (253): Mesa redonda: reflexões sobre o devir guineense. Auditório CIUL, Picoas Plaza, 17h45, Lisboa, 30 de Janeiro de 2013

Guiné 63/74 - P11081: (Ex)citações (211): Ainda o P11033 (Vasco Pires)

1. Mensagem do nosso camarada Vasco Pires (ex-Alf Mil Art.ª, CMDT do 23.º Pel Art, Gadamael, 1970/72), com data de 9 de Fevereiro de 2013:

Caro Carlos Vinhal,
Fico muito grato por tua atenção, ao criar essa secção "Fantasmas ...". Pois, tal como o velho Fernão Mendes Pinto, quarenta anos depois, alguns factos da nossa juvenil aventura Africana ficam nebulosos na nossa memória, outros ficam bem vividos.


Ainda o P11033

Do P11033:
"A outra suposta tentativa de invasão, penso "in the best of my recollection" (lá vem o recurso ao famigerado anglicismo), que o Comando já era do então Capitão de Artilharia Morais Silva, lembro ainda, que lá estavam os Comandos Africanos sob o comando do então Alferes Zacharias Sayeg. Julgo, que foi nessa data que fizemos disparo direto com o obus (10,5) para o fim da pista, num total do dia de cerca de 200 disparos, o que foi um erro meu, pois, entrei na "reserva estratégica" (que me perdoem os Artilheiros se não é este o termo exato); soube mais tarde por Oficiais lotados no comando da Artilharia, que por esse erro, o "Paizinho" pensou em me punir, o que não se concretizou."

Esses supostos disparos de obus 10,5, foram feitos, num dia (noite) de intenso ataque do PAIGC, à distância, e com aproximação ao quartel.

Fiz alguns disparos diretos para o começo (fim) da pista, o disparo direto, é um recurso extremo, e como tal só deve ser feito em situações extraordinárias.

Quanto aos cerca de 200 disparos durante o dia, foram feitos comprometendo a reserva mínima, o que foi um erro, principalmente num quartel com as dificuldades logísticas de Gadamael.

O Comandante do Aquartelamento de Gadamael, considerou a minha resposta adequada à intensidade do ataque IN, provavelmente foi o seu relatório que inibiu o "Paizinho" de me dar a sempre adiada porrada.

Quanto à quantidade de disparos dados durante o dia, nenhum Oficial do Comando da Artilharia (e lá em Bissau tinha muitos), considerou que o número de disparos (cerca de 200) feitos por 3 obus de 10,5 comprometessem o material.
Contudo, certas infrações em tempo de guerra não prescrevem, podem sempre seguir para uma instância superior. Foi o que para meu azar aconteceu, a absolvição do "Paizinho" foi revisada, e o camarada C. Martins me deu a tão adiada "porrada":


Do comentário ao P11033:
Enfiares 200 tiros de obus 10,5 em tiro directo no fundo da pista ...é obra...merecias uma "porrada".

Paciência... quem vai à guerra...

Forte abraço
Vasco Pires
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 31 DE JANEIRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11033: Fantasmas ...e realidades do fundo do baú (Vasco Pires) (4): Quem vem lá?

Vd. último poste da série de 9 DE FEVEREIRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11078: (Ex)citações (210): Fanado, circuncisão, excisão: diferenças interétnicas (Pepito)

Guiné 63/74 - P11080: Do Ninho D'Águia até África (51): Vinte e quatro longos... longos meses! (Tony Borié)

1. Quinquagésimo primeiro episódio da série "Do Ninho de D'Águia até África", de autoria do nosso camarada Tony Borié (ex-1.º Cabo Operador Cripto do Cmd Agru 16, Mansoa, 1964/66), iniciada no Poste P10177, chegado até nós em mensagem do dia 5 de Fevereiro de 2013:


DO NINHO D'ÁGUIA ATÉ ÁFRICA - 51


O Cifra hoje, vai falar de números.

Os amigos antigos combatentes, ainda recordam quando jovens na idade claro, pois felizmente na nossa mente continuamos jovens, verem colados nas paredes de alguns muros, ou na frente das praças de touros, uns cartazes a anunciarem uma corrida de touros, onde dizia em letras mais ou menos garrafais, “6 - TOUROS - 6”, e mais abaixo, “3 - Grupos de forcados - 3”, pois o Cifra, tal como muitos dos antigos combatentes, esteve “24 - Meses - 24”, na então província da Guiné.


O Cifra já se está a aproximar da parte final da primeira fase das recordações do tempo em que esteve no conflito que colocou frente a frente o governo de Portugal e o grupo organizado que queria a independência da então província da Guiné, mas antes de entrar nessa parte, onde vai falar dos últimos meses, pois passando esta fase, irá continuar sempre com a Guiné em primeiro plano, irá abrir algumas páginas do seu miserável diário, falar de emigração, dos companheiros de conflito que encontrou na diáspora, e muitas coisas mais, com a compreensão do Luís Graça, do Carlos Vinhal e restantes editores, e de vocês, amigos e companheiros de guerra, pois sem a vossa pachorra em ler estes escritos, muito mal escrevinhados, que o Luís Graça, deixou colocar no seu blogue, e que o Carlos Vinhal, com muita dedicação foi corrigindo, porque de outro modo, iriam ler tudo, menos português.


Como o Cifra disse anteriormente, alguns amavelmente foram lendo, mas só cá para nós, que ninguém nos ouve, o Cifra gosta mesmo é de ler “Os Melhores 40 Meses da Minha Vida”, do Veríssimo Ferreira, os poemas, fotografias e outros textos do Luís Graça, os resumos de livros e obras sobre a Guiné, do Beja Santos, o Diário da Guiné, do Graça Abreu, as investigações aprofundadas, sobre África, do José Martins, aqueles textos frontais, sem “papas na língua”, sem “ses”, nem “mas”, do José Manuel Matos Dinis, das “Cartas de Amor da Guerra”, do Manuel Joaquim, dos textos e comentários do Paulo Santiago, das histórias curtas e apimentadas do Jorge Cabral, dos comentários e textos conhecedores do António Rosinha, do César Dias, do Rogério Cardoso, cujo nome de guerra é “Roger”, e tantos outros, que se exprimem dando uma fiel opinião; das histórias, muitas com fotos, do Henrique Cerqueira, e dos piriquitos da sua amada NI, dos textos e poemas do Juvenal Amado, dos poemas com aquele toque feminino da Filomena Mealha, do “Furriel Enfermeiro, Fadista e Ribatejano”, Armando Pires, dos textos sérios e conhecedores de coisas da Guiné, do Cherno Baldé, da “Actividade Operacional” do Manuel Serôdio, das “histórias das injecções”, do Adriano Moreira, dos textos do António Melo, que escreve com profundo sentimento; da “Pedra da Odete”, do Hélder Sousa, que essa sim, se o Cifra lha pudesse roubar, pois com ela a título, daqui a um milhão de anos ainda havia textos, dos mais diversos temas, sempre actualizado, falando com pessoas, enquanto esperava na linha, para que a Odete lhe preparasse uns “salmonetes”, e mais um sem número de amigos antigos combatentes, que não lhe ocorre o nome, onde alguns colocam os seus comentários, e outros, continuam a lembrar momentos da sua passagem por aquela horrorosa guerra.


O Cifra, quando abre o blogue, fica com agrado e com alguma felicidade, quando repara que alguns companheiros, que pertenceram à mesma unidade militar, trocam opiniões e continuam uma conversa, que até parece que foi interrompida, com o seu regresso à Europa, trocam opiniões, tal como lá estivessem no local de acção, e nesse momento, também fica com alguma mágoa, que é durante este tempo todo em que foi falando do conflito da Guiné, ainda não teve um único combatente seu companheiro, pertencente ao Agrupamento 16, que era o comando a que pertencia, que esteve na Guiné desde Maio de 1964 até Maio de 1966, e estava estacionado em Mansoa, que viesse ao blogue dizer:
- Alô Cifra, também pertenci ao Agrupamento 16!

Tem que haver companheiros vivos, oxalá que sim, não eram muitos, não chegavam a 30 militares, sendo mais de dois terços militares graduados, portanto mais velhos na idade.
.
Bem, o Cifra já está a ir longe de mais, mas agora nesta parte final, vai publicar algumas fotos que conseguiu recuperar do tal Agrupamento 16, lembrando em números, os tais “24 - Meses - 24”, que foram mais longos que a espada de D. Afonso Henriques, que não tem culpa nenhuma em ser para aqui chamado, ou terá?
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Nota de CV:

Vd. últimos 10 postes da série de:

5 DE JANEIRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P10900: Do Ninho D'Águia até África (41): Outra vez, a menina Teresa (Tony Borié)

8 DE JANEIRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P10911: Do Ninho D'Águia até África (42): O Cifra encontra um inimigo (Tony Borié)

12 DE JANEIRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P10927: Do Ninho D'Águia até África (43): Lodo e tarrafo (Tony Borié)

15 DE JANEIRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P10946: Do Ninho D'Águia até África (44): O Canjura andava farto de guerra (Tony Borié)

19 DE JANEIRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P10963: Do Ninho D'Águia até África (45): Os meus galões (Tony Borié)

22 DE JANEIRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P10984: Do Ninho D'Águia até África (46): A menina Teresa não sai de cima de mim (Tony Borié)

26 DE JANEIRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11007: Do Ninho D'Águia até África (47): Iafane, o barqueiro (Tony Borié)

29 DE JANEIRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11022: Do Ninho D'Águia até África (48): Guiné... Minho e... Algarve (Tony Borié)

2 de Fevereiro de 2013 > Guiné 63/74 - P11044: Do Ninho D'Águia até África (49): Eram guerreiros (Tony Borié)

5 DE FEVEREIRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11060: Do Ninho D'Águia até África (50): A mulher e o conflito (Tony Borié)

Guiné 63/74 - P11079: Álbum fotográfico do Delgadinho Rodrigues (cap pára ref, CCP123/BCP 12, Bissalanca, 1972/74): Gadamael, junho de 1973 (Manuel Peredo, ex-fur mil, CCP 122, 1972/74, hoje a viver em França)


Guiné > Região de Tombali > Gadamael > Junho de 1973 > Foto nº 1



Guiné > Região de Tombali > Gadamael > Junho de 1973 > Foto nº 1-A


Guiné > Região de Tombali > Gadamael > Junho de 1973 > Foto nº 1-B


Guiné > Região de Tombali > Gadamael > Junho de 1973 > Foto nº 2


Guiné > Região de Tombali > Gadamael > Junho de 1973 > Foto nº 2-A


Guiné > Região de Tombali > Gadamael > Junho de 1973 > Foto nº 3


Guiné > Região de Tombali > Gadamael > Junho de 1973 > Foto nº 3-A

Guiné > Região de Tombali > Gadamael > Junho de 1973 > Fotos do álbum do  Rodrigues Delgadinho, na altura fur mil pára, da CCP 123/BCP 12, força de elite que conseguiu travar a ofensiva do PAIGC contra aquele aquartelamento de fronteira. Gadamael faz parte dos três famosos G - Guidaje, Guileje, Gadamael...

Fotos: ©  Delgadinho Rodrigues / Manuel Peredo (2013). Todos os direitos reservados [Editadas por L.G.]


1. Mensagem, com data de 4 do corrente, enviada pelo nosso camarada Manuel Peredo (ex-Fur Mil Paraquedista (CCP 122 / BCP 12, Brá, Bissalanca, 1972/74) [, foto à esquerda: é o primeiro lado direito, armado de RPG-2, seguido do sagento Carmo Vicente e do Fernandes, caboverdiano, fur mil, todos do 4º Gr Comb da CCP 122]

Caro Luis Graça, aqui vão três fotos de Gadamael que me foram oferecidas pelo Delgadinho Rodrigues, capitão pára na reforma e furriel em Junho de 73. Sei que há elementos do blogue que já não suportam ouvir falar em Gadamael, mas esses certamente não estavam lá naqueles dias difíceis. (*)

Um abraço, Manuel Peredo [, foto atual à direita]

2. Comentário de L.G.:

Meu caro Manel, sê bem aparecido. Julgo que ainda estás por França, não ? E,  se sim, tencionas voltar ? Espero bem que sim, afinal esta é a Pátria pela qual já verteste sangue, suor e lágrimas.

Obrigado, antes de mais pelas fotos, de Gadamael.  A preto e branco, e em dia de céu carregado, e com vestígios,  bem evidentes, dos ataques do PAIGC(que começaram em finais de maio de 1973), elas conseguem transmitir-nos  o dramatismo desses dias que lá vivestes, com os teus valorosos camaradas da CCP 122 e da CCP 123, até ao dia 10 de junho, em que foste ferido.

Agradece, por todos nós, ao Joaquim Manuel Delgadinho Rodrigues, o ter-te facultado estas fotos e, através de ti, tê-las feito chegar ao nosso blogue (que está aberto a todos os camaradas da Guiné, como sabes). Diz-lhe (, no caso de ele não ler esta mensagem, ) que a sua presença, na nossa Tabanca Grande, nos honraria muito, a todos, e seria também uma forma de homenagear os mortos e os feridos da batalha de Gadamael. Ele só precisa de nos mandar as duas fotos da praxe, e escrever meia dúzia de linhas sobre as férias que ele passou nesse paraíso tropical chamado Guiné... Podes (e queres) ser o padrinho dele ?

 Quanto a Gadamael, nunca será demais falar... E continuaremos a falar, de Gadamael,  "ad nauseam"... Temos já cerca de 200 referências a esse lugar, que ficará na história desta guerra e deste país pelo patriotismo, coragem, abnegação e camaradagem de homens como tu, o Carmo Vicente (CCP 122),  o Manuel Rebocho (CCP 123), o Victor Tavares (CCP 121), o J. Casimiro Carvalho (CCAV 8350) e tantos outros. Desejo-te boa saúde e longa vida. Vai aparecendo.

Parafraseando o Virgínio Briote, no seu poste sobre o livro do Carmo Vicente ("Gadamael"), "foi a Guerra que vivemos (é sempre assim em todas, em poucos minutos, horas ou dias, somos capazes do melhor e do pior")... Em 26 de junho de 1975, o nosso grã-tabanqueiro J. Casimiro  Carvalho podia escrever â mãe, com os dizeres , em caixa alta, "Now we have peace" [, Finalmente temos paz].




Foto: © José Casimiro Carvalho (2007) / BlogueLuís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.

Excerto de uma das cartas enviadas de Gadamael. Na resenha biográfica do J. Casimiro Carvalho, não há grande precisão nas datas,   no que diz respeito ao período em que esteve em Gadamael. O BCP nº 12, a duas companhias (CCP 122 e CCP 123) é enviado para Gadamael a 2 de Junho, seguindo-se a 13 a CCP 121, do Victor Tavares. Regressa a Bissau a 7 de Julho (as CCP 122 e 123) e a 17 de Julho (a CCP 121). Os páras conseguirão travar a ofensiva do PAIGC a partir do momento em que se instalam em Gadamael. 

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(...) Já agora vou descrever um pouco por alto aquilo que ainda está gravado na minha memória. Quando nos disseram em Bissau que íamos para Gadamael, informaram-nos que a situação era muito grave e que não valia a pena irmos carregados, só o necessário para três ou quatro dias. Quando nos aproximávamos de Gadamael, recordo-me muito bem de ver muita tropa à beira do rio, com uma expressão de terror na cara.

Alguns dizem que desembarcámos em botes, mas eu quase afirmava que foi de LDM e era capaz de jurar que só a minha companhia, a [CCP] 122, é que desembarcou nesse dia e não me lembro de estarem lá duas companhias de páras ao mesmo tempo. Penso que a 123 nos foi render para a 122 poder descansar uns dias em Cacine.

Mal chegámos a Gadamael, dois pelotões foram logo para a mata, onde passaram a noite. Em Gadamael apenas se encontravam lá uns quinze ou vinte homens, o resto tinha fugido. Recordo-me que veio logo uma Berliet conduzida por um açoriano muito destemido para evacuar os mortos e feridos. Soube pelo blogue que o José Casimiro Carvalho também fazia parte dos que não fugiram. 

O meu pelotão, o quarto, fazia parte do bigrupo que passou a primeira noite no mato e, quando estávamos a regressar ao quartel, este foi fortemente bombardeado, originando a morte de alguns soldados do exército que tentaram fazer fogo com o obus 140, salvo erro. Estivemos à espera que os rebentamentos acabassem para poder entrar no quartel.

Um dia ou dois mais tarde morreram mais três soldados e um alferes miliciano, vítimas duma emboscada, muito próximo do quartel. Alguém devia ter um grande peso na consciência por ter mandado para o mato um grupo de apenas duas dezenas de militares, se tanto. Este ataque já foi contado pelo José Casimiro e pelo [Carmo] Vicente.

Aqui o Vicente deve estar enganado. Quem foi primeiro recuperar os corpos foi outro pelotão, o nosso pelotão foi enviado em reforço porque tínhamos acabado de chegar do mato. Encontrámo-nos a meio caminho e demos uma ajuda a transportar os corpos que estavam muito mal tratados : tinham o corpo queimado e ferimentos causados pelas balas. O alferes tinha um grande buraco na cara derivado a uma rajada e um soldado nem calças trazia vendo-se bem o efeito das chamas.

Quando chegámos ao quartel, os colegas dos militares mortos estavam no cais à espera e houve um pormenor que me deixou surpreendido e até chocado. Nenhum deles teve a coragem de nos ajudar a carregar os mortos para a Berliet. Os corpos eram postos no chão e o pessoal ia para as valas. Eu próprio os carreguei com a ajuda de colegas. 

Quando estávamos com este trabalho, o IN lançou novo ataque e eu só tive tempo de saltar do paredão do cais para me proteger. Foi a minha salvação pois uma granada caiu no local que tinha deixado. Escapei à uma morte certa por décimos de segundo.

Outro pormenor que me surpreendeu : quando íamos resgatar os corpos, um dos soldados que tinha fugido da emboscada dirigiu-se a mim, suplicando-me por,  tudo quanto me era sagrado, que tentasse recuperar uma medalha ou um fio que a mãe lhe tinha dado. Essa medalha ou fio devia estar no casaco que ele largou durante a fuga. Os ataques iam-se sucedendo e talvez mais espaçados e a tropa que tinha fugido ia regressando ao quartel talvez por se sentirem mais seguros com a nossa presença.

No dia dez de Junho (ninguém no mundo me convencerá que não foi neste dia ) sofremos então uma emboscada que deixou a 122 muito debilitada. Pela manhã fomos montar uma emboscada um pouco distante do quartel. Nada se passou de anormal a não ser uma tentativa do IN em abater um Fiat que voava bem lá no alto:  distinguia-se perfeitamente o fumo do míssil que tinha rebentado.

A meio da tarde, iniciámos o regresso ao quartel. Estava previsto o meu pelotão e mais um pernoitarem na mata, já muito próximo do quartel e estávamos já nesses preparativos, quando se deu a emboscada. Os dois pelotões que lá deviam pernoitar encontravam-se já na mata e os outros dois seguiam pelo caminho que dava acesso ao quartel. Os dois bigrupos encontravam-se em posição paralela,  o que podia ter custado muito caro. 

Claro que foi um erro de quem dirigiu a manobra. Os dois pelotões que iam para o quartel é que deviam ir na frente. Eu por acaso apercebi-me do erro e disse aos meus homens para não dar fogo. Aquilo nunca mais acabava. Quando os caças Fiat vieram em nosso auxílio ainda o combate não tinha acabado. Não havia árvores de grande porte para nos protegermos. O meu colega do lado esquerdo tentava proteger-se atrás dum arbusto que foi ceifado por uma granada logo por cima da cabeça. O que estava do meu lado direito foi levantado pelo sopro duma granada.  possivelmemte dum RPG 7. 

Acreditem que foi verdade,  pois vi com os meus próprios olhos. Há minutos na vida que duram uma eternidade. Resultado da brincadeira :17 feridos, todos causados por estilhaços,  fazendo eu parte desse grupo com um ferimento na cabeça.

Por absurdo que pareça eu fiquei bem disposto e até brinquei com os meus colegas. Quando estes me viram a sangrar da cabeça disseram-me : "Ó meu furriel já pode estar descansado, já acabou a comissão". Mal eles imaginavam que passados oito ou dez dias estava de novo junto deles. Claro que o ferimento não era grave e, derivado ao medo que os médicos tinham do comandante, eu próprio pedi para voltar à minha companhia. 

Quando voltei, já a 122 estava a descansar em Cacine e mal cheguei lá fui presenteado com um ataque de paludismo. Veio logo o capitão Terras Marques dizer-me que tinha que recuperar depressa pois precisava de mim para irmos fazer uma operação à fronteira da República da Guiné.

Voltando um pouco atrás. Fomos então evacuados para Cacine em dois botes que iam superlotados e de Cacine seguimos de helicóptero para Bissau. Quando eu estava no hospital a aguardar transporte para Bissalanca, chegou o homem do monóculo [, o gen Spínola,]  para ver como estavam os feridos. O médico que o acompanhava apontou para mim e disse-lhe que eu era um dos feridos. Dirigiu-se a mim e perguntou-me como se tinha passado. Quando lhe disse que foi no regresso, logo me perguntou se vínhamos pelo mesmo caminho. Pensei logo que estava ali uma armadilha e lá lhe enfiei o barrete. (...)

Guiné 63/74 - P11078: (Ex)citações (210): Fanado, circuncisão, excisão: diferenças interétnicas (Pepito)



Guiné-Bissau > Região de Tombali > Catesse > 2010 > Bajuda, a frequentar a 6ª classe da escola local. Legenda: " O ano de todas as esperanças. Djari Queita é a jovem rapariga do Grupo Teatral de Catesse, em plena floresta de Cantanhez, que se distingue pela animação e dinamização das actividades culturais de rapazes e raparigas, em especial de teatro, dança e música tradicional. Está a estudar na escola local, tendo transitado para a 6ª classe, nível muito elevado para uma jovem daquela zona rural, que tem como principal profissão a produção de óleo de palma Anda muito contente e diz que este ano, é o ano de todas as esperanças".Foto tirada em 1 de dezembro de 2010, usando uma Canon Difgital IXUS 85 IS. Foto da Galeria da AD - Acção para o Desenvolvimento. Reproduzida com a devida autorização...

Foto (e legenda): © AD - Acção para o Desenvolvimento (2013). Todos os direitos reservados.




Pepito, ao canto superior direito... Reprodução parcial de imagem constante do artigo do magazine da TAP, Up, disponível no sítio da AD - Acção para o Desenvolvimento. (Com a devida vénia...).

  1. A propósito do poste P11075, e da foto do fanado em Darsalame, da galeria da AD - Acção para o Desenvolvimento, segue-se um comentário do nosso amigo Pepito (que ontem encontrei no Colombo, com o seu filho Ivan, e um casal amigo, quando íamos, eu e o João, para a nossa sessão de ginásio... Como veem, meus amigos e camaradas, o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande!... O Pepito está cá porque a senhora sua mãe, decana do nosso blogue, a dra. Clara Schwarz, vai fazer 98 (!) anos no dia 14 deste mês):

Caro Luís

Para as pessoas menos atentas à cultura africana, há o hábito de confundir fanado com circuncisão, o que não é correto.

Nos balantas o fanado é uma cerimónia de passagem de idade, em que o jovem se torna adulto e já pode usar o barrete vermelho (entre outras coisas). Durante a cerimónia, há de facto o fanado, isto é, o corte do prepúcio [, dobra de pele que reveste a glande do pénis,] , tal e qual o fazem os judeus. E ninguém quer eliminar estas cerimónias. O que se quer é conferir maior higiene e evitar a transmissão do HIV/SIDA através da "faca".

É nas etnias muçulmanas, sobretudo, que se dá o fanado das mulheres, isto é a excisão. Essas sim, aplicam o corte do clitóris e são atentórias da dignidade feminina. Pessoalmente acredito que, um dia, esta prática deixará de existir. Até porque cada vez se encontram mais jovens que se recusam ir ao fanado. Vai ser uma luta entre gerações e é lá que ela vai ser decidida. 

Comparando, e uma comparação tem sempre limites, é o que se passa na Europa com a violência física dos homens sobre as mulheres. É uma questão cultural e só a esse nível é que poderá ser combatida definitivamente.

Por isso mesmo deve-se notar que a foto da AD [, à direita,] se refere ao fanado dos homens balantas. 
abraço
pepito

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Nota do editor:

Último poste da série > 8 de fevereiro de 2013 > Guiné 63/74 - P11075: (Ex)citações (209): O fanado, visto porcolons e colonizados...(António Rosinha / Cherno Baldé)

Guiné 63/74 - P11077: A minha CCAÇ 12 (28): Dezembro de 1970: Flagelação ao pessoal e às máquinas da TECNIL, na nova estrada em construção, Bambadinca-Xime (Luís Graça)


Foto nº 114 > Coluna auto deslocando de Bambadinca para o Xime (ou vice-versa ?), nas proximidades  de Ponta Coli


Foto nº 140 >  Coluna auto saíndo do Xime, e atravessano a bolanha nas peroximidades de Taliuara (ou Ponta Coli ?)






Foto nº 138 > Regresso de coluna auto a Bambadinca, vindo do Xime... Foi daqui que o PAIGC atacou, em força, o aquartelamento de Bambadinca, em 28 de maio de 1969,,, Vê-se ao fundo, do lado esquerdo a grande antena de transmissões e os edifícios...



Foto nº 46 > A ponte do Rio Udunduma, objeto de sabotagem por parte doi PAIGC, na noite de 28 de maio de 1969, aquando do ataque ao quartel de Bambadinca... Pela escassez de água no rio, vê-se que estamos no fim da época seca...Não me lembro de ter visto  o rio Udunduma com um caudal tão fraco...Passei lá muitas noites (do 2º semestre de 1969 ao 1º trimestre de 1971), no destacamento que depois dessa data foi improvisado para defender esta posição estratégica... Com a construção da nova estrada, mais ou menos paralela a esta, foi construída uma nova ponte..


Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > Fotos do álbum do José Carlos Lopes, ex-fur mil reabastecimentos.

Foto: © José Carlos Lopes (2013). Todos os direitos reservados. (Editadas e legendadas por L.G.)







Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Piche > Ponte Caium > CCAÇ 3546 (Piche, Ponte Caium e Camajabá, 1972 / 1974) > Foto nº 2: "As máquinas da TECNIL destruídas por ataque do PAIGC... Esta empresa estava empenhada na construção da nova estrada Piche-Buruntuma"... Entretanto, nas vésperas do natal de 1970, na construção do troço anterior, Nova Lamego-Piche a TECNIL já havia sofrido 9 mortos...

Foto: © Carlos Alexandre (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados





Excerto da pág. 43, cap I,  da história da CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71)


Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca > Subsetor do Xime > Carta do Xime (1955) > Escala 1/50 mil > O traçado a vermelho indica a antiga estrada Xime-Bambadinca, passando por Taliuara, Ponta Coli, Amedalai, ponte do Rio Udunduma... Em dezembro de 1970, ainda estava em construção a nova estrada, a cargo da Tecnil... Na sempre temível Ponta Coli, máquinas e pessoal da Tecnil foram flagelados por um grupo IN, estimado em 20 elementos, no dia 30, às 6h30 da manhã... Valeu a pronta reação das NT que faziam segurança à Tecnil, no início de mais um dia de trabalho... Referimo-nos ao 3º Gr Comb da CCAÇ 12, comandado pelo nosso grã tabanqueiro alf mil at inf Abel Maria Rodrigues, transmontano, força essa que era reforçada por 1 secção do Pel Caç Nat 54...

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2013).


A. Continuação da séria A Minha CCAÇ 12, por Luís Graça (*)... Estávamos com 18 meses de Guiné, e de intensa atividade operacional, desde que na segunda metade do mês de julho de 1969 fomos colocados em Bambadinca, como subunidade de intervenção ao serviço do comando do BCAÇ 2852 (até maio de 1970) e depois do BART 2917 (a partir de junho de 1970)...


(18) Dezembro / 70: tentativa IN de dificultar os trabalhos de construção da estrada Bambadinca-Xime


A 30, pelas seis e meia, um grupo IN estimado em 20 elementos abriu fogo de LRockets [, LGFog,] e armas automáticas em Ponta Coli sobre o pessoal e meios técnicos da empresa a quemf oi adjudicada a construção da estrada Bambadinca-Xime (TECNIL).

A pronta reação das NT (3º Gr Comb / CCAÇ 12, reforçada c om 1 secção do Pel Caç Nat 54) que fazia a segurança, neutralizou as intenções do IN. Na perseguição,a s NT localizaram duas posições de RPG-2. O In retirou na direção de Chacali cujio trilho foi batido pela Artilharia do Xime, tendo na fuga abandonado 1 carregador de Esp Aut Kalashnikov e granada de RGP-2.

Posteriormente foi encontrada mais 1 granada e 4 disparadores para mina A/C e A/P. E um mês depois forças da CART 2715 detectariam casualmente 1 engemnho explosivo na estrada velha, constituído por 2 granadas de canhão s/r e bocados de trotil mas sem qualquer detonador ou mina A/P.

Embora sem consequências para o pessoal da TECNIL (a não ser psicológicas que acabara de sofrer 9 mortos na estrada Nova Lamego-Piche nas vésperas de Natal), esta flagelação obrigaria as NT a reforçar o dispositivo de segurança à estrada. Assim, todos os dias, a partir dasd 5.30h, 2 Gr Com da CCAÇ 12 (ou 1 Gr Comb mais o Pel Caç Nat 54, conforme a escala) passariam a patrulhar a área compreendida entre Amedalai. Ponta Coli e Taliuara, instalando-se antes do início dos trabalhos na orla da mata, de maneira garantir uma protecçºao eficiente ao pessoal e meios técnicos, enquanto ao Pel [Rec] Daimler 2206 era dada a missão de patrulhar o troço da estrada entre a ponte do Rio Udunduma  e Ponta Coli. A partir dfas 13h, a segurança passaria  a ser feita pela CART 2715 (2 Gr Comb).

Durante o mês a CCAÇ 12 realizou ainda, a 4, uma patrulha de reconhecimento na região de Dembataco, Madina, Sinchã Mussá, Moricanhe e Sinchã Maunde (Acção Graúda) e 2 colunas ao Saltinho, na primeira das quais, a 9 [de Dezembro,] foi accionada por uma viatura da CCS/BART 2917 uma mina A/C já antiga, junto à ponte do Rio Jagarajá.
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Nota do editor:

Último poste da série > 26 de novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10726: A minha CCAÇ 12 (27): Novembro de 1970: a 22, a Op Mar Verde (Conacri), a 26, a Op Abencerragem Cadente (Xime)...(Luís Graça)

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Guiné 63/74 - P11076: Notas de leitura (456): "Guiné", por Mussá Turé (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 8 de Novembro de 2012:

Queridos amigos,
Descobri que o Instituto Camões ainda possui obras de autores guineenses, refere-se aqui, para começar, a poesia de Mussá Turé, muito generosa e sofrida, também varonil e afetuosa, e dá-se conta de um daqueles dossiês que diferentes grupos esquerdistas portugueses publicavam no exílio.
Aqui aparecem testemunhos de três desertores da Guiné, creio que o fuzileiro Alfaiate depois repensou a sua posição e entregou-se às autoridades portuguesas, tendo sido útil as informações que deu a Alpoim Calvão sobre a geografia de Conacri e a situação dos principais alvos que ele pretendia atingir na operação Mar Verde.

Um abraço do
Mário


Guiné! Por Mussá Turé 
Uma relíquia: Falam desertores da guerra da Guiné

Beja Santos

Guiné! (edição patrocinada pelo Montepio Geral, 2001) é uma coletânea de poesia em português e crioulo do jornalista Mussá Turé, nascido em Sonaco, em 1967. Integrou a equipa da Televisão Experimental da Guiné-Bissau, foi apresentador do principal serviço noticioso desta emissora e correspondente das rádios internacionais Voz da América, África nº 1, RDP Internacional e Rádio Renascença.
É membro da organização Repórter sem Fronteiras, desde 1997.
A sua poesia, escrita fundamentalmente no virar do século, ressoa os conflitos tremendos que viveu o país entre 1998 e 1999, é uma poética que se assume como testemunho, participação, uma quase épica de esperança, uma escrita que parece ter sido elaborada para leitura pública, é poesia de alguém que não esconde a indignação e a plenitude da dor, perdeu um filho no decurso da guerra civil.


Oiçamo-lo no seu poema Mantenhas:

Mantenhas para ti combatente
mantenhas para ti camarada
um mantenha sorridente
para ti da Câmara da
verdade da Liberdade

Mantenhas para quem lavra
mantenhas para quem aprende
mantenhas para quem vislumbra
essa caminhada
algo inocente indecente

Mando mantenhas para ti da tabanca
mantenhas para ti da praça
mantenhas para ti pescador
mantenhas para ti estivador

De volta quero receber as tuas mantenhas
mantenhas falando das águas do rio dos peixes dos tubarões
mantenhas mostrando os teus músculos duros
qual tabuleiro de pesos pesados na balança dos ossos

De volta quero ainda receber as tuas mantenhas
mantenhas anunciando colheita
mantenhas anunciando fartura
mantenhas anunciando sabura

Quero antes mandar mantenhas para ti N’Gumbé
mantenhas para ti Kussundé
mantenhas para ti Poeta
mantenhas para ti Artesão

Quero antes mandar mantenhas para Bissâssema
mantenhas para Calequisse
mantenhas para Canquelifá
mantenhas para Onhokom
mantenhas para Sintchã Mamadú
mantenhas para Tôr
mantenhas para Encheia
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Nota do editor:

Vd. último poste da série de 4 DE FEVEREIRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11054: Notas de leitura (455): "Raças do Império", por Mendes Corrêa (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P11075: (Ex)citações (209): O fanado, visto por colons e colonizados...(António Rosinha / Cherno Baldé)



Guiné-Bissau > Região de Quínara > Darsalame (vd. carta de Cacine) > Festa do fanado ou cerimónia de iniciação dos jovens em Darsalame.  Foto da Galeria da AD - Acção para o Desenvolvimento, em Bissau, e parceira do blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Esta foto foi tirada em 15 de abril de 2009 usando uma Canon Digital IXUS 90 IS. Foto reproduzida com a devida vénia...

"À semelhança de muitas outras etnias, os jovens balantas fazem das cerimónias de iniciação, os chamados Fanado, momentos importantes da sua vida.

É nesta ocasião que lhes são transmitidos os valores individuais e colectivos tradicionais, os segredos que devem guardar, as normas de conduta social, as leis comunitárias e onde os jovens fazem prova da sua coragem e valentia, relatando e demonstrando actos relevantes praticados antes de entrarem para o Fanado.

Durante cerca de 2 meses, os jovens recolhem-se no meio do mato, na barraca do fanado, onde ninguém os volta a ver, limitando-se as respectivas famílias a levar a alimentação de que necessitam. Antes de entrarem, os jovens brincam, fazem jogos e danças, mostrando os seus trajes de rebeldia, muito apreciados por toda a população."

Foto (e legenda): © AD - Acção para o Desenvolvimento (2013). Todos os direitos reservados.

1. Comentários do António Rosinha e do Cherno Baldé ao poste P11070:

(i) António Rosinha:

Estas práticas cerimoniais africanas que hoje se pretende eliminar, eram praticadas no tempo colonial, discretamente, um pouco às escondidas das autoridades coloniais, no caso das ex-colónias portuguesas.

No caso da Guiné, após a independência, passaram a ser praticadas publicamente e com datas próprias assinaladas pelas próprias autoridades.

Só que passou a ser testemunhado passivamente, como se fosse um inofensivo folclore, durante décadas pela UNICEF, OMS, AMI, MSF, médicos e paramédicos de Cuba, que apoiavam aquelas autoridades sanitárias incondicionalmente.

Só agora? antes tarde que nunca.

Antº Rosinha

(ii) Cherno Baldé:

Caros amigos,

Este tema já aqui foi objecto de discussão mas nunca é demais voltar a rebatê-lo pois é importante a sensibilização das pessoas a volta dos nossos problemas sociais e culturais.

Sobre esta problemática já Cabral nos dizia, mais ou menos nestes termos: "devemos manter os aspectos bons da nossa cultura, mas devemos combater e abandonar os que concorrem para manter o nosso povo no atraso e no obscurantismo".

Claro que na altura não tinham declarado guerra aberta a estas práticas, suponho que, pelas mesmas razões porque o Governo colonial não o fazia.

Do meu ponto de vista a excisão feminina resultou, históricamente, de uma simples transposição da circunscisão (fanado masculino) por iniciativa e vontade próprias da mulher, como uma instituição social de purificação, como diz o Luis Graça e também de educação ou socialização das meninas para o exercicio da função e do papel de mulher e como tal não podia ser anterior a islamização do mesmo modo que a circunscisão resulta de uma prática bem conhecida e intimamente ligada a religião que remonta até Abraao, este é o primeiro ponto.

Mas, ao mesmo tempo, a excisão feminina não resulta de nenhuma imposição ou fanatismo religioso como, erradamente, se pode pensar e o "fatwa" proferido pelos Imames no Parlamento, é demonstrativo deste facto. Da mesma forma que também ela não resulta de uma discriminação ou imposição dos homens em relação as mulheres nas nossas sociedades.

A luta contra a MGF, antes de mais, deve ser travada no seio da própria camada feminina, mas também no campo do desenvolvimento integral do Homem em geral (homens e mulheres) e, sobretudo, no dominio da educação.

Lembro que o meu pai não era letrado e vivia no campo, mas o simples contacto com comerciantes Lusos (portugueses e Caboverdianos) nos anos 60 foi o suficiente para abrir os olhos e mudar a sua filosofia de vida e o caminho escolhido para os seus filhos numa época em que as forças do obscurantismo ainda reinavam.

Assim, para as novas gerações da Guiné, a batalha contra a MGF e as práticas culturais consideradas nefastas só poderão ser ganhas se o combate contra a pobreza e o analfabetismo for encarado com firmeza e determinação, mas para isso precisamos de mais e melhor organização, de mais e melhor estado que possa conceber politicas e fixar metas que sejam económica e socialmente exequíveis.

Bem, depois de todo esse trabalho, esperamos que, a seguir, não nos venham a dizer para legalizarmos o casamento gay porque, convenhamos, isto dos direitos humanos pode ser uma verdadeira caixa de pandorra.

Um abraço amigo,

Cherno Baldé
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Nota do editor:

Último poste da série > 3 de fevereiro de 2013 > Guiné 63/74 - P11049: (Ex)citações (208): Monóculo de Spínola oferecido ao Museu Etnográfico de Silgueiros - Viseu (Amaral Bernardo)