1. Mensagem do nosso camarada Vasco Pires, bairradino que vive no Novo Mundo, e que foi alf mil art, cmdt do 23.º Pel Art, Gadamael (1970/72):
Data: 25/3/2013
Assunto: Amigos brasileiros
Caro Carlos,
Enviei o link da nossa "GRANDE TABANCA" para vários amigos brasileiros, recebi esta resposta do Eduardo Costa.
"Ó Lusitano,
Foi com muito interesse que fui até o site indicado mas devo confessar que não imaginava quão emocionante seria ler suas memórias.
Imagino o quanto os tempos de caserna foram marcantes, se para mim, que nunca cheguei perto de um combate, marcaram muito, para você e seus companheiros deve ter sido a experiência da vida de vocês.
Parabéns e saudades do amigo,
Eduardo C osta
Ex - 2º. Ten. Inf. (Exército Brasileiro)"
Talvez seja interessante publicar, o que achas?
forte abraço
VP
________________
Nota do editor:
Último poste da 15 de março de 2013 > Guiné 63/74 - P11254: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (63): O Benito Neves, de Abrantes, no restaurante A Lúria, S. Pedro de Tomar, com o Luís Graça, que foi ao lançamento de um livro a Tomar... Recordando com saudade o Victor Condeço (Entroncamento) e o José Henriques Mateus (Lourinhã)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
terça-feira, 26 de março de 2013
Guiné 63/74 - P11317: Ser solidário (146): Almoço solidário e Assembleia Geral Ordinária da Tabanca Pequena (ONGD), dia 13 de Abril na cidade da Maia (Álvaro Basto)
C O N V I T E
TABANCA PEQUENA (ONGD)
GRUPO DE AMIGOS DA GUINÉ-BISSAU
ALMOÇO SOLIDÁRIO E ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA
Caros associado(a)/amigo(a)
Vamos uma vez mais realizar este ano um almoço de solidariedade seguido de Assembleia Geral, que terá lugar no restaurante do Complexo Municipal de Ténis da Maia, em Vermoim, na Avenida Luis de Camões.
Gostaríamos de poder contar com a sua presença e a dos seus familiares, participando dessa forma não só numa animada e sadia confraternização, mas também contribuindo para a concretização dos projetos da nossa ONGD, que, conforme terão oportunidade de ouvir na altura, continuam a melhorar a vida de muitas crianças e jovens Guineenses.
Seguem-se o cartaz do almoço e a convocatória da Assembleia Geral Ordinária para todos os associados(as)
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Nota do editor:
Vd. último poste da série de 23 DE MARÇO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11300: Ser solidário (145): Relatório sobre as iniciativas da Tabanca Pequena ONGD na Guiné-Bissau (José Teixeira / AD)
Guiné 63/74 - P11316: Do Ninho D'Águia até África (61): Regresso à sua aldeia (Tony Borié)
1. Sexagésimo primeiro episódio da série "Do Ninho de D'Águia até África", de autoria do nosso camarada Tony Borié (ex-1.º Cabo Operador Cripto do Cmd Agru 16, Mansoa, 1964/66), iniciada no Poste P10177:
DO NINHO D'ÁGUIA ATÉ ÁFRICA - 61
A unidade militar a que o Cifra pertencia, era na área de Lisboa. No mesmo dia do desembarque entregou o resto dos trapos que trazia e pertenciam ao exército, teve que pagar vinte sete escudos e cinquenta centavos por alguns trapos que faltavam, como camisas e meias.
No jardim dessa unidade militar abriu a mala de papelão e fibra nos cantos, amarrada com uma corda, vestiu umas calças, uma camisa de manga curta e calçou uns sapatos à sua medida que tinha comprado na capital da província, enquanto esperava o embarque. Ao sair da unidade militar, gritou em plenos pulmões:
- Não sou mais Cifra, sou de novo o Tó d’Agar!
Na estação, em Lisboa, apanhou o comboio da linha do norte, que o levou à cidade. Aí mudou para o seu comboio, que com a locomotiva a vapor, mil cento e trinta e seis, a tal que tinha força de gigante, que abanava o cabanal onde estava o curral das ovelhas, que o Tó d’Agar, conhecia pelo apito, que fazia um ruído ensurdecedor sempre que passava no vale, rumo ao norte, a caminho da montanha a todo o vapor. Sim, foi essa locomotiva, que trazendo atrás de si o comboio das dez e meia, fez regressar o Tó d’Agar de novo para junto da sua família, na aldeia do vale do Ninho d’Águia.
Nessa noite houve festa na aldeia do vale do Ninho d’Águia, com foguetes e tudo, o agora de novo Tó d’Agar levou abraços e beijos de pessoas a chorar de alegria, a sua cara estava cheia de baba e ranho, que limpava às costas da mão, a mãe Joana chorava, os irmãos pulavam e cantavam, o pai Tónio, com um copo de “jeropiga” na mão, fazia vivas a toda a gente, os vizinhos faziam uma roda à sua volta e perguntavam se na Guiné havia macacos e leões, algumas raparigas suas amigas davam-lhe palmadas e agarravam-se a ele e beijavam-no por muitas vezes, os garotitos, alguns que tinham nascido depois de ele ir para o serviço militar, olhavam-no e depois vinham tocar-lhe, como se o Tó d’Agar fosse alguém estranho na aldeia, alguns cães ladravam, havia um “gira-discos” com música, havia uma garotita, toda suja, igual àquela que uma vez viu na capital da província da Guiné, que lhe pediu patacão para comprar bianda, e só com um bibe a cobrir-lhe o corpo, com o dedo na boca, comendo baba e ranho, que se aproximou do Tó d’Agar, tocou-lhe e pediu se podia levar um bocado de pão trigo da mesa onde havia comida, o Tó d’Agar disse sim, ela tirou três bocados de pão, um foi na boca, outro na mão e outro dentro do bibe, e o senhor Jaime Barbeiro fez um discurso.
A um canto, com uma mão na cinta e outra caída ao longo do corpo, com uma permanente que lhe fazia alguns caracóis longos, nos seus cabelos já “grizalhos”, com um vestido que lhe cobria a parte de trás do corpo e lhe deixava ver um pouco do peito e as pernas um pouco abaixo do joelho, estava a menina Teresa, que ao encarar o Tó d’Agar, com os seus olhos percorreu todo o seu corpo de alto a baixo, parando por uns segundos onde o corpo termina e começam as pernas, abraça-se a ele com força, e aí mais uma vez, não conseguiu tirar este peso, que é a menina Teresa em cima de si, e o To d’Agar sentiu-a toda encostada a ele, mesmo a empurrá-lo, quase que o fazia cair no chão, dá-lhe um beijo de lado, quase a apanhar a boca, e não lhe perguntou, se tinha feito boa viajem, ou se estava bem, a suas únicas palavras foram:
- Aaaiii..., trazes “aquilo” que eu te pedi, é mesmo grandote, tenho tantos desejos de vê-lo! Tó d’Agar, estás tão grande, tão crescido, pareces um homem, vem ver-me amanhã, logo bem cedo, quero apalpá-lo, tocar-lhe, e tú tens que estar presente, para me ajudares a que ele me dê boa sorte!
Todos vocês sabem o que era “aquilo” a que a desenvergonhada da menina Teresa, se referia!
(Fim da primeira parte)
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Nota do editor:
Vd. último poste da série de 23 DE MARÇO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11299: Do Ninho D'Águia até África (60): O regresso a Portugal (Tony Borié)
DO NINHO D'ÁGUIA ATÉ ÁFRICA - 61
A unidade militar a que o Cifra pertencia, era na área de Lisboa. No mesmo dia do desembarque entregou o resto dos trapos que trazia e pertenciam ao exército, teve que pagar vinte sete escudos e cinquenta centavos por alguns trapos que faltavam, como camisas e meias.
No jardim dessa unidade militar abriu a mala de papelão e fibra nos cantos, amarrada com uma corda, vestiu umas calças, uma camisa de manga curta e calçou uns sapatos à sua medida que tinha comprado na capital da província, enquanto esperava o embarque. Ao sair da unidade militar, gritou em plenos pulmões:
- Não sou mais Cifra, sou de novo o Tó d’Agar!
Na estação, em Lisboa, apanhou o comboio da linha do norte, que o levou à cidade. Aí mudou para o seu comboio, que com a locomotiva a vapor, mil cento e trinta e seis, a tal que tinha força de gigante, que abanava o cabanal onde estava o curral das ovelhas, que o Tó d’Agar, conhecia pelo apito, que fazia um ruído ensurdecedor sempre que passava no vale, rumo ao norte, a caminho da montanha a todo o vapor. Sim, foi essa locomotiva, que trazendo atrás de si o comboio das dez e meia, fez regressar o Tó d’Agar de novo para junto da sua família, na aldeia do vale do Ninho d’Águia.
Nessa noite houve festa na aldeia do vale do Ninho d’Águia, com foguetes e tudo, o agora de novo Tó d’Agar levou abraços e beijos de pessoas a chorar de alegria, a sua cara estava cheia de baba e ranho, que limpava às costas da mão, a mãe Joana chorava, os irmãos pulavam e cantavam, o pai Tónio, com um copo de “jeropiga” na mão, fazia vivas a toda a gente, os vizinhos faziam uma roda à sua volta e perguntavam se na Guiné havia macacos e leões, algumas raparigas suas amigas davam-lhe palmadas e agarravam-se a ele e beijavam-no por muitas vezes, os garotitos, alguns que tinham nascido depois de ele ir para o serviço militar, olhavam-no e depois vinham tocar-lhe, como se o Tó d’Agar fosse alguém estranho na aldeia, alguns cães ladravam, havia um “gira-discos” com música, havia uma garotita, toda suja, igual àquela que uma vez viu na capital da província da Guiné, que lhe pediu patacão para comprar bianda, e só com um bibe a cobrir-lhe o corpo, com o dedo na boca, comendo baba e ranho, que se aproximou do Tó d’Agar, tocou-lhe e pediu se podia levar um bocado de pão trigo da mesa onde havia comida, o Tó d’Agar disse sim, ela tirou três bocados de pão, um foi na boca, outro na mão e outro dentro do bibe, e o senhor Jaime Barbeiro fez um discurso.
A um canto, com uma mão na cinta e outra caída ao longo do corpo, com uma permanente que lhe fazia alguns caracóis longos, nos seus cabelos já “grizalhos”, com um vestido que lhe cobria a parte de trás do corpo e lhe deixava ver um pouco do peito e as pernas um pouco abaixo do joelho, estava a menina Teresa, que ao encarar o Tó d’Agar, com os seus olhos percorreu todo o seu corpo de alto a baixo, parando por uns segundos onde o corpo termina e começam as pernas, abraça-se a ele com força, e aí mais uma vez, não conseguiu tirar este peso, que é a menina Teresa em cima de si, e o To d’Agar sentiu-a toda encostada a ele, mesmo a empurrá-lo, quase que o fazia cair no chão, dá-lhe um beijo de lado, quase a apanhar a boca, e não lhe perguntou, se tinha feito boa viajem, ou se estava bem, a suas únicas palavras foram:
- Aaaiii..., trazes “aquilo” que eu te pedi, é mesmo grandote, tenho tantos desejos de vê-lo! Tó d’Agar, estás tão grande, tão crescido, pareces um homem, vem ver-me amanhã, logo bem cedo, quero apalpá-lo, tocar-lhe, e tú tens que estar presente, para me ajudares a que ele me dê boa sorte!
Todos vocês sabem o que era “aquilo” a que a desenvergonhada da menina Teresa, se referia!
(Fim da primeira parte)
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Nota do editor:
Vd. último poste da série de 23 DE MARÇO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11299: Do Ninho D'Águia até África (60): O regresso a Portugal (Tony Borié)
Guiné 63/74 - P11315: E as Nossas Palmas Vão Para... (6): A banda musical portuguesa "Melech Mechaya", nomeada para os "Independent Music Awards" (IMA), 12ª edição anual, para a categoria de "Melhor Álbum Instrumental"
9 MAR 2013 O mais recente disco "Aqui Em Baixo Tudo É Simples" (ou "Melech Mechaya", na sua edição internacional) foi nomeado para a categoria "melhor álbum instrumental" dos Independent Music Awards [IMA] da Music Resource Group. O júri inclui nomes como Tom Waits, Suzanne Vega, Ziggy Marley ou Brandi Carlisle, e entre antigos nomeados e vencedores encontram-se Joan As Police Woman, Lee "Scratch" Perry e Melissa Auf Der Maur (ex-Smashing Pumpkins).
2. Comentário de L.G.:
Damos, desde já, os nossos parabéns aos Melech Mechaya, a banda portuguesa de que faz parte o nosso grã-tabanqueiro João Graça. (Entrou para a Tabanca Grande em finais de 2009, depois de um périplo pela Guiné-Bissau). É bom ver o talento, a criatividade e o esforço dos nossos jovens portugueses serem reconhecidos lá fora... e cá dentro.
Os Melech Mechaya têm alguns fãs, entusiásticos e incondicionais, na nossa Tabanca Grande, razão por que não achamos despropositada esta notícia. Para eles, os Melech Mechaya, vão as nossas palmas (**). Que a sua música, ora divertida ora intimista, continue a ajudar a pulsar os nossos corações, a alimentar o caldeirão das nossas emoções e a alegrar as nossas vidas, convencendo-nos de que, afinal, "Aqui Em Baixo Tudo É Simples"...
Há cinco nomeados, a nível mundial, para a categoria "melhor álbum instrumental" da 12ª edição anual dos IMA. Para os portugueses Melech Mechaya já é um grande prémio estar nesta lista restrita. Os restantes são da Sardenha (Itália), da Eslováquia, de Espanha e dos EUA...
PS - Já agora uma informação para os nossos amigos e camaradas na região de Tomar: No próximo dia 5 de abril, os Melech Mechaya vão estar em Tomar, a bela cidade dos Templários, no Cine-Teatro Paraíso... às 21h30. Ao vivo!... Eles levam a alegria, a fantasia, a esperança e a emoção que são precisos para a gente viver e sobreviver todos os dias, e convencer-nos (ou iludir-nos) de que, afinal, "Aqui Em Baixo Tudo É Simples"...
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(i) Formados no final de 2006 com João Graça no violino, Miguel Veríssimo no clarinete, André Santos na guitarra, João Novais no contrabaixo e Francisco Caiado na percussão:
(ii) os Melech Mechaya são hoje apontados como a primeira e mais proeminente banda de música Klezmer em Portugal;
(iii) A sonoridade do grupo de Lisboa e Almada inspira-se ainda na músicas portuguesa, balcânica e árabe;
(iv) Salvatore Esposito, da revista italiana BlogFoolk, considerou-os “um dos casos mais interessantes da cena musical portuguesa”;
(v) Depois de dois discos lançados em 2008 e em 2009 – o EP “Melech Mechaya” e o LP “Budja Ba”, onde participam as Tucanas – os Melech Mechaya lançaram em Outubro de 2011 o álbum “Aqui Em Baixo Tudo É Simples”.;
(vi) Este registo conta com a participação da fadísta Mísia e do trompetista norte-americano Frank London, líder e fundador dos Klezmatics (vencedores de um Grammy em 2006);
(vii) Referido pela revista Blitz como um dos melhores álbuns do ano, “Aqui Em Baixo Tudo É Simples” foi editado internacionalmente em Maio de 2012 e conquistou a crítica europeia com “a sua identidade musical própria” (Eelco Schilder, da prestigiada revista alemã FolkWorld);
(vi) Este registo conta com a participação da fadísta Mísia e do trompetista norte-americano Frank London, líder e fundador dos Klezmatics (vencedores de um Grammy em 2006);
Melech Mechaya - Gare No Oriente (com Mísia)... Vídeo (4' 57''): Disponível em You Tube > Melech Mechaya (Reproduzido aqui com a devida vénia...)
(vii) Referido pela revista Blitz como um dos melhores álbuns do ano, “Aqui Em Baixo Tudo É Simples” foi editado internacionalmente em Maio de 2012 e conquistou a crítica europeia com “a sua identidade musical própria” (Eelco Schilder, da prestigiada revista alemã FolkWorld);
(viii) As extensas digressões dos Melech Mechaya levaram os seus espectáculos “simplesmente electrizantes” (João Bonifácio, Público) aos 4 cantos do país;
(ix) O quinteto actuou já em importantes festivais como o Rock In Rio Lisboa, Super Bock Surf Fest, FMM Sines, CCB Fora de Si, Festa do Avante!, Maré de Agosto ou Bons Sons, e fizeram ainda a primeira parte do concerto de Emir Kusturica & The No Smoking Orchestra no Coliseu de Lisboa.;
(x) A digressão de apresentação do novo álbum teve salas esgotadas de Norte a Sul do país, e passou por palcos como a Casa da Música (Porto) ou o Cinema São Jorge (Lisboa);
(xi) Fora de portas, a crescente carreira internacional dos Melech Mechaya tem conhecido sucessivos desenvolvimentos;
(xii) Com uma presença considerável em Espanha, onde foram cabeças de cartaz de diversos festivais e partilharam palcos com bandas como Portico Quartet e Kroke, os Melech Mechaya actuaram na Croácia, Brasil e Cabo Verde;
(xiii) Os seus concertos foram transmitidos na Rádio Nacional de Espanha e na Rádio Nacional de Cabo Verde, foram eleitos como “Awesome Contemporary Indie Band” pela KJHK Radio dos Estados Unidos ao lado de nomes como Beirut ou Gogol Bordello, e o último álbum foi disco da semana no prestigiado programa Fahrenheit na Radio 3 de Itália:
(xiv) Além do trabalho de estúdio e de palcos, os Melech Mechaya trabalham frequentemente em teatro e cinema;
Melech Mechaya - Mazel Tov (Live @ Festival Bons Sons)... Vídeo (2' 26''): Disponível em You Tube > Melech Mechaya (Reproduzido aqui com a devida vénia...)
(xvi) O tema “Los Bentos” faz parte do trailer do filme “O Comandante e A Cegonha” do realizador italiano Silvio Soldini, lançado em Outubro de 2012 pela Warner Bros., e várias outras músicas do grupo integram as bandas sonoras de diversas curtas-metragens, assim como da telenovela líder de audiências da SIC “Dancin’ Days”;
(xvii) Fizeram a direcção musical de várias peças de teatro, destacando-se “Ivanov” pela companhia “A Truta”, e “Tempo Para Renascer”, pela prestigiada companhia catalã “La Fura Dels Baus”, num espectáculo para a Guimarães 2012 – Capital Europeia da Cultura.
(**) Último poste da série > 1 de março de 2013 > Guiné 63/74 - P11176: E as Nossas Palmas Vão Para... (5): Daniel Rodrigues, 25 anos, português, fotojornalista, que ganhou o "óscar" da melhor fotografia, na categoria "Vida Quotidiana", do concurso de 2013 da "Word Press Photo", com um belíssima foto de uma jogatana de futebol entre miúdos de Dulombi, março de 2012 (Luís Dias)
Guiné 63/74 - P11314: Álbum fotográfico de Abílio Duarte (fur mil art da CART 2479, mais tarde CART 11/ CCAÇ 11, Contuboel, Nova Lamego, Piche e Paunca, 1969/70) (Parte VIII): Contuboel, 1969, longe do Vietname
Foto s/ nº > Abílio Duarte em Contuboel, 1969
Foto s/ nº > Abílio Duarte em Contuboel, 1969: "A capelinha na vila"
Foto s/ nº > Malta da futura CART 11. Contuboel, 1969
Foto s/ nº > O Alf Pinheiro e os seus dois furrieis [, o Abílio é o primeiro]
Foto s/ nº > Contuboel, 1969: "Eu, o Macias, o Pais, o Abílio Pinto, o Aurélio Duarte... Saudades desta rapaziada"...
Foto s/ nº > Contuboel, 1969: "O meu pelotão de instrução. Alguns foram depois para a CCAÇ 12"
Foto s/ nº > Contuboel, 1969: Parada
Foto s/ nº > Praia fluvial de Contuboel...Mlalta da CART 11...Vê-se o Pechinha...
Guiné > Zona Leste > CART 2479/CART 11 (Contuboel, Nova Lamego, Piche, Paunca, 1969/71) > Contuboel > 1969
Fotos (e legendas): © Abílio Duarte (2013). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complemenetar: L.G.]
1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do Abílio Duarte, ex-fur mil art da CART 2479 (mais tarde CART 11 e finalmente, já depois do regresso à Metrópole do Duarte, CCAÇ 11, a famosa
companhia de “Os Lacraus de Paunca”) (Contuboel, Nova Lamego, Piche e Paunca, 1969/70). (*).
Estas fotos são respeitantes a Contuboel, que era vila e posto administrativo. Tinha uma praia fluvial e belas tabancas, cheias de poilões. Fulas e mandingas coabitavam pacificamente. Contuboel era um oásis de paz, no meu tempo (e no tempo do Abílio Duarte, que esteve lá mais tempo que eu).
Segundo me disse o novo grã-tabanqueiro António Baldé, Contuboel nunca foi atacada durante a guerra. Recordo-me de andarmos desarmados num raio (ou diâmetro ?) de 15 km. Ia-se a Sonaco, a norte, ou a Bafatá, a sul, nas calmas. Talvez por isso o Com-chefe tenha escolhido Contuboel para Centro de Instrução Militar da nova força africana. Bolama continuou a funcionar: formaram-se lá as CCAÇ 13 e 14. Em Contuboel, formaram-se as futuras CCAÇ 11 e 12.
Recordo-me de referir Contuboel como sendo "longe do Vietname", "far from the Vietnam"... Se calhar era uma visão idealizada do lugar, de qualquer modo tenho de Contuboel as minhas melhores recordações da Guiné... O inferno veio depois, ou conheci-o depois... (LG)
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Nota o editor:
Último poste da série > 20 de março de 2013 > Guiné 63/74 - P11281: Álbum fotográfico de Abílio Duarte (fur mil art da CART 2479, mais tarde CART 11/ CCAÇ 11, Contuboel, Nova Lamego, Piche e Paunca, 1969/70) (Parte VII): Bafatá, uma piscina para três mil...
segunda-feira, 25 de março de 2013
Guiné 63/74 – P11313: Guiné 63/74 – P11313: Memórias de Gabú (José Saúde) (26): Sexo em tempo de guerra. Tabu?
1. O nosso Camarada José Saúde, ex-Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BART 6523 (Nova Lamego, Gabu) - 1973/74, enviou-nos mais uma mensagem desta sua série.
Sexo em tempo de guerra
Tabu?
Indolente, obesa e com um falar melodioso a mulher grande impunha respeito à plebe que por norma a rodeava. A sua tabanca, simples e despida de preconceitos, situava-se entre o Quartel onde estava instalada a CCS do BART 6523 e Nova Lamego. Um passeio noturno da rapaziada levava o pessoal a uma visita espontânea a casa da mulher grande.
Noites que procediam ao recebimento do fresco pré eram, normalmente, sinais evidentes para uma emboscada dos soldados à porta da idosa senhora.
É do conhecimento geral, e não vamos escamotear a inequívoca verdade porque se sabe que o contraditório de opiniões existentes obedece a uma vénia e profunda reflexão, que o sexo foi sempre uma evidente prática comum entre os seres viventes. Desde os primórdios da humanidade que o ato se pratica em toda a sua extensão. Refere a Bíblia, património universal da Religião Cristã, que já Adão e Eva assumiram o sexo, ainda que virtualmente escondido, mas que no momento de calor e compaixão uniram os seus órgãos genitais e consumaram uma relação sexual.
Neste contexto, importa assumir o ato com frontalidade e não optar pela surdez, procurando o eventual pecador (?) espontâneo imitar a velha avestruz num austero deserto Australiano: esconder a cabeça na areia para passar como um ser imaculado!
Os tempos de guerra, prova-se cientificamente, são propícios a encontros amorosos. A guerra do ex Ultramar não passou incólume a desvarios praticados e não assumidos.
A Guiné não foi um caso à parte. Em Nova Lamego, independentemente de encontros amorosos sob um silêncio colossal, havia quem fizesse render as aventuras de jovens em plena ascensão sexual a troco de patacão. Os pesos (escudos) na Guiné eram bênçãos divinas. Na minha conceção, embora discutível, admito que o ato sexual praticado pela mulher não passava exclusivamente por uma mera venda do corpo mas pela maneira mais prática em realizar uns magros pesos para sustentar inadiáveis compromissos familiares.
Negócio? Isso era compromissos de gentes feitas com o sistema. A mulher grande que eu conheci em Gabu tratava o assunto com uma ligeireza perversa. “Arranjava” bajudas e a malta despejava os seus espermatozóides em vaginas dilaceradas pelos muitos serviços prestados. Consequências? Tudo era tabu! Há quem se refugie numa mítica opção tentando a todo o custo tapar o sol como uma peneira.
Tímidos e envergonhados afirmavam que voltaram virgens. As mãos arrogaram-se às brincadeiras de putos. Parafraseando um velho político, já falecido, num momento áureo da Revolução de Abril, dizia ele para o camarada ao lado: “olhe que não!”…
Não constringiremos cenas passadas. Verídicas! Assumo que não fui imaculado. Hoje, tal como sempre, dou a cara. Deixo em prosa uma etapa da vida que não me passou ao lado. Pratiquei atos sexuais, sim senhor, como tantos outros camaradas de armas em terras guineenses.
Afirmo, com segurança, que numa noite quente eu e outro camarada, furriel miliciano da minha Companhia, ousámos desafiar a escuridão da tabanca e fomos parar junto a um casal de idosos que gentilmente nos recebeu propondo-nos, de seguida, uma visita à casa do lado, onde uma bajuda feita a favores sexuais nos recebeu. Aceitámos.
Discutimos o valor, acertámos o custo e, isoladamente, lá fomos fazer o respectivo serviço. Depois de pagarmos e no meio de uma franca cavaqueira apareceu-nos a bajuda, aquela que tinha saciado os nossos eternos anseios carnais, com uma deficiência descomunal numa das pernas. Infelizmente era coxa.
Ressalve-se, porém, que a rapariga era de facto bonita mas as contingências da vida carimbou-a com um enorme defeito físico. Olhámos um para o outro e em mansinho comentámos: “a nossa amante foi mesmo esta bajuda? Muito bem, o serviço está feito e nada a comentar”, ficou a experiência.
Chegados ao Quartel, como era hábito, tomámos um delicioso banho com água barrenta e introduzimos na uretra do pénis uma milagrosa pomada que, ao que tudo indicava, queimava o mais atrevido intruso verme que, ocasionalmente, procurava poiso numa outra superfície humana desconhecida.
Numa outra noite e com a luz ténue de um candeeiro já à meia haste, fui ter com a mulher grande e perguntei-lhe se por acaso havia bajuda nova: a mulher já experiente nestas andanças e com um olhar vazio, olhou-me de alto a baixo e atirou-me com esta: “ei furrie você é comando… manga di mau”.
Sinceramente não me apercebi da sua ligeireza ao detetar no camuflado os dísticos que sempre transportava na farda. Acalmei-a e disse que era na verdade ranger, não comando, mas mau… nunca. Coloquei em solene a minha forma de ser e a cordialidade que sempre marcou a minha amizade para com o próximo. A conversa prolongou-se e às tantas, e num repente, a mulher grande brindou-me com o meu anseio. Ficou a certeza que outros desejos se seguiram.
De outros encontros pseudo amorosos ressalta também uma visita ao bairro do Pilão, em Bissau. Vagueando entre a imprevisibilidade de ruelas de tabancas nada iluminadas, algumas completamente às escuras, acompanhado de um velho amigo, desafiei o imprevisto e fui ao encontro dos eternos desejos sexuais. Confesso que cheguei a temer a aventura. Passaram por nós homens negros, altos, de túnicas compridas, enfim, silhuetas que a determinada altura nos levaram a duvidar da fartura. Cumprimentávamos e eles, simpaticamente, respondiam. Tudo ok, comentámos.
O Pilão era um bairro dos subúrbios de Bissau onde a malta da metrópole por norma não passeava. A noite tinha um cunho arrojado. A palavra passava e os tropas arrepiavam caminho.
Porém, ousei desafiar essa perigosidade e encontrei uma jovem mulher de corpo descomunal, a quem me entreguei por alguns momentos de delírio sexual. Paguei e aventura terminou aí. Nunca mais a vi!
Concluindo: Porquê escamotear verdades de jovens entregues a elementares gostos sexuais procurando, nalguns casos, tentar passar isento a constrangimentos entretanto criados? Tabu? Ou consequências lógicas dos nossos verdes anos?
Resenha final: ASSUMAMOS! Deus fez o homem e a mulher e projetou os dois seres com um fim comum: AMAR E… PROCRIAR.
Um abraço deste alentejano de gema,
José Saúde
Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BART 6523
Mini-guião de colecção particular: © Carlos Coutinho (2011). Direitos reservados.
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Nota de M.R.:
Vd. último poste desta série em:
Guiné 63/74 - P11312: Tabanca Grande (391): António Baldé, fula, natural de Contuboel, português, apicultor, pai do Umaro e da Alicinha, ex-1º cabo, CIM, Bolama (1966/69), Pel Caç Nat 56 (São João, 1969/70) e CART 11 (Paunca e Sinchã Queuto, 1970/71), grã-tabanqueiro nº 610
1. António Baldé, fula, nasceu em Contuboel em 1944. [Foto à esquerda, Alfragide, 27/7/2012]
Foi educado, até aos 12 anos, pelo chefe de posto local, o português José Pereira da Silva, ainda hoje vivo. (Mora em Oeiras, é vizinho da decana do nosso blogue, a dra. Clara Schwarz, mãe do nosso amigo Pepito.)
Fez a 4ª classe e isso abriu-lhe outras portas que outros miúdos da sua tabanca não puderam abrir. Lembra-se bem da serração do Albano, que ainda existia no meu tempo (junho/julho de 1969, quando Contuboel foi Centro de Instrução Militar, donde saíram, de entre outras, as futuras CART 11 e a CCAÇ 12).
Em 1966, foi chamado para a tropa. Fez a recruta e a especialidade no CIM de Bolama. Ficou lá dois anos. Promovido a 1º cabo, de artilharia, foi instrutor. Lá se formaram diversos Pel Caç Nat. Em 1969 é transferido para o Pel Caç Nat 56, sediado em S. João, frente a Bolama.
Em 1969 casou-se. Será o primeiro de quatro casamentos. Teve ou tem 15 filhos, o último dos quais a Alicinha do Cantanhez, filha da nalu Cadi Indjai (1985-2013).
Desse tempo, e do tempo do Pel Caç Nat 56 e 67, lembra-se com saudade dos furriéis Gil e Nuno, que gostaria de voltar a encontrar. Não faz ideia do seu paradeiro. Em São João esteve em 1969/70.
Será depois transferido para a CART 11, que estava em Paunca. Esteve por lá em 1970/71. O comandante do seu pelotão era o alf mil Matos, que é de Ovar, e com quem ainda hoje convive e fala ao telefone. Já foi a um (ou mais) dos convívios da companhia. Esteve no destacamento de Sinchã Queuto [que eu só localizo a norte de Bafatá, e a sul de Contuboel, no mapa de Bafatá].
Saiu da tropa em finais de 1970 ou princípios de 1971. A mulher tinha ficado em Bolama. Assistiu depois à independência. Não tem boas memórias de Bambadinca desse tempo (teve de assistir a julgamentos populares selvagens e a execuções sumárias, bárbaras, pelo menos de um polícia admimistratibo e de um régulo, "inimigos púbicos nº 1 do PAIGC). Mas não teve, felizmente para ele, quaisquer problemas com os novos senhores da Guiné-Bissau.
Ainda antes da independência tinha começado a trabalhar nos serviços agrícolas da província. Fez formação em floricultura, se não me engano. Foi ele e outros estagiários quem fez o jardim do Bairro da Ajuda, em Bissau, no tempo do administrador Guerra Ribeiro. Depois da independência começou a trabalhar com o engº agr Carlos Scwharz, no DEPA, na região de Tombali. Tem uma grande admiração pelo Pepito e pelo trabalho dele em prol do desenvolvimento da sua terra. (É cofundador, se não erro, e cooperante da ONG AD - Acção para o Desenvolvimento).
No princípio deste século, veio a Portugal fazer um curso de apicultura, que é hoje a sua grande paixão. Acabou por ficar. Trabalhou como segurança numa empresa de construção, no concelho de Cascais. Entretanto, obteve a nacionalidade portuguesa. Tem um filho, de 13 anos, o Umaro Baldé, que vive com ele e que está a frequentar o 7º ano de escolaridade obrigatória, em Alfragide, e que ser informático.
De momento está desempregado. O seu sonho é voltar a Caboxanque onde tem casa, junto ao rio Cumbijã, e desenvolver o seu projeto de apicultura no Cantanhez. Mas tem dois filhos pequenos para criar. Muçulmano, vai todas as sextas feiras à mesquita de Lisboa. É um bom crente. É uma homem afável, conhece meio mundo, e pediu-me para ingressar na Tabanca Grande. Está interessado sobretudo em partilhar os seus conhecimentos e a sua paixão como apicultor.
No princípio deste século, veio a Portugal fazer um curso de apicultura, que é hoje a sua grande paixão. Acabou por ficar. Trabalhou como segurança numa empresa de construção, no concelho de Cascais. Entretanto, obteve a nacionalidade portuguesa. Tem um filho, de 13 anos, o Umaro Baldé, que vive com ele e que está a frequentar o 7º ano de escolaridade obrigatória, em Alfragide, e que ser informático.
De momento está desempregado. O seu sonho é voltar a Caboxanque onde tem casa, junto ao rio Cumbijã, e desenvolver o seu projeto de apicultura no Cantanhez. Mas tem dois filhos pequenos para criar. Muçulmano, vai todas as sextas feiras à mesquita de Lisboa. É um bom crente. É uma homem afável, conhece meio mundo, e pediu-me para ingressar na Tabanca Grande. Está interessado sobretudo em partilhar os seus conhecimentos e a sua paixão como apicultor.
2. Comentário de L.G.:
[Foto à direita: Luís Graça e António Baldé, Alfragide, 27/7/2012]
Conheci o António Baldé, o verão passado, através da Alice Carneiro, minha mulher e nossa grã-tabanqueiro. Na altura escrevi o seguinte, em comentário ao poste P10213:
"A Alice, minha mulher, e nossa grã-tabanqueira, tem uma "afilhada" nalu, a Alicinha do Cantanhez. Aliás, temos. Assumo o meu papel de "padrinho". É amorosa, a filha da Cadi, que ela conheceu no sul da Guiné, em março de 2008. A Cadi é uma rapariga linda, um torrão de açúcar. Já teve um filho que lhe morreu, de paludismo, aos 4 meses. O Nuninho. Escrevi-lhe um poema. Era afilhado da Júlio e do Nuno Rubim.
[[Foto à esquerda: António Baldé e Alice Carneiro, Alfragide, 27/7/2012]
"A Alicinha tem sobrevivido. Conheci há dias o pai, António Baldé, fula, e nosso antigo camarada. Fez a tropa na CCAÇ 11, em Paunca. É natural de Contuboel. Tem 67 anos. Só conhece a filha de fotografia e vídeo. É um pai babado. Vive em Portugal há cerca de 10 anos. Somos nós que lhe damos notícias da mãe e da filha.
"Tem casa em Caboxanque na margem esquerda do Rio Cumbijã. Um dia prometo ir lá passar umas férias. É apicultor, e quer votar à sua terra. Espantoso, como o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande. Ele vivia na zona de Cascais, onde era segurança. A empresa fechou, o Baldé está no desemprego. Um advogado, seu amigo, arranjou-lhe casa em Alfragide. Somos, pois, vizinhos de 'tabanca'. Vou vê-lo mais vezes. Só há dias é que o conhecemos. Um homem tranquilo e sábio, que trabalhou com o Pepito muitos anos em projetos agrícolas. Foi assim que esse foi parar ao sul.
"Ajudou-nos agora a fazer sumos com os frutos secos que a Cadi nos mandou, através do nosso amigo Pepito: veludo, cabaceira, alfarroba... Os sumos são uma delícia... Mãe e filha estiveram muito doentes, no princípio do ano. Valeu-lhes a ajuda dos nossos amigos Pepito, Zé Teixeira e Tiago Teixeira a quem deixamos aqui a manifestação pública do nosso agradecimento. Muito em particular, ao Dr. Tiago Teixeira, que tem uma relação especial com o hospital de Cumura, gerido pelos franciscanos. (...)"
Este fim de semana o António Baldé veio cá casa, com o filho, almoçar. (O Umaro está com o pai desde os 6 anos.) Conversámos longamente. O seu sonho é poder legalizar os papéis do seu casamento (tradicional) com a Cadi e trazer para Portugal a sua filhota, a Alicinha, de 3 anos, agora órfã de mãe. Não é fácil, quando se está longe e é preciso vencer uma dupla barreira burocrática, a do seu país de origem (a Guiné-Bissau) e a do seu país de adoção (Portugal).
Pois, bem, António, passas a ser o grã-tabanqueiro (quer dizer, membro da nossa Tabanca Grande) nº 610. Vais ter oportunidade de me contar mais histórias o teu tempo de Guiné e de tropa. Espero que Alá te ajude a concretizar os teus sonhos, de pai e de apicultor. Da nossa parte, já sabes, tens aqui uma Tabanca Grande, cheia de amigos e camaradas... Sê bem vindo!
_____________
Nota do editor:
Último poste da série > 14 de março de 2013 > Guiné 63/74 - P11249: Tabanca Grande (390): Ismael Augusto (ex-alf mil manut, CCS/BCAÇ 2852, Bambadinca, 1968/70), novo grã-tabanqueiro, nº 609
"Ajudou-nos agora a fazer sumos com os frutos secos que a Cadi nos mandou, através do nosso amigo Pepito: veludo, cabaceira, alfarroba... Os sumos são uma delícia... Mãe e filha estiveram muito doentes, no princípio do ano. Valeu-lhes a ajuda dos nossos amigos Pepito, Zé Teixeira e Tiago Teixeira a quem deixamos aqui a manifestação pública do nosso agradecimento. Muito em particular, ao Dr. Tiago Teixeira, que tem uma relação especial com o hospital de Cumura, gerido pelos franciscanos. (...)"
Este fim de semana o António Baldé veio cá casa, com o filho, almoçar. (O Umaro está com o pai desde os 6 anos.) Conversámos longamente. O seu sonho é poder legalizar os papéis do seu casamento (tradicional) com a Cadi e trazer para Portugal a sua filhota, a Alicinha, de 3 anos, agora órfã de mãe. Não é fácil, quando se está longe e é preciso vencer uma dupla barreira burocrática, a do seu país de origem (a Guiné-Bissau) e a do seu país de adoção (Portugal).
Pois, bem, António, passas a ser o grã-tabanqueiro (quer dizer, membro da nossa Tabanca Grande) nº 610. Vais ter oportunidade de me contar mais histórias o teu tempo de Guiné e de tropa. Espero que Alá te ajude a concretizar os teus sonhos, de pai e de apicultor. Da nossa parte, já sabes, tens aqui uma Tabanca Grande, cheia de amigos e camaradas... Sê bem vindo!
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Nota do editor:
Último poste da série > 14 de março de 2013 > Guiné 63/74 - P11249: Tabanca Grande (390): Ismael Augusto (ex-alf mil manut, CCS/BCAÇ 2852, Bambadinca, 1968/70), novo grã-tabanqueiro, nº 609
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Guiné 63/74 - P11311: Convívios (506): III Almoço mensal da Tabanca Ajuda Amiga, dia 28 de Março próximo na Cantina da Associação de Comandos, em Oeiras (Carlos Fortunato)
1. Mensagem do nosso camarada Carlos Fortunato (ex-Fur Mil da CCAÇ 13), dirigente da ONGD Ajuda Amiga, com data de 24 de Março de 2013:
Camaradas
Junto envio a noticia sobre o almoço da Tabanca Ajuda Amiga, e a campanha da ONGD Ajuda Amiga em curso para recolha de cobertores e bolas. Os cobertores serão distribuidos em Portugal e na Guiné-Bissau, e as bolas serão todas distribuidas na Guiné-Bissau, os bens seguirão nos nossos contentores um com chegada prevista em Novembro deste ano, e outro em Março de 2014.
Decorre ainda outra campanha, a da angariação da consignação de 0,5% do IRS, a componente financeira é fundamental para se conseguir realizar qualquer projecto, mesmo com trabalho exclusivamente voluntário, e os membros da Ajuda Amiga a suportarem as suas deslocações, e acontribuirem para os projectos..
Em 2013 recebemos 2.020,49 euros, relativos ao ano de 2011, e aproveitamos para agradecer a todos os que contribuiram de algum modo para a mesma.
Fazer uma declaração de IRS solidária, que irá ajudarmos a apoiar os mais desfavorecidos e não tem quaisquer custos para quem a faz, mas que permitirá à Ajuda Amiga, a consignação de 0,5% do IRS que liquidar, assim na declaração de IRS, no modelo 3, anexo H, campo 9 (campo reservado à consignação fiscal), basta indicar o NIPC 508 617 910, e marcar um “X” assinalando que se trata de uma Pessoa Colectiva de Utilidade Pública.
Mais uma vez obrigado pela colaboração, que tem sido preciosa.
Um alfa bravo
Carlos Fortunato
A "Tabanca Ajuda Amiga", vai realizar como habitualmente o seu almoço mensal na ultima 5ª feira de Março, dia 28/3, entre as 12h45 e as 13h00.
O último almoço contou com 20 presenças. Neste almoço quem se quiser associar à campanha de recolha de cobertores e de bolas para as crianças, pode aproveitar para as entregar neste convívio. Os cobertores serão distribuídos em Portugal e na Guiné-Bissau, e as bolas serão todas distribuídas na Guiné-Bissau.
O almoço é realizado sempre na última 5ª feira do mês na cantina da Associação de Comandos, sediada no Regimento de Artilharia de Costa, 3ª Bataria, na Laje, em Oeiras, o prato é a famosa Cachupa ou Carapauzinhos Fritos com Arroz de Grelos.
O caminho para a mesma é por Paço de Arcos, pela Avenida Engº Bonneville Franco (junto à Marginal perto da Escola Naval), no fim da avenida segue-se por uma estrada de terra batida, que termina na referida antiga unidade.
É um almoço de convívio entre associados da ONGD Ajuda Amiga, associação muito ligada à Guiné, antigos combatentes e amigos da Guiné, imbuído do espírito de solidariedade que tem caracterizado estas Tabancas.
O almoço tem o custo de 9 euros. Devem ser feitas reservas o mais tardar até 4ª feira às 12h00, para o 917 248 557 Sra. Marília ou 934 125 679 Sra. Sónia, indicando o prato pretendido (para o mesmo poder estar assegurado).
Outras noticias sobre estes almoços podem também ser consultadas em:
http://pt-pt.facebook.com/pages/Tabanca-Ajuda-Amiga/156733857807547
http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2013/03/guine-6374-p11198-convivios-496.html
http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2013/02/guine-6374-p11152-convivios-494-ii.html
http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2013/02/guine-6374-p11056-convivios-490.html
http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2013/01/guine-6374-p11019-ser-solidario-140.html
____________
Nota do editor:
Vd. último poste da série de 22 DE MARÇO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11295: Convívios (505): Almoço de confraternização do pessoal da CCS/BCAÇ 4612/72, dia 27 de Abril de 2013 em Faro (Jorge Canhão)
Camaradas
Junto envio a noticia sobre o almoço da Tabanca Ajuda Amiga, e a campanha da ONGD Ajuda Amiga em curso para recolha de cobertores e bolas. Os cobertores serão distribuidos em Portugal e na Guiné-Bissau, e as bolas serão todas distribuidas na Guiné-Bissau, os bens seguirão nos nossos contentores um com chegada prevista em Novembro deste ano, e outro em Março de 2014.
Decorre ainda outra campanha, a da angariação da consignação de 0,5% do IRS, a componente financeira é fundamental para se conseguir realizar qualquer projecto, mesmo com trabalho exclusivamente voluntário, e os membros da Ajuda Amiga a suportarem as suas deslocações, e acontribuirem para os projectos..
Em 2013 recebemos 2.020,49 euros, relativos ao ano de 2011, e aproveitamos para agradecer a todos os que contribuiram de algum modo para a mesma.
Fazer uma declaração de IRS solidária, que irá ajudarmos a apoiar os mais desfavorecidos e não tem quaisquer custos para quem a faz, mas que permitirá à Ajuda Amiga, a consignação de 0,5% do IRS que liquidar, assim na declaração de IRS, no modelo 3, anexo H, campo 9 (campo reservado à consignação fiscal), basta indicar o NIPC 508 617 910, e marcar um “X” assinalando que se trata de uma Pessoa Colectiva de Utilidade Pública.
IRS SOLIDÁRIO
Mais uma vez obrigado pela colaboração, que tem sido preciosa.
Um alfa bravo
Carlos Fortunato
Simbor
ALMOÇO MENSAL DA TABANCA AMIGA
A "Tabanca Ajuda Amiga", vai realizar como habitualmente o seu almoço mensal na ultima 5ª feira de Março, dia 28/3, entre as 12h45 e as 13h00.
O último almoço contou com 20 presenças. Neste almoço quem se quiser associar à campanha de recolha de cobertores e de bolas para as crianças, pode aproveitar para as entregar neste convívio. Os cobertores serão distribuídos em Portugal e na Guiné-Bissau, e as bolas serão todas distribuídas na Guiné-Bissau.
O almoço é realizado sempre na última 5ª feira do mês na cantina da Associação de Comandos, sediada no Regimento de Artilharia de Costa, 3ª Bataria, na Laje, em Oeiras, o prato é a famosa Cachupa ou Carapauzinhos Fritos com Arroz de Grelos.
O caminho para a mesma é por Paço de Arcos, pela Avenida Engº Bonneville Franco (junto à Marginal perto da Escola Naval), no fim da avenida segue-se por uma estrada de terra batida, que termina na referida antiga unidade.
É um almoço de convívio entre associados da ONGD Ajuda Amiga, associação muito ligada à Guiné, antigos combatentes e amigos da Guiné, imbuído do espírito de solidariedade que tem caracterizado estas Tabancas.
O almoço tem o custo de 9 euros. Devem ser feitas reservas o mais tardar até 4ª feira às 12h00, para o 917 248 557 Sra. Marília ou 934 125 679 Sra. Sónia, indicando o prato pretendido (para o mesmo poder estar assegurado).
Outras noticias sobre estes almoços podem também ser consultadas em:
http://pt-pt.facebook.com/pages/Tabanca-Ajuda-Amiga/156733857807547
http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2013/03/guine-6374-p11198-convivios-496.html
http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2013/02/guine-6374-p11152-convivios-494-ii.html
http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2013/02/guine-6374-p11056-convivios-490.html
http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2013/01/guine-6374-p11019-ser-solidario-140.html
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Nota do editor:
Vd. último poste da série de 22 DE MARÇO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11295: Convívios (505): Almoço de confraternização do pessoal da CCS/BCAÇ 4612/72, dia 27 de Abril de 2013 em Faro (Jorge Canhão)
Guiné 63/74 - P11310: Memória dos lugares (227): Vistas aéreas da doce e tranquila Bafatá, princesa do Geba (Humberto Reis, ex-fur mil op esp, CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71) (Parte II)
Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > CCAÇ 12 (1969/71) > Alouette III, a descolar do heliporto local. O piloto era o Coelho, diz a legenda do fotógrafo, o Humberto Reis, ex-Fur Mil Op Esp, meu camarada da CCAÇ 12... As fotos que se seguem do seu riquíssimo álbum fotográfico: diapositivos digitalizados.
Guiné > Zona leste > Estrada (alcatroada) Bambadinca - Bafatá > Em meados de 1969, era o único troço de estrada alcatroada em todo o leste...
Guiné > Zona leste > Estrada Bambadinca - Bafatá > 1969 > Coluna da CCAÇ 12, a caminho de Bafatá, vendo-se ao fundo uma AM (autometralhadora) Daimler, do Pel Rec Daimler 2046, instalado em Bambadinca, e que era comandado nesse tempo pelo Alf Mil Cav Jaime Machado. Em primeiro plano, o 1º cabo Alves, do 2º Gr Comb da CCAÇ 12, o "Alfredo", alcunha que lhe foi posta pelo Humberto Reis.
Guiné > Zona leste > Estrada Bambadinca - Bafatá > uiné > 1969 > As voltinhas do Rio Geba Estreito (ou Xaianga), entre Bambadinca e Bafatá, vistas de heli... [Veja-se aqui o mapa de Bambadinca, 1955, escala 1/50 mil]
Guiné > Zona leste > Bafatá > Vista aérea > Foto nº 3 > > Tabanca dos arredores de Bafatá, junto ao rio Geba...
[Esclarecimento do nosso amigo e grã-tabanqueiro Cherno Baldé, que viveu em Bafatá emquanto estudante, a seguir à independência: "Tudo indica que a foto n. 3 apresenta uma vista parcial do Bairro da Ponta Nova (Ponta Nobo, em crioulo) e a aproximação à baixa da cidade (Mercado Central e cais de acostagem no rio) faz-se do ângulo Noroeste, do lado da Ponte sobre o Geba cuja estrada leva para Camamudo, vila de Geba e Banjara. O Bairro da Rocha, como o nome indica, está situado um pouco mais acima, no planalto, na saída para Gabu (Nova Lamego]."
Guiné > Zona leste > Bafatá > Vista aérea > Foto nº 7 - A > O núcleo central de Bafatá, vista de noroeste para sudeste...Ao fundo o rio Colufe, afluente do Rio Geba, e a respetiva ponte, em betão... Vê-se também ao fundo a rua do mercado, o cinema, bem como a rua principal que ia desembocar na zona ribeirinha, ajardinada, onde ficava a piscina (*)...
Guiné > Zona leste > Bafatá > Vista aérea > Foto nº 7- B > O Rio Geba à direita, navegável, e o seu afluente, o Rio Colufe, à esquerda... Ao meio, o porto fluvial.
Guiné > Zona leste > Bafatá > Vista aérea > Foto nº 4-A > Aproximação a Bafatá, vindo do oeste, e ao longo do rio Geba...
Guiné > Zona leste > Bafatá > Vista aérea > Foto nº 4- B > Bafatá e o Rio Geba, vistos de oeste.
Fotos: © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: L.G.]
1. Mais vistas áreas de Bafatá e do percurso Bambadinca-Bafatá, tiradas pelo fotógrafo Humberto Reis, meu amigo, vizinho e camarada da CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, 1969/71). O Reis tinha vários amigos e conhecidos na FAP (como era o caso do Coelho, que pilotava aquele magnífico heli AL III, acima reproduzido) e, de vez em quando, apanhava uma boleia de helicóptero ou de DO 27. Estas fotos foram tiradas de heli. E tem uma excelente resolução (mais de 2 MG), o que permitiu o seu recorte em várias imagens parciais.
Continuo a pedir ao próprio e aos demais grã-tabanqueiros que conheceram bem Bafatá, como o Fernando Gouveia, antigo alf mil em Bafatá, no Comando de Agrupamento nº 2957 (1968/70), autor do livro "Na Kontra Ka Kontra" , e arquiteto de profissão, para as comentar e completar a legendagem.
Amigos e camaradas, são imagens notáveis, raras e únicas, que nos ajudam a matar saudades da doce e tranquila Bafatá, princesa do Geba. Quem, do leste, nunca passou por (ou esteve uma horas em) Bafatá ? Vários tiraram lá a carta de condução!... Bafatá era sede de concelho, e a partir de março de 1970, a segunda maior cidade da Guiné. A malta de Bambadinca ia com frequência a Bafatá, para mudar de ares, sempre que a intensa atividade operacional o permitia (, no caso por exemplo da malta da CCAÇ 12). Ia-se de manhazinha e voltava-se à tarde. Em geral, ia sempre a acompanhar-nos uma velhinha autometralhadora Daimler para impressionar a fauna e a flora... A viagem era segura, no meu tempo (1969/71). se bem que houvesse acidentes por excesso de velocidade... Também era em Bafatá que se apanhava o Dakota para Bissau. Nunca fiz a viagem de barco, de Bambadinca a Bafatá, em barcos civis, mas hoje tenho pena... Levava não sei quantas horas, com aquelas voltinhas todas do Rio Geba Estreito... (LG).
Guiné > Mapa de Bafatá (1955) (Escala 1/ 50 mil) > Pormenor da localização de Bafatá.
Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2013)
Guiné > Mapa da província (1961) > Escala 1/500 mil > Pormenor da zona leste (região de Bafatá) > A estrada que ia de Xime para Bambadina e Bafatá e que depois seguia, ora para norte (Contuboel), ora para leste (Gabu) mas também para o sul (Bambadinca, Mansambo, Xitole e Saltinho) ou sudoeste (Galomaro, Dulombi, Quirafo e Saltinho).
Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2013)
______________
Nota do editor:
(*) Vd poste anterior da série > 22 de março de 2013 > Guiné 63/74 - P11293: Memória dos lugares (226): Vistas aéreas da doce e tranquila Bafatá, princesa do Geba (Humberto Reis, ex-fur mil op esp, CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71) (Parte I)
Comentários [Seleção]
Cidade bonita e óptimas fotos. Difícil localizar edifícios, para mim claro, mais de quarenta anos depois. Ia pouco lá. Era um prémio depois dum ronco, uma ida ao correio etc. Depois eram passagens pelo comércio, mercado, Transmontana, piscina uma vez e bêbado, cinema em noite de problemas. Passei mais que uma vez pelo ourives. Sempre que podia passava pela Tabanca para apresentar cumprimentos especiais. Era gente que conheci do tempo em que estive em Fá.
Sexta-feira, Março 22, 2013 9:32:00 PM
Sexta-feira, Março 22, 2013 11:54:00 PM
Sábado, Março 23, 2013 12:36:00 AM
Sábado, Março 23, 2013 1:24:00 AM
Domingo, Março 24, 2013 11:12:00 PM
Guiné > Zona leste > Bafatá > Vista aérea > Foto nº 7 - A > O núcleo central de Bafatá, vista de noroeste para sudeste...Ao fundo o rio Colufe, afluente do Rio Geba, e a respetiva ponte, em betão... Vê-se também ao fundo a rua do mercado, o cinema, bem como a rua principal que ia desembocar na zona ribeirinha, ajardinada, onde ficava a piscina (*)...
Guiné > Zona leste > Bafatá > Vista aérea > Foto nº 7- B > O Rio Geba à direita, navegável, e o seu afluente, o Rio Colufe, à esquerda... Ao meio, o porto fluvial.
Guiné > Zona leste > Bafatá > Vista aérea > Foto nº 4-A > Aproximação a Bafatá, vindo do oeste, e ao longo do rio Geba...
Guiné > Zona leste > Bafatá > Vista aérea > Foto nº 4- B > Bafatá e o Rio Geba, vistos de oeste.
Fotos: © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: L.G.]
1. Mais vistas áreas de Bafatá e do percurso Bambadinca-Bafatá, tiradas pelo fotógrafo Humberto Reis, meu amigo, vizinho e camarada da CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, 1969/71). O Reis tinha vários amigos e conhecidos na FAP (como era o caso do Coelho, que pilotava aquele magnífico heli AL III, acima reproduzido) e, de vez em quando, apanhava uma boleia de helicóptero ou de DO 27. Estas fotos foram tiradas de heli. E tem uma excelente resolução (mais de 2 MG), o que permitiu o seu recorte em várias imagens parciais.
Continuo a pedir ao próprio e aos demais grã-tabanqueiros que conheceram bem Bafatá, como o Fernando Gouveia, antigo alf mil em Bafatá, no Comando de Agrupamento nº 2957 (1968/70), autor do livro "Na Kontra Ka Kontra" , e arquiteto de profissão, para as comentar e completar a legendagem.
Amigos e camaradas, são imagens notáveis, raras e únicas, que nos ajudam a matar saudades da doce e tranquila Bafatá, princesa do Geba. Quem, do leste, nunca passou por (ou esteve uma horas em) Bafatá ? Vários tiraram lá a carta de condução!... Bafatá era sede de concelho, e a partir de março de 1970, a segunda maior cidade da Guiné. A malta de Bambadinca ia com frequência a Bafatá, para mudar de ares, sempre que a intensa atividade operacional o permitia (, no caso por exemplo da malta da CCAÇ 12). Ia-se de manhazinha e voltava-se à tarde. Em geral, ia sempre a acompanhar-nos uma velhinha autometralhadora Daimler para impressionar a fauna e a flora... A viagem era segura, no meu tempo (1969/71). se bem que houvesse acidentes por excesso de velocidade... Também era em Bafatá que se apanhava o Dakota para Bissau. Nunca fiz a viagem de barco, de Bambadinca a Bafatá, em barcos civis, mas hoje tenho pena... Levava não sei quantas horas, com aquelas voltinhas todas do Rio Geba Estreito... (LG).
Guiné > Mapa de Bafatá (1955) (Escala 1/ 50 mil) > Pormenor da localização de Bafatá.
Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2013)
Guiné > Mapa da província (1961) > Escala 1/500 mil > Pormenor da zona leste (região de Bafatá) > A estrada que ia de Xime para Bambadina e Bafatá e que depois seguia, ora para norte (Contuboel), ora para leste (Gabu) mas também para o sul (Bambadinca, Mansambo, Xitole e Saltinho) ou sudoeste (Galomaro, Dulombi, Quirafo e Saltinho).
Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2013)
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Nota do editor:
(*) Vd poste anterior da série > 22 de março de 2013 > Guiné 63/74 - P11293: Memória dos lugares (226): Vistas aéreas da doce e tranquila Bafatá, princesa do Geba (Humberto Reis, ex-fur mil op esp, CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71) (Parte I)
Comentários [Seleção]
Fernando Gouveia
Humberto Reis e Luís Graça:
Magnífico poste. Porém como passei dois anos em Bafata (quando em 2010 estive lá numa escola os profes ensinavam a escrever Bafata sem acento), permito-me fazer algumas correcções:
1 – Em nenhuma foto se chegam a ver as estradas para Bambadinca e Xime, bem como para Nova Lamego, porque elas partiam de uma rotunda junto ao “Sr. Teófilo” que ficava lá para cima e fora da foto.
2 – Na foto 5-E não se chega a ver o cinema que é mais para a direita, na rua perpendicular à Av. Principal. O restaurante Transmontano vê-se, mas mal, por trás de umas árvores, um pouco antes da igreja mas à direita quem sobe.
3 – Na foto 5-F não se vê a mesquita pois ficava longe, lá para a tabanca da Rocha, para lá do “Sr. Teófilo”.
4 – Acrescento da minha lavra que na 1ª foto se vê a velha ponte sobre o rio Colufe, afluente do Geba, e que quando fui lá em 2010 já tinha caído.
Sobre este assunto mandem sempre, pois Bafata ficou no meu coração.
Um grande abraço. Fernando Gouveia
Sexta-feira, Março 22, 2013 8:25:00 PM Humberto Reis e Luís Graça:
Magnífico poste. Porém como passei dois anos em Bafata (quando em 2010 estive lá numa escola os profes ensinavam a escrever Bafata sem acento), permito-me fazer algumas correcções:
1 – Em nenhuma foto se chegam a ver as estradas para Bambadinca e Xime, bem como para Nova Lamego, porque elas partiam de uma rotunda junto ao “Sr. Teófilo” que ficava lá para cima e fora da foto.
2 – Na foto 5-E não se chega a ver o cinema que é mais para a direita, na rua perpendicular à Av. Principal. O restaurante Transmontano vê-se, mas mal, por trás de umas árvores, um pouco antes da igreja mas à direita quem sobe.
3 – Na foto 5-F não se vê a mesquita pois ficava longe, lá para a tabanca da Rocha, para lá do “Sr. Teófilo”.
4 – Acrescento da minha lavra que na 1ª foto se vê a velha ponte sobre o rio Colufe, afluente do Geba, e que quando fui lá em 2010 já tinha caído.
Sobre este assunto mandem sempre, pois Bafata ficou no meu coração.
Um grande abraço. Fernando Gouveia
Torcat Mendonca [CART 2339, Mansambo, 1968/69]
Cidade bonita e óptimas fotos. Difícil localizar edifícios, para mim claro, mais de quarenta anos depois. Ia pouco lá. Era um prémio depois dum ronco, uma ida ao correio etc. Depois eram passagens pelo comércio, mercado, Transmontana, piscina uma vez e bêbado, cinema em noite de problemas. Passei mais que uma vez pelo ourives. Sempre que podia passava pela Tabanca para apresentar cumprimentos especiais. Era gente que conheci do tempo em que estive em Fá.
Obrigado pelo momento - a foto é sempre o momento, em instante captado ou recordado -, ao Humberto e ao Luís. Ainda ao Gouveia que pôs pontos nos iis.Ab T.
Abílio Duarte [CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Piche, Paunca, 1969/71]
Gratas recordações que estas fotos trazem, conforme já publiquei anteriormente, estive lá muitas vezes. Piscina e Transmontano. No entanto, não quero deixar de referir, que foi nesta Av Principal, que em 1970, fiz o chamado Ponto de Embriagem, no meu exame de condução, do qual vim com a devida carta.Há uns meses atrás no programa da RTP1,"Portugueses Pelo Mundo", mostraram aquela avenioda toda destruída, e as sua casas abandonadas.Porquê? Que tristeza!Obrigado pelas recordações.
Gratas recordações que estas fotos trazem, conforme já publiquei anteriormente, estive lá muitas vezes. Piscina e Transmontano. No entanto, não quero deixar de referir, que foi nesta Av Principal, que em 1970, fiz o chamado Ponto de Embriagem, no meu exame de condução, do qual vim com a devida carta.Há uns meses atrás no programa da RTP1,"Portugueses Pelo Mundo", mostraram aquela avenioda toda destruída, e as sua casas abandonadas.Porquê? Que tristeza!Obrigado pelas recordações.
Hélder Valério
Caros camaradas: Gostei de ver estas fotos. Dá para ver (ainda que parcialmente) como era Bafata, e como era relativamente grande e organizada, para a época e local. Passei por lá duas vezes mas não cheguei a parar, pelo que as imagens que tenho são as das fotos que aqui e ali vão aparecendo. Hélder S.
Caros camaradas: Gostei de ver estas fotos. Dá para ver (ainda que parcialmente) como era Bafata, e como era relativamente grande e organizada, para a época e local. Passei por lá duas vezes mas não cheguei a parar, pelo que as imagens que tenho são as das fotos que aqui e ali vão aparecendo. Hélder S.
Fernando Gouveia
Luís: Mais uma correcção. A ponte sobre o Colufe era de betão. Quanto ao administrador Guerra Ribeiro que conheci muito bem, lembro-me que quando precisava de pessoal para capinar ou outra coisa qualquer ia com uma camioneta às tabancas e, quase que à força, trazia o pessoal que necessitava, pagando-lhes o salário normal que, naquela época eram 15 escudos por dia.
Luís: Mais uma correcção. A ponte sobre o Colufe era de betão. Quanto ao administrador Guerra Ribeiro que conheci muito bem, lembro-me que quando precisava de pessoal para capinar ou outra coisa qualquer ia com uma camioneta às tabancas e, quase que à força, trazia o pessoal que necessitava, pagando-lhes o salário normal que, naquela época eram 15 escudos por dia.
Sábado, Março 23, 2013 12:36:00 AM
José Botelho Colaço
Humberto. merecias ser louvado pelas espectaculares fotos. Ttodos os locais são ou foram do meu conhecimento pois no ano de 1965 passei cerca de oito meses em Bafatá. Quanto ao cinema de facto ficava numa das ruas perpendiculares ao caminho para "Nova Lamego" (Gabu), mas o cinema que eu conheci era uma esplanada, lembro-me de rever lá o filme "A noiva" com António Prieto e Elsa Daniel). Ficava um pouco ao lado na parte detrás do quartel da Ccaç 557. Nós na parada conseguíamos ver as últimas bancadas da plateia e a música ouvia-se perfeitamente.Colaço.
Humberto. merecias ser louvado pelas espectaculares fotos. Ttodos os locais são ou foram do meu conhecimento pois no ano de 1965 passei cerca de oito meses em Bafatá. Quanto ao cinema de facto ficava numa das ruas perpendiculares ao caminho para "Nova Lamego" (Gabu), mas o cinema que eu conheci era uma esplanada, lembro-me de rever lá o filme "A noiva" com António Prieto e Elsa Daniel). Ficava um pouco ao lado na parte detrás do quartel da Ccaç 557. Nós na parada conseguíamos ver as últimas bancadas da plateia e a música ouvia-se perfeitamente.Colaço.
José Júlio Nascimento [CART 2520, Xime, 1969/70]
Linda Bafatá, à época fazia inveja a muitas vilas da Metrópole. Por várias vezes lá estivemos, idos do Xime e quando o nosso Furriel Vague mestre ia comprar vacas (verdade!) e nós aproveitámos para passar um dia diferente como almoçar à maneira e comprar algumas recordações. Já vi algumas fotos recentes que mostram que Bafatá está muito degradada o que é uma pena.
José Júlio Nascimento - Cart 2520
Linda Bafatá, à época fazia inveja a muitas vilas da Metrópole. Por várias vezes lá estivemos, idos do Xime e quando o nosso Furriel Vague mestre ia comprar vacas (verdade!) e nós aproveitámos para passar um dia diferente como almoçar à maneira e comprar algumas recordações. Já vi algumas fotos recentes que mostram que Bafatá está muito degradada o que é uma pena.
José Júlio Nascimento - Cart 2520
Fernando Gouveia
Para todos: Julgo que a casa das libanesas nem era na rua principal nem numa perpendicular, mas sim na rua da sede do Batalhão que, conjuntamente com as ruas principal e a do cinema formavam um triângulo.
Um abraço a todos.
Para todos: Julgo que a casa das libanesas nem era na rua principal nem numa perpendicular, mas sim na rua da sede do Batalhão que, conjuntamente com as ruas principal e a do cinema formavam um triângulo.
Um abraço a todos.
Domingo, Março 24, 2013 11:12:00 PM
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Guiné 63/74 - P11309: Notas de leitura (468): Catarse, por Abel Gonçalves (Mário Beja Santos)
1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 28 de Novembro de 2012:
Queridos amigos,
Aqui temos um livro escrito por um Padre Capelão, quase inteiramente dedicado às suas duas comissões na Guiné.
Percebe-se rapidamente porque escolheu o título para a sua obra "Catarse": Não esconde os comportamentos mandões, a falta de apoio que sentiu, em diferentes situações, de outros padres e seus superiores.
Teve manifesto orgulho pela sua missão em Bafatá, transcreve o louvor que lhe foi dado pelo BCAV 1905. Ali se diz claramente que tomou a iniciativa de percorrer toda a ação do batalhão para que a assistência religiosa não faltasse às tropas.
É um homem de coragem, confessa a sua admiração por Spínola e Amílcar Cabral. E pede humildemente desculpa por não ter feito livro mais claro e detalhado, conforta-se com a compreensão dos seus leitores.
Um abraço do
Mário
Catarse: As duas comissões na Guiné do Padre Abel Gonçalves
Beja Santos
Vem nos dicionários que a palavra catarse provém do grego, foi utilizada por Aristóteles para designar o processo de purgação ou eliminação das paixões que se produz no espectador quando, no teatro, assiste à representação de uma tragédia. Com a escola psicanalista o método catártico corresponde ao procedimento terapêutico pelo qual uma pessoa consegue eliminar os afetos patológicos revivendo os acontecimentos traumáticos a que estão ligados. Segundo esta última definição, uma parte substancial da literatura da guerra tem tal finalidade.
O Padre Abel Gonçalves foi nomeado pároco de Valença do Douro em 1958, a seguir passou por várias dioceses até que em Março de 1967 foi incorporado no BÇAC 1911, com destino à Guiné. Revive as suas memórias quase como se tivesse um bloco de notas onde registou impressões e estados de alma (“Catarse”, por Abel Gonçalves, edição de autor, 2007). Foi praxado pelo chefe da secretaria, fez-lhe tirar fotografias por quatro vezes. Vêm de Tomar para a Rocha do Conde de Óbidos e embarcam no Uíge em 26 de Abril de 1967. Regista que as praças iam nos porões, em condições desumanas.
Celebrava missa no convés, notou grande afluência e respeito. Filho único, o seu principal cuidado foi tranquilizar os pais, quando pôs os pés em terra. Seguem para o Quartel de Adidos, aí começa o treino para operações no mato. Morre um soldado atirador e ele escreve: “Transido de medo, não sei se da teimosa trovoada, da guerra devorada, do morto inofensivo e sereno ou da obrigação odiosa e cruel de comunicar à família aquela trágica e injusta perda… Parecia que me sentia criminoso por ter de anunciar que já estava morto aquele que vivia ainda num entendimento dos que o amavam. A pior coisa que confiavam aos capelães era esta de anunciar aos familiares a morte de um ente querido”. Nunca se ambientou a Bissau, às conversas com ataques, mortos e mutilados. Descobre, na sucessão dos dias, que um bom punhado de militares tem problemas de saúde, desde a epilepsia à tuberculose.
E rumam para Teixeira Pinto, fica numa pequena residência com chão e cimento junto de uma pequena igreja, era visível o aspeto de abandono. Guarda-lhe a casa e acolita-o nos deveres religiosos um menino chamado Albino. É chamado ao batalhão onde lhe comunicam que vai ser nomeado gerente de messe, recusa, alega que o serviço de assistência religiosa é o seu dever e nada mais. E vai para Jolmete, descreve o aquartelamento com as suas torres feitas de cibes, os abrigos, a falta de gerador elétrico, a iluminação era dada por garrafas de cerveja com uma torcida de pano; a casa de banho é constituída por um bidão, ele vinha com pudores entranhados por 12 anos de seminário, ali tinha mesmo que se expor e vencer o acanhamento, resistiu a frases irreverentes e maliciosas. Celebra regularmente missa no Jolmete, num local rodeado por bidões cheios de terra, comparecem crentes e descrentes. Ali perdia-se a noção do tempo, sofria-se pela falta de correio, pela péssima alimentação, pelo silêncio confrangedor, as noites em expetativa. Volta ao Jolmete, é iniciado em emboscadas e em minas. Um dia, dão-lhe ordem para regressar a Bissau, aproveita para vir de férias, sofre pelo alheamento da sua diocese. No regresso, apresenta-se ao chefe dos capelães, indicam-lhe que vai para Bafatá, tem um enorme setor para prestar assistência, estende-se mesmo ao sector de Bambadinca, inclui o Xime e o Xitole, sente-se em missão de paz, a sua arma era o terço do Rosário.
Descreve Bafatá, está contente com o bom ambiente militar, faz amizade com o 2º comandante do BCAV 1905, Andrade e Silva, e regista com satisfação: “No BCAV 1905 até me agradeciam uma colaboração franca e amiga. Compreenderam e respeitaram sempre os limites da minha, por vezes, melindrosa missão de capelão na guerra. Nunca me exigiram que fosse informador pidesco. Dava gosto trabalhar aqui”.
Percorre os destacamentos de lés a lés, faz amizade com os padres missionários e mesmo com a Missão da Sagrada Família de Bafatá, que estava a cargo das Irmãs Hospitaleiras Franciscanas Portuguesas, o seu auxiliar era o 1º Cabo Marques, assim apresentado: “Bondoso, paciente, humilde, simples, sincero, prestável. Só que tinha medo de ir comigo para o mato”.
Visita Bambadinca, o Xime e o Xitole. A viagem para o Xitole foi um calvário, nunca esqueceu o alferes médico, o Dr. Sílvio, seria ele quem comandava o destacamento já que o capitão miliciano, um notário, não queria saber de nada. É o Dr. Sílvio quem lhe receita para o pequeno-almoço umas sopas de vinho fresco, ali estavam os dois, um de cada lado de um bidão de gasolina a beber um vinho muito cristão, teria sido muitas vezes “batizado” pelos lugares onde tinha passado.
Visita sem desfalecimento Camamudu, Catacunda, Fajonquito, Cambajú, Jabicunda, Contuboel, Sare-Cacar, Sara-Banda, Banjara, Sinchã-Jobel, Geba, Sinchã-Dembel, Sinchã-Sulu, Furacunda, Udicunda e Banchi. Comunica com os chefes de tabanca, os régulos e os chefes religiosos. Faz amizade com o capitão miliciano Pires, de Contuboel. Por vezes, regista o pícaro entremeado pelo sofrimento: “A companhia que estava em Geba, era uma companhia distorçada. O capitão tinha morrido a levantar uma mina. Dos quatro alferes primitivos só restava um, o Fernandes. O capitão atual parecia transtornado quando vinha a Bafatá, num jipe de escape livre, com o barulho que fazia logo todos exclamavam: é o capitão de Geba!”.
Nunca esqueceu o presépio montado pelos militares de Banjara, com a imaginação e arte transformaram bugalhos, paus, latas de coca-cola, pequenas garrafas, gaze, algodão hidrófilo em imagens da Virgem, de S. José, do Menino, vaca, burro e anjos colocados numa fruta improvisada num barril de madeira. Finda a missão do BCAV 1905, o Padre Abel Gonçalves foi colocado no hospital militar, habituou-se a ver sangue por todos os lados.
Regressa no Niassa a Lisboa em Maio de 1969. É colocado na Base Aérea 7, em S. Jacinto, para além da assistência religiosa foi designado professor de deontologia militar e psicologia do voo. Entregam-lhe a sempre espinhosa missão de ir comunicar às famílias a morte deste ou aquele militar. Ao fim de 3 anos e meio de uma vida calma, parte novamente para a Guiné, é colocado na Base Aérea 12, em Bissalanca; fica igualmente encarregado de dar assistência a muitas unidades do Exército, enfim, todos os destacamentos a norte de Bissau até ao Biombo e, para o interior, todos os destacamentos até Mansoa. A Base tinha boa e espaçosa capela, o capelão dispunha de quarto e de um salão para aulas, leitura e estudo.
A tessitura das suas memórias revela que o trabalho é árduo, variegado, sente-se muito bem no relacionamento social. Refere a morte da paraquedista Celeste, acidentes de viação que levavam o capelão procurar dar apoio aos familiares dos sinistrados, nunca esqueceu o Padre Marcos, um simples e bondoso capuchinho italiano que vivia pobremente em Brá, vivia de esmolas, era de uma ingenuidade e franqueza que desarmava toda a gente. O seu passatempo era cuidar de uma horta onde plantou pedaços de tronco de mandioca, caroços de mangueiros, bananeiras e uma figueira.
Gostava de visitar Salgueiro Maia em Pete, e depois refere o agravamento da situação a partir de 1973. Assiste aos comícios do PAIGC em Bissau e os militares transformados em revolucionários. Impressionou-se com a saída dos últimos militares portugueses: os nossos soldados estavam na fortaleza de Amura, perto do cais de embarque e deitavam pelas muralhas abaixo parte das rações de combate que os nativos apanhavam e agradeciam de lágrimas nos olhos.
Assistiram ao embarque com manifesta tristeza. Sem sequer um insulto. Eles sabem que nós, ainda hoje, os temos no coração.
Em 15 de Agosto de 1974, regressa e é novamente colocado em S. Jacinto. Termina, rendendo homenagem a todos os capelães que prestaram serviço na Guiné, confessa que gostaria de ter feito melhor, mas aceita tranquilo a responsabilidade das suas limitações.
____________
Nota do editor:
Vd. último poste da série de 22 de Março de 2013 > Guiné 63/74 - P11292: Notas de leitura (467): A palavra aos desertores portugueses (Mário Beja Santos)
Queridos amigos,
Aqui temos um livro escrito por um Padre Capelão, quase inteiramente dedicado às suas duas comissões na Guiné.
Percebe-se rapidamente porque escolheu o título para a sua obra "Catarse": Não esconde os comportamentos mandões, a falta de apoio que sentiu, em diferentes situações, de outros padres e seus superiores.
Teve manifesto orgulho pela sua missão em Bafatá, transcreve o louvor que lhe foi dado pelo BCAV 1905. Ali se diz claramente que tomou a iniciativa de percorrer toda a ação do batalhão para que a assistência religiosa não faltasse às tropas.
É um homem de coragem, confessa a sua admiração por Spínola e Amílcar Cabral. E pede humildemente desculpa por não ter feito livro mais claro e detalhado, conforta-se com a compreensão dos seus leitores.
Um abraço do
Mário
Catarse: As duas comissões na Guiné do Padre Abel Gonçalves
Beja Santos
Vem nos dicionários que a palavra catarse provém do grego, foi utilizada por Aristóteles para designar o processo de purgação ou eliminação das paixões que se produz no espectador quando, no teatro, assiste à representação de uma tragédia. Com a escola psicanalista o método catártico corresponde ao procedimento terapêutico pelo qual uma pessoa consegue eliminar os afetos patológicos revivendo os acontecimentos traumáticos a que estão ligados. Segundo esta última definição, uma parte substancial da literatura da guerra tem tal finalidade.
O Padre Abel Gonçalves foi nomeado pároco de Valença do Douro em 1958, a seguir passou por várias dioceses até que em Março de 1967 foi incorporado no BÇAC 1911, com destino à Guiné. Revive as suas memórias quase como se tivesse um bloco de notas onde registou impressões e estados de alma (“Catarse”, por Abel Gonçalves, edição de autor, 2007). Foi praxado pelo chefe da secretaria, fez-lhe tirar fotografias por quatro vezes. Vêm de Tomar para a Rocha do Conde de Óbidos e embarcam no Uíge em 26 de Abril de 1967. Regista que as praças iam nos porões, em condições desumanas.
Celebrava missa no convés, notou grande afluência e respeito. Filho único, o seu principal cuidado foi tranquilizar os pais, quando pôs os pés em terra. Seguem para o Quartel de Adidos, aí começa o treino para operações no mato. Morre um soldado atirador e ele escreve: “Transido de medo, não sei se da teimosa trovoada, da guerra devorada, do morto inofensivo e sereno ou da obrigação odiosa e cruel de comunicar à família aquela trágica e injusta perda… Parecia que me sentia criminoso por ter de anunciar que já estava morto aquele que vivia ainda num entendimento dos que o amavam. A pior coisa que confiavam aos capelães era esta de anunciar aos familiares a morte de um ente querido”. Nunca se ambientou a Bissau, às conversas com ataques, mortos e mutilados. Descobre, na sucessão dos dias, que um bom punhado de militares tem problemas de saúde, desde a epilepsia à tuberculose.
E rumam para Teixeira Pinto, fica numa pequena residência com chão e cimento junto de uma pequena igreja, era visível o aspeto de abandono. Guarda-lhe a casa e acolita-o nos deveres religiosos um menino chamado Albino. É chamado ao batalhão onde lhe comunicam que vai ser nomeado gerente de messe, recusa, alega que o serviço de assistência religiosa é o seu dever e nada mais. E vai para Jolmete, descreve o aquartelamento com as suas torres feitas de cibes, os abrigos, a falta de gerador elétrico, a iluminação era dada por garrafas de cerveja com uma torcida de pano; a casa de banho é constituída por um bidão, ele vinha com pudores entranhados por 12 anos de seminário, ali tinha mesmo que se expor e vencer o acanhamento, resistiu a frases irreverentes e maliciosas. Celebra regularmente missa no Jolmete, num local rodeado por bidões cheios de terra, comparecem crentes e descrentes. Ali perdia-se a noção do tempo, sofria-se pela falta de correio, pela péssima alimentação, pelo silêncio confrangedor, as noites em expetativa. Volta ao Jolmete, é iniciado em emboscadas e em minas. Um dia, dão-lhe ordem para regressar a Bissau, aproveita para vir de férias, sofre pelo alheamento da sua diocese. No regresso, apresenta-se ao chefe dos capelães, indicam-lhe que vai para Bafatá, tem um enorme setor para prestar assistência, estende-se mesmo ao sector de Bambadinca, inclui o Xime e o Xitole, sente-se em missão de paz, a sua arma era o terço do Rosário.
Descreve Bafatá, está contente com o bom ambiente militar, faz amizade com o 2º comandante do BCAV 1905, Andrade e Silva, e regista com satisfação: “No BCAV 1905 até me agradeciam uma colaboração franca e amiga. Compreenderam e respeitaram sempre os limites da minha, por vezes, melindrosa missão de capelão na guerra. Nunca me exigiram que fosse informador pidesco. Dava gosto trabalhar aqui”.
Percorre os destacamentos de lés a lés, faz amizade com os padres missionários e mesmo com a Missão da Sagrada Família de Bafatá, que estava a cargo das Irmãs Hospitaleiras Franciscanas Portuguesas, o seu auxiliar era o 1º Cabo Marques, assim apresentado: “Bondoso, paciente, humilde, simples, sincero, prestável. Só que tinha medo de ir comigo para o mato”.
Visita Bambadinca, o Xime e o Xitole. A viagem para o Xitole foi um calvário, nunca esqueceu o alferes médico, o Dr. Sílvio, seria ele quem comandava o destacamento já que o capitão miliciano, um notário, não queria saber de nada. É o Dr. Sílvio quem lhe receita para o pequeno-almoço umas sopas de vinho fresco, ali estavam os dois, um de cada lado de um bidão de gasolina a beber um vinho muito cristão, teria sido muitas vezes “batizado” pelos lugares onde tinha passado.
Visita sem desfalecimento Camamudu, Catacunda, Fajonquito, Cambajú, Jabicunda, Contuboel, Sare-Cacar, Sara-Banda, Banjara, Sinchã-Jobel, Geba, Sinchã-Dembel, Sinchã-Sulu, Furacunda, Udicunda e Banchi. Comunica com os chefes de tabanca, os régulos e os chefes religiosos. Faz amizade com o capitão miliciano Pires, de Contuboel. Por vezes, regista o pícaro entremeado pelo sofrimento: “A companhia que estava em Geba, era uma companhia distorçada. O capitão tinha morrido a levantar uma mina. Dos quatro alferes primitivos só restava um, o Fernandes. O capitão atual parecia transtornado quando vinha a Bafatá, num jipe de escape livre, com o barulho que fazia logo todos exclamavam: é o capitão de Geba!”.
Nunca esqueceu o presépio montado pelos militares de Banjara, com a imaginação e arte transformaram bugalhos, paus, latas de coca-cola, pequenas garrafas, gaze, algodão hidrófilo em imagens da Virgem, de S. José, do Menino, vaca, burro e anjos colocados numa fruta improvisada num barril de madeira. Finda a missão do BCAV 1905, o Padre Abel Gonçalves foi colocado no hospital militar, habituou-se a ver sangue por todos os lados.
Regressa no Niassa a Lisboa em Maio de 1969. É colocado na Base Aérea 7, em S. Jacinto, para além da assistência religiosa foi designado professor de deontologia militar e psicologia do voo. Entregam-lhe a sempre espinhosa missão de ir comunicar às famílias a morte deste ou aquele militar. Ao fim de 3 anos e meio de uma vida calma, parte novamente para a Guiné, é colocado na Base Aérea 12, em Bissalanca; fica igualmente encarregado de dar assistência a muitas unidades do Exército, enfim, todos os destacamentos a norte de Bissau até ao Biombo e, para o interior, todos os destacamentos até Mansoa. A Base tinha boa e espaçosa capela, o capelão dispunha de quarto e de um salão para aulas, leitura e estudo.
A tessitura das suas memórias revela que o trabalho é árduo, variegado, sente-se muito bem no relacionamento social. Refere a morte da paraquedista Celeste, acidentes de viação que levavam o capelão procurar dar apoio aos familiares dos sinistrados, nunca esqueceu o Padre Marcos, um simples e bondoso capuchinho italiano que vivia pobremente em Brá, vivia de esmolas, era de uma ingenuidade e franqueza que desarmava toda a gente. O seu passatempo era cuidar de uma horta onde plantou pedaços de tronco de mandioca, caroços de mangueiros, bananeiras e uma figueira.
Gostava de visitar Salgueiro Maia em Pete, e depois refere o agravamento da situação a partir de 1973. Assiste aos comícios do PAIGC em Bissau e os militares transformados em revolucionários. Impressionou-se com a saída dos últimos militares portugueses: os nossos soldados estavam na fortaleza de Amura, perto do cais de embarque e deitavam pelas muralhas abaixo parte das rações de combate que os nativos apanhavam e agradeciam de lágrimas nos olhos.
Assistiram ao embarque com manifesta tristeza. Sem sequer um insulto. Eles sabem que nós, ainda hoje, os temos no coração.
Em 15 de Agosto de 1974, regressa e é novamente colocado em S. Jacinto. Termina, rendendo homenagem a todos os capelães que prestaram serviço na Guiné, confessa que gostaria de ter feito melhor, mas aceita tranquilo a responsabilidade das suas limitações.
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Nota do editor:
Vd. último poste da série de 22 de Março de 2013 > Guiné 63/74 - P11292: Notas de leitura (467): A palavra aos desertores portugueses (Mário Beja Santos)
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