quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Guiné 63/74 - P12160: Tabanca Grande (409): Joaquim José Nogueira Alves, ex-Alf Mil da 1.ª CCAÇ/BCAÇ 4514/72 (Cadique e Contuboel, 1974)

1. Mensagem do nosso camarada e novo tertuliano Joaquim José Nogueira Alves (ex-Alf Mil da 1.ª CCAÇ/BCAÇ 4514/72, Cadique e Contuboel, 1974), com data de 12 de Outubro de 2013:

Camaradas:
Desde que tomei conhecimento do vosso Blogue, senti uma saudosa nostalgia do pouco tempo (para mim foi uma eternidade! ) que estive na Guiné. "Um dia vou-me associar" - pensava, mas... "Um dia,..." até hoje!

Não tanto pela "guerra" em si, mas pelas memórias dos sentidos que permaneceram ao longo deste tempo todo passado!... Não foi um tempo fácil mas não tão difícil como para os camaradas que lá estiveram mais tempo que eu. Recorde-se que fui em rendição individual, em 16 de Março de 1974, e, por isso, "beneficiei" do regresso da minha Companhia à metrópole, no dia 8 de Setembro do mesmo ano, com pouco tempo de estadia na "GUERRA".

Agora, embora lamentando o que aconteceu aos alferes que me antecederam no comando do 4.º Pelotão da 1.ª Companhia do BCAÇ 4514/72, recordo os tempos difíceis de viver na frente de uma guerra...

De tudo, o bom e o mau, quero aqui deixar uma palavra de agradecimento aos meus dois FURRIÉIS (escrevo c/ letra grande porque assim os devo classificar) que me ajudaram, imenso, a comandar um Pelotão Valoroso que, mercê das circunstâncias que os mesmos sabem e não cabe aqui referir, considero formado por HOMENS com um verdadeiro sentido de responsabilidade, entreajuda, camaradagem e... todos os predicados que se lhes possam, adequadamente, adjectivar. 

Não posso deixar de, aqui, lembrar a AMIZADE dos restantes Alferes da Companhia, mais "velhos" do que eu e que, desde o primeiro dia, me acarinharam, ensinaram, e nos últimos tempos, me deram as "baldas" como Alferes novato.

Recordo os petiscos, as "bazucas", os convívios até altas horas e muitas, muitas coboiadas!

A memória não dá para mais e os nomes escapam-se-me, com pena minha. Retenho alguns: Alferes "Tony", Santos (com quem me cruzei, fugazmente, já na vida social no Porto), Policarpo e Ferreira. Havia um que, suponho, pertencia à Engenharia e era o "Fotógrafo de Serviço" de excelente qualidade, por sinal.

Para terminar, não poderia deixar de falar na tripla, única, de enfermeiros que, com o seu humor, até faziam sorrir os doentes, dos quais apenas me recordo dum nome : O Cunha, com o qual tive alguns encontros de fugida e que morava no Porto.
A todos eles, e ao amigo Comandante da Companhia Capitão Miliciano Antunes, o meu reconhecido agradecimento de terem feito o favor de terem sido meus amigos.

Um abraço.
Joaquim José Nogueira Alves
Alferes Miliciano Atirador
1.ª Companhia do BCAÇ 4514/72

P.S.:- Como depois de regressar da vida militar, fiz uma vida de "saltibanco" , as poucas fotografias referentes à minha estada na Guiné, foram ficando pelo caminho e, as que ainda escaparam, encontram-se em muito mau estado.

Cadique, 1974 - A aguardar transporte de luxo, uma canoa indígena

Cobumba, 1974 - A quilómetros da civilização


2. Comentário de CV:

Caro camarada Joaquim Nogueira Alves,
Bem aparecido no nosso Blogue.
Como te disse na nossa troca de mensagens, foste um sortudo em ires em rendição individual para o BCAÇ 4514/72 quando a guerra estava mesmo a terminar.
Como não adivinhavas o desfecho tão breve, foste como qualquer um de nós com a ideia de cumprir minimamente o que nos era pedido, mas com o objectivo principal de voltar vivo. Felizmente que aconteceu o 25 de Abril para terminar com aquela maldita guerra, que na Guiné, principalmente, estava muito complicada.

Dizes que algumas das tuas fotos se perderam e as que tens estarão em mau estado. O que não se estragou ou perdeu, foram as tuas memórias pelo que as poderás enviar por escrito.
Apesar de tudo viveste aqueles tempos incertos depois de decretado o fim da guerra e o antes da independência, tempos esses complicados, achamos nós os que lá estivemos antes.
Poderás confirmar se as cadeias de comando se mantinham operacionais e se a disciplina foi, ou não, mais difícil de manter.
Por outro lado, as relações com o PAIGC nem sempre seria isentas de alguma tensão porque eles nos veriam, cada vez mais, como intrusos e nós nos sentiríamos a mais naquele território destinado à independência.

É disto que nos podes falar, até porque, sendo oficial, terias acesso a determinadas informações não do conhecimento mais geral.

Partindo do princípio que vais aceitar o nosso desafio, ficamos na expectativa da tua colaboração.
Resta-me deixar-te o habitual abraço de boas-vindas em nome da tertúlia e dos editores.

Ao teu dispor
O camarada e novo amigo
Carlos Vinhal
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Nota do editor

Último poste da série de 19 DE AGOSTO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11957: Tabanca Grande (408): Francisco Maria Magalhães Baptista, ex-Alf Mil Inf.ª da CCAÇ 2616/BCAÇ 2892 (Buba, 1970/71) e CART 2732 (Mansabá, 1971/72)

Guiné 63/74 - P12159: Convivios (539): Pessoal da CCAÇ 616 / BCAÇ 619 (Empada, 1964/66), em Fátima, nos dias 19 e 20 do corrente (Joaquim Jorge, ex-alf mil, natural de Ferrel, Peniche)


Lourinhã, Ribamar > Festa anual em honra de N. Sra. Monserrate > 14 de outubro de 2013 > Almoço anual de convívio de amigos do Oeste > O Joaquim da Silva Jorge, natural de Ferrel, Peniche, ex-alf mil, CCAÇ 616 / BCAÇ 619, que esteve em Empada (1964/66).

Foto: © Luís Graça (2013). Todos os direitos reservados.


1. Mensagem do meu amigo e nosso camarada Joaquim da Silva Jorge, com data de hoje:



Vai realizar-se no próximo fim de semana, dias 19 e 20 de Outubro, o convívio anual da CCAÇ 616.

O encontro será em Fátima no Hotel Pax. 

A receção será a partir das 14 horas de sábado. Ás 18h30 será a missa, seguindo-se o jantar. Depois do jantar teremos um animado serão com música e baile.

Um abraço do Joaquim Jorge.


2. Comentário de L.G.:

Estive, há dias, em Ribamar, por ocasiões da festa anual da terra, em honra de Na. Sra. Monserrate com uma série de amigos e camaradas da região Oeste, uma boa parte dos quais passou pelo TO da Guiné, durante o período da guerra...

O convívio (, a pretexto de um boa caldeirada, ou não estivessemos nós em terra de gente do mar, terra dos meus antepassados Maçaricos,) foi organizado mais uma vez pelo Eduardo Jorge Ferreira, nosso grã-tabanqueiro, ,ex-alf mil da Polícia Aérea (BA12, Bissalanca, 1973/74), natural de A-dos-Cunhados, Torres Vedras, e que está connosco na Tabanca Grande desde 31/8/2011.

No grupo de convivas, de várias zonas do oeste (Lourinhã, Peniche, Cadaval, Torres Vedras, Mafra, Caldas da Raínha, Alcobça, etc.), fui encontrar alguns "velhinhos" da guerra da Guiné, gente dos primórdios, mas também "periquitos", gente que fechou a guerra e as portas do império...

O Joaquim da Silva Jorge, ou simplesmente oaquim Jorge,   é dos "velhinhos". Reformado da banca (onde foi prospetor, trabalhando muito em Ribamar nessa qualidade...), o Joaquim Jorge é natural de Ferrel, Peniche, tendo sido all mil na CCAÇ 616 / BCAÇ 619, que esteve em Empada (1964/66).

De espírito jovial, o Joaquim Jorge contou-me alguns dos episódios que marcaram a história da sua companhia. Num dada altura, ele teve mesmo que assumir o comando, em substituição do capitão. por razões que já não fixei. Vem, desse tempo,  um forte ligação ao pessoal da companhia, que todos os anos se encontra.

O Joaquim Jorge visita o nosso blogue, conhece os nomes de camaradas que estiveram em Empada depois dele (o Zé Teixeira, o Xico Allen...) mas ainda arranjou pachorra para pedir a sua integração na nossa Tabanca Grande, com direito a guarda de honra e tudo. Aproveito o ensejo para o convidar. Pedi-lhe também para me mandar a notícia do próximo convívio, o que prontamente já fez.


3. Informação complementar:

 O BCAÇ 619 esteve sediado em Catió, ao tempo de camaradas nossos como o J.L.Mendes Gomes (ex-alf mil, CCAÇ 728, Cachil e Catió, 1964/66).

Deste batalhão também é o nosso tabanqueiro João Sacôto (ex-Alf Mil da CCAÇ 617/BCAÇ 619, CatióIlha do Como e Cachil, 1964/66), que muito provavelmente conhece o Joaquim Jorge. O seu nome completo  é João Gabriel Sacôto Martins Fernandes. Entrou para a Tabanca Grande em 29/12/2011. E já aqui contou uma série de histórias da sua unidade. O nosso grã-tabanqueiro nº 532 era amigo do João Bacar Jaló.

Da mesma CCAÇ 616 / BCAÇ 619 [ e não da CCAÇ 617, como aparece por erro num dos nossos postes] também era o já falecido 1º Cabo Fernando Ferreira [foto à direita]... 

O 1º Cabo nº 2514, Fernando das Neves Ferreira, da CCAÇ 616 / BCAÇ 619 (Bissau, Empada, Pirada, Bigene, Ilha do Como, Bafatá, 1964/66), mais conhecido por Cabo 14, está representado na nossa Tabanca Grande pela sua filha Ana Paula Ferreira, desde 2006.

O Cabo 14 morreu precocemente aos 48 anos, em 1991. A filha escreveu sobre ele um texto comovente, em 9/4/2006, e dedicou-lhe um blogue... Foi desenterrar também problemas da vida militar e disciplinar do pai. (Talvez por isso, o Joaquim Jorge, que ficou a comandar a companhia, desde 17/7/65, me tenha pedido o mail da Ana Paula Ferreira, o que já lhe facultei).

Do mesmo batalhão, mas da outra companhia, a CCAÇ 618, temos o João Henrique Pinho dos Santos. Ex-Alf Mil Inf da CCaç 618 / BCAÇ 619,  o João esteve em Susana e Binar no período 1964/66.

Falta-nos, portanto, e se não erro,  um digno representante, vivo,  da CCAÇ 616 (que veio substituir a CCAÇ 417). O Joaquim Jorge vai-nos dar essa honra, a  de aceitar o nosso convite para desempenhar  esse papel, o de primeiro representante da CCAÇ 616. Joaquim, fico à espera de uma foto desse tempo, e de um pequena história, como é da praxe, para complementar os procedimentos para a tua entronização. Pode ser a/s) história(s) do Cabo 14. Gostei de te ver. Um Alfa Bravo. Luis. (**)

PS - Da CCAÇ 616 temos aqui um história contada  pelo Toni Borié, que vive nos States. Será que o Joaquim  Jorge se lembra do 1º cabo Fialho, que era natural Rio Maior, e que depois da peluda  foi emigrante na América   ?  (***)
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 4 de outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1148: Cabo 14, um blogue de homenagem de uma filha a seu pai (Ana Ferreira)
  
(...) Entretanto nas minhas diligências, e através do esforço impagável do Sr. Ilídio Costa, sei agora com todos os detalhes qual a companhia de meu pai, Fernando das Neves Ferreira: Companhia de Caçadores nº 616, 3º Pelotão, 1ª secção, atirador, soldado nº 2514/63. Os castigos disciplinares foram alguns e as despromoções também, tendo posteriormente sido transferido para a CART 676/RAP 2,  em Setembro de 1965.

No documento que me foi tão gentilmente fornecido dizia ainda que "esta Companhia, após o desembarque do Batalhão nesta Província em 15.1.64, ficou em Bissau às ordens do Quartel General. Passou novamente a pertencer ao Batalhão em 8.4.64 quando rendeu em Empada a CCAÇ 417. Nesta altura veio comandada pelo Sr. Capitão Mil António Francisco do Vale. Em 2.5.64 este Capitão foi rendido no Comando da Companhia pelo Sr. Capitão José Pedro Mendes Franco do Carmo. Presentemente está sendo comandada desde 17.7.65 pelo Alferes Mil Joaquim da Silva Jorge, em virtude do Sr. Capitão Franco do Carmo ter sido evacuado para a metrópole por doença". (...)


(**) Último poste da série > 14 de outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P12151: Convívios (536): Almoço de confraternização no passado dia 14 de Setembro em Salicos e XX Convívio dos Combatentes do Ultramar, a levar a efeito no próximo dia 20, iniciativas do Núcleo de Lagoa/Portimão da Liga dos Combatentes (Arménio Estorninho)



(...) Também esteve por um pequeno período de tempo na povoação de Catió, onde encontrou pessoal de Rio Maior, lembra-se do seu grande amigo, o Zé de Alfruzemel, pois juntos cozinhavam grandes “patuscadas” para todo o pessoal. Nunca mais lhe saíram do seu pensamento os chuveiros do aquartelamento em Empada, que traziam água quente a cheirar a enxofre, e “encarnada”!.

De uma vez andaram trinta quilómetros de noite, carregados, chegando pela manhã, em auxílio de um batalhão que estava em dificuldades. Os guerrilheiros quando souberam que estavam a chegar os militares da companhia de Empada, fugiram, pois os caçadores da Companhia 616, já eram famosos.(...) 


Guiné 63/74 - P12158: FAP (76): A queda do T6G nº 1791 entre o Cheche e Madina de Boé, no dia 15/6/1968, foi originada por uma fuga de óleo. A aeronave era pilotada pelo alf mil pil Couto. No dia 16, lá estávamos nós, sob proteção dos páras, para o desmontar... Apanhei lá um cagaço... (Vitor Oliveira, ex-1º cabo melec, BA 12, Bissalanca, 1967/69)

1. Mensagem do nosso camarada da FAP, Vítor Oliveira, ex-1.º cabo melec, BA 12, Bissalanca, 1967/69, em resposta a uma questão posta no poste P12138 (*):

Assunto - Queda do T6G 1791 na região do Boé 

Amigo Luís,  a queda do T6G nº 1791,  entre o Cheche e Madina de Boé,  foi originada por uma fuga de óleo no dia 15 Junho 1968.

O piloto era o Alferes Couto. Como eu não me recordava do nome do piloto,  foi ele que ao ver as fotos no blogue em 2009 entrou em contacto comigo para lhe enviar as mesmas. Já agora aproveito para enviar um grande abraço ao Couto e desejar-lhe as melhoras para o problema grave de saúde que enfrenta.

O avião foi desmantelado, no dia seguinte, 16 de Junho, como eu disse com a protecção dos paraquedistas. Saímos de Bissalanca no Dakota nº 6155 para Nova Lamego e depois fomos no Helli AL III  nº 9273 para o local do acidente. 

Agora vem a parte mais engraçada: ao chegarmos junto do avião o capitão diz-nos que por fora não havia nenhuma armadilha mas por dentro do mesmo tínhamos que ser nós a ver, já que o avião ficou ali uma noite  inteira, sem protecção.



Guiné > Região do Boé >  16 de junho de 1968 > A equipa da FAP que foi desmontar a aeronave acidentada. Infelizmente, já não me lembro do nome deste pessoal a não ser do sargento ajudante Manuel Matacão.

Foto (e legenda): © Vitor Oliveira (2009). Todos os direitos reservados. [Edição: L.G.]


E então começámos a discussão de quem é que ia entrar lá... Eu dizia que era mecânicos de material aéreo ou de rádio;  eles diziam que era eu quem devia entrar primeiro... até que o meu amigo Sargento Ajudante Manuel Matacão diz-me:
- Pichas,  tu é quem tem de lá ir ver se há alguns fios esquisitos!...

E então lá fui, entrei do lado do piloto,  tudo bem mas quando fui à parte de trás, quando ponho o pé na cadeira,  eis que o elevador não estava travado e, pumba!, fui por ali abaixo!... Mandei um grito,  pensei logo que ia desta para melhor, mas felizmente nada aconteceu... Só que não ganhei para o susto!

Sem mais um grande abraço.

Vitor Oliveira (Pichas)
1º Cabo Melec
BA 12, Bissalanca, 1967/69
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Nota do editor:

Último poste da série > 11 de outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P12138: FAP (75): Queda, recuperação e destruição, pelas NT, de um T6G, acidentado na região do Boé, com proteção dos paraquedistas (Vitor Oliveira, ex-1º cabo melec, BA 12, Bissalanca,1967/69)

Guiné 63/74 - P12157: In Memoriam (162): Faleceu ontem, dia 15, o Luís Sampaio Faria, que foi Fur Mil Inf MA da CCAÇ 2791, Bula e Teixeira Pinto, 1970/72; tinha 65 anos (1948/2013), era natural de Felgueiras, vivia em Paranhos, Porto. O funeral é 5ª feira, dia 17, pelas 15h00, na igreja de Paranhos (Magalhães Ribeiro)

1. Camaradas: 

Acabei de ver há pouco, no meu e-mail, uma mensagem proveniente do António Matos [ex-Alf Mil Minas e Armadilhas da CCAÇ 2790, Bula, 1970/72] dizendo simplesmente “Eduardo, publica por favor, urgente, a notícia do o falecimento do Luís Sampaio Faria [, foto à esquerda] . Obrigado.” 


Ainda estava a acabar de “digerir” esta tristíssima e chocante notícia, e procurava algum modo de a confirmar, não porque duvide da palavra do Matos, como é óbvio. mas porque não consegui reagir de imediato ao desgosto, quando pelas 00h50, via facebook, vejo surgior uma mensgaem desta vez do Jorge Fontinha: “Olá, Magalhães Ribeiro. Venho dar-te uma notícia das últimas horas. Morreu o meu grande amigo e camarada da CCAÇ 2791, o Luís Faria. Julgo que não ficaste contente mas agradecido por te informar. Gostaria que, no Blogue do Luís Graça & Camaradas da Guiné, saísse a notícia. Não sei pormenores, liguei à filha Daniela e só me disse que o funeral seria quinta feira, na zona de Paranhos (cidade do Porto). Amanhã saberei mais qualquer coisa.”

INFORMAÇÃO ÚLTIMA HORA (por António Matos): 

1º - o corpo será levado para a Igreja da Paranhos ( Porto ) hoje por volta das 14 horas / 14h30.
2º - o funeral será amanhã, dia 17, às 15 horas no cemitério de Paranhos


2. O nosso camarada Luís Sampaio Faria (ex-Fur Mil Inf MA da CCAÇ 2791, Bula e Teixeira Pinto, 1970/72) era um dos mais produtivos contadores da sua história de vida na Guiné. Tem cerca de 80 referências no nosso blogue. O seu último poste foi o P12053, relativo ao 60.º episódio da sua formidável série: VIAGEM À VOLTA DAS MINHAS MEMÓRIAS (60) 1 - Nos “trilhos da guerra”.

Entrou para o nosso blogue em 31/10/2008: vd. poste P3388. As suas primeiras palavras foram as seguintes:

"Luis Graça:  Cumprimentos e parabéns pelo Blogue que de há uns tempos para cá tenho visitado com agrado. Quem me deu a dica foi o Jorge Fontinha, meu grande amigo e camarada de armas na mesma CCAÇ 2791 (FORÇA). Vi também que o Júlio César, meu amigo, também camarada de armas e conterrâneo, faz parte da Tabanca. Óptimo

Sou : Luis Miguel C Sampaio Faria, Furriel Miliciano, CCaç 2791, Mobilizado na Guiné, de Outubro 1970 a Setembro 1972 (embarque a 19 de Setembro no Carvalho Araújo)"(...)


No 1º convívio da CCAÇ 2791, em setembro de 2002, o reencontro dos ex-fur mil Jorge Fontinha (à esquerda) e Luís Faria (à direita) com o ex-soldado Mário Lobo (ao centro). Foto do Jorge Fonbtinha.
Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > Setembro de 1970 >  Escala do T/T Carvalho Araújo, a caminho da Guiné No cais, com o Monte Cara ao fundo....
Guiné > Bolama > CCAÇ 2791 (1970/72) > Outubro de 1970 > Luís Faria, à civil, na marginal... Em Bolama ia-se fazer a IAO (Instrução de Aperfeiçoamento Operacional)...
Guiné > Bula > CCAÇ 2791 (1970/72) > O operacional, na Ponta Matar

Fotos: © Luís Faria (2009) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.


3. Em nome do Luís Graça, editores, colaboradores e demais camaradas desta Tertúlia, resta-nos por agora enviar à família enlutada as nossas mais sentidas condolências e dizer que, com a súbita falta deste nosso Amigo, sentimos esta nossa família muito mais pobre, bem como o sentirão os Camaradas da sua CCAÇ 2791. Que Deus o guarde no seu infinito e misericordioso reino!


Eduardo Magalhães Ribeiro

PS - Natural de Felgueiras, o Luís Sampaio Faria nasceu em 14 de abril de 1948. Completou  este ano os 65.
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Nota de M.R.:

Vd. último poste da série em:


Guiné 63/74 - P12156: A guerra vista do outro lado... Explorando o Arquivo Amílcar Cabral / Casa Comum (3): Instruções para o ataque aos quartéis, da Frente Leste, de Piche, Bambadinca, Gabú, Cabuca, Xime, Mansambo e Canjadude. no dia 10 de junho de 1969

À esquerda: Foto do secretário geral do PAIGC, incluída em O Nosso Livro de Leitura da 2ª Classe, editado pelos Serviços de Instrução do PAIGC - Regiões Libertadas da Guiné (sic). Tem o seguinte copyright: © 1970 PAIGC - Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde. Sede: Bissau (sic)... A primeira edição teve uma tiragem de 25 mil exemplares, tendo sido impresso em Upsala, Suécia, em 1970, por Tofters/Wretmans Boktryckeri AB.


1. Transcrição de um documento do PAIGC, dactilografado, assinado por Amílcar Cabral,  com instruções para o lançamento de ataques a diversos quartéis e destacamentos da Frente Leste, no dia 10 de junho de 1969, devendo nalguns casos ser repetidos "durante 3 dias" (sic)... Não sabemos como é que a mensagem, datada de 4 de junho de 1969, foi transmitida (via rádio ? por estafetas ?) e chegou de Conacri em tempo útil às várias frentes... se é que chegou.


No LESTE – devem ser atacados pelo menos os seguintes quartéis no dia 10 de junho [de 1969]:

Piche
Bambadinca

Gabu (se possível, mesmo de longe)
Cabuca
Xime
Mansambo
Gandjadude [Canjadude]
Várias tabancas com milícias e tropas.

Repetir os ataques durante 3 dias.
Depois concentrar forças para atacar duro:

Piche
Cabuca
Bambadinca
Mansambo

Em 4 de junho de 1969.

O secretário geral

(Assinatura)

Amílcar Cabral

Fonte:

(1969), "Instruções para o ataque aos quartéis de Piche, Bambadinca, Gabú, Cabuca, Xime, Mansabo e Gandjadude", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_41091 (2013-10-15)

Para ver aceder a (e ampliar) o documento, clicar aqui: 

Portal Casa Comum
Instituição: Fundação Mário Soares
Pasta: 07166.030
Título: Instruções para o ataque aos quartéis de Piche, Bambadinca, Gabú, Cabuca, Xime, Mansabo e Gandjadude
Assunto: Instruções de Amílcar Cabral para o ataque aos quartéis de Piche, Bambadinca, Gabú, Cabuca, Xime, Mansabo e Gandjadude, a partir do dia 10 de Junho, na Frente Leste.
Data: Quarta, 4 de Junho de 1969
Observações: Em nota manuscrita: Pires.
Fundo: DVP - Documentos Pedro Verona Pires
Tipo Documental: Documentos


2. Comentário do editor L.G.:

Não dispomos de elementos para comprovar se os quartéis em questão foram ou não atacados ou simplesmente flagelados no dia 10 de junho de 1969,  em que na época, e no regime de então, o do Estado Novo, se celebrava  o Dia de Camões, de Portugal e da Raça.

De acordo com a história do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70, pp. 87/88), sabemos que, em junho de 1969, e depois da data de emissão das supracitadas instruções  (4 de junho de 1969), foram atacados ou flagelados os seguintes aquartelamentos e destacamentos da zona leste,  setor L1 (Bambadinca):

(i) Em 8, às 18h15, um grupo IN não estimado flagelou, durante 15 minutos, com mort 82, localizado na margem esquerda do Rio Corubal, o aquartelamento do Xitole, sem consequências;

(ii) Em 11, às 00h01, um grupo estimado de 20/30 elementos, flagelou do oeste o aquartelamento de Mansambo, durante 30 minutos, e utilizando canhão s/r, mort 82, LGFog e armas automáticas; sem consequências: 

(iii) Em 11, às 5h05, um grupo IN não estimado flagelou, durante 10 minutos, com mort 82 e canhão s/r, da direcção sudeste, o aquartelamento do Xitole, sem consequências;

(iv) Em 11, às 2h50, um grupo IN não estimado flagelou, durante 5 minutos, com mort 82, da direcção oeste, o aquartelamento do Xitole, sem consequências;

(v) Em 13, às 18h30, um grupo IN estimado em 20/30 elementos flagelou,  do sul, durante 20 minutos, com mort 82, canhão s/r e LGFog, o aquartelamento de Mansambo, sem consequências;

(vi) Em 14, às 0h30, foi a vez de ser flagelado o destacamento de Taibatá, defendido por um pelotão de mílicia (que  sofreu um ferido);

(vii) Em 14, às 3h00 da madrugada, Bambadinca foi flagelada de várias direcções (oeste, noroeste e sudoeste), durante 10 minutos e sem consequências; o IN utilizou mort 82, LGFog e armas automáticas;

(viii) Em 18, as 17h30, foi flagelado durante 25 minutos, com orte 82,  o destacamento da Ponte dos Fulas, no subsetor de Xitole, da direção norte; sem consequências...

Houve ainda duas emboscadas (a 18, às 12h00, na região de Padada,  contra forças da CCAÇ 2405, CCAÇ 2403 e CART 2520; e  a 20, às 8h30, no itinerário Demba Taco - Taibatá, contra o pelotão de milícias do destacamento de Demba Taco).

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Guiné 63/74 - P12155: Ser solidário (151): I Encontro Portugal-Guiné-Bissau, promovido pela Tabanca Pequena e a Associação EducÁfrica, levado a efeito no passado dia 5 de Outubro (José Teixeira)

1. Mensagem do nosso camarada José Teixeira, um dos principais animadores da Tabanca Pequena ONGD, com data de 7 de Outubro de 2013:

Caríssimos editores.
A Tabanca Pequena organizou um encontro com guineenses a viver em Portugal.
Solicitmaos o especial favor de publicarem este texto em que se dá conta da forma como decorreu a Festa.
Muito obrigado.
Zé Teixeira




1.º ENCONTRO PORTUGAL-GUINÉ-BISSAU

A Tabanca Pequena ONGD e a Associação EducÁfrica ONGD ambas envolvidas em ações de apoio ao desenvolvimento das populações da Guiné-Bissau tomaram a iniciativa de organizar o I ENCONTRO PORTUGAL-GUINÉ-BISSAU, no passado dia 5 de Outubro, dia em foi assinado o Tratado de Zamora em 1143 no qual Portugal se assumiu como Pais independente.

Objetivos:
- Promover um encontro convívio entre pessoas de Portugal e da Guiné
- Promover mostras de danças típicas da Guiné-Bissau e cantigas populares de Portugal
- Angariar fundos para o desenvolvimento dos projetos que uma e outra Associação estão a desenvolver na Guiné-Bissau.

Além das associações organizadoras, aderiram ao evento a Associação Mon na Mon de Aveiro, a Associação de Amizade Matosinhos / Mansoa e a Associação de Guineenses do Porto.

A dinâmica da organização do evento foi conduzida pela Tabanca Pequena com o apoio da EdicÁfrica.

Como “Ordem de Trabalhos”, tínhamos.
- Almoço
Sardinha do mar português de Matosinhos
Frango de Xabéu elaborado por experiente cozinheira guineense residente no Porto

- Tarde Recreativa
Grupo de Danças típicas da Guiné-Bissau – MON na MON
Cantigas de Portugal pelo conjunto Nuvem Azul do Grupo Desportivo da GALP Norte.

Os participantes começaram a chegar cedo. Se é verdade que a maior parte dos portugueses na sua maioria ex-combatentes e família já se conheciam nomeadamente da Tabanca de Matosinhos, os guineenses que aderiram eram à partida caras estranhas, mas… felizmente parece que já nos conhecíamos desde o tempo em que por lá andámos. Logo nos misturamos. Abraços e beijos não faltaram, umas “arranhadelas” de crioulo e até de línguas nativas. O “Na pinda e o Djarama anani , ou o curame bianda” soltou-se das nossas bocas o que provocou naturalmente gargalhadas de boa disposição.

A Sardinha bem assada pelo nosso especialista e sua equipa, um camarada que nunca esteve na Guiné, o Emílio Silva, foi procurada até acabar. Seguiu-se o Xabéu, o prato mais esperado. Estava uma delícia e como não podia deixar de ser, ficou o fundo do tacho.

Para completar, o Grupo de danças Típicas Mon na Mon com as tão esperadas danças que puseram a sala em delírio. Foi um gosto (re)viver outros tempos e ver os presentes a extravasar a sua alegria e porque não juventude dançando com os jovens e com as “mindjeres” que nos quiseram brindar com as suas danças tão conhecidas dos companheiros que por lá passaram.

Foram na sua forma de estar, comunicar e dançar e extravasar a sua alegria, um verdadeiro espelho daquele povo que nós tão bem conhecemos.

A emoção tomou conta de muitos dos presentes num regresso a um passado que apesar de tantos momentos de sofrimento que nos trouxe, também nos proporcionou momentos muito bons e que hoje foram revividos nesta festa convívio entre agente de dois povos que em cada dia que passa se sentem mais unidos.

O Grupo Nuvem Azul encerrou esta bela tarde com música popular portuguesa e para admiração de alguns de nós, foram as mulheres guineenses presentes que mais participaram, com as suas vozes e danças, demonstrando que conhecem bem a música popular em Portugal, porque não, amam Portugal tanto quanto a sua terra natal.

Com o cair da noite, a festa chegou ao fim. Abraços e beijos não faltaram e sobretudo a expressão de uma vontade comum de nos voltarmos a encontrar.

A recepção

As indjers garandi no palco

O petisco. Frango de Xabéu



Quem não se lembra desta forma de dançar?



A alegria contagiante dos guineenses


Um aspeto da assistência


O Conjunto Nuvem Azul do Grupo desportivo da GALP em atuação.

Quem nos faz lembrar estes rostos?


Agradecimentos

A juventude guineense que nos fez regressar ao passado.


Outro aspeto da sala.


O Vídeo, originalmente inserido,  está agora indisponível

Este vídeo foi eliminado do Facebook ou não está visível devido às definições de privacidade.
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Nota do editor

Último poste da série de 3 DE OUTUBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12113: Ser solidário (150): Padre de Viana assaltado com violência dentro de casa durante a madrugada (Sousa de Castro)

Guiné 63/74 - P12154: A guerra vista do outro lado... Explorando o Arquivo Amílcar Cabral / Casa Comum (2): Mensagem assinada pelo comandante do setor 2 da Frente Leste, Mamadu Indjai, sobre a emboscada em Ponta Coli, na estrada Bambadinca-Xime, em 18/4/1969, aos pelotões de mílicias de Taibatá, Demba Taco e Amedalai, e que foi conduzida pelo comandante de bigrupo Mário Mendes


Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca > Subsetor do Xime > Carta do Xime (1955) > Escala 1/50 mil > O traçado a vermelho indica a antiga estrada Xime-Bambadinca, passando por Taliuara, Ponta Coli, Amedalai, ponte do Rio Udunduma... Em abril de 1969 ainda não estava em construção a nova estrada, a cargo da Tecnil, que só será inaugurada em 1972... Na sempre temível Ponta Coli, houve várias emboscadas, como aquela que é referida neste poste, contra dois pelotões de  mílícas (destacadsos em Taibatá e em Demba Taco)...

Em abril de 1969, era o BCAÇ 2852 que tinha a seu cargo a defesa do Setor L1 (Bambadinca), incluindo o subsetor do Xime. Grosso modo, o Setor L1, com exceção do regulado do Enxalé e da parte oeste do regulado do Cuor, correspondia,  na divisão territorial do IN,  ao Sctor 02, da Frente Leste, também conhecido por região do Xitole (em 1970, Frente Xitole/Bafatá), com sede na região de Mina/Fiofioli.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2013).

1. Transcrição de uma mensagem do PAIGC, assinada por Mamadu Indjai (comandante de setor, futuro conspirador contra Amílcar Cabral, sendo, depois do assassinato do líder histórico, em Conacri,  preso,  julgado e fuzilado em 1973) sobre uma emboscada realizada na estrada de Bamabadinca-Xime, em 20/4/1969, e que foi comandada por Mário Mendes e Sampui.

O comunicado é manuscrito em papel de bloco, liso. O conteúdo é o habitual nestas mensagens: lacónico e sem preocupações de rigor factual. Apesar da baixa literacia dos seus comandantes, Amílcar Cabral exigia que eles escrevessem em português. E esse é um facto que deve ser aqui sublinhado.

O dia desta emboscada, na Ponta Coli,  parece estra errada: será a 18 e não a 20/4/1969. Segundo a versão das NT (neste caso o BCAÇ 2852), não terá havido baixas entre os dois pelotões de milícias emboscados.  Mas ficamos a saber que Mário Mendes já combatia, em 1969,  no Setor  2 (Xitole), da Frente Leste, ao tempo do Mamadu Indjai.  e que sobrevive a este, gravemente ferido em agosto de 1969.  Mário Mendes será abatido pelas NT em maio de 1972.


Comando Sul

MSG [Mensagem] – No dia 20/4/69 os combatentes do Partido realizaram emboscada na estrada entre  Bambadinca / Xime onde os inimigos sofreram muitas baixas humanas de [entre] feridos e mortos. Por nosso lado não houve nada mal. Foi dirigido[a] por Mário Mendes e Sanpui  [Sampui] na SA  [?] Sector Dois – Mamadu Indjai.
 29/4/69

[Revisão/fixação de texto: editor L.G.]

Fonte:

(1969), "Mensagem - Comando Sul", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_40645 (2013-10-15)

Casa Comum
Instituição: Fundação Mário Soares
Pasta: 07200.170.050
Título: Mensagem - Comando Sul
Assunto: Comunicado de Mamadu Indjai sobre a emboscada do PAIGC na estrada entre Bambadinca e Xime, dirigida por Mário Mendes e Sampui na Sa (Sector 2).
Data: Terça, 29 de Abril de 1969
Observações: Doc. incluído no dossier intitulado Diversos. Guias de Marcha. Relatórios. Cartas dactilografadas e manuscritas. 1960-1971.
Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral
Tipo Documental: Documentos

2. Reprodução de excertos das pp. 64 e 75 da História do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) sobre a actividade IN no mês de abril de 1969. (REcorde-se que a grande Op Lança Afiada, tinha sido realizada um mês antes, em março de 1969).

A emboscada referida na mensagem acima reproduzida deve ter sido.  não a 20, mas 18 de abril de 1969, às 7h00, na zona de Ponta Coli, no troço estrada Bambadinca -Xime, entre Amedalai e o Xime. As forças emboscadas foram dois pelotões de milícias, o Pel Mil  nºs 104 (sediado em Taibatá, com 1 secção em Amedalai) e o Pel Mil 105 (destacado em Demba Taco, com uma secção em Amedalai).






Guiné 63/74 - P12153: Agenda cultural (287): Sessão de apresentação do livro "Profetas do Consumo", de autoria de Mário Beja Santos, dia 22 de Outubro de 2013, pelas 18 horas, nas instalações da Direcção-Geral do Consumidor em Lisboa

1. Mensagem do dia 25 de Setembro de 2013 do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70) que, profissionalmente, até Outubro de 2012, exerceu a função de Técnico Superior da Direcção-Geral do Consumidor:

Queridos amigos,
Quando digo que terei a maior satisfação em ver-me rodeado pela malta do blogue que se interessa pelos temas do consumo, digo-o com inteira sinceridade. Não é preciso que comprem o livro, basta-me a vossa companhia.
Este é o primeiro da série que pretendo dar à estampa depois da reforma, é a temática que mais me atormenta, o falhanço habitual das previsões dos Profetas do Consumo, o funcionamento intrigante da cultura do moderno capitalismo, indagar como a globalização afeta e continuará a afetar a sociedade de consumo, aquela que, a despeito de todas as críticas e remoques, é a organização social donde a generalidade dos seres humanos não quer sair, mesmo que barafuste muito.
Conto com todos os interessados em 22 de Outubro, pelas 18h, nas instalações da Direção-Geral do Consumidor, Praça Duque de Saldanha, nº 31. A apresentação da obra fica a cargo do Eng.º Carlos Pimenta, antigo secretário de Estado do Ambiente e diretor do CEEETA, Centro de Estudos de Economia, Energia, Transportes e Ambiente.

O muito obrigado do
Mário




Sessão de apresentação do livro Profetas do Consumo

22 de Outubro, Instalações da Direcção-Geral do Consumidor, Praça Duque de Saldanha, 31, pelas 18 horas

Apresentação a cargo do Eng.º Carlos Pimenta, antigo secretário de Estado do Ambiente e deputado do Parlamento Europeu e atualmente diretor do CEEETA – Centro de Estudos de Economia, Energia, Transportes e Ambiente

Beja Santos

Delineei, nos preparativos da minha reforma, um conjunto de livros-testemunho da minha atividade profissional nos últimos 40 anos. A primeira obra que escrevi correspondia a uma das principais interrogações que trago e cujas respostas possíveis nunca me satisfizeram. Por isso, posso apresentar Profetas do Consumo resumidamente do seguinte modo:

“Periodicamente, pensadores, agitadores e comentadores de diferente índole, economistas, cientistas sociais, tecem considerações sobre a sociedade de consumo: que o produtor se vai reconciliar com o consumidor e comportar como um cidadão ainda mais responsável; que a tecnologia nos abre a possibilidade de vivermos menos alienados por todo este consumo programado… fatalmente, as coisas não se irão passar assim. Então, porque falham as profecias?

Profetas do Consumo pretendem contribuir para a resposta; faz uma viagem pela sociedade de consumo, são mais de 60 anos de profecias, onde pontificaram nomes como Jean Baudrillard, Zygmunt Bauman, Daniel Bell, Pierre Bourdieu, Erving Goffman, Henri Lefebvre, Roland Barthes, Paul Virilio ou Edgar Morin, e onde pontificam Manuel Castells, Gilles Lipovetsky, Alain de Botton, entre muitos outros.

O leitor é convidado a questionar o mundo em que vive e como se anunciam os profetas, de que tratam os livros quase proféticos, como se tratam, criticam ou exaltam os modos de viver entre o presente e o futuro.

O autor faz a sua confissão de que andou décadas a escrever livros onde, de um modo geral, falhou as suas visões proféticas e procura as explicações de toda a sua teimosia em tanto insucesso. Em Os Profetas do Consumo cruzam-se a modernidade líquida, cenas de uma geração descartável, a sociedade em rede, as preocupações com os modos de consumo mais sustentáveis, a cultura do capitalismo atual, a obsessão pelo low cost e os gostos que assume o endividamento excessivo e os modos de o contrariar.

Como se trata de um livro para não iniciados, apresenta-se uma antologia com algumas das questões essenciais postas pelo novo mercado ao funcionamento da sociedade de consumo e de como lidamos com a crise, nomeadamente de 2011 para cá”.

Terei a maior satisfação em ver-me rodeado dos meus prezados amigos, não é preciso comprarem o livro, quero é mesmo a vossa companhia e participação no debate sobre os profetas do consumo, se vos interessar.

A sessão de lançamento realiza-se em 22 de Outubro, nas instalações da Direção-Geral do Consumidor, na Praça Duque de Saldanha, nº 31, pelas 18h. Serei honrado pela apresentação que ficará a cargo do Eng.º Carlos Pimenta, antigo secretário de Estado do Ambiente e atualmente diretor do CEEETA – Centro de Estudos de Economia, Energia, Transportes e Ambiente.

Já estou a esquematizar o livro subsequente cuja temática se prende com a ideologia da política dos consumidores, ao longo dos últimos 60 anos, confiro grande importância a este debate, nos anos 1950 a ideologia política em torno do consumo tinha a ver com o modelo de satisfação das necessidades básicas, havia um relativo consenso entre os sociais-democratas, os liberais e os democratas cristãos quanto ao Estado Social e ao modelo social do consumo. Vamos a ver o que sai desta reflexão.
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Nota do editor

Último poste da série de 13 DE OUTUBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12147: Agenda cultural (286): Tertúlias Fim do Império, a levar a efeito na Messe dos Oficiais, na Praça da Batalha - Porto

Guiné 63/74 - P12152: (Ex)citações (228): Confirmo que o Mário Mendes, chefe de bigrupo do PAIGG; no subsetor do Xime, foi morto pela CCAÇ 12, em maio de 1972 (António Duarte, ex-fur mil, CART 3493 e CCAÇ 12, 1971/74)


1. Mensagem do nosso camarada António Duarte com data de ontem


Boa noite,  Camaradas

Confirmo que o contacto que resultou na morte do Mário Mendes, comandante do Bigrupo que atuava na zona [do Xime], teria sido em Maio de 72, tal como nos dá nota o Jorge Araújo,  da CART 3494.

Eu nessa altura estava ainda na CART 3493 / BART 3873, Mansambo, Fá Mandinga, Cobumba e Bissau, 1972/74).

É curioso que na História do BART 3873, só encontro uma breve referência à incidência, que passo a transcrever:

"De harmonia com correspondência retirada a Mário Mendes (aniquilado pela CCAÇ 12), o IN planeava nova acção na estrada XIME - BAMBADINCA, o que nos leva a concluir que no futuro acções deste teor venham a ser cometidas, pois que a suceder seria a segunda vez no espaço de 02 meses."


Recordo que a 22 de Abril de 1972 tinha havido uma emboscada na Ponta Coli, que implicou a morte do nosso Bento, furriel da CART 3493, com mais um conjunto de feridos. O [Jorge] Araújo estava lá, felizmente para ele, sem consequências físicas. (*)

Eu tenho uma versão da História do BART 3873, que vou transformar em PDF para disponibilizar.

Abraços a todos (**)

António Duarte... que foi furriel mas que em consciência NUNCA deveria ter sido...

2. Comentário de L.G.:

O malogrado fur mil Manuel Rocha Bento pertencia à CART 3494 (e não 3493). Era natural de Galveias, Ponte de Sor, onde está sepultado.

Obrigado, António, pelos teus esclarecimentos.

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Notas do editor:

(*) Jorge Alves Araújo,  ex-Furriel Mil Op Esp/ Ranger,  CART 3494 (Xime e Mansambo, 1972/1974)

Vd. postes de:


3 de abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9698: O caso da ponta Coli, Xime-Bambadinca (Jorge Araújo)



segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Guiné 63/74 - P12151: Convívios (538): Almoço de confraternização no passado dia 14 de Setembro em Salicos e XX Convívio dos Combatentes do Ultramar, a levar a efeito no próximo dia 20, iniciativas do Núcleo de Lagoa/Portimão da Liga dos Combatentes (Arménio Estorninho)

1. Mensagem do nosso camarada Arménio Estorninho (ex-1.º Cabo Mec Auto Rodas, CCAÇ 2381, IngoréAldeia Formosa, Buba e Empada, 1968/70), com data de 10 de Outubro de 2013:

Lagoa, 10/10/13
Caro Camarigo Luís Graça, saudações tabanquenses.

Vem este E-mail a propósito de informar que o Núcleo de Lagoa/Portimão da Liga dos Combatentes está a levar a efeito várias iniciativas de divulgação e convívios.

Assim, no passado dia 14 de Setembro de 2013, a Direção do Núcleo de Lagoa/Portimão levou a efeito no Restaurante “O Pescador,” localizado em Salicos – Lagoa, mais um almoço “arroz de lingueirão e outros acepipes”, de confraternização, tendo a presença de todos os Camaradas que cumpriram o seu dever cívico de serviço de apoio num pavilhão em representação do Núcleo e que fora instalado na FATACIL – LAGOA.

Sendo subjacente o motivo da instalação desse Pavilhão na NAVE da FATACIL, que decorreu de 16 a 25 de Agosto de 2013, onde estavam colocados mapas da Índia, Angola, Moçambique, Guiné e de Timor. Também para os visitantes estavam disponíveis diversas brochuras informativas, álbuns de fotografias consentâneas com aqueles que foram chamados a servir nos vários teatros de operações militares daquelas ex-Colónias Ultramarinas.

Aquando do final do repasto, o Presidente da Direção do Núcleo, Jaime Marreiros, no uso da palavra tendo dissertado:

Foto 1 – O Presidente do Núcleo, ilustrando os esforços perante as várias entidades para levar a efeito o Monumento a erigir em Portimão e outros contatos já havidos em Monchique.

Foto 2 – Outra perspetiva dos Camaradas Convivas, tomando toda a atenção ao seu Comandante.

“Agradeço a todos as vossas presenças neste almoço convívio, congratulo-me de que foi devido à disciplina e desempenho dos serviços prestados por todos no Pavilhão da FATACIL, que foi merecedor da curiosidade e do reconhecimento de muitos visitantes”;

Foto 3 - O Presidente da Direção do Núcleo Jaime Marreiros, mencionando as demarches tratadas e a tratar, e que têm a finalidade de levar a efeito o XX Convívio do Núcleo.

"Sendo apresentado um panfleto, do qual consta que o Núcleo de Lagoa/Portimão da Liga dos Combatentes, também vai promover o seu XX Convívio dos Combatentes do Ultramar ‘com um almoço’ e a realizar-se em Lagoa, na Nave da FATACIL, no dia 20 de Outubro de 2013";

Panfleto – XX Convívio dos Combatentes do Ultramar do Núcleo de Lagoa/Portimão.

“Desde já, convidando-os a comparecerem nesse convívo, bem como sendo extensivo aos vossos familiares e amigos; Que também serão convidados outros Núcleos e Associações do Algarve da Liga dos Combatentes".

Terminando com Um Viva:
Ao Núcleo de Lagoa/Portimão e à Liga dos Combatentes…!
Liga dos Combatentes? Valores permanentes!...
Liga dos Combatentes?... Em todas as frentes!...“

Com um abração a todos os camarigos
Arménio Estorninho
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Nota do editor

Último poste da série de 2 DE OUTUBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12109: Convívios (535): O 1º encontro dos bedandenses em Peniche: 28 de setembro de 2013..., sob a batuta do Belmiro da Silva Pereira (Parte II) (Hugo Moura Ferreira)

Guiné 63/74 - P12150: Memórias de Mansabá (29): A tabanca de Manhau já não existia em 1965 (Ernesto Duarte)

1. Mensagem do nosso camarada Ernesto Duarte (ex-Fur Mil da CCAÇ 1421/BCAÇ 1857, Mansabá, 1965/67) com data de 28 de Setembro de 2013, a propósito de uma pergunta que lhe foi feita sobre a tabanca de Manhau:

Uma boa noite com cordialidade, Carlos.
Uma boa noite por Mansabá.

Vou falar um pouco sobre Manhau.
Não, em 1965 a Tabanca de Manhau já não existia e segundo o que ouvi devia ter ardido por fins de 1962, melhor entre 1961 e 1963. Dizia-se também que foi naquela região onde a revolta se deu. Mas isto são conversas de Tabanca e não havia unanimidade.

Diziam que tinham assaltado uma camioneta de passageiros, tendo-a queimado, ainda lá estava no meu tempo, tendo morrido uma professora.

Algumas das tabancas desactivadas no tempo da CART 2732 dentro da sua zona de acção, que a Leste, terminava na bolanha de Manhau.
Ver Carta de Farim

Logo quando se passava a Bolanha, indo de Mansabá, havia uma subidinha antes da zona mais plana, onde esteve o aquartelamento, onde ainda se podia ver o esqueleto da camioneta.
Dizia-se que um oficial Português de nome Pita Alves, que eu conheci em 64 em Tavira, tinha sido lá ferido. Pouco tempo depois a tabanca tinha sido incendiada. O incêndio terá sido medonho, dizia-se.

Por um lado, Ussado, Cubande, por outro, Mantida, Gussará, Uália, Bambaia, Bagadage, Gendo, Biribão, Canjambari e outros nomes que eu já não lembro, estavam cheios de população.
O comando decidiu construir Cutia, Manhau, Banjara e mais tarde o K3.

Destacamento de Cutia 
Foto: © César Dias

Quando cheguei, Cutia estava acabadinho de fazer. Eram todos iguais, a estrada ao meio do quadrado, um buraco a cada canto, mais quatro buracos entre os cantos e mais uns dois ou três para comando e transmissões.
Dizia-se que nos ataques violentos a Cutia tinham deixado no terreno, dois cubanos e uma bazuka 8.8.

Em Manhau ainda a 1421 participou nos acabamentos.
Nos ataques violentos que fizeram, deixaram no terreno um morteiro 8.2 rachado como se uma granada tivesse rebentado no cano.

Destacamento de Banjara
Foto: © Alfredo Reis (2009). Direitos reservados.

Em Banjara a 1421 foi prestar segurança aos trabalhos e limpar a estrada desde Mantida.
Apanhou-se muita gente, à qual se deu conservas e se disse para irem espalhar a boa nova. Nem um voltou.

Eu na metrópole nunca tinha ouvido falar no BCAÇ 1858, nem na companhia 1422.
Instalados em Mansabá, com uma Companhia dos Águias Negras, eles em quadrícula, nós em intervenção, saíamos todos os dias e algumas delas grandes, tanta tabanca queimada, tanto campo de milho destruído, tanto prisioneiro. Era hábito aparecerem outras tropas para irem connosco, ou nós com eles, desde Paraquedistas, Comandos e Caçadores, sempre com pelotões africanos.

Uália, mais ou menos a norte de Manhau, já tinha sido visitada umas quantas vezes, e naquela noite era mais uma. A minha Companhia, não sei como foi com as outras, desde logo se organizou em três grupos de combate, tendo ficado um alferes, um santo, livre. Mas houve necessidade de se proceder a uma substituição e coitado dele, aquilo calhou de maneira que ele foi a todas.
Ele não tinha muito jeito, se isto tem alguma lógica dizer, e os soldados também não sentiam o apoio de que se calhar necessitavam. Com os sargentos, gordos e barrigudos, o problema ainda foi pior. Eu e uns quantos éramos velhos, tínhamos quase 24 anos, a maioria dos milicianos, ainda não tinha os 23 anos.
Naquela noite de chuva com uns fulanos que eu não conhecia, lá fomos até Manhau, para dali, altas horas da noite, sairmos para o Ualia, e lá estava o Verissimo.

Como as condições eram nulas eu fui para a cabine da GMC que era o carro da água.
Passado pouco tempo veio apanhar abrigo o capitão, grande homem. Então lá estás mais uma vez por conta do barco, tens que olhar por fulano e o ajudar. Entretanto a conversa continuou e nós começamos a pensar que o combinado, que era sair em direção a Mansabá e de pois voltar à direita e subir a bolhanha, não era muito viável. A bolhanha era um rio, decidimos, apanhar o lado de uma picada que em tempos tinha sido perpendicular à estrada, atravessando o quartel. Reunimos em cima da hora no comando para dar esta informação, tudo certo.

O capitão perguntou a mim e ao malogrado Feijão:
- Vocês já sabem como é na frente?

Eu disse:
- Vou eu à frente.
- O Feijão já te está a armar em chefe, quem vai sou eu. Anda lá vamos os dois e fulano vai sempre comigo.

E fomos saindo os dois, pondo a coluna em marcha, recomendando para não se afastarem porque como estava muito escuro podia-se perder o contacto.
Penso que a coluna ainda não tinha saído toda do arame, um moço de Coimbra gritou:
- Arame.

Voei para a cova do lixo, ficando todo cortado pelas latas. Levantei-me fui ter com o Feijão, era o que gritava mais. Peguei nele ao colo, pontapeei todos os que se não levantavam. Ele morreu nos meus braços. Fui buscar mais e mais e o meu homem com o pânico instalado.
Começaram a aparecer luzes não sei de onde.

O Veríssimo apareceu no blogue quando eu te mandei isto e ele leu. Ele diz que quem estava para ir à frente era ele. De facto era, mas era no plano inicial. Claro que eu nunca esqueci e o Capitão também não esqueceu.

Quando eu fazia serviço em Mansabá, alta noite, ele ia ter comigo e bebíamos um trago de brandy. Dizia ele:
- A culpa não é tua é só minha.

Eu sei que não mandava, mas estive de acordo e quando nos despedimos em Abrantes, a nossa culpa esteve presente.
Muito mais tarde quando nos reencontramos, a conversa veio todinho ao de cima.
Claro que senti alguma alegria, alegria infantil, quando encerramos Manhau, quando destruímos aquilo tudo à granada de mão. Mas antes ainda, e também na ausência do comandante de Pelotão, apanhei uma emboscada, antes de chegar à Bolanha, que a artilharia teve que bater os lados da estrada.

Furaram o carro da água todo e os bancos das viaturas.
E ainda há outra, que também tem a sua história.

Numa viatura,  4 a 8 fulanos iam às laranjas a Mantida. Foram uma vez, foram duas, foram muitas, mas naquele dia não foram porque uma mensagem avisava da passagem de uma coluna de metralhadoras pesadas, que ia passar a caminho de Bafatá.
O terreno era duro e direito, eles entraram pelo capim. Que estragos meu Deus. Isto já não consegue mexer mais comigo, mas se faz parte daquelas coisas que continuam a me encher de raiva e a tirar o sono.

Um abraço, Carlos e tudo de bom para ti
Mansabá, 28 de Setembro de 2013
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Nota do editor

Último poste da série de 24 DE SETEMBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12081: Memórias de Mansabá (28): Minas na estrada de Mansabá (Francisco Baptista / Carlos Vinhal)

Guiné 63/74 - P12149: Blogoterapia (236): Sê feliz, Cátia (Paulo Santiago)

1. Mensagem do nosso camarada Paulo Santiago (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 53, Saltinho, 1970/72), com data de 12 de Outubro de 2013:

Como diz o Luís, no post de aniversário, foi uma grande surpresa quando, hoje de manhã, a Cátia deu comigo em casa dos pais, em Sebadelhe, Vila Nova de Foz Côa. Foi tal a surpresa que umas lágrimas furtivas lhe brotaram dos olhos.

Em fins de Setembro, recebi um telefonema que vinha de um número que desconhecia. Do outro lado, uma senhora identificou-se como sendo a mãe da Cátia Felix, e quem lhe facultara o meu número fora a Cidália, viúva do camarada Ferreira que morreu na emboscada do Quirafo, em 17 de Abril de 1972.

No telefonema, a mãe da Cátia convidava-me para trigésimo aniversário da filha que se realizava hoje. Pediu-me também o nº do Luís para lhe fazer convite idêntico. Foi-me dizendo que a filha não sabia dos convites, sabia que ela tinha grande consideração por nós, que o caso do Ferreira nos tornara credores de grande amizade e de estima. Claro que disse à D. Irene, é o nome da mãe, que iria com todo o prazer.

Hoje, estavam no aniversário umas trinta pessoas, familiares e amigos (a Cidália não pôde estar) e todos me identificavam como sendo aquele que escreveu "umas coisas" num blogue de ex-combatentes que levou a Cidália, passados trinta e sete anos, a fazer o luto pelo marido, o 1.º Cabo Ferreira.

Abstenho-me de falar sobre o almoço, o mais importante é sabermos que, enquanto houver uma Cátia, a nossa memória continua por cá, mesmo após a morte.

Sê feliz Cátia Félix.
Paulo Santiago


O sempre jovem Paulo Santiago acompanhado de Cátia Félix (ao centro) e de sua filha



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Nota do editor:
Porque aqui foi lembrado o nosso malogrado camarada António Ferreira, aqui fica a homenagem, em forma de pintura, de autoria do nosso camarada Mário Miguéis da Silva:

O 1.º Cabo António Ferreira, morto em combate na emboscada de Quirafo, no dia 17 de Abril de 1972
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Nota do editor

Último poste da série de 29 DE SETEMBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12100: Blogoterapia (235): Quando a morte nos retorna aos princípios - Reencontro com Benjamim Lopes da Costa, 1.º Cabo do Pel Caç Nat 52 (Mário Beja Santos)