1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70) com data de 4 de Maio de 2015:
Queridos amigos,
Junto mais alguns retalhos alusivos à magnífica cidade de Tomar.
A fatia de leão vai para o Convento de Cristo e depois para a Igreja dos Templários, chamam-na Santa Maria dos Olivais.
Não querendo cansar-vos, informo que a viagem não acaba tão cedo, porque há matas e arvoredos, há o Nabão, há monumentos soltos que nos prendem a atenção, há detalhes de edifícios que são assombrosos, há casas de pasto onde apetece estar, para além do bom comer, há arte, há natureza e acima de tudo a calma peculiar desta cidade que já foi fabril em terrenos de lezíria.
Um abraço do
Mário
Tomar à la minuta (2)
Beja Santos
O passeio é mesmo despretensioso, qual Salomé a dançar em frente a Herodes, procuro cativar o leitor para os múltiplos atrativos da cidade do Nabão. Já se falou no Museu dos Fósforos, percorreu-se a Igreja da Misericórdia, aqui fica o seu belo teto de caixotão, tão severo como a arte da Contra-Reforma que D. João III impôs lá em cima no Convento, bem perto da Charola Templária, subimos ao castelo e deu-se conta de que a deambulação tem sempre melhores resultados quando se pode contar com guia fiável. O Paço está arruinado, corre-se o risco de olhar para aquilo como boi para palácio. Há que descodificar, ler sinais esfumados, veja-se este fresco que não sabemos interpretar.
Um desses orgulhos efémeros dos fotógrafos amadores tem a ver com os ocasos da sorte, veja-se este céu turquesa, a quase transparência das pedras e o fresco a exigir um comentário, uma contextualização. Por aqui andou quem comandou a Ordem de Cristo, muitos cavaleiros templários e por aqui passam os visitantes ansiosos de contemplar a charola renovada. No fim deste texto, indica-se um link onde o leitor mais interessado encontrará matéria para refletir sobre o futuro deste edifício ímpar, foi sempre um encontro de culturas, é compreensível que continue assim, com muitos acertos e boas intervenções pelo caminho.
É a janela mais bonita que há em Portugal, chamada do capítulo por corresponder à claridade por ela pode entrar para iluminar a Sala do Capítulo, dele se avista, num ângulo espetacular a entrada da charola, D. Manuel I deve ter feito deste espaço um dos acometimentos da sua magnificência, não se poupou a gastos para ser cantado na posteridade, deve ter um entusiasmo muito sui generis, e acertou, ninguém lhe leva à palma, toda a janela é esplendorosa bem como os motivos ornamentais que a cercam.
Não é por acaso que os apaixonados pelo esoterismo, pela cabala e pelos mistérios demiúrgicos aqui vêm buscar sinais de um transcendente que um dia se decifrará mais além das investigações da pujança do estilo manuelino. A guia falou-nos da apoteose entre o mundo terreno e o do altíssimo, aqui bem espelhados pelo génio do cinzel, e o mais curioso de tudo é que as dezenas de visitantes olhavam para isto tudo com estupefação, não é só o inesperado, é o delírio caligráfico e, como é óbvio, haver aqui enigmas que permitem que cada um tenha a sua verdade.
Passa-se pelo claustro de D. João III, anda-se pelos corredores conventuais, encontra-se uma cela monástica com a porta aberta. E estamos frente a frente com o delírio manuelino, o cordame marítimo, os elementos náuticos, o céu e a terra, a ascensão até Cristo. É uma pena o líquen amarelecer a pedra, nem quero imaginar a despesa para pôr a pedra ao tempo do século XVI. Há felizmente na cela um assento em pedra para ficar a meditar sobre certas grandezas deste Portugal, este arroubos de uma vontade indómita que certamente foram tidos em conta quando Fernando Pessoa escreveu a Mensagem.
Tem havido intervenções no convento, esta que vos mostro é bem feliz, patenteia a sobriedade com harmonia, gosta-se do equilíbrio da escala, sente-se que tudo resultou bem, nas dimensões, na entrada de luz, no contraste entre alvenaria e a pedra trabalhada.
Houve hesitação: passear à volta do Aqueduto de Pegões ou mostrar ao leitor um outro local de mística, a igreja onde os cavaleiros templários iam rezar antes de partir para Jerusalém.
Optou-se pela igreja, aqui o número oito é uma constante: o oito como sinónimo do infinito com oito degraus, oito colunas, sempre o número oito para decifrar. Temos aqui um túmulo riquíssimo, o surpreendente é que é do bispo do Funchal, mas que nunca chegou a essa diocese.
Eis Nossa Senhora do Leite, no altar-mor, deram-lhe o lugar preponderante. Faltou ao fotógrafo mestria para evidenciar que o Menino amarinha o peito da mãe, à cata do seio. Tenho pena de não estar sensível a todos estes sinais religiosos que emanam desta igreja dos templários. Atenho-me a certos pormenores, que me enchem de contentamento, uns como preservação de memória e outros como sinais da antiguidade de Tomar. Ora vejam.
Alinho aqui três imagens: sinal de que temos túmulo em pleno interior da igreja, entre os bancos onde se celebra o culto; uma capela lateral deparou-se uma imagem um pouco exótica, a santa com dois meninos, aqui precisávamos de um intérprete, um dos meninos tem a cabeça coroada; e a cor desta abside é esplendorosa, é do melhor tardo-gótico que conheço.
Sai-se da igreja e temos esta torre, parece mesmo uma torre de atalaia, domina tudo à volta, ou muito me engano ou temos aqui uma porta visigótica, quando os templários chegaram a Tomar já havia bastante história. A meu lado, alguém questionou: não será mesmo árabe? As dúvidas pairavam no ar, um dia destes vou estudar a preceito o que houve antes daqui chegar o cristianismo da Ordem do Templo.
Ficamos hoje por aqui. Fascinou-me esta nesga de céu com nuvens em movimento, o castelo ao fundo, a mata à esquerda e no primeiro plano os vestígios da vida urbana que se adensam centenas de metros à frente. Tenho muita satisfação em mostrar mais coisas ao leitor, outras dimensões da arte, registos dentro do casco histórico, e por aí adiante. Até breve. E não se esqueçam de abrir este link e mergulhar no passado, presente e futuro do Convento de Cristo:
http://z3950.crb.ucp.pt/Biblioteca/mathesis/Mat18/Mathesis18_177.pdf
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Nota do editor
Último poste da série de 27 de maio de 2015 > Guiné 63/74 - P14669: Os nossos seres, saberes e lazeres (96): Tomar à la minuta (1) (Mário Beja Santos)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
quarta-feira, 3 de junho de 2015
Guiné 63/74 - P14693: Fotos à procura de... uma legenda (53): Ou le(ge)ndas e narrativas.. à procura de fotos (Luís Graça)
Foto nº 1
Foto nº 2
Foto nº 3
Foto nº 4
Foto nº 5
Foto nº 6
Foto nº 7
Foto nº 8
Foto nº 9
Foto nº 10
Lisboa, 2015... Um fotógrafo à procura de fotos para as le(ge)ndas e narrativas de guerra... Talvez o leitor o possa ajudar, ao pobre do editor de serviço... Em boa verdade, é um lugar solitário, este, como o do sentinela na sua guarita.... Que importa que o blogue tenha tido ontem quase 8 mil visualizações de página, se nem bom dia, boa tarde ou boa noite os apressados visitantes dizem ao camarada que está de serviço no seu posto solitário, à espera das lendas e narrativas dos bravos do pelotão ?...
Fotos: © Luís Graça (2015). Todos os direitos reservados
Legendas... à procura das suas fotos
olha para o ecrã vazio do computador,
vasculha a caixa de correio,
mexe e remexe no lixo do SPAM
que lhe chegue todos os dias,
e desespera de esperar por novas da guerra
que já devia ter acabado há manga de luas,
no século passado,
no minúsculo território da Guiné,
que ia do Cacheu a Cacine...
e desespera de esperar por novas da guerra
que já devia ter acabado há manga de luas,
no século passado,
no minúsculo território da Guiné,
que ia do Cacheu a Cacine...
Pode ter acontecido
que a batalha tenha demorado
mais do que o planeado pelo major de operações,
e que alguém se tenha aleijado,
na ida ou no regresso pela picada do inferno,
na ida ou no regresso pela picada do inferno,
e venha agora,
numa improvisada maca feita de ramos de arbusto e de lianas,
aos ombros dos exaustos, famintos e desidratados
bravos do pelotão.
Pode ser que tenha sido decretada uma pausa na guerra
para lamber as feridas dos combatentes
ou simplesmente para comer a maldita ração de combate.
Pode ser que o capitão
já tenha pacificado a terra e as suas gentes.
Pode ser que o capitão
já tenha pacificado a terra e as suas gentes.
Pode ser que os negociadores da paz
tenham chegado a um acordo de cavalheiros.
Pode ser, quem sabe ?!
Ou pode ser,
e até ordem em contrário,
e até ordem em contrário,
que a guerra continue dentro de momentos.
Dizem, os mais cínicos,
que a guerra nunca acaba
para os que a fizeram, ganharam e perderam.
Mas dizem também as amantes,
as noivas,
as viúvas,
as bajudas que ficaram por casar,
as madrinhas de guerra
que soldado tem saudade,
que a guerra nunca acaba
para os que a fizeram, ganharam e perderam.
Mas dizem também as amantes,
as noivas,
as viúvas,
as bajudas que ficaram por casar,
as madrinhas de guerra
que soldado tem saudade,
saudade mórbida,
como diz a letra do fado,
como diz a letra do fado,
e que seria capaz de voltar ao local
onde penou, amou, sofreu, morreu, matou,
viu e venceu, ou não.
Mas ele nunca fala dessa ideia obsessiva
que o atormenta,
onde penou, amou, sofreu, morreu, matou,
viu e venceu, ou não.
Mas ele nunca fala dessa ideia obsessiva
que o atormenta,
tanto na alcova
como nos convívios das tabancas,
pequenas e grandes,
espalhadas por esse mundo fora,
que esse mundo é pequeno
e a sua tabanca deveria ser grande,
mas não o é,
suficientemente grande
para nela poder caber tudo o que haveria para dizer
e nunca se diz,
não tanto por pudor,
mas sobretudo pelo nó na garganta,
que se segue ao dedo emperrado no gatilho.
como nos convívios das tabancas,
pequenas e grandes,
espalhadas por esse mundo fora,
que esse mundo é pequeno
e a sua tabanca deveria ser grande,
mas não o é,
suficientemente grande
para nela poder caber tudo o que haveria para dizer
e nunca se diz,
não tanto por pudor,
mas sobretudo pelo nó na garganta,
que se segue ao dedo emperrado no gatilho.
Nas noites de insónia e de febres palúdicas,
nas emboscadas do medo,
nas corridas loucas de bagabaga em bagabaga,
ao som da costureirinha, da kalash e do RPG,
era a pura adrenalina da coragem animal
que te levava a enfrentar a cabra da morte,
olhos nos olhos,
cornos nos cornos,
mas isso nunca ficou escrito,
muito menos gravado e fotografado
para a posteridade,
os sobrevientes,
os descendentes,
os vindouros,
os coveiros,
os padres que absolviam os pecados e davam a extrema unção,
os historiadores, ao serviço dos vencedores,
nas emboscadas do medo,
nas corridas loucas de bagabaga em bagabaga,
ao som da costureirinha, da kalash e do RPG,
era a pura adrenalina da coragem animal
que te levava a enfrentar a cabra da morte,
olhos nos olhos,
cornos nos cornos,
mas isso nunca ficou escrito,
muito menos gravado e fotografado
para a posteridade,
os sobrevientes,
os descendentes,
os vindouros,
os coveiros,
os padres que absolviam os pecados e davam a extrema unção,
os historiadores, ao serviço dos vencedores,
enfim, os burocratas dos contabilistas
do deve e do haver das guerras perdidas e achadas...
Mas não sabes, palavra de honra,
o que é que esta merda de escrita
tem a ver com as fotos à procura das tuas lendas e narrativas ?!
Sempre ouviste dizer
que uma imagem valia mais do que mil palavras.
do deve e do haver das guerras perdidas e achadas...
Mas não sabes, palavra de honra,
o que é que esta merda de escrita
tem a ver com as fotos à procura das tuas lendas e narrativas ?!
Sempre ouviste dizer
que uma imagem valia mais do que mil palavras.
Mas hoje estás a atravessar uma crise de fé,
o mesmo é dizer de palavra...
o mesmo é dizer de palavra...
E o que vale um homem sem fé ?
O que vale um homem,
para mais editor,
quando lhe falta(m) a(s) palavra(s)
e lhe sobejam as fotos ?
Só lhe resta ir dormir,
que amanhã é outro dia...
O que vale um homem,
para mais editor,
quando lhe falta(m) a(s) palavra(s)
e lhe sobejam as fotos ?
Só lhe resta ir dormir,
que amanhã é outro dia...
LG - 2jun2015, 23h59...
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Nota do editor:
Último poste da série > 15 de fevereiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14261: Fotos à procura de... uma legenda (52): a boeira, de Candoz, também conhecida por alvéola ou lavandisca, noutros sítios (Luís Graça)
Guiné 63/74 - P14692: Parabéns a você (915): António Azevedo Soares, ex-1.º Cabo At do CMD AGR 2957 (Guiné, 1968/70)
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Nota do editor
Último poste da série de 2 de Junho de 2015 > Guiné 63/74 - P14687: Parabéns a você (914): António Barbosa, ex-Alf Mil Op Esp do BART 6523 (Guiné, 1973/74) e Osvaldo Colaço Pimenta, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 3566 (Guiné, 1973/74)
Nota do editor
Último poste da série de 2 de Junho de 2015 > Guiné 63/74 - P14687: Parabéns a você (914): António Barbosa, ex-Alf Mil Op Esp do BART 6523 (Guiné, 1973/74) e Osvaldo Colaço Pimenta, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 3566 (Guiné, 1973/74)
terça-feira, 2 de junho de 2015
Guiné 63/74 - P14691: Caderno de Memórias de A. Murta, ex-Alf Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513 (6): Chegada a Nhala
1. Em mensagem do dia 29 de Maio de 2015, o nosso camarada António
Murta, ex-Alf Mil Inf.ª Minas e Armadilhas da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513 (Aldeia Formosa, Nhala e Buba, 1973/74), enviou-nos mais uma página do seu Caderno de Memórias.
NHALA – É o nome de uma das palmeiras de onde se extrai sura (o célebre vinho de palmeira).
Mia Couto, in “Pensageiro Frequente”.
À chegada da coluna a Nhala, e ainda antes de termos descido das viaturas, num ápice, formou-se uma pequena multidão vinda da tabanca, sobretudo mulheres e crianças, que nos receberam com palmas, cânticos, enfim..., se não em apoteose, pelo menos com grande euforia. Fiquei entre contente e surpreso, a achar tudo um bocado exagerado. Seria sempre assim? Não foi preciso passarem muitos dias para ter uma explicação, plausível, para aquele acolhimento tão efusivo.
E cantavam acompanhando com palmas:
Periquito vai pró mato / Ó lé, lé, lé!, Velhice vai no Bissau / Ó lé-lé – lé-lé!.
Esta cantilena, soube depois, era conhecida em quase todo o território da Guiné. E eram-lhe acrescentados outros versos, que só aprendi mais tarde, muito brejeiros e, pareceu-me, ao sabor da inspiração do momento:
"Mulher grande cá tem cabaço, / Ó lé, lé, lé! / Bajuda tem manga dele / Ó lé-lé – lé-lé"
"Mulher grande cá tem catota, / Ó lé, lé, lé! / Bajuda tem manga dela / Ó lé-lé – lé-lé"
E voltavam ao princípio com o Periquito vai pró mato, etc. etc.
Desembarcados com armas e bagagens, havia que distribuir o pessoal pelas acomodações previamente preparadas pelo comando da Companhia que iríamos render, (após um longo período de sobreposição das duas companhias para o nosso treino operacional e para conhecimento da nossa área de acção).
Verificámos que o aquartelamento estava ainda em obras, com alguns edifícios inabitáveis e valas a rasgar o chão. Mas em vias de conclusão. Não foi fácil acomodar duas companhias numa área pensada para apenas uma e em vias de conclusão. Parte de nós fomos distribuídos por pequenas palhotas na tabanca. Apesar disso foi com satisfação que constatámos que iríamos ter condições condignas de alojamento. Eu, confiante, imaginava já os melhoramentos de conforto a introduzir, o arranjo e embelezamento dos exteriores que tornassem a nossa estadia mais agradável, sobretudo no regresso das saídas para o mato. Até lá, havia que desenrascar. A mim também foi destinada uma pequena palhota mesmo no início da tabanca, portanto, fora da área militar. Cabiam apenas, lado a lado, duas camas de ferro e aí fiquei com outro camarada até à conclusão das obras no aquartelamento. Nalguns casos foi até ao fim da comissão dos “velhinhos”. Pouco espaço nos restava dentro da palhota, mas era um abrigo e, além disso, tinha qualquer coisa de exótico a condizer com os cheiros, o pó e o calor de África. Pessoalmente, gostei da experiência.
Nós, a 2.ª Companhia do BCAÇ 4513, por ora estamos instalados com a companhia anfitriã 3400 do Batalhão 3852. A 1.ª CCAÇ do nosso batalhão, que chegou a Buba connosco, ficará aí instalada. Ontem (28-04-1973) a 3.ª CCAÇ e a Companhia de Comandos e Serviços (CCS) já tinham chegado a Aldeia Formosa, sede do Batalhão. Tal como a nossa 2.ª CCAÇ, todas as outras ficarão em sobreposição para treino operacional com as companhias que mais tarde renderão.
A CCAÇ 3400 que viemos render, já tem 22 meses de comissão. Não se apercebem bem mas estão todos muito “apanhados do clima”, desde o soldado ao mais graduado, às vezes com reflexos na disciplina. Dizem-nos que nunca tiveram problemas nem dentro nem fora do aquartelamento. Julgam que isso se deve à proximidade de vários “carreiros” – ou trilhos – dos turras que cruzam a sua área de intervenção. É uma teoria. Mas a informação que nos dão do resto do Sector, (por onde passam alguns destes “carreiros”), é preocupante. Os problemas têm acontecido um pouco por todo o lado: Cumbijã, (ocupada recentemente (03-04-1973) pela CCAV 8351), Colibuia, Mampatá e, até, Aldeia Formosa.
Mais grave que tudo isto, para mim, é que a nossa chegada à Guiné em Março, coincide com a introdução no território, dos mísseis antiaéreos STRELA de origem soviética. O que parece significar que os voos, principalmente os militares, vão ficar condicionados. Perante estas perspectivas, num cenário de guerra que já é muito cinzento, o capitão “velhinho” da CCAÇ 3400, que me pareceu muito afectado pela longa comissão, muito pessimista e sombrio, disse, a certa altura referindo-se a nós: ... Se ficarem muito tempo por cá, vai acontecer-vos como aconteceu na Índia: serão empurrados até ao mar e atirados à forquilha para dentro dos barcos. Animador!
Já noite, (primeira noite em Nhala), deu-se o primeiro acidente dentro do aquartelamento: um soldado que transportava um garrafão de vidro desempalhado de dez litros, com o vinho, caiu numa vala que atravessava o aquartelamento, completamente às escuras. Tendo-se partido o garrafão, fez um corte na parte interior do antebraço que ia do cotovelo até ao pulso. Eu nunca tinha visto nada assim. Assustador. O corte não era muito profundo, mas como era longo, a pele, muito elástica, contraiu-se e ficou toda, como uma tira, do lado oposto do braço deixando-o completamente à mostra. Já na enfermaria, quando o enfermeiro começou a coser, sem qualquer anestesia, foi um espectáculo medonho. (...).
A população de Nhala é Fula. Os adultos parecem muito indiferentes em relação a nós, ou mesmo frios. Dependem muito da tropa, mas estão fartos de tropa. As mulheres e as bajudas atravessam o aquartelamento para se deslocarem à fonte que fica a pequena distância, num baixio. Está sempre alguém a passar para um lado e para o outro com bacias à cabeça e com a roupa que nos lavam.
As bajudas, algumas bonitas, e toda a criançada são uma simpatia. É contagiante a alegria delas e um bálsamo para a nossa saúde mental. Ainda assim, como já disse, os “velhinhos” de Nhala parece que já não beneficiam desse bálsamo. Aproveitando as recomendações deles, vamos escolhendo as nossas lavadeiras. A oferta é grande, de modo que se fazem “contratações” despreocupadamente. E em matéria de sexo, como é? Já em Bolama aprendemos que há lavadeiras “que lavam tudo” por pouco mais que a mensalidade da roupa lavada. «Desiludam-se!». As fulas são muito reservadas e pouco permissivas. Contam-nos um caso ou outro de envolvimento com militares, mas excepcionais e por questões de afecto. A tropa em geral vai brincando, mais ou menos inocentemente, com as bajudas mais velhitas, mas sem consequências nem gravidade. De vez em quando, por ocasião da entrega da roupa lavada aos soldados, lá vem uma delas fazer queixa:
- Alfero, o soldado Manel do teu pelotão, apalpou minha mama!
E eu perguntava:
- Ai, sim? E não lhe deste uma estalada?
E estava o caso resolvido.
Logo nos primeiros dias após a nossa chegada, realizou-se um encontro de futebol entre “velhinhos” e “periquitos”, que era simultaneamente uma forma de boa recepção e de integração de todos os militares. Tudo foi organizado a preceito para o grande embate: equipamentos a rigor; marcação das áreas do campo; escolha da equipa de arbitragem; colocação de viaturas ao longo do campo para a assistência; enfim..., tudo indicava que ia ser uma tarde bem passada em sã camaradagem. Mas não foi, pois ainda na primeira parte, devido a qualquer desentendimento que não recordo e que originou algumas agressões, fez com que tudo descambasse numa violenta e generalizada batalha campal. Mais grave, é que envolveu parte da assistência constituída por militares e numerosos nativos. Ora, estes, que no decorrer da partida tinham tomado partido pelos “periquitos” mas de forma muito agressiva e exaltada, saltaram para o campo e usaram de toda a brutalidade na refrega, a que os “velhinhos” responderam de igual modo. Eu, que estava a assistir, ainda tentei intervir aos berros, separando aqui e ali mas, quando vi um “branco” bater com toda a violência com um barrote na cabeça de um “preto” que estava deitado no chão, percebi que aquilo estava fora de controle e desatei acorrer para ir avisar o capitão dos “velhinhos” e o da minha companhia para que tomassem medidas. Ainda corria para o aquartelamento e já alguns nativos corriam para a tabanca aos gritos:
- Traz morteiro! Traz morteiro!
À entrada do aquartelamento também um soldado se agachava virado para a população a tentar montar uma HK-21.
Depois de ter comunicado a situação aos superiores ainda corri ao campo mas, o que vi, fez-me desistir e voltar para trás. Foi então que assisti, incrédulo, à situação mais insólita da minha comissão: a meio caminho e a marchar na direcção do campo, passa um pelotão de velhinhos, talvez uns dez, formados dois a dois e comandados por um furriel, todos muito sérios e cadenciados, com a G3 ao ombro como se fossem arrear a bandeira. Mas o que me deixou perplexo e me fez parar para os ver passar, foi que todos usavam um capacete feito de cabaças cortadas ao meio tendo na frente pintadas as letras PM.
À noite na messe de oficiais todos comentámos os incidentes que poderiam ter tido um desfecho irremediável. O capitão anfitrião foi peremptório: os ânimos foram acirrados pelos elementos da população que, desde o início, estavam a tomar partido pelos “periquitos”. Era a forma deles colherem as simpatias da nova tropa, de quem iriam depender no futuro. Disse, ainda, que já conhecia a “receita” de experiências anteriores, para além das suas alianças interesseiras. Já não precisavam dos “velhinhos” que estavam de saída! Era uma opinião. Que carecia de confirmação. Mas, a ser assim, estava explicada a calorosa recepção que nos fizeram no dia da nossa chegada a Nhala.
(continua)
Texto e fotos: © António Murta
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Nota do editor
Último poste da série de 19 de maio de 2015 > Guiné 63/74 - P14637: Caderno de Memórias de A. Murta, ex-Alf Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513 (5): A caminho de Nhala
CADERNO DE MEMÓRIAS
A. MURTA – GUINÉ, 1973-74
6 - CHEGADA A NHALA
A. MURTA – GUINÉ, 1973-74
6 - CHEGADA A NHALA
29 de Abril de 1973 (domingo)
NHALA – É o nome de uma das palmeiras de onde se extrai sura (o célebre vinho de palmeira).
Mia Couto, in “Pensageiro Frequente”.
À chegada da coluna a Nhala, e ainda antes de termos descido das viaturas, num ápice, formou-se uma pequena multidão vinda da tabanca, sobretudo mulheres e crianças, que nos receberam com palmas, cânticos, enfim..., se não em apoteose, pelo menos com grande euforia. Fiquei entre contente e surpreso, a achar tudo um bocado exagerado. Seria sempre assim? Não foi preciso passarem muitos dias para ter uma explicação, plausível, para aquele acolhimento tão efusivo.
Nhala, 1973 – Pórtico de entrada na tabanca.
E cantavam acompanhando com palmas:
Periquito vai pró mato / Ó lé, lé, lé!, Velhice vai no Bissau / Ó lé-lé – lé-lé!.
Esta cantilena, soube depois, era conhecida em quase todo o território da Guiné. E eram-lhe acrescentados outros versos, que só aprendi mais tarde, muito brejeiros e, pareceu-me, ao sabor da inspiração do momento:
"Mulher grande cá tem cabaço, / Ó lé, lé, lé! / Bajuda tem manga dele / Ó lé-lé – lé-lé"
"Mulher grande cá tem catota, / Ó lé, lé, lé! / Bajuda tem manga dela / Ó lé-lé – lé-lé"
E voltavam ao princípio com o Periquito vai pró mato, etc. etc.
Desembarcados com armas e bagagens, havia que distribuir o pessoal pelas acomodações previamente preparadas pelo comando da Companhia que iríamos render, (após um longo período de sobreposição das duas companhias para o nosso treino operacional e para conhecimento da nossa área de acção).
Verificámos que o aquartelamento estava ainda em obras, com alguns edifícios inabitáveis e valas a rasgar o chão. Mas em vias de conclusão. Não foi fácil acomodar duas companhias numa área pensada para apenas uma e em vias de conclusão. Parte de nós fomos distribuídos por pequenas palhotas na tabanca. Apesar disso foi com satisfação que constatámos que iríamos ter condições condignas de alojamento. Eu, confiante, imaginava já os melhoramentos de conforto a introduzir, o arranjo e embelezamento dos exteriores que tornassem a nossa estadia mais agradável, sobretudo no regresso das saídas para o mato. Até lá, havia que desenrascar. A mim também foi destinada uma pequena palhota mesmo no início da tabanca, portanto, fora da área militar. Cabiam apenas, lado a lado, duas camas de ferro e aí fiquei com outro camarada até à conclusão das obras no aquartelamento. Nalguns casos foi até ao fim da comissão dos “velhinhos”. Pouco espaço nos restava dentro da palhota, mas era um abrigo e, além disso, tinha qualquer coisa de exótico a condizer com os cheiros, o pó e o calor de África. Pessoalmente, gostei da experiência.
Nhala, 1973 – Panorâmica (fotomontagem).
Cortesia do meu amigo J. Roque, ex-Fur Mil Trms, a quem agradeço. Editada por mim.
Nós, a 2.ª Companhia do BCAÇ 4513, por ora estamos instalados com a companhia anfitriã 3400 do Batalhão 3852. A 1.ª CCAÇ do nosso batalhão, que chegou a Buba connosco, ficará aí instalada. Ontem (28-04-1973) a 3.ª CCAÇ e a Companhia de Comandos e Serviços (CCS) já tinham chegado a Aldeia Formosa, sede do Batalhão. Tal como a nossa 2.ª CCAÇ, todas as outras ficarão em sobreposição para treino operacional com as companhias que mais tarde renderão.
A CCAÇ 3400 que viemos render, já tem 22 meses de comissão. Não se apercebem bem mas estão todos muito “apanhados do clima”, desde o soldado ao mais graduado, às vezes com reflexos na disciplina. Dizem-nos que nunca tiveram problemas nem dentro nem fora do aquartelamento. Julgam que isso se deve à proximidade de vários “carreiros” – ou trilhos – dos turras que cruzam a sua área de intervenção. É uma teoria. Mas a informação que nos dão do resto do Sector, (por onde passam alguns destes “carreiros”), é preocupante. Os problemas têm acontecido um pouco por todo o lado: Cumbijã, (ocupada recentemente (03-04-1973) pela CCAV 8351), Colibuia, Mampatá e, até, Aldeia Formosa.
Mais grave que tudo isto, para mim, é que a nossa chegada à Guiné em Março, coincide com a introdução no território, dos mísseis antiaéreos STRELA de origem soviética. O que parece significar que os voos, principalmente os militares, vão ficar condicionados. Perante estas perspectivas, num cenário de guerra que já é muito cinzento, o capitão “velhinho” da CCAÇ 3400, que me pareceu muito afectado pela longa comissão, muito pessimista e sombrio, disse, a certa altura referindo-se a nós: ... Se ficarem muito tempo por cá, vai acontecer-vos como aconteceu na Índia: serão empurrados até ao mar e atirados à forquilha para dentro dos barcos. Animador!
Nhala em 30-06-1973, vendo-se viaturas e máquinas da Engenharia que estão em trânsito.
Já noite, (primeira noite em Nhala), deu-se o primeiro acidente dentro do aquartelamento: um soldado que transportava um garrafão de vidro desempalhado de dez litros, com o vinho, caiu numa vala que atravessava o aquartelamento, completamente às escuras. Tendo-se partido o garrafão, fez um corte na parte interior do antebraço que ia do cotovelo até ao pulso. Eu nunca tinha visto nada assim. Assustador. O corte não era muito profundo, mas como era longo, a pele, muito elástica, contraiu-se e ficou toda, como uma tira, do lado oposto do braço deixando-o completamente à mostra. Já na enfermaria, quando o enfermeiro começou a coser, sem qualquer anestesia, foi um espectáculo medonho. (...).
A população de Nhala é Fula. Os adultos parecem muito indiferentes em relação a nós, ou mesmo frios. Dependem muito da tropa, mas estão fartos de tropa. As mulheres e as bajudas atravessam o aquartelamento para se deslocarem à fonte que fica a pequena distância, num baixio. Está sempre alguém a passar para um lado e para o outro com bacias à cabeça e com a roupa que nos lavam.
Nhala, 1973. Centro do aquartelamento com mulheres que vem da fonte.
Fonte de Nhala, 1973.
Fotografia cedida pelo meu amigo J. Roque, ex-Fur Mil Trms, a quem agradeço.
As bajudas, algumas bonitas, e toda a criançada são uma simpatia. É contagiante a alegria delas e um bálsamo para a nossa saúde mental. Ainda assim, como já disse, os “velhinhos” de Nhala parece que já não beneficiam desse bálsamo. Aproveitando as recomendações deles, vamos escolhendo as nossas lavadeiras. A oferta é grande, de modo que se fazem “contratações” despreocupadamente. E em matéria de sexo, como é? Já em Bolama aprendemos que há lavadeiras “que lavam tudo” por pouco mais que a mensalidade da roupa lavada. «Desiludam-se!». As fulas são muito reservadas e pouco permissivas. Contam-nos um caso ou outro de envolvimento com militares, mas excepcionais e por questões de afecto. A tropa em geral vai brincando, mais ou menos inocentemente, com as bajudas mais velhitas, mas sem consequências nem gravidade. De vez em quando, por ocasião da entrega da roupa lavada aos soldados, lá vem uma delas fazer queixa:
- Alfero, o soldado Manel do teu pelotão, apalpou minha mama!
E eu perguntava:
- Ai, sim? E não lhe deste uma estalada?
E estava o caso resolvido.
Logo nos primeiros dias após a nossa chegada, realizou-se um encontro de futebol entre “velhinhos” e “periquitos”, que era simultaneamente uma forma de boa recepção e de integração de todos os militares. Tudo foi organizado a preceito para o grande embate: equipamentos a rigor; marcação das áreas do campo; escolha da equipa de arbitragem; colocação de viaturas ao longo do campo para a assistência; enfim..., tudo indicava que ia ser uma tarde bem passada em sã camaradagem. Mas não foi, pois ainda na primeira parte, devido a qualquer desentendimento que não recordo e que originou algumas agressões, fez com que tudo descambasse numa violenta e generalizada batalha campal. Mais grave, é que envolveu parte da assistência constituída por militares e numerosos nativos. Ora, estes, que no decorrer da partida tinham tomado partido pelos “periquitos” mas de forma muito agressiva e exaltada, saltaram para o campo e usaram de toda a brutalidade na refrega, a que os “velhinhos” responderam de igual modo. Eu, que estava a assistir, ainda tentei intervir aos berros, separando aqui e ali mas, quando vi um “branco” bater com toda a violência com um barrote na cabeça de um “preto” que estava deitado no chão, percebi que aquilo estava fora de controle e desatei acorrer para ir avisar o capitão dos “velhinhos” e o da minha companhia para que tomassem medidas. Ainda corria para o aquartelamento e já alguns nativos corriam para a tabanca aos gritos:
- Traz morteiro! Traz morteiro!
À entrada do aquartelamento também um soldado se agachava virado para a população a tentar montar uma HK-21.
Depois de ter comunicado a situação aos superiores ainda corri ao campo mas, o que vi, fez-me desistir e voltar para trás. Foi então que assisti, incrédulo, à situação mais insólita da minha comissão: a meio caminho e a marchar na direcção do campo, passa um pelotão de velhinhos, talvez uns dez, formados dois a dois e comandados por um furriel, todos muito sérios e cadenciados, com a G3 ao ombro como se fossem arrear a bandeira. Mas o que me deixou perplexo e me fez parar para os ver passar, foi que todos usavam um capacete feito de cabaças cortadas ao meio tendo na frente pintadas as letras PM.
À noite na messe de oficiais todos comentámos os incidentes que poderiam ter tido um desfecho irremediável. O capitão anfitrião foi peremptório: os ânimos foram acirrados pelos elementos da população que, desde o início, estavam a tomar partido pelos “periquitos”. Era a forma deles colherem as simpatias da nova tropa, de quem iriam depender no futuro. Disse, ainda, que já conhecia a “receita” de experiências anteriores, para além das suas alianças interesseiras. Já não precisavam dos “velhinhos” que estavam de saída! Era uma opinião. Que carecia de confirmação. Mas, a ser assim, estava explicada a calorosa recepção que nos fizeram no dia da nossa chegada a Nhala.
(continua)
Texto e fotos: © António Murta
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Nota do editor
Último poste da série de 19 de maio de 2015 > Guiné 63/74 - P14637: Caderno de Memórias de A. Murta, ex-Alf Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513 (5): A caminho de Nhala
Guiné 63/74 - P14690: Cartas de amor e guerra (Renato Monteiro, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego e Piche, 1969/70; e CART 2520, Xime, 1970) (Parte II): anti-herói
Guiné, 28 de agosto de 1970, teu [Re]Nato... [Nesta altura, já em Quinhamel, na CART 220, ou no Hospital Militar, em Bissau, o HM 241]
"Para Guidita, Piche, 6 de agosto de 1969. Renato José"
"Para Guidita, Piche, 6 de agosto de 1969. Renato José"
"Para Guidita, Piche, 6 de agosto de 1969. Renato José"
Local ilegível [Piche, ] 6 [?] de agosto de 1969...[Folha 2]
Fotos: © Renato Monteiro (2015). Todos os direitos reservados (Edição: LG]
1. Segundo (e última parte) do pequeno lote de cartas (*) que recebi, para publicação, do nosso grã-tabanqueiro, o Renato Monteiro. o "homem da piroga", ex-fur mil, CART 2479 / CART 11 (Contuboel, Nova Lamego e Piche, 1969/70); e CART 2520 (Xime e Quinhamel, 1970) (**); natural do Porto (n. 1946), vive em Lisboa; é professor do ensino secundário, reformado... Publicou, juntamente com Luís Farinha, uma pioneira Fotobiografia da Guerra Colonial (Lisboa: D. Quixote, 1998).
E um homem do(s) olhar(es) e da(s) palavra(s). A sua grande paixão, hoje, é a fotografia (a preto e branco). É um talentoso, compulsivo e apaixonado fotógrafo da vida, do quotidiano, do trabalho, dos lugares, de Lisboa e do Tejo, do seu país, das suas gentes... Tem vários blogues de fotografia que merecem uma visita: (i) Fotografares; (ii) Quero Lisboa; e (iii) Fotografares do Tejo... Tem publicado livros e feito exposições de fotografia.
Espinho > c. 1968 > CART 2479 (futura CART 11 e depois CCAÇ 11) > ainda em Espinho, na IAO - Instrução de Aperfeiçoamento Operacional >
Na 4ª fila, fila. de pé o Valdemar Queiroz (1) e á sua direita o Bento (4).
O Cândido Cunha está no centro da foto (3) [, "na segunda fila, de pé, facilmente identificado por ser o que se está a rir, se calhar por todos os outros estarem tão sérios".
Na 3ª fila. à esquerda do Cunha, o Renato Monteiro (2). O segundo, a contar da direita, na 1ª fila é Abílio Duarte (5). O Renato, o Valdemar e o Abílio são membros da nossa Tabanca Grande. (***)
Foto (e legenda): © Valdemar Queiroz (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar. L.G.]
Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Xime > CART 2520 (1969/70) > c. 1970 > "No regresso de uma operação no subsetor do Xime" (RM) (**)...
Uma máscaraa de sofrimento... Esta foto também vem reproduzida na pág. 215 do livro de que é coautor (Renato Monteiro e Luís Farinha: Guerra colonial: fotobiografia. Lisboa: Círculo de Leitores / Publicações D. Quixote. 1990. 307 pp). (LG).
Foto (e legenda): © Renato Monteiro (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: L.G.]
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Notas do editor:
(*) Último poste da série > 1 de junho de 2015 > Guiné 63/74 - P14686: Cartas de amor e guerra (Renato Monteiro, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego e Piche, 1969/70; e CART 2520, Xime, 1970) (Parte I): Os nossos romances deviam ter um final feliz!...
(*) Último poste da série > 1 de junho de 2015 > Guiné 63/74 - P14686: Cartas de amor e guerra (Renato Monteiro, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego e Piche, 1969/70; e CART 2520, Xime, 1970) (Parte I): Os nossos romances deviam ter um final feliz!...
(***) Vd. poste de 16 de abril de 2014 > Guiné 63/74 - P12992: Memórias de um Lacrau (Valdemar Queiroz, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70) (Parte XII): O Cunha, único até hoje, o fur mil Cândido Cunha... Ou Cor mil Lukas Títio, o antitropa...
Guiné 63/74 - P14689: In memoriam (221): Ex-Cap Mil Art Rogério Rebocho Alves, CMDT da CCAÇ 3327 (Brá, Bachile e Teixeira Pinto, 1971/73) (José Câmara)
1. Mensagem do nosso camarada José da Câmara (ex-Fur Mil da CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56, Brá, Bachile e Teixeira Pinto, 1971/73), com data de 1 de Junho de 2015:
Carlos:
Fui apanhado com esta desagradável surpresa ao princípio da noite.
Se puderes e for a tempo, agradecia que publicasses a seguinte mensagem:
Meus caros amigos,
Ao longo dos nossos anos encontramos pessoas que nos marcaram para uma vida. O Capitão Rogério Rebocho Alves foi uma delas. Comandou a CCaç 3327 numa situação difícil de guerra, agravada que foi pelo simples facto de ela ser de intervenção.
O seu carácter humanista granjeou-lhe a simpatia e a amizade de todos os militares da CCaç 3327.
Esse homem bom, que nos últimos tempos tinha alguns problemas de saúde, partiu hoje em patrulha sem regresso. Tinha 79 anos de idade.
Sem poder precisar os pormenores, o seu corpo estará na Casa Mortuária junto da Igreja São Luís que fica na área do Estádio São Luís, em Faro.
O cortejo fúnebre realiza-se hoje, Terça-Feira, pelas 11 horas, em direcção ao Cemitério da Quinta do Conde, Setúbal.
Descanse em paz meu Capitão.
Que Deus o tenha em bom regaço.
José Câmara
Setembro de 2012 - Tropa especial na Mealhada: Cap. Rogério Alves, Furs. J. Cruz, L. Pinto, J. Câmara, Alf. Almeida e Fur. C. Vinhal e na frente o Cabo Isolino Picanço
26 de Julho de 2014 - Quinta do Paúl em Ortigosa - Carlos Vinhal, José Câmara, Luís Pinto, Dina Vinhal, João Cruz e Cap. Mil Rogério Alves
26 de Julho de 2014 - Quinta do Paúl em Ortigosa - O Cap Mil Art.ª Rogério Rebocho Alves no uso da palavra. Na mesa, da esquerda para a direita, são reconhecidos o Alf. Mil Almeida, os Furriéis Leite e Caseiro e ainda o Alf. Mil Agostinho Neves. Encoberto, o Alf. Francisco Magalhães.
26 de Julho de 2014 - Quinta do Paúl em Ortigosa - O Fur Mil José Leite, o Cap. Rogério Alves e o Sold Cozinheiro Joaquim Rodrigues que veio de França
Fotos e legendas: © José da Câmara
************
À família do nosso malogrado camarada ex-Cap Mil Rogério Alves, a tertúlia deste Blogue deixa os seus mais sentidos pêsames
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Nota do editor
Último poste da série de 21 de fevereiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14281: In memoriam (220): O último adeus ao Amadu Bailo Jaló (1940-2015), na presença de filhos, neta, sobrinho e camaradas, ontem na mesquita de Lisboa (Virgínio Briote)
Carlos:
Fui apanhado com esta desagradável surpresa ao princípio da noite.
Se puderes e for a tempo, agradecia que publicasses a seguinte mensagem:
Meus caros amigos,
Ao longo dos nossos anos encontramos pessoas que nos marcaram para uma vida. O Capitão Rogério Rebocho Alves foi uma delas. Comandou a CCaç 3327 numa situação difícil de guerra, agravada que foi pelo simples facto de ela ser de intervenção.
O seu carácter humanista granjeou-lhe a simpatia e a amizade de todos os militares da CCaç 3327.
Esse homem bom, que nos últimos tempos tinha alguns problemas de saúde, partiu hoje em patrulha sem regresso. Tinha 79 anos de idade.
Sem poder precisar os pormenores, o seu corpo estará na Casa Mortuária junto da Igreja São Luís que fica na área do Estádio São Luís, em Faro.
O cortejo fúnebre realiza-se hoje, Terça-Feira, pelas 11 horas, em direcção ao Cemitério da Quinta do Conde, Setúbal.
Descanse em paz meu Capitão.
Que Deus o tenha em bom regaço.
José Câmara
Setembro de 2012 - Tropa especial na Mealhada: Cap. Rogério Alves, Furs. J. Cruz, L. Pinto, J. Câmara, Alf. Almeida e Fur. C. Vinhal e na frente o Cabo Isolino Picanço
26 de Julho de 2014 - Quinta do Paúl em Ortigosa - Carlos Vinhal, José Câmara, Luís Pinto, Dina Vinhal, João Cruz e Cap. Mil Rogério Alves
26 de Julho de 2014 - Quinta do Paúl em Ortigosa - O Cap Mil Art.ª Rogério Rebocho Alves no uso da palavra. Na mesa, da esquerda para a direita, são reconhecidos o Alf. Mil Almeida, os Furriéis Leite e Caseiro e ainda o Alf. Mil Agostinho Neves. Encoberto, o Alf. Francisco Magalhães.
26 de Julho de 2014 - Quinta do Paúl em Ortigosa - O Fur Mil José Leite, o Cap. Rogério Alves e o Sold Cozinheiro Joaquim Rodrigues que veio de França
26 de Julho de 2014 - Quinta do Paúl em Ortigosa - Fernanda Cruz e o Cap. Rogério Alves
Fotos e legendas: © José da Câmara
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À família do nosso malogrado camarada ex-Cap Mil Rogério Alves, a tertúlia deste Blogue deixa os seus mais sentidos pêsames
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Nota do editor
Último poste da série de 21 de fevereiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14281: In memoriam (220): O último adeus ao Amadu Bailo Jaló (1940-2015), na presença de filhos, neta, sobrinho e camaradas, ontem na mesquita de Lisboa (Virgínio Briote)
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