terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Guiné 61/74 - P16914: Estórias do Zé Teixeira (44): A “puta” passa o seu tempo à sombra do cajueiro, junto à porta do Comando (José Teixeira, ex-1.º Cabo Aux Enf)

Guiné > Região de Quínara > Buba > Maio de 1969 > Entrada principal da povoação e do aquartelamento
Foto: © José Teixeira (2005). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do nosso camarada José Teixeira (ex-1.º Cabo Aux Enf da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70), enviando-nos mais uma das suas estórias,  esta dedicada a uma "amiga muito especial".

Fiquem descansados que o nosso Zé Teixeira não se passou

Meus amigos. 
Depois de umas “entradas” em beleza, espero eu, há que continuar a dar luz ao nosso blogue. 

Junto um texto simples para recordar coisas boas das nossas guerras. 

Votos de continuação de um bom ano 

Abraços do 
Zé Teixeira


Estórias do Zé Teixeira

44 - A “puta”

Passa o seu tempo, debaixo da sombra do cajueiro, junto à porta do Comando. Cobiçada por todos, a todos serve com carinho e enlevo. Lembram-se dela, quando se ouve ao longe o rrrrrroooommmmm da avioneta que traz noticias frescas à sexta, por vezes à segunda-feira. Correm para ela. Deixa-se montar. Suporta com o mesmo carinho; um, dois. Dez de uma assentada. Outros correm atrás dela.

Seguem-na com a esperança estampada no rosto. Regressa ao seu posto, trazendo as notícias frescas que todos ambicionam e por ali fica, atenta e disponível: A chuva pode cair a cântaros, ou ser apenas uma suave penugem húmida, o sol pode queimar a sua pele, liberta da pigmentação acastanhada que a fazia confundir-se com a selva, por onde se passeava nos seus belos tempos. Dia e noite, não arreda pé.

Consta que o “Sistema” a foi buscar à Alemanha no fim da guerra e a enviou para a Guiné. Aqui se deixou montar por muita gente. Preferia os mais graduados, de preferência de galões dourados e largos ou com estrelas. Parece que na Alemanha já era escolhida por esse tipo de gente. Com o fim da guerra na Europa, corria o risco de se perder, mas foi resgatada a tempo e viajou para o novel continente, ainda antes de este entrar em convulsão. Passeou pacificamente pelas picadas da Guiné durante anos. Envelheceu com o tempo e com o uso, perdeu a garra. Agora vai com todos. Geme dolorida quando a montam. Geme dolorida quando desata a correr pela estrada de terra batida. Há muito que foi dispensada de pisar as picadas e ainda bem. As minas que o inimigo gosta de colocar no terreno atirá-la iam pelo ar. A guerra nem a meio vai e ela sabe-o bem. Fala a experiência.

Está irreconhecível, mas continua firme no posto, preocupada em estar sempre disponível. Só não gosta do furriel mecânico. Talvez seja porque este andar sempre à sua volta. Aperta aqui, apalpa acolá. Quando ela amua, o que acontece muitas vezes, dá-lhe marteladas, por vezes pontapés.

Não sabe porque a apelidaram de “puta”. Já foi "Mercedes", nome que gostava muito. Perdeu-o quando chegou a Buba, já muito cansada de devorar quilómetros e ficou ao serviço do Comandante, sem sair do perímetro da Tabanca, devido à sua velhice. Habitou-se a ser de todos, sobretudo quando se ouve o rrrrroooommmm da avioneta do correio, ou outra que apareça, sobretudo se vier buscar feridos. Por gentileza e missão de serviço pode ser que traga uma enfermeira, que lembre as mulheres da mãe pátria.

O velhinho “jeep” que corre para a pista e transporta todas as semanas os nossos sonhos, talvez mereça a ternura de ser a “puta” de serviço permanente.

Buba, Maio de 1969
José Teixeira
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Nota do editor

Último poste da série de 16 de dezembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16841: Estórias do Zé Teixeira (43): O meu Natal perdeu todo o encanto no dia em que o Menino deu lugar a um velho de barbas brancas que trazia um saco às costas, a quem chamavam o Pai Natal mas não era o pai do Menino

Guiné 61/74 - P16913: Memórias do Chico, menino e moço (Cherno Baldé) (52): à semelhança da França (em relação aos seus "tirailleurs sénégalais"), quando é que Portugal reconhece aos seus antigos soldados guineenses a nacionalidade portuguesa?


Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > CCAÇ 12 (1969/71) > Imagem da progressão de um força da CCAÇ 12 (três mais grupos de combate, 1º, 2º e 3º), no subsetor do Xitole, na época das chuvas. As praças da CCAÇ 12 em meados de 1969 (uma centena) eram do recrutamento local. Só os graduados e especialistas (cerca de meia centena) é que eram de origem metropolitana (, pertencentes à CCAÇ 2590). A recruta, o juramento de bandeira, a instrução de especialidade e a IAO  (instrução de aperfeiçoamento operacional) foi foram feitos no Centro de Instrução Militar de Contuboel. Todos temos uma dívida de gratidão para com estes homens. alguns dos quais eram ainda adolescentes, com 16 anos...Portugal tem uma dívida de gratidão e reconhecimento a estes guineenses, 80 % dos quais já não estarão vivos. 
Esta é uma das muitas imagens de diapositivos digitalizados, do valioso e magnífico álbum fotográfico do ex-fur mil at inf Arlindo Roda, da CCAÇ 12 (1969/71), posto generosa e solidariamente à nossa disposição. Natural de Leiria, o Roda é professor do ensino secundário, reformado, é uma apaixonado jogador de damas e de xadrez, e vive em Setúbal.

Foto: © Arlindo Roda (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados


1. Comentário ao poste P16908 (*), assinado por Cherno Baldé:

[ Foto à esquerda, Cherno Baldé,com a sua mãe em Cambaju, em maio de 1977; é  o nosso "agente" em Bissau (na realidade, este "menino" de Fajonquito, hoje homem grande, pai de 4 filhos, crente, bom muçulmano, casado com um bonita nalu, quadro superior com formação universitária na ex-URSS e em Portugal, representa todos os nossos amigos guineenses que não têm forma de comunicar connosco, e que mantêm, com os portugueses, antigos combatentes, fortes laços afetivos, baseados numa experiência e num respeito comuns); é além disso, o nosso assessor para as questões étnico-linguísticas e religiosas da Guiné-Bissau; é autor da série "Memórias do Chico, menino e moço (Cherno Baldé)"](**)

Caro amigo Carlos Vinhal,

Bem vistas as coisas, nada impede que antigos adversários, "inimigos", sejam depois amigos se as condições reais que tinham motivado a guerra mudarem.

Devo dizer que, ainda criança, assisti, atónito, à recepção que os metropolitanos reservaram aos guerrilheiros do PAIGC em 1974, na minha aldeia. Notem bem, eu disse "os metropolitanos", porque o caso dos soldados nativos era diferente, porque estes sabiam, de certeza, que aqueles, lobos com pele de ovelha,  não poderiam ser, em caso algum, seus amigos após uma guerra de mais de 12 anos em condições de ódio e de violência extrema. E, ao contrário dos metropolitanos, este era o seu país que, tudo indicava, não pretendiam deixar, ignorando as consequências que daí poderiam advir.

Um soldado é um soldado, um pequeno pião num complexo jogo de interesses e, na minha opinião, não é a este nível que interessa analisar a questão da guerra na Guiné e as suas consequências, pois as falhas na resolução final aconteceram ao nível superior das forças armadas portuguesas ou do que restava delas, militares de carreira que tinham frequentado academias e colégios militares para saber interpretar em todos os momentos a situação real do conflito, as possibilidades e impossibilidades a ter em conta e preparar o terreno para o avanço ou o recuo, conforme os casos.

Hoje só temos que constatar que houve um falhanço de repercussões negativas de extrema gravidade, com consequências no presente e futuro dos nossos países. Para mim é isto que é importante e quem não o percebeu, então ainda não percebeu nada.

Na semana passada a França reconheceu, finalmente, aos antigos combatentes africanos [, cuja origem remonta a 1857],  chamados “tirailleurs sénégalais”  [, atiradores senegaleses,] o direito a cidadania francesa. É tarde?!! Sim, mas como se costuma dizer, sempre vale mais tarde que nunca

E Portugal, para quando o reconhecimento dos seus antigos combatentes da guerra colonial no seu ex-império em África, muitos dos quais se encontram em território português???

Um abraço amigo,
Cherno Baldé
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 2 de janeiro de 2017 > Guiné 61/74 - P16908: (In)citações (104): Inimigos de ontem, amigos de hoje? (Carlos Vinhal, ex-Fur Mil da CART 2732)

(**) Último poste da série > 20 de julho de 2016 > Guiné 63/74 - P16321: é que Os portugueses tiveram tendência para menosprezar o PAIGC, antes e depois da guerra... Recordando uma cilada dos "homens do mato" aos homens grandes de Sancorlã/Cambaju, ao tempo da CCAÇ 412, Bafatá, 1963/65

Guiné 61/74 - P16912: Inquérito 'on line' (96): "O meu inimigo de ontem nunca poderá ser meu amigo"... Resposta até ao dia 9, segunda-feira, às 18h36...



Guiné > Região de Gabu < Paunca > CCAÇ 11 (1969/74) > c. junho / julho / agosto de 1974 > A paz, depois da guerra, ou a guerra e a paz, como duas faces da mesma moeda... > O fur mil op esp J. Casimiro Carvalho, "herói de Gadamael", no meio dos inimigos de ontem... Fotos do seu álbum fotográfico, sem legendas... (*)

Agradecemos-lhe a coragem e a frontalidade com que, dezenas de anos depois, ele nos deixou ver, digitalizar e publicar essas fotos de inegável interesse documental. Este nosso camarada que vemos aqui a abraçar os inimigos de ontem, foi o mesmo que tinha escrito à mãe, em 6 de junho de 1974 a seguinte missiva:

"(...) Ficou, nesse encontro, determinado que amanhã o inimigo vinha a um quartel nosso visitar-nos, conhecer-nos, nós que nos matavámos [uns aos outros] sem nos vermos. Enfim, agora como está previsto, conhecer-nos-emos, se não houver imprevistos, e eu, que tanto os odiei, com o ódio que ganhei com a guerra, devido ao sangue que vi derramar, irei... talvez - quem sabe ? - ABRAÇÁ-LOS. Sim, porque eles lutaram para defenderem o que por direito lhes pertencia, um chão deles, bravos soldados como nós." (...).

É o mesmo J. Casimiro Carvalho que na batalha de Gadamael pôs a vida em risco para salvar outros camaradas (e nomeadamente o seu capitão) e que chegou a ser ferido.

Fotos: © José Casimiro Carvalho (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



I. INQUÉRITO DE OPINIÃO:

"O MEU INIMIGO DE ONTEM
NUNCA PODERÁ VIR A SER MEU AMIGO"


1. Não, nunca poderá vir a ser meu amigo


2. Sim, poderá vir a ser meu amigo


3. Talvez, depende das circunstâncias


4. Não sei responder


Este é o primeiro inquérito de opinião do ano de 2017... Vá lá, façam, o favor de responder... no canto superior esquerdo do blogue... 

Precisamos de 100 respostas, que é um número redondo... Até ao dia 9, próxima segunda-feira. O encerramento das "urnas" é às 18h36...(**)

O tema foi suscitado pelos postes do José Teixeira (P16905) (***) e do Carlos Vinhal (P16908) (****).


II. Comentário de Carlos Vinhal (****):
(...) E agora chegamos ao que aqui me traz, o inimigo de ontem, amigo de hoje.
Os movimentos de libertação foram criados e dirigidos por africanos portugueses que adquiriram formação académica universitária na capital do império, onde nas barbas do poder se organizaram. Apoiados por potências com ambições estratégicas em África, e acompanhando os ventos e marés que se faziam sentir, não foi difícil começarem a guerra que iria desgastar uns e outros quase até à exaustão. Portugal mobilizou metropolitanos e locais, e os grupos de libertação tentaram localmente arranjar simpatizantes para a sua causa. Os seus quadros tiveram formação de luta de guerrilha principalmente nos países do leste da Europa, acabando por terem no terreno a colaboração activa de especialistas cubanos e o apoio material desses mesmos países e outros.

Dizia Cabral que não lutava contra os portugueses mas contra o colonialismo, logo os quase 9000 mortos do nosso lado foram vítimas dos chamados efeitos colaterais. Alguns dos guineenses, amigos de portugueses e de Portugal, ao passarem-se legitimamente para o lado do PAIGC, movimento pelo qual lutaram, tornaram-se naturalmente nossos inimigos. Pergunto eu: e agora, acabada a guerra, voltaram a ser nossos amigos? Maneira muito romântica de ver a coisa.
Aquele guerrilheiro, que no calor da luta não me matou por caso, é agora meu amigo, também por acaso, digo eu. Se me tivesse acertado, lá se tinha ido a nossa amizade do pós-guerra. (...)
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 29 de abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9826: Os nossos últimos seis meses (de 25abr74 a 15out74) (9): Cartas de Paunca, SPM 5668, Parte II (J. Casimiro Carvalho, Fur Mil Op Esp., CCAÇ 11, mai-ago 1974)

(**) Último poste da série > 6 de dezembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16805: Inquérito 'on line' (95): Texto e contexto: batota, balda, ronha, cobardia, indisciplina, traição?... Ou às vezes, também bom senso, experiência, velhice, sensatez ? (Hélder Sousa, ex-fur mil trms TSF, Piche e Bissau, 1970/72)

(***) Vd. poste de 1 de janeiro de  2017 > Guiné 61/74 - P16905: Fotos à procura de... uma legenda (80): Inimigos de ontem, amigos de hoje... (José Teixeira)
(...) O que estarão estes dois combatentes a planear?

Um, português, alferes miliciano, comandante em exercício da Companhia algures na Guiné. Outro, combatente do PAIGC. Reencontraram-se em 2013. Localizaram pontos comuns de convivência em barricadas opostas e toca a desenhar no terreno as suas posições estratégicas no passado ano de 1970 em que se enfrentaram em Jumbembem... Conversa amena que solidificou feridas e terminou num abraço.

Infelizmente o africano, funcionário da AD em Iemberém, já faleceu. Quem reconhece o nosso camarada, membro da nossa Tabanca Grande ? (...)


(****) Vd. poste de 2 de janeiro de 2017 > Guiné 61/74 - P16908: (In)citações (104): Inimigos de ontem, amigos de hoje? (Carlos Vinhal, ex-Fur Mil da CART 2732)

Guiné 61/74 - P16911: Agenda cultural (534): Um grande álbum do cante alentejano (agora, do mundo), "Rancho de Cantadores de Aldeia Nova de São Bento" (2016), com a participação especial de António Zambujo, Luísa Sobral, Pedro Mestre e outros...


"Rancho de Cantadores de Aldeia Nova de São Bento" 

CD Álbum 
Lançamento em  25 de novembro de 2016


Sinopse

Passados dois anos desde que o Alentejo e Portugal se ergueram de orgulho por o Cante ser considerado pela UNESCO Património Mundial e Imaterial da Humanidade (*), é editado o álbum de um dos mais tradicionais e antigos ranchos de cante alentejano: Rancho de Cantadores de Aldeia Nova de São Bento, que conta com vários convidados especiais, nomeadamente Luísa Sobral, António Zambujo, Miguel Araújo, Jorge Benvinda e Pedro Mestre.

Ficha Artistica

Rancho de Cantadores de Aldeia Nova de S. Bento
Ensaiador: Pedro Mestre

01 - A Moda Do Meu Chapéu
02 - Fui Ao Jardim Passear
Viola campaniça: Pedro Mestre
03 - Romaria De Santa Eufémia
Voz e guitarras: Miguel Araújo
04 - Eu Ia Pela Rua
05 – Oh Francisca Oh Francisca
Harpa: Ana Dias
06 - Ao Romper da Madrugada
07 - Vai De Centro Ao Centro
Percussão: Marcos Alves
08 - Quinta-Feira Da Ascensão
09 - Varejo
10 - Trago O Alentejo Na Voz
Voz e guitarra: António Zambujo
11 - Fui-te Ver Estavas Lavando
12 – Oh Que Linda Pomba Branca
13 - Cantar Até Cair
Voz: Jorge Benvinda
14 - Viva A Quem Vive Tão Longe
15 - A Rosa
Voz e guitarra: Luísa Sobral
16 - Vai Colher A Silva
17 – O Triste Do Mocho
18 - Manjerico Da Janela
19 - Aldeia Nova

Vd. aqui o magnífico e entusiástico trabalho radiofónico de Edgar Canelas, da Antena 1, fazendo a cobertura do lançamento deste belíssimo álbum, em novembro passado, em Vila Nova de São Bento, concelho de Serpa, onde tem a sede o Rancho de Cantadores de Aldeia Nova de São Bento.

Já ouvi algumas faixas do disco, e recomendo vivamente. É uma boa prenda para oferecer mesta quadra festiva ( está à venda, por exemplo, nas lojas da  FNAC. por menos de 13 euros). É um álbum obrigatório para quem gosta do cante alentejano, o que não dispensa obviamente o prazer único de ver e escutar ao vivo este grupo, superiormente dirigido por Pedro Mestre. o homem que "salvou" a viola campaniça, em risco de desaparecer.

Sobre este grupo coral, lê-se na Antena 1 o seguinte (...com a devida vénia):

(...) "Criado há 30 anos, o Rancho dos Cantadores de Aldeia Nova de São Bento, é herdeiro de uma longa tradição da arte de bem cantar as belas modas do cancioneiro alentejano.

Orgulhosos por seguirem dois princípios orientadores, que apesar de opostos se complementam: o da tradição e o da inovação.  António Zambujo teve a ideia de gravar um disco ‘com estes homens’, cujas idades vão dos 19 aos 91 anos, e chamou Ricardo Cruz para produzir este trabalho.

Aliás, Zambujo tem convidado este Rancho, para concertos seus, reconhecendo suas raízes. Daí cantar aqui “Trago O Alentejo na Voz”. De um processo também natural vêm os outros convidados, todos eles amigos e visitantes fiéis da (agora) Vila Nova de São Bento: Jorge Benvinda, Miguel Araújo, Luísa Sobral e Pedro Mestre.

Editado a 25 de novembro, o disco do Rancho dos Cantadores de Aldeia Nova de São Bento é o documento vivo de uma tradição que se canta à volta de uma garrafa de vinho e celebra, com um arrepio na pele, as modas da nossa terra que, a partir de agora, já serão modas do Mundo e da Humanidade" (...).

Vd. também o sítio, na Net, do Rancho de Cantadores de Aldeia Nova de São Bento e, obrigatoriamente, a Casa do Cante, com sede em Serpa. Porque o Cante Alentejano está vivo, mas é preciso saber fazer a sua gestão sustentada, incluindo a sua produção e divulgação... Este e outros grupos têm atuado generosamente no país e no estrangeiro, sem "cachet",  dando os seus elementos o melhor de si. do seu tempo e da sua "alma"...

Já agora acrescente-se que em 34 mortos na guerra do ultramar / guerra colonial, naturais do concelho de Serpa, 10 eram oriundos da freguesia de Vila Nova de São Bento (, na altura Aldeia Nova de São Bento, tendo passado a vila em 1988).... Refira-se ainda  que esta terra tem vindo a perder população como todas as terras do interior do país: 8842 habitantes em 1950; 7678 (em 1960); 5406 (em 1970); e... 3072 (em 2011) (Fonte: Wikipédia

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Notas do editor:

(*) Vd. postes de:


27 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13948: Manuscrito(s) (Luís Graça) (52): O Mundo é Pequeno e o Alentejo... é Grande: pois que viva o Cante, Património Cultural Imaterial da Humanidade

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Guiné 61/74 - P16910: In memoriam (274): José Augusto Machado (1949-2017), ex-fur mil at, CART 2715 (Xime, 1970/72); vivia em Caneças, Odivelas. O velório é hoje na igreja de Casal de Cambra, Sintra, e o funeral é amanhã às 15h00 (Benjamim Durães)


José Augusto Machado (1949-2017)



O José Augusto Machgado, masis a esposa, Maria Elisabete Machado, no 5º Encontro-Convívio da CCS/BART 2917 em Montemor-o-Velho, em 2011


O José Augusto Machado, o segundo de azul, no 18º Encontro da CART 2715 em Fátima, em 2015.


Fotos (e legendas): © Benjamim Durães (2017). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do Benjamim Durães, ex-fur mil op esp, CCS/BART 2917 (Bambadinca, 1970/72), organizador de muitos dos convívios do seu batalhão:



Data: 2 jan 23017, 18:59
 Assunto - Faleceu o fur mil at CART 2715 (Xime, 1970/72) José Augusto Machado


Boas noites,  ex- Camaradas:

Acabo de receber a notícia triste que o nosso ex-camarada da CART 2715, o Furriel Miliciano José Augusto Machado, faleceu hoje com 67 anos de idade.

O velório é hoje na igreja de Casal de Cambra [, Sintra].

O funeral será amanhã, 3 do corrente,  pelas 15,00 horas.

O Zé Machado residia em Caneças,  no concelho de Odivelas.

Nasceu em 16 de Setembro de 1949, era casado com D. Maria Elisabete Machado.

Apresentou-se na CART 2715 em fevereiro de 1971 como recomplemento.

Acima publicam-se 3 fotografias: (i) uma individual; (ii) outra  tirada no 5º Encontro-Convívio da CCS/BART 2917 em Montemor-o-Velho: e (iii) a última tirada no 18º Encontro da CART 2715 em Fátima,  em 2015.

2. Comentário do editor:

A famílía do BART 2917 (e em especial da CART 2715) está de luto. Mais um camarada que nos deixa, e logo no início do novo ano. E deixa-nos precocemente, quando a esperança média de vida do homem, português, aos 65 anos, é já de mais 17 anos.... ´

Agradeço ao Benjamim Durães o rápido reporte da triste notícia. Não conhecia o camarada José Augusto Machado, mas ainda era do meu tempo. Integrou, em rendição, individual,  a valorosa CART 2715, em fevereiro de 1971, tinha já eu 21 meses de comissão. Seguramente que ele terá feito operações conjuntas com a minha CCAÇ 12, em 1971 e 1972,  no subsetor do Xime, já depois de eu ter regressado  a casa (em 17 de março de 1971).

À família, e em especial à viúva, Maria Elisabete Machado, apresento em nome de toda a Tabanca Grande as nossas sentidas condolências e a manifestação da nossa solidariedade na dor e no luto. (LG)

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Guiné 61/74 - P16909: A construção de Mansambo, em imagens (Carlos Marques dos Santos, ex-fur mil at art, CART 2339, 1968/69) - Parte VI: Anexos: A água: o(s) suplício(s), de Sísifo e de Tântalo (2)












Fotos (e legendas): © Carlos Marques dos Santos (2016). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


História da “feitoria” de Mansambo, com foral a partir de 21 de abril de 1968





1. Sexta  parte do trabalho sobre a "construção de Mansambo em imagens" (*), realizado pelo Carlos Marques dos Santos, nosso grã-tabanqueiro da primeira hora, ex-furriel miliciano da CART 2339 (Mansambo, 1968/69), subunidade adida ao BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70). (*)

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Guiné 61/74 - P16908: (In)citações (105): Inimigos de ontem, amigos de hoje? (Carlos Vinhal, ex-Fur Mil da CART 2732)

Nhala, Junho de 1974 - Guerrilheiros do PAIGC
©: Com a devida vénia a António Murta


A propósito do poste Guiné 61/74 – P16905: Fotos à procura de… uma legenda (80): Inimigos de ontem, amigos de hoje… (José Teixeira), dei comigo a pensar em quantos de nós, os que passámos pela guerra do ultramar, tinham na altura alguma actividade política e consequentemente consciência formada sobre a justeza daquela guerra. Sabíamos que estávamos num sítio praticamente desconhecido e hostil, mas que era Portugal segundo os ensinamentos da geografia e da história.

Era inegável que não éramos o único país que ainda possuía colónias em África ou noutros pontos do planeta, embora houvesse já uns quantos países africanos independentes, e Portugal queria manter intacto, tanto tempo quanto pudesse, o seu império. Tivemos sérios problemas na ONU, fomentados principalmente pelas grandes potências, que estando em plena guerra fria, tinham todo o interesse em ter amigos em África. Naturalmente os países emergentes eram seus naturais aliados.

Lembremo-nos do assédio às nossas antigas colónias de Angola e Moçambique pelos alemães durante a I Grande Guerra, originando já na altura uma mobilização em força para esses territórios. Entre 1914 e 1918 perdemos ali cerca de 4800 homens, além dos mais de 5000 desaparecidos.

Um dos meus tios foi expedicionário em Moçambique nos anos 40 do séc XX, julgo que numa altura coincidente com a II Grande Guerra. Havia que manter a ocupação dos territórios africanos.

O nosso esforço em África entre 1961 e 1974 mais não foi que, à luz da política vigente, a continuação da defesa dos territórios que tanto sangue já tinham custado.
E agora chegamos ao que aqui me traz, o inimigo de ontem, amigo de hoje.

Os movimentos de libertação foram criados e dirigidos por africanos portugueses que adquiriram formação académica universitária na capital do império, onde nas barbas do poder se organizaram. Apoiados por potências com ambições estratégicas em África, e acompanhando os ventos e marés que se faziam sentir, não foi difícil começarem a guerra que iria desgastar uns e outros quase até à exaustão. Portugal mobilizou metropolitanos e locais, e os grupos de libertação tentaram localmente arranjar simpatizantes para a sua causa. Os seus quadros tiveram formação de luta de guerrilha principalmente nos países do leste da Europa, acabando por terem no terreno a colaboração activa de especialistas cubanos e o apoio material desses mesmos países e outros.

Dizia Cabral que não lutava contra os portugueses mas contra o colonialismo, logo os quase 9000 mortos do nosso lado foram vítimas dos chamados efeitos colaterais. Alguns dos guineenses, amigos de portugueses e de Portugal, ao passarem-se legitimamente para o lado do PAIGC, movimento pelo qual lutaram, tornaram-se naturalmente nossos inimigos. Pergunto eu: e agora, acabada a guerra, voltaram a ser nossos amigos? Maneira muito romântica de ver a coisa.
Aquele guerrilheiro, que no calor da luta não me matou por caso, é agora meu amigo, também por acaso, digo eu. Se me tivesse acertado, lá se tinha ido a nossa amizade do pós-guerra.

Carlos Vinhal
Ex-Fur Mil Art MA
CART 2732
Mansabá
1970/72
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Nota do editor

Último poste da série de 17 de novembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16729: (In)citações (103): Um texto elucidativo... Onde se fala do Restaurante Bar Pelicano, de Momo Turé, do Tarrafal, da PIDE/DGS, do PAIGC... (Mário Serra de Oliveira)

Guiné 61/74 - P16907: Notas de leitura (916): “Guiné, Crónicas de Guerra e Amor”, da autoria de Paulo Salgado, Lema d’Origem Editora, 2016 (2) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 28 de Dezembro de 2016:

Queridos amigos,
Estas crónicas do confrade Paulo Salgado desobedecem às narrativas convencionais de um barco a partir, de um contingente a chegar, o choque das culturas, os desatinos da guerra, até à hora em que se dá a missão por cumprida. O autor pretende pôr ao espelho, de forma sincopada, a presença portuguesa até aos alvores da luta pela independência, umas vezes é um alferes combatente no Olossato, outras vezes cooperante, e neste caso a narrativa tem dois tempos e dois olhares ao espelho. Dir-se-á que uma guerra nunca acaba, são sulcos profundos e as memórias desaguam quando, no mesmo palco, e num outro quadro político, se dá um doloroso confronto: fez-se tanta guerra, usou-se de tanto heroísmo para que quem venceu ficasse tão apoucado?

Um abraço do
Mário


Guiné, crónicas de guerra e amor, por Paulo Salgado (2)

Beja Santos

“Guiné, Crónicas de Guerra e Amor”, Lema d’Origem Editora, 2016, de Paulo Salgado, faz parte da literatura de regressos, tem trama imaginativa: um alferes que combateu no Olossato e que regressa 20 anos depois; um entremeado de enredos com arco histórico amplo, desde a chegada à Senegâmbia até uma quase atualidade.

Vimos, em trecho anterior, que o alferes Alberto combate na região do Morés, Ponte de Maqué e Olossato são aquartelamentos que conhece na perfeição, as narrativas desdobram-se sob emboscadas, patrulhamentos, homens de carne e osso, brancos e pretos, há desejos de mulheres e há mulheres prisioneiras que depois voltam para o Morés.

Intui-se que o autor pretende dar-nos uma grande angular desses Descobrimentos, das relações interétnicas e cruzar a história de Portugal com a da Guiné, antes e depois da luta armada. Nesta literatura de regressos é bem possível, e não há que contestar, que se socorra da retórica e de uma verbosidade que supere distâncias e cronologias. Assim, se deve entender a filípica de Meireles, um subordinado de Alberto, quando diz:

“Apercebi-me em Santa Margarida que poderia resistir. A vacina era coletiva, envolvia todos, tomava todos pela mesma medida. Mas apercebi-me, ainda lá, que seria possível resistir sem quebrar todos os sentimentos de decência e de humanidade que cada um tem à sua medida; apercebi-me que alguns companheiros de sorte, ou de má sorte, contribuiriam para passarmos este cabo de tormentas. Mas tanto vilipêndio, tanta degradação, nunca imaginei!”.

Alberto interroga-o:

“Vais dizer-me o que efetivamente tens calado bem no fundo do teu ser, vais contar-me o que verdadeiramente te preocupa”. E Meireles soluça: “Meu alferes, o meu maior amigo, que brincou comigo na escola, na minha rua e o no meu bairro; que namorou as mesmas garotas; e com quem, já crescido, percorri as praias e as montanhas de Sintra nas nossas motas; aquele que considerava um irmão morreu numa emboscada em Guileje…”.

E termina o trecho, interrogativamente: “Os homens, os militares, também choram?”. Nesta literatura de regressos pode haver uma retórica que ajude a relevar as dores inultrapassáveis, as perdas afetivas irremissíveis.

É uma história de Portugal onde se fala da epopeia da construção da fortaleza de S. José ou de Amura, também da epopeia da missionação, e daí Frei Cipriano que andou por Caió, e dá-se toda a ênfase à visita ao Morés, 20 anos depois de por ali, nas fímbrias, se ter combatido. Descreve-se o modelo daquela base que nunca se conquistou a despeito de bombardeamentos contínuos, do uso maciço das forças especiais, de por ali terem tentado entrar vários batalhões. Um ancião combatente descreve a Alberto a vida no Morés, o seu hospital, a mudança permanente das casas de mato. Aquele ancião é um homem de convicções, mas não esconde o seu desalento:

“Estou velho, cansado, com mil dificuldades. O Partido prometeu; mas agora o governo não cumpre; não temos nada de nada. Os olhos entristeciam-se-lhe”.

A narrativa move-se numa corrediça entre o passado e o presente: fala-se das urnas que estavam em Bissorã e que os do Olossato recusaram; numa atualidade que nos é próxima, o cooperante Alberto encontrou um caçador que vive há décadas na Guiné, um autêntico “lançado”; o mesmo cooperante Alberto ouve desabafos do médico no Hospital Simão Mendes, um médico que não tem recursos para mitigar sofrimentos e salvar vidas… E dentro deste arco histórico, o autor destaca páginas onde é patente a frágil presença colonial portuguesa é o caso da carta enviada pelo governador de Cabo Verde, Maldonado de Eça, ao ministro da Fazenda, Marquês de Ponte Lima, estamos nos fins do século XVIII, diz cabalmente:

“A Praça de S. José está em estado de desgraça, pois as construções estão em ruínas, a guarnição de 190 soldados sem pagamentos e sem vestuário, andando os homens trajando como os nativos, e a população católica sem serviço religioso. A Praça de Cacheu está quase abandonada, a artilharia sem reparos, os soldados como os de Bissau, o serviço religioso nesta dita Praça e na de Ziguinchor não é celebrado, pois o padre se refugiou na povoação, em concubinato, os soldados e os poucos particulares são obrigados a vender escravos para comprar mantimentos”.

E há os medos, sempre enleantes, no crescendo de ansiedade antes das operações, apresentam-se pretextos para não participar, ter medo não é desumano. Fala-se de um lançado célebre, Ganagoga, de nome João Ferreira, perdido de amores por Kali. E depois aquele cooperante na área da saúde, que já foi Alberto, o combatente do Olossato, sobe à Pensão Central, que descreve e vê-se que tem uma memória intacta:

“Subiu as escadas íngremes exteriores, em ferro forjado, antiquíssimas, talvez dos anos 30 do século passado, e acedeu, já no patamar, a um amplo piso, onde, à maneira colonial, uma larga varanda circunda todo o prédio. Ao cimo das escadas, numa sala de jantar mais reservada a clientes especiais, um grupo de comensais vai no fim da refeição”. E aparece D.ª Berta: “Depara com a proprietária, sentada diante da mesa comprida e larga, coberta por uma toalha asseada, aguardando, de forma amistosa, convivial, simpática, maternal, os seus clientes”.

Vai ser o tempo da guerra civil, e daí se salta para um episódio das campanhas da pacificação, recorda-se que a cólera se reacende décadas depois da independência e por fim, quando a guerra praticamente acabou para Alberto, prova uma dura flagelação em Mansabá, onde permanece na atividade de realização de exames de quarta classe a soldados e milícias.

Vivera-se o nervosíssimo da espera do embarque, houvera patrulhamentos, emboscadas, um golpe de mão falhado algures em Amina Dala ou em Iracunda ou em Consonco ou Bissancage ou Ionfarim ou em Changue Bedeta, houvera muita coisa, e agora este imprevisto em Mansabá. Assim se põe termo a estas crónicas de guerra e amor e não será por acaso que se evoca o poema Liberdade por Sophia de Mello Breyner Andresen, que assim culmina: Aqui o tempo apaixonadamente/Encontra a própria liberdade.
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Nota do editor

Poste anterior de 30 de Dezembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16894: Notas de leitura (915): “Guiné, Crónicas de Guerra e Amor”, da autoria de Paulo Salgado, Lema d’Origem Editora, 2016 (1) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P16906: Parabéns a você (1187): Carlos Marques Santos, ex-Fur Mil da CART 2339 (Guiné, 1968/69)

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Nota do editor

Último poste da série de 1 de Janeiro de 2017 > Guiné 61/74 - P16900: Parabéns a você (1186): Margarida Peixoto, Amiga Grã-Tabanqueira

domingo, 1 de janeiro de 2017

Guiné 61/74 - P16905: Fotos à procura de... uma legenda (80): Inimigos de ontem, amigos de hoje... (José Teixeira)




Fotos: © José Teixeira (2013). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Canaradas da Guiné]


1. Mensagem de José Teixeira, um dos régulos da Tabanca de Matosinhos, 

Data: 25/12/16



 Assunto: Uma legenda para esta fotografia

O que estarão estes dois combatentes a planear?

Um, português, alferes miliciano, comandante em exercício da Companhia algures na Guiné. Outro, combatente do PAIGC. Reencontraram-se em 2013. Localizaram pontos comuns de convivência em barricadas opostas e toca a desenhar no terreno as suas posições estratégicas no passado ano de 1970 em que se enfrentaram em Jumbembem... Conversa amena que solidificou feridas e terminou num abraço.

Infelizmente o africano, funcionário da AD em Iemberém,  já faleceu. Quem reconhece o nosso camarada, membro da nossa Tabanca Grande ?

Abraço

Zé Teixeira

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Nota do editor:

Último poste da série > 29 de dezembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16893: Fotos à procura de... uma legenda (79): Adoradores do sol ?...Adivinhem onde foram tiradas estas fotos!... (Luís Graça)

Guiné 61/74 - P16904: Facebook...ando (43): Brindando ao futuro (Paulo e Conceição Salgado)


Guiné-Bissau> Região do Oio > "A caminho do Olossato, 1991"> Dentro de breves dias, terão passado 26 anos sobre a nossa primeira viagem, de muitas outras, ao Olossato". 

Foto de perfil, na página do Facebook, do nosso camarada Paulo Salgado (ex-Alf Mil Op Esp,  CAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72), , que publicou em 2016 o livro "Guiné - Crónicas de Guerra e Amor".




Vila Nova de Gaia >  1 de janeiro de 2017 > Paulo e São Salgado . Foto de perfil da página do Facebook do Paulo Salgado

Fotos (e legendas): © Paulo Salgado (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camão aradas da Guiné] 


1. Mensagem do Paulo Salgado, na sua página pessoal do Facebook e na página da Tabanca Grande:


Aos nossos familiares, amigos, colegas 
e a todos que, de forma diversa, fomos encontrando 
no nosso percurso de cumplicidades múltiplas feito, 
desejamos um Ano de 2017 com saúde e prosperidade, 
e exercendo uma cidadania activa 
neste mundo conturbado 
em que cada "um" tem um papel de dignificação face ao "outro". 

Um abraço da Maria da Conceição e do Paulo Salgado.


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Guiné 61/74 - P16903: Blogpoesia (487): "Ele vem aí..." e "Abeirei-me da varanda e vi...", poemas alusivos ao Ano Novo, de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

1. O nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66), a quem desejamos um excelente 2017, vai-nos enviando ao longo da semana belíssimos poemas da sua autoria, dos quais publicamos estes dois alusivos à quadra que atravessamos:


Ele vem aí… 

À velocidade do sol.
Já passou na Austrália.
Avançou para a China.
Falta-lhe as alturas da Índia.
Depois, a descer, passa aos Urais
E, num saltinho,
Vai palmilhar a Europa,
Mergulhando no mar.
Que será que ele traz?
Viagem astral.
Paquete gigante,
Cargueiro da História…
É sempre uma incógnita.
Pois, saibam os astros, tiranos e reis!
A vida é só uma!…
Este mundo cansado,
Carregado de medo,
Não nasceu para a fome.
Está farto de guerra.
Aposta na paz.
Só quer ser feliz…

Jlmg

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Abeirei-me da varanda e vi : 
Um novo dia que nascia. 
O primeiro em correria. 
Ali vai. 
Não olha. Segue e vai. 
Que traz em si? 
Se há-de ver… 
Oxalá paz e bem 
Que de mal chegou… 
Aquele que se passou. 
De tudo teve. 
Alegria e guerra. 
Tanta tormenta, 
Em casa e fora. 
Tanto dia de sombra negra. 
Para sempre fique oculto 
E outro venha 
De brilho e esperança. 
Paz e amor. 
Olhar ao alto, 
Com um olhar igual 
Para toda a gente. 
Não importa a cor e credo. 
Somos irmãos. 
Viageiros no mesmo barco. 
O mesmo destino. 
A mesma sorte. 
Seja por bem. 
Nunca por mal… 
Deixe saudades… 
Lá no final. 

Ouvindo Hélène Grimaud em concerto nº 2 de Rachmaninov
Jlmg
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Nota do editor

Último poste da série de 25 de dezembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16880: Blogpoesia (486): "Para lá das cortinas..." e "Suave milagre...", poemas de Natal de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

Guiné 61/74 - P16902: Manuscrito(s) (Luís Graça) (107): As janeiras da tabanca da Madalena: vivó 2017!... (E saudando todas as tabancas e todos/as os/as tabanqueiros/as da Tabanca Grande: AD - Bissau, Ajuda Amiga, Algarve, Bandop do Café Progresso - Porto, Bedanda, Candoz, Centro - Monte Real, Ferrel, Guilamilo, Lapónia, Linha - Cascais, Maia, Matosinhos, Melros - Gondomar, Oeste, Ponta de Sagres - Martinhal, São Martinho do Porto, Setúbal, e por aí fora, que o mundo afinal é pequeno!)




Marco de Canaveses > Paredes de Viadores > Candoz > Quinta de Candoz > 27 de dezembro de 2016  > Os bugalhos dos carvalhos



Marco de Canaveses > Paredes de Viadores > Candoz > Quinta de Candoz > 27 de dezembro de 2016  > O sobreiro grande... com 50 anos!









Vila Nova de Gaia  > Madalena  >"Tabanca da Madalena" > 24 de dezembro de 2016  >  Algumas das coisas boas do Natal português nortenho... Os arranjos de azevinho (de Candoz), as rabanadas, os bolinhos de chila, o arroz doce (prós "mouros", que a aletria é que é prós "morcões"...), a lareira, e sobretudo o calor humano, a amizade, a arte de ben receber... coisas que não têm preço e nem se vendem nas grandes superfícies!


Fotos (e legendas): © Luís Graça (2016). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Canaradas da Guiné] (Com a devida vénais aos donos da casa da Madalena, Gusto e Nitas)


As janeiras 
da tabanca da Madalena 

> Vivó 2017

por Luís Graça





O dois mil e dezasseis
Já lá vai e deixa saudade,
Depois da festa dos Reis,
Ficamos mais velhos de idade.


Ficamos mais velhos de idade,
Todos  aqueles que aqui estão,
Uns com mais ruindade,
Outros jurando que não.


Outros jurando que não,
Tão frescos que nem um pêro,
Mente sã em corpo são,
Cuidando de si com esmero.



Cuidando de si com esmero,
E nós cultivando a  esp’rança,
Por mim, este ano só espero
Que não nos falta a confiança.


Que não nos falta a confiança,
E nos aguentemos nas canetas,
Vivendo com temperança,
Sem ter que andar de muletas.


Sem ter que andar de muletas,
E sermos uns coitadinhos,
Mas pior é ir de carretas
Lá pró mundo dos anjinhos.


Lá pró mundo dos anjinhos,
Quanto mais tarde melhor,
Tratem bem desses corpinhos,
Que eu a todos desejo amor.


Que eu a todos desejo amor
(e paz nesta terra querida),
Traz mais cor e melhor sabor
A uma vida bem vivida.


A uma vida bem vivida,
Neste ano que chega agora,
Dêmos  à má sorte uma corrida,
A tristeza mandemos embora.


A tristeza mandemos embora,
Que a vida é que vale a pena,
Aqui é que ela não mora,
Nesta casa da Madalena.


Nesta casa da Madalena.
Há o melhor “réveillon”,
Tia Nitas, mulher pequena,
Toca tudo, menos “acordéon”.


Toca tudo, menos “acordéon”,
Do cavaquinho à panela,
Sabe receber, é um dom,
Que, dizem, nasceu com ela.


Que, dizem, nasceu com ela,
É o marido que nos garante,
Enquanto por todos nós zela
E nos serve o espumante.


E nos serve o espumante,
Formam os dois um belo par,
Obrigado a este restaurante
Por este rico jantar.


Por este rico jantar,
Fica desde já prometido,
Pró ano nós cá voltar,
Fica escrito e fica dito.


Madalena,  V. N. Gaia,

Guiné 61/74 - P16901: O nosso querido mês de Natal de 2016 e Ano Novo de 2017 (24). um ano de saúde, 31 milhões e meio de segundos de felicidade (Mário Vitorino Gaspar)

 2017 > Feliz Ano Novo


Caros Camaradas do BLOGUE, desejo-vos:

- 1 ano de saúde,
- 52 semanas de paz e amor,
- 365 dias de alegria,
- 8 760 horas de satisfação,
- 525 600 minutos de prosperidade,
- 31 536 000 de segundos de felicidade

Boas entradas com SAÚDE para todos vós e FAMÍLIA

VOTOS de Mário Vitorino Gaspar


Mário Gaspar, ex-Fur Mil At Art, Minas e Armadilhas, 

Guiné 61/74 - P16900: Parabéns a você (1186): Margarida Peixoto, Amiga Grã-Tabanqueira

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Nota do editor

Último poste da série de 31 de Dezembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16897: Parabéns a você (1185): Adelaide Barata Carrelo, Amiga Grã-Tabanqueira