quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Guiné 61/74 - P18088: Agenda cultural (621): Joaquim Pais de Brito, na livraria Ferin, ao Chiado, amanhã, 6ª feira, dia 15, pelas 18h30, na apresentação do seu livro "Muitas coisas e um pássaro" (Lisboa, Sextante Editora, 2017, 256 pp.)



Capa  do JL - Jornal de Letras, Artes e Ideias, nº 1230,  edição de 22 de novembro a 5 de ezembro de 2017.

Fonte: Sapo Visão > Jornal de Letras (com a devida vénia...)





1. Amanhã, 6ª feira, dia 15 de dezembro,  na Livraria Ferin, Rua Nova do Almada, 72, ao Chiado, Lisboa, pelas 18h30, realiza-se a sessão de lançamento do livro "Muitas Coisas e um Pássaro", de Joaquim Pais de Brito (Lisboa, Sextante Editora, 2017, 256 pp, preço de capa, c. 14 €). A apresentação do livro e do autor está a cargo de Rosa Maria Perez.


O autor é convidado, neste seu livro,  a abordar o seu percurso profissional, a partir de cinco motivos: um desenho, uma imagem, um texto, um objeto, um som.

Fala-se então apaixonadamente de teatro, de literatura, de etnografia, de museus, de exposições, de alunos, do Portugal rural e urbano, do cantar do carro de  bois, de fado... E de motivações, escolhas e, também, acasos que o conduzem a refletir, enquanto antropólogo, sobre questões de museologia, formação e conhecimento.

Apaixonadamente, como ele sempre o fez, e como eu o recordo, em tudo aquilo em que se meteu e em que tocou, da investigação ao ensino e depois à museologia. Mas falemos do presente, que ele continua vivo da costa, felizmente... Ainda há dias bebemos um café juntos.

No caminho desta revisitação surge-nos, entretanto um pequeno pássaro intrometido que o acompanha há muitos anos, e que gosta de participar nessa reflexão. 


2. Joaquim Pais de  Brito, nascido em Nelas, em 1945, é professor emérito de Antropologia do ISCTE-IUL e foi diretor do Museu Nacional de Etnologia entre 1993 e 2015.  É seguramente uma referência maior na área das ciências sociais e humanas em Portugal.

Recebeu, em 1996, o Prémio PEN de Ensaio pelo seu livro "Retrato de Aldeia com Espelho: Ensaio sobre Rio de Onor", que foi o tema do seu doutoramento (Lisboa, Dom Quixote, 1996, 396 pp.). Acompanhou, desde 1975,  e durante década e meia, as transformações que se operaram naquela aldeia comunitária de economia agropastoril de montanha, dividida ao meio por uma linha fronteiriça luso-espanhola. A aldeia é só uma, com dois povos, os de cima e os baixo, que têm um língua comum, o riodonorês), além de um território e uma organização social única.

Joaquim Pais de Brito foi distinguido pelo Presidente da República Jorge Sampaio com a Comenda da Ordem de Mérito Cultural, em 2002.

Foi também o fundador e o diretor da notável coleção "Portugal de Perto: Biblioteca de Etnografia e Antropologia", sob a chancela das Publicações Dom Quixote,  onde se publicaram dezenas de títulos de trabalhos, alguns clássicos, fundamentais para o conhecimento da cultura popular portuguesa e do nosso património cultural, material e imaterial, como o por exemplo o fado. É um coleção incontornável, de referência obrigatória para quem se interessa por este domínio do saber. 

Foi também ele quem terá o sido o primeiro a levar a academia a sair da sua "torre de marfim", despir-se de preconceitos e fazer do fado ("cultura popular urbana lisboeta") um objeto de estudo  multissectorial, na confluência de diversas disciplinas, da etnografia à antropologia, da sociologia à história, da museologia à  etnomusicologia...


3. Mandei-lhe há dias uma mensagem de resposta ao seu pedido de divulgação deste evento. Aqui vai:

Joaquim: antes de mais, parabéns!...Como eu costumo dizer, a gente, da nossa geração, que fez a guerra e a paz, tem de se recusar a ir para a "vala comum do esquecimento"... E tu fostes daqueles profes, no ISCTE, que a maioria de nós não vai esquecer... Acho que este é um dos elogios, dos muitos, a que tens direito... Se eu estiver inspirado ainda te faço uma quadra ou um soneto... onde meto o teu "pássaro"...

Para já prometo fazer-te um "poste", "à maneira", na nossa série "Agenda cultural"...

Bolas, não tens uma "chapa", uma foto do teu tempo de "menino e moço" ?... Vou procurar... E em princípio lá estarei, no dia 15, na Ferin, às 18h30... Vou divulgar pelos meus contactos, facebook, etc. (Infelizmente não fiquei com grandes contactos da malta do meu/nosso tempo do ISCTE...).


Um xicoração fraterno, Luís

Na realidade, quantos professores passaram pelas nossas vidas ? Dezenas e dezenas... E de quantos nos lembramos hoje ? Na melhor das hipótees, uma meia dúzia... O Joaquim Pais de Brito está nessa minha curta lista de "professores para a vida"... Daqueles que nos marcaram verdadeiramente, de cuja voz e brilhozinho  nos olhos nunca esqueceremos... Daqueles relativamente raros professores que sabem falar com paixão e rigor daquilo que sabem... As suas aulas eram uma festa!... Não fui antropólogo, fui para a sociologia do trabalho e, mais tarde, da saúde... Mas sempre dei importância ao lado "socioantropológico" das coisas.... Essa minha sensibilidade cultural deve muito ao Pais de Brito e ao entusiasmo com que ele nos levou a redescobrir e a repensar muitas das nossas formas, humanas e portuguesas, de ser e estar na vida, no território, na comunidade, no mundo...

Foi meu professor de antropologia, no ISCTE, durante a minha licenciatura em sociologia (que terminei no ano letivo de 1979/80). Foi com ele que ganhei o gosto não só por esta área científica como  pelo trabalho da investigação empírica, feita no terreno. 

Durante meses, eu e a minha equipa (que fazia parte de uma equipa mais vasta, um turma inteira que estudou o fado na suas múltiplas dimensões, sob a sua "batuta")...  fizemos durante meses "observação participante" numa taberna do Bairro Alto, a Princesa da Atalaia, na rua da Atalaia, onde em finais da década de 1970 ainda se cantava e tocava o chamado "fado vadio"...A expressão hoje não é consensual, "fado vadio", mas na altura queria significar algo que se opunha à  (ou pelo menos, não encaixava na) "cultura oficial" do fado, a do profissionalismo e da indústria do espectáculo... 

De qualquer modo a "Princesa da Atalaia" não existe mais, que eu saiba, engolida na voragem do tempo e no processo de "gentrificação" e "turistificação" dos bairros populares de Lisboa....Passei, por lá há uns anos, a loja era então de moda ou  de pronto a vestir... Há dias,  ao ir à "Tasca do Chico" (que estava cheia, que nem ovo, de turistame...), voltei a tentar reconhecer a fachada do prédio da antiga tasca da rua da Atalaia... Para surpresa minha, era agora um "kebab"...

Com muita pena minha, não vou poder estar amanhã com o Joaquim, na centenária Livraria Ferin (que mudou recentemente de dono, ao fim de 177 anos de existência...). Amanhã estarei fora de Lisboa, mas prometo ler  (e fazer a recensão de) o  livro...  De qualquer modo, aqui fica o poste prometido e o desejo de continuação de bons voos para o pássaro que o tem acompanhado ao longo da vida e que o inspira, motiva, protege e o mantem vivo, saudável, inquieto, irrequieto, ativo e produtivo... Apaixonado, em suma, pela vida, a cultura e a ciência... (LG)
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Nota do editor:

Último poste da série >  14 de dezembro de  2017 > Guiné 61/74 - P18087: Agenda cultural (620): No passado dia 9 de Dezembro foi inaugurado o Museu do Combatente de Gondomar que fica situado na Quinta dos Choupos - Fânzeres, sede da Tabanca dos Melros

Guiné 61/74 - P18087: Agenda cultural (620): No passado dia 9 de Dezembro foi inaugurado o Museu do Combatente de Gondomar que fica situado na Quinta dos Choupos - Fânzeres, sede da Tabanca dos Melros

Museu do Combatente de Gondomar
Foto © Jorge Teixeira


Antes do almoço/convívio de Natal, da Tabanca dos Melros, realizado no passado dia 9 de Dezembro, foi inaugurado o Museu do Combatente de Gondomar, há muito planeado, que ficou instalado num belíssimo espaço resultante da reforma de uma antiga cozinha da Quinta dos Choupos. Tarefa que o amigo Gil Moutinho levou a bom porto, com a colaboração do Carlos Silva, este Museu tem já um razoável espólio, fruto da dádiva dos habituais frequentadores da Tabanca dos Melros.

O anfitrião Gil Moutinho
Foto: © Luís Bateira - Editada por CV

Este, um filme que o Carlos Silva produziu e realizou para dar a conhecer o Museu do Combatente de Gondomar, acabado de inaugurar, e para sensibilizar os combatentes que tenham recordações da sua passagem por terras de Angola, Guiné ou Moçambique, as doam a este museu porque as ofertas serão catalogadas e preservadas.



Mais algumas fotos, com a devida vénia aos seus autores:





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Nota do editor

Último poste da série de 13 de dezembro de 2017 > Guiné 61/74 - P18084: Agenda cultural (619): "Melech Mechaya", um "case study" para a história da música portuguesa: 10 anos de carreira, 4 álbuns, diversos telediscos, 150 concertos, 10 países, 3 continentes... Programação do fim do ano: dois grandes espectáculos, 27, 4ª feira, em Lisboa, Tivoli BBVA; e 29, 6ª feira, no Porto, Casa da Música... E eu vou lá estar em ambos, na assistência (Luís Graça)

Guiné 61/74 - P18086: (D)o outro lado do combate (16): razões e circunstâncias da prisão e condenação do arcebispo católico de Conacri, Raymond-Marie Tchidimbo (1920-2011), na sequência da Op Mar Verde: de "santo" a "diabo", aos olhos do "guia iluminado", Sékou Touré: o testemunho do mais célebre prisioneiro político do sinistro campo de Boiro (excerto com tradução de Jorge Araújo)


Fotografia prisional: Raymond-Marie Tchidimbo (1920-2011), antigo arcebispo de Conacri (ao tempo da Op Mar Verde, 22/11/1970): o mais célebre prisioneiro do campo de Boiro onde passou 8 anos e meio ... Autor de "Noviciat d'un évêque : huit ans et huit mois de captivité sous Sékou Touré". Paris: Fayard, 1987. 332 p. + ill.



Guiné-Conacri > Conacri > A antiga catedral do arcebispo católico Raymond-Marie Tchidimbo: a pedido do Vaticano, este homem, que simpatizava com a "causa nacionalista" do PAIGC, intercedeu, junto de Amílcar Cabral, em 16/9/1970, com vista a obter notícias do nosso camarada Geraldino Marques Contino, aprisionado pelo PAIGC em 3/2/1968.  (*).


O presidente Sékou Touré assiste à consagração de Raymond-Marie Tchidimbo como arcebispo de Conacri, em 31 de março de 1962.

Preso em 24 de dezembro de 1970, torturado, julgado à revelia, condenado a prisão perpétua um mês depois, em 23 de janeiro de 1971, foi libertado do sinistro campo de Boiro em 7 de agosto de 1970, e  expulso do seu país.  Vai para Roma,  em 13 de agosto de 1979 resigna como arcebispo de Conacri. É feito cardeal em 1992, pelo Papa João Paulo II. Quando jovem padre missionário (, ordenado em 1951), chegou a ser  amigo (e até admirador) de Sekou Touré (1920-1984). Nascido em Conacri, morre em França, em 2011.

Fonte: página Campo Boiro > Memorial > Bibliothèque  (com a devida vénia)




1. Comentário do nosso colaborador permanente, Jorge Araújo, ao poste P10076 (*);
Camaradas,

Na sequência dos comentários produzidos no final da Parte I [P18027] (**)  prometi dar-vos conta, após a publicação desta segunda parte, sobre o porquê da prisão do Arcebispo de Conacri, verificada um mês depois da «Operação Mar Verde», facto que consideramos de relevante valor historiográfico no contexto da guerra, pois essa operação  acabou por influenciar as novas formas de acção e o sentido de cada uma delas ao longo dos tempos que se seguiram, traduzido no reforço da aliança entre Sékou Touré e Amílcar Cabral.

Com efeito, a justificação para o seu cativeiro foi retirada [e traduzida] do livro «Noviciat d’un évêque: huit ans et huit mois de captivité sous Sékou Touré» [«Noviciado de um bispo: oito anos e oito meses de cativeiro sob o regime de Sékou Touré»], Paris: Fayard, 1987. 332 p., obra escrita em francês da autoria de Raymond-Marie Tchidimbo [1920-08-15/2011-03-26] – o prisioneiro.

O texto que seguidamente se apresenta, com tradução da nossa responsabilidade, serve apenas para enquadrar a problemática acima.

TRADUÇÃO

Porque fui preso?

Após a minha libertação em [7 de Agosto de] 1979 [uma semana antes de completar cinquenta e nove anos], deram-me a oportunidade de realizar diversas conferências sobre a experiência de cativeiro na presença de audiências interessadas. Em cada uma delas, punham-me a mesma questão: «porque foi preso?».

Mas em cada uma também, perante esses públicos atónitos, eu respondia, em primeiro lugar, que era uma pergunta que nunca formulei em cativeiro. Porquê? Porque, simplesmente, uma resposta – e a única verdadeira – já havia sido dada nos anos 30, por aquele que me escolheu dois mil anos depois para servir na sua presença. […]

O que nos diferenciou então, entre os meus companheiros prisioneiros e eu, era que eu sabia porque me encontrei com eles nas prisões. Eu sabia-o, inicialmente, no dia da minha ordenação sacerdotal. Eu sabia disso mais precisamente após a expulsão de todos os missionários em 1967; um acto injusto que eu não tinha entendido/ligado e que valeu a irritação do «guia iluminado» da Guiné; como os seus “griots” [indivíduos com a responsabilidade de preservar as tradições, transmitindo histórias, factos históricos e conhecimentos do seu povo] e cortesãos gostavam de chamá-lo.

Eu sabia exactamente, desde 2 de Dezembro de 1970, que seria preso no fim do mês, se não deixasse o território da Guiné antes dessa data fixada por Sékou Touré [1922-1984], ele mesmo.

Dois médicos – um amigo, antigo ministro, e um primo – foram informados da minha prisão por pessoas muito próximas de Sékou Touré. Imediatamente, eles fizeram questão de me informar por prevenção, para evitar qualquer risco. Porque todos sabiam em Conacri que, durante vários meses, os arredores da chancelaria e a residência do arcebispo de Conacri estavam sob vigilância monitorada, e ainda mais, depois de 22 de Novembro de 1970, data do desembarque de opositores guineenses residentes no exterior.

Fui informado por um dos meus primos, ao qual, para além disso, lhe digo que informaria imediatamente o Papa Paulo VI; mas que deixaria a Guiné apenas por ordem expressa deste último. Agir de outra forma seria da maior traição: todo o bispo teve que jurar na véspera da sua ordenação episcopal permanecer fiel à sua posição, seja o que for que aconteça. O Papa Paulo VI foi informado por mim em 2 de Dezembro de 1970. E é a alma em paz que aguardava a visita do Senhor.


Em 23 de Dezembro de 1970, ao meio-dia, fui preso em casa, com a dupla acusação de colaboração com a oposição externa e delito de opinião. Fui levado para o campo militar de Alpha Yaya [Diallo], situado [nos arredores do aeroporto internacional] a dez quilómetros de Conacri. E aí, depois de confirmar a minha identidade, fui algemado, e fico trancado num quarto semi-escuro. As «férias grandes» começaram finalmente para mim.

O belo pretexto da minha prisão foi atribuído a Sékou Touré pelo desembarque em Conacri, durante a noite de 21 para 22 de Novembro de 1970 [«Operação Mar Verde»], de militares portugueses que vierem resgatar os seus nacionais detidos numa prisão em Conacri, e que haviam sido presos pelas tropas nacionalistas da Guiné-Bissau. A estes militares portugueses juntaram-se alguns elementos armados da oposição guineense que viviam no exterior.

Este desembarque – bem-sucedido no que diz respeito ao plano dos portugueses, e abortado quanto à acção dos opositores – permitiu que Sékou Touré se livrasse de todas as pessoas que o incomodavam e estabelecer um regime totalitário. […]

Mas, na realidade, Sékou Touré teve razões secretas para me prender: eu o desapontei sobre mais um plano e este «ressentimento» por vocação esperava o momento propício para se vingar.

Desculpo profundamente Sékou Touré! Jovem missionário de regresso à Guiné [-Conacri] em 1952, eu o apoiei e o encorajei na sua acção sindical, para a criação de uma sociedade mais justa e humana, no contexto colonial francês. E, devido a esse apoio de 1952 a 1956, Sékou Touré pensou ter encontrado em mim um aliado incondicional que abraçaria todas as suas ideias, e executaria todos os seus planos e instruções.


Mas eis que: em 1956, as eleições municipais permitiram que o partido de Sékou Touré [RDA - Reunião Democrática Africana] ocupasse todos os lugares dos municípios do território da Guiné Francesa. E esse foi o início da guerra surda contra a Igreja da Guiné. Este deveu-se, neste contexto viciado, para afirmar a sua identidade e a sua autonomia, respeitando as leis mas sem receio, na dignidade superior da sua vocação. Então, Sékou Touré começou a descobrir-me. E aquele que ele pensou ver como um puro revolucionário socialista tornou-se gradualmente aos seus olhos um assustador reaccionário burguês.


Fim.

Para consulta na íntegra ver:

http://www.campboiro.org/bibliotheque/tchidimbo/huit_ans_captivite/tdm.html

Boa semana.

Com um forte abraço,

Jorge Araújo.

[Tradução de JA / Seleção de fotos, legendagem e título do poste: LG]
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Notas do editor:


(**) Vd. poste de 30 de novembro de 2017 > Guiné 61/74 - P18027: (D)o outro lado do combate (14): A Igreja Católica na vida dos prisioneiros de guerra: o caso do Geraldino Marques Contino, 1º cabo op cripto, CART 1743, Tite, 1967/69 - Parte I (Jorge Araújo)

Guiné 61/74 - P18085: Parabéns a você (1354): José Vargues, ex-1.º Cabo Escriturário do BART 733 (Guiné, 1964/66)

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Nota do editor

Último poste da série de 12 de Dezembro de 2017 > Guiné 61/74 - P18077: Parabéns a você (1353): Francisco Palma, ex-Soldado Condutor Auto da CCAV 2748 (Guiné, 1970/72) e Luís Dias, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 3491 (Guiné, 1971/74)

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Guiné 61/74 - P18084: Agenda cultural (619): "Melech Mechaya", um "case study" para a história da música portuguesa: 10 anos de carreira, 4 álbuns, diversos telediscos, 150 concertos, 10 países, 3 continentes... Programação do fim do ano: dois grandes espectáculos, 27, 4ª feira, em Lisboa, Tivoli BBVA; e 29, 6ª feira, no Porto, Casa da Música... E eu vou lá estar em ambos, na assistência (Luís Graça)


Cartaz dos Melech Mechaya, que lançaram, recentemente, o seu último álbum, "Aurora" (cinco estrelas, "o melhor disco [da banda] até à data", segundo a conceituada revista Blitz).

A Banda, de que o nosso grã-tabanqueiro João Graça faz parte, tem 3 espectáculos agendados até ao fim do ano:

- 17 de dezembro de 2017, sábado, Belmonte, "Festa das Luzes", auditório da Santa Casa, 21h00-22h30;

- 27 de dezembro de 2017, 4ª feira, 21h30-23h00, Lisboa, Teatro BBVA;

- 29 de dezembro de 2017, 6ª feira, das Porto, Casa da Música, 21h00-22h30




Sinopse:

A comemorar 10 anos de carreira, os Melech Mechaya estão de regresso aos discos com o surpreendente “Aurora”, o quarto longa-duração do grupo. O disco foi misturado por Tony Harris (que trabalhou com nomes como R.E.M., Sinead O’Conner e Verve), e inclui as participações especiais dos portugueses Filipe Melo (piano) e Noiserv (voz), e da cantora espanhola Lamari de Chambao.

Depois dos bem-sucedidos “Aqui Em Baixo Tudo É Simples” e “Gente Estranha”, discos que foram apresentados em mais de 150 concertos em 10 países de 3 continentes, “Aurora” representa o trabalho mais inovador e original do quinteto, alargando os horizontes da música klezmer para uma sonoridade única que é só deles.

Guiné 61/74 - P18083: Em busca de... (285): Camaradas dos Pel Mort 4579; 4580 e 4581/BCAÇ 3884 (Bafatá, 1973/74) (Carlos Vieira, ex-Fur Mil do Pel Mort 4580)

 

1. Mensagem do nosso camarada Carlos Vieira, ex-Fur Mil do Pel Mort 4580 (Bafatá, 1973/74), enviada ao Blogue em 25 de Novembro de 2017:

Onde param os camaradas dos pelotões de morteiros 4579, 4580 e 4581, que no dia 31 de Agosto de 1974 viajamos todos no Boeing 707 da TAP, Vasco da Gama, de regresso a Lisboa e passagem à peluda na quartel do Campo Grande, hoje Universidade Lusófona?

 
Saudações do tabanqueiro periquito 761 
Carlos Vieira[1]
Pel. Mort. 4580 



Bafatá - Comando do BCAÇ 3884 - Pausa merecida. À esquerda furriel Vieira e à direita furriel Teixeira, ambos do Pel Mort 4580; à retaguarda, à esquerda, furriel Martins, à direita furriel Boga, ambos de transmissões; ao centro o furriel Barcelos do parque auto. Todos da CCS da BCAÇ 3884. 
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Notas do editor

[1] - Vd. poste de 20 de novembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17993: Tabanca Grande (452): Carlos Vieira, ex-Fur Mil do Pel Mort 4580 (Bafatá, 1973/74), 761.º Tabanqueiro

Último poste da série de 13 de dezembro de 2017 > Guiné 61/74 - P18080: Em busca de... (284): Veteranos da CCAÇ 797, "Os Camelos" (Tite e Nhacra, 1965/67), comandada pelo cap inf Carlos Fabião, e em especial os 8 elementos da secção do fur mil Júlio Lemos Pereira Martins, do 1º Gr Comb, comandado pelo alf mil inf Américo de Melo Pinto Lopes (Mário Leitão, autor do livro em elaboração "Heróis limianos da guerra do ultramar")

Guiné 61/74 - P18082: Consultório militar do José Martins (34): Memórias de Guerra (8): Memórias de Guerra - Adenda: Coimbra, Leiria, Lisboa, Porto e Estrangeiro


1. Adenda ao trabalho de pesquisa de autoria do nosso camarada José Marcelino Martins (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), sobre as Memórias de Guerra (Grande Guerra e Guerra do Ultramar), que podem ser vistas pelo país e estrangeiro. Aceitam-se, e agradecem-se, correcções e actualizações por parte dos nossos leitores.




ADENDA

Depois de concluído o trabalho acerca das «Memórias» da Grande Guerra e/ou da Guerra do Ultramar, continuei a pesquisar sobre as mesmas.

Solicitei a colaboração dos leitores, não só do Blogue «Luís Graça e Camaradas da Guiné», além de outras páginas das redes sociais, vou concluir este mesmo trabalho, acrescentando, ao mesmo, a presente Adenda.

Aqui usarei uma exceção. Colocarei fotos das mesmas memórias, usando a ordem alfabética do Distrito e do Concelho, dentro do País e por País no caso do estrangeiro.

Os créditos fotográficos ficam a dever-se a páginas do Facebook.

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Nota do editor

Último poste da série de 11 de dezembro de 2017 > Guiné 61/74 - P18073: Consultório militar do José Martins (33): Memórias de Guerra (7): Europa, África, América, Ásia e Oceania

Guiné 61/74 - P18081: Os nossos seres, saberes e lazeres (244): São Torpes, entre Sines e Porto Covo (1) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70) com data de 6 de Setembro de 2017:

Queridos amigos,
Há muito que se falava numas férias neste ponto do litoral alentejano, havia saudades do casco histórico de Sines, da sua preciosa comida, do infindável dos areais, daqueles rochedos curvados e recurvados. E há sempre o fascínio pela regeneração urbana de Sines, a multiplicidade portuária, tanto o porto de pesca como aquela linha contínua o porta-contentores que correspondem ao cartaz de que ali se abre uma porta para a Europa. E mais, havia saudades do centro de artes de Sines, um projeto dos arquitetos Aires Mateus, que foi finalista do Prémio de Arquitetura Europeu Mies van der Rohe, um dos mais consagrados.
Foi uma visita inesquecível, a neta rejubilava com as ondas, foi o eflúvio de alegria deste velho viandante.

Um abraço do
Mário


São Torpes, entre Sines e Porto Covo (1)

Beja Santos

Sines: praias, pescadores, terminal de carga, porta-contentores, património histórico, Vasco da Gama, centro de artes, festivais de música, comida. O viandante vinha com um firme propósito: alegrar a neta, doida por água, por saltar nas ondas, por resmungar na hora da retirada, a Benedita parece incansável, depois come uma pratada e faz a sesta. A casa que nos serve de refúgio é no Paiol, longe das centrais e perto da aprazível tasquinha de dona Anabela, que tem pão da Sonega e azeitonas gostosas, comida caseira primorosa. O que se vê nestas duas primeiras imagens é uma dádiva de Deus: muito provavelmente aquela flor é mais do que anual, dura um dia, aconteceu a companha aqui ter chegado e recebido tão maravilhosas boas vindas. Quanto ao nenúfar, é outra história, quando o viandante andou pela Guiné, em 2010, contemplou vezes sem conta, à volta dos arrozais aqueles tanques de água pejados de nenúfares. Aqui, dentro do tanque há uns peixinhos que quando veem um ser humano aproximar-se vêm à tona da água, querem amesendar-se, devem viver uma fome eterna. Isto para dizer que o meio circundante da casa do Paiol é magnífico, até grasna um ganso alimentado a alface e outras verduras.




É a neta quem decide o local do banho, está agradada com a bela temperatura, consta que devido à central elétrica, ali bem pertinho. O areal perde-se na lonjura, pergunta-se ao nadador o que é que se está a ver lá ao fundo, na ponta de tanta sinuosidade entre falésias e rochas espetadas no mar, e ele diz que é o Pessegueiro, depois de Porto Covo. O viandante confia, dentro de dias vai a Porto Covo conversar com Inácio Maria Góis, autor de uma das obras-primas da literatura guineense, um fabuloso diário, conversa proveitosa, o autor aceita que o seu livro seja revisto e inclusivamente Cherno Baldé, que veio de Fajonquito, fará as devidas emendas quanto à toponímia.


É necessário encarar a fortaleza para dar apreço ao que o velho casco histórico oferece. Não é um castelo esmagador, mas aquelas muralhas devem ter intimidado quem aqui se aproximava com más intenções. Hoje, é um castelo bonacheirão, já não há piratas nem corsários há o festival Músicas do Mundo, por ali andou Vasco da Gama, ali perto há uma praia com o seu nome. Andava o viandante numa sessão de cumprimentos na Pensão Carvalho, e apanhou este topo de casario à apontar para um tramo da muralha, gostou e disparou a imagem.


Esta adega é mais do que um edifício Arte Deco em formato modesto, o seu interior é uma preciosidade de tasca de outros tempos, enquanto a neta se atirava, lambona, a bifinho com ovo a cavalo, o avô enfrentava uma esplêndida meia-desfeita, foi almoço histórico, havia quem comesse javali, preciosidade da terra, o viandante nem oferecido comeria tal iguaria, lembra-se até à eternidade daqueles bifes duríssimos comidos em Missirá, há falta de melhor, aquilo nem com pimenta era tragável. Gostos não se discutem, até porque em breve aqui vem à procura do prato-ícone da adega, a feijoada de búzios.



Por aqui se entra para o tocante museu de Sines, vale a pena visitá-lo às frações, exibe vestígios de idades vetustas e chega à atualidade, pelo meio mostra relíquias como uma mercearia, como era na minha juventude. Logo à entrada temos estas colunas que vieram de um convento e que impressionam pela sua beleza, como seria o portal desta igreja, teria adro, como seria o seu interior? Questões para as quais não encontra resposta; por aqui o viandante passará várias vezes e sairá com as mesas incógnitas.



Faz-se uma pausa na visita ao museu, há por aqui imenso calor e a neta quer um sumo e um bolo de arroz. É nisto que se depara esta janela de outras eras, uma perfeição Arte Deco, o viandante já vira coisas parecidas, nada como esta. Irrecusável o seu registo, não vale a pena acrescentar mais o viandante tem obsessão por janelas, portas e portais, batentes e afins. Cada um é como é.


Não é uma obra qualquer de Graça Morais, ela por aqui andou e deve ter-se afeiçoado às fainas dos marinheiros, impossível ficar indiferente às formas, aos volumes, à expressão do olhar deste homem que ela imortalizou. Só por este quadro vale a pena regressar.



É o fim do dia, o céu cobre-se de umas nuvens escuras, é sinal que devemos abandonar a praia, vir para casa preparar a janta. Qualquer coisa chocalha na cabeça do viandante, não são nuvens como as pintou Turner, já as viu num livro qualquer, imprevistamente acende-se luz e lembra-se do pintor russo Isaac Levitan, desculpem a associação, mas aquele céu de Sines tinha algo de romântico. E assim nos despedimos nos primeiros dias, entre Sines e Porto Covo.

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 6 de dezembro de 2017 > Guiné 61/74 - P18052: Os nossos seres, saberes e lazeres (243): Em Vila de Rei, um passeio em relance (2) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P18080: Em busca de... (284): Veteranos da CCAÇ 797, "Os Camelos" (Tite e Nhacra, 1965/67), comandada pelo cap inf Carlos Fabião, e em especial os 8 elementos da secção do fur mil Júlio Lemos Pereira Martins, do 1º Gr Comb, comandado pelo alf mil inf Américo de Melo Pinto Lopes (Mário Leitão, autor do livro em elaboração "Heróis limianos da guerra do ultramar")


Guiné > Região de Quínara  > Tite > 1965 > CCAÇ 797 (Tite e Nhacra, 1965/67) > Grupo de furriéis e sargentos >


Guiné > Região de Quínara  > Tite > 1965 > CCAÇ 797 (Tite e Nhacra, 1965/67) > Grupo de furriéis e sargentos  (i) >O fur mil Júlio Lemos Martins é o nº 2, fila da frente, dos aninhados...



Guiné > Região de Quínara  > Tite > 1965 > CCAÇ 797 (Tite e Nhacra, 1965/67) > Grupo de furriéis e sargentos (II) > O nº 10 e nº 12 parecem ser sargentos. O nº 10 pode ser um civil, administrador ou chefe de posto...




Guiné > Região de Quínara  > Tite > 1965 > CCAÇ 797 (Tite e Nhacra, 1965/67) > Grupo de furriéis e sargentos (II)) 


Júlio de Lemos Martins Pereira, ex-fur mil, CCAÇ 797 (Tite e Nhacra, 1965/67),  morto no TO Guiné em 12/8/1965, por afogamento, no rio Louvado.

Nasceu em Ponte de Lima, no Largo Rodriguies Alves.  Era um dos cinco filhoos de Francisco Pereira Martins (mais conhecido por "Chico Laptum"). Fez a recruta no RI 13 (Vila Real). Mobilizado pelo RI 1, foi partiu para a Guiné,  2m 23/4/1965, integrado na CCAÇ 797 / BCAÇ 599, do cap inf Carlos Fabião.  Morreu afogado em 12/8/1965.no rio Louvado ( vd. carta de Tite).  

Fotos (e legendas: © Mário Leitão (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de Mário Leitão [ex- Fur Mil na Farmácia Militar de Luanda, Delegação n.º 11 do Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos (LMPQF), 1971 a 1973; membro da nossa Tabanca Grande; autor do livro "História do Dia do Combatente Limiano"]

Data: 23 de novembro de 2017 às 23:13
Assunto: Apelo àTabanca-Grande

Camarada Luís! Um grande abraço!

Peço-te o favor de divulgares o seguinte APELO:

Necessito de contactar veteranos da CCaç 797, "OS CAMELOS", que operou na Guiné entre 65/67, comandados pelo Cap Carlos Fabião.  (*)

Muito especialmente, desejo contactar alguns dos 8 elementos da secção do Furriel Júlio de Lemos Pereira Martins, pertencente ao 1º Grupo de Combate do Alferes Miliciano de Infantaria  Américo de Melo Pinto Lopes. (**)

O objectivo é esclarecer detalhes sobre a operação em que o Furriel Júlio Martins morreu afogado com o 1º Cabo Aux Enf Inácio de Freitas Ferreira, no dia 12 de Agosto de 1965, no Rio Louvado, região de Tite.

Também necessito de identificar o maior número possível dos militares que aparecem na foto anexa, em que o Furriel Júlio Martins é o primeiro da esquerda, aninhado.

Os dados destinam-se ao livro "Heróis Limianos da Guerra do Ultramar" em que se descrevem as vidas dos 52 rapazes de Ponte de Lima que perderam a vida pela Pátria, nessa guerra. Ficarei muito grato por toda a colaboração que possa surgir.


A 2ª Secção de Caçadores ("C" na História da Unidade da CCAÇ 797, "Os Camelos", Tite e Nhacra, 1965/67) era constituída por:


C – SECÇÃO DE CAÇADORES


Júlio de Lemos Pereira Martins – Furriel Mil – Atirador

António P. M. Morgado – Soldado 2930/64 – Atirador

Aníbal Alves Pires – Soldado 2939/64 – Atirador

Jorge Pina Filipe – 1.º Cabo 2944/64 – Atirador

Victorino A. Coelho – Soldado 2985/64 – Atirador

Joaquim da C. Machado – Soldado 300/64 – Atirador

José Herculano P. Ribeiro – 1.º Cabo 2927/64 – Atirador

António J. P.  Rodrigues – Soldado 3035/64 – Atirador

Manuel A. Amaral Nobre – Soldado 3026/64 – Atirador



Grande abraço para ti e toda a equipa!

Mário Leitão (Grã-Tabanqueiro 741)


2. Comentário do editor:

Infelizmente, não temos um único camarada, na Tabanca Grande, em 762 membros, que represente esta subunidade...

A CCAÇ 797, mobilizada pelo RI 1, partiu para o CTIG em 23/4/1965 e regressou a 19/1/1967, tendo passado por Tite, São João e Nhacra. Comandante: cap inf Carlos [Alberto Idães Soares] Fabião, um dos oficiais portugueses que melhor conheceu a Guiné. Recorde-se, morreu em 2006.

Temos um poste antigo donde constam 4 contactos de ex-camaradas da CCAÇ 797 (nomes e telefones/telemóveis), encontrados na Net pelo nosso coeditor Carlos Vinhal:
  • Emílio Abrantes, telef 238 691 390;
  • José Bayó, tm 917 291 778;
  • Jorge Duarte, tm 962 397 036;
  • Santos Costa, tm 917 415 288.
Mário, experimenta ligar-lhes.

3. Depoimento (notável) de Virgínio Briote sobre o Carlos Fabião (1930-2006) (***)

(...) O Cor Carlos Fabião estava doente há uns tempos e sabia-se que era uma daquelas coisas que raramente perdoam. Conheci-o na Guiné (o que não é para admirar uma vez que ele cumpriu lá, salvo erro, 3 comissões), era ele capitão. Numa das saídas do meu grupo para os lados de Tite, ainda nos finais de 65, ele comandou os dois grupos de combate que nos foram apoiar e recolher.

Recordo-me de ver um sujeito sob o forte, com uma varinha na mão, ar calmo. Via-se que lidava muito bem com o pessoal dele. Sentia-se que o rodeava uma aura mística, tinha carisma. E tu sabes o valor que isso tem nos soldados, o poder de os fazer acreditar que estavam protegidos. E tive oportunidade de constatar pesoalmente que os soldados tinham motivos, ele merecia que acreditassem nele.

Durante a minha comissão ainda tive o gosto de o rever mais duas vezes. E depois com o 25 de Abril, o Carlos Fabião tornou-se conhecido de quase toda a gente que viveu aqueles tempos, odiado por uns, amado por outros. Do que conheci dele, penso que a história não o tratou muito bem. Aqueles ventos chamuscavam os que andavam longe dos acontecimentos, quanto mais os que estavam no centro da fogueira. (...)
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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 7 de dezembro de 2017 > Guiné 61/74 - P18058: Em busca de... (283): 2º grumete fuzileiro Fernando Eduardo Pereira, natural de Lamego, e morto no CTIG c. 1963/64, deixando uma filha de meses que nunca chegará a conhecer o pai (Mário da Conceição Fernandes)

(**) Vd. postes de: