sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Guiné 63/74 - P13824: Notas de leitura (646): “Os congressos da FRELIMO, do PAIGC e do MPLA: Uma análise comparativa”, por Luís Moita, CIDAC/ULMEIRO, 1979, e "Aprender português na Guiné-Bissau": Um manual do aluno datado de 1994 (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 20 de Março de 2014:

Queridos amigos,
Neste afã de ajuntar o que à Guiné diz respeito, dei com esta edição do CIDAC de 1978 e permito-me chamar à vossa atenção para o papel pioneiro que eles tiveram na cooperação luso-guineense, é documentação que se pode consultar na sua sede, não há para ali revelações bombásticas mas dá para verificar que houve muita generosidade, vários doadores apostaram no progresso guineense. E coube-me a sorte em encontrar um tocante livro de aprendizagem português feito em parceria com a Escola Superior de Educação de Setúbal.
Dá gosto ver como sabemos ajustar a comunicação e ir ao encontro às reais necessidades dos outros.

Um abraço do
Mário


Os congressos da FRELIMO, do PAIGC e do MPLA: 
Uma análise comparativa

Beja Santos

“Os congressos da FRELIMO, do PAIGC e do MPLA: Uma análise comparativa”, por Luís Moita, CIDAC/ULMEIRO, 1979, é o balanço feito por um dos fundadores do CIDAC aos congressos dos três principais movimentos de libertação africanos de língua portuguesa, em 1977. Para o leitor mais interessado em conhecer a história do CIDAC, que começou por ser Centro de Informação e Documentação Anticolonial, logo em maio de 1974, e que se tornou posteriormente em Centro de Informação e Documentação Amílcar Cabral, remete-se para o link: www.cidac.pt/files/9013/8434/2125/Solidariedades.pdf, encontra-se neste documento a narrativa de 30 anos atividade laboriosa em termos de cooperação com as ex-colónias, o estudioso poderá encontrar na Biblioteca do CIDAC (Rua Tomás Ribeiro, 3-9 1069-069 Lisboa) o historial da cooperação com a Guiné-Bissau.

Importa registar que Luís Moita escreveu sobre os congressos do PAIGC anteriores a 1977. Referindo-se ao Congresso de Cassacá (13 a 17 de fevereiro de 1964), cita uma frase de Amílcar Cabral em 1969: “O partido já estava doente, após um ano de luta”. O Congresso tomou decisões fundamentais no domínio da organização política e militar, trata-se de matéria que está profundamente documentada. Passado 9 anos, o PAIGC reuniu o seu II Congresso no Boé. Em dezembro de 1972, tinham decorrido as eleições para a Assembleia Nacional Popular e em 20 de janeiro Cabral é assassinado. Neste II Congresso decidiu-se convocar a Assembleia Nacional Popular no decurso desse ano 1973, a fim de cumprir a decisão de proclamar o Estado da Guiné, são os acontecimentos de 24 d setembro de 1973. São portanto Congressos que assinalam etapas fundamentais da luta e onde se tentou a superação de contradições e dificuldades sentidas enquanto movimento independentista.

Luís Moita detém-se uma estrutura social guineense e cabo-verdiana e alude ao relatório do Conselho Superior de Luta do PAIGC onde se diz que o processo histórico da luta de libertação nacional foi desencadeado não por uma classe mas pelo setor revolucionário da pequena burguesia, não havia, tanto na Guiné como em Cabo Verde, um operariado consciente dos seus interesses.

O III Congresso debruçou-se sobre os anos de poder, entre 1974 e 1977. O PAIGC não fala em revolução socialista,  fala em democracia nacional revolucionária e procura não iludir as realidades: o poder político assentava numa base económica frágil, em virtude do baixo nível de desenvolvimento das forças produtivas nacionais, por isso a tarefa primordial era alargar e fortalecer a base económica do poder político. O III Congresso considerou que a etapa que se vivia era fundamentalmente caraterizada pelas necessidades de consolidação da independência e de mobilização nacional.

Entendia o PAIGC que se tinha estruturado como partido e tinha adotado um programa de frente nacional, era a vanguarda do povo da Guiné e Cabo Verde, praticava uma política de unidade nacional e definia-se como um movimento de libertação no poder. Neste III Congresso aprovaram-se novos estatutos do PAIGC onde se equacionavam as relações entre o partido e as organizações de massas:

  “Processam-se na base do princípio da independência orgânica e autonomia dessas organizações e do princípio da direção e controlo pelo partido”.

E assim chegamos ao conceito de desenvolvimento, apresentado por Aristides Pereira: 

“Só tomando medidas concretas que conduzam à liquidação da exploração pelo homem na nossa terra podemos criar as condições para que seja real o progresso continuo no nosso povo. Isto significa que o desenvolvimento da nossa terra tem de processar-se na base da mobilização das camadas mais desfavorecidas da população, sobretudo dos trabalhadores do campo”

E, mais adiante: 

“Na Guiné, há duas questões fundamentais que estamos a desenvolver: uma, é a criação de condições que conduzam ao estabelecimento do equilíbrio da nossa balança de pagamentos e a outra é a necessidade de reforçar e alargar as medidas tendentes a quebrar o círculo fechado da nossa autossubsistência, em que se encontra 80 % da nossa população”

Segue-se a enumeração de um conjunto de projetos, que, como se sabe, ou foram rotundos fracassos (caso do complexo agro industrial do Cumeré) outros que não encontraram doadores ou financiadores.

A direção do PAIGC eleita no III Congresso tinha a seguinte Comissão Permanente: Aristides Pereira (secretário-geral), Luís Cabral (secretário-geral adjunto), Francisco Mendes, João Bernardo Vieira, Pedro Pires, Umarú Djaló, Constantino Teixeira e Abílio Duarte.

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Aprender português na Guiné-Bissau: 
Um manual do aluno datado de 1994

Encontrei este manual editado pela Escola Superior de Educação de Setúbal na Feira da Ladra, teve uma tiragem de 900 exemplares, foi escrito por Alcina Ferreira e tem desenhos de Luís Balata e Manuel Júlio, a capa é de Elisa da Costa, uma aluna guineense.

Na apresentação ao aluno diz-se que “Durante este ano, vais aprender a escrever em pequenas frases aquilo que pensas. Vais também aprender a ler melhor, para entender o que os outros te contam por escrito. No fim deste ano serás capaz de ler o jornal, as cartas, as revistas e outros livros”.

É um livro felizmente articulado com as realidades guineenses, oxalá tinha sido útil a muitos meninos, preparando-os para falar mais fluentemente o português. Dá gosto ver materializada a cooperação entre metodólogos portugueses e guineenses, o manual tem conteúdo e a sua sobriedade não afeta o valor das mensagens. Aqui ficam algumas imagens.



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Nota do editor

Último poste da série de 27 de Outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13806: Notas de leitura (645): “Cidade e Império, Dinâmicas coloniais e reconfigurações pós-coloniais”, organizadores Nuno Domingos e Elsa Peralta, Coleção História e Sociedade, Edições 70 (Mário Beja Santos)

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Guiné 63/74 - P13823: Consultório militar, de José Martins (6): Respondendo aos nossos leitores, filhos ou netos de camaradas nossos, Luciano dos Reis Diniz, Francisco Bexiga e Jorge Fernandes... Alô, malta da CCAÇ 1787 (Empada, Buba, Bissau, Quinhamel) e da 2.ª CCAÇ / BCAÇ 4513 (Aldeia Formosa, Nhala e Buba, 1973/74)

A. Vamos ver o que temos aqui no "consultório militar" do nosso Zé Martins, que tenha ido a "despascho" e que esteja à espera de ser publicado...


1. Mensagem de um leitor nosso, Luciano dos Reis Diniz, com data de 25 do corrente:

Assunto - Batalhão 49, Companhia 3349

Boa noite,

O meu pai esteve na Guiné em 71 e gostaria de contactar os seus colegas, Tem alguma informação que me possa disponibilizar?
Obrigado.
Cumps


2. Resposta do nosso camarada José Martins [JM], no dia seguinte:

Boa tarde,  Luciano dos Reis Diniz

Acerca da questão que colocou ao administrador do blogue, passamos a informar:

A Companhia de Caçadores nº 3349, que em conjunto com as Companhias de Caçadores nºs 3350 e 3351, faziam parte do Batalhão de Caçadores nº 3841, foi constituida no Batalhão de Caçadores nº 10, em Chaves, tendo partido para a sua comissão de serviço, em ANGOLA, no dia 15 de Maio de 1971 e regressado em 29 de Maio de 1973. 

Foi comandada pelo Capitão Miliciano José Luciano Carvalho de Miranda e esteve estacionada em Cangamba e Lobito.

Portanto,. nos dados que nos informou, há uma incorrecção no número da Companhia ou no Teatro de Operações onde o seu pai prestou serviço.

Desta forma queira confirmar os elementos de que dispõe e, posteriormente, teremos todo o gosto em lhe comunicar o que nos for possivel obter.

José Marcelino Martins


3. Mensagem de Francisco Bexiga, com data de 6 do corrente

Boa tarde,

O meu nome é Francisco Bexiga, e sou filho do falecido Capitão António Alberto Rita Bexiga, em Cabinda, em 8 de Agosto de 1972.

O meu pai esteve na Guiné em 1968 e 69, e gostaria de saber se alguém que faça parte do Blogue, esteve com ele na Guiné.

Obrigado,
Francisco.


4. Resposta do José Martins: 
Manuel Serôdio, Rennes, França


O nosso camarada António Alberto Rita Bexiga foi Alferes na CCaç 1787 que esteve na Guiné entre Novembro de 1967 e Agosto 1969 [, Empada, Buba, Bissau, Quinhamel].

Veio a falecer em Angola.em 8 de Agosto de 1972. Tem várias entrada em Ultramar TerraWeb, procurando pelo nome.

Camaradas do blogue desta companhia: Manuel Serôdio, que vive em Rennes, na Bretanha, França. [, Foto à direita].

José Martins

5. Mensagem de Jorge Fernandes, com data de 6 do corrente:

 Bom dia.

Sou neto de um senhor que serviu na Guiné de 73 a 74, pertencia à 2.ª Companhia do Batalhão [BCAÇ 4513],  de nome António de Jesus Blanco Fernandes, natural  de Monção.

Gostaria de obter, se possivel, contactos de companheiros do meu avô para poder reencontrar velhos amigos.
Qualquer informação adicional não hesite em contatar-me.
José Carlos Gabriel

Cumprimentos e agradecido desde já.
Jorge Fernandes

6. Informação do JM para os editores:

Da  2ª CCaç / BCaç  4513 (Aldeia Formosa, Nhala e Buba - 1973/74) temos os camaradas António Murta, da Figueira da Foz, ex-alf mil (que está para entrar na Tabanca Grande) e o José Carlos Gabriel, ex-1º cabo cripto, que vive agora na Alemanha.[Foto à direita].

Vejam também a página Ultramar TerraWeb. Não verifiquei "um a um" os endereços que constam ao longo de 5 páginas.

Há noticias de encontros e procura de camaradas.


7. Um "anónimo" deixou, hoje,  um comentário no poste de 14 de  de junho de 2012 > Guiné 63/74 - P10033: Convívios (453): 2.º Encontro Nacional dos "Onças Negras de Bedanda" - CCAÇ 6, ocorrido no dia 9 de Junho na Mealhada (António Teixeira)


Boa tarde, fui condutor do Coronel Renato Vieira de Sousa em Lisboa, Campolide. Como posso ter o contacto com esse Sr.?

Chamo me Patricio (Coimbra)

fmpatricio@sapo.pt

Obg. Cumprimentos. Patricio


8. Resposta imediata do Hugo Moura Ferreira [, foto à esquerda], a pedido do Zé Martins;

Eu encarregar-me-ei desta tarefa, com todo o gosto!
Abraço a todos e em particular ao José M. Martins que me alertou para esta solicitação.


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Guiné 63/74 - P13822: (In)citações (71): Djarama (obrigado) a este "santástico" blogue por nos proporcionar um espaço de diálogo e de (re)encontro entre o passado, o presente e o futuro (Djuli Sal, neto do Cherno Rachide Djaló)


1. Comentário, de hoje (*), do nosso leitor, Djuli Sal, neto do Cherno Rachide [Djaló], do Quebo (ex-Aldeia Formosa), que morreu em 1973 ) (**):

[De acordo com o seu perfil no Google +,  "trabalhou em DGCI, fequentou a Universidade Colinas de Boe/Washinton State Uviversity; vive em Hafia,Bissau] [foto à esquerda]

Grato pela adopçao do termo "SANTÁSTICO" (*), agradeço a vossa amabilidade.

Ao meu ver,  este blog representa um veículo de divulgaçaã e contextualização da rica história da Guiné-Bissau.

Aos mais velhos proporciona uma autêntica nostalgia... Para os mais novos (como é o meu caso) é um meio de aprendizagem e de reencontro com as nossas verdadeiras raízes... 

E a todos faculta uma outra face da história, com possibilidades de fazer comparação com o passado recente e o presente, com intuito de projetar um futuro melhor... Um futuro liberto dos erros do passado, através de um novo raiar de sol da esperança de dias melhores rumo ao tão falado desenvolvimento do pais.

Mas para que tudo isso aconteça, os herdeiros da pátria do Cabral têm que enveredar pelo verdadeiro diálogo, perdão e reconciliação entre todos.

O meu obrigado do fundo do coração vai para a direção deste blog, por nos ter proporcionado um espaço de diálogo e encontro com a nossa histria.´

Djarama  (***)
Djuli Sal
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 21 de abril de  2011 > Guiné 63/74 - P8149: (Ex)citações (138): Sou o neto do Cherno Rachide (Djuli Sal)

(...) Olá, amigos, estou muito grato por esse santástico trabalho realizado por essa equipa de emprendedores que conseguiram reavivar a esperança de um povo esquecido no tempo.... o povo de Quebo (ex-Aldeia Formosa).

Sou neto do Tcherno Rachid Djaló [assinalado na foto, em rectângulo verde, tendo atrás, enquadrado por rectângulo a vermelho, o Cap Mil Vasco da Gama, Aldeia Formosa, Janeiro de 1973 ], e estou muito contente por essa iniciativa.(...) 


(...) O termo santástico deve ser lido como santo e fantástico (...)


(**) Al-Hajj Cherno Rachid Djaló parece ser a designação correta... Cito o especialista Francisco Proença de Garcia, oficial superior do exército português [, autor de  Guiné-Bissau 1963-1974: Os movimentos independentistas, o Islao e o poder português / Francisco Miguel Gouveia Pinto Proença Garcia. -Porto, 1996. -  (Texto policopiado) 283 f. : il. ; 30 cm. - Bibliografia, f. 268-283. - Tese de mestrado em Relaçoes Internacionais, Universidade  Portucalense, 1996]. Está disponível no sítio Triplov.com

(...) "Os dignitários islâmicos mais proeminentes eram Al-Hajj Cherno Rachid Djaló (futa-fula) de Aldeia Formosa (rebaptizada Quebo, após a independência), o Xerife Secuna Haydara (de linhagem xerifina) de Ingoré e, em Cambor, o Al-Hajj Cherno Mamagari Djaló (futa-fula).

(,,,) Sabe-se que foi disponibilizada uma verba de 200 mil dólares pela Presidência do Conselho de Estado para custear as despesas com a peregrinação a Meca para diversas personalidades destacadas da Comunidade. Na Guiné-Bissau, assim como em toda a África Ocidental, realiza-se a designada “peregrinação por procuração”, ou seja, emerge de uma comunidade um elemento para efectuar a peregrinação. Este elemento executa a peregrinação e obtem, na viagem, a bênção para toda aquela comunidade que suporta as despesas de tão honrosa missão. A comunidade em questão encarrega-se da família do peregrino, enquanto ele está ausente. O valor da peregrinação também envolve este procedimento. Se, por outro lado, o grupo social não realizar aquele esforço, podemos dizer que a peregrinação é afectada.

A peregrinação desempenha um importante papel político, uma vez que une muçulmanos de todo o mundo. Ao regressarem, os peregrinos são portadores do título honorífico de “Al-Hajj” (peregrino), o qual confere um estatuto aristocrático no plano sócio-religioso. De acordo com o Supintrep nº.11, entre 1959 e 1972, sob o patrocínio do Governo da antiga Província Portuguesa, visitaram Meca 230 peregrinos.(...)

(***) Último poste da série > 24 de outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13795: (In)citações (70): África meteu-se-nos debaixo da pele (Juvenal Amado)

Guiné 63/74 - P13821: Memória dos lugares (278): Jugudul, abril de 2006: (i) as instalações do antigo aquartelamento das NT, então cedidas ao empresário Manuel Simões (1941-2014); (ii) a bomba de combustível Galp; e (iii) a destilaria de aguardente de cana de açúcar (Fotos de A. Marques Lopes)











Guiné-Bissau > Região do Oio > Jugudul > Abril de 2006 > Aspetos parciais do antigo aquartelamento de Jugudul, cujas instalações foram adquiridas por (ou cedidas a) o empresário  lusoguinense Manuel Simões (Bolama, 1941- Jugudul, 2014) a seguir à independência (*). Ali instalou a sua casa, uma bomba de combustível (da GALP) e uma destilaria de aguardente de cana de açúcar.

Nos últimos anos de vida (de acordo com o testemunho do Zé Teixeira que esteva na sua casa em 2013), o Manuel Simões acabou por  fechar a destilaria, por não poder concorrer com os preços praticados por uma outra  destilaria, com moderna tecnologia,  que abrira entretantio, nos arredores de Bissau.

Na altura, da viisita da malta do Porto, em abril de 2006,  o Manuel Simões também tinha uma ponta (herdade) onde cultivava caju.

Fotos: © A. Marques Lopes (2006). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: LG]
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1. São imagens do fim de uma época... e  de uma vida de 70 e tal anos vividos na Guiné. Referimo-nos ao Manuel Simões. Sobre ele escreveu, em comentário ao poste P13783, o António Rosinha:

"Essa figura de 'branco africanista' à portuguesa, que Manuel Simões representa, é que foi a estirpe de gente que foi totalmente incompreendida neste rectângulo onde se dizia que Àfrica era para os africanos, para não dizer 'terra dos pretos', como se dizia na realidade. Aliás, Mugabe também pensa assim."



As fotos são do A. Marques Lopes, tiradas no âmbito da viagem "Do Porto a Bissau", realizada em abril de 2006. (**).

Recorde-se, por outro lado, que a um ano e picos do 25 de abril de 1974, a tabanca de Jugudul esteve a "ferro e fogo" (6 mortos, meia centena de moranças destruída), , como recorda aqui o nosso camarada Carlos Fraga (Poste P11417, de 18 de abril de 2013);

(...) "Caro Luís: A tabanca do Jugudul foi destruída no ataque de 23/1/73. Tirei as fotos que te mandei dos restos dessa tabanca. As moranças já estavam construídas, quando lá estive a substituir as que foram destruídas no ataque." (...)

Consultando a história do BCAÇ 4612/72, verifiquei  que o novo reordenamento de Jugudul tinha começado, logo a seguir, em  7 de março de 1973, e que a construção da estrada Jugudul-Bambadinca era um "espinho" cravado na garganta do PAIGC... (LG)
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quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Guiné 63/74 - P13820: História do BART 3873 (Bambadinca, 1972/74) (António Duarte): Parte XV: abril de 1973: depois de, em 25/3/1973, entrarem em cena, para surpresa das NT, os mísseis Strela, outros factos dignos de registo no setor L1: (i) presença de cubanos em Ponta Varela; (ii) Mansambo é flagelado ao fim de 8 meses; e (iii) a tabanca abandonada de Sinchã Bambe é reocupada e passa a chamar-se... Santa Cruz da Trapa, em homenagem à terra natal do cmdt do batalhão...



Guiné & amp; gt; Zona Leste & amp; gt; Setor L1 & amp; gt; Mansambo & amp; gt; 1970 & amp; gt; Vista aérea aquartelamento. Ao Fundo, da esquerda para a direita, a estrada Bambadinca-Xitole. Foto do Arquivo de Humberto Reis (ex-furriel miliciano de Operações Especiais, CCAC 12, Bambadinca, 1969/71)

(...) "Quanto à foto de Mansambo, a vista aérea – que é espectacular e que pessoalmente agradeço - gostava de saber de que ano é, se o Humberto tiver esses dados. A zona está totalmente nua, só com uma grande árvore ao fundo que se encontra à entrada do aquartelamento, pois vê-se a bifurcação para a estrada Bambadinca-Xitole (esquerda-direita. Falta ali uma árvore, a tal de referência para o IN, e que os nossos soldados chamavam a árvore dos 17 passarinhos, tal era a quantidade deles, que se situava na parte mais afastada da entrada. A mancha branca de maior dimensão seria o heliporto. Faltam os obuses, um de cada lado à esquerda e à direita. Ao lado dessa árvore ficava o depósito, que era uma palhota, de géneros e munições, que ardeu a 20 de Janeiro de 1969 (nesse dia chegaram os 2 Obuses 105 mm). Era véspera do aniversário da CART 2339. Ao fundo vê-se uma mancha à esquerda do trilho de entrada que era a tabanca dos picadores. À direita no triângulo de trilhos, ficava a nossa horta. A fonte ficava à direita da foto onde se vêem 3 trilhos, na mancha mais negra em baixo. Se confrontares com um mapa da zona vê-se aí uma linha de água" (...) [Carlos Marques dos Santos  (ex-fur mil inf los, CART 2339, Mansambo, 1968/69, um dos construtores do " campo de forticado Mansambo ".. . Este topónimo tem 235 referências no nosso blogue].

Foto: © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados [Edição: LG]


1. C ontinuação da publicação da História do BART 3873 (que esteve colocado na zona leste, no Setor L1, Bambadinca, 1972/74), a partir de cópia digitalizada da História da Unidade, em formato pdf, gentilmente disponibilizada pelo António Duarte.

[António Duarte, ex-fur mil da CART 3493, a Companhia do BART 3873, que Esteve los Mansambo, Fá Mandinga, Cobumba e Bissau, 1972-1974; Foi transferido para a  CCAC 12 (em  novembro de 1972, e não como voluntário,como por lapso temos indicado; economista, bancário reformado, foto atual à esquerda].

O grande destaque do mês de abril de 1973, três meses depois da morte de Amílcar Cabral (1924-1973) vai para os mísseis Strela que cruzam, peela primeira vez, em 25/3/1973, os céus do CTIG, apanhando  "de surpresa" as  NT ...

No setor L1 (Bambadinca) há a  registar apenas os seguintes factos (pp. 51/54,  cap II, da História da Unidade) (sublinhados, a vermelho, da responsabilidade  do editor):

(I) Presença, comprovada, de cubanos em Ponta Varela;

(Ii) Mansambo é flagelado ao fim de 8 meses; 

e (iii) A tabanca abandonada de Sinchã Bambe é reocupada e passa a chamar-se ... Santa Cruz da Trapa, em homenagem à terra natal do cmdt do Batalhão ...(LG)


Abril de 1973: depois de , em 25/3/1973, para surpresa das NT, entrarem em cena, no CTIG, os mísseis Strela, outros factos dignos de registo, no setor L1: 

(i) presença de cubanos em Ponta Varela; 
(ii) Mansambo é flagelado ao fim de 8 Meses; 

Guiné 63/74 - P13819: Tabanca Grande (450): Jéssica Nascimento, neta do nosso camarada Luís Nascimento, nossa novel Grã-Tabanqueira 670


1. Convite do nosso editor Luís Graça, feito no Poste 13752 à Jessica para fazer parte da nossa tertúlia:

A Jessica Nascimento, que vive em Viseu,  é neta do Luís Nascimento (ex-1.º Cabo Cripto na CCAÇ 2533, Canjambari e Farim, 1969/71) e sua "secretária particular" (é ela que nos manda, através do seu email,  a correspondência do avô). Veio ontem, na 23.ª  hora, perguntar-nos se podia utilizar o blogue para fazer uma surpresa ao "melhor avô do mundo"...

Claro que pode, e deve, já que ela é também seguramente a "melhor neta do mundo"... E como os netos dos nossos camaradas nossos netos são, a Jessica já há muito conquistou o direito de se sentar à sombra do poilão da nossa Tabanca Grande... Ela é um exemplo para os filhos e netos dos nossos camaradas, antigos combatentes.

Basta mandar-nos uma foto sua (que a gente não a conhece de vista nem de foto) , e dizer que aceita o o nosso convite.

Peço-lhe, à Jéssica, que mande, em meu nome pessoal, um alfabravo fraterno para o seu avô... que foi comigo para o TO da Guiné, no T/T Niassa, em 24/5/1969, e voltou para casa, também comigo, no T/T Uíge,  em 17/3/1971... fomos os dois, integrados nas respetivas companhias. Mas... nunca nos "encontrámos", até à data... (Quando um dia destes passar por Viseu, irei bater-lhe à porta...). Que tenha um grande dia, com saúde e alegria. (LG).


2. Mensagem da nossa nova amiga Grã-Tabanqueira Jessica Nascimento, com data de 20 de Outubro de 2014:

Boa noite,
Junto envio fotografia de Jéssica Nascimento para fazer parte da família do blogue de Luís Graça & Camaradas da Guiné, neta de Luis Nascimento.

Obrigada pelo convite :)
Um alfa bravo do meu avô.
Jessica Nascimento




3. Comentário do editor

Caríssima amiga Jéssica, muito bem-vinda a este grupo de ex-combatentes, e amigos tertulianos, na esmagadora maioria avôs.

Há muito que está familiarizada com o funcionamento do nosso Blogue, não fosse o meio de contacto do seu avô Luís connosco. Tive o prazer de o conhecer, não há muito tempo, pessoalmente em Viseu. Na foto abaixo está o avô Luís, literalmente, no meio de uns quantos rapazes do seu tempo.


Viseu, RI 14, 21 de Junho de 2014 - Apresentação do livro "Quebo - Nos Confins da Guiné" de Rui A. Ferreira

Resta-me agradecer a sua disponibilidade pela missão de mensageira do avô Luís, e enviar-lhe muitos beijinhos de boas-vindas em nome de todos estes avôs, e algumas avós, com os votos de muitas venturas para a sua vida.

Carlos Vinhal
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Nota do editor

Último poste da série de 19 de Outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13764: Tabanca Grande (449): Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), tertuliano do nosso Blogue desde 8 de Junho de 2006, atingiu as 1000 entradas na nossa página (Luís Graça / Carlos Vinhal)

Guiné 63/74 - P13818: Biblioteca em férias (Mário Beja Santos) (14): A Galiza, do interior, no rio Minho, até ao Atlântico, Vigo

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 3 de Outubro de 2014:

Queridos amigos,
Acabou-se a passeata, bonda de catedrais, museus, jardins, linhas ferroviárias e vinho alvarinho, bem bom para acompanhar mexilhões.
O estado de alma viandante era de candura e tranquilidade, deu para apreciar o que ia mudando no relevo à saída de Castela e Leão até chegar à verdejante Galiza, com rios e rias e muito casario em granito, parece que estamos em Trancoso ou Vila Nova de Cerveira.
Uma passeata para conhecer alguns dos grandes contrastes do Norte de Espanha. E percorrer caminhos por onde andaram os bisavós e os avós dos portugueses.

Um abraço do
Mário


Biblioteca em férias (14) 

A Galiza, do interior, no rio Minho, até ao Atlântico, Vigo

Beja Santos


Na fase dos preparativos da viagem, decidi que não queria fazer um estirão entre León e um local de regresso, até pensei em Salamanca e entrar em Miranda do Douro, tudo impensável: as ligações ferroviárias eram remotas ou impossíveis. E atraiu-me o nome do lugar e a imagem do colossal mosteiro: Monforte de Lemos. Foi este o ponto de passagem escolhido, como se andasse a viajar de mala posta. A viagem de comboio ajuda a esclarecer o que distingue o termo de Castela e Leão desta Galiza verdejante, Terras de Lemos, mais a mais sofreram a ocupação napoleónica, logo me mostrei solidário. Nem pensei duas vezes se este magnífico edifício e a elogiada ponte de Monforte, atribuída aos romanos, toda ela graciosa com as suas belas arcadas ficariam perto. Pois enganei-me. Desembarquei ao lusco-fusco, a arquitetura pareceu-me monótona, muito cimento em carne viva, disseram-me que o albergue era um pouco para lá do sol-posto, segui por passeios monótonos e silenciosos até chegar a uma granja que deve ter tido um passado com alguma sumptuosidade. Pelo caminho, ia rindo para mim, então não é que o mosteiro não fica lá no alto, e eu a julgar que me era acessível, lá dar um salto? É bem-feita, faz perguntas antes de fazer turismo, aprende de uma vez. O estômago a bater horas, no ar elétrico escapuliam-se trovões, indicaram-me a dedo um antro iluminado, ali me apresentei e me banqueteei com uma canja de aletria, pimentos assados e um pratinho de cozido à galega, que tanto aprecio. Adormeci arregalado, e pelas matinas apanhei o comboio.


Aqui está Tui e a sua fabulosa catedral, que se prende com a nossa História, é um regalo para os olhos sobretudo para quem vive em Valença, é panorama obrigatório. Passa-se de comboio resvés, fico sempre furioso pois todas as vezes que vou até Compostela não há meio de aqui andarilhar, e quanto lamento. Saí da Galiza interior e não lhe tomei o gosto, vi água abundante serpenteando ao lado do caminho-de-ferro, sente-se que estamos próximos do Minho, não pela arquitetura mas pelos solos, pela exuberância do verde e por aqueles vinhedos de alvarinho. Ontem à noite bebi um alvarinho de nome Martim Codax, no rótulo lá vinha um poema, uma cantiga de amigo, está ali um dos pais da nossa língua. Viva o alvarinho! E cheguei a Vigo, o mar está próximo, vou já arrumar os trastes e aproveitar o dia. À cautela, deixo-vos um registo da chamada arte pública de Vigo, bem curiosa por sinal:




Deambulando pela Porta do Sol, perguntei-me o que há de ícone neste “O Sireno”, talvez um homem-peixe ou peixe voador, ninguém desconhece que Vigo é cidade piscatória, um peso-pesado. Depois, na Praça de Espanha encontrei este grupo escultórico “Os cavalos”, não sei o que se homenageia, importa não esquecer que nem tudo é mar por aqui, bem próximo há extensos olivais, quem contempla a cidade a partir do Monte do Castro desfruta a impressionante baía de Vigo, que noutras perspetivas até parece criar a ilusão que estamos a ver uma ilha, como estar na Horta e ver o Pico, ou coisa parecida. E descendo até ao porto encontrei mais esta arte pública, parece um gigante afocinhado, enfim é arte pública que enche o olho e corta a monotonia, não sei se há mais substância. É domingo, descubro rapidamente que não vale a pena procurar museus, fecham às duas da tarde e outros nem abrem. Mas tenho sorte quando passo pela Fundação Barrié, está ali patente uma prodigiosa exposição intitulada “Compañeiros de oficio”, nome dado por Le Corbusier aos velhos artesãos da construção, é uma exposição que pretende refletir sobre o papel de uma humilde arquitetura anónima utilizada como referente na obra de grande nomes da arquitetura contemporânea, caso de Mies van der Rohe, Alvar Aalto, Alejandro de la Sota, Siza Vieira, Souto de Moura ou Glen Murcutt. Para mim foi uma delícia percorrer séculos e ver materiais que chegaram ao nosso tempo, relacionados com o meio e o clima e que levaram génios da arquitetura a compreender que o génio do povo não lhes é inferior.


Saio consolado (como se diz nos Açores) agora vou até ao casco histórico, passo pelo Instituto Camões em pedra e granito, passo por um belo jardim paralelo ao porto, não vou sair daqui sem comer peixe. Numa esplanada, pedi uma sopa de cebola, uns mexilhões e bom naco de tortilha, lambo a beiça com alvarinho, que bom é a vida de turista! Agora é passear à beira-mar, ainda estive tentado a tomar um barco até às ilhas Cíes, situadas à entrada de ria de Vigo, e que formam parte do Parque Nacional das Ilhas Atlânticas. Não, quero algo de mais prosaico, apanho um ferryboat e vou até Cangas, no outro extremo. E não me arrependi, e daqui vos deixo as últimas imagens:



Sei muito bem que não há aqui nada de deslumbrante, imagens de porto a remeter para outra localidade são aos milhões. E o passeio marítimo em Cangas, avistando Vigo ao longe também não tem nada de transcendente. Mas o ânimo era de muitíssima boa disposição, caminhava-se para o termo de uma passeata encetada em Bilbau, estou de barriga regalada, pois uma boa viagem deve sempre cruzar o olhar entre a civilização e a cultura, dar tempo a contemplar a natureza, descobrir preciosidades onde o chamado senso-comum adverte que há mais monotonia e vulgaridade que grandes surpresas.

Tudo o que se começa tem o seu acabamento. Janto umas tapas, adormeço seráfico, é preciso partir bem cedo de Vigo para o Porto. É uma bonita despedida da Galiza, e depois passamos para Portugal, qual monotonia, viajamos perto do rio Lima, tudo luxuriante, até avistei o Casino Afifense, e num tiro se chegou à Campanhã, daqui houve nome de Portugal, já estou a avistar Portus Callus. Agora sigo para Lisboa. Chegou o momento azado de começar a pensar em nova viagem: que tal o sul de Itália? E conhecer o Montenegro? E visitar finalmente a Irlanda? Ou passear-me por Bruxelas, que conheço menos mal? Logo se vê. Depois dou notícias. Ponto final.
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Nota do editor

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Guiné 63/74 - P13817: Parabéns a você (807): Mário Vasconcelos, ex-Alf Mil TRMS do BCAÇ 4612/72 (Guiné, 1973/74)

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Nota do editor

Último poste da série de Guiné 63/74 - P13814: Parabéns a você (806): Para o camarada Luís Marcelino, com um obrigado pelo acolhimento em Mampatá (António Murta, ex-Alf Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513/72)

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Guiné 63/74 - P13816: Blogpoesia (394): Baladas de outono (J. L. Mendes Gomes, ex-alf mil, CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1984/66; autor de "Baladas de Berlim", Lisboa, Chiado Editora, 2013)

O poeta,  com os netos, em Berlim. c. 2012...
Também ele perdeu, há 3 anos atrás,
o seu querido neto Tomás, com 2 anos e picos...
Um tumor no cérebro (*)...

De bicicleta ao vento…


Vou de bicicleta ao vento,
Na estrada suave,
Que serpenteia a encosta,
Seara bailante,
Centeio e cevada.

Ao pé dum riacho,
De águas tão puras,
Se vê as areias,
Peixinhos correndo,
Sem freio nos dentes.

Desabotoei a camisa,
Meu peito arfando,
É barco rabelo,
Pelo Douro subindo.

Meus cabelos ao vento
São a bandeira da paz,
Que vou agitando,
Rogando a bênção
À Mãe-Natureza.
A deusa do pão…
Que há-de nascer.

Minha roda da frente,
Vai rolando aos esses,
Vai tonta de gáudio,
Brincando na estrada.

E o selim,
Meu danado corcel,
Quanto mais lhe carrego,
Mais ele, tão suave e tão meigo,
Me impele a rolar…

Ouvindo Hélène Grimaud em Sonata de Beethoven

O dia está nascendo, parece melhor

Mafra, 15 de Outubro de 2014. 6h10m

Joaquim Luís Mendes Gomes



Recomeçar…

Alf  mil, CCAÇ 728, Cachil, Catió 
e Bissau, 1964/66

Se pudesse voltar ao começo,
Quereria chegar onde estou,
Mas escolheria outro caminho.

Poderia ser do mesmo torrão,
A mesma fonte e o mesmo berço,
O mesmo raiar da aurora,
A mesma hora de adormecer,
Pelas mesmas que me deitavam,
A mesma escolinha virada nascente,
E a inocente catequese.

Bem outra seria a diocese,
Outro bispo e seminário,
Só com frades de eremitério,
Onde reinasse a simplicidade.
Com virtude e luz a sério,
Rumo a um fim de eternidade.

Aprenderia latim,
O grego não.
Entraria no mar da literatura,
E na vastidão da filosofia.
Com a música em pano de fundo,
Aprenderia a tocar piano.
Uma viola ou violino.
Daria largas à imaginação
Para escrever meus pensamentos,
Fossem bons,
Fossem lindos,
Com a beleza de pinturas.

Para lançar aos quatro ventos,
Derramando paz, amor e harmonia.
Adoraria o mesmo Senhor,
Com os pés bem assentes nesta terra virgem.

Sem as nuvens baças dos tabus e preconceitos,
Nem as falsas redes de suspeitos,
Escolheria o mar e a serra
Para meus vizinhos,
E um Tejo imenso para
Contemplar as lezírias e as campinas,
Desde a larga foz
Às terras de Espanha.

Mafra, 3 de Outubro de 2014, 8h3m

Joaquim Luís Mendes Gomes



Autor de Baladas de Berlim, Lisboa, Chiado
Editora, 2013, 232 pp. Preço de capa: € 14; 
Oração à Mãe…


Vou de caravela…
Adejando ao vento, nas ondas do mar.

Vou baloiçando soluços de dor,
Gemidos de amor,
Saudades ardendo,
Num coração a bater.

Das horas passadas,
Parecem tão poucas,
Que o tempo levou.


Vou à procura d’alguém que partiu,
Quando era menino,
Minha fonte de amor,
Para sempre secou…

Pode ser que a encontre
Numa ilha perdida,
Pensando em mim,
Como nela eu penso.

Sonho com ela nas horas mais tristes,
Lavo a dor com lágrimas ao sol,
O calor mas enxuga
Mas volto a chorar.

Parece-me ouvi-la,
Algures nos longes do mar…
Talvez chamando e orando por mim.


Ouvindo "nocturnos” de Chopin

Mafra, 2 de Outubro de 2014, 15h40m

Joaquim Luís Mendes Gomes (**)


[Revisão / fixação de texto: LG] 




Lisboa > Livraria Bar Les Enfants Terribles > Cinema King > 2 de novembro de 2013 > 19h00 > Sessão de lançamento do livro de poesia do nosso camarada J. L. Mendes Gomes, "Baladas de Berlim" > Da esquerda para a direita: Luís Graça, que apresentou o livro: o poeta e o seu filho mais velho, Paulo Teia, padre jesuíta,  que apresentou o pai e o poeta; e ainda a representante da Chiado Editora...

O Paulo Teia é  um jovem que atingiu já o estado da sabedoria e da serenidade... . Disse, entre muitas outras revelações interessantes para se compreender o "making of" deste livro de poemas, bem como a personalidade e o talento do autor, que um jesuíta é um "contemplativo em acção". O lado contemplativo, conventual, ele terá herdado  do pai, jurista; o  lado proativo e prático ter-lhe-á vindo da mãe, bióloga, verdadeira "âncora da família"... Os filhos são quatro. A intervenção do Paulo Teia, o "filius amatus",  tocou-nos a todos e deixou o pai... babado! (LG)


Foto: © Virgínio Briote  (2013). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: LG]

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Notas do editor:


(...) B. Décima terceira carta > O pior estava para vir > Parte II > Meu Neto Tomás

No dia 25 de Novembro de 2011, esmagado em dor, escrevi no meu diário:

Já sabia o que era perder os pais e a única irmã. O que era perder avós e os tios todos. O que eu não sabia nem nunca imaginara era a dor tamanha de perder, dum dia para o outro, um netinho de dois anos e quatro meses! Fulminado por um tumor benigno sobre o cérebro!…Não deve haver dor maior…

Mafra, 2 de Dezembro de 2011:

Meu coração sangra de dor pelo meu Tomás... Apenas dois anos e quatro meses…Um volumoso tumor esmagou-lhe o cérebro, fatalmente, dum dia para o outro. Meus ouvidos rebentam de saudade das ricas gargalhadas sempre acesas do Tomás e do constante desafio para a brincadeira. Começou a falar, apenas há pouco mais de um ano. Com uma precisão, clareza e oportunidade espantosas. Nasceu para falar português, dizia eu. (...) 


Guiné 63/74 - P13815: In Memoriam (201): Bruna Durães (26/3/2003 - 28/10/2014), a neta mais velha do nosso querido amigo e camarada Benjamim Durães, ex-fur mil op esp. CCS/BART 2917 (Bambadinca, 1970/72)... O corpo estará ao fim da tarde em câmara ardente, na capela do Socorro, junto ao Mosteiro de Jesus, em Setúbal. O funeral será amanhã às 11h.


VII Encontro Nacional da Tabanca Grande  > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012 > O avô Benjamin Durães trouxe, desde Palmela, os seus cinco netos: na primeira fila, da esquerda para a direita;  Fábio, Rafael, avô e Tiago; na segunda fila, da direita para a esquerda, Bruna e Marta;  a Bruna é a mais velha, na altura com 9 anos... Bruna e Tiago são irmãos, filhos da filha mais nova do Benjamim Durães, Sandra (se não erro)...

Todos estão devidamente equipados e ostentando na lapela o crachá do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72) a que orgulhosamente pertenceu o nosso camarada, fur mil op esp e DFA - Deficiente das Forças Armadas.




VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012 > A Joana Graça, filha dos nossos tabanqueiros Luís Graça e Maria Alice, com três dos netos do Benjamim Durães... As duas raparigas eram, da direita para a esquerda, a Bruna e a Marta. O rapaz parece ser o Tiago.

Na altura, o nosso editor chamou a atenção para a mensagem que estávamos, ali, em Monte Real, a passar à geração dos nossos filhos e netos. Vários camaradas tinha então trazido consigo  os seus filhos (casos, por exemplo, dos nossos editores Luís Graça e Eduardo Magalhães Ribeiro, ou da nossa amiga Felismina Costa) ou dos seus netos (casos do Valentim Oliveira,  Hugo Guerra e  Benjamim Durães, por exemplo). (*)

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2012). Todos os direitos reservados


1. Recorde-se que o Benjamim Durães foi  fur mil op esp,  
Pel Rec Info, CCS/BART 2917 (Bambadinca, 1970/72).

Esteve vários meses em Bambadinca com o nosso editor Luís Graça e outros membros da nossa Tabanca Grande, antes de ser ferido e evacuado para a metrópole.  É DFA. É  um dos habituais organizadores dos convívios da CCS/BART 2917,  Sempre voluntarioso e generoso,  é um homem de causas, sendo presidente da direção do Núcleo de Setúibal  da Liga dos Combatentes..

No 10º aniversário do nosso blogue, em 23/4/2013, escrevemos sobre ele o seguinte (**):

"Está neste momento a viver um grande drama, a doença de uma das queridas netas, de 10/11 anos,  a mais velha, a Bruna, que tem um prognóstico reservadíssimo, estando por isso a precisar, ele e toda a sua família, de uma palavra amiga, solidária, de toda a Tabanca Grande"...

Na altura, não o  quisemos revelar, a Bruna, que era uma doçura de criança,  tinha um tumor no cérebro e o prognóstico médico ia no sentido de lhe dar poucos meses de esperança de vida. Face a este aterrador  prognóstico e à natureza incurável da doença, a família ainda ponderou a hipótese de viajat até à América, na esperança de encontrar alguma solução de última hora. Os custos eram incomportáveis para uma modesta família portuguesa, da ordem das centenas de milhares de dólares,  e os médicos portugueses devem também ter desencorajado a iniciativa. Restava à Bruna viver os últimos meses de vida  que o cruel destino lhe reservava. E à família acreditar num derradeiro milagre...

Bruna Durães da Costa  (2013-2014).
Foto de perfil da sua página
no Facebook.
A Bruna acaba de morrer esta manhã,  no IPO - Instituto Português de Oncologia, em Lisboa. Era  filha da filha mais nova do nosso camarada. Destroçado, o Benjamim comunicou-me a notícia ao fim da manhã.

Não há palavras para consolar alguém pela perda de uma criança, seja filha ou neta... A morte neste caso é o mal absoluto. Ficámos todos chocados com a notícia, a Joana, a Alice e eu, que conhecemos a Bruna em 23/4/2012, em Monte Real. E em especial a Joana,  que hoje veio almoçar connosco, tinha ficado com imensas saudades dos netos do Benjamim Durães e tinha uma viva memória da Bruna.

O corpo vai ser cremado. O velório será na capela do Socorro, em Setúbal, junto ao Mosteiro de Jesus. O funeral será amanhã às 11h. Fica aqui telemóvel do Benjamim para os amigos e camaradas da Tabanca Grande lhe darem o  alfabraço de amizade e de camaradagem de que ele está a precisar neste momento: 939 393 315. Tem também página no Facebook.

Os votos de pesar e solidariedade ma dor, de toda a Tabanca Grande, vão para os pais, os avós, o irmão, os tios, os primos e demais famílai e amigos da Bruna, cujo doce sorriso vamos guardar como a melhor lembrança da sua passagem entre nós.

Até sempre, querida Bruna! Muita coragem para ti e para toda a família, bom amigo e camarada Benjamim! (***)
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Notas do edittor

(*) Vd. poste de 22 de abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9780: VII Encontro Nacional da Tabanca Grande (11): Que ganda ronco!... As primeiras fotos da Op Monte Real 2012, com uma mensagem para o futuro

(**) Vd. poste de 23 de abril de 2014 > Guiné 63/74 - P13028: 10º aniversário do nosso blogue (20): Um corredor de paz, a estrada (alfaltada) Bambadinca-Bafatá, onde o PAIGC nunca conseguiu penetrar... pelo menos no período de 1969/71 (fotos de Benjamim Durães, a quem mandamos um alfabravo fraterno e solidário num momento dificílimo, para ele, como pai e avô)

(***) Último poste da série > 21 de outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13779: In Memoriam (200): Manuel Simões (1941 - 2014), um português de Bolama, que foi a Conacri ao funeral de Amílcar Cabral, e que andou na escola com 'Nino' Vieira, e que recebia, em Jugudul, de braços abertos, os seus amigos, fossem de Cabo Verde, fossem de Portugal (Manuel Amante / A. Marques Lopes / Xico Allen / António Camilo / José Teixeira)..