Fonte: PAIGC (2003) > Depoimento de Elisée Turpin
Mais informações, pormenorizadas, sobre o Turpin, por parte do Sargento Mário Dias, dos comandos, ex-camarada do Virgínio Briote (por cujo intermédio chegou esta mensagem:
Ao passar pelo foranada li as memórias do Elisée Turpin de quem me recordo perfeitamente. Era empregado no escritório da SCOA que ficava num edifício com a estrutura em grande parte de ferro, ao lado da catedral.
O Elisée Turpin tinha um irmão, de nome Antoine, que eu conheci quando estava em Farim. Ele era o encarregado do armazém de produtos (mancarra e coconote) que a NOSOCO tinha em Binta. Ali estive muitas vezes com ele quando embarcávamos os referidos produtos nos barcos da SG que iam carregar ao porto de Binta.
Mas voltando à SCOA, onde o Turpin foi empregado de escritório: Depois do encerramento dessa casa comercial, esse edifício serviu como sede do Sindicato e da Caixa Sindical onde curiosamente eu trabalhei no período que mediou entre a minha passagem à disponibilidade - Outubro (?) de 1960 - e o regresso ao serviço militar activo, em Janeiro de 1963. Actualmente esse edifício é uma pensão, segundo tenho visto publicado no blogue - onde inclusivamente dele existe uma foto.
Já agora, e apenas também como curiosidade, eu fui trabalhar para o Sindicato porque, enquanto estava no serviço militar (com o Domingos Ramos, Rui Jassi, Constantino Teixeira, etc. etc.), a NOSOCO, firma comercial francesa onde eu trabalhava, encerrou a sua actividade na Guiné.
A sede da NOSOCO ficava junto ao rio, estendendo-se as traseiras para a actual Rua Guerra Mendes, mesmo junto a um dos baluartes da Amura. Ao lado era a PSP, comandada pelo major Pezarat Correia, pai do actual brigadeiro (ou general?) ligado ao 25 de Abril de 1974. Este edifício foi, durante a guerra, sede e armazém da Manutenção Militar.
A pacata Bissau colonial dos anos 60. A Praça da República. Postal da época.
Imagem enviada por João Varanda, ex-militar da CCAÇ 2636 (Có, 1969/71).
Das pessoas referidas pelo Elisée (1) recordo-me perfeitamente de:
- Benjamim Correia, que tinha uma loja de bicicletas e acessórios e era um conceituado comerciante muito estimado e considerado entre a população da Guiné, "colonos" incluídos;
- Rafael Barbosa, que era funcionário das Obras Públicas e tinha uma pequena deficiência numa perna que o obrigava a mancar;
- Quanto ao Inácio Semedo, o único Semedo de que me recordo era o guarda-redes do Sporting de Bissau, alcunhado de "Swift"; talvez não seja o mesmo;
- Luís Cabral, irmão do Amílcar, trabalhava na Casa Gouveia.
Porém, aqueles de quem melhor me lembro - por com eles ter lidado mais de perto - são:
- Fernando Fortes que era funcionário dos Correios em Bissau: tinha um irmão (Alfredo, salvo erro) que nos meus tempos de Farim (1953/55) era o Delegado Aduaneiro naquela localidade;
- João Rosa foi meu colega de trabalho na NOSOCO. Era o guarda-livros. Fui muitas vezes a casa dele no Chão Papel (2). Era muito meu amigo e fui visitá-lo ao hospital quando ali foi internado, já sob prisão da PIDE;
- João Vaz era o alfaiate dos serviços militares. A oficina era na Amura e era ele que fazia o fardamento para os recrutas e demais militares. Ainda tenho comigo um camuflado que ele me fez sob medida.
E chega por hoje. Se me ponho a desbobinar as recordações da Guiné, nunca mais paro.
Mário Dias
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(1) Vd. post de 12 de Novembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCLXXXV: Antologia (24): Elisée Turpin, co-fundador do PAIGC.
(2) Vd. planta da cidade de Bissau (pós-independência): o Chão de Papel ficava a sudoeste da cidade, contígua a Bandim.
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