quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Guiné 63/74 - P2495: Arsénio Puim, ex-Alf Mil Capelão do BART 2917: recordando a atribulada coluna logística ao Xitole, em Setembro de 1970

Fão, Esposende > 1994 > 1º Encontro da malta de Bambadinca (1968/71): CCS do BCAÇ 2852 (1969/71), CCAÇ 12 (1969/71), Pel Daimler 2606 (1970/71) e outras unidades adidas.

Na foto, o ex-Alf António Carlão, transmontano, da CCAÇ 12, é o terceiro a contar da esquerda, sendo ladeado pelo Humberto Reis e o José Luís Sousa, ex-Fur Mil da mesma unidade (à sua esquerda) e pelo J.L. Vacas de Carvalho, ex-Alf Mil Cav, do pelotão Daimler. O Carlão era, na altura, comerciante em Fão, tendo sido ele o organizador do encontro, com a prestimosa colaboração da sua Helena.

Foto: © Humberto Reis (2006).

1. Mensagem, enviada em 18 de Janeiro último, pelo nosso amigo Luís Candeias, açoriano, da Ilha de Santa Maria (e, portanto, conterrâneo do Arsénio Puim, além de seu amigo), onde é controlador de tráfego aéreo (1):

Bom dia, Luís:

O Arsénio não se zanga por eu reenviar este e-mail que recebi ontem.

Um grande abraço

Luís Candeias

2. Mensagem do Arsénio Puim para o Luís Candeias, com data de 17 de Janeiro:

Amigo Luís:

Obrigado por me teres posto no caminho de encontro com os meus velhos companheiros da Guiné. Um dia mais tarde vou entrar no blogue, quando estiver mais disponível. Confesso também que sou muito fraco, além dum pouco avesso, a estas tecnologias modernas.

Presentemente estou a preparar um livrinho sob o título «O Povo de Santa Maria - Seu Falar e suas Vivências», que espero publicar no próximo verão. Antes disso, porém, vou ir à minha ilha.

Tenho gosto em completar alguns elementos da viagem para o Xitole que o Luis Graça refere no teu email. Eu seguia realmente numa viatura com a esposa do alferes Carlão, uma simpática moça de nome Helena. Um pouco antes de Mansambo, a coluna parou de súbito. Carlão passou por mim e pediu-me para me deslocar à cabeça da coluna. Fui e topei com um grande buraco aberto no caminho por uma mina que acabara de rebentar e dois africanos estendidos no chão, que eram os picadores do pelotão de Mansambo que nos tinha vindo fazer segurança. Um estava morto e o outro, com uma perna partida e toda retorcida, olhou para mim com uns olhos suplicantes que eu nunca mais esqueci.

Continuámos viagem para o Xitole, tendo, porém, a esposa do alferes Carlão ficado em Mansambo até o regresso da coluna. Eu fiquei no Xitole, talvez por duas semanas.

As minhas saudações para a Ana e meninas.

Um grande abraço,Arsénio Puim

3. Comentário de L.G.:


As minhas calorosas saudações ao Arsénio. Faço votos para que, o mais breve possível, ele se junte a este simpático, ordeiro e bom povo da Tabanca Grande... Fico à espera de matar saudades dos bons (mas também evocar os maus) tempos de Bambadinca. Até lá desejo-lhe boa continuação da escrita do seu livro, e sobretudo muita saúde.

Sobre os factos que ele aqui descreve (uma coluna logística, organizada pelo BART 2917, no itinerário Bambadinca - Mansambo - Xitole, em que ele acompanhou a mulher do Alf Mil Carlão, da CCAÇ 12), posso acrescentar o seguinte:

(i) Tenho perfeita noção da organização dessa coluna pelo facto de nela se ter integrado o Alf Mill Capelão Puim (que ia visitar a unidade de quadrícula do Xitole, no âmbito da sua função de capelania), bem como a esposa, a Helena, do nosso camarada da CCAÇ 12, o Alf Mil Carlão;

(ii) Não consigo ser tão preciso quanto à data em que se realizou essa coluna; os aquartelamentos de Mansambo e Xitole, do Sector L1, e do Saltinho, do Sector L5, dependiam muito das colunas de reabasteciemnto feitas a partir de Bambadinca; essas colunas realizavam-se muito mais vezes no tempo seco do que no tempo das chuvas e envolviam grandes meios (viaturas civis e militares, escolta de segurança a nível de companhia, picadores, forças de segurança para guarnecer os flancos, ao longo do percurso e, às vezes até, apoio aéreo);

(iii) Na História da CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71) identifiquei um período onde se deve situar a cena acima descrita; tatra-se de resto de um coluna em que eu próprio participei... Transcrevo a seguir esse excerto.

4. Excertos da História da CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71):


(15) Setembro/70: A CCAÇ 12 empenhada na segurança aos trabalhos da nova estrada Bambadinbca-Xime

(...) Quanto ao resto, a actividade operacional da CCAÇ 12 limitar-se-ia a colunas logísticas, tendo estado empenhada no trabsporte de 50 tonmealadas de arroz para as populações do Xitole / Saltinho, o que motivaria a realização de três colunas para o Xitole, com viatuars Berliet postas à disposição do BART 2917, nos dias 9, 14 e 15 [de Setembro de 1970].

A 14, forças da CART 2716 [, sediada no Xitole,] detectaram e levantaram uma mina A/P reforçada com 7 kg de trotil, entre a ponte do Rio Jagarajá e a ponte do R Pulon.

A 15, o Gr Comb da CART 2714 [, a unidade de quadrícula de Mansambo,] que picava o troco de estrada entre Mansambo e a ponte do Rio Timinco, seria emboscado por um grupo IN, simultaneamente ao accionamento de uma mina A/P reforçada (de que resultou a morte dum picador), escassos minutos antes da coluna Bambadinca-Xitole passar. O 1º Gr Comb da CCAÇ 12 que ia na testa da coluna, procedeu depois ao reconhecimento da área, tendo detectado trinta abrigos individuais e a posição de um morteiro 81 (a 1 km das estrada) (...)


__________

Notas dos editores:

(1) Vd. postes de:


19 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2452: Tabanca Grande (53): Luís Candeias, Ex-Fur Mil Inf (BII 18 e BII 19, Açores e Madeira, 1973/74

8 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2421: Em busca de... (15): Pessoal da companhia madeirense que esteve em Jemberem (1973/74) (Luís Candeia, amigo do Arsénio Puim)

12 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2433: Em busca de ... (16): Pessoal da CCAÇ 4946/73, madeirense + Arsénio Puim, ex-capelão, açoriano, BART 2917 (Luís Candeias)

16 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2444: Arsénio Puim, ex-Alf Mil Capelão, CCS/BART 2917, hoje enfermeiro reformado e um grande mariense (Luís Candeias)

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