Uma Guerra que ainda não terminou, a dos filhos e netos dos que combateram do nosso lado
Não falei com o José Teixeira nem conheço a história do Candé. Através destas mensagens que transcrevo abaixo, presumo (o José Teixeira que me corrija, se alguma imprecisão houver) que conheceu a Candi Candé na romagem que acaba de fazer a Guiledge, Gandembel, Iemberém, ao Quebo, a Mampatá...
Para além de todas as ideologias e das guerras que as suportaram (que, permitam-me hoje esta imposição, neste artigo não têm tempo nem lugar de as aqui defender), o que não deixa de nos tocar é o saldo líquido, o que ficou desta tremenda Guerra que, ainda hoje é considerada como a mais violenta luta que se travou pelas Independências das Áfricas.
vb
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1.Mensagem do José Teixeira para a Cadi Candé, a filha de um antigo Camarada de armas, que com muitos de nós andou pelos mesmos caminhos à procura do então IN:
Cadi,
Sou para ti um branco estranho e estrangeiro que em Guiledje descobriu a filha do Candé - guerrilheiro terrível que assustava o Inimigo e dava confiança a todos os que a seu lado caminhavam nas picadas do Tombali.
Pelo Mudé Embaló (que também já faleceu, segundo soube pela sua família na Chamarra), soube há muitos anos, que morreu de forma inglória e injusta.
Ele era como todos os que para aí foram combater, uma vítima do sistema político existente em Portugal continental. Merecia melhor sorte.
Agora tive a feliz sorte de conhecer a sua linda filha.
Foi muito bom para mim, conhecer-te. E foi muito bom para mim voltar a Quebo, a Manpatá, a Chamarra e sobretudo ver Gandembel, Guiledje e Imberém, num programa montado com a tua participação activa.
Gostei imenso de te conhecer. Bonita como todas as Mandingas? Ou fulas ? Creio que Mandinga. Activa, empenhada, alegre. Muito obrigado Cadi.
Em breve voltarei a escrever, pois quero continuar a alimentar a parte do meu coração que ficou na Guiné.
Um beijinho fraterno
2.Mensagem da Cadi Candé, de 28 de Março de 2008
Oi José!
Fiquei muita satisfeita por ter recebido a tua mensagem e por outro lado sinto-me muito feliz de encontrar um tio como senhor. Gostaria que o senhor me ajudasse a encontrar os documentos do meu pai para que eu possa fazer a papelada para a reforma.
Também gostaria que o senhor me arranjasse o número de telefone do Matos (Cor Matos Gomes). Gostei muito de te conhecer e espero que nos vamos continuar a corresponder, meu tio querido.
Receba um forte abraço da tua sobrinha,
Cadi
3.Mensagem do José Teixeira enviada ao Luís Graça, em 31/03/08:
Para poder ajudar a Cadi Candé, será possível arranjar-me o nº de Telefone do coronel Matos Gomes?
Quanto às outras questões que a Cadi me põe, creio que vai ser muito difícil senão impossível ajudá-la.
O Pai em 1968 era o Comandante (alferes de 2º linha) de um pelotão de nativos especial (uma espécie de comandos), sediado em Quebo. Soube agora que depois foi Sargento na CCAÇ18.
Vou tentar saber por onde andou depois que passou para a CCAÇ 18 para tentar, pelo menos, ordenar no tempo a sua história até à morte violenta com uma cavilha na cabeça, como confirmei na Chamarra, junto da família Embaló, ainda aparentada.
Um abraço fraternal.
J.Teixeira
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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