Guiné > Região do Cacheu > Bula > CCAÇ 2790 )1970/72) > O António Matos, ex-Alf Mil Minas e Armadilhas, aos comandos de um "blindado", uma GMC-guindaste, daquelas que gastavam, não 100 aos 100, mas 100 (litros) ao 10 (km)...
Legenda: "Ainda que o cockpit não estivesse a 100%, é nos pneus que se notava o cuidado em manter o veículo preparado para os mais altos desafios fossem quais fossem as situações; Slics à frente porque a estrada estava seca; com piso atrás para ter mais tracção; redondinhos mais atrás para o que desse e viesse" (A.M.)...
Ele, António Matos, conta como foi:
(...) Certo dia, estava eu sediado no destacamento de Augusto Barros, comandei a deslocação a Bula, em coluna motorizada, a bordo duma tão fabulosa quanto velha GMC que, julgo, gastava aí uns 100 litros aos 10 kms !
Conduzia-a um possante soldado (reconhecia-lhe a cara no meio duma multidão mas esqueço-lhe o nome) quando nos preparávamos para o regresso. As últimas 2 horas tinham sido passadas à volta da equipa de mecânicos "comandada" pelo furriel Perdigão afim de se arranjarem os arames mais convenientes que suportassem a resolução dum problema técnico até ao dia seguinte.
Posta a trabalhar à semelhança dum verdadeiro fórmula 1, fomos de roda batida para a nossa "casinha" [, Bula,]. Os primeiros 4 ou 5 quilómetros eram em estrada alcatroada e só depois, na Placa, se infletia à esquerda para a picada.
Era noite. Atrás da GMC vinha um Unimog 411 onde se abrigava o capitão. (...)
[O resto da história, e do seu desfecho insólito, que ilustra o famoso desenrascanço português, pode ser conhecido aqui].
Foto © António Matos (2008). Todos os direitos reservados
A. Mais dois comentários ao poste P9003 (*), a propósito do passado, presente e futuro do nosso blogue:
1. Virgínio Briote:
De uma forma geral, aprecio muito positivamente os conteúdos do blogue. Não perco a entrada de nenhum camarada, especialmente se ele descreve as passagens mais significativas das suas memórias, as povoações por onde andou, pessoas e locais com quem se relacionava mais, acções em que participou, imagens, impressões daquela gente e daquela terra que tanto nos marcou.
Julgo que as razões deste interesse se devem a que a minha passagem pela Guiné não se limitou aos 24 meses. E não devo correr grandes riscos se afirmar que muitos de nós "esteve" lá dos 20 aos 30 ou mais anos das nossas vidas. E hoje, de vez em quando, quantos de nos ainda lá "vão"?
O trabalho que tem sido feito pelos editores não pode deixar de ser referido. Alimentar diariamente o blogue implica acrescentar horas de trabalho sem direito a outra remuneração que não seja o gosto em ver o seu trabalho reconhecido e estarem conscientes que estão a prestar um serviço público.
O que vejo no Luís Graça, no Carlos Vinhal e no Eduardo Magalhães é o interesse em dar voz aos camaradas que, de 1961 (um ou outro ainda antes) até Setembro/Outubro de 1974, cumpriram com a obrigação de que o Portugal de então os incumbiu. É este, para mim, o principal objectivo do blogue e é com estes olhos que o leio diariamente.
De uma forma geral, aprecio muito positivamente os conteúdos do blogue. Não perco a entrada de nenhum camarada, especialmente se ele descreve as passagens mais significativas das suas memórias, as povoações por onde andou, pessoas e locais com quem se relacionava mais, acções em que participou, imagens, impressões daquela gente e daquela terra que tanto nos marcou.
Julgo que as razões deste interesse se devem a que a minha passagem pela Guiné não se limitou aos 24 meses. E não devo correr grandes riscos se afirmar que muitos de nós "esteve" lá dos 20 aos 30 ou mais anos das nossas vidas. E hoje, de vez em quando, quantos de nos ainda lá "vão"?
O trabalho que tem sido feito pelos editores não pode deixar de ser referido. Alimentar diariamente o blogue implica acrescentar horas de trabalho sem direito a outra remuneração que não seja o gosto em ver o seu trabalho reconhecido e estarem conscientes que estão a prestar um serviço público.
O que vejo no Luís Graça, no Carlos Vinhal e no Eduardo Magalhães é o interesse em dar voz aos camaradas que, de 1961 (um ou outro ainda antes) até Setembro/Outubro de 1974, cumpriram com a obrigação de que o Portugal de então os incumbiu. É este, para mim, o principal objectivo do blogue e é com estes olhos que o leio diariamente.
2. Beja Santos:
(...) O mais importante do nosso blogue é funcionar como uma encruzilhada de múltiplas proveniências, expectativas e estados de alma. É o seu lado deslumbrante, incontornável, funcionar como um albergue espanhol de toda a gente que se revê e procura entender os seus sentimentos naquela Guiné e na que agora existe.
Não se pode, em rigor, introduzir secções ou direcções onde o bloguista se possa vir a sentir enfiado numa determinada medida que não funciona para os outros. Qual o problema da diversidade, dos que querem testemunhar, comunicar, desabafar ou repontar? Não há problema, não percebo essa preocupação com a letargia, os textos avolumam-se, vêm de todas as sensibilidades, assim terá de continuar a ser.
Recordo-te que há anos atrás sugeri [, ao Luís, a criação de] uma comissão acompanhadora de projectos: publicações, apoio solidário, conferências, atracção dos camaradas guineenses, etc. Teríamos aí, estou em crer, a possibilidade de gerar novas dinâmicas para alastrar a influência do blogue, que não pára de crescer.
O blogue é simultaneamente um lugar e um não-lugar: aqui contamos com a intimidade, a identidade, afectos; por aqui passamos como por um aeroporto ou uma auto-estrada.
Se fosse a ti [, Luís,] , sentia-me feliz por ter urdido esta malha social e o contágio que propagou. Só vejo utilidade que te rodeies de uma máquina de ideias com dois sentidos: potenciar o valor do nosso património (em depoimentos, em textos, em imagens, em possíveis publicações) e animar iniciativas e projectos onde a filantropia e o debate/convívio adquiram outras formas, estreitando a nossa camaradagem. (...)
_______________
Nota do editor:
(*) Vd. últimos postes da série:
8 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9014: O nosso blogue em números (12): A propósito dos 3 milhões de visitas... Comentários de Domingos Gonçalves /Augusto Vilaça/José Carlos Gabriel
8 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9014: O nosso blogue em números (12): A propósito dos 3 milhões de visitas... Comentários de Domingos Gonçalves /Augusto Vilaça/José Carlos Gabriel
3 comentários:
Peço desculpa mas não consegui perceber da oportunidade da reedição do meu post P9017 a propósito do número de visitas no blog.
Podem esclarecer ?
Obrigado.
Caro e amigo Matos
Dá-me a ideia que precisarás de pôr os óculos ou mudar de lentes!!
Um abraço
Meu caro António: (i) Fazes parte da "família" da Tabanca Grande; (ii) Tens andado por fora; (iii) Tivemos saudades tuas, fomos folhear o "álbum de família"...
Que tenhas um belo dia de festa. Os meus parabéns! Que continues sempre em boa forma, como os teus "bólides"...Um Alfa Bravo. Luís
PS - Afinal, o "karting" já é paixão antiga, do tempo de Bula...
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