quinta-feira, 21 de junho de 2012

Guiné 63/74 - P10056: (Ex)citações (187): A secção de funerais, 1ª Rep / 2ª Fun QG/CTIG do meu tempo (Francisco Jorge de Pinho)

Esclarecimento do nosso camarada Francisco Pinho, que vive em Castelo Branco, e que esteve na  1ª Rep-2ª Fun-QG/CTIG (1973/74), em comentário ao poste P10046




1. A secção de funerais, 1ª Rep/2ª Fun-QG/CTIG, era constituída por;

(i) um tenente do SGE; 
(ii) um primeiro sargento;
(iii) dois furrieis milicianos;
(iv) dois primeiros cabos;
(v) e cinco soldados, estando um sediado em Nova Lamego (tinha a seu cargo tudo o que respeitava a tratamento de mortos no COP5). 

2. NUNCA foram juntos cadáveres ou parte destes na mesma urna. 

3. Quando era impossível recuperá-los por diversos motivos, eram declarados desaparecidos, com forte presunção de morte, ou então era comunicado que os mesmos ficavam sepultados na Guiné, sendo fornecidas todas as indicações sobre as suas sepulturas, caso de Guidaje. 

Francisco Jorge de Pinho, Fur Mil 1ª Rep-2ª Fun-QG/CTIG (1973/14-10-1974)
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Nota do editor:

Último poste da série > 10 de junho de 2012 > Guiné 63/74 - P10018: (Ex)citações (186): Éramos alferes, furrieis e... prontos! (Manuel Maia)

3 comentários:

Mario Tito disse...

Olá amigos e camaradas:
O tema em questão (do carlos Pinto) é de um caracter muito sensível no aspecto psicológico para familias, amigos e camaradas em geral. Felizmente para mim que não passei por situações destas, e, como tal, nem sequer faço a mínima ideia do grau de corajem que os que "manseavam" com os cadávares tinham que ter. Não sei se seria capaz.

Agora, falando-se de alguns ficarem na Guiné, por acaso sei de um que ficou no cemitério de Bissau, natural da minha Aldeia - Alcaide. Conheci a mãe dele (viúva) e um irmão mudo. Quando fui de férias (ainda militar) e visitei aminha aldeia, ela agarrou-se a mim a chorar para que fosse visitar a campa do filho. Assim fiz quando cheguei á Guiné. Quemconheceu Bissau, o cemitério era mesmo no lado de trás do Hospital (hoje chamado Simão Mendes onde nasceu aminha filha). Será que as ossadas foram transladadas?

Um abraço a todos.
Mário de Oliveira

Ultramar Naveg disse...

Na ausência do conhecimento público da caixa-de-correio do destinatário, fica aqui uma informação dirigida ao veterano ex-1ºCabo escriturário da FAP, Mário Serra de Oliveira:
- conforme o que se encontra desde 2001 publicado na "Resenha"...
http://ultramar.terraweb.biz/06livros_estadomaiordoexercito_publicacoes_livros_RESv8.htm
... , nenhum dos seus conterrâneos ficou/está sepultado em território da Guiné; excepto se a sua "Alcaide", não seja a do concelho do Fundão.

- o único militar natural da freguesia de Alcaide (concelho do Fundão), que morreu em campanha no decurso da guerra no Ultramar - concretamente na Guiné em consequência de acidente de viação -, foi Manuel Henriques da Cruz (soldado atirador da CCav3362), encontrando-se sepultado no correspondente cemitério paroquial;
- o outro militar sepultado naquele mesmo cemitério de Alcaide, mas natural de Chãos das Donas (no mesmo concelho), é José Basílio Moreira (soldado de transmissões em serviço na CCac413), falecido no mesmo território e por motivo idêntico ao do supra citado.

Mario Tito disse...

Bem...o autor da correcção até deve ter razão porque, quando referi Alcaide, foi por não ter bem a certeza se a casa da familia do camarada Basílio Moreira estava no limite do Alcaide ou dos Chãos, ou Donas, localidade a que os Chãos pertenciam ou pertencem ainda. Portanto, o que deve ter acontecido foi que primeiro deve ter sido sepultado na Guiné e, mais tarde, transladado. Que a mãe dele se agarrou a mim a chorar na enocsta da estrada já junto da Estação do Alcaide porque o filho tinha morrido na Guiné sido enterrado lá, não há duvida alguma. Quando não mencionei o nome foi porque, de facto, não me recordava devido a que não tenho vivido nem vivo no Alcaide há mais de 45 anos.

Por isso, no final da minha mensagem perguntei se as ossadas tinham sido transladas.

Espero que se confirme o que digo. Um abraço a todos. Mario Oliveira