1. Em mensagem do dia 16 de Junho de 2012, o nosso camarada José Marcelino Martins (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), enviou-nos mais um trabalho para a série Patronos e Padroeiros.
Patronos e Padroeiros XXVII
Patrono do Serviço de Material
Bartholomeu da Costa
Foto: http://campus.fct.unl.pt/prmpedra/fotos/ft15.htm, com a devida vénia
Figura pouco conhecida da nossa história, nasceu em Lisboa no dia 1 de Novembro de 1731, e aos 17 anos, como era hábito na época, iniciou a sua carreira militar, como artilheiro e andou embarcado, na Armada da Guarda Costeira, durante quatro anos.
Em 1758, ao ser promovido a Condestável-Mor de Artilharia da Guarnição da Corte, passa ao serviço de terra, e desenvolve a sua actividade no Arsenal do Exército, no aperfeiçoamento da técnica, aperfeiçoamento de máquinas e de novos procedimentos tecnológicos, que muitos úteis se tornaram em Portugal.
A sua carreira foi considerada extraordinária. Aos 27 anos era Condestável-Mor de Artilharia; Ajudante de Artilharia em Janeiro de 1762 (31 anos) e a Julho desse ano, Capitão de companhia de Bombeiros; é promovido a Sargento-Mor de Artilharia, em Maio de 1764 (33 anos); e em Dezembro de 1774, com 43anos, ascende a Tenente-coronel de Infantaria, mas continuando a prestar serviço em Artilharia.
Aos 58 anos, Maio de 1789, é promovido a Marechal de Campo e com 67 anos a Tenente-General (Dezembro de 1796).
Da sua actividade industrial, realçaremos que em 1762, toma a iniciativa de orientar a fundição de 12 peças de artilharia ligeira, para suprir atrasos verificados na encomenda que havia sido feita a Inglaterra. Para tal utilizou as instalações de uma antiga fundidora de sinos. Construiu dois obuses e aumentou o número de oficinas de duas para vinte no Arsenal, aumentando a autonomia do exército, evitando, desta forma, a recorrer a fornecedores particulares. A duração das peças de artilharia, devido a uma nova liga que criou, passaram a ter o dobro de tempo de duração, assim como inventou uma máquina para brocar, perpendicularmente, as peças de artilharia de vários calibres.
Inventou máquinas para tornear munhões, peças para canhões, e máquinas de tornear morteiros.
Fez história na arte de fundir, um feito sem precedentes, ao fundir, de um só jacto, a estátua equestre de D. José I, assim como a máquina que haveria de retirar da “cova de fundição” a peça inteira e o seu transporte, assim como providenciou um carro, para o transporte das colunas para o Convento do Santíssimo Coração de Jesus da Estrela, mandada erigir por D. Maria I.
Inventou um granador e um peneiro cilindrado, para separar vários tipos de pólvora, assim como iniciou a manufactura de espingardas, com fechos idênticos, permitindo, assim, não só a produção das mesmas em série, mas também a possibilidade de trocas de peças avariadas mais facilmente.
Exerceu, ainda, outras actividades como o desenvolvimento de um novo tipo de porcelana, melhoria da fundição de ferro, em Paço de Arcos, recuperação da mina de carvão natural no Cabo Mondego, melhorou o método de fabrico de alcatrão, recuperação do pinhal de Leiria, etc.
Propôs que o Arsenal da Marinha fosse transferido para a margem sul, facto que só se veio a concretizar dezenas de anos mais tarde.
Uma das suas últimas obras foi a construção e direcção da doca seca da Ribeira das Naus que permitiu, em pouco mais de dois anos – Dezembro de 1792 a Março de 1795 – a reparação de cinco naus.
Foi Cavaleiro da Ordem de Cristo, Fidalgo da Casa de Sua Majestade, sócio da Academia Real das Ciências, entre outras.
Foi um insigne militar e técnico industrial, pelo que foi eleito como Patrono do Serviço de Material.
Vindo a falecer em Calhariz, com 70 anos de idade, no dia 7 de Junho de 1801, tendo-lhe sido dado sepultura na Igreja do Mosteiro de Belém.
José Marcelino Martins
16 de Junho de 2012
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 19 de Junho de 2012 > Guiné 63/74 - P10050: Patronos e Padroeiros (José Martins) (26): Patrono do RI 14 (Viseu) e Curso da Escola do Exército - 1951/1954
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