quarta-feira, 18 de março de 2020

Guiné 61/74 - P20744: Boas Memórias da Minha Paz (José Ferreira da Silva) (1): "Op Lampreia", levada a efeito no passado dia 12 de Fevereiro de 2020, pelo "Bando do Café Progresso - das Caldas à Guiné", em Penafiel

1. Em mensagem do dia 18 de Março de 2020, o nosso camarada José Ferreira da Silva (ex-Fur Mil Op Esp da CART 1689/BART 1913, , Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), enviou-nos a primeira Boa memória da sua paz, neste caso da "Op Lampreia", levada a efeito no passado dia 12 de Fevereiro de 2020, pelo "Bando do Café Progresso - das Caldas à Guiné", em Penafiel.


BOAS MEMÓRIAS DA MINHA PAZ

1 - Op Lampreia


Há mais de onze anos que o pequeno grupo de ex-combatentes auto-denominado “Bando do Café Progresso - das Caldas à Guiné”, reúne, em convívio, todas as segundas quartas-feiras de cada mês.

Inicialmente, reunia na “Sede”, mas logo diversificou a iniciativa e avançou para oportunas deslocações/visitas, na procura de boa gastronomia, boas paisagens e bons conhecimentos da nossa história.
Sempre bem complementado por agradáveis e excelentes convívios.
O grande mentor desta iniciativa foi o falecido e saudoso Jorge Portojo, Homem muito ligado às belas imagens e interessantes histórias da sua cidade do Porto, bem como de toda a região nortenha.
Desde então, são já largas dezenas de eventos, bem aproveitados e bem vividos, sempre em ambiente de camaradagem excelente.Comemos as fartas feijoadas, o bacalhau à maneira, as tripas, os rojões, o cozido, o cabrito, a cabra velha, o sável, a lampreia, as enguias e tudo o que mais que possa ser apreciado da nossa patriótica e caseira gastronomia.
Claro que há programas que muito gostamos de repetir. E para que se tornem mais atractivos, enriquecemo-los com outras actividades sócio-culturais diferentes. Desta forma, vamo-nos entretendo saudavelmente, gozando os derradeiros tempos desta “comissão terrena”, com alegria, amizade e óptimo ambiente.



Desta vez, a 12 de Fevereiro, fomos à lampreia e ao sável lá para os lados de Rio de Moinhos, onde nos presenteou com a sua simpatia, o anfitrião José Manuel Cancela.
O ponto de encontro e de partida para estas deslocações costuma ser junto ao Estádio do Dragão. Não é por imposição do “Papa” nem por ordem do nosso “Presidente Vitalício”. Nem todos somos da mesma “religião” (há um ou dois infiéis, um “boavistoso” e outro da “cruz de Cristo”), mas esse lugar tornou-se no mais central e mais funcional para as nossas deslocações para “Além-Minho” e arredores.


A saída para Penafiel estava marcada para as 11H00, mas fomos interceptados por jornalistas da TVE que queriam saber a opinião do nosso Bando sobre a possível candidatura de San Iker Casillas à presidência da Federação Espanhola de Futebol. Todos manifestámos amor e a admiração pelo nosso Grande Casillas e aproveitámos para lhe desejar que, nessa nova função, sirva também de exemplo aos “maiores” do nosso futebol.
Em Rio de Moinhos, enquanto esperávamos outros camaradas, aproveitámos para disfrutar da deslumbrante paisagem, a partir da Capela de Nª Sª dos Remédios.



Tirada a foto de grupo, mesmo com as ausências do costume, entrámos para o Restaurante Do Paço. Como sempre, cada um senta-se onde quer ou se sente melhor. Também como vem sendo hábito, inicia-se a comezaina com as tradicionais entradas, para sossegar o apetite. A lampreia estava espectacular. O sável também. Apesar de ainda ser um pouco cedo para a dita (e mais cara!), comemos em abundância.



Após o almoço, partimos para Galegos a fim de visitarmos o Castro do Monte Mozinho, onde fomos honrados com a presença da Drª. Rosário Marques, que nos guiou e nos ilustrou com uma fascinante aula de História e Arqueologia.
https://www.youtube.com/watch?v=B13tRp-uV24


O Castro do Monte Mozinho já era habitado há cerca de 1000 anos quando por aqui apareceram os Romanos. Estes fizeram agrupar ali gentes dos vários castros vizinhos, dando início a uma romanização por mais de 600 anos.


O Castro estende-se por uma vasta extensão, ainda longe de ser totalmente explorada. Nesta foto vê-se uma campa com ossadas.


Não existem indícios que mostrem ter havido guerras ou revoltas durante esse período romano .


Digamos que estamos aqui perante a avenida principal que nos levaria à acrópole/praça/recinto central, ponto de encontro e de maior defesa.


Ao castro tradicional de casas de palha, arredondadas, foram se juntando, ordenadamente, as casas romanas em formato rectangular e, supostamente, cobertas com telha.


A Drª. Rosário Marques, Técnica da Câmara Municipal de Penafiel, deu-nos uma excelente aula de história e arqueologia.


Há 70 anos alguém encontrou um pote com 1500 moedas do Sec.V, o que despertou uma ambiciosa procura de mais achados valiosos. Assim se deu início à descoberta deste conjunto monumental de grande interesse arqueológico.


Fala-se que ali, na parte mais alta, havia uma grande estátua de um chefe guerreiro nortenho do tempo da era castreja (que não é o que figura acima com boina). Perguntámos se ele poderia ter alguma ligação com o tal Pinto da Costa, mas não obtivemos confirmação. De assinalar a reacção imediata de desagrado da parte de um "infiel", possivelmente mais ligado aos tempos da ocupação mourisca.


Nas óptimas instalações de apoio ao Castro Mozinho, recebemos imensa informação de grande interesse.


O Presidente do Bando esteve muito activo nos pedidos de esclarecimento e não só.


Foi, também, explicado que, quando as populações se foram afastando do castro, deslocando-se para junto de terras de melhor cultivo e maiores rendimentos, alguns indígenas se fixaram em Boelhe, junto à margem direita do Rio Tâmega e se tornaram famosos na criação e roubo de cabritos.

José Ferreira
(Silva da Cart 1689)
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6 comentários:

Valdemar Silva disse...

12 de Fevereiro de 2020
Vários idosos deslocam-se de terra em terra e socializam, sem guardar as distâncias, com sável frito e arroz de lampreia.
Não havia dúvidas, a 'Op. Lampreia' tinha que ser antes da 'época das chuvas'. Foi uma clássica batida com um golpe de mão final.
Pois, ou houve um estudo profundo do Borda d'Água ou informações secretas sobre a perfeita localização do IN, mais conhecido por o novo coronavirus.
Muito bem, foi mesmo no tempo certo.

Ab. e saúde da boa para todos
Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Camaradas, estas imagens não se podem repetir tão cedo!... A menos que a gente queira comter "suicídio coletivo"!...

OS "Bandalhos" têm que dar o exemplo de respeito escrupoloso das medidas que estão em vigor para prevenir e combater o novo coronavírus COVID-19.

Claro que saúdo o Zé e dos demais "bandalhos", com que têm sido um exemplo, para todos nós, de envelhecimento ativo, produtivo, proativo e saudável. E fico expectante em relação a nova série do nosso escritor de Crestuma!

No que diz respeito à lampreia e ao sável, eu este ano já cumpri a tradição. Agora literalmente trancado. E absolutamente proibido de sair. Quem tem filhos médicos, ainda pior: eles, que estão nos hospitais, sabem a desgraça que o COVID-19 (de que Deus nos liver!) está a fazer...e nomeadamente entre nós, os mais velhos...

zé manel cancela disse...

Bela reportagem,amigo Zé Ferreira.
Gostei da promoção que fizeste á minha terra
embora actualmenta viva a três km.
Apareçam sempre que queiram,serão bem recebidos
porque tenho a certeza que "bandalhos"como estes
não há em parte alguma.

Um grande abraço a todo o bando,e camaradas combatentes
e em especial da Tabanca Grande…

(P.S.só não percebi isso dos romanos rumarem a Boelhe,
onde habita um tal que foi ladrão de cabritos….Quem será o gajo?

Anónimo disse...

Caros combatentes.

Este serviço, criado pelo saudoso Portojo, em louvor da vida saudável e da fraternidade, é útil para nós e para as terras que visitamos porque lá deixamos sempre uma marca positiva e de lá trazemos também uma boa impressão que depois divulgamos. Penafiel é dos melhores sítios para os nossos convívios. Rio de Moinhos até será o melhor local de todos por onde temos passado, aqui as pessoas sabem cozinhar. Veja-se o caso do Cancela, um verdadeiro artista na arte de caçar cabritos, apanhar galinhas e até pescar no rio. Foram estes predicados que o tornaram famoso em todo o sector de Buba até Aldeia Formosa, nos idos de 68 e 69.

Um grande abraço, para todos, especialmente para o camarada Luís Graça.
Carvalho de Mampatá

Manuel Luís Lomba disse...

Correspondo ao alto evento cultural, útil e proveitoso (das feijoadas, bacalhau, tripas, rojões, cabrito, cabra velha, sável, lampreia e enguias), promoção "em bando" pelos camaradas "bandalhos", culminada com a romaria ao castro de Mozinho, e à sua viral provocação ao "corno-vírus" (nuance fonética popular), enriquecendo-a com apontamento referido à sua pré-história.
Os Romanos, uns colonialistas, gananciosos e exploradores, vieram encontrar os pré-portugueses do território de Penafiel a habitar em "bandos" os cumes dos montes, em "tabancas" amuralhadas, para melhor vigilância e defesa do IN, homem ou bicho mau, classificaram esses "bandalhos" de bárbaros e o sua urbanização de castrum (castro).
Eles adoravam o sol, viviam da caça e da pesca e ocupavam o seu longo tempo no jogo da malha, em folguedos ou no ócio, o trabalho excluído. E assentaram arraial, a nomadizar nele.
Roma carecia de minérios e de cereais, o homem e o burro só valem se trabalharem, caíram na asneira de forçar os "bandalhos" à sua organização e ao trabalho (as "bárbaras" tinham outras valências...) e eles viraram "terroristas", em pequenos bandos e os romanos a "lerpar" por tudo o que era montanha.
Os militares romanos pertenciam todos ao QP, não havia milicianos (o posto de Cabo miliciano foi criatividade do Exército Português, para nos exigir serviço de sargento e de oficial ao custo do pré de praças), nem sabiam nem estavam dispostos a combater na montanha, a "ir para o mato".
E os Romanos demoraram quase dois séculos a empurrar os pré-portugueses das montanhas para os vales, para os conseguir controlar e fazer deles mineiros e "servos da gleba" - estratégia que recriaremos na Guiné, com os "aldeamentos". (Prosperaremos no negócio da escravatura africana, por termos descoberto e expandido o seu "mercado" mas, sobretudo, por termos sido escravos muito antes deles...).
Sei o nome do fundador deste "bando", o camarada Jorge Portojo In Memoriam, quiçá inspirado na "loiça" das Caldas, sei o nome do fundador do " bando" LG&C da Guiné, inspirado nos dinossauros ou na aguardente da Lourinhã?) e espero que aqueles bandalhos me ensinem o nome do comandante romano, não foi o qe os levou em bando à taina da lampreiada e sável, mas foi que os levou em em bando a Mozinho. O que andou pela minha terra era general e patrício, descendente do deus Juno, o Senado de Roma atribuiu-lhe o título de O Galaico, chamava-se Decimus Junius Brutus e o dicionário adoptou este sobrenome para este qualificar certos indivíduos e suas atitudes.
Da da vossa parte, não o merecerei nem como indivíduo nem por este escrito.
Estimados camaradas, na esteira do fundador do bando LG&C, rezo para que o "corno-vírus" (nuance fonética popular) não tenha correspondido à vossa provocação, alojando-se no vosso bando, na esperança de não a rezar, por causa e consequências dele.
Manuel Luís Lomba

Ricardo Figueiredo disse...

Mais uma bela reportagem do nosso Bandalho Mor José Ferreira.
Convirá esclarecer os mais distraídos , que este encontro se realizou antes das medidas de protecção contra o Covid 19.
Por outro lado, será bom também informar que as reuniões do Bando se encontram suspensas , até que sejam criadas condições para as retomar.
Bandalhos ,Bandalhos , mas muito ajuizados !
Ricardo Figueiredo