segunda-feira, 21 de novembro de 2022

Guiné 61/74 - P23800: Memória dos lugares (445): O Xitole que eu conheci em 1971/72, no tempo da CART 3492 / BART 3873 e do "tio" Jamil Nasser (Joaquim Mexia Alves)


Foto nº 1



Foto nº 2


Foto nº 3


Foto nº 4



Foto nº 5


Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > Xitole > 6 de abril de 1972  > Um almoço de chabéu que o Jamil (fotos nºs 1 e 4)  me ofereceu no dia dos meus anos,  precisamente no alpendre da frente da sua casa (Fotos nºs 2 e 3). .Foram convidados o Capitão Godinho e a sua mulher, bem como os alferes da companhia a que se juntou , por ter vindo em coluna do Saltinho,  o alf Armandino (meu camarada de curso de Operações Especiais), que veio a falecer escassos dias depois na célebre emboscada do Quirafo  [em 17 de abril de 1972]. Está sentado na ponta da mesa, juntamemte  com  o Chefe de Posto (Foto nº  2 e 4, aqui junto ao cap Godinho)..

Fotos (e legendas):  © Joaquim Mexia Alves  (2022). Todos os direitos reservados.Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Zona leste > Região de Bafatá >  Setor L1 (Bambadinca) > Xitole > c. 1970 > Uma coluna logística, vinda de Bambadinca, chega a Xitole, atravessando a ponte dos Fulas, sobre o rio Pulom, ao fundo. A viatura civil, em primeiro plano, podia muito bem ser do nosso conhecido comerciante libanês Jamil Nasser, amigo de alguns dos nossos camaradas que passaram pelo Xitole, como foi o caso do Joaquim Mexia Alves.  Nessas colunas logísticas integravam-se viaturas civis de diversos comerciantes da zona leste. Foto do álbum de Humberto Reis, ex-fur mil op esp, CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71).


Foto (e legenda):  © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados.Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do Joaquim Mexia Alves, ex-alf mil op esp / ranger, CART 3492/BART 3873, (Xitole/Ponte dos Fulas); Pel Caç Nat 52, (Ponte Rio Udunduma, Mato Cão) e CCAÇ 15 (Mansoa), 1971/73, régulo da Tabanca do Centro (Monte Real):

Data - 21 nov 2022 10:09

Assunto . - Xitole: Serração do sr. Henrique Martinho, amigo do Jamil, que deixou a Guiné em 1962 (*)

Caro Luís

Como sabes o Jamil e eu tínhamos uma forte relação de amizade. Tratava-o muitas vezes por Tio Jamil! (**)

Enquanto estive no Xitole, praticamente todos os dias ia a casa do Jamil ao fim da tarde e, sentados no seu alpendre, bebíamos whisky com água Perrier acompanhado de bocados de tomate só com sal.

Ele ouvia as notícias em árabe e comentava comigo o que se ia passando no seu Libano.

Tenho para mim que a casa que na foto tem o alpendre em ruínas, era a casa do Jamil, só que essa vista é de lado ou seja é do lado que dava para o quartel e assim o David Guimarães terá razão.

A frente da casa tinha a continuação desse alpendre e dava para a estrada que vinha de Bambadinca.

Do outro lado da estrada, mais ou menos em frente da casa, e um pouco afastado da estrada, ficava o armazém de venda do Jamil, que poderia muito bem ter sido a tal serração de que fala Maria Augusta Martinho Antunes.

Anexo fotos de um almoço de chabéu que o Jamil me ofereceu no dia dos meus anos em 6 de abril de 1972, precisamente no alpendre da frente da sua casa. Foram convidados o Capitão e a sua mulher, bem como os Alferes da Companhia a que se juntou por ter vindo em coluna do Saltinho o Alf Armandino, (meu camarada de curso de Operações Especiais), que veio a falecer escassos dias depois na célebre emboscada do Quirafo, sentado na ponta da mesa, e também o Chefe de Posto.

A minha amizade com o Jamil era tal que numas férias da Guiné em Lisboa, por coincidência ele estava também em Lisboa, (ficava num hotel encostado ao então cinema Tivoli, Hotel Condestável?), e então fomos almoçar juntos, se bem me lembro.

Depois perdi completamente o rasto ao Jamil Nasser, mas a sua amizade e a sua companhia foram um bálsamo naqueles primeiros meses de Guiné.

Podes, obviamente, servir-te deste email para o que quiseres.

A foto nº 4 somos o Jamil e eu no dia do almoço.

Um abraço para ti e para todos do
Joaquim Mexia Alves

_____________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 20 de novembro de 2022 > Guiné 61/74 - P23799: Memória dos lugares (444): Xitole, onde cresci desde bebé até 1957, quando vim para a metrópole estuda... O meu pai, Henrique Martinho, tinha lá uma serração, e era amigo do comerciante libanês Nasser Jamil... (Maria Augusta Martinho Antunes)

4 comentários:

Valdemar Silva disse...

Interessante verificar, que em 1972, com a guerra cada vez mais agudizada ainda haver as mulheres dos oficiais no mato.

Por outro lado, e vendo na coluna uma viatura particular, verificar não haver situações de explosão de minas anticarro nessas viaturas.

Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Valdemar, em relação às minas e às viaturas civis...

Tenhas 30 referências às colunas logísticas... E algumas delas as que fizémos (CCAÇ 12, em conjunto com outras subunidades) para levar os "comes & bebes", e tudo o mais que a tropa precisava no mato (munições, materiais de construção, etc.), de Bambadinca até ao Xitole e ao Saltinho, passando pro Mansambo... No princípio foi duro... Ainda em tempo das chuvas, no 3º trimestre de 1969, tivemos que abrir o troço (interdito) entre Mansambo e Xitole...Essas peripécias já aqui form contadas...

A distância de Bambadinca, a Mansambo, Ponte dos Fulas, Xitole e Saltinho era, respectivamente, 18, 33, 35 e 55 quilómetros. As colunas logísticas, de reabastecimento, podiam levar um dia ou até mais (na época das chuvas) a fazer este percurso perigoso, npomeadamete o troço Mansambo-Xitole (interdito entre Novembro de 1968 e Agosto de 1969).

A CCAÇ 12 participou em diversas colunas logísticas a Mansambo, Xitole e Saltinho (junto ao Corubal) e mesmo Gondomar. Uma ou outra viatura civil ficou lá, não por minas (em geral iam intercaladas na coluna militar), mas por avaria mecânica, atolanço, etc. Recordo-me de um dia termos dado cabo do semi-eixo de uma delas, depois de tanto puxar com o guincho da GMC (que era uma besta de força)... Lá ficou, para tristeza do dono, um dos comercianets da região que viviam também deste negócio de aluguer de viaturas de transporte à tropa...

Verpostes de:

11 de agosto de 2005 > Guiné 63/74 - P150: As heróicas GMC e os malucos dos seus condutores (CCAÇ 12, Septembro de 1969) (Luís Graça)

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2005/08/guine-6374-clxx-as-heroicas-gmc-e-os.html

20 de maio de 2005 > Guiné 63/74 - P22: O inferno das colunas logísticas na estrada Bambadinca-Mansambo-Xitole-Saltinho (Luís Graça)

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2005/05/guine-6971-xxii-o-inferno-das-colunas.html

Valdemar Silva disse...

Luís, como diria o Abílio Duarte 'segurança a colunas era mato'.
Realmente, a minha CART11 fez dezenas de seguranças a colunas com viaturas civis.
Em Nova Lamego a Companhia estava em intervenção e constantemente fazíamos segurança a colunas com viaturas civis. Eu e o meu Pelotão fizemos uma segurança Canquelifá-Xime e volta a uma coluna de reabastecimento com viaturas civis. Foi das 6 da manhã, com picagens até/de Piche, paragem em Dunane no regresso, e chegada já a cair a noite.
Mas, eu queria referir a não activação de minas anticarro pelas viaturas civis, julgo mesmo nunca ter acontecido.

Saúde da boa
Valdemar Queiroz

joaquim disse...

Caro Valdemar Silva
Não estava só a mulher do Capitão mas, se bem me lembro, mais 2 ou 3 de Furriéis.
Realmente não poderiam estar naquela zona de combate e como tal estavam "ilegalmente".
A minha opinião pessoal, que ainda nada afecta a amizade que tinha e tenho quer pelo Capitão quer pelos Furriéis, é que não era nada "salutar" ter mulheres naquele contexto, sobretudo para os outros e muito especialmente para os soldados, alguns deles casados, mas sem possibilidade de procederem como os outros.
Até porque tinham de se construir acomodações especiais para os casais.
No Xitole, que me lembre, nunca houve nenhum problema com isso, mas noutros aquartelamentos sei que houve problemas e alguns deles bem graves.
Um abraço
Joaquim Mexia Alves