terça-feira, 22 de novembro de 2022

Guiné 61/74 - P23803: A galeria dos meus heróis (48): Adeus e até à próstata! (Luís Graça)


Lourinhã > Grafito > 24 out 2020 > Uma quadra de Fernando Pessoa

Foto: © Luís Graça (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


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Adeus e até à próstata!

por Luís Graça  (*)


1. Encontrámo-nos na cafetaria do jardim da Gulbenkian, em Lisboa. Recordo-me de nos termos cruzado, por mero acaso, numa exposição sobre o cérebro humano. Acabámos por ver o resto, juntos, e no fim fomos beber um bica e dar os dois dedos de conversa da treta. Era sábado e estávamos livres. Já não via o meu amigo psicólogo há uns largos tempos.

No passado, tínhamos estado ligados a projetos de intervenção e investigação  no domínio da promoção da saúde no local de trabalho, desempenhando ele as funções de assessor para a área da saúde mental. Além disso, era especialista em perturbação do stress pós-traumático  (PSPT), provocado por situações-limite como a guerra, os acidentes, as agressões, os assaltos, e outras formas de violência, mas também a experiência de doença, e nomeadamente da doença oncológica.

Éramos amigos de longa data, sem sermos propriamente íntimos. Ele tinha feito a licenciatura em psicologia no ISPA – Instituto Superior de Psicologia Aplicada. E a tropa nos serviços psicotécnicos do exército.  Doutorou-se depois,  em Lovaina, na Bélgica. Tivera mais sorte do que eu, que não escapei à “guerra do ultramar”, como então se dizia: interrompera-me os estudos e,   depois da “peluda”,  foram mais quatro anos a ganhar ânimo para entrar na calha e continuar a estudar… A trabalhar  e a estudar.

Havia, no entanto, uma “pedrinha no sapato” entre nós. Eu embirrava com a expressão stress pós-traumático  de guerra e, talvez inconscientemente,  dava ouvidos ao coro dos “durães”, os antigos militares das tropas especiais para quem isso era “doença dos cobardes” (as duas expressões, ditas em tom sarcástico,  eram do meu amigo que, por sua vez, achava que eu também ainda sofria de traumas de guerra).

Houve uma altura em que o tema da guerra era recorrente nas conversas entre nós. O que me irritava de sobremaneira.  Mas a mim, desta vez, não me apetecia nada voltar a falar da tropa e  da guerra e, no fundo,  a ter de assumir que durante alguns anos não conseguira ser dono do meu destino. De facto, uns puderam continuar a estudar, sem sair do país, outros, mais afortunados,  demandaram portos de abrigo lá fora. E eu conhecia alguns,  faltosos e refractários, que se piraram antes que a tropa lhes pusesse a mão em cima, e sobre quem tinha sentimentos ambivalentes.

−E tu, meu estúpido, perdeste a guerra e anos de vida! – atenazava-me , uma e outra vez,  o meu amigo da onça, sempre que se falava do tema, em tom paternalista e algo diletante. (Afinal, o que sabia ele da experiência pessoal da guerra ?).

Desta vez, e para variar, estávamos ambos a falar dos “casos” e dos “ocasos” da vida.. Eu tratava-o por “Psi” (de psicólogo). E ele retribuía-me  com outro diminuitivo, o “Soc” (de sociólogo). E veio então à baila a notícia, que eu acabara de receber, uns dias antes, da morte de um conhecido meu, de quem, de resto, não guardava as melhores recordações, mas de quem sentia pena, sem saber por quê. Tinha sido doente do IPO, tal como eu.

− Alguém que eu possa ter conhecido ? – indagou o meu amigo “Psi”.

− Não me parece… Mas até é possível, julgo que ainda era do teu tempo, ou seja, do tempo em que tu lá andaste, com as tuas meninas, a entrevistar doentes pré-terminais. Ele foi visita frequente do IPO, andou por lá em tratamento em diferentes períodos. Quase diria que já fazia parte da mobília…

E adiantei:

− Claro que não te vou dizer o nome, mas tu, como “Psi”, eras capaz de gostar de ter conhecido a personagem.

− Alguém, um bocado bronco, que fazia gala de dizer às "meninas", às médicas,  às enfermeiras e às radioterapeutas  que “tinha sido pegador de touros e ainda gostava de montar” (a cavalo) ?!...

− É capaz de ser o mesmo, talvez o tenhas apanhado no início, na  primeira fase do tratamento, eu só o conheci mais tarde. Era uma figura patética, para o fim da vida. Mas era popular no IPO, e cirandou por lá uns anos. Foi bravo na morte, tenho que o reconhecer.

− É capaz de ter ficado fora no nosso estudo, na altura ele não reunia os requisitos, um deles era ser doente oncológico em cuidados paliativos… Mas julgo que ainda cheguei a falar com ele… Achei-o, além de um triste marialva, um bocado exibicionista e histriónico, se queres que te diga… Mas não sei se  estamos a falar da mesma pessoa…

− Nessa altura, ele devia estar muito longe de saber que ia morrer… Bem pelo contrário. E tinha-se voluntariado para um ensaio clínico, também não sei se chegou a ser aceite… Descobri que tínhamos, afinal, em comum alguns conhecidos, um deles da terra dele,  mas o que nos aproximou foi, de facto, o IPO, que frequentámos juntos durante algum tempo. Vimo-nos ainda diversas vezes. E ele acabou por me confiar umas fotocópias de um caderno com as suas memórias. Ainda eram umas largas dezenas de páginas, talvez perto da centena.  Pediu-me um “parecer”. Achava que eu tinha pinta de crítico literário. No fundo, confiou em mim, não sei por quê, nunca lhe disse o que fazia… Queria saber se valeria a pena publicar a sua “história de vida”, em livro, e “ainda em tempo útil” (sic), à medida que o tratamento não parecia estar a resultar… Tinha um tique: olhava para o relógio como se estivesse a cronometrar o tempo de vida que lhe restava… Os direitos de autor seriam entregues à Liga dos Amigos do IPO, instituição onde tinha sido “tratado por anjos” (sic).


2. E aqui o meu amigo psicólogo, com nome na praça, e que me fazia companhia, não sei se a contragosto (eu achava que sim, que ele dessa vez, num sábado soalheiro, estava mesmo a fazer um frete), não conseguiu deixar de arregalar o “olho clínico” e de passar a mostrar maior interesse na conversa, disparando-me logo uma pergunta algo sarcástica:

−Está bem, mas diz-me então, tu que leste o manuscrito com a sua história de vida: o teu conhecido encaixava-se em que tipo da fauna humana ?

Quis responder-lhe no mesmo tom de chalaça e non-sense:

−Não sou bom em zoologia e muito menos em taxinomia… mas podes pô-lo na gaveta do caceteiro, do energúmeno, do vilão, do “mau da fita”, do “lobo mau” da história do Capuchinho Vermelho… Isto por alguns histórias que sei dele...Podia ter sido marialva e pegador de touros, um valentaço, e ser um gajo minimamente decente, com valores, com ética, com bom senso…

−Também não gosto de catalogar ninguém às primeiras impressões… Mas arriscava-me a dizer que o teu conhecido não passava de um reles predador…

− Predador ?!...

− Sim, como a hiena… Tu que andaste pela Guiné, sabes que lá chamam “lobo”, em crioulo, à hiena. O que  eu acho que é uma ofensa para o lobo, para mim um animal nobre e altamente social…

− A hiena também o é, um animal social, é extremamente eficaz a caçar em grupo, como o lobo em alcateia… Mas não sei se o epíteto é bem aplicado ao nosso conhecido…Podia contar-te histórias do pequeno cacique, capacho dos agrários, ricos e poderosos, capanga, como dizem os brasileiros…

− É sempre interessante, não ?!, conhecer estes exemplares, e estudá-los, pelo menos em laboratório… Não os gosto de encontrar na vida real….Mas tu e eu temos que saber lidar com toda a fauna humana, todo o “bicho-careta” que nos pede ajuda…

− Tu, sim – respondi eu −, que fazes clínica, és psicoterapeuta, ouves no divã, tal como o padre no confessionário, muitas histórias, boas e más, alegres e tristes, cómicas e trágicas… Eu limito-me  a contar ou a inventar algumas, das poucas que me chegam aos ouvidos…


3. Descrevi então ao meu amigo “Psi” quem era essa tal “hiena” da minha pequena história… Oriundo da pequena burguesia rural da província, ali do Médio Tejo, na fronteira entre a Estremadura e o Ribatejo, era o que se podia chamar uma figura recorrente da pequena história da nossa História, com H grande. Sobretudo dos períodos mais conturbados como o foram a “aventura dos Descobrimentos”, as guerras, as invasões (com destaque para as napoleónicas), as revoluções, enfim, todos os períodos de convulsão social, a guerra civil, como a dos tempos do Liberalismo, da República ou dos anos 20/30 que levaram à ascensão da Ditadura Militar e depois ao Estado Novo… Mas também, mais recentemente, a guerra colonial, o fim do salazarismo e do marcelismo, o 25 de Abril, o Verão Quente de 75…

Nos anos 50 o nosso homem tivera a sorte de poder fazer mais do que a quarta classe do ensino primário. Abrira um colégio privado lá na terra (uma vilória na margem direita do rio Tejo), o pai "pô-lo a estudar",  como então se dizia. Deve ter feito o 2º ano,  no máximo. Revelou-se desde cedo um arruaceiro, envolvendo-se “à porrada” com alunos e professores.  Claro, foi expulso, e de algum modo fazia gala disso. É ele próprio que o conta nas suas memórias.

Na época mandavam-se estes casos para o Colégio Nuno Álvares, ali perto, em Tomar. O pai lá fez o sacrifício, na secreta esperança de o corrigir e de “fazer dele um homem”… Deve ter vendido mais umas jeiras de terra da herança da mulher (que essa, sim, é que tinha algo de seu, com restos de família fidalga em Alenquer). O gosto por touros e cavalos  deve ter vindo desses tempos. Mas eu sei pouco do seu passado, baseio-me no que ele contou, no seu manuscrito, ou numa ou noutra conversa avulsa. E algumas confidências enojaram-me, como as suas alegadas "conquistas amorosas".

Ofereceu-se para a Força Aérea, andou por lá os seis anos da praxe, como “mecânico de aviões” (sic). Se bem percebi passou por Cabo Verde e Angola. Aprendeu uns truques de boxe. Passou a confiar na sua estrelinha da sorte e nos seus punhos. Mas foi o fator C que lhe abriu as portas de um emprego civil,  com ordenado certo ao fim do mês, quando regressou de Angola em 1962. O veterinário municipal da terra, que era um cacique a União Nacional, deu-lhe uma mãozinha... 

Passou a vender produtos zoofitossanitários e veterinários, percorrendo boa parte da Estremadura e do Ribatejo. Habituou-se à vida de “caixeiro-viajante”, e à liberdade que isso lhe proporcionava, ficando semanas inteiras fora de casa. Não sei se chegou a ter duas famílias em dois sítios diferentes, mas tinha os seus “arranjinhos por fora” (sic) ao longo do caminho de casa…

− Bem, daí a sociopata vai uma distância…

− Também nunca disse que ele fosse um sociopata, nem sei se ele, em vida, chegou a ter problemas com a justiça… Mas teria alguns traços do sociopata, no mínimo era um homem violento. E, na verdade, não nutria sentimentos de compaixão pelos outros. Contou-me (mas não deixou isso escrito) que atropelara mortalmente um “pobre diabo”, na Estrada Nacional nº 1, na reta da Benedita, de noite. Numa noite de temporal. "Sem culpa"...,  mas nem sequer parou, para prestar socorro à vítima.  “Ia a mais de 150 km à hora, quando lhe apareceu um vulto, curvado,  a sair da berma da estrada”… Bateu-lhe de lado… Confirmou a notícia da morte pelos jornais,  no dia seguinte: “Uma chatice, mas devia ser um bêbado de fim-de-semana”, acrescentou ele, com o maior dos desplantes… e sentindo-se impune. A polícia nunca chegou a descobrir o autor do atropelamento mortal e o caso foi arquivado.

E aqui o meu amigo “Psi”, que na juventude andara pelas “águas turvas de um grupúsculo maoista” (a expressão era dele), ironizou:

− Não é caso virgem. Temos gente (e muito respeitável)  que faz (ou faria) o mesmo, a coberto da impunidade. Ainda bem que a humanidade, a corja humana, não veste toda por igual, como na Coreia do Norte , ainda hoje, ou na China do tempo do “Grande Timoneiro”, meu ídolo de juventude.

− Nem come só arroz chau-chau ou hambúrgueres!

− Às vezes, “Soc”, pergunto-me como é que um gajo, quando é novo, pode ser tão cretino!…

− Para o bem e o mal, a  fauna humana é diversa e multicolorida… E adaptativa. Imagina o  que seria um mundo de presas sem predadores ?... Ou só predadores: comiam-se uns aos outros… Mas, quanto às igrejas, deixa lá – contemporizei eu – muito boa gente sofreu do mesmo mal, antes e depois do 25 de Abril…

−Estou de acordo contigo… O comunismo enquanto utopia foi a doença infantil da nossa geração, nascida no pós-guerra, filha bastarda do Salazar e do Cerejeira…

−… e que terá preenchido o vazio ideológico deixado pela crise do catolicismo. No fundo, saíste de uma igreja para te enfiares noutra… Dizem que houve muitas conversões na manhã do dia 26 de Abril… Tu e eu conhecemos algumas…

O “Psi” não gostou da minha insinuação, relativa ao seu passado. E procurou desconversar:

− Mas voltando ao teu, afinal nosso, conhecido… Parece-me ter sido um gajo que não cresceu, ou não quis crescer… Mas eu diria que não há rapazes maus… Os “teddy boys” do nosso tempo, lembras-te ? Carros, gajas, bandos, música ié-ié…

− Sempre os houve e haverá, bandidos e aprendizes de bandidos que tanto sabem usar os punhos, como engatar, com um sorriso sedutor, a menina do coro e, logo a seguir, ajudar a velhinha a atravessar a rua…

− Estou a ver… Na província, isso ainda é (ou era) notório, tal como nos filmes do velho Faroeste…

− Quanto ao nosso fulano, perguntas… Pelo que li nas fotocópias do seu manuscrito, era um anticomunista primário ou, se calhar, nem era nada. Gabava-se de ter “partido o focinho a alguns comunas, em Rio Maior” e noutras “arenas de combate patriótico”  (sic) onde atuou no Verão Quente de 75. (De vez em quando, eu apanhava, no seu discurso,  alguns restos da sua tosca formação político-ideológica.) E depois, durante a campanha eleitoral de Ramalho Eanes, em 1976, diz que chegou a andar com ele aos ombros… Coitado do Eanes!... O que nunca apurei (nem quis, sabendo-o já bastante doente) foi a sua eventual participação nas redes bombistas que atuaram em 1975, pondo parte do país a ferro e fogo… 

E ainda acrescentei:

− No seu diário faltavam duas ou três folhas, justamente as dessa época. E eu nunca o inquiri sobre isso, achava que não tinha esse direito, para mais numa situação em que  a sua saúde se estava a degradar a olhos vistos... Mas não me parece que tenha sido um operacional de coisa alguma, quando muito um "peão de brega", gostava isso sim de “molhar a sopa”, como terá acontecido algumas vezes ao longo do Verão Quente de 75, nas terras onde havia "caça aos comunas" e que faziam parte do seu roteiro de "caixeiro-viajante".


4. Com um sorriso amarelo, contou-me, da última vez que o vi (e que na prática foi uma despedida), que fora a própria médica do IPO quem lhe passou a “certidão de óbito antecipada”:

−Senhor Jota Jota (alcunha fictícia)…, sabe que eu nunca fui de paninhos quentes… O médico tem de dizer a verdade ao doente… No seu caso chegámos ao fim de linha. A medicação, que tomou e que é inovadora, deu-lhe muitos meses de vida… Será uma esperança para futuros doentes com tumores como os seus… A si, deu-lhe mais qualidade de vida, mas não vale a pena continuarmos… Seria causar-lhe falsas ilusões e mais sofrimento. Tem metástases espalhadas por várias partes do corpo, e tudo começou na próstata… Agora a bexiga e o pâncreas… Bem, vamos ter que o passar para os cuidados paliativos. Não quero que sofra. Vou-lhe recomendar também a consulta de psicoterapia. Boa sorte e coragem.

A verdade é que o Jota Jota  apagou-se uns dois ou três ou meses  depois, pelo que eu  vim a saber mais tarde. Esteve numa unidade cuidados continuados, com muita morfina em cima daquele corpo…

Mas, muito antes já lhe tinha devolvido, pelo correio, o seu manuscrito com uma nota, elegante, cortês, até simpática, mas cínica: “Meu caro J… Escrever não é fácil. E menos ainda quando, no fim da viagem (ou da picada, você esteve em Angola, sabe do que falo), um gajo, como nós, olha para trás e põe-se a rebobinar o filme da p… da vida…”

Ele escrevia mal ecom erros de ortografia, mas eu não tinha coragem de dizer-lhe isso diretamente na cara… Como dizer isto, afinal,  a um homem que, pela conversa da sua médica,  ia entrar, dentro de pouco tempo, no terminal da morte, mesmo sabendo que ele era um narcisista ?!… 

Não o desencorajei, acabei por criar-lhe falsas esperanças: que a escrita precisava de ser melhorada, a pontuação, a ortografia, a ligação entre as partes, o fio cronológico, havia parágrafos a acrescentar, outros a cortar ou melhorar, que havia saltos bruscos, "brancas", lapsos de memória, erros factuais...  Enfim, havia que acautelar a privacidade de certas pessoas que, não sendo figuras públicas, eram citadas… 

E depois conviria saber se a Liga dos Amigos do IPO daria o seu aval à iniciativa, por muito boa que fosse a intenção do autor… E era preciso, não menos importante. encontrar um editor… E ainda restava saber qual seria a aceitação do livro, o volume de vendas, o montante dos direitos de autor… Enfim, uma trabalheira. (Eu fazia questão de o tratar por você, para manter um certo distanciamento afetivo, ele era,  de resto,  mais velho do que eu.)

Claro, nunca me chegou a responder. Não teria já ânimo para pensar no projeto, um pouco megalómano e mitómano,  do livro. Teve, até ao fim da vida, uma boa companheira,  creio que de origem cabo-verdiana… Mais do que companheira, enfermeira. Nunca a conheci, a não ser de fotografia:  teria idade para ser filha dele.

Embora tendo casado muito jovem, e com filhos, mas cedo  divorciado, o Jota Jota  era um “engatão compulsivo”. De estatura média, entroncado,  casaco de couro (a lembrar o dos seus tempos da Força Aérea), arranjaria mais tarde uma “pileca” para lisonjear o seu ego e completar a sua auto-imagem de marialva de pacotilha. Gostava de dar a sua “volta  ao redondel”, que era o largo da feira lá do sítio onde morava…  quando ainda tinha forças para tal… Mas nos últimos meses a sua decadência física foi galopante, disse-me um seu conterrâneo,  meu conhecido..

Às tantas tive pena daquele meu companheiro de infortúnio, mesmo sabendo que a sua vida tinha sido um caso de “pulhice humana”, e que tinha feito mal a muita gente, acomeçar por jovens mulheres que ele seduzira,  e que era incapaz de autocrítica e arrependimento…

− Não gosto de bater nos mortos, nem mesmo daqueles que foram em vida, grandessíssimos filhos da mãe…

E acrescentei, retomando a conversa com o "Psi":

− O Jota Jota, à sua escala, reles, desprezível, terá sido um deles… Grande ou pequeno, para mim é um filho da mãe...

− Tal como os esbirros e os lacaios da Santa Inquisição, da PIDE, do Pombal, do Salazar… – complementou o meu amigo “Psi”.

− Eh!, pá, não falo das figuras históricas, deixá-las lá dormir o sono eterno no Panteão Nacional dos Figurões, esse ridículo  ossário das nossas pretensas memórias coletivas… Até por que os portugueses não conhecem a sua própria história…

− Os outros povos também não – respondeu o “Psi” −, sou capaz de concordar contigo, não há céu nem inferno, apenas limbo para aqueles que, no seu tempo, foram grandes, poderosos ou famosos…

− “Aqueles que por obras valorosas se vão da lei da morte libertando!”… Vê o pobre diabo do Camões… Quem o lê hoje ?

− Lemo-lo nós, no nosso tempo, por obrigação, nunca por devoção ou paixão… − ironizou o “Psi”.

− Para mais agora que perdemos o Império (ou a sua ilusão, nunca tivemos dimensão para ser uma nação imperial e imperialista).

− Algumas dessas figuras, a quem chamamos herois,  deram-nos bastos motivos para os continuarmos a odiar, mesmo depois da morte…

− Sim, há homens (e mulheres)  a quem a História não perdoará, a menos que se continue a falsificar a História…

O tema era caro ao “Psi”, que me adiantou:

− Haverá sempre gente pronta a acreditar… e a mentir. Mas felizmente que a História, enquanto ciência, não é do domínio da fé e da propaganda.

E aqui ele foi taxativo;

− Sim, está por fazer a lista dos mais famosos mortos execráveis  de cada país… Mas a nossa História ainda é um ninho de mentiras...

E eu abanei a cabeça, em sinal de concordância, acrescentando que, no dito país dos brandos costumes, não chegaríamos  hoje a um consenso sobre esse macabro “Top Ten”.

− E depois há o “enviesamento ideológico”, como tu, ”Soc”,  gostas de lembrar…  Vê como a historiografia trata os vencidos e os vencedores… Vê o caso dos irmãos, Dom Pedro e Dom Miguel…

− Ou dos pais, o Dom João VI e a espanhola, a Dona Carlota Joaquina, takvez uma das nossas rainhas mais odiadas da nossa História… Mas voltamos ao nosso Jota Jota…, que decerto não ficará na nossa História com H grande…


5. O mais patético foi vê-lo, poucos meses antes de morrer, contar-me, sentado num dos bancos do pequeno espaço ajardinado que existe no IPO, frente ao edifício principal, que aquela devia ser a sua “última visita à Santa Casa” (sic), como ele lhe chamava, ao hospital.

Aguardava  pela ambulância que o devia levar a casa, uns cento e poucos quilómetros a norte de Lisboa.  Fazíamos horas,  eu ia adiando o clique de telemóvel para a minha boleia,  talvez por não querer perder o final daquela história de um homem a lutar contra a morte. Pergunto-me hoje se não fiquei ali apenas por caridade (a palavra repugna-me), ou por compaixão… Ou por simples curiosidade mórbida...Mas ao mesmo tempo eu não queria desmerecer a tão inesperada quanto surpreendente confiança que ele depositara em mim, que só me conhecia do IPO…

Já antes me confirmara que se sentia um “doente milionário” (sic)… Provavelmente queria dizer “privilegiado”. Mas fez questão de esclarecer:

− VIP!... Um doente VIP!...

Nunca tinha ouvido uma tal expressão, algo surrealista e de todo deslocada num sítio daqueles, onde se sofria e morria todos os dias...

− VIP ? – interpelei eu, para logo a seguir acrescentar:

− Mas é um direito, que o meu amigo tem, o direito à saúde,  consagrado na Constituição…

Não sei se ele entendeu a minha observação, tanto mais que ele não deveria ser, pelo que eu deduzia, um fervoroso apoiante do SNS, o Serviço Nacional de Saúde… Mas logo percebi onde queria chegar:  de facto, e pelas suas contas de “caixeiro-viajante”, os gastos do IPO, “só com a sua humilde pessoa” (sic) , já ascenderiam a cerca de 200 mil euros (sem me explicar como teria apurado esse valor).

− Dava para comprar um bom apartamento em Lisboa – asseverava ele.

− Sim, talvez há uns largos anos atrás… − atalhei eu. – Agora Lisboa é fogo, o metro quadrado já ultrapassa os 3 mil euros…

Com algum humor negro, a que se juntavam uns restos esfarrapados da sua proverbial gabarolice,  garantia-me que a “menina da farmácia” (sic)  já brincava com ele, quando lá ia levantar a sua medicação:

  Senhor Jota Jota, por este andar vai levar o IPO à falência.

E seguia-se a justificação:

− A gente gasta  um milhão e meio de euros por semana só em medicamentos. O senhor leva a parte de leão…

E ele ria-se, não era bem riso, era uma estranha mistura do riso alarve do marialva fanfarrão e do sorriso triste, amarelo, forçado, do palhaço.  Ao mesmo tempo, provocava-me compaixão e irritação. Ele era daquele tipo de doentes para quem o “consumo sumptuário” de cuidados médicos (consultas, exames, fármacos, aparelhos…, "quanto mais caros melhores!"), era uma forma de “status” social… Era um traço distintivo… dos ricos com que ele se gabava de ter privado, "nos bons velhos tempos"....Ele sorria porque se sentia de algum modo lisonjeado com as palavras da “menina da farmácia”… Afinal, estava no “quadro de honra dos doentes despesistas” (sic). Havia nele um estranho prazer, quase sadomasoquista,  por estar a gastar, com a sua doença, tanto dinheiro ao Estado.

Duvido que a farmacêutica (ou mais provavelmente a técnica de farmácia que estava de serviço), em geral tão circunspecta e distante, fechada na sua “redoma de vidro” (colocada por causa da Covid-19), lhe tenha dito, textualmente, essas palavras, e muito menos falado nos milhões do orçamento do IPO. É mais provável que tenha sido a sua médica  oncologista  a dar-lhe essa informação, embora muito por alto. Mas eu registei  as suas palavras como tal, no meu caderninho de notas,  com a data desse dia.  

Logo que a ambulância partiu  com o meu companheiro de infortúnio,  tive o pressentimento (para não dizer a certeza) que nunca mais o voltaria a ver. E, confesso, com algum alívio… A sua história acabrunhava-me. Ou, talvez pior, a “sentença de morte” que lhe fora ditada pelos médicos…”Já não havia nada a fazer", conformava-se ele, completando já talvez o seu processo de luto...


6. R
ecordo-me ainda de ele me dizer, ao contar-me a primeira vez que teve de ir a um urologista:

– Sou um maricas, não posso ver sangue! 

Andara a “mijar sangue” (sic), e a levantar-se amiudadas vezes, de noite, para ir à casa de banho. Até pensou que tinha apanhado algum “esquentamento” (sic).

Foi protelando  a ida a um consulta médica, até que uma crise maior, há uns  anos atrás,  o forçou a chamar o 112. Aliás, não foi ele, mas a sua “Bia", o seu "anjo da guarda" (sic)...

A ambulância do INEM  levou-o, de imediato, à urgência do centro hospitalar da sua área de residência. Ele protestou, que tinha um seguro de saúde caríssimo, que queria ser visto num hospital privado, que o público tinha má fama, que ia ficar toda a noite numa maca, aos berros, no corredor, e por aí fora.

− Mas em boa hora lá me  levaram ao sítio certo. Dei de caras, no SO, com um urologista, que não era homem mas mulher, para minha surpresa.  A princípio, confesso, senti-me intimidado  e até humilhado quando ela me mandou despir as calças, e ficar em posição fetal na marquesa…

E justificou-se, como se tivesse perdido a honra:

− Nunca  tinha feito o toque retal, nunca ninguém (e muito menos uma mulher) me tinha posto o dedo no cu… Nem o dedo nem outra merda qualquer!

− Nunca tinha feito sequer uma eco prostática  ? – quis saber eu, evidenciando  algum pudor, delicadeza e cautela na pergunta.

− Nada, nunca precisei, graças a Deus! 

Perante a reação, algo desastrada, do doente, a médica riu-se para aliviar a  tensão, e gracejou:

− Senhor Jota Jota,  porte-se como um homem, já não tem idade para ser criança!... Aqui é apenas um paciente. Mas está no seu direito de recusar o toque retal… Se se portar bem, eu conto-lhe no fim uma história engraçada… Vem a propósito do pudor masculino, e passou-se comigo no início da minha carreira médica…

E,  depois de feito o toque retal, a médica prosseguiu:

− Como viu,  não doeu nada... Ou doeu ?!

− Não, senhora doutora.

E o senhor J... está inteiro, não perdeu nada!… Mas falando de coisas sérias: a próstata está muito inflamada, e mais dura do que seria normal… Vamos já fazer análises clínicas, para ver o valor do PSA (que deve estar alto) ... E muito provavelmente vamos ter que fazer uma biópsia nos próximos dias… Só  lamento o sr Jota Jota não ter vindo mais cedo ao urologista, ou à urologista… Fica aqui mais um dia ou dois, em observação e para fazer a eco, as análises… Depois irá para casa, ficando à espera que o chamem para a biópsia… (Infelizmente, vai ter que a fazer, mas é para melhor esclarecimento do diagnóstico.)

A médica fez depois questão de tranquilizar o doente, continuando a conversa bem humorada que mantivera logo de início:

− Afinal, a urologia é uma especialidade tão masculina ou tão feminina como qualquer outra… No caso de nós, as mulheres médicas urologistas, só não podemos é ter as unhas compridas e pintadas… Ou melhor, não convém…

E finalizando:

− Fique tranquilo… Tudo se há de compor. Hoje, se formos a tempo, ninguém morre de carcinoma da próstata… Esperemos é que não haja mais complicações… O nosso corpo é uma caixinha de surpresas... É preciso saber falar com ele, saber vê-lo e ouvi-lo,  estar atento aos seus sinais... E então agora vou-lhe contar a história que lhe prometi, no caso de se portar bem como aconteceu.

E a história podia resumir-se nestes termos, tal como o Jota Jota ma contou, com graça, pondo-se na pele da médica:

− Como deve imaginar, a urologia foi durante muito tempo uma especialidade médico-cirúrgica exercida por homens… Nos EUA as mulheres começaram mais tarde, nos anos 60… No nosso caso, só mais recentemente. Eu fui a primeira mulher do meu ano,  do meu curso, a escolher esta especialidade como primeira opção… O meu pai, alentejano, caçador, “bon vivant”, bom garfo e melhor copo (faleceu de gota, coitado!), levou-me um dia a uma montaria, uma caçada ao javali.  Era uma espécie de prémio, pelo meu sucesso no exame da especialidade. Eu era a única mulher no meio de tantos caçadores, todos empertigados nas suas fatiotas.  Um mulher de arma em punho, está a ver ?!...  Isto foi no Norte, em Trás-os-Montes, junto à raia espanhola… Desde miúda que eu gostava de acompanhar o meu pai, embora perto de casa, na caça ao coelho, à lebre,  à    perdiz… Quando fui, pela primeira vez, à montaria, os presentes, todos homens, começaram a torcer o nariz à minha presença, alguns tossiam para disfarçar o desconforto, ou puxavam grandes fumaças dos cigarros… E antes que se  avolumasse o mal-estar e se começasse a gerar algum burburinho, o meu pai (que nestas coisas tinha um sexto sentido apurado, a par de muita graça e bonomia, ou não fosse um "chaparro" de gema)  fez-me a presentação ao grupo dos machos lusitanos (também havia alguns espanhóis): “A minha filha, fulana de tal, médica, urologista… Estejam à vontade, meus senhores, podem continuar a mandar as vossas cara...lhadas (acho que foi esse o termo que ele usou), que ela, embora seja uma senhora muito bondosa e fina, está farta de ver piças e cus… Só espero é que os senhores nunca precisem  dos seus serviços, dela ou dos seus colegas”… Fez-se silêncio, por uns largos segundos, até que alguém, de copo na mão,  exclamou, para desanuviar o ambiente: “Seja bem vinda, doutora. Vê-se que é uma mulher de armas!”.

O nosso homem, o Jota Jota,  ficou visivelmente bem disposto e lisonjeado com estes mimos todos, vindos de uma mulher, para mais doutora… E, à despedida, teve este rasgo de bom humor, que deixou a médica encantada e até enternecida:

− Então, adeus, e até à próstata,  senhora doutora!


© Luís Graça (2022). Todos os direitos reservados

[ Nesta série, " A galeria dos meus heróis", a realidade e a ficção misturam-se. E ainda bem que  temos a literatura, uma forma de arte, que os seres humanos inventaram, e que nos ajuda a suportar melhor a verdade e a mentira, o céu e o inferno, a sordidez e a beleza da vida... LG]

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Nota do editor:

(*) Último poste da série > 17 de agosto de  2022 > Guiné 61/74 - P23532: A galeria dos meus heróis (47): O tio Ortiz (1906-1944) (Luís Graça)

7 comentários:

José Botelho Colaço disse...

Belo trilema Srs. Soci, ´´Psi´´ e Jota.

Tabanca Grande Luís Graça disse...

É verdade, Zé Colaço... Isto mal comparado, o hospital é como a cagadeira das escolas médicas onde os futuros doutores, quando estão à rasca, como qualquer ser humano, escrevem na porta interior versos de m... à moda do Bocage:

"Aqui toda a vaidade se apaga,
E a merda do herói é tamanha,
Que até o cobarde se assanha,
E o valente se mija e se caga."

Hélder Valério disse...

Meu bom amigo Luís

Gostei de ler esta tua crónica, não direi de "costumes" mas antes de um "fresco social", embora parcial.
Realmente, essa "fauna humana" que vai dando "vida" (antes da morte) ao IPO, tem (terá) histórias fabulosas para contar, ou para se contar...
Em boa verdade, não sei bem como comentar as diferentes peripécias que referes.
A personalidade do JJ, as suas nuances, as suas posições sociais, os seus enquistamentos culturais, etc., bem assim como o "Psi", com o seu deslumbramento juvenil e o desencanto posterior, a fazer lembrar outros "arrependidos" ou "convertidos" como alguns que conhecemos, defendendo-se desses "pecados de juventude" através de ironia sarcástica, são coisas muito interessantes de se observar e comentar. Mas falta-me vontade.

Aproveito para dizer que essa quadra que publicaste, "colada" às escolas médicas, carece de "datação".
Digo isto porque, bem longe no tempo, aquando da minha Escola Primária, que fiz de 1955 a 1959, já vi e li uma coisa bem semelhante nas retretes, e que "rezava" assim:

"Neste lugar solitário,
Onde a vaidade se apaga,
Todo o cobarde faz força,
Todo o valente se caga".

Não é igual, realmente, mas a ideia é a mesma.

Hélder Sousa

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Pois é, Hélder, por cada homem que morre, é um livro que desaparece... E debaixo da terra somos todos iguais... "Campo da igualdade": chamam-se assim os cemitérios nalgumas terras do nosso Sul...

Tenho dificuldade em ser cruel, nestas cirunstâncias... Conheci mesmo este Jota Jota, que também passou pelo IPO como eu e tantos outros de nós... O Padre Américo dizia que não havia rapazes maus... Não é preciso ser sociólogo nem psicólogo para saber que há homens bons e maus... E preciso é saber onde está (e o que faz) a diferença...

Uma noite descansada. E obrigado pelo teu comentário. Luís

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Já qye falamos da próstata e dos seus problemas... Veja-se aqui um excerto da página da Associação Portugueses de Doentes da Próstata:

https://www.apdprostata.com/a-prostata.htm


(...) A Próstata é uma glândula que faz parte do aparelho reprodutor do homem, contribuindo para a formação da testosterona e do esperma. É constituída por um corpo do tamanho de uma castanha com o peso aproximado de 20 gramas na fase de jovem adulto, que se situa na parte inferior da bexiga e se dispõe, em anel, contornando o canal uretral, com comunicação com os testículos. A partir dos 40 anos esta glândula tende a crescer, mais ou menos rapidamente. Em cerca de 50% dos casos, pela sua dimensão ou pela forma de crescimento, podem surgir situações que criam dificuldades para a micção e/ou a própria defecação.

Razões principais porque os homens não falam ao médico sobre a próstata:

- Noção errada de que os sintomas urinários são um acontecimento normal da idade;

- Medo de um diagnóstico de cancro;

- Medo da cirurgia e das suas potenciais complicações;

- Relutância e embaraço em discutir os sintomas urinários e da esfera sexual com o médico de família, especialmente se este for do sexo feminino, e até receio de ser submetido a um toque rectal, exame necessário para a observação da próstata.” (Negritos nossos, LG)

Dr. Tomé Lopes – Médico Urologista
IN Saúde Publica (Semanário EXPRESSO) de 4.11.2006

Tabanca Grande Luís Graça disse...


Arquivo Pessoa
Obra Aberta | OBRA ÉDITA · FACSIMILE · INFO

Fernando Pessoa

A morte é a curva da estrada

A morte é a curva da estrada,
Morrer é só não ser visto.
Se escuto, eu te oiço a passada
Existir como eu existo.

A terra é feita de céu.
A mentira não tem ninho.
Nunca ninguém se perdeu.
Tudo é verdade e caminho.

23-5-1932
Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.)
Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995). - 142.

http://arquivopessoa.net/textos/2345

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Instituto da Próstata

Saúde. Cancro na próstata causa cerca de 1800 mortes por ano em Portugal

O cancro da próstata mata todos os anos mais de 1800 homens em Portugal. Todos os anos surgem quase seis mil novos casos. Este ano já morreram 900 pessoas. O médico urologista José Santos Dias explicou na RTP os sintomas e como prevenir esta doença.

Para prevenir é importante fazer exames médicos, logo a partir dos 45 anos. Este "é um tumor muito frequente em Portugal" e também "uma das principais causas de morte oncológicas", diz o médico. "O cancro é curável se for diagnosticado precocemente", alerta José Santos Dias. Veja a entrevista aqui.


https://www.institutodaprostata.com/pt/blog/saude-cancro-na-prostata-causa-cerca-de-1800-mortes-por-ano-em-portugal