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quinta-feira, 16 de maio de 2024

Guiné 61/74 - P25531: A minha ida à guerra (João Moreira, ex-Fur Mil At Cav MA da CCAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72) (43): HISTÓRIA DA COMPANHIA DE CAVALARIA 2721: Sobreposição à CCAV 3378



"A MINHA IDA À GUERRA"

João Moreira


SOBREPOSIÇÃO À CCAV 3378

No dia 13 de Maio de 1971, chegou ao Olossato a CCAV 3378 para render a minha CCAV 2721.

Era uma companhia comandada por um capitão miliciano, engenheiro agrónomo, que diziam ter sido colega do Amílcar Cabral, com quem se correspondia através de um intermediário em França.

Por estes motivos estavam, ou foram, convencidos de que o Amílcar Cabral ia dar instruções aos guerrilheiros do PAIGC naquela zona para não atacarem esta companhia.

Os graduados, talvez por melhor formação, aceitavam os nossos conselhos, mas os soldados eram irresponsáveis.

Nas saídas que fizeram com o meu grupo de combate, obrigava-os a cumprir as minhas ordens, porque a minha vida e a vida dos meus soldados não podiam correr riscos desnecessários, provocados pela falta de consciência dos periquitos.

Exemplifico:

Em emboscadas noturnas falavam alto, dormiam, ressonavam, fumavam, etc. Não cumprindo as minhas ordens, falava com o graduado deles e levantava a emboscada, porque a nossa presença já estava denunciada.

Evitava andar nas bolanhas. Fazia a progressão 30 a 40 metros dentro da mata de forma a evitar ser surpreendido, mas eles queriam atravessar as bolanhas à balda, sem qualquer tipo de segurança.

Várias vezes avisei os graduados e os soldados que eles a procederem assim, iam ter muitos problemas e sofrer grandes desilusões.
Guiné > Região do Oio > Olossato > 1966 > Vista aérea do aquartelamento, pista de aviação e povoação.
Foto: © Rui Silva (ex-Fur Mil, CCAÇ 816, Bissorã, Olossato, Mansoa, 1965/67).

Entretanto, chegou o dia 31 de Maio e os 1.º e 3.º GComb seguiram para Nhacra, acompanhados por parte do comando e especialistas.

Os 2.º e 4.º GComb só foram para Nhacra no dia 9 de Junho.

Acabámos a comissão e regressámos no dia 28 de Fevereiro de 1972.

Em Março, ao descer a Rua de Sá da Bandeira, no Porto, cruzou-se comigo um indivíduo que me reconheceu e falou.

Era um dos furriéis da CCAV 3378, que nos tinha rendido no Olossato.

Durante a conversa perguntei-lhe como estava a correr a comissão deles e ele respondeu-me que não estava bem. Os soldados iam de G-3, morteiro e bazuca para o refeitório porque os "turras" tinham ido ao arame farpado.

Lembrei-lhe dos "avisos" que lhes tinha feito durante o tempo da sobreposição ao que ele me informou que a partir dessa altura todo o pessoal dizia:
- O furriel Moreira avisou-nos várias vezes que o Amílcar Cabral não ia dar ordem para não atacarem aquela Companhia por ser comandada por um amigo dele. ELE É QUE TINHA RAZÃO.

(continua)

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Nota do editor

Último post da série de 9 DE MAIO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25500: A minha ida à guerra (João Moreira, ex-Fur Mil At Cav MA da CCAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72) (42): HISTÓRIA DA COMPANHIA DE CAVALARIA 2721: Os meus pedidos aos soldados do meu 4.º Grupo de Combate

quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Guiné 61/74 - P19305: Tabanca Grande (472): Carlos Silvério, natural de Ribamar, Lourinhã, ex-fur mil at cav, CCAV 3378 (Olossato e Brá, 1971/73)... Senta-se finalmente à sombra do nosso poilão no lugar nº 783, o número (azarento) do seu tempo de recruta na EPC, em Santarém...


Oeiras > Algés > 35.º almoço-convívio da Tabanca da Linha > 18 de janeiro de 2018 > "O Carlos Silvério, meu amigo, camarada, vizinho e conterrâneo... Veio com a prima Zita. O casal é lourinhanense, vive em Ribamar... 'Periquitos', na Tabanca da Linha. Ele, furriel miliciano, da CCAV 3378, andou pelo Olossato e por Brá (Bissau), entre abril de 1971 e março de 1973. A Zita viveu com ele em Bissau, de agotso de 1972 a março de 1973.

Foto: © Manuel Resende (2018). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Mensagem de Carlos Silvério Silva, que passa a ser o grã-tabanqueiro nº 783 :

Data: 14/12/2018, 17:22

Assunto - Formalização do pedido de entrada para a Tabanca Grande

Camarada e amigo Luís Graça, aqui vai o texto prometido.

Tendo vindo a participar em alguns "Encontros Tabanqueiros", nomeadamente o último da Tabanca Grande em Monte Real e vários outros da Tabanca da Linha, chegou a hora de solicitar ao Tabanqueiro-Mor a minha adesão formal.

Sou o ex-fur mil Carlos Silvério Silva, com o seguinte percurso militar:

(i) EPC, Santarém (destacamento): Recruta do CSM. Abril - junho/70;

(ii)  CISMI, Tavira: Especialidade de atirador. Junho - setembro/70;

(iii) RI 5, Caldas da Rainha: Monitor de recruta do CSM.  Setembro - dezembro /70;

(iv) RC 3,  Estremoz: Monitor de especialidade de atirador. Janeiro - fevereiro/71;

(v) BCAÇ, Portalegre: Formação da Companhia de Cavalaria 3378 [, CCAV 3378,]  com destino à Guiné;

(vi) Embarque no Paquete Angra do Heroísmo em 3  de abril de 71 , [viajando com o  BCAV 3846, composto pela CCAC 3366 (Susana, Cumeré), CCAV 3364 (Ingoré, Cumeré) e CCAV 3365 (S. Domingos, Cumeré); a  unidade mobilizadora era também  o RC 3; o Comando e a CCS ficarm em Ingoré. Cmdt do batalhão: ten cor cav António Lobato de Oliveira Guimarães]; 

(vii) Desembarque em Bissau a 9 de abril de 71;

(viii) Estadia no Cumeré de 9 de abril a 13 de maio 71 a cumprir o IAO;

(ix) Chegada ao Olossato em 13 de maio de 71;

(x) Saída do Olossato para Safim, João Landim e Brá (Combis) em 26 de maio de 72;

(xi) Embarque no Uíge em 24 de março de 73 de regresso a Lisboa;

(xii) A CCAV 3378, mobilizada pelo RC 3,  teve 2 Eugénio Manuel Bilstein de Meneses Sequeira; e Cap QEO Carlos Alberto de Araújo Rollin e Duarte.



Guiné > Região do Oio > Olossato [?] > c.  1971/73 >  CCAV 3378 >  O fur mil at cav Carlos Silvério.

Fotos: ©  Carlos Silvério (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem; Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

As primeiras semanas na Guiné não foram fáceis. Apesar de alertados para algumas dificuldades climatéricas, aquela temperatura, e principalmente aquela humidade, que quase não nos deixava respirar, foi um choque brutal.

Psicologicamente fomos marcados por dois episódios:

1º - A morte do capitão graduado 'comando' João Bacar Jaló, comandante da 1ª companhia de comandos africanos, ocorrida precisamente uma semana após a nossa chegada. Não se falava noutra coisa em Bissau. Toda a gente queria saber as circunstâncias e as consequências desta perda.

2º - Mais dramático que o anterior, pois tocava-nos directamente. Tínhamos dezanove dias de Guiné. Estávamos em pleno IAO, estacionados em círculo numa clareira duma mata próxima de Nhacra. Cada homem da companhia tinha cavado o seu abrigo. Após o jantar muitos de nós ficámos a conversar com o vizinho do lado ou em pequenos grupos no interior do estacionamento.

Por volta das 22 horas [, do dia 28 de abril de 1971,] alguém abriu fogo e só parou depois de disparar a última bala do carregador. Gerou-se uma grande confusão porque ninguém entendeu o que se estava a passar. Deste incidente resultou a morte do nosso camarada alf mil cav João Francisco Synarle de Serpa Soares (filho de um antigo comandante da EPC, coronel Serpa Soares). Quando a situação acalmou, chegámos à conclusão que o alferes Serpa Soares tinha resolvido fazer uma ronda pela periferia do estacionamento levando a G3 nos braços como se de um bebé se tratasse.

Um dos soldados que estava de sentinela viu aparecer um vulto e sem tentar perceber de quem se tratava, crivou a G3, o tórax e o abdómen do alf Soares provocando-lha a morte imediata. Digamos que não foi um começo auspicioso.

Oportunamente enviarei mais alguns episódios não tão dramáticos como este.

Abraço,
Carlos Silvério.

PS - Seguem três fotos do tempo da tropa e da Guiné


Lisboa > Hotel Travel Park > 11 de novembro de 2018 > Sessão de apresentação do livro "Voando sobre um ninho de Strelas", do ten gen ref António Martins de Matos > Dois representantes da Tabanca do Porto Dinheiro, Lourinhã, à direita o régulo, o Eduardo Jorge Ferreira (ex-alf mil da Polícia Aérea, BA 12, Bissalanca, de 20 de janeiro de 1973 a 2 de setembro de 1974, colocado na EDT (Esquadra de Defesa Terrestre); e à esquerda o Carlos Silvério, já na altura assinalado como "o nosso próximo grã-tabanqueiro nº 783"...

Fotos: © Miguel Pessoa (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem; Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


2. Comentário de LG:

Carlos, meu amigo, camarada,  conterrâneo e... primo:

Tenho um triplo ou quádruplo prazer em te acolher na Tabanca Grande. Há muito que esperava por este gesto. Respeitei o teu "timing", imposto por razões que já antes havias partilhado com o Carlos Vinhal e comigo: querias sentar-te à sombra do nosso poilão no lugar nº... 783 (*).

Custou mas foi. O lugar é bem merecido (**). E este blogue é teu, é nosso. Sei que és um leitor fiel. E nós ficamos à espera das prometidas histórias que ainda tens na tua memória.

Ficas a saber que és o primeiro representante da tua companhia a integrar formalmente a Tabanca Grande. Tens a responsabilidade, acrescida, de divulgar o blogue e de trazer mais camaradas para se sentarem contigo e connosco debaixo do nosso poilão, mágico, fraterno e protetor.

Sobre a tua CCAV 3378 sabemos pouco, temos poucas referências no nosso blogue. Mais uma razão para continuares a escrever sobre ti e os teus camaradas.

Quanto ao nosso parentesco (por afinidade)... Estás casado com a Zita, e a Zita e eu temos em comum dois bisavós, que eram irmãos, nascidos na década de 1860, em Ribamar, Lourinhã, pertencentes ao "clã Maçarico":

(i)  o bisavô dela chamava-se  Joaquim Filipe Maçarico, casado com Maria Feliz, que tiveram quatro filhos, incluindo a Iria da Conceição, que será avó paterna da Zita;

(ii) a minha bisavó paterna, irmã do Maçarico (só os rapazes é que tinham o apelido Maçarico) chamava-se Maria Augusta (1864-1920), que foi casar na Lourinhã com Francisco José de Sousa (1864-1939): o casal teve 7 filhos, incluindo a minha avó, paterna, Alvarina de Sousa [que morreu de tuberculose em 1922, tinha o meu pai, Luís Henriques (1920-2012),  dois anos].

Portanto, as nossas avós (paternas) eram primas direitas, a Iria  e a Alvarina.. Não vale a pena ir mais longe, mas sabemos pelo menos os nomes dos pais e dos avós dos nossos bisavós, ou sejam, os nossos trisavós (nascidos por volta de 1830) e os nossos tetravós (nascidos por volta de 1800)...

Um alfabravo fraterno, um beijinho para a Zita.  Feliz e Santo Natal para toda a família. LG
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 8 de agosto de 2018 > Guiné 61/74 - P18904: O mundo é pequeno e a nossa Tabanca...é Grande (108): O Carlos Silvério, nosso futuro grã-tabanqueiro... n.º 783... Encontrei-o na Lourinhã e ele contou-me o seu... "segredo" ... Também me disse que morou em Bissau, na rua do "Chez Toi", quando lá esteve, casado, com a Zita, em 1972/73...

(...) O 783 era o seu número de soldado-instruendo na recruta, em Santarém. Acabada a recruta, e quando ele se preparava para ir uns dias de férias, andava a passear com a sua Zita nas ruas de Santarém, quando passa rente a um major de cavalaria... Distraído com a namorada, mal deu conta dos galões amarelos do oficial superior que lhe fez a tangente... Mas ainda foi a tempo de se virar e de lhe bater a pala... O major continuou o seu caminho, mas, matreiro ou sacana, foi dar uma volta e, logo mais à frente, virou em sentido contrário para o apanhar de frente. O Carlos desta vez não foi apanhado desprevenido e fez-lhe, corretamente, a devida continência... Mas o senhor oficial estava mesmo determinado em lixá-lo. Tirou-lhe o número (o 783) por causa da desatenção anterior.

Resultado: quando o Carlos Silvério chegou ao quartel, já tinha a participação do major... Enquanto o resto do pessoal (cerca de 400) foi gozar uns merecidos dias de licença em casa, o Carlos ficou de castigo no quartel... Seguindo depois diretamente, de Santarém para Tavira, para o CISMI, numa penosa viagem de comboio que levou toda a noite, ...

Compreensivelmente, o Carlos Silvério "ficou com um pó" aos oficiais de cavalaria, em geral, e aos majores, em particular, nunca mais se esquecendo do seu azarento n.º 783 da recruta em Santarém. Ele é primo do tenente general reformado Jorge Manuel Silvério, nascido em Ribamar, em 1945, e já lhe contou em tempos esta peripécia que o deixou desgostoso em relação à instituição militar. (...)


quinta-feira, 23 de maio de 2024

Guiné 61/74 - P25554: A minha ida à guerra (João Moreira, ex-Fur Mil At Cav MA da CCAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72) (44): Premonição



"A MINHA IDA À GUERRA"

João Moreira


PREMONIÇÃO

A CCAV 2721 chegou à Guiné em 11 de Abril de 1970.
Foi colocada em OLOSSATO, na região do OIO, próximo da famosa base do MORÉS.

Ao longo da nossa permanência no Olossato os nossos soldados começaram a dizer que a nossa Companhia ia para Nhacra.
Era muito bom, porque em Nhacra não havia guerra.

Este boato começou a correr mais ou menos em Junho, ou seja 2 meses após a nossa chegada.
Nós, graduados, dizíamos-lhes para não acreditarem nisso e não criarem falsas ilusões.

- "QUANDO A ESMOLA É GRANDE O POBRE DESCONFIA". Mas, de 2 em 2 meses lá voltavam os soldados a dizer que a Companhia ia para Nhacra.

Apesar de nós, graduados, continuarmos a dizer-lhes para não acreditarem, eles insistiam.
E o boato ia-se repetindo de 2 em 2 meses.
E em Abril de 1971, num domingo de Páscoa, confirmou-se que a CCAV 2721 ia para Nhacra.

O capitão estava de férias e a Companhia era comandada pelo Alferes Salgado.

Eram cerca das 4 horas da tarde e o alferes Salgado apareceu de jeep em frente ao bar de oficiais e sargentos e convidou-me para o acompanhar na visita que ia fazer à tabanca.

Passado pouco tempo informou-me que tinha recebido uma mensagem a dizer que a Companhia ia para Nhacra.

Trocamos comentários acerca da persistência dos soldados que de 2 em 2 meses não deixavam de afirmar que a Companhia ia para Nhacra, onde NÃO HAVIA "GUERRA".

A chegada da CCAV 3378 em 13 de Maio foi a confirmação da nossa ida para Nhacra.

Em 31 de Maio foram 2 GComb e parte do comando e especialistas da Companhia para Nhacra.
5 de Janeiro de 1972 > João Moreira junto à piscina de Nhacra

Ficaram os 2.º e 4.º GComb para fazermos a sobreposição à CCAV 3378.

O resto da Companhia foi no dia 9 de Junho para Nhacra e sofremos um ataque, após termos instalado os soldados nas futuras instalações do Posto Retransmissor da Emissora Oficial da Guiné.

Íamos para Nhacra - ONDE NÃO HAVIA GUERRA - e fomos recebidos com um ataque.


(continua)
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Nota do editor

Último post da série de 16 DE MAIO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25531: A minha ida à guerra (João Moreira, ex-Fur Mil At Cav MA da CCAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72) (43): HISTÓRIA DA COMPANHIA DE CAVALARIA 2721: Sobreposição à CCAV 3378

terça-feira, 17 de abril de 2007

Guiné 63/74 - P1670: Operação Larga Agora, Tancroal, Cacheu, local maldito para a Marinha (Parte II) (Lema Santos)


II e última parte de um extenso texto do Manuel Lema Santos sobre a Operação Larga Agora (1).

O ex-1º tenente d Reserva Naval e imediato da LFG Orion (Guiné, 1966/68) entrou para a nossa tertúlia há um ano. Sobre ele escrevi o seguinte:

(...) O Lema Santos é o primeiro oficial da classe de marinha que nos contacta e pede licença para entrar na nossa caserna... de tropa-macaca. É óbvio que o vamos receber de braços abertos: estamos todos de acordo que a história da guerra da Guiné só pode fazer-se juntando a malta dos três ramos das Forças Armadas Portugueses mais os nossos queridos turras. Até à data, e nas vésperas de completarmos um ano de existência, as tropas especiais, bem como a malta da marinha e da força aérea, está ainda subrepresentada na nossa tertúlia. Seria interessante tentar saber porquê... Ao falar com este camarada pelo telefone, constatei que ele conhece todos os rios da Guiné, é um excelente contador de histórias, tem uma memória fotográfica e possui uma vasta rede de contactos pessoais e sociais... Welcome to board, captain! (...).


De destacar no relatório desta operação o elogio que o comandante da operação, Coronel Paraquedista Rafael Durão, faz à actuação do nosso camarada Vitor Junqueira, ex-alferes miliciano da CCAÇ 2753 - Os Barões (Madina Fula, Bironque, Saliquinhedim/K3, Mansabá , 1970/72), hoje médico, residente em Pombal, e organizador do 2ºencontro da nossa tertúlia (Pombal, 28 de Abril de 2007):

(...) Considero excepcional o comportamento da função de Comando do AGR 5 CCAÇ 2753 (-) do ALF Mil de Inf VICTOR JOSÉ ANASTÁCIO JUNQUEIRA que, embuído de alto espírito de missão, soube formar com os 2 Gr Com que comandava uma equipa extremamanente coesa e perfeitamente ciente do que lhe incumbia. Em todas as acções de contacto IN manifestou calma absoluta, clareza e rapidez de decisão. Julgo-o perfeitamente apto para comandar uma CCAÇ em operações (...).

2.Operação Larga Agora

Nota: O relatório que abaixo se transcreve corresponde ao relato oficial integral salvo gralhas e algumas simplificações mas sem qualquer alteração de sentido do texto (MLS)

Relatório da Operação Larga Agora
Realizada de 13 de Junho de 1971, com início às 05h30, a 15 de Junho de 1971, às 17h00, na região de Tiligi

Referências > Ordem de Operações Larga Agora

Situação > Ordem de Operações Larga Agora

Missão

Actuou ofensivamente na região de TILIGI (limitada pelos rios Cacheu, Armada, Blassar e Olossato) através de acções de nomadização prolongadas no espaço e no tempo, com especial atenção nas áreas de instalação e presença do IN e da população sob seu controlo, com vista à captura e aniquilamento daquele. No mínimo, destruir todas as suas instalações e/ou meios de vida, criando-lhes condições de insegurança e captura população.

Força executante

(1) Comandante – Coronel Paraquedista Rafael Ferreira Durão

(2) Comandantes das Sub-unidades:
AGR 1/DFE 12 – 1º Ten FZE Francisco Coelho Mendes Fernandes
AGR 2/DFE 4 - 1º Ten FZE José Faustino Ferreira Júnior
AGR 3/DFE 13 - 1º Ten FZE José Manuel Marques Ribeiro Reis
AGR 4/27ª CCMDS - ALF Mil Comando José Eduardo Lima Rebola
AGR 5/CCAÇ 2753 - ALF Mil Victor José Anastácio Junqueira
AGR 6/CCP 123 – CAP Paraquedista Avelar de Sousa
AGR 7/CCP 121 - CAP Paraquedista Mira Vaz
AGR 8/02 Grcomb CCP 121 - Ten Paraquedista Castro
AGR 9/02 Grcomb CCP 123 - Ten Paraquedista Caldas

(3) Emboscadas
CCAÇ 2781 - CAP Inf Manuel Estevão de Martinho S. Roldão
CCAÇ 13 - CAP Mil Inf João Carlos C. Castro
01 Gromb/CCAV 3378 +
01 Grcomb/Comp Mil 26 – ALF Mil Manuel Joaquim da Silva Araújo
Articulação da força – Conforme Ordem de Operações Larga Agora

(4) Planos estabelecidos para a acção

Conforme Ordem de Operações Larga Agora
(5) Desenrolar da acção

Conforme planos estabelecidos para a acção

Resultados:

DFE 4

Causou 4 mortos ao IN, a quem apreendeu 2 armas; destruiu 14 tabancas e recuperou 2 elementos da população.

DFE 12

Causou ao IN 1 morto, 2 feridos e capturou 2 elementos; apreendeu 4 armas; destruídas 8 tabancas e recuperados 19 elementos da população. As NF sofreram 3 feridos.

DFE 13

O IN sofreu 1 morto. Recuperados 7 homens e 3 crianças; destruídas 8 tabancas.

27ª CCMDS

O IN sofreu 3 mortos, 1 ferido e a apreensão de 2 armas e documentos diversos; recuperados 3 elementos da população; destruídas 20 tabancas. As NF sofreram 2 feridos ligeiros.

CCAÇ 13

Recuperou 1 homem, 5 mulheres e 2 crianças.

CCAÇ 2753

Causou 3 mortos e capturou 1 elemento pop; apreendeu 2 metralhadoras, 11 pistolas-metralhadoras, 4 espingardas, 1970 mun, 16 carregadores, 6 lâminas Breda, 1 tripé Breda, 6 tripé MC, 1 suporte AA, 2 caixas espol mort, 12 granadas de morteiro 60, 10 granadas RPG-2, material e documentos diversos; destruídas 29 tabancas.

CCAÇ 2781

Causou 1 morto; apreendeu 1 pistola-metralhadora PPSH e 1 canoa; recuperados 10 homens, 8 mulheres e 4 crianças; destruída 1 tabanca.

CCAV 3378

Causou 2 mortos e vários feridos; apreendidas 2 armas. As NT sofreram 1 ferido ligeiro.

CCP 121

O IN sofreu 4 mortos; recuperados 9 elementos da população; apreendidos documentos diversos; destruídas 14 tabancas.

CCP 123

O IN sofreu 2 mortos; apreendida 1 arma e 2 canhangulos; recuperados 19 elementos da população; destruídas 7 tabancas.

(6) Resultados obtidos

a – Baixas causadas ao inimigo
a) Mortos: 21
b) Capturados: 2
c) Feridos: 3

b – Material capturado ao inimigo

Armas: 29
Gr Mort 60: 10
Gr RPG-2: 10
Munições: 1970
Carregadores: 16
Lâminas Breda: 6
Tripé Breda: 1
Tripé MG: 6
Suporte AA: 1
Caixas Espol: 2
Canoa : 1
Mat diverso
Doc diversos
Tabancas destruídas: 101

c – População recuperada: 93 elementos

d – Baixas sofridas pelas NF: 6 feridos ligeiros

(7) Ensinamentos colhidos
A aparente ausência de oposição por parte do IN, decorrente da pequena quantidade de baixas das NF (mesmo estas sem gravidade) numa área tão extensa, foi derivada da aplicação simultânea de vários AGR na zona de operações e do constante apoio aéreo dirigido para as tropas que maiores dificuldades sentiram com essa oposição.

Foram precisamente os AGR que actuaram para L da estrada de BARRO que mais frequentes es contactos tiveram com especial incidência para o AGR 5 que, na 2ª noite, foi flagelada fortemente pelo IN.

Aliás, sentimos como mais de densamente ocupados pelo IN as penínsulas do TANCROAL, LETO e CONCOLIM, ocupação essa resultante da directa inserção no TILIGI do corredor de SAMBUIÁ e as suas derivantes, tendo como bases principais as implantadas em áreas de SUNTUCULÁ, SOLINTO-MANDINGA, AMINA DALA, JAGALI-MANCANHA, NHANFRA e IRÃ e também, se bem que menos fortemente, as penínsulas de NAGATE e IADOR, a partir de bases nas áreas de COSSINCUTO-COSSIBA e IANANÃ, resultante das infiltrações do corredor de SANO.

Para W da estrada de BARRO, o IN encontrava-se disseminado em pequenos grupos de 5 a 7 elementos parecendo irradiar da base de Quinjin. Todas estas bases encontravam-se ardilosamente camufladas nas matas e palmeiras.

Regista-se o encontro de 1 grupo numeroso originário do comando do COP 6 com a emboscada mantida pela CCAV 3378 com a possível finalidade de reforço ao IN na península do TANCROAL.

Toda a zona de operação é muito povoada, dispõe de meios de vida humana e as tabancas, a céu aberto, constituem autênticos pólos de atracção para a população sob controlo do IN. Quase todas essas tabancas possuiam milícia armada e dispunham de abrigos enterrados de grande robustez.

Foram encontradas cubatas de parede de cimento e celeiros fornecidos de toda a espécie de sementes e de arroz de qualidade (um tipo diferente do cultivado na Guiné) para as novas sementeiras. As populações dispõem de grande manancial de recursos em animais domésticos para sua alimentação e a fuga das mesmas para locais de refúgio fora da ZA (tarrafe etc) foi a sua atitude fundamental. Julga-se difícil a apresentação da população da ZA, junto das A.A. ou das NT pois a sua mentalização já há longo tempo trabalhada pelo IN e a riqueza de meios na área não são de molde a oferecer-lhe motivos sufucientes de recuperação.

Sinal evidente é o facto de essa população, um dia depois da recolha dos AGR, se ter empenhado na construção de novas cubatas e reconstrução, por processos expeditos, de outras por nós destruídas, nos mesmos locais dos antigos aldeamentos e em número altamente significativo.

Para que as populações do TILIGI sejam obrigadas a apresentar-se torna-se necessário acção constante de esforço aéreo sobre a ZA, conjugada com heli-assaltos de curta duração tendentes a destruir todas as tabancas e objectivos militares que se forem referenciando com vista a criar nas populações uma instabilidade permanente que as coíba dos trabalhos nas suas lavras e portanto lhes ameace a sobrevivência naquela área. Esta acção constante conjugada com o lançamento de panfletos da ACAP poderá atingir a finalidade desejada.

Parece-nos que a criação, a longo prazo, de um destacamento militar do TILIGI com reordenamento, poderá constituir como que um polo de atracção das populações naquela área já que esta se apresenta potencialmente rica mas, no entanto, julgamos que ainda não foram criadas condições para essa implantação.

Para actividade de contrapenetração propomos como mais instante e de maior efeito a implantação de 1 destacamento de efectivo CCAÇ (+) na área do INSUMETÉ depois de criadas condições para essa implantação a partir de frequentes operações e acções nas áreas de PONTA MATAR, CHOQUE-MONE, INSUMETÉ – INFAIDE – NAGA(INQUIDA) – IUSSE INSANTANQUE UMBAPÁ e QUERÉ.

Verificou-se desde o início da operação que não era possível a prática simultânea de 2 PCV em virtude das interferências causadas pela utilização de uma única frequência de apoio aéreo. Este facto foi agravado inicialmente pela utilização desta frequência tanbém nas redes internas de alguns AGR e emboscadas periféricas, em contravenção com o que estava determinado e foi prontamente rectificado.

A indisciplina nas transmissões foi também patenteada por algumas das forças em emboscada periférica que, quando sobrevoada, não se limitavam a entrar em escuta e, pelo contrário, tentavem contactar com o meio aéreo que os sobrevoava temporariamente sem terem algo de interesse para comunicar. Desta falha também enfermaram alguns AGR.

Constatámos assim que, apesar da adversidade de meio rádio frequência utilizáveis das tropas intervenientes, se poderia, em teoria, face ao ingente esforço que seria então pedido aos pilotos e meios aéreos, manter no ar 2 PCV com indicativos diferentes, cada um apoiando respectivamente os AGR a L e W da estrada de BARRO, mediante a utilização de 2 frequências distintas.

Um dos ensinamentos colhidos sobre o aspecto de exploração das transmissões para comando e controlo operacional foi o de que deveria usar-se uma frequência diferente de apoio aéreo para conduta desse apoio em reabastecimento, recuperações e evacuações e excluindo no entanto e obviamente a do transporte e utilização da reserva.

Outro dos procedimentos que reputo de todo o interesse e que deve ser seguido é o da utlização da frequência de apoio aéreo como frequência apenas de contacto entre os diversos meios aéreos fazendo-se seguidamente a exploração rádio em frequência distinta daquela. Em operações que envolvam certo potencial aéreo e diversidade dos seus meios é de todo o interesse que permaneça junto do P.C. um Oficial de ligação da Força Aérea.

O comando da operação teve dificuldades no reabastecimento de água e munições a alguns AGR em virtude de não ter sido observado o estabelecido em 4. ADMINISTRAÇÃO E LOGÍTICA da Ordem de Operações. Deve, de futuro, cada COMPANHIA empenhada, dispôr de vaguemestres junto do P.C. da operação com os meios necessários não só em quantidade e qualidade como também os recipientes para o seu acondicionamento e transporte para a ZA.

O Comandante
Rafael Ferreira Durão
Coronel Pára

Anexos:

A – Relação do Material das NF extraviado, danificado ou capturado pelo IN e munições consumidas.
B – Relação de Material capturado ao IN.
C – Relação nominal do pessoal considerado Baixa em combate.
D – Comportamento do Pessoal.

AUTENTICAÇÃO
O CHEFE DA SEC OPER
Vaz Barroco
Major Cavª


ANEXO A – (RELAÇÃO DE MATERIAL DAS NF EXTRAVIADO, DANIFICADO OU CAPTURADO PELO IN, MUNIÇÕES CONSUMIDAS) AO REL OP LARGA AGORA

1. Material danificado ou extraviado:

a) CCAÇ 2753
Danificado: 1 Antena AVP 1 AN 239 A
Extraviado: Cano de Met Lig HK 1

b) 27ª CCMDS
Extraviado: 2 Fitas MG-42

c) CCAÇ 2781

CH. SR. INT

Fardamento:
Soldado 1308870, GUILHERME ÁGUEDA LÉRIAS
Botas de lona c/ rasto de borracha – 1 par
Soldado 2803365, MANUEL GONÇALVES MARIZ
Botas de lona c/ rasto de borracha – 1 par
Soldado 4029270, FERNANDO HENRIQUE DOS SANTOS
Botas de lona c/ rasto de borracha – 1 par, Quico – 1

CH. SR. MAT

SUB GRUPO G – eq
Soldado Milº 74369, UIGNA TAMBÉ: Bornal mod. 943 – 1
Soldado 6895570, JOSÉ GASPAR DA CONCEIÇÃO PINTO: Cantil mod 964 1
Soldado 16688470, MANUEL DE JESUS MOREIRA: Cantil mod 964 – 1

SUB GRUPO G – AM
1º Cabo 5860670, DOMINGOS GOMES FERREIRA: Tubo mort 60 mod 965 FBP (comp) nº 327 – 1, GE mort 60 – 4

d) CCAV3378

CH. SR. MAT
1º Cabo 10329570, LUIS JORGE FERNANDES VENTURA, Cantil – 1
1º Cabo 16501770, ANTÓNIO JOAQUIM BAJANCA CARRONHA, Cantil – 1
Soldado 16669970, JOSÉ MANUELA CARVALHO BANHA, Carregador – 1
Soldado 19893070, HILÁRIO SILVA TRINDADE, Carregador – 1
Soldado 16414970, LUIS CAIXINHA BENTO, Bornal – 1
Soldado 16428770, ANTÓNIO RAPOSO BRAGANÇA, Cinturão – 1
Soldado 16655270, MATEUS DA CONCEIÇÃO PEREIRA, Cantil – 1

2. Munições consumidas:

a) CCAÇ 2753

– 7.62 - 1500
– LFOG - 18
– MORT 60 -15
– DILAGRAMA - 26
– GR/M INCEnd - 13
– GR/M OF - 6

b) 27ª CCMDS

– 7.62 - 3000
– GR/M OF - 30
– GR MORT 60 - 6
– GE 3,7 - 15
– GE BIVALENTINA - 13

c) CCAÇ 2781

– GR/M OF - 1
– 7.62 - 5

c) CCAÇ 3378

– GR MORT 60 - 20
– GR BAZZOKA - 12
– DILAGRAMA - 37
– 7.62 - 500

O Comandante
Rafael Ferreira Durão
Coronel Pára

AUTENTICAÇÃO
O CHEFE DA SEC OPER
Vaz Barroco
Major Cavª


ANEXO B (MATERIAL CAPTURADO AO IN) AO RELATÓRIO DA OP LARGA AGORA

– ARMAS - 29
– GR MORT 60 - 12
– GR RPG 2 - 10
– MUNIÇÕES – 1970
– CARREGADORES - 16
– LÂMINAS BREDA - 6
– TRIPÉ BREDA - 1
– TRIPÉ MG - 6
– SUPORTE AA - 1
– CAIXAS ESPOL - 2
– CANOA - 1
– MATERIAL DIVERSO
– DOCUMENTOS DIVERSOS

O Comandante
Rafael Ferreira Durão
Coronel Pára


AUTENTICAÇÃO
O CHEFE DA SEC OPER
Vaz Barroco
Major Cavª


ANEXO C (RELATÓRIO NOMINAL DO PESSOAL CONSIDERADO BAIXA EM COMBATE) AO RELATÓRIO DA OP LARGA AGORA

DFE 12
MARFZE Nº 1271/66 MACHADO
MARFZE Nº 1716/68 SILVA
1º GRT Nº 2230/69 BARROS

27ª CCDMS
Fur Milº Comando 156710702 – ANTÓNIO MANUEL CORREIA ROSA
Sold Comando 9032270 – JOSÉ MANUEL RIBEIRO DOS SANTOS

CCAV 3378
1 Ferido Ligeiro


O Comandante
Rafael Ferreira Durão
Coronel Pára

AUTENTICAÇÃO
O CHEFE DA SEC OPER
Vaz Barroco
Major Cavª


ANEXO D (COMPORTAMENTO DO PESSOAL) AO RELATÓRIO DA OP LARGA AGORA

1. DFE 4

Cumpriu a missão conforme o planeamento estabelecido.

2. DFE 12


a) Apreciação do Comandante da Operação


Aponta-se a falta de empenhamento na destruição dos meios de vida, dentro do espírito da missão que lhe fora atribuída, do AGR 1 que deixou para trás, no seu eixo de progressão e zona de acção, tabancas semidestruídas e até celeiros e aldeamentos incólumes.

A sua progressão foi demasiado rápida e de tal forma que ao fim do 1º dia se encontrava já no local de recuperação, tendo retrocedido por indicação do PCV, a fim de destruir tabancas nas proximidades, resultando dessa acção e posterior regresso ao ponto de recuperação a captura de 3 armas e de 1 elemento IN de interessa. Julgo que deva ser exercida acção superior no sentido da reconstituição e recuperação psíquica e física deste Destacamento que parece ter entrado em fase de fadiga permanente (surmenage) e de frustação psicológica.

b) Apreciação do Comandante do DFE 12

O 2º Ten LOBATO, ficando de repente com a responsabilidade do Comando do Destacamento, revelou muita determinação espírito de sacrifício e de missão confirmando assim, a boa impressão colhida pelo CMDT DFE 12 em operações anteriores, a seu respeito.


O intérprete que foi fornecido ao DFE 12 cumpriu bem a sua missão

3. DFE 13

Cumpriu a missão conforme o planeamento estabelecido.

4. 27ª CCMDS

a) Apreciação do Comandante da Operação

Cumpriu a missão conforme o planeamento estabelecido.

b) Apreciação do Cmdt da 27 CCMDS

É de realçar a acção do ALF Mil Comando 7729668, DORINDO FERREIRA, que incutiu na frente do trigrupo uma alto espírito combativo; soube dominar bem todas as contrariedades que surgiram e foi sempre o primeiro a entrar em todos os acampamentos, montando sempre o dispositivo mais adequado para as diferentes circunstâncias.

Ainda a realçar o comportamento do 1º Cabo Comando 14623770, MANUEL DOS SANTOS RODRIGUES, que com o ALF DORINDO foi sempre na frente do Grupo, mostrando-se calmo, corajoso e resoluto, sabendo sempre contrariar as situações difíceis.

5. CCAÇ 2753 (-)

É de realçar a conduta notável da CCAÇ 2753 (-) durante a operação a qual em todos os contactos havidos manifestou grande disciplina de fogo e capacidade de manobra ajustada às situações e duração da operação.

Considero excepcional o comportamento da função de Comando do AGR 5 CCAÇ 2753 (-) do ALF Mil de Inf VICTOR JOSÉ ANASTÁCIO JUNQUEIRA que, embuído de alto espírito de missão, soube formar com os 2 Gr Com que comandava uma equipa extremamanente coesa e perfeitamente ciente do que lhe incumbia. Em todas as acções de contacto IN manifestou calma absoluta, clareza e rapidez de decisão. Julgo-o perfeitamente apto para comandar uma CCAÇ em operações.

6. CCP 121

a) Apreciação do Comandante da Operação

Cumpriu a missão conforme o planeamento estabelecido.

b) Apreciação do Comadante da CCP 121

O furriel pára MANUEL PEREIRA FALCÃO, da CCP 121, pela forma decidida e eficiente como conduziu os seus homens em terreno descoberto ao encontro dum Gr IN de 5 elementos armados.

Da sua acção resultou para o IN 2 mortos confirmados e 3 prováveis.

O seguinte pessoal da 2ª SEC/3º Gr/Comb CCP 121 pela forma corajosa e decidida como se lançou em campo descoberto, ao encontro dum Gr IN 5 elementos armados com o intuito de os capturar ou abater, da sua acção resultou para o IN 2 mortos confirmados e 3 prováveis.


1º Cabo pára 200/69 – JOSÉ FERNANDO DE ALMEIDA
Sold pára 14/69 – JOSÉ MARTINS DE ALMEIDA
Sold pára 232/69 – RAIMUNDO MANUEL VIEIRA MENESES
Sold pára 307/69 – VIRIATO RAIMUNDO MONTEIRO
Sold pára 328/69 – ANTÓNIO MARIA BARRADAS CARRILHO

7. CCP 123

a) Apreciação do Comandante da Operação

Cumpriu a missão conforme o planeamento estabelecido.

b) Apreciação do Comandante da CCP 123

O 2º Sarg pára FRANKLIN FERNANDES DA SILVA BENTO, pela maneira corajosa, calma e eficiente como comandou o seu Gr Comb especialmente no contacto com o IN em que debaixo de fogo manobrou os seus homes por forma inteligente, dirigindo simultaneamente o fogo do apontador de Mort 60, obrigando o IN a uma fuga precipitada.

8. CCAÇ 13

Cumpriu a missão conforme o planeamento estabelecido.

9. CCAÇ 2871

a) Apreciação do Comandante da Operação

São de salientar os resultados obtidos.

b) Apreciação do Comandante da CCAÇ 2871

Salientam-se o guia FERNANDO SANGA, este elemento tem sido imensas vezes voluntário para fazer operações como atirador e não como guia. Nesta operação, se bem que a coberto de 4 milícias, actuou sozinho conseguindo, mercê da sua astúcia, da maneira como progrediu no terreno, aproximar-se do elementos IN armado sem que este o visse.

Quando o procurava apanhar, o elemento IN viu-o e começou logo a fugir tendo FERNANDO perseguido-o pois queria apanhá-lo vivo. Como o elemento IN disparou um tiro sobre FERNANDO imediatamente este com uma rajada o atingiu, tendo-o aniquilado e capturado a arma com 2 carregadores.

10. CCAV 3378

a) Apreciação do Comandante da Operação

São de salientar os resultados obtidos pela CCA, tanto mais que iniciou a sua comissão neste T.O. há pouco tempo.

b) Apreciação do Comandante da CCAV 3378

1º Cabo nº 10329570, LUIS JORGE FERNANDES VENTURA, pela eficiência com que usou a sua bazooka, nas 4 granadas que disparou e vendo que só tinha mais 2, que poderiam depois fazer falta, pediu a espingarda a um dois camaradas mais recuados bem como dilagramas a outro e arrancou novamente contra o IN, obrigando-o a retirar pela perícia com que lançava os mesmos.

1º Cabo nº 16585570, AUGUSTO ANTÓNIO PINA DA SILVA, pela perícia e eficiência com que usou os diligramas, atirando-se sobre o IN, logo que ele mostrou menos resistência.

Soldado nº 17333170, ARTUR DA SILVA MARTINS, pelo sangue frio que mostrou na luta, só parando quando a sua HK encravou. Correu para junto dum camarada e tentou desencravar para logo voltar para a luta batendo toda a zona e pondo o IN em fuga.

11. É digno de registo e apreço o esforço dispendido, dum modo geral, por todos os elementos da ZACVG que apoiaram a operação.


O Comandante
Rafael Ferreira Durão
Coronel Pára

AUTENTICAÇÃO
O CHEFE DA SEC OPER
Vaz Barroco
Major Cavª
_____________

Notas de L.G.:

(1) Vd. post de 16 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1665: Operação Larga Agora, Tancroal, Cacheu, local maldito para a Marinha (Parte I) (Lema Santos)

(2) Vd. post de 21 de Abril de 2006 > Guiné 63/74 - DCCXXIII: Apresenta-se o Imediato da NRP Orion (1966/68) e 1º tenente da reserva naval Lema Santos

(3) Vd. post de 6 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1567: Operação Larga Agora, na região do Tancroal, com a CCAÇ 2753 (Vitor Junqueira)

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Guiné 63/74 - P15607: Álbum fotográfico de Armando Costa, ex-fur mil mec auto, CCAV 3366 / BCAÇ 3846 (Susana, 1917/73): Parte I: A caminho de CTIG, de 3 a 9/4/1971, no navio "insular" Angra do Heroísmo, fretado nesse ano ao Exército para transporte de tropas


Foto nº 1 > Lisboa, Cais da Rocha Conde de Óbidos, 3/4/1971: um dia chuvoso...


Foto nº 2 > Lisboa, 3/4/1971> T/T Angra do Heroísmo e, ao fundo, na margem direita do Tejo, o Monumento dos Descobrimentos e o Mosteiro dos Jerónimos


Foto nº 3 > Lisboa, estuário do Tejo, 3/4/1971 > Largada do T/T Angra do Heroísmo, vendo-se ao fundo o Bugio onde, dizem, acaba o rio e começa o mar...


Foto nº 4 > T/T Angra do Heroísmo, 3/4/1971 > A caminho da Guiné... A proa do navio


Foto nº 5 > T/T Angra do Heroísmo, 3/4/1971 > Convés: ao centro o Capitão QEO Daniel António Nunes Pestana, cmdt da CCAV 3366


Foto nº 6 >  T/T Angra do Heroísmo, a caminho da Guiné, em viagem de 3 a 9/4/1971...



Foto nº 7 >  T/T Angra do Heroísmo, a caminho da Guiné; 3 a 9/4/1971... Mais aspeto da proa...


Foto nº 8 >  T/T Angra do Heroísmo, a caminho da Guiné; 3 a 9/4/1971... Eu num dos barcos salva-vidas


Foto nº 9 >  T/T Angra do Heroísmo, a caminho da Guiné; 3 a 9/4/1971... Uma cena insólita... Uma Berliet no convés do navio...

Fotos (e legendas): © Armando Costa (2016). Todos os direitos reservados. 

1. Início da publicação de fotos do álbum de um dos nossos mais recentes grã-tabanqueiros, o n.º 707,  o Armando Costa, de seu nome completo Armando Silva Alvoeiro da Costa (ex-fur mil mec auto,  CCAV 3366 / BCAV 3846, Susana, 1971/73) (*).

O Armando, que ainda não tinha paga a sua "jóia", mandou-nos um lote de fotos (49) "das que possuo da Guiné  (Bissau, Cumeré, Susana e Varela), do período de 1971 a 1973". Prometo mandar mais... Diz-nos que "a qualidade é a que se pode arranjar, resulta da digitalização de postais de fotos que tirei, Os negativos perdi-lhes o rasto"...

Ele partiu para a Guiné em 3 de março de 1971, em dia chuvoso, como se depreende, da foto n.º 1 (Lisboa, Cais da Rocha Conde de Óbidos). O mais insólito (ou talvez não...) foi ter ido num navio da carreira Lisboa-Madeira-Açores, o T/T Angra do Heroísmo. O navio devia ir a abarrotar (foto n.º 7), transportando homens e material de guerra (foto n.º 8)...

Além do pessoal do BCAV 3846, deve ter levado também o pessoal da Companhia Independente CCAV 3378 (Olossato, Brá).

O BCAV 3846, além da CCAC 3366 (Susana, Cumeré), era composta pelas CCAV 3364 (Ingoré, Cumeré) e CCAV 3365 (S. Domingos, Cumeré), A unidade mobilizadora foi o RC 3. O Comando e a CCS ficarm em Ingoré. Cmdt do batalhão: ten cor cav António Lobato de Oliveira Guimarães. O pessoal deste batalhão regressou a casa em 8/3/1973, exceto o da CCAV 3365 que embarcou mais tarde (17/3/1973).


O T/T Angra do Heroísmo. Cortesia do blogue  Dicionário de Navios Portugueses, de   Luís Miguel Correia (um especialista neste domínio)


2. Já agora ficamos a conhecer as características do T/T Angra do Heroísmo:

(i) navio de passageiros de 1 hélice;

(ii) construído em Hamburgo, Alemanha, em 1954/55;

 [, "baptizado com o nome de 'Israel', foi oferecido nesse mesmo ano ao estado judaico, como indemnização pelos prejuízos causados à comunidade hebraica entre 1933 e 1945 pelos nazis e integrado na frota da companhia Zim Israel Navigation, com sede em Haifa"; (...) "colocado na linha regular de Nova Iorque, o navio manteve esse serviço durante dez anos";  (...) "em 1959 foi abalroado por um cargueiro norte-americano e reparado no estaleiro naval de Brooklyn"... Vd. o blogue Alernavios]

(iii) registado no porto de  Lisboa, depois de comprado, em segunda mão,  pela Empresa Insulana de Navegação, SARL,  de Lisboa, para fazer a carreira Lisboa - Madeira - Açores;

(iv) ano de abate: 1974;

(v) comprimento ff 152,71m;

(vi) comprimento pp 138,34m;

(vii) boca 19,87m;

(viii) pontal 11,00m;

(ix) calado máximo 8,71m;

(x) capacidade de carga 4 porões com capacidade para 9019m3 de carga, incluindo 536m3 de carga frigorífica;

(xi) tonelagem 10.187 TAB, 6.230 TAL, 6.870 TPB, 13.900 T deslocamento;

(xii) aparelho propulsor um grupo de turbinas a vapor AEG, construídas em Berlim Ocidental, por Allgemeine Electric Gesellschft, 2 caldeiras;

(xiii) potência 11.500 shp a 119 r.p.m.;

(xiv) velocidade máxima 19 nós;

(xv) velocidade normal 18 nós;

(xvi) passageiros: alojamentos para 80 em primeira classe, 43 em turística A, 80 turística B e 120 em turística C, no total de 323 passageiros;

(xvii) tripulantes 139

Esta detalhada e preciosa informação é da Revista do Clube de Oficiais da Marinha Mercante Nov/Dez 96, reproduzida  no sítio Navios Mercantes Portugueses: frota existente em 1958

Durante o ano de 1971, para além da carreira para a Madeira e Açores, o Angra do Heroísmo fez diversas viagens Lisboa - Bissau, fretado ao Ministério do Exército, para transporte de tropas e material de guerra.

Em 14/10/1973 saiu de Lisboa na última viagem à Madeira e Açores, imobilizando no Mar da Palha após regresso ao Tejo em 25.10.1973. Em 4/2/1974 passou a pertencer à CTM - Companhia Portuguesa de Transportes Marítimos, SARL, na sequência da fusão entre as empresas Insulana e Colonial.

Em 5/4/1974 foi vendido a sucateiros espanhóis e a 14 desse mesmo mês chegava a Castellon, a reboque, procedente de Lisboa, para ser desmantelado. Assim acabou mais um glorioso navio da nossa gloriosa marinha mercante. (Sobre a curiosa história deste navio, ver mais informações aqui).

PS - Temos aqui mais camaradas da CCAV 3366 / BCAV 3846 (Susana, 1971/73), nomeadamente o Luiz Fonseca, ex-fur mil trms, e o Delfim Rodrigues, ex-1.º cabo aux enf.

quinta-feira, 11 de abril de 2024

Guiné 61/74 - P25371: A minha ida à guerra (João Moreira, ex-Fur Mil At Cav MA da CCAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72) (38): HISTÓRIA DA COMPANHIA DE CAVALARIA 2721: Batalhas com o PAIGC



"A MINHA IDA À GUERRA"

João Moreira


BATALHAS COM O PAIGC

1970/MAIO/14 - EMBOSCADA NO TRILHO DO MAQUÉ
O 2.º grupo de combate a sul do Maqué emboscou 2 guerrilheiros.
Apanhou 1 elemento ferido e 1 arma PPSH
O outro guerrilheiro fugiu.

1970/MAIO/26 - OPERAÇÃO JAGUAR VERMELHO
4.º grupo de combate em Bissancage.
Emboscamos 2 guerrilheiros.
Ferimos e apanhamos 1 guerrilheiro.
O outro foi ferido, mas fugiu.
Foi morto 1 soldado da milícia, por fogo da nossa tropa.

1970/MAIO/27 - OPERAÇÃO JAGUAR VERMELHO
1.º grupo de combate em Bissancage.
Matou 1 IN.
3 carregadores fugiram, deixando rastos de sangue.
Foi capturada 1 espingarda SIMONOV.

1970/MAIO/31 - OPERAÇÃO JAGUAR VERMELHO
2.º grupo de combate.
4.º grupo de combate.
Grupo de combate de milícias.
Trilho Morés/Madina Mandinga.
Às 06h30, 1 grupo de guerrilheiros accionou uma armadilha montada pelo 4.º grupo de combate, na véspera. Fizeram fogo com armas ligeiras, RPG e morteiro 61 para ver se denunciávamos a nossa presença. A nossa chefia caiu nesse logro, respondendo ao fogo deles e denunciando a nossa presença.
Às 10h00, quando esperávamos o reabastecimento de água, fomos atacados com morteiros, RPG e costureirinhas. Pelo poder de fogo deviam ser um grupo grande e bem armado.
Neste ataque tivemos vários feridos, entre eles:
- Capitão Moura Borges (Comandante da Companhia), com gravidade;
- Alferes Silva (comandante do meu 4.º grupo de combate), com estilhaços;
- Vários soldados e milícias com estilhaços.
- o capitão e o alferes foram evacuados por helicóptero para o Hospital Militar.

1970/JULHO/08 - PATRULHAMENTO A IRACUNDA E MANACA
1.º grupo de combate.
2.º grupo de combate.
2 secções de milícias.
Atacaram grupo IN que os perseguia.

1970/JULHO/13 - OPERAÇÃO BACARÁ
Golpe de mão a Amina Dala.
Helicanhão em alerta no Olossato.
1.º grupo de combate.
4.º grupo de combate.
2 secções de milícias.
Depois do 4.º grupo de combate fazer o golpe de mão, foi perseguido por um grupo de guerrilheiros.
Houve recontro com o IN, que vinha armado com RPG, armas automáticas e morteiros 61.
Pedida a presença do helicanhão o IN fugiu e deixou-nos chegar em paz ao Olossato.
Precisávamos bem desta protecção, porque o 4.º grupo de combate trazia cerca de 40 elementos recuperados.

1970/JULHO/17 - PATRULHAMENTO OFENSIVO A CANCUNCO
1.º grupo de combate.
? grupo de combate.
Atacou um grupo IN com 10 a 15 guerrilheiros, que ripostou com RPG e armas automáticas.
Sem consequências para as nossas tropas.

1970/DEZEMBRO/30 - GOLPE DE MÃO A CANJAJA
2 grupos de combate da CCAV 2721
2 grupos de combate da CCP 121
Confronto com 2 elementos da população armados.
Captura de 1 espingarda Mauser.
No regresso o IN bateu a zona com morteiro 61.

1971/MARÇO/29 - OPERAÇÃO URTIGA NEGRA (Patrulhamento ofensivo).
Às 07h30 as nossas tropas foram flageladas com armas pesadas e ligeiras.
Às 13h30 as NT detectaram e atacaram 1 grupo IN com 15 elementos.
Sem consequências para as nossas tropas.

1971/MAIO/?? - PATRULHAMENTO OFENSIVO A MARECUNDA
1 grupo de combate da CCAV 2721
2 grupos de combate da CCAV 3378
As nossas tropas foram flageladas com 2 granadas de morteiro 82, da região de Bancolene.

(continua)

_____________

Nota do editor

Último post da série de 4 DE ABRIL DE 2024 > Guiné 61/74 - P25337: A minha ida à guerra (João Moreira, ex-Fur Mil At Cav MA da CCAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72) (37): HISTÓRIA DA COMPANHIA DE CAVALARIA 2721: Ataques ao Quartel do Olossato e Nhacra

quinta-feira, 2 de maio de 2024

Guiné 61/74 - P25470: A minha ida à guerra (João Moreira, ex-Fur Mil At Cav MA da CCAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72) (41): HISTÓRIA DA COMPANHIA DE CAVALARIA 2721: População recuperada ao PAIGC



"A MINHA IDA À GUERRA"

João Moreira


POPULAÇÃO RECUPERADA AO PAIGC


1970/ABRIL/23
- Emboscada a sul da antiga tabanca do Maqué.
RECUPERAMOS:
8 mulheres
2 crianças

1970/ABRIL/29
- Emboscada a sul da antiga tabanca do Maqué.
RECUPERAMOS:
2 mulheres
1 criança

1970/MAIO/14
- Emboscada em BINTA4B3 (2.º GCOMB)
RECUPERAMOS:
1 guerrilheiro ferido

1970/MAIO/26
- OPERAÇÃO "JAGUAR VERMELHO" - Bissancage (4.º GCOMB)
RECUPERAMOS:
1 guerrilheiro ferido

1970/JUNHO/28
- Emboscada no bico da bolanha Maqué/Bissajarindim
RECUPERAMOS:
1 homem
10 mulheres
3 crianças

1970/JUNHO/29
- Emboscada no bico da bolanha Maqué/Bissajarindim (noutro local)
RECUPERAMOS:
2 homens
1 mulher

1970/JULHO/08
- Patrulhamento a 2 GCOMB, a Iracunda e Manaca (1.º e 2.º GCOMB)
RECUPERAMOS:
2 homens
11 mulheres
4 crianças

1970/JULHO/13
- GOLPE DE MÃO A AMINA DALA = "OPERAÇÃO BACARÁ" (4.º e 1.º GCOMB)
RECUPERAMOS:
15 homens
5 mulheres
17 jovens e crianças

1970/AGOSTO/07
- OPERAÇÃO "ALMA MINHA"
RECUPERAMOS:
1 mulher

1970/NOVEMBRO/13
- RECUPERAMOS:
1 homem vindo do Senegal

1970/NOVEMBRO/14
- GOLPE DE MÃO A AMINA DALA = "OPERAÇÃO BRAIMA"
RECUPERAMOS:
1 homem
6 mulheres
8 crianças

1970/NOVEMBRO/19
- Apresentou-se 1 homem balanta com 1 PPSH

1970/DEZEMBRO/30
- GOLPE DE MÃO A CANJAJA UNHADA (2 GCOMB/CCAV 27212 + 2 GCOMB/CCP121 RECUPERAMOS:
1 homem
7 mulheres
6 crianças

1971/JANEIRO/31
- ACÇÃO "UMBELUZI", em Bissancage.
RECUPERAMOS:
1 homem

1971/FEVEREIRO/05
- OPERAÇÃO "URSO NEGRO", em Lubacunda e Bantasso.
RECUPERAMOS:
1 homem
2 - mulheres

1971/MARÇO/05
- GOLPE DE MÃO A CANTACÓ E BANTASSO.
RECUPERAMOS:
1 homem
9 mulheres
5 crianças

1971/ABRIL/01
- EMBOSCADA NA BOLANHA DO MAQUÉ
RECUPERAMOS:
1 mulher

1971/ABRIL/24
- PATRULHAMENTO A CANICÓ E SANSABATO
RECUPERAMOS:
2 homens

1971/MAIO/??
- PATRULHAMENTO OFENSIVO A MARECUNDA (1 GCOMB/CCAV 2721 + 2 GCOMB/CCAV 3378)
RECUPERAMOS:
4 mulheres
2 crianças

(continua)

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Nota do editor

Último post da série de 25 DE ABRIL DE 2024 > Guiné 61/74 - P25444: A minha ida à guerra (João Moreira, ex-Fur Mil At Cav MA da CCAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72) (40): HISTÓRIA DA COMPANHIA DE CAVALARIA 2721: Minas levantadas ou accionadas

quinta-feira, 30 de maio de 2024

Guiné 61/74 - P25585: A minha ida à guerra (João Moreira, ex-Fur Mil At Cav MA da CCAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72) (45): Há indivíduos com sorte, mesmo na guerra



"A MINHA IDA À GUERRA"

João Moreira


HÁ INDIVÍDUOS COM SORTE, MESMO NA GUERRA

1) - Certa noite, estando de serviço num dos postos de vigia foi encontrado a dormir e o graduado "roubou-lhe" a G3.

2) - Numa operação, o oficial comandante do Grupo de Combate mandou parar o grupo, para os nossos soldados milícias analisarem as pegadas recentes que encontraram no trilho.
Nessa altura surgiram 2 elementos do PAIGC. Houve troca de tiros com os nossos soldados milícias e o nosso soldado "refilão" fez rajada para o local donde tinham surgido os tiros.
Atingiu e matou um dos nossos milícias e só não fez mais vítimas porque o oficial e os outros milícias gritaram para parar o tiroteio.

3) - Retiramos desse local para fazermos a evacuação de 1 guerrilheiro ferido e do nosso soldado milícia morto. Quando encontramos um local adequado para fazer as evacuações surgiu um grupo de "turras" que nos perseguia.
O "soldado refilão" viu o grupo IN aproximar-se, mas não avisou o comandante da secção dele, nem o oficial, nem os camaradas da secção. Agiu por conta própria.
Armou-se em "herói" e, sem avisar ninguém resolveu atacar o IN. Por sorte ou azar a bala não percutiu, mas fez o barulho suficiente para alertar todos os presentes - grupo do PAIGC e o nosso Grupo de Combate.
Este contacto não teve consequências para ambos os grupos.
Após a retirada do PAIGC deslocamo-nos para outro local e fizemos as evacuações.

4) - Mas um "herói lusitano" tem que continuar a ser o protagonista desta epopeia.
No dia 7 de Abril de 1971, o nosso grupo de combate estava de serviço e sofremos um ataque ao quartel.
O nosso "herói" saiu da caserna aos tiros de rajada, a caminho da vala.
Por sorte não matou nem feriu nenhum camarada.
Quando cheguei ao local os outros dois furriéis do meu grupo informaram-me que os soldados se tinham queixado das rajadas do tal camarada.
No final, quando achamos que o ataque já tinha acabado, chamei o "artista" e fiz-lhe ver as asneiras que tinha feito e que podia ter ferido ou morto algum camarada.
Quando ele veio ter comigo, pelo andar verifiquei que ele tinha álcool a mais, e ameacei-o pela asneira que ele tinha feito. Mas o álcool deu-lhe para "refilar" comigo. Preferi terminar aqui, e no dia seguinte voltarmos a falar e proceder de acordo com a reacção dele.

5) - Mas como disse atrás um "herói lusitano" tem que honrar os seus pergaminhos.
Estava se serviço ao posto das 2 às 4 horas da manhã. E o furriel de ronda às 3h45m foi à caserna acordar os soldados para render os postos e foi passar ronda aos postos da tabanca, feitos pelos milícias.
Como o "herói lusitano" não foi rendido às 4h00, fez uma rajada.
Lá veio o furriel de ronda a correr da tabanca para o posto donde tinha sido feita a rajada e encontrou os oficiais e os sargentos todos a pé, para saberem o que se passava. Eu estava de oficial de dia, também me levantei e equipei para ir ver o que se passava.
Como tudo serenou voltei a deitar-me - DEPOIS DE UM ATAQUE DE 30 MINUTOS APÓS O JANTAR, UMA RAJADA ÀS 4H15M É MUITO PERTURBADORA.

Às 6 horas da manhã, o furriel miliciano que estava de ronda informou-me que o capitão queria falar comigo, por causa desta situação.
O capitão queria que eu participasse para dar uma "porrada" ao soldado. Nessa altura já sabíamos que íamos para Nhacra e uma porrada podia originar uma transferência para uma zona de porrada.
Argumentando as consequências, convenci o capitão a não participar e darmos-lhe cabo do corpo = castigo físico.
Propus-lhe que sempre que o soldado não estivesse em serviço fosse trabalhar no heliporto, na substituição os troncos de palmeira que substituíam as valas, etc.
O capitão concordou e lá o safei duma porrada, quando na noite anterior eu estava decidido a dar-lhe um castigo pela irresponsabilidade que ele demonstrou aquando do ataque.

(continua)

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Nota do editor

Último post da série de 23 DE MAIO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25554: A minha ida à guerra (João Moreira, ex-Fur Mil At Cav MA da CCAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72) (44): HISTÓRIA DA COMPANHIA DE CAVALARIA 2721: Sobreposição à CCAV 3378

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Guiné 61/74 - P18904: O mundo é pequeno e a nossa Tabanca...é Grande (108): O Carlos Silvério, nosso futuro grã-tabanqueiro... n.º 783... Encontrei-o na Lourinhã e ele contou-me o seu... "segredo" ... Também me disse que morou em Bissau, na rua do "Chez Toi", quando lá esteve, casado, com a Zita, em 1972/73...


Oeiras > Algés  > 35.º almoço-convívio da Tabanca da Linha > 18 de janeiro de 2018 >  "O Carlos Silvério, meu amigo, camarada, vizinho e conterrâneo... Veio com a Zita. O casal é lourinhanense... 'Periquitos', na Tabanca da Linha. Ele, furriel miliciano,  da CCAV 3378, andou pelo Olossato e por Brá, antes de a gente fechar as portas da guerra, entre abril de 1971 e março de 1973. A Zita esteve com ele em Bissau... Já o convidei meia dúzia de vezes para se sentar à sombra do nosso poilão... Mas ele diz que prefere o sol... Lugares ao sol..., não temos na Tabanca Grande, só à sombra... Espero que ele ainda entre ao 7.º convite... Ficou a ponderar: parece que o problema é a foto... fardada. Enfim, temos que compreender e respeitar quem tem alergias às fardas" (*)...

Foto: © Manuel Resende (2018). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Encontrei, este domingo passado, o meu amigo e camarada Carlos Silvério (**). Tinha vindo à missa da tarde, aqui na igreja da Lourinhã. Perguntei-lhe pela saúde da sua esposa Zita,  bem como  pelo padre Batalha, prior da freguesia de Ribamar onde ele mora (, e que é um grande amigo da Guiné-Bissau)... Um vai passando melhor, a outra, lá vai lidando (mal) com os seus problemas de coluna... Bem diz o povo: "Até aos quarenta bem eu passo, depois dos quarenta, ai a minha perna, ai o meu braço!"...

Como não podia deixar de ser, sempre que o reencontro, voltei a perguntar-lhe, pela enésima vez, quando é que ele tem pronta (leia-se: digitalizada...) a tal foto do tempo da tropa ou da guerra... Garantiu-me que sim, que a foto já está digitalizada pela sua filha e só ainda não a mandou porque está à espera do nº... 783 para formalmente pedir a inscrição no blogue...

Porquê este "fétiche", esta obsessão com o n.º 783?... Nós só vamos no n.º 776 (***). Faltam, portanto, 7 números para chegarmos ao 783, altura em que ele se quer inscrever... Em boa verdade, e ao ritmo de entrada de novos membros da Tabanca Grande, só daqui a dois ou três meses é que ele nos dará a honra da sua presença, sentando-se então à sombra do nosso poilão...

Ele já tinha feito essa confidência ao nosso coeditor Carlos Vinhal. E, respeitando a sua vontade, vamos ter mesmo que honrar seu pedido. Que é uma ordem, tratando-se de uma camarada da Guiné, e para mais filha da Lourinhã... Vamos então reservar esse número, o 783, para ele.

Vamos lá explicar melhor, para que não se pense que é um capricho dele... O 783 era o seu número de soldado-instruendo na recruta, em Santarém. Acabada a recruta, e quando ele se preparava para ir uns dias de férias, andava a passear com a sua Zita nas ruas de Santarém, quando passa rente a um major de cavalaria... Distraído com a namorada, mal deu conta dos galões amarelos do oficial superior que lhe fez a tangente... Mas ainda foi a tempo de se virar e de lhe bater a pala... O major continuou o seu caminho, mas, matreiro ou sacana, foi dar uma volta e, logo mais à frenre,  virou em sentido contrário  para o apanhar de frente. O Carlos desta vez não foi apanhado desprevenido e fez-lhe, corretamente, a devida continência... Mas o senhor oficial estava mesmo determinado em lixá-lo. Tirou-lhe o número (o 783) por causa da desatenção anterior.

Resultado: quando o Carlos Silvério chegou ao quartel, já tinha a participação do major... Enquanto o  resto do pessoal (cerca de 400)  foi gozar unsmerecidos  dias de licença em casa, o Carlos ficou de castigo no quartel... Seguindo depois diretamente, de Santarém para Tavira,  para o CISMI, numa penosa viagem de comboio que levou toda a noite, ...

Compreensivelmente, o Carlos Silvério "ficou com um pó" aos oficiais de cavalaria, em geral, e aos majores, em particular, nunca mais se esquecendo do seu azarento n.º 783 da recruta em Santarém. Ele é primo do tenente general reformado Jorge Manuel Silvério, nascido em Ribamar, em 1945, e já lhe contou em tempos esta peripécia que o deixou desgostoso em relação à instituição militar...

Está, pois,  explicado o "mistério" do n.º 783... e o desejo de só entrar para a Tabanca Grande depois do n.º 782...

2. Também me disse que gostou muito de ler a minha "short story" sobre o "Chez Toi" (****). Ele morava em Bissau, depois de vir do Olossato, com a Zita, já casado, justamente na rua do "Chez Toi"... Já não se lembra do nome da rua, só sabe que ia dar à  messe dos sargentos da Força Aérea (*****).

De resto, era complicado sair e entrar, numa rua "mal afamada" como aquela, sobretudo de noite, para uma jovem branca, casada, como era o caso da Zita.

Ficamos a saber, pelo depoimento do Carlos Silvério, que o "Chez Toi" existia (ou ainda existia) em 1973/74... Ele e a Zita costumavam ir ao Pelicano jantar e também comer ostras numa casa ali perto.. Eram 25 pesos uma travessa... Também costumavam comprar camarão, acabado de apanhar no Rio Geba, às vendedeiras locais que por ali passavam...

Boa noite, Carlos, fica registado o teu pedido e é hoje divulgado o teu desejo de seres o nosso grã-tabanqueiro n.º 783... Esperemos que, rapidamente, apareçam seis camaradas ou amigos da Guiné para perfazermos o teu número. Fica aqui a nossa promessa: o 783 fica reservado para ti!...

Um beijinho para a Zita, com votos de rápidas melhoras.
Um alfabravo para ti.

(LG)
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 22 de janeiro de  2018  > Guiné 61/74 - P18241: Convívios (839): 35º almoço-convívio da Tabanca da Linha, Algés, 18/1/2018 - As fotos do Manuel Resende - Parte II: Tudo gente magnífica... "Caras novas", com destaque para o pessoal da CART 1689, camaradas dos escritores Alberto Branquinho e José Ferreira da Silva

(**)  Último poste da série > 15 de junho de 2017 > Guiné 61/74 - P17474: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca ... é Grande (108): Na Lourinhã, fui encontrar o ex-1º cabo at inf Alfredo Ferreira, natural da Murteira, Cadaval, que foi o padeiro da CCAÇ 2382 (Buba, Aldeia Formosa, Mampatá, 1968/70)... e que depois da peluda se tornou um industrial de panificação de sucesso, com a sua empresa na Vermelha (Luís Graça)

(***) Vd. poste de 2 de agosto de 2018 >  Guiné 61/74 - P18891: Tabanca Grande (466): Manuel Gonçalves, ex-alf mil manutenção, CCS / BCAÇ 3852, Aldeia Formosa, 1971/73; ex-aluno dos Pupilos do Exército, transmontano, vive em Carcavelos, Cascais. Senta-se à sombra do nosso poilão, no lugar nº 776.

(****) Vd. poste de  4 de agosto de 2018 > Guiné 61/74 - P18895: Estórias de Bissau (18): Uma noite no Chez Toi: o furriel Car…rasco, meu anjo da guarda... (Luís Graça)

(*****) Segundo o nosso amigo Nelson Herbert,  jornalista guineense  que para a América, era aí que ele e os putos seus amigos brincavam com o seu "primeiro carro de rolamentos", utiliziando para o efeito o "declive que ia dos serviços metereológicos/Boite Cabaret Chez Toi... no cimo da então nossa rua, Engenheiro Sá Carneiro [, subsecretário de Estado das Colónias, que visitou a Guiné em 1947, ao tempo do Sarmento Rodrigue]"...  Essa rua era "a mesma da Praça Honório Barreto, do Hotel Portugal, do Café Universal, do Restaurante ou Pensão Ronda... já agora que ia dar ao cemitério, passando lateralmente pelo hospital" e indo dar "à messe dos Sargentos [da Força Aérea]"...