segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Guiné 63/74 - P7480: Estórias avulsas (46): Desminagem entre S. Domingos e Susana (António Inverno)

1. O nosso Camarada António Inverno (ex-Alf Mil Op Esp/RANGER da 1.ª e 2.ª CARTs do BART 6522 e Pel Caç Nat 60 – S. Domingos -, 1972/74, enviou-nos uma mensagem com mais algumas das fotos do seu álbum de memórias. Camaradas,
Inicio esta mensagem com uma foto minha, com a inseparável AK 47 ao fim do dia, na magnífica e sempre bela Ponta Varela.



A seguir anexo uma sequência de fotos de uma desminagem, efectuada por mim num campo de minas anti-pessoal, que eu havia montado numa zona descampada e que servia de protecção estratégica contra eventuais e infiltrações do IN, por aquela parcela de terreno entre S. Domingos e Susana.
A instalação do dispositivo foi concretizada seguindo os habituais ensinamentos assimilados na instrução prática e teórica do C.I.O.E., partindo de um ponto de referência seguro e obrigatoriamente de fácil identificação no terreno, para melhor permitir em dias futuros, também de modo perfeitamente seguro, o posterior efeito de levantamento.

A selecção de um ponto de referência único e inequívoco, e o desenho de um preciso e claro croqui, foi sempre a minha principal preocupação, pois podia dar-se o facto de não ser eu, quando necessário fazê-lo, a efectuar a sua desinstalação ou levantamento, com queiram chamar-lhe.

A instalação do campo em apreço, decorreu normalmente, mina a mina, calculando e preservando sempre o perigoso risco que representava o cumprimento rigoroso de uma missão destas.

Este sistema havia sido montado aquando da nossa chegada a Susana, em fins de 1972, e teve que ser levantado antes da nossa retirada em Setembro de 1974.

Penso que não era preciso dizer aqui, que se a montagem foi, de algum modo, facilmente implantado no terreno, já não posso dizer o mesmo quanto ao acto de levantamento.

Quem sabe e, ou, viu os efeitos físicos e psíquicos num ser humano do rebentamento de uma mina anti-pessoal sabe do que eu falo.

Assim, lá parti para o terreno ciente que não podia errar, pois o lema que aprendera em Lamego com o monitor de Minas e Armadilhas, dizia que, com os explosivos deste género, só se podiam falhar 3 vezes: a primeira, a única e a última!

Tomadas todas as precauções e apesar da adrenalina e dos suores frios que nos causavam estes “trabalhinhos”, tudo correu bem felizmente.

Na última foto podem ver um buraco com as ossadas de um pequeno animal, que morrera ao fazer detonar umas das minas.

 
Melhor que uma excelente picagem, e tínhamos homens altamente especializados nessa matéria, era ter um detector de minas (metais)


Rapidamente começamos a decobrir (Eu, o Fur Mil Ferreira, o Sold "Castiço" e o Mulata) a primeira das piores e mais traiçoeiras assassinas da guerra
Dá-me aí uma faca se f.f.


Está aqui a "gaja"



Com cuidado... muito cuidado!


Aqui está ela fora da terra, vou retirar-lhe a espoleta e pronto, já não fará mal a ninguém

Esta não preciso levantá-la. Só um buraco e uns ossitos, 
como último sinal de que aqui acontecera uma morte

Um abraço, António Inverno Alf Mil Op Esp/RANGER do BART 6522 e Pel Caç Nat 60  

Emblema de colecção: © Carlos Coutinho (2010).
Direitos reservados.Fotos: © António Inverno (2010). Direitos reservados.
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em: 14 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7432: Estórias avulsas (99): Reabertura da picada Galomaro-Duas Fontes-Saltinho (António Tavares)

Guiné 63/74 - P7479: Operação Tangomau (Álbum fotográfico de Mário Beja Santos) (5): Dia 23 de Novembro de 2010

1. Mensagem de Mário Beja Santos* (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 17 de Dezembro de 2010:

Malta,
Foi um dia importante para o meu coração.
Lamento, no que toca a Lorde Torcato e àquele senhor que quer uma moradia em Finete, um tal Jorge Cabral, não trazer propriamente notícias animadoras.
Foi o que aconteceu.
Amanhã será diferente. Amanhã contem comigo no Cuor. Amanhã chego a casa, a Missirá.
Antes, serei recebido por um antigo comandante do PAIGC, em Canturé, agora Gan-Turé.
Mudam os nomes mas os lugares conservamo-los toda a vida.

Um abraço do
Mário


OPERAÇÃO TANGOMAU - ÁLBUM FOTOGRÁFICO (5)

DIA 23 DE NOVEMBRO DE 2010

Tudo leva a crer que este dia 23 de Novembro vai ser emocionante para o Tangomau. Ao sair de casa deparou-se o seu querido amigo Mamadu Djau, veio de bicicleta de Amedalai, acompanhado de um antigo soldado do Pel Caç Nat 54. Em casa do Fodé, nova surpresa: o Zé Pereira, primeiro cabo do Pel Caç Nat 52, entre 1968 e 1969. Uma grande, grande surpresa. Depois de alguma negociação com o Fodé, a comitiva vai até ao antigo porto de Bambadinca, o Tangomau pretende registar o que resta desse espaço que justificava idas diárias a Mato de Cão. Todo o abastecimento do Leste, até aparecer, em finais de 1969, o porto do Xime, desembocava aqui. Sobretudo durante as manhãs, era uma roda-viva de Berliets e Unimogs que depois irradiavam para inúmeros regulados. A seguir ao porto do Bambadinca, o Tangomau tem que deixar uma carta em casa do Zeca Braima Sama, veio do seu amigo Humberto Reis, antigo furriel da CCaç 12. E há também que visitar o cemitério de Bambadinca, o coronel Jales Moreira pretende saber o estado dos túmulos dos três militares portugueses que ali jazem. O que resta do porto de Bambadinca são estacas, as que se vêem. O Tangomau teve uma repentina, perguntou a um daqueles pescadores se o levavam a Mato de Cão. Que sim, na manhã seguinte, ainda pela fresca. Depois começou a negociação do preço, começou em 40 mil francos CFA, fechou-se o negócio em 10 mil. Infelizmente, o mandão do Fodé impôs-se, está a chegar a hora de começar as visitas ao Cuor. O passeio de canoa a Mato de Cão fica para a próxima viagem. E todos aqueles que frequentaram o porto de Bambadinca vão ficar de garganta seca quando virem estas miseras estacas como vestígio de uma importância perdida.

A auto-estima do Tangomau trepou quando ele visionava o rescaldo desse dia 23. No primeiro visionamento, ele deu pouca importância à imagem. Depois, do alto da sua arrogância de fotógrafo super-amador, reconsiderou que estes vestígios do porto de Bambadinca não eram para deitar fora. Suportavam o tabuleiro do cais, por aqui passaram toneladas de comida, munições e aparato bélico, material de construção civil, etc. Para que conste para a História, aqui houve cais, exactamente neste ponto acostava o aprovisionamento dessa imensa guerra. É certo que se trata de uma ruína, o Tangomau trata-a como um vestígio arqueológico, deu sofrimentos inenarráveis proteger e direccionar este aprovisionamento.

Calilo avisara o Tangomau que havia lá uns espigões em ferro dentro do capim e muito perto do trafi (para quem está esquecido, o trafi recorda os chorões curvados sobre os rios, são árvores pequeninas, bem proporcionadas, dentro e fora do tarrafe). Entrou-se no capim e encontrou-se este suporte para o cordame das embarcações. Deram-se voltas à procura do outro suporte, era natural que houvesse dois. Mas não havia. Para que conste, é o último material ferroso do que resta do porto de Bambadinca. Cabisbaixos, todos aqueles antigos combatentes que tinham vigiado aqueles barcos civis que aqui aportaram, uns quilómetros mais abaixo, em Mato de Cão, subiram silenciosos até casa do Zeca Braima Sama. Deixou-se a carta a um familiar, o Zeca estava a dar aulas em Bafatá. À noite, foi apresentado ao Tangomau na Bantajã Mandinga. Apareceu no almoço de veteranos. E comoveu-se. A comitiva subiu para o cemitério de Bambadinca.

O Zé Pereira veste uma sabadora cor de vinho, está rodeado de Madjo Baldé e Sadjo Seidi, Sadjo Tchamo e Djiné Baldé (Missirá e Finete). Quando o Tangomau chegou a Missirá havia três primeiros cabos africanos: Domingos Silva (o albino Amadu Baldé disse-me que o viu em Bissau há uns cinco anos atrás, ninguém sabe onde pára), Paulo Ribeiro Semedo (cristão de Geba, sinistrado em Chicri com a explosão de um dilagrama, já falecido) e o Zé Pereira. O Zé era indiscutivelmente o melhor preparado deles, fora e voltou a ser professor, dava provas de maturidade e tinha o sentido da liderança. Durante anos correspondeu-se com o Tangomau. Vive em Bissorã, os seus filhos, ele diz isto com orgulho, fizeram os estudos médios. O filho mais velho joga no Atlético Clube Oriental, ele está prestes a vir visitá-lo. O Tangomau combinou ir à bola, actividade que nunca exerceu. Mas ao Zé Pereira não se pode negar essa alegria, estar a seu lado e ovacionar o filho que triunfou na bola.

O inesquecível, o valoroso e sempre fiel Mamadu Djau. Continua a trabalhar na bolanha, de onde arranca o sustento. Aqui há uns tempos, Lorde Torcato pedia informações sobre o que fazem os nossos antigos combatentes: no essencial, vão à bolanha, cultivam a horta, quando podem fazem algum comércio, vivem miseravelmente, não sabem o que é o médico, o medicamento, a pensão de reforma. Quando estive com o Mamadu Djau, em 1991, ele ainda fazia comércio. E agora, Mamadu? “Dinheiro cá tem, Mário, estou velho e perdido”. O que me dói até ao tutano é que este homem de estatura média, de porte régio, é um herói, um destemido, com a bazuca foi um combatente de alta perícia. Começou como milícia na Ponta do Inglês, engoliu ali as faúlhas do inferno. Depois de eu ter visitado a Ponta do Inglês com Lânsana Sori, ele explicou-me a vida daquele destacamento atribulado. Mais adiante, veremos o que resta da Ponta do Inglês. O Mamadu confiava que eu o tinha vindo buscar, em 1991, dissera-me: “Depois do que eu sofri ao pé de ti, depois desta viagem que fizeste, acreditei que me vinhas buscar, quero ganhar a vida e ser respeitado”. É uma das recordações mais impressivas desta viagem de 2010: caminhamos para o ocaso, o abraço que demos, as mãos dadas que estendemos um ao outro, o muito obrigado embargado que lhe disse quando ele partiu para Amedalai e eu para os Nhabijões, na tardinha de domingo, 28 de Novembro, foi a fraternidade pura, sabemos o lugar que temos no coração do outro. Para todo o sempre.

Já muito se escreveu sobre este cemitério de Bambadinca, andam por aí muitos protestos sobre o tratamento indigno que lhe reservaram, o Bambadincazinho tem-se vindo a expandir sem olhar a meios. O cemitério apanhou por tabela, a comitiva deu voltas e mais voltas até se aperceber que este é o último palmo que resta do cemitério. Como em muitas outras situações, o último grito da presença humana é aquela lápide de cimento. O Tangomau conversava com os seus botões: eram três, parece que só resta um. Isto lembra o soldado desconhecido. Não seria a melhor solução remover estas ossadas para o talhão dos combatentes, no cemitério de Bissau? Vamos passar a vida a trasladar combatentes? Os britânicos que combateram na Flandres não ficaram lá a descansar eternamente?

Que este tocador de Korá, em pleno Bambadincazinho, não se presta confusões. Perdeu-se a imagem do Tangomau e comitiva em Samba Juli, uma tabanca que representava o fim do sossego para quem ia para Mansambo ou Xitoli ou confins do Cossé. Curiosamente, os visitantes puseram-se de acordo: pouco mudara em Samba Juli. Depois dos agradecimentos da visita pelo chefe de tabanca, o Tangomau começou a fazer perguntas, ia de encontro ao que lhe pedira Lorde Torcato de Mansambo. Começou por Lali, está vivo ou morto? Houve conciliábulos em fula e crioulo e dpois veio a resposta, o Lali está vivo, podem encontrá-lo em Candamã. E Suckel? Novos conciliábulos, veio a resposta: Suckel, o sobrinho de António Iaio Buaro morreu. E Madiá? Conciliábulos e correcção: não é Madiá, é Madiu, ou Mussa Candé, pertencia ao pelotão de Mamadu Bari, de Moricanhe, morreu. Já a pensar como é que se transmitem estas notícias a Lorde Trocato, perguntou-se pelo régulo António Bonco Baldé, o régulo do Corubal. Aqui nem foram precisos conciliábulos: António Bonco morreu há muito, o seu herdeiro é Sori Baldé, vive em Sinchã Moli. Lorde Torcato também me pedira para se perguntar pelo 91. Ninguém sabia quem era o 91. Aliás, o Tangomau proibira que se tratassem as pessoas por números. Quem apareceu e pediu para ser fotografado foi um irmãozinho de Queta Baldé, para quem não sabe o Queta é um dos heróis dos livros do Tangomau, memória como a dele não existe em mais ninguém. O irmão chama-se António Iaia Buaro Embaló e manda “manga de cumprimento” ao irmãozinho. Pode dar-se o caso do leitor se ter esquecido destes diminutivos. Um só exemplo, quando se diz mãezinha está-se a falar na irmã da mãe, não vale a pena perguntar se é o mesmo que uma tia. Nesta altura da viagem, o Tangomau já conhecera centenas de paizinhos, tiozinhos, irmãozinhos do Fodé Dahaba. Se acaso ainda existem famílias extensas a do Fodé é extensíssima.

No regresso de Samba Juli, o Tangomau, à beira da desidratação, pediu para ir ao mercado buscar duas garrafas de água, de litro e meio. É nisto que um jovem bem crescido avançou para ele e lhe disse: “Estiveste no Xime e falaste muito bem do meu pai. Eu sou o filho de Mankaman Biai, de quem disseste ser o maior guia e picador do Xime. Tira fotografia”. Antes de tirar a fotografia, como é uso e costume, o Tangomau enobrece os primores de carácter deste Mankaman, que recebeu louvor na operação “Rinoceronte Temível”. E a seguir, a comitiva, à hora do calor, partiu a caminho de Fá Mandinga, tentava-se assim dar cumprimento aos pedidos de um tal Jorge Cabral que andou a fazer distúrbios na região. A estrada para Fá não é exactamente o que era. Passa-se por Santa Helena, Bantajã Assà e depois envereda-se por um estradão em muito mau estado ao lado de Ponta Barbosa, o capim cresceu, aqui e acolá despontaram pequenas tabancas, Calilo abranda a velocidade face às grandes brechas no caminho, há ainda lagos de água esverdeada, ouve-se a insistente zanguizarra dos grilos, vou ouvi-los ainda mais insistentes quando for a Madina e a Belel. Já por aqui andei quando fui visitar Serifo Candé, em Biana. Fá é um desapontamento, o que no passado evocava granjas, restos de quartel, escola agrícola, agora são vestígios de edifícios carcomidos. A viatura pára, à frente existe o quartel do Exército guineense. Fotografias nem pensar. E também é já tarde, voltar a câmara para as ruínas ali ao lado pode parecer uma provocação a este jovem que tem a pesporrência de um guarda pretoriano. Pois o Jorge Cabral fica com sobejos motivos para se meter ao caminho e vir dar aqui uma espiada: tem guarda-costas e alguns soldados vivos para lhe dar companhia. Nada mais se pode adiantar.

Finete acompanhou a evolução do traçado da estrada Bissau-Bafatá. Antigamente estava concentrada sobre a bolanha, agora espraiou-se. Aqui fica a última imagem do dia. Aqui começava a bolanha ou a povoação de Finete, ou vice-versa. A fotografia só tem importância porque se vai repetir a mesma coisa noutros locais. Por exemplo, no Enxalé, alguém que o acompanha diz-lhe: “Ali era a estrada que levava a…”. No caso do Enxalé, havia dua estradas, a que atravessava a bolanha, a estrada velha, em frente ao Xime, e a estrada nova, mesmo em frente a Samba Silate. É um mundo que desapareceu. E, por vezes, como num rompante lírico, o Tangomau dá consigo a captar estes caminhos que perderam servidão, que foram retomados pela natureza.

A bolanha de Finete tem destas surpresas, não é por acaso que beija o rio Geba, e com ele se confunde. Para o amador de curiosidades, esclarece-se que Calilo Dahaba parou a viatura de combate e questiona o que o Tangomau pretende captar na travessia do rio Geba. Pois é exactamente isto: o rio e a bolanha, a vegetação luxuriante, e a luz, esta luz teatral que faz da água barrenta um curso de água de azul quase celeste. É também por estas e por outras que o Tangomau regressa ao seu “chão” e se sente imensamente feliz. Tudo começou com um porto que se transformou numa memória, reencontraram-se amizades profundas, foi-se a Samba Juli e a viagem a Fá Mandinga resultou numa decepção. Valha-nos a bolanha de Finete. E o Geba, o rio que atravessa a vida do Tangomau.

Ainda há luz do dia, a excursão prossegue até à bolanha de Finete, o Tangomau sabe que é boa hora para captar a luz especial, aquela que guardou estas décadas todas. Como esta imagem comprova: os lírios dentro em breve vão fechar, quando o dia arrefecer, a bolanha parece um imenso jardim exótico que avança em direcção à mata densa de Finete, o que é hoje Finete, a próxima surpresa que espera os viajantes. Já bem cansados, por sinal.

Fotos: © Mário Beja Santos (2010). Direitos reservados.
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Notas de CV.

(*) Vd. poste de 19 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7470: Notas de leitura (179): A Luta Pelo Poder na Guiné-Bissau, de Álvaro Nóbrega (Mário Beja Santos)

Vd. último poste da série de 16 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7445: Operação Tangomau (Álbum fotográfico de Mário Beja Santos) (4): Dia 22 de Novembro de 2010

Guiné 63/74 - P7478: Os nossos seres, saberes e lazeres (27): Victor Garcia, alfacinha e benfiquista, ex-1º Cabo At, CCAV 2639 (Bula, Binar, Capunga, 1969/71): um exemplo e um motivo de orgulho, para todos nós, antigos combatentes, na luta contra a iliteracia informática (Parte I)




Guiné > Região de Cacheu > Carta de Bula (pormenor), 1953, 1/50000 > A CCAV 2639 (1969/71) esteve em Bula, Binar e Capunga... A norte da estrada Bula - Binar - Bissorã (em direcção a Farim), o PAIGC tinha uma das suas bases, Choquemone, um nome mítico, em meados de 1969, quando eu cheguei à Guiné.





1. Já em tempos apresentámos aqui a página, na Net, do nosso camarigo Victor Garcia (*),  ex-1º Cabo At da CCAV 2639 (Binar, Bula e Capunga, 1969/71).

O Victor é hoje já um ás da informática, tendo uma história muito bonita em matéria de luta contra a iliteracia informática... Benfiquista de coração, alfacinha de gema, da freguesia de Marvila,  reformado, ele é um exemplo e um motivo de orgulho para todos nós, antigos combatentes, de quem se ouve dizer, com demasiada frequência, “que burro velho não aprende línguas” (neste caso, saber mexer com um compudor, mandar um mail, consultar um blogue)…

Aqui fica um excerto da verdadeira lição que nos deu, em 2009, a todos nós, seus leitores da sua página na Net:

(...) Esta ideia nasceu porque o meu filho entendeu que eu hoje com 60 anos tinha que ter a mesma capacidade no campo informático que ele tem.

Ele além de logicamente ser mais novo do que eu (hoje com 34 anos) é também um excelente profissional no campo do Web Design estando a laborar numa empresa credenciada do País.

Há cerca de mais ou menos dois anos atrás ofereceu-me alguns livros sobre programas informáticos entre os quais estava o Powerpoint, o qual foi um dos livros técnicos que logo me despertaram a curiosidade.

Pois com esses livros e com a colaboração da minha filha que se prontificou a que fosse instalado um segundo disco no seu computador para que eu pudesse ir praticando as técnicas informáticas, fui iniciando esta nova descoberta.

Com a persistência e com algumas asneiras à mistura lá consegui ir entrando nos programas e acabei por ir fazendo umas brincadeiras que estão englobadas nesta página no sector dos PPS power points.

(...) Acabei por adquirir a minha própria máquina e hoje sou autónomo nesse campo. Entretanto [o meu filho] entendeu que eu seria capaz de fazer a minha página da Internet e no Natal de 2008 ofereceu-me um livro e um programa para construção das páginas.

Achei uma loucura da parte dele mas conseguiu convencer-me de que eu as faria e acabei por meter mãos à obra e pouco a pouco fui fazendo o que está à vista. Sei que não está uma obra de arte mas (...)

Isto acaba por dar razão ao velho ditado, que velhos são os trapos. (...) Victor Garcia.

A sua página na Net merece uma prolongada e atenta visita. Não faltam motivos de interesse, desde documentação fotográfica sobre a sua companhia e o subsector de Bula, a  dezenas e dezenas de trabalhos  seus (eu contei mais de 150!!!)  em "power point" sobre os mais diversos temas: pessoais, locais (nacionais e internacionais), arte, deporto, música, vida animal, calendários, símbolos, transportes,  festivos,  vídeo e flash, vários... 

Destaco três de que gostei: Locais internacionais > Ginéu Bissau; Pessoais > CCAV 2639 e os Kimbas; O Amarelo da Carris... Mas há muitos mais explorar...  incluindo o excelente álbum fotográfico da CCAV 2639, de que reproduzo aqui, em formato extra-largo, alguns imagens seleccionadas e editadas por mim... Com a devida vénia ao nosso camarigo Victor Garcia e votos de um Natal alegre e criativo.






CCAV 2639: Embarque em Lisboa, no T/T Uíge, no Cais da Rocha em 22/10/1969



Chegada a Bissau em 28/10/1969 


Período em Binar (de 2/11/1969 a 20/12/1969) > Em 17/12/1969, na zona operacional do Foncho



Período em Bula (de 20/12/1969 a 10/01/1970) > Em Bula, 6/1/1970, junto ao Héli-Canhão com o Aquino




Período em Capunga (de 10/1/1970 a 25/6/1970) > Reencontro com o irmão, Necas Garcia, em Bissau, em 9/3/1970



Em 2/05/1970, em  Capunga >(Grupo de 7 militares do 3º Pelotão, os Kimbas) > De pé: Pereira, Ferreira, Furriel Serra, João Moura e Nogueira; agachados: Marco Paulo e Torcato





Período em Bula (de 25/6/1970 a 25/7/1970) > Em 7/7/1970 em operação na
zona do Bipo





Período em Capunga (de 25/7/1970 a 24/8/1970) >Em 9/8/1970 em Capunga,  junto da povoação de Capunga, na estrada que liga Bula a Binar




Período em Bula (de 24/8/1970 a 23/10/1970(  > Em 4/9/1970 em Bula, com Aquino, junto do memorial do BCAV 1915 (1967/69).


(Continua)

Fotos (e legendas): © Victor Garcia (2009) (Com a devia vénia...) (Fotos editadas por L.G.) (**)

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Notas de L.G.



(**) Último poste desta série > 14 de Dezembro de 2010

Guiné 63/74 - P7477: Resenha histórica da CCAÇ 764 (Aldeia Formosa, Colibuia, Cumbijã, 1965/66): Pela garra se conhece o leão (Parte II) (António Clemente)

Continuação da publicação de uma pequena resenha histórica da CCAÇ 764, feita pelo ex-Fur Mil António Clemente, residente em Fátima [, foto à esquerda, em Tavira, Dezembro de 1963, onde esteve com o Mário Fitas], feita em homenagem a um camarada morto em Cumbijã, em 15/4/66, o Peitinhos, de seu nome completo Manuel Díquel  (ou Vítor ?) dos Reis Prazeres, natural de Mira de Aire, concelho de Porto de Mós, Sold At 1211/64 (*).  


Segundo o portal Ultramar Terraweb, do nosso camarigo Mário Pires, o segundo nome do Peitinhos era é Vitor... No texto do Clemente, aparece Díquel. (Enfim, temos aqui o pequeno diferendo a esclarecer).


CCAÇ 764 (Aldeia Formosa, Colibuía, Cumbijã, 1965/67), companhia independente > Parte II

por António Clemente


Desde finais de Maio de 1965, a CCAÇ 764 ficou adstrita ao BCAÇ 1861 (Buba,  1965/67), com os seus grupos de combate distribuídos da seguinte forma:  (i) Comando da Companhia e 3º Gr Comb em Aldeia Formosa; (ii) 2º Gr Comb, em Colibuía; (iii)  1º Gr Comb, em Cumbijã, não havendo referência ao 4º Gr Comb. A sua divisa era: Ex ungue leonem (traduzindo o latinório à letra, Pela garra se conhece o leão...).


O António Clemente enviou-nos este trabalho, através do camarigo Mário Fitas, também com a menção expressa de ser um "presente de Natal" para nós, membros da Tabanca Grande, gentileza que já agradecemos e retribuímos,  sentando-o connosco debaixo do nosso gigantesco e mágico poilão, agora ainda mais bonito com as luzinhas do nosso Natal de 2010... (LG)










(Continua)






Guiné > Região de Tombali > Cumbijã > CCAV 8351, Os Tigres de Cumbijã (1972/74) > Um aquartelamento construído de raíz, entregue ao PAIGC em 19 de Agosto de 1974. Foto do ex-Cap Mil Vasco da Gama, natural de Buarcos, e nosso grande camarigo.

Foto: © Vasco da Gama (2010). Direitos reservados

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Nota de L.G.:


(*) Vd. postes de:

Guiné 63/74 – P7476: Parabéns a você (192): José Casimiro Carvalho (ex-Fur Mil Op Esp/RANGER da CCAV 8350 (Miguel Pessoa & Editores)



1. Completa hoje o seu 59º Aniversário o nosso Camarada José Casimiro Carvalho, ex-Fur Mil Op Esp/RANGER da CCAV 8350 “Piratas de Guileje” - Guileje e Gadamael -, e da CCAÇ “Lacraus de Paunca” -
Gadamael, Guileje, Nhacra e Paúnca -, (1972/74).
Postal ilustrado: © Miguel & Giselda Pessoa (2010). Direitos reservados.

Lamego (?) > s/d > Na foto, o nosso ranger, à esquerda, posa com a Kika (sua filha mais velha), o General Lemps Pires (1930-2009), a Sofia (sua filha mais nova) e o General José Alberto Cardeira Rino (OpEsp/RANGERs)... J. Casimiro Carvalho mora em Vermoim, na Maia, e é casado há 35 anos. A filha Kika tem 34 anos (secretária administrativa) e a Sofia tem 29 (economista). E já tem uma netinha, a Beatriz (nasceu em 2008).





Guiné > Região de Tombali > Cacine > Maio de 1973 > Na altura (22 de Maio de 1973) em que Guileje foi abandonada pelas NT, o J. Casimiro Carvalho estava em Cacine, coordenando o reabastecimento destinado à sua companhia. Os géneros vinham de Bissau, em batelões, até Cacine, e depois em LDM até Gadamael e, por coluna, até Guileje.  Nesta já famosa carta, publicada na série Cartas do corredor da morte, ele conta aos pais a inesperada notícia do abandono do aquartelamento: "Se foi com ordens de Bissau que se abandonou a nossa posição, posso dar graças a Deus e dizer que foi um milagre, mas se foi uma insubordinção nem quero pensar"...  Mas uma coisa é certa: "Guileje ficou à mercê 'deles'. Não sei se as minhas coisas estão lá, ou se os meus colegas as trouxeram, tinha lá tudo [, incluindo o meu querido patacão...], mas paciência!"... 

Já em tempos tínhamos oportuna e justamente agradecido ao nosso camarigo da Maia o carinho e o apreço com que ele nos fez chegar este lote de correspondência. Foi um período doloroso para ele, por motivos óbvios e mais um: o seu velhote, seu cúmplice e confidente na correspondência de Guileje, havia falecido uns tempos antes (LG) .


Fotos: © J. Casimiro Carvalho (2007). Todos os direitos reservados.


2. Em nome do nosso Camarada Luís Graça, colaboradores deste blogue e demais elementos desta tertúlia “tabancal” desejo que no festejo de mais este aniversário, sejas muito feliz junto da tua querida família e que esta data se repita por muitos, bons e férteis anos, plenos de saúde, felicidade e alegria.

Que por muitos mais e boas décadas, este "aquartelamento" de Camaradas & Amigos te possa enviar mensagens idênticas a esta e às que hoje lerás no “cantinho” reservado aos comentários.

Estes são os sinceros e melhores desejos destes teus Amigos e Camaradas, com um grande abraço fraterno
.
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Nota de M.R.:
Vd. último poste desta série em:
19 de Dezembro de 2010 >
Guiné 63/74 - P7469: Parabéns a você (191): Humberto Reis, ex-Fur Mil Op Esp da CCAÇ 12 e João Melo, ex-1.º Cabo Op Cripto da CCAV 8351 (Tertúlia / Editores)

domingo, 19 de dezembro de 2010

Guiné 63/74 - P7475: O Mural do Pai Natal da Tabanca Grande (2010) (11): Boas-Festas da Tertúlia

O MURAL DO PAI NATAL DA TABANCA GRANDE 2010 (11)


1. Do nosso camarada António Pimentel, ex-Alf Mil Op Esp da CCS/BCCAÇ 2851, Mansabá e Galomaro, 1968/70:

Para que nos lembremos que o que importa não se embrulha.

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2. Do nosso camarada Luís Dias, ex-Alf Mil da CCAÇ 3491/BCAÇ 3872, Dulombi e Galomaro, 1971/74:

Caro Amigo/a
Desejo-te um Feliz Natal e um Bom Ano Novo, extensível a toda a tua família.
Um abraço
Luís Dias
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3. Do nosso camarada Victor Barata, ex-Especialista da FAP, BA 12, 1971/73:

São os votos sinceros da "malta" do ar.
Victor
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4. Do nosso camarada Benito Neves, ex-Fur Mil da CCAV 1484, Nhacra e Catió, 1965/67:

Para todos os tertulianos e suas famílias, votos de um Santo e Feliz Natal e que o Novo Ano seja próspero em todos os aspectos, particularmente em saúde.
Benito Neves
CCAV 1484
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5. Do nosso camarada António Paiva, ex-Soldado Condutor no HM 241, 1968/70:



Caro Carlos


Talvez vá um pouco atrasado, mas não quero deixar passar a quadra sem me juntar aos desejos de BOAS FESTAS.
Desta vez mando o presépio cá de casa.
A todos os tertulianos e suas Famílias desejo um FELIZ E SANTO NATAL, que o 2011 nos traga ao menos a esperança para vermos dias melhores.
Um abraço
António Paiva
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6. Do nosso camarada António Barbosa, ex-Alf Mil Op Esp da 2.ª CART/BART 6523, Cabuca, 1973/74:

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7. Do nosso camarada José Belo, ex Alf Mil Inf da CCAÇ 2381, Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Mampatá e Empada, 1968/70, actualmente Cap Inf Ref, a viver na Suécia:

Um pouco da Lapónia com votos para os camaradas de um Feliz Natal e Bom Novo Ano. 
(Foto Dagens Nyetter.)
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8. Do nosso camarada Hilário Peixeiro, ex-Cap Mil, CMDT da CCAÇ 2403, Piche, Fá Mandinga, Olossato e Mansabá, 1968/70:

Votos de Santo e Feliz Natal
Com um abraço
HPeixeiro

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9. Do nosso camarada Herlânder Simões, ex-Fur Mil da CART 2771 e CCAÇ 3477, Nova Sintra e Guileje, 1972/74:

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10. Do nosso camarada Aníbal Magalhães, ex-Alf Mil da CCAÇ 2465/BCAÇ 2861, e Bissum-Naga, 1969/70:

Amigo e camarigo Luís:
Para ti e co-editores um Feliz Natal e Bom Ano Novo
Um abraço
Aníbal Magalhães
CCAÇ 2465/BCAÇ 2861
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 19 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7472: O Mural do Pai Natal da Tabanca Grande (2010) (10): Maneiras distraídas de viver a vida… (José Eduardo Oliveira)