Lisboa, Belém, 10 de Junho de 2006 > 13º Encontro Nacional de Combatentes > O Sérgio Pereira (à esquerda), ladeado pelo Hugo Moura Ferreira, promotor do encontro da nossa tertúlia (1). O Sérgio foi Fur Mil na CART 1691 (Guileje, 1966/67). O Hugo foi Alf Mil na CCAÇ 1621 e na CCaç 6 (Cufar e Bedanda, 1966/68)
Foto: Fernando Franco (2006)
1. Mensagem do Fernando Franco:
Caros amigos:
Que grande alegria, quando encontramos companheiros com o mesmo sentimento e respeito mútuo. A grandeza de todos nós que naquele dia estiveram presentes pelos ausentes nesta vida, foi como de costume de um tal sentimento que se torna difícil de descrever.
Claro que conheço muitos que estiveram ausentes nesta cerimónia, mas que ainda se encontram entre nós que compartilham o mesmo sentimento.
Obrigado pelo prazer de fazer parte desta tertúlia, junto uma fotografia do Hugo Moura Ferreira e Sérgio Pereira. A ideia de encontrarmo-nos em Vila do Rei, embora por agora não passe de proposta, já tem um aderente, contem comigo.
Fernando Franco (BIG - Batalhão de Intendência, Bissau, 1973/74)
2. Mensagem do Lema Santos:
Caros amigos,
Dou como minhas as vossas palavras. Normalmente, nestas andanças, há sempre uma próxima vez. Basta com a vontade criar a oportunidade e, se for a tal do convívio, tanto melhor.
Manter-nos-emos atentos.
Um abraço para todos,
Manuel Lema Santos
(Ex-1º TEN RN 1965/72, NPR rion, 1966/68)
_________
Nota de L.G.
(1)Vd. posts de:
13 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P872: A minitertúlia do 10 de Junho de 2006
11 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P863: Os nossos (des)encontros do 10 de Junho (Hugo Moura Ferreira)
8 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P855: Encontro da nossa tertúlia no 10 de Junho, em Belém, Lisboa
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
terça-feira, 13 de junho de 2006
Guiné 63/74 - P872: A minitertúlia do 10 de Junho de 2006
Lisboa, Belém, 10 de Junho de 2006 > 13º Encontro Nacional de Combatentes >
A escassos metros do grupo do Hugo Moura Ferreira, encontravam-se os seguintes elementos da nossa tertúlia de amigos e camaradas da Guiné, entre as 11 e as 12h: na primeira fila, eu, próprio, Luís Graça (CCAÇ 12, 1969/71), à esquerda, e a meu lado o Carlos Fortunato (CCAÇ 13, 21969/71); na segunda fila, a contar da esquerda para a direita: o Jorge Cabral (Pel Caç Nat 63, 1969/71), o António Duarte (CART 3493 e CCAÇ 12, 1972/74), o Mário Dias (Comandos, 1963/66), o José Martins (CCAÇ 5, 1968/70), o Francisco Baldé (1ª, 2ª e 3ª Companhia de Comandos Africanos, 1969/74) e o João Parreira (CART 730 e Comandos, 1964/66).
Lisboa, Belém, 10 de Junho de 2006 > 13º Encontro Nacional de Combatentes>
Descobri, no meio da multidão, o Furriel Comando Francisco Baldé, que esteve em Fá Mandinga, na fase de instrução de aperfeiçoamento operacional da 1º Companhia de Comandos Africanos; apresentei-o ao Jorge Cabral, na época o comandante do destacamento, que era guarnecido pelo Pel Caç Nat 63; ei-los aqui, à minha direita e à direita do José Martins. O Jorge Cabral terá, concerteza, oportunidade de relatar, em mais pormenor, as conversas havidas entre ambos, resultantes deste encontro inesperado...
Lisboa, Belém, 10 de Junho de 2006 > 13º Encontro Nacional de Combatentes>
O nosso querido amigo e camarada José martins, que é já um habitué destes encontros. Fez-se acompanhar da esposa, tal como eu... Eu já conhecia o Martins, uma vez que ele trabalha e vive relativamente perto do meu local de trabalho. Recorde-se que o Martins foi furriel miliciano de transmissões na CCAÇ 5 - Os Gatos Pretos (Canjadude, 1968/70).
Lisboa, Belém, 10 de Junho de 2006 > 13º Encontro Nacional de Combatentes >
O Martins e o Cabral (que me confidenciou: "Só tu é que me podias trazer ao 10 de Junho"; e eu retorqui-lhe na mesma moeda: "Só vocês é que me podiam trazer ao 10 de Junho").
Lisboa, Belém, 10 de Junho de 2006 > 13º Encontro Nacional de Combatentes >
Foi também um grande prazer rever o calmeirão do Carlos Fortunato (furriel miliciano de armas pesadas e minas e armadilhas, da CCAÇ 13, 1969/71) que eu só conhecia de fotografia e de contacto telefónico, mas de quem tinha uma vaga ideia, já que fomos para a Guiné no mesmo navio, o Niassa, tendo chegado a Bissau a 30 de Maio de 1969. Não me foi difícil reconhecê-lo: ele pertencia à CCAÇ 2590 e eu à CCAÇ 2591, que mais tarde deram origem à CCAÇ 12 e à CCAÇ 13, respectivamente. Ei-lo em íntima conversa com o furriel comando Francisco Baldé, da 3ª Companhia de Comandos Africanos (passou também pela 1ª e pela 2ª). O Carlos anima, com muita competência, dedicação e carinho, uma página na Net, respeitante à sua unidade - Os Leões Negros, mais antiga que o nosso blogue. Como bons amigos e camaradas, trocamos fotos e outra documentação. Foi o Carlos que nos forneceu todos os elementos para a criação da página sobre Bissorã.
Segundo informação que me deu posteriormente o Carlos, "o Jorge Cabral vai investigar a história do bisavô do Francisco Baldé, que foi o 1º Rei Africano a visitar o Rei D. Carlos. O seu nome era Samba Ailé Baldé, e tal ocorreu em 1896. A sua etnia era Fula, e foi rei na região do Gabú" (1).
Lisboa, Belém, 10 de Junho de 2006 > 13º Encontro Nacional de Combatentes >
Também encontrámos antigos combatentes guineenses, como foi o caso do Rachid (aqui ao lado do Jorge Cabral), que pertenceu à CCAÇ 21 e conheceu malta da CCAÇ 12, como o Abibo Jau, cuja execução pelo PAIGC ele confirmou (assim como a morte violenta do poderoso régulo de Badora)... O Rachid, que também ele teve de fugir para o Senegal, vive e trabalha hoje em Portugal, na construção civil. O Jorge Cabral teve oportunidade de falar mais tempo com ele e de ficar com o contacto dele.
Lisboa, Belém, 10 de Junho de 2006 > 13º Encontro Nacional de Combatentes >
O João Parreira e o Miranda, dois veteranos dos velhos comandos de Brá. Foi o João que me reconheceu de imediato, já que eu não tinha nenhuma fotografia actual dele. Ele escreveu-me logo a seguir dizendo: "Caro Luís Graça: Também tive muito gosto em conhecer-te pessoalmente, bem assim como outros tertulianos. O Furriel Miliciano do Grupo Panteras que não fixaste o nome chama-se António Manuel Constantino Vassalo Miranda. Ele não usa computador mas através de outra pessoa mandou-me o ano passado alguns depoimentos interessantes. Um deles foca o assunto do tal baile da Associação em que ele também entrou.
No dia 10 falei-lhe sobre isso e ele disse-me que se achares oportuno eu podia
enviá-lo para o blogue, pois assim completava as duas versões que já publicaste de dois intervenientes. Mais tarde falarei com ele sobre outros depoimentos".
Também o Mário Dias me forneceu, por e-mail, informação adiconal sobre o Miranda a quem eu peço desculpa por não ter fixado o nome, de imediato, embora percebesse que era uma pessoa muito acarinhada e respeitada pelos outros camaradas dos velhos comandos de Brá:
"Também ele faz parte dos velhos comandos de Brá pois foi um dos militares que se deslocaram a Angola em 1963 para receber instrução nos comandos e que, no regresso à Guiné, organizaram e instruiram o grupo que tomou parte na Operação Tridente. Desse grupo que se deslocou a Angola, 3 oficiais, 1 sargento, 3 furriéis e 2 cabos, apenas 3 continuam vivos: eu, o Miranda e o Gil Dias que é meu irmão mas que não continuou nos comandos após a Op Tridente" (1).
Outros encontros > 24 de Setembro de 2005>
Mais de quatro décadas passadas sobre da Operação Tridente (Ilha do Como, 1964), eis alguns dos elementos que nela tomaram parte, pertencentes ao Grupo de Comandos, fotografados durante o convívio dos Grupos de Comandos que actuaram na Guiné entre 1964/66. Da esquerda para a direita: (i) sold João Firmino Martins Correia; (ii) 1º cabo Marcelino da Mata; (iii) 1º cabo Fernando Celestino Raimundo; (iv) fur mil António M. Vassalo Miranda; (v) fur Mário F. Roseira Dias; (vi) sold Joaquim Trindade Cavaco(Os postos, referentes a cada uma, são os que tinham à época dos acontecimentos).
Foto: © Mário Dias (2005)
Lisboa, Belém, 10 de Junho de 2006 > 13º Encontro Nacional de Combatentes >
Tive a oportunidade também de conhecer pessoalmente o Mário Dias, personalidade que admiro e respeito. É claro que o tempo foi curto mas deu para perceber que ele e os respeitantes camaradas da nossa terúlia, que eu ainda não conhecia, eram uns gajos fixes. Incentivei-o a voltar a escrever no nosso blogue. O Mário respondeu-me depois, por e-mail: "Foi para mim maravilhoso ter-te conhecido pessoalmente. Confesso que a minha expectativa não saíu defraudada pois a tua pessoa corresponde exactamente à imagem que de ti fazia. O que mais me impressionou em ti foi essa tua vontade de a todos dares voz e a todos manteres unidos e amigos respeitando todos e cada um. Não é por acaso que és sociólogo.Bem hajas. Quanto à minhas memórias da Guiné, terra cujo fascínio é responsável por este nosso alinhar de memórias, vão continuar em breve. Espero que ainda nesta semana".
Paguei-lhe com igual moeda, o mesmo é dizer, com afecto e amizade: "Mário: retribuo-te de igual maneira… Tu só podias ser um gajo bom, de grande estatura moral, de grande honestidade intelectual, coerente, patriota, amigo dos seus amigos, camarada dos seus camaradas… Um homem revela-se muito no que escreve, até mais do que naquilo que diz… Obrigado também pelas tuas dicas sobre o Miranda"
PS - Também tive a sorte de encontrar o nosso ranger do Porto, o Magalhães Ribeiro, que vinha com a delegação do Porto da Associação de Operações Especias. Prometo publicar uma foto aqui, no blogue, para celebrar a ocasião. Já nos conhecíamos do Porto, do último Natal de 2005. Em contrapartida, desencontrámo-nos dos restantes camaradas, o que eu sou o primeiro a lamentar, como aqui já deixei referido anteriormente. Um grande abraço de amizade e apreço para o Hugo e restantes camaradas: o Lema Santos, o Sérgio Pereira, o Fernando Franco e o Fernando Chapouto (2)
Créditos fotográficos: © Luís Graça & Camaradas da Guiné (2006)
___________
Notas de L.G.
(1) Sobre a Op Tridente, vd posts de:
15 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCLXXII: Op Tridente (Ilha do Como, 1964): Parte I (Mário Dias)
16 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCLXXV: Op Tridente (Ilha do Como, 1964): II Parte (Mário Dias)
17 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCLXXX: Op Tridente (Ilha do Como, 1964): III Parte (Mário Dias)
(2) Vd. post de 11 de Lunho de 2006 > Guiné 63/74 - P863: Os nossos (des)encontros do 10 de Junho (Hugo Moura Ferreira)
(2) Eis os elementos informativos que o Carlos Fortunato conseguiu recolher da conversa que teve com o Franscisco Baldé e que que acaba de publicarma sua págimna sobre a CCAÇ 13 - Os Leões Negros (vd. : Guerra na Guiné > O massacre dos soldados africanos)
" (...) Francisco Amadeu Baldé foi um dos comandos que conseguiu sobreviver. Era furriel na 3ª Companhia de Comandos Africanos (tinha anteriormente passado pela 1ª e pela 2ª Companhia de Comandos Africanos).
"De acordo com o seu relato, foi preso e levado para a esquadra da polícia juntamente com outros comandos. Lembra-se como as celas eram pequenas, sendo obrigado a ficar sentado pois não tinham altura para mais.
"O seu destino estava traçado, ia ser fuzilado no dia seguinte, no entanto a sua mulher Áliu, conseguiu pelos contactos que possuía, que um dos altos responsáveis pela segurança do PAIGC, Buscardino, intercedesse e o mandasse libertar (Buscardino seria posteriormente morto, no golpe de estado de Nino Vieira a 14 de Novembro de 1980).
"A partir daqui começou a sua fuga em direcção ao Senegal, dirigiu-se para Sará onde tinha familiares, os quais o recolheram.
"Conta que mesmo no Senegal, o PAIGC continuou a perseguição enviando agentes, com promessas de que podiam regressar à Guine, mas os que o fizeram foram logo mortos ao atravessar a fronteira.
"O seu regresso à Guiné seria apenas depois do golpe de estado de Nino Vieira a 14 de Novembro de 1980.
"Após a tomada do poder por Nino Vieira, terminaram as matanças e as prisões arbitrárias, mas todos os que tinham pertencido ao exército português eram excluídos da sociedade, não havendo trabalho para eles. Contudo Francisco conseguiu arranjar trabalho na embaixada da Líbia, e mais tarde regressar a Portugal, onde reside actualmente".
A escassos metros do grupo do Hugo Moura Ferreira, encontravam-se os seguintes elementos da nossa tertúlia de amigos e camaradas da Guiné, entre as 11 e as 12h: na primeira fila, eu, próprio, Luís Graça (CCAÇ 12, 1969/71), à esquerda, e a meu lado o Carlos Fortunato (CCAÇ 13, 21969/71); na segunda fila, a contar da esquerda para a direita: o Jorge Cabral (Pel Caç Nat 63, 1969/71), o António Duarte (CART 3493 e CCAÇ 12, 1972/74), o Mário Dias (Comandos, 1963/66), o José Martins (CCAÇ 5, 1968/70), o Francisco Baldé (1ª, 2ª e 3ª Companhia de Comandos Africanos, 1969/74) e o João Parreira (CART 730 e Comandos, 1964/66).
Lisboa, Belém, 10 de Junho de 2006 > 13º Encontro Nacional de Combatentes>
Descobri, no meio da multidão, o Furriel Comando Francisco Baldé, que esteve em Fá Mandinga, na fase de instrução de aperfeiçoamento operacional da 1º Companhia de Comandos Africanos; apresentei-o ao Jorge Cabral, na época o comandante do destacamento, que era guarnecido pelo Pel Caç Nat 63; ei-los aqui, à minha direita e à direita do José Martins. O Jorge Cabral terá, concerteza, oportunidade de relatar, em mais pormenor, as conversas havidas entre ambos, resultantes deste encontro inesperado...
Lisboa, Belém, 10 de Junho de 2006 > 13º Encontro Nacional de Combatentes>
O nosso querido amigo e camarada José martins, que é já um habitué destes encontros. Fez-se acompanhar da esposa, tal como eu... Eu já conhecia o Martins, uma vez que ele trabalha e vive relativamente perto do meu local de trabalho. Recorde-se que o Martins foi furriel miliciano de transmissões na CCAÇ 5 - Os Gatos Pretos (Canjadude, 1968/70).
Lisboa, Belém, 10 de Junho de 2006 > 13º Encontro Nacional de Combatentes >
O Martins e o Cabral (que me confidenciou: "Só tu é que me podias trazer ao 10 de Junho"; e eu retorqui-lhe na mesma moeda: "Só vocês é que me podiam trazer ao 10 de Junho").
Lisboa, Belém, 10 de Junho de 2006 > 13º Encontro Nacional de Combatentes >
Foi também um grande prazer rever o calmeirão do Carlos Fortunato (furriel miliciano de armas pesadas e minas e armadilhas, da CCAÇ 13, 1969/71) que eu só conhecia de fotografia e de contacto telefónico, mas de quem tinha uma vaga ideia, já que fomos para a Guiné no mesmo navio, o Niassa, tendo chegado a Bissau a 30 de Maio de 1969. Não me foi difícil reconhecê-lo: ele pertencia à CCAÇ 2590 e eu à CCAÇ 2591, que mais tarde deram origem à CCAÇ 12 e à CCAÇ 13, respectivamente. Ei-lo em íntima conversa com o furriel comando Francisco Baldé, da 3ª Companhia de Comandos Africanos (passou também pela 1ª e pela 2ª). O Carlos anima, com muita competência, dedicação e carinho, uma página na Net, respeitante à sua unidade - Os Leões Negros, mais antiga que o nosso blogue. Como bons amigos e camaradas, trocamos fotos e outra documentação. Foi o Carlos que nos forneceu todos os elementos para a criação da página sobre Bissorã.
Segundo informação que me deu posteriormente o Carlos, "o Jorge Cabral vai investigar a história do bisavô do Francisco Baldé, que foi o 1º Rei Africano a visitar o Rei D. Carlos. O seu nome era Samba Ailé Baldé, e tal ocorreu em 1896. A sua etnia era Fula, e foi rei na região do Gabú" (1).
Lisboa, Belém, 10 de Junho de 2006 > 13º Encontro Nacional de Combatentes >
Também encontrámos antigos combatentes guineenses, como foi o caso do Rachid (aqui ao lado do Jorge Cabral), que pertenceu à CCAÇ 21 e conheceu malta da CCAÇ 12, como o Abibo Jau, cuja execução pelo PAIGC ele confirmou (assim como a morte violenta do poderoso régulo de Badora)... O Rachid, que também ele teve de fugir para o Senegal, vive e trabalha hoje em Portugal, na construção civil. O Jorge Cabral teve oportunidade de falar mais tempo com ele e de ficar com o contacto dele.
Lisboa, Belém, 10 de Junho de 2006 > 13º Encontro Nacional de Combatentes >
O João Parreira e o Miranda, dois veteranos dos velhos comandos de Brá. Foi o João que me reconheceu de imediato, já que eu não tinha nenhuma fotografia actual dele. Ele escreveu-me logo a seguir dizendo: "Caro Luís Graça: Também tive muito gosto em conhecer-te pessoalmente, bem assim como outros tertulianos. O Furriel Miliciano do Grupo Panteras que não fixaste o nome chama-se António Manuel Constantino Vassalo Miranda. Ele não usa computador mas através de outra pessoa mandou-me o ano passado alguns depoimentos interessantes. Um deles foca o assunto do tal baile da Associação em que ele também entrou.
No dia 10 falei-lhe sobre isso e ele disse-me que se achares oportuno eu podia
enviá-lo para o blogue, pois assim completava as duas versões que já publicaste de dois intervenientes. Mais tarde falarei com ele sobre outros depoimentos".
Também o Mário Dias me forneceu, por e-mail, informação adiconal sobre o Miranda a quem eu peço desculpa por não ter fixado o nome, de imediato, embora percebesse que era uma pessoa muito acarinhada e respeitada pelos outros camaradas dos velhos comandos de Brá:
"Também ele faz parte dos velhos comandos de Brá pois foi um dos militares que se deslocaram a Angola em 1963 para receber instrução nos comandos e que, no regresso à Guiné, organizaram e instruiram o grupo que tomou parte na Operação Tridente. Desse grupo que se deslocou a Angola, 3 oficiais, 1 sargento, 3 furriéis e 2 cabos, apenas 3 continuam vivos: eu, o Miranda e o Gil Dias que é meu irmão mas que não continuou nos comandos após a Op Tridente" (1).
Outros encontros > 24 de Setembro de 2005>
Mais de quatro décadas passadas sobre da Operação Tridente (Ilha do Como, 1964), eis alguns dos elementos que nela tomaram parte, pertencentes ao Grupo de Comandos, fotografados durante o convívio dos Grupos de Comandos que actuaram na Guiné entre 1964/66. Da esquerda para a direita: (i) sold João Firmino Martins Correia; (ii) 1º cabo Marcelino da Mata; (iii) 1º cabo Fernando Celestino Raimundo; (iv) fur mil António M. Vassalo Miranda; (v) fur Mário F. Roseira Dias; (vi) sold Joaquim Trindade Cavaco(Os postos, referentes a cada uma, são os que tinham à época dos acontecimentos).
Foto: © Mário Dias (2005)
Lisboa, Belém, 10 de Junho de 2006 > 13º Encontro Nacional de Combatentes >
Tive a oportunidade também de conhecer pessoalmente o Mário Dias, personalidade que admiro e respeito. É claro que o tempo foi curto mas deu para perceber que ele e os respeitantes camaradas da nossa terúlia, que eu ainda não conhecia, eram uns gajos fixes. Incentivei-o a voltar a escrever no nosso blogue. O Mário respondeu-me depois, por e-mail: "Foi para mim maravilhoso ter-te conhecido pessoalmente. Confesso que a minha expectativa não saíu defraudada pois a tua pessoa corresponde exactamente à imagem que de ti fazia. O que mais me impressionou em ti foi essa tua vontade de a todos dares voz e a todos manteres unidos e amigos respeitando todos e cada um. Não é por acaso que és sociólogo.Bem hajas. Quanto à minhas memórias da Guiné, terra cujo fascínio é responsável por este nosso alinhar de memórias, vão continuar em breve. Espero que ainda nesta semana".
Paguei-lhe com igual moeda, o mesmo é dizer, com afecto e amizade: "Mário: retribuo-te de igual maneira… Tu só podias ser um gajo bom, de grande estatura moral, de grande honestidade intelectual, coerente, patriota, amigo dos seus amigos, camarada dos seus camaradas… Um homem revela-se muito no que escreve, até mais do que naquilo que diz… Obrigado também pelas tuas dicas sobre o Miranda"
PS - Também tive a sorte de encontrar o nosso ranger do Porto, o Magalhães Ribeiro, que vinha com a delegação do Porto da Associação de Operações Especias. Prometo publicar uma foto aqui, no blogue, para celebrar a ocasião. Já nos conhecíamos do Porto, do último Natal de 2005. Em contrapartida, desencontrámo-nos dos restantes camaradas, o que eu sou o primeiro a lamentar, como aqui já deixei referido anteriormente. Um grande abraço de amizade e apreço para o Hugo e restantes camaradas: o Lema Santos, o Sérgio Pereira, o Fernando Franco e o Fernando Chapouto (2)
Créditos fotográficos: © Luís Graça & Camaradas da Guiné (2006)
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Notas de L.G.
(1) Sobre a Op Tridente, vd posts de:
15 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCLXXII: Op Tridente (Ilha do Como, 1964): Parte I (Mário Dias)
16 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCLXXV: Op Tridente (Ilha do Como, 1964): II Parte (Mário Dias)
17 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCLXXX: Op Tridente (Ilha do Como, 1964): III Parte (Mário Dias)
(2) Vd. post de 11 de Lunho de 2006 > Guiné 63/74 - P863: Os nossos (des)encontros do 10 de Junho (Hugo Moura Ferreira)
(2) Eis os elementos informativos que o Carlos Fortunato conseguiu recolher da conversa que teve com o Franscisco Baldé e que que acaba de publicarma sua págimna sobre a CCAÇ 13 - Os Leões Negros (vd. : Guerra na Guiné > O massacre dos soldados africanos)
" (...) Francisco Amadeu Baldé foi um dos comandos que conseguiu sobreviver. Era furriel na 3ª Companhia de Comandos Africanos (tinha anteriormente passado pela 1ª e pela 2ª Companhia de Comandos Africanos).
"De acordo com o seu relato, foi preso e levado para a esquadra da polícia juntamente com outros comandos. Lembra-se como as celas eram pequenas, sendo obrigado a ficar sentado pois não tinham altura para mais.
"O seu destino estava traçado, ia ser fuzilado no dia seguinte, no entanto a sua mulher Áliu, conseguiu pelos contactos que possuía, que um dos altos responsáveis pela segurança do PAIGC, Buscardino, intercedesse e o mandasse libertar (Buscardino seria posteriormente morto, no golpe de estado de Nino Vieira a 14 de Novembro de 1980).
"A partir daqui começou a sua fuga em direcção ao Senegal, dirigiu-se para Sará onde tinha familiares, os quais o recolheram.
"Conta que mesmo no Senegal, o PAIGC continuou a perseguição enviando agentes, com promessas de que podiam regressar à Guine, mas os que o fizeram foram logo mortos ao atravessar a fronteira.
"O seu regresso à Guiné seria apenas depois do golpe de estado de Nino Vieira a 14 de Novembro de 1980.
"Após a tomada do poder por Nino Vieira, terminaram as matanças e as prisões arbitrárias, mas todos os que tinham pertencido ao exército português eram excluídos da sociedade, não havendo trabalho para eles. Contudo Francisco conseguiu arranjar trabalho na embaixada da Líbia, e mais tarde regressar a Portugal, onde reside actualmente".
Guiné 63/74 - P871: Que madrasta Pátria é esta ! (ou comentários ao post do Idálio Reis)
1. Mensagem de L.G., enviada em primeira mão a toda a tertúlia:
Amigos & Camaradas:
Felizmente temos (e tivemos no TO da Guiné) boas (e às vezes grandes…) cabeças… Gostava de receber os vossos comentários sobre este longo, frontal, polémico, mas sempre lúcido, fraterno e generoso comentário do Idálio Reis (o tal sobrevivente de Gandembel/Balana, aliás, todos nós somos sobreviventes, com tudo o que isso implica de heróico, humano e miserável, porque quem sobre-vive, já não vive)…
Felizmente que nesta caserna plural que é a nossa, já não precisamos de cerrar fileiras, de fazer apelo ao espírito de corpo, de pensar pelo mesmo diapasão… A guerra acabou, mas para muitos de nós a Pátria foi e continua a ser madrasta…
O post é este e ainda está fresquinho: 12 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P867: Que madrasta Pátria é esta ! (ou o meu comentário à carta do Padre Mário de Oliveira (Idálio Reis).
Espero que o nosso camarada Mário Dias, o veterano dos comandos (1) – que eu tive um especial prazer em conhecer pessoalmente, neste último 10 de Junho, a par do João Parreira, do António Duarte e do Carlos Fortunato, entre outros, incluindo um camarada do grupo dos comandos, os Panteras (de que lamentavelmente não fixei o nome e que me disse ter ganho recentemente uma batalha contra um terrível inimigo, que é a doença!) – volte em breve ao nosso convívio, com as suas magníficas memórias da Bissau de antes da guerra e o seu entranhado amor à Guiné (onde viveu, de 1952 a 1966)...
Mário, que fique claro: este blogue não tem nenhum orientação editorial político-ideológica (o que não é sinónimo de ausência de valores) e julgo já termos dado (todos!!) prova de maturidade e de pluralismo… Este é o blogue da inclusão, e não da exclusão, pelo que não temos que concordar com tudo e com todos…
Mário de Oliveira, ou Padre Mário tout court: Espero os teus comentários ao Idálio Reis… A propósito, eu queria pôr uma foto tua, de menino e moço, fardado de capelão, na nossa fotogaleria; se calhar é pedir-te muito, pior do que ir a Fátima, a pé…
Idálio: tenho que te dar uma nota, aí vai: vinte valores!... Venham agora as estórias das tuas mil e uma noites de Cansissé, antes do inferno de Gandembel e de Balana… Porque em Cansissé, segundo dizia a lenda, não se bebia impunemente a água da fonte dos Fulas… Era verdade ?
2. Comentário do José Martins:
Acabo de ler, em diagonal, ao teu comentário. Digo que em diagonal, pois quase me é impossivel, entre a conferência de um balancete e uma análise financeira, fazer uma análise profunda e interior, que o teu texto deixa antever.
Pelo que li, este texto merece uma divullgação mais vasta.Pode ser considerado libelo acusatório...Pode ser um grito de impotência .... Mas é, sobretudo, um grito de libertação e verdade!
Os meus parabéns e um forte abraço.
José Martins
(ex-Furriel Miliciano, CCAÇ 5 - Canjadude, 1968/1970)
______________
Notas de L.G.
(1) Vd. post de 17 de Novembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCXCIV: Apresenta-se o comando Mário Dias, 'pai da velhice'
Amigos & Camaradas:
Felizmente temos (e tivemos no TO da Guiné) boas (e às vezes grandes…) cabeças… Gostava de receber os vossos comentários sobre este longo, frontal, polémico, mas sempre lúcido, fraterno e generoso comentário do Idálio Reis (o tal sobrevivente de Gandembel/Balana, aliás, todos nós somos sobreviventes, com tudo o que isso implica de heróico, humano e miserável, porque quem sobre-vive, já não vive)…
Felizmente que nesta caserna plural que é a nossa, já não precisamos de cerrar fileiras, de fazer apelo ao espírito de corpo, de pensar pelo mesmo diapasão… A guerra acabou, mas para muitos de nós a Pátria foi e continua a ser madrasta…
O post é este e ainda está fresquinho: 12 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P867: Que madrasta Pátria é esta ! (ou o meu comentário à carta do Padre Mário de Oliveira (Idálio Reis).
Espero que o nosso camarada Mário Dias, o veterano dos comandos (1) – que eu tive um especial prazer em conhecer pessoalmente, neste último 10 de Junho, a par do João Parreira, do António Duarte e do Carlos Fortunato, entre outros, incluindo um camarada do grupo dos comandos, os Panteras (de que lamentavelmente não fixei o nome e que me disse ter ganho recentemente uma batalha contra um terrível inimigo, que é a doença!) – volte em breve ao nosso convívio, com as suas magníficas memórias da Bissau de antes da guerra e o seu entranhado amor à Guiné (onde viveu, de 1952 a 1966)...
Mário, que fique claro: este blogue não tem nenhum orientação editorial político-ideológica (o que não é sinónimo de ausência de valores) e julgo já termos dado (todos!!) prova de maturidade e de pluralismo… Este é o blogue da inclusão, e não da exclusão, pelo que não temos que concordar com tudo e com todos…
Mário de Oliveira, ou Padre Mário tout court: Espero os teus comentários ao Idálio Reis… A propósito, eu queria pôr uma foto tua, de menino e moço, fardado de capelão, na nossa fotogaleria; se calhar é pedir-te muito, pior do que ir a Fátima, a pé…
Idálio: tenho que te dar uma nota, aí vai: vinte valores!... Venham agora as estórias das tuas mil e uma noites de Cansissé, antes do inferno de Gandembel e de Balana… Porque em Cansissé, segundo dizia a lenda, não se bebia impunemente a água da fonte dos Fulas… Era verdade ?
2. Comentário do José Martins:
Acabo de ler, em diagonal, ao teu comentário. Digo que em diagonal, pois quase me é impossivel, entre a conferência de um balancete e uma análise financeira, fazer uma análise profunda e interior, que o teu texto deixa antever.
Pelo que li, este texto merece uma divullgação mais vasta.Pode ser considerado libelo acusatório...Pode ser um grito de impotência .... Mas é, sobretudo, um grito de libertação e verdade!
Os meus parabéns e um forte abraço.
José Martins
(ex-Furriel Miliciano, CCAÇ 5 - Canjadude, 1968/1970)
______________
Notas de L.G.
(1) Vd. post de 17 de Novembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCXCIV: Apresenta-se o comando Mário Dias, 'pai da velhice'
segunda-feira, 12 de junho de 2006
Guiné 63/74 - P870: Ideias para um diorama do quartel ou quartéis de Guileje (Nuno Rubim)
Vendas Novas > Museu da Escola Prática de Artilharia > 2004 > Diorama do sistema de defesa artilhada da Barra do Tejo no final do Séc. XV, da autoria de Nuno Rubim (o primeiro, à esquerda).
Foto: © Nuno Rubim (2006)
Retransmissão do último email que enviei ao Pepito:
Caro Pepito
Quanto à(s) maqueta(s) não haveria grandes dificuldades (1). Um dos meus hobbies é o modelismo, embora agora já não tenha tempo para a ele me dedicar. E no caso de se avançar precisaria de ajudantes...
Mas dirigi a execução de vários dioramas, à escala, de que lhe envio uma foto do último, referente à defesa artilhada da Barra do Tejo no final do Séc. XV ( o 1º sistema desse tipo montado no Mundo ). Está em exposição no Museu da Escola Prática de Artilharia, Vendas Novas, museu esse que foi também por mim implementado há perto de vinte anos, mas que tenho melhorado de vez em quando.
Na foto sou o velhote mais à esquerda...
Os materiais que tenho utilizado são a esferovite, plasticard, coberturas vegetais que em lojas da especialidade, tintas Humbrol, etc., etc.
No caso de Guileje duas opções se poderiam colocar : escalas 1/72 (ou HO ) ou 1/35. Estas escalas são as mais adequadas, pois há várias empresas no estrangeiro que comercializam kits (armamento de várias origens ) e soldadinhos que podem ser adaptados e pintados.
No 1º caso teríamos um diorama de cerca de 1,5 x 1, 5 m, no 2º de 3 x 3 m.
Claro que se porventura se viesse a optar pela representação do ataque de 1973, então as dimensões teriam de ser maiores já que, forçosamente, teria de ser incluído o dispositivo do PAIGC o que, por sua vez, exigiria contactos com combatentes da época.
Nada mais fácil do que executar, por exemplo, um morteiro de 120mm ou mesmo um canhão sem recuo B10, em plasticard. Tenho fotografias deles e estou certo que conseguiria desenhos à escala.
Quanto à consulta e participação no blogue por parte de alguns ex-militares da CCAÇ 726 (e estou certo que o mesmo acontecerá com a 1424 )... pois não tenho grandes esperanças. Dos que lá estavam só dois estão ligados à Internet... É bem verdade que alguns netos já navegam..., mas mesmo assim...
O sistema é pois partir pedra com conversas directas e colecta das fotografias possíveis.
Um abraço
Nuno Rubim
___________
Nota de L.G.
(1) O Pepito tinha anteriormente respondido ao Nuno Rubim, nestes termos (11 de Junho de 2006):
"Caro Nuno Rubim:
"Quanto à maqueta é uma excelente ideia. Ocorreu-me isso há muito tempo, mas deixei cair por não saber quem a poderia fazer.
"Para a história do quartel seria óptimo se houvesse as duas: uma antes do grande ataque e outra já a da fase final (1973). Aliás, em termos de reconstrução de edifícios, nós vamos basear-nos nesta última.
"Agora, um aparte: a minha mãe que tem 91 anos, vai todos os dias à Internet (até ao nosso blogue) e diz que se diverte imenso (fala ao telefone com os filhos espalhados pelo mundo através do Skype). Convença os seus camaradas de Guiledje [, da 726,] a frequentarem o nosso blogue". (...)
Foto: © Nuno Rubim (2006)
Retransmissão do último email que enviei ao Pepito:
Caro Pepito
Quanto à(s) maqueta(s) não haveria grandes dificuldades (1). Um dos meus hobbies é o modelismo, embora agora já não tenha tempo para a ele me dedicar. E no caso de se avançar precisaria de ajudantes...
Mas dirigi a execução de vários dioramas, à escala, de que lhe envio uma foto do último, referente à defesa artilhada da Barra do Tejo no final do Séc. XV ( o 1º sistema desse tipo montado no Mundo ). Está em exposição no Museu da Escola Prática de Artilharia, Vendas Novas, museu esse que foi também por mim implementado há perto de vinte anos, mas que tenho melhorado de vez em quando.
Na foto sou o velhote mais à esquerda...
Os materiais que tenho utilizado são a esferovite, plasticard, coberturas vegetais que em lojas da especialidade, tintas Humbrol, etc., etc.
No caso de Guileje duas opções se poderiam colocar : escalas 1/72 (ou HO ) ou 1/35. Estas escalas são as mais adequadas, pois há várias empresas no estrangeiro que comercializam kits (armamento de várias origens ) e soldadinhos que podem ser adaptados e pintados.
No 1º caso teríamos um diorama de cerca de 1,5 x 1, 5 m, no 2º de 3 x 3 m.
Claro que se porventura se viesse a optar pela representação do ataque de 1973, então as dimensões teriam de ser maiores já que, forçosamente, teria de ser incluído o dispositivo do PAIGC o que, por sua vez, exigiria contactos com combatentes da época.
Nada mais fácil do que executar, por exemplo, um morteiro de 120mm ou mesmo um canhão sem recuo B10, em plasticard. Tenho fotografias deles e estou certo que conseguiria desenhos à escala.
Quanto à consulta e participação no blogue por parte de alguns ex-militares da CCAÇ 726 (e estou certo que o mesmo acontecerá com a 1424 )... pois não tenho grandes esperanças. Dos que lá estavam só dois estão ligados à Internet... É bem verdade que alguns netos já navegam..., mas mesmo assim...
O sistema é pois partir pedra com conversas directas e colecta das fotografias possíveis.
Um abraço
Nuno Rubim
___________
Nota de L.G.
(1) O Pepito tinha anteriormente respondido ao Nuno Rubim, nestes termos (11 de Junho de 2006):
"Caro Nuno Rubim:
"Quanto à maqueta é uma excelente ideia. Ocorreu-me isso há muito tempo, mas deixei cair por não saber quem a poderia fazer.
"Para a história do quartel seria óptimo se houvesse as duas: uma antes do grande ataque e outra já a da fase final (1973). Aliás, em termos de reconstrução de edifícios, nós vamos basear-nos nesta última.
"Agora, um aparte: a minha mãe que tem 91 anos, vai todos os dias à Internet (até ao nosso blogue) e diz que se diverte imenso (fala ao telefone com os filhos espalhados pelo mundo através do Skype). Convença os seus camaradas de Guiledje [, da 726,] a frequentarem o nosso blogue". (...)
Guiné 63/74 - P869: O encontro da CCAÇ 726 e a reconstrução de Guileje (Nuno Rubim)
Texto de Nuno Rubim:
Ontem, como já sabem, decorreu o encontro da CCAÇ 726 e, naturalmente aproveitei a ocasião não só para colocar o pessoal ao corrente do Projecto Guiledge, como também informá-los sobre o blogueforanada. Foram, na maioria dos casos..., os netos de alguns camaradas que tomaram nota dos endereços electrónicos....
Das conversas, que terminaram tarde..., resultaram várias conclusões para mim importantes. A mais significativa prende-se com o facto de o quartel de Guileje ter sido praticamente reconstruído depois do grande ataque que sofreu antes de eu lá ter chegado. As obras continuaram durante a minha estadia.
A planta que vos enviei é pois posterior ao ataque, mas ontem prometeram-me uma anterior.
Também ficou alinhavado um encontro meu com dois camaradas que estão a estudar a disposição interna dos edifícios, pelo que em breve teremos novidades.
Esta questão leva-me a uma importante interrogação. Tal como nos projectos de recuperação em que participei, Fragata D. Fernando e Forte de Oitavos, Cascais, é imperativo que se estabeleça a data em que, caso o projecto prossiga, se pretende que seja representado o quartel de Guiledge, já que ao longo da sua história sofreu numerosas obras, ao que me parece.
Evidentemente que também se pode considerar a ideia da feitura de uma (ou mais ) maquetas à escala.
Abraços
Nuno Rubim
Ontem, como já sabem, decorreu o encontro da CCAÇ 726 e, naturalmente aproveitei a ocasião não só para colocar o pessoal ao corrente do Projecto Guiledge, como também informá-los sobre o blogueforanada. Foram, na maioria dos casos..., os netos de alguns camaradas que tomaram nota dos endereços electrónicos....
Das conversas, que terminaram tarde..., resultaram várias conclusões para mim importantes. A mais significativa prende-se com o facto de o quartel de Guileje ter sido praticamente reconstruído depois do grande ataque que sofreu antes de eu lá ter chegado. As obras continuaram durante a minha estadia.
A planta que vos enviei é pois posterior ao ataque, mas ontem prometeram-me uma anterior.
Também ficou alinhavado um encontro meu com dois camaradas que estão a estudar a disposição interna dos edifícios, pelo que em breve teremos novidades.
Esta questão leva-me a uma importante interrogação. Tal como nos projectos de recuperação em que participei, Fragata D. Fernando e Forte de Oitavos, Cascais, é imperativo que se estabeleça a data em que, caso o projecto prossiga, se pretende que seja representado o quartel de Guiledge, já que ao longo da sua história sofreu numerosas obras, ao que me parece.
Evidentemente que também se pode considerar a ideia da feitura de uma (ou mais ) maquetas à escala.
Abraços
Nuno Rubim
Guiné 63/74 - P868: Diabruras dos comandos (João Parreira)
Texto do João S. Parreira (ex-Furriel Miliciano Comando, Brá, 1965/66) (1).
Caro Luís Graça,
Para aliviar um pouco o tema que tenho estado a abordar (2) , aproveito para desanuviar e se nesta altura for apropriado conto a primeira das minhas brincadeiras de mau gosto, diabruras ou disparates, tanto faz.
Esta foi no interior de um pavilhão mas também há as exteriores.
Como já tinha contrariado, sempre no bom sentido, algumas das directrizes do meu Comandante de Companhia em Bissorã (3), que felizmente acabaram em bem e sem inimizades, pensei em Brá comportar-me cândidamente.
Guiné > Região do Oio > Bissorã > CART 730 > 1965 > Guião da CASRT 730, a companhia a que o Parreira pertenceu antes de alistar-se, como voluntário, nos comandos. A divisa não é legível: percebe-se apenas a palavra audazes...
Foto: © João Parreira (2006)
Porém como logo na primeira noite de estadia me fizeram uma malandrice, depressa puz para trás esse pensamento, e dentro do mesmo espírito fiz também algumas patifarias, em que algumas delas poderiam muito bem ter dado para o torto.
Já a manhã daquele dia 10 de Fevereiro de 1965 não me tinha corrido muito bem pois estava eu a dormir profundamente quando às 08H00 me acordaram precipitadamente dizendo que estava uma avioneta na pista à minha espera para me levar para Bissau.
Não contava que assim fosse pois estava programado que só iria no dia 11. Assim saltei da cama meio estremunhado, peguei à pressa nas minhas coisas e saí a correr em direcção à pista.
Tendo chegado ao Quartel dos Adidos em Brá fui apresentar-me ao Cmdt dos Comandos que me disse que depois me chamava para falar comigo e na altura indicou-me o quarto onde eu iria ficar instalado e onde deveria ir levantar os lencóis, almofada, etc.
Na posse do que era necessário fui para o quarto que me tinha sido indicado e dirigi-me para a única cama que se encontrava vazia e comecei a fazê-la estranhando que as mesmas não estivessem adaptadas para levarem mosquiteiros. Seria que em Bissau não existiam anopheles? O certo é que muito deficientemente consegui que o referido protector das picadas daqueles irritantes insectos me cobrisse
Guiné > Bissau > Brá > Centro der instrução e sede dos comandos > 1965 > A cama do Parreira, sem rede mosquiteira...
Foto: © João Parreira (2006)
Agora que estou a falar nisso lembro-me que quando estava em Salisbúria, Rodésia, para onde fui quatro meses depois de regressar da Guiné e apareciam aqueles mosquitos com o seu barulho caracteristico costumava dizer a brincar - cuidado que aí veem os aviões da Zâmbia, o que dada as rivalidades existentes entre aqueles dois países africanos fazia rir os meus acompanhantes.
No dia seguinte mandou-me chamar e depois de me ter dito qual seria a minha situação indicou-me o local onde deveria ir levantar o material de guerra.
Chegou a noite e quando entrei no quarto para me deitar já lá estavam os outros três
camaradas que entretanto tinham regressado de operações. Para além de me apresentar não deu para falarmos mais. Eram eles o Morais (4), o Matos e o Moita.
Durante a noite acordei com imenso calor e com cheiro a queimado, tendo pulado da cama sem saber o que se estava a passar. Não tinham sido causas naturais mas sim um daqueles grandes safados, que como teste ou boas vindas presumo eu, apanharam-me a dormir e pegaram fogo ao mosquiteiro.
Depois disto nunca mais usei nenhum, pois fiquei com a impressão que me ia suceder o mesmo. Coincidência ou não o certo é que passado uns dias não me livrei de ficar de cama com paludismo, em que, dada a elevada temperatura fui contemplado com a visita do médico. Deste modo não tive a mesma sorte que o camarada Magalhães Ribeiro (5).
A minha primeira reacção ao que me tinha acabado de acontecer foi ficar furibundo pois se não acordasse a tempo ficaria com alguma mazela, pelo que tentei saber qual deles tinha sido o engraçadinho, quanto mais não fosse para saber o gozo que aquilo lhe tinha dado, mas fecharam-se todos em copas e eu não insisti.
Também podia ser um acto isolado e nenhum deles saber quem foi, senão o próprio.
No dia seguinte ao fim da tarde, já com ideia do que lhes ia fazer como retribuição, mas sem qualquer ressentimento, escolhi, das granadas que entretanto já tinha colocado debaixo da cama uma de fumos que deixei ficar à mão e guardei no bolso um cordel fino que se podia partir com um puxão, e de seguida fui para Bissau de onde regressei muito tarde na esperança de que quando chegasse já estivessem a dormir.
Assim aconteceu de facto, pelo que sem acender a luz e silenciosamente prendi aos ferros da cama um pé do Moita que estava de fora mesmo a geito, e depois de me certificar agarrei na referida granada e dirigi-me para a porta que abri.
Uma granada de fumos... Foto: © João Parreira (2006)
Já na soleira tirei a cavilha e larguei-a no chão, e de imediato tranquei a porta e fui para o fundo do corredor.
Não sei o que é que se passou lá dentro, mas é de prever que tenham acordado meio sufocados pois ouvi-os a tossirem e depois devem ter corrido para a porta no meio de uma grande fumarada sem saberem o que se passava, mas como eu a tinha fechado não tiveram outra alternativa senão saltar em cuecas para a rua através da janela que tiveram que abrir, e esperar que o fumo se dissipasse.
Passado algum tempo destranquei a porta, e depois de tudo voltar à normalidade fomo-nos deitar, e como se tudo fosse natural nenhuns de nós falou do que se tinha acabado de passar.
Um abraço.
João Parreira
____________
Nota de L.G.
(1) Vd. posts de:
3 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74- CCCXXX: Velhos comandos de Brá: Parreira, o últimos dos três mosqueteiros
6 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCXLI: O 'puto' Parreira, do grupo de comandos Apaches (1965/66)
(...) "Temos connosco o Parreira.Foi furriel-miliciano comando na Guiné e ambos pertencemos ao grupo de comandos Apaches que saiu do 2º curso de comandos realizado na Guiné.
"Entre nós era conhecido por puto Parreira pela sua aparência um pouco imberbe que, aliás, ainda hoje conserva.
"O seu testemunho está correcto e a sua vinda a este blogue será certamente uma excelente contribuição.
"Parreira: ficamos à espera da narração da operação em que perdeu a vida o furriel Morais, morto com um pequeno estilhaço de RPG que lhe atravessou a coluna vertebral. Um abraço. Mário Dias".
(2) Vd. posts de:
31 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCCXXII: Mais ex-combatentes fuzilados a seguir à independência (João Parreira)
23 de maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCLXXXIV: Lista dos comandos africanos (1ª, 2ª e 3ª CCmds) executados pelo PAIGC (João Parreira)
22 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCLXXVII: O Justo foi fuzilado (Leopoldo Amado / João Parreira)
(3) Vd. post de 20 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCXLIII: Com a CART 730 em Bissorã e Olossato (1965) (João Parreira)
(4) O Fur Mil Cmd Morais virá a morrer em combate, três meses depois, no decurso da Op Ciao, em 7 de Maio de 1965. O João Parreira, também conhecido pela sua alcunha, o Uva, já aqui descreveu a morte do Morais, através do Virginio Briote, que cita o seu diário: vd. post de Guiné 63/74 - CCCLXV: Brá, SPM 0418 (3): memórias de um comando (Virgínio Briote)
"8.CAPITÃO MANILHA
"(...) Já quase no final da comissão, em Cameconde, lá para o sul. No diário do furriel Uva [João S. Parreira], um deles, podia ler-se.
“6 Maio 65. Saímos às 15h00 para a operação 'Ciao'.
"Num Dakota até Cacine e depois em viaturas até Cameconde, onde já se encontrava um pelotão à nossa espera. O Capitão Varela foi connosco.
"Saímos às 19h00 em direcção ao objectivo. Segundo as informações que nos foram fornecidas, a base IN era composta por cerca de 80 homens bem armados, comandados por Pansau Na Ina, chefe militar, adjunto do João Bernardo Vieira, de etnia Papel, mais conhecido pelo 'Comandante Nino'.
"Já na madrugada do dia 7, a poucos kms do objectivo demos indicações ao pelotão para permanecer ali e esperar pelo nosso regresso, com a missão de proteger a nossa retirada ou dar-nos apoio, caso fosse necessário.
"Assim, seguimos silenciosamente até perto do acampamento, situado na mata a sw de Catunco. Apesar de termos feito uma aproximação cuidadosa, fomos detectados por uma sentinela. Tentámos assaltar o acampamento. Mas eles estavam bem preparados, reagiram ao nosso fogo e o tiroteio prolongou-se. Quando o fogo deles abrandou, entrámos por ali dentro e vimos material abandonado durante a fuga.
"8 armas, cunhetes de munições, granadas, petardos, equipamentos, minas, fardas, e muitos documentos, entre os quais um caderno que pertencia a um tal Armindo Pedro Rodrigues, com elementos importantes da Ordem de Batalha do PAIGC.
"Carregados com o nosso material e com o que tínhamos capturado, regressámos para junto do pelotão. Juntámo-lo e começamos a vê-lo em pormenor. Faltava o aparelho de pontaria de um morteiro de 88 (?), até então ainda não apreendido na Guiné!
"O Morais afiançava tê-lo visto lá. O tenente Manilha chamou o Amadu e o Morais e disse-lhes para voltarem ao acampamento. Embora estivéssemos conscientes do perigo, arriscámos, partindo do princípio que o IN se tinha retirado após as baixas sofridas. O Morais perguntou quem é que queria ir com ele e com o Amadu. Ofereci-me bem assim como o capitão Varela, o furriel Matos e mais 7 camarada, 10 no total.
"De novo no interior do acampamento a arder. Vi uma árvore gigante, com umas cavidades enormes. Espreitei para dentro de uma, o Morais para a outra, à procura de material, e o restante pessoal, por ali perto, fazia o mesmo.
Subitamente, rajadas de metralhadora e granadas de bazuca caíram-nos em cima. Uma destas rebentou entre nós. Um pequeno estilhaço partiu a coluna do Morais, que caiu sobre uma fogueira. Eu fui atingido no lado direito das costas, mas na altura nem localizei o ferimento.
"Vi o Morais a morrer quando o olhei de relance. Um vago murmúrio, depois mais nada, um ar sereno no rosto, pareceu-me." (...)
(5) Vd post de 7 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCXLVI: Cancioneiro de Mansoa (3): um mosquiteiro barato para um pira...
Caro Luís Graça,
Para aliviar um pouco o tema que tenho estado a abordar (2) , aproveito para desanuviar e se nesta altura for apropriado conto a primeira das minhas brincadeiras de mau gosto, diabruras ou disparates, tanto faz.
Esta foi no interior de um pavilhão mas também há as exteriores.
Como já tinha contrariado, sempre no bom sentido, algumas das directrizes do meu Comandante de Companhia em Bissorã (3), que felizmente acabaram em bem e sem inimizades, pensei em Brá comportar-me cândidamente.
Foto: © João Parreira (2006)
Porém como logo na primeira noite de estadia me fizeram uma malandrice, depressa puz para trás esse pensamento, e dentro do mesmo espírito fiz também algumas patifarias, em que algumas delas poderiam muito bem ter dado para o torto.
Já a manhã daquele dia 10 de Fevereiro de 1965 não me tinha corrido muito bem pois estava eu a dormir profundamente quando às 08H00 me acordaram precipitadamente dizendo que estava uma avioneta na pista à minha espera para me levar para Bissau.
Não contava que assim fosse pois estava programado que só iria no dia 11. Assim saltei da cama meio estremunhado, peguei à pressa nas minhas coisas e saí a correr em direcção à pista.
Tendo chegado ao Quartel dos Adidos em Brá fui apresentar-me ao Cmdt dos Comandos que me disse que depois me chamava para falar comigo e na altura indicou-me o quarto onde eu iria ficar instalado e onde deveria ir levantar os lencóis, almofada, etc.
Na posse do que era necessário fui para o quarto que me tinha sido indicado e dirigi-me para a única cama que se encontrava vazia e comecei a fazê-la estranhando que as mesmas não estivessem adaptadas para levarem mosquiteiros. Seria que em Bissau não existiam anopheles? O certo é que muito deficientemente consegui que o referido protector das picadas daqueles irritantes insectos me cobrisse
Guiné > Bissau > Brá > Centro der instrução e sede dos comandos > 1965 > A cama do Parreira, sem rede mosquiteira...
Foto: © João Parreira (2006)
Agora que estou a falar nisso lembro-me que quando estava em Salisbúria, Rodésia, para onde fui quatro meses depois de regressar da Guiné e apareciam aqueles mosquitos com o seu barulho caracteristico costumava dizer a brincar - cuidado que aí veem os aviões da Zâmbia, o que dada as rivalidades existentes entre aqueles dois países africanos fazia rir os meus acompanhantes.
No dia seguinte mandou-me chamar e depois de me ter dito qual seria a minha situação indicou-me o local onde deveria ir levantar o material de guerra.
Chegou a noite e quando entrei no quarto para me deitar já lá estavam os outros três
camaradas que entretanto tinham regressado de operações. Para além de me apresentar não deu para falarmos mais. Eram eles o Morais (4), o Matos e o Moita.
Durante a noite acordei com imenso calor e com cheiro a queimado, tendo pulado da cama sem saber o que se estava a passar. Não tinham sido causas naturais mas sim um daqueles grandes safados, que como teste ou boas vindas presumo eu, apanharam-me a dormir e pegaram fogo ao mosquiteiro.
Depois disto nunca mais usei nenhum, pois fiquei com a impressão que me ia suceder o mesmo. Coincidência ou não o certo é que passado uns dias não me livrei de ficar de cama com paludismo, em que, dada a elevada temperatura fui contemplado com a visita do médico. Deste modo não tive a mesma sorte que o camarada Magalhães Ribeiro (5).
A minha primeira reacção ao que me tinha acabado de acontecer foi ficar furibundo pois se não acordasse a tempo ficaria com alguma mazela, pelo que tentei saber qual deles tinha sido o engraçadinho, quanto mais não fosse para saber o gozo que aquilo lhe tinha dado, mas fecharam-se todos em copas e eu não insisti.
Também podia ser um acto isolado e nenhum deles saber quem foi, senão o próprio.
No dia seguinte ao fim da tarde, já com ideia do que lhes ia fazer como retribuição, mas sem qualquer ressentimento, escolhi, das granadas que entretanto já tinha colocado debaixo da cama uma de fumos que deixei ficar à mão e guardei no bolso um cordel fino que se podia partir com um puxão, e de seguida fui para Bissau de onde regressei muito tarde na esperança de que quando chegasse já estivessem a dormir.
Assim aconteceu de facto, pelo que sem acender a luz e silenciosamente prendi aos ferros da cama um pé do Moita que estava de fora mesmo a geito, e depois de me certificar agarrei na referida granada e dirigi-me para a porta que abri.
Uma granada de fumos... Foto: © João Parreira (2006)
Já na soleira tirei a cavilha e larguei-a no chão, e de imediato tranquei a porta e fui para o fundo do corredor.
Não sei o que é que se passou lá dentro, mas é de prever que tenham acordado meio sufocados pois ouvi-os a tossirem e depois devem ter corrido para a porta no meio de uma grande fumarada sem saberem o que se passava, mas como eu a tinha fechado não tiveram outra alternativa senão saltar em cuecas para a rua através da janela que tiveram que abrir, e esperar que o fumo se dissipasse.
Passado algum tempo destranquei a porta, e depois de tudo voltar à normalidade fomo-nos deitar, e como se tudo fosse natural nenhuns de nós falou do que se tinha acabado de passar.
Um abraço.
João Parreira
____________
Nota de L.G.
(1) Vd. posts de:
3 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74- CCCXXX: Velhos comandos de Brá: Parreira, o últimos dos três mosqueteiros
6 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCXLI: O 'puto' Parreira, do grupo de comandos Apaches (1965/66)
(...) "Temos connosco o Parreira.Foi furriel-miliciano comando na Guiné e ambos pertencemos ao grupo de comandos Apaches que saiu do 2º curso de comandos realizado na Guiné.
"Entre nós era conhecido por puto Parreira pela sua aparência um pouco imberbe que, aliás, ainda hoje conserva.
"O seu testemunho está correcto e a sua vinda a este blogue será certamente uma excelente contribuição.
"Parreira: ficamos à espera da narração da operação em que perdeu a vida o furriel Morais, morto com um pequeno estilhaço de RPG que lhe atravessou a coluna vertebral. Um abraço. Mário Dias".
(2) Vd. posts de:
31 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCCXXII: Mais ex-combatentes fuzilados a seguir à independência (João Parreira)
23 de maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCLXXXIV: Lista dos comandos africanos (1ª, 2ª e 3ª CCmds) executados pelo PAIGC (João Parreira)
22 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCLXXVII: O Justo foi fuzilado (Leopoldo Amado / João Parreira)
(3) Vd. post de 20 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCXLIII: Com a CART 730 em Bissorã e Olossato (1965) (João Parreira)
(4) O Fur Mil Cmd Morais virá a morrer em combate, três meses depois, no decurso da Op Ciao, em 7 de Maio de 1965. O João Parreira, também conhecido pela sua alcunha, o Uva, já aqui descreveu a morte do Morais, através do Virginio Briote, que cita o seu diário: vd. post de Guiné 63/74 - CCCLXV: Brá, SPM 0418 (3): memórias de um comando (Virgínio Briote)
"8.CAPITÃO MANILHA
"(...) Já quase no final da comissão, em Cameconde, lá para o sul. No diário do furriel Uva [João S. Parreira], um deles, podia ler-se.
“6 Maio 65. Saímos às 15h00 para a operação 'Ciao'.
"Num Dakota até Cacine e depois em viaturas até Cameconde, onde já se encontrava um pelotão à nossa espera. O Capitão Varela foi connosco.
"Saímos às 19h00 em direcção ao objectivo. Segundo as informações que nos foram fornecidas, a base IN era composta por cerca de 80 homens bem armados, comandados por Pansau Na Ina, chefe militar, adjunto do João Bernardo Vieira, de etnia Papel, mais conhecido pelo 'Comandante Nino'.
"Já na madrugada do dia 7, a poucos kms do objectivo demos indicações ao pelotão para permanecer ali e esperar pelo nosso regresso, com a missão de proteger a nossa retirada ou dar-nos apoio, caso fosse necessário.
"Assim, seguimos silenciosamente até perto do acampamento, situado na mata a sw de Catunco. Apesar de termos feito uma aproximação cuidadosa, fomos detectados por uma sentinela. Tentámos assaltar o acampamento. Mas eles estavam bem preparados, reagiram ao nosso fogo e o tiroteio prolongou-se. Quando o fogo deles abrandou, entrámos por ali dentro e vimos material abandonado durante a fuga.
"8 armas, cunhetes de munições, granadas, petardos, equipamentos, minas, fardas, e muitos documentos, entre os quais um caderno que pertencia a um tal Armindo Pedro Rodrigues, com elementos importantes da Ordem de Batalha do PAIGC.
"Carregados com o nosso material e com o que tínhamos capturado, regressámos para junto do pelotão. Juntámo-lo e começamos a vê-lo em pormenor. Faltava o aparelho de pontaria de um morteiro de 88 (?), até então ainda não apreendido na Guiné!
"O Morais afiançava tê-lo visto lá. O tenente Manilha chamou o Amadu e o Morais e disse-lhes para voltarem ao acampamento. Embora estivéssemos conscientes do perigo, arriscámos, partindo do princípio que o IN se tinha retirado após as baixas sofridas. O Morais perguntou quem é que queria ir com ele e com o Amadu. Ofereci-me bem assim como o capitão Varela, o furriel Matos e mais 7 camarada, 10 no total.
"De novo no interior do acampamento a arder. Vi uma árvore gigante, com umas cavidades enormes. Espreitei para dentro de uma, o Morais para a outra, à procura de material, e o restante pessoal, por ali perto, fazia o mesmo.
Subitamente, rajadas de metralhadora e granadas de bazuca caíram-nos em cima. Uma destas rebentou entre nós. Um pequeno estilhaço partiu a coluna do Morais, que caiu sobre uma fogueira. Eu fui atingido no lado direito das costas, mas na altura nem localizei o ferimento.
"Vi o Morais a morrer quando o olhei de relance. Um vago murmúrio, depois mais nada, um ar sereno no rosto, pareceu-me." (...)
(5) Vd post de 7 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCXLVI: Cancioneiro de Mansoa (3): um mosquiteiro barato para um pira...
Guiné 63/74 - P867: Que madrasta Pátria é esta ! (ou o meu comentário à carta do Padre Mário de Oliveira (Idálio Reis)
Foto: © A. Marques Lopes (2005)
Texto do Idálio Reis (ex-alf mil da CCAÇ 2317, BCAÇ 2835, Gandembel e Ponte Balana 1968/69) (1)
Uma carta do Mário de Oliveira. Ontem, do apego à vida, aos traumatizados de guerra de hoje
Caro Luís
Num destes dias, formulaste um convite ao Mário de Oliveira para entrar no blogue (2). Desde logo, ele teve o feliz gesto de nos presentear com um excerto de um dos seus livros, quiçá o mais conforme aos nossos propósitos.
O Mário detém um condão singular, que sempre sabe utilizar com uma rara e fluente intuição, tal o modo como prima a sua descrição narrativa, no enlevo das suas palavras.
Mas, para além da sua dotada craveira que o alcandora a uma justificada posição no campo das letras, de um saber académico que toma vulto, o Mário é uma personalidade de fortes ideais e convicções, de uma frontalidade irreverente a concitar um grande respeito, de uma integridade e singeleza de carácter que o cauciona como exemplo, de uma singular dedicação afectiva com o próximo.
Repleto homem de referências, que lhe confere um estatuto de cidadania ímpar, certamente a merecer um comportamento bem diferente daquela que os Poderes instituídos, a que se agrega uma Igreja enquistada e abstrusa, o vem votando a um infame ostracismo.
Li atentamente a sua magnífica aula. Na clarividência do modo em que a expressa e manifesta, intui em si um propósito, o de sugerir uma certa reflexão.
Neste apanágio que nos é concedido, compraz-me na gratitude deste momento que me é conferido, tecer alguns considerandos, cujos pontos de incidência revestem uma atitude conciliatória, expressos através de ideias que desejo formular numa aberta e clara relação de conformidade.
1. «O Mário coloca uma série de interpelações quanto a um eventual beneplácito dos nossos pais e de nós-próprios, ao terem aceite partir para a guerra de África sem o assumir de qualquer resistência... »
As razões que determinaram a isso, foram tantas, que nós todos as colhemos amargamente, dada a grave situação política e social que grassava no País tirano de então.
Qualquer jovem desse tempo sabia que iria ser apurado para todo o serviço militar, e as hipóteses de a curto prazo não demandar África, eram muito remotas. A prestação desse serviço era pois obrigatório, e desde logo, a cumprir com rígidas regras de procedimento.
(i). Começava pelo dia das sortes, que era um etapa entusiasmante na vida de um moço de 20 anos, pois iria marcar a emancipação perante os pais e mesmo no próprio meio de inserção. A obtenção dessa alforria, até tinha direito a que se promovesse uma festa de arromba, como forma para usufruir de eventuais benesses conseguidas por esta ascensão.
Doutrinados para aceder de bom grado, como préstimo de um dos mais honrosos tributos à grei, esse mesmo dia também era de felicidade para os nossos progenitores, em especial para o pai que se ufanava de ter um filho feito homem, à medida da Pátria que iria servir.
(ii). A grande generalidade de nós provinha do oculto mundo rural, pobre e enegrecido. De parcas posses, saía-se da escola quedado pela 3ª ou 4ª classes, e aí se estagnava a um averso iletrismo, para se iniciar na calejada azáfama do trabalho, em geral na ajuda da casa ou então impelido para aprender um ofício a augurar um melhor futuro.
De horizontes cerrados, isolados, submissos aos ditames do poder paterno, despreocupados por mor de ignorância do que se passava extramuros, vivia-se mais interessado com as façanhas do clube do futebol da sua simpatia, e à medida que os corpos desabrochavam, ia-se esmerando para as manifestações dos fins-de-semana que mais os entusiasmavam: os bailaricos.
Inclusos neste meio, havia outros, muito poucos, oriundos de famílias de maiores recursos, que iam estudar para o colégio mais próximo, que os obrigava a calcorrear alguns quilómetros postados sobre uma bicicleta. E deste grupo, em que se tornava fundamental atingir o então 5º ano do Liceu a fim de se alcandorar a um outro estatuto, só um número muito restrito acaba por conseguir tirar um curso superior.
(iii) . A outra fracção é ou tornou-se urbana, ainda que bastante híbrida, mas assente numa perspectiva de horizontes com outros rasgos. Esta geração, é contudo mais heterogénea, onde é possível encontrar toda uma miscelânea social, concorde ao gabarito das famílias de origem. Um leque multifacetado, de vários graus e condições, que se estende da classe operária mais carente, à da mais alta estirpe com reconhecimento pela distinção no porte e atitudes.
É muito em especial das classes mais favorecidas, gente de bem, seja pelo seu poder financeiro, ou pelas suas ligações tentaculares com o Poder, a quem se propiciava guindar a um outro sistema incomum de valores, e conseguir os preciosos favorecimentos para os filhos.
(iv) . Desta amálgama, o Estado Novo nada descurava, sempre atento e vigilante a tudo reconhecer. E a sua actuação, a propaganda de aliciamento que urdia, tinham destinatários feitos à estrita medida de cada um de nós. A uns poucos tornava-se necessário prestar-lhes atenção, em especial a certos universitários, de forma a coarctar-lhes qualquer ousadia, sem o mínimo pejo de tomar uma atitude de maior agressividade.
A grande generalidade dos outros, estavam arrebanhados em tenro pascigo.
Neste diferenciado e estratificado caldo cultural em que só uma substantiva parte era miscível, não foi seguramente por mero sortilégio ou porque ousasse tomar uma atitude mais revel, que me coube a especialidade de atirador de infantaria, que era aquela que nenhum desejava. Hoje reconheço que não poderia ter outra, pois as minhas origens eram demasiado rasas para obter qualquer outra benesse: a mínima da menor.
(v). Mas todos nós, não tínhamos conhecimento que havia uma guerra em África? Sem qualquer dúvida que sim, onde até haviam amigos e familiares, que de vez em quando nos mandavam um aerograma a narrar algumas facetas, onde as saudades mais se sublinhavam, e em que um mais ousado deixava transparecer algum ai mais lamentoso de algumas situações mais atribuladas.
Quantas vezes, estivemos presentes a funerais de conterrâneos ou companheiros, ou a ficar lidar com outros que regressavam em situação de estropiados da guerra? E ante tais tragédias, ficávamos indiferentes? Claramente que não.
Mas mais uma vez, o Estado Novo quase que tinha o condão de nos narcotizar, pois propalava que tais sacrifícios eram feitos em nome de uma Pátria una e indivisível, e que o nosso contributo seria essencial para a vitória certa. E para os que davam a vida, a melhor forma de lhes prestar homenagem, assentava no testemunho de fidelidade a que não nos poderíamos furtar.
E se no dia de hoje, nesta aldeia se testemunhava à sofrida dor da morte, porventura amanhã, num lugar próximo, já estralejavam foguetes e soavam acordes de uma banda de música, a vitoriar o que regressava na protecção da Senhora de Fátima. Procedimentos pessoais inextricáveis, que uma avara e cavilosa acção governativa sabia ardilosamente temperar a seu gosto.
E a guerra, o que era? Para espíritos inscientes, era melhor não julgar. Ficava por aclarar, sentindo-a. E África, até não era um lugar de fixação de muitos Portugueses em busca do seu sustento?
(vi). E cegos partimos. E para a grande generalidade dos que demandaram a Guiné, só sentiram no metralhar no lodo da bolanha ou mesmo no antro de uma trincheira, então que ficavam à mercê de um fadado destino, rogando que a Fortuna o bafejasse.
Aos que tiveram a ventura de chegarem salvos, se por absurdo se vissem confrontados quanto a um eventual regresso, então julgo que a grande generalidade engendraria usar um qualquer estratagema para que experiências penadas não tivessem eco. À primeira todos caem!
2. « O Mário refere-se aos que não obedeceram, apontando os que fugiram, alguns por medo ou covardia, mas a maior parte por convicção, porque estariam mais politizados... »
(vii). Mas quantos desertaram? Muito poucos, mesmo os que viriam a conhecer que o destino próximo era a Guiné. Os rurais não tinham qualquer hipótese, pois que uma fuga era uma aventura a requerer ter como posse uma teia de fortes conhecimentos e a exigir um substancial suporte financeiro, pois não podia fracassar. Os mais urbanizados não necessitavam dessa fuga, pois estavam bem enquadrados no xadrez militar, com boas especialidades que os faziam deter nas cidades. Na Guiné, houve uns tantos, que fizeram a sua comissão em Bissau, sem ouvirem um tiro ao perto, sem lhes ocorrer qualquer perigo.
Mais do domínio dos não-graduados, tentava-se a compra de comissões de serviço, por troca entre colegas, ou então através de suborno, nos bastidores das secretarias.
(viii). Dos poucos que fugiram, se alguma vicissitude se lhes deparasse, haveria o aconchego financeiro bastante até à sua real inserção no País que lhes ofertasse guarida. E porque foi graças ao 25 de Abril, que a grande generalidade acabou por regressar, pergunte-se-lhes pela razão da sua saída do País.
Mas não me apontem que o fizeram por objecção das suas consciências, que os contrariava a participar na guerra fratricida de África. Que me desculpem todos os meus concidadãos que se furtaram à guerra colonial, mas eu só encontro uma razão. Temor.
Fizeram-no por medo, instigados por familiares ou amigos mais próximos, que estavam conscientes da sujeição às ciladas e aos riscos que num qualquer imprevisto momento poderiam incorrer. E se detinham todos os meios para deles se libertarem, por que não utilizá-los como fiança de maior segurança e salvaguarda das suas vidas?
Não me move qualquer ressentimento à tomada dessas posições, pois até julgo crer que se o meu berço fosse mais prendado, também poderia vir a tomar idêntica resolução.
(ix). Todavia, passados mais de três decénios sobre estes acontecimentos, torna-se-me particularmente difícil aceitar, porque nos é hostil, perverso, penalizador, que a grande generalidade dos trânsfugas viessem a ser aureolados de heróis, pelas putativas firmeza e arrojo que então cometeram.
Ao invés, nestes últimos anos, quedo-me taciturno e complacentemente, ao reconhecer que uma substantiva parte dos verdadeiros combatentes das frentes da guerra, subjugados a ferro e fogo impiedosamente, e que se encontram algures por este País, anónimos cidadãos, entregues a si-mesmos, atormentados por uma série de maleitas do foro psicossomático, compulsivas, destrutivas, atrozes, que a nossa sociedade está avessa por omissão, e que só encontram algum lenitivo quiçá nas suas famílias.
Ao constatar que ninguém quer dar a mão a estes desgraçados homens, cingidos a uma teia burocrática sem um vintém, nesta avalanche progressiva e inconsequente dos que sofrem o martírio dos stresses de guerra, sentimo-nos estarrecidos ante tal processo de aviltamento. Que madrasta Pátria é esta, que degreda os seus filhos a tais situações, só porque sobre eles impedem um estigma que mais parece pecado capital, de terem a desdita de doar uma pequena fracção das suas vidas à mais abjecta das submissões. Quão triste conclusão esta. Ao vociferar contra esta tamanha iniquidade, reclamo-lhes uma digna e merecida justiça.
3. « O Mário frisa que foi na Guiné que iniciou o seu êxodo para a liberdade, responsabilidade e cidadania... »
(x). Quase é dado a entender, porventura aos menos complacentes, que tal asseveração no modo em como aqui se insere, se pretexta parecer ser preconcebida. Contudo, subjaz na sua fundamentação, uma reconhecida perspectiva apaziguadora, depurada, que a Vida claramente soube envolver e que só a posse desse bem supremo consegue reconhecer.
Pois assim é.
Qualquer um de nós, em plena flor da vida, que durante quase 2 anos se viu despojado de todo o tipo de privações, impiedados pela perfídia de um minúsculo estilhaço de metralha mortífera, macerados por envolvimentos horrendos, desde o doloroso sofrimento das feridas até ao tombar inerte de tantos companheiros, e que foram e se mantêm, a causa de tantas angústias, consternações, medos, pesadelos, é jus reconhecer que suportou um extenuante, convulso, inclemente e violento embate de sobrevivência.
E é neste impetuoso turbilhão de compadecimentos continuados, que se geram arreigadas razões para pulsões conflituais, consubstanciadas pelo instinto de conservação. Torna-se um sentimento que mais se exacerba quanto maior é a antevisão do perigo, quando nos faz proclamar veementemente que somos detentores de um bem único, inalienável, mas que dada a vulnerável gravidade de risco a que está exposto, o mesmo poder-se-á esvair num súpito instante e tudo acabar inexoravelmente.
E este marcante apego à vida, toma um velado efeito multiplicador, pois que se alapa de forma bem sôfrega por todos. E foi nas ocasiões mais crispadas, e no vagaroso passar das noites desmedidas, que disformes carapaças se adoptavam para a coragem, na frieza, no comedimento, na atenção, na prudência, no desvelo, no que ela nos parecia requerer para aquele instante.
Seguramente que era na manutenção incessante dessa acesa chama, que mais sentíamos o valor infindo da riqueza desse tesouro. Talvez por isso, mesmo encafuados nessas grilhetas, debatíamo-nos por um outro tipo de luta conglobada, assente numa segredada esperança de um aferro obstinado à Vida.
E é nesta forte determinação, que nos forjámos homens mais autênticos, buscando veredas que nos levassem a atingir os propósitos que cá tínhamos deixado, em encomendas por aviar.
Que não restem dúvidas, a ter havido salvo regresso, outro tipo de homem ressurgia inteiramente diferente, cidadão pronto a arrostar contratempos para alcançar os seus reais anseios, pois mais dignos e responsáveis.
Profundamente conscientes do valor da Vida.
Idálio Reis
___________
Notas de L.G.:
(1) Vd. post de 18 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCLXX: Um pesadelo chamado Gandembel/Ponte Balana (Idálio Reis, CCAÇ 2317, 1968/69 )
(2) Vd. post de 17 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCLXV: Foi em plena guerra colonial que nasci de novo (Padre Mário de Oliveira )
A propósito da entrada do Padre Mário de Oliveira na nossa tertúlia, o A. Marques Lopes escreveu o seguinte, com data de 17 de Maio último:
(...) "Aproveito para manifestar a minha satisfação pela entrada do Mário de Oliveira na nossa companhia. Quando trabalhei no Campo das Letras fiz o primeiro contacto com ele, creio que em 1994, e ainda bem, pois esta editora já tem publicados vários livros dele. É boa a vinda dele, pois, com a sua experiência de vida própria e a abertura que tem na visão que faz da sociedade e das outras pessoas, estou convencido que será um bom contributo para a nossa tertúlia".
Recorde-se que o Mário de Oliveira, mais conhecido por Padre Mário da Lixa, foi capelão militar em Mansoa: vd. post de 14 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCL: Capelão militar por quatro meses em Mansoa (Padre Mário da Lixa)
Guiné 63/74 - P866: De Cansissé e a Fonte dos Fulas ao Baixo Mondego ou como o mundo é pequeno (Idálio Reis)
Guiné > Nova Lamego (Gabu) > 3ª CART / BART 6523 > Junho de 1974 > Cansissé: Os soldados do destacamento de Cansissé, entre Bafatá e Nova Lamego, junto ao Rio Corubal, confraternizam com guerrilheiros do PAIGC e com a população local (fulas e mandingas)... Era o fim de mais de 11 anos de guerra...
© Américo Marques (2005)
1. Texto, com data de 5 de Junho de 2006, de Idálio Reis (ex-Alf Mil, CCAÇ 2317, BCAÇ 2835, Gandembel e Ponte Balana 1968/69) (1)
Caro Luís:
No pretérito sábado [3 de Junho], a minha Companhia [CCAÇ 2317]juntou-se para confraternizar.
É sempre motivo de intenso júbilo, que mais se acresce quando (re)aparecem mais 2 companheiros, que não víamos há mais de 35 anos. Pedi-lhes a sua ajuda para o nosso blogue. É pessoal da classe VIP.
Tentei-me a escrever algo sobre a carta que o Mário de Oliveira nos brindou há dias (2). Se achares que este post [,publicado a seguir,] tem algum substrato para merecer entrar no blogue, fica ao teu critério.
Reparei que o mapa de Cansissé está inserto. Então para que conste nos anais, cumpre-me referir que a primeira tropa a ir para esse belo local, onde vivia o régulo de Tumaná de Cima, foi o meu grupo de combate. Lá passámos belos dias, que nos trouxe gratas recordações.
Um dia escreverei sobre Cansissé (3) e os seus enigmas de encantar, onde, entre tão belas coisas, não posso esquecer que foi aí que bebi a melhor água, na fonte dos Fulas.
E para quando, se possível, a inserção dos mapas de Aldeia Formosa (Quebo) e de Buba?
O que se segue é um aparte. Da leitura da tua biografia, constatei que a tua esposa é (ou foi) funcionária do mesmo Organismo que o meu, o IDRHa [Instituto de Desenvolvimento Rural e Hidráulica do Ministério da Agricultura], e que agora vai tomar um outro nome e sofrer mais tropelias. Como sou da origem das origens do ex-IHERA [Instituto de Hidráulica, Engenharia Rural e Ambiente], ainda que o meu itinerário profissional que se aproxima do fim, tenha sido dedicado essencialmente ao Aproveitamento do Baixo Mondego, não tenho o privilégio de a conhecer, até porque julgo que a sua proveniência é a da ex-DGDR [Direcção-Geral de Desenvolvimento Rural].
Mas o mundo não deixa de ser pequeno!
Cordiais saudações do Idálio Reis.
2. Comentário de L.G.:
Pois é, Idálio, por muitas voltas que a gente dê, vai sempre parar ao local de crime, o sítio onde nasceu, aprendeu a falar, bebeu a primeira água e o primeiro leite, cresceu, viveu, amou... Foi este pedaço do mundo que nos calhou em sorte. E agora temos o privilégio de viajar no tempo e no espaço ao alcance de um clique...
Confirmo as tuas suspeitas: a minha mulher, Maria Alice Ferreira Carneiro, pertence ao mesmo organismo que o teu, no Ministério da Agricultura, sendo tu da Hidráulica e ela do Desenvolvimento Rural... Por muitas voltas que a gente dê, acabamos sempre por estar em casa e reconhecer que este mundo, afinal, é bem pequeno...
Espero que, pela tua parte, te sintas bem entre nós - bem melhor do que em Gandembel e na Ponate Balana! -, nesta imensa caserna caserna virtual, que já vai de Viana do Castelo a Bissau, passando pelo Brasil e os Estados Unidos da América...
Vou-te, naturalemnte, publicar, a seguir, a carta ao Padre Mário de Oliveira, eqnuanto aguardo com curiosidade o teu relato das mil e uma noites que passaste em Cansissé, bebendo a água da sabedoria (e quiça dos amores) da Fonte dos Fulas...
Quanto aos mapas de Aldeia Formosa e Buba, vou meter uma cunha ao nosso cartógrafo-mor, que é o Humberto Reis... Um ciber-abraço L.G.
__________
Notas de L.G.
(1) Vd. post 19 de Abril de 2006 > Guiné 63/74 - DCCXIV: Um sobrevivente de Gandembel/Ponte Balana (Idálio Reis, CCAÇ 2317)
(2) Vd. post de 17 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCLXV: Foi em plena guerra colonial que nasci de novo (Padre Mário de Oliveira )
(3) Quem também esteve em Cansissé foi o nosso camarada Américo Marques, de Viana do Castelo: vd post de 12 de Novembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCLXXXVI: Américo Marques, o último soldado do Império (Cansissé, 1974)
(...) "Ele era soldado de transmissões e, na noite de 24 para 25 de Abril de 1974, estava no seu posto, a sintonizar a rádio em Lisboa. Costumava fazer isso com muita frequência. Estava em contacto com todo o mundo. Os dias eram sempre iguais e custavam a passar. E as noites ainda pior. Mas "nessa noite ficou confundido e baralhado: havia movimento de tropas em Lisboa, alguma coisa se passava de anormal"…
"Foi assim que teve conhecimento do golpe de estado do Movimento das Forças Armadas que depôs o Governo de Marcelo Caetano. Informou os seus camaradas. Foi um alvoroço. A vida em Nova Lamego e em Cansissé não voltou mais a ser como dantes. Apareceram logo uns esquerdistas, até então caladinhos, a organizar o pessoal, a dar ordem, a fazer reuniões… A hierarquia e a disciplina militares começaram a ser postas em causas. Eram os comités de soldados (sic) que tomavam iniciativas. Às tantas já se falava tu-cá-tu-lá com os gajos do PAIGC, beijinhos e abraços, troca de roncos, como se não tivesse havido uma longa guerra…
"Esta foi a parte mais dura de engolir para o nosso amigo Américo que viu, com tristeza, a nossa bandeira ser substituída pela do PAIGC no seu destacamento… Em Setembro de 1974, ele voltava para casa, com o sentimento (amargo) de ter sido o último soldado do império… Há coisas, na tropa e na vida, para as quais um homem nunca está preparado" (...).
© Américo Marques (2005)
1. Texto, com data de 5 de Junho de 2006, de Idálio Reis (ex-Alf Mil, CCAÇ 2317, BCAÇ 2835, Gandembel e Ponte Balana 1968/69) (1)
Caro Luís:
No pretérito sábado [3 de Junho], a minha Companhia [CCAÇ 2317]juntou-se para confraternizar.
É sempre motivo de intenso júbilo, que mais se acresce quando (re)aparecem mais 2 companheiros, que não víamos há mais de 35 anos. Pedi-lhes a sua ajuda para o nosso blogue. É pessoal da classe VIP.
Tentei-me a escrever algo sobre a carta que o Mário de Oliveira nos brindou há dias (2). Se achares que este post [,publicado a seguir,] tem algum substrato para merecer entrar no blogue, fica ao teu critério.
Reparei que o mapa de Cansissé está inserto. Então para que conste nos anais, cumpre-me referir que a primeira tropa a ir para esse belo local, onde vivia o régulo de Tumaná de Cima, foi o meu grupo de combate. Lá passámos belos dias, que nos trouxe gratas recordações.
Um dia escreverei sobre Cansissé (3) e os seus enigmas de encantar, onde, entre tão belas coisas, não posso esquecer que foi aí que bebi a melhor água, na fonte dos Fulas.
E para quando, se possível, a inserção dos mapas de Aldeia Formosa (Quebo) e de Buba?
O que se segue é um aparte. Da leitura da tua biografia, constatei que a tua esposa é (ou foi) funcionária do mesmo Organismo que o meu, o IDRHa [Instituto de Desenvolvimento Rural e Hidráulica do Ministério da Agricultura], e que agora vai tomar um outro nome e sofrer mais tropelias. Como sou da origem das origens do ex-IHERA [Instituto de Hidráulica, Engenharia Rural e Ambiente], ainda que o meu itinerário profissional que se aproxima do fim, tenha sido dedicado essencialmente ao Aproveitamento do Baixo Mondego, não tenho o privilégio de a conhecer, até porque julgo que a sua proveniência é a da ex-DGDR [Direcção-Geral de Desenvolvimento Rural].
Mas o mundo não deixa de ser pequeno!
Cordiais saudações do Idálio Reis.
2. Comentário de L.G.:
Pois é, Idálio, por muitas voltas que a gente dê, vai sempre parar ao local de crime, o sítio onde nasceu, aprendeu a falar, bebeu a primeira água e o primeiro leite, cresceu, viveu, amou... Foi este pedaço do mundo que nos calhou em sorte. E agora temos o privilégio de viajar no tempo e no espaço ao alcance de um clique...
Confirmo as tuas suspeitas: a minha mulher, Maria Alice Ferreira Carneiro, pertence ao mesmo organismo que o teu, no Ministério da Agricultura, sendo tu da Hidráulica e ela do Desenvolvimento Rural... Por muitas voltas que a gente dê, acabamos sempre por estar em casa e reconhecer que este mundo, afinal, é bem pequeno...
Espero que, pela tua parte, te sintas bem entre nós - bem melhor do que em Gandembel e na Ponate Balana! -, nesta imensa caserna caserna virtual, que já vai de Viana do Castelo a Bissau, passando pelo Brasil e os Estados Unidos da América...
Vou-te, naturalemnte, publicar, a seguir, a carta ao Padre Mário de Oliveira, eqnuanto aguardo com curiosidade o teu relato das mil e uma noites que passaste em Cansissé, bebendo a água da sabedoria (e quiça dos amores) da Fonte dos Fulas...
Quanto aos mapas de Aldeia Formosa e Buba, vou meter uma cunha ao nosso cartógrafo-mor, que é o Humberto Reis... Um ciber-abraço L.G.
__________
Notas de L.G.
(1) Vd. post 19 de Abril de 2006 > Guiné 63/74 - DCCXIV: Um sobrevivente de Gandembel/Ponte Balana (Idálio Reis, CCAÇ 2317)
(2) Vd. post de 17 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCLXV: Foi em plena guerra colonial que nasci de novo (Padre Mário de Oliveira )
(3) Quem também esteve em Cansissé foi o nosso camarada Américo Marques, de Viana do Castelo: vd post de 12 de Novembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCLXXXVI: Américo Marques, o último soldado do Império (Cansissé, 1974)
(...) "Ele era soldado de transmissões e, na noite de 24 para 25 de Abril de 1974, estava no seu posto, a sintonizar a rádio em Lisboa. Costumava fazer isso com muita frequência. Estava em contacto com todo o mundo. Os dias eram sempre iguais e custavam a passar. E as noites ainda pior. Mas "nessa noite ficou confundido e baralhado: havia movimento de tropas em Lisboa, alguma coisa se passava de anormal"…
"Foi assim que teve conhecimento do golpe de estado do Movimento das Forças Armadas que depôs o Governo de Marcelo Caetano. Informou os seus camaradas. Foi um alvoroço. A vida em Nova Lamego e em Cansissé não voltou mais a ser como dantes. Apareceram logo uns esquerdistas, até então caladinhos, a organizar o pessoal, a dar ordem, a fazer reuniões… A hierarquia e a disciplina militares começaram a ser postas em causas. Eram os comités de soldados (sic) que tomavam iniciativas. Às tantas já se falava tu-cá-tu-lá com os gajos do PAIGC, beijinhos e abraços, troca de roncos, como se não tivesse havido uma longa guerra…
"Esta foi a parte mais dura de engolir para o nosso amigo Américo que viu, com tristeza, a nossa bandeira ser substituída pela do PAIGC no seu destacamento… Em Setembro de 1974, ele voltava para casa, com o sentimento (amargo) de ter sido o último soldado do império… Há coisas, na tropa e na vida, para as quais um homem nunca está preparado" (...).
Guiné 63/74 - P865: Ecoturismo, memória, história e vida em Guileje: os tertulianos serão bem-vindos (Pepito)
Texto do nosso amigo Pepito, com data de 9 de Junho de 2006:
Caro Nuno Rubim:
Obrigado pelo seu interesse no Projecto Guiledje.
Caso tenha tido oportunidade de visitar o site da AD, ficou a conhecer as diferentes componentes desta iniciativa e poderá seguir melhor as informações que lhe dou de seguida:
1. Reabilitação do Quartel:
Iniciámos há mais de um ano a limpeza do antigo quartel com o apoio entusiástico dos antigos militares guineenses que lá estiveram e de jovens (naquela altura) que lá viveram. Paralelamente às fotos vitais fornecidas pelo Capitão Neto, foi determinante o envolvimento de quem lá viveu durante anos para identificar as casa da população, do régulo, a mesquita, abrigos, posto de transmissões, capela, pista de helicóptero, etc., bem como inúmeras histórias da tropa contadas com sotaque português e em puro vernáculo.
Deste trabalho recuperaram-se alguns marcos, ainda em bom estado (não esquecer que o quartel foi mandado bombardear pelo Spínola e nem um edifício ficou de pé), identificaram-se as fundações de quase todas as instalações e recolheram-se objectos da altura (garrafas de cerveja típicas daquele tempo e que já não se fabricam, garrafas de larangina, pratos metálicos, etc.).
Tivemos que atrasar os trabalhos devido aos inúmeros UXO, isto é, bombas que estavam nos paióis e que podem ser perigosas. Aguardamos que as equipas anti-minas da ONU, que por cá andam há anos a caçá-los, lá cheguem para a remoção.
Entretanto um arquitecto já visitou o local e propôs um plano de reabilitação (ver documento em formato.pdf que mandámos, por e-mail, para a tertúlia) que irá procurar ao máximo respeitar a disposição inicial das casas, mesmo se com outras finalidades:
- centro de documentação-museu;
- bungalows para ecoturistas, na antiga zona de habitação da população;
- restaurante, na antiga cantina, etc.
Em função do levantamento das bombas, ir-se-á dar inicio à reconstrução das infraestruturas, havendo um projecto financiado pela ONG portuguesa IMVF [ Instituto Marquês Valle Flor] com apoio da União Europeia que irá assegurar este trabalho.
2. Centro de Documentação-Museu:
Vai ser uma das grandes apostas desta iniciativa. Estamos por um lado, a recolher depoimentos dos antigos guerrilheiros do PAIGC que por lá passaram antes e durante o assalto final, bem como de militares guineenses destacados em Guiledje. Conseguimos um excelente conjunto de fotos do Capitão José Neto [CART 1613], apenas referentes ao período em que lá esteve (1967/68) e do Abílio (1970/71)[CCAÇ 2617]. Precisamos de ter fotos de outros períodos para finalizar o dossier fotografias.
Os testemunhos e vivências pessoais, como a que o Capitão Zé Neto (1) fez, dos contos do João Tunes e das inúmeras crónicas que têm saído no nosso blogue, são o que seria interessante ter. Podem ser aerogramas enviados de Guiledje, ou lá recebidos. Tudo que mostre a quem não esteve lá, o que era a vida naqueles tempos. Estes relatos são extensivos a Gandembel, Bedanda, Gadamael, entre outros.
3. Ecoturismo:
Começámos já a formação dos primeiros 12 guias ecoturísticos e de 7 jovens artesãos para o fabrico de esculturas de madeira. Começaram-se a identificar alguns percursos e caminhadas, aliando o histórico com o ambiente (mata de Cantanhez lindíssima e animais selvagens: chimpanzés, búfalos e elefantes) e cultural (danças étnicas).
Temos recebido manifestações de interesse de algumas pessoas que lá querem ir ou voltar. Embora estejamos no início e não se possa falar verdadeiramente de ecoturismo organizado, os tertulianos e ex-militares que estiveram em Guiledje têm a prioridade absoluta se cá quiserem vir, disponibilizando a nossa organização, a AD, o apoio para as visitas e acolhimento local.
Aliás, a população pergunta-me sempre quando é que vocês cá voltam de novo. Tenho a certeza que para muitos vai ser um momento emocionante, tanto para vocês como para os antigos viventes locais de Guiledje.
Em resumo, neste momento gostaríamos de ter recordações vossas do tempo que lá estiveram (fotos, crónicas, cartas, testemunhos, etc.) e que farão parte do acervo documental do Museu.
Um abraço
pepito
_____________
Nota de L.G.:
(1) Vd. post de 5 de dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCXXXIX: José Neto, outro senhor de Guileje (CART 1613, 1967/68)
Caro Nuno Rubim:
Obrigado pelo seu interesse no Projecto Guiledje.
Caso tenha tido oportunidade de visitar o site da AD, ficou a conhecer as diferentes componentes desta iniciativa e poderá seguir melhor as informações que lhe dou de seguida:
1. Reabilitação do Quartel:
Iniciámos há mais de um ano a limpeza do antigo quartel com o apoio entusiástico dos antigos militares guineenses que lá estiveram e de jovens (naquela altura) que lá viveram. Paralelamente às fotos vitais fornecidas pelo Capitão Neto, foi determinante o envolvimento de quem lá viveu durante anos para identificar as casa da população, do régulo, a mesquita, abrigos, posto de transmissões, capela, pista de helicóptero, etc., bem como inúmeras histórias da tropa contadas com sotaque português e em puro vernáculo.
Deste trabalho recuperaram-se alguns marcos, ainda em bom estado (não esquecer que o quartel foi mandado bombardear pelo Spínola e nem um edifício ficou de pé), identificaram-se as fundações de quase todas as instalações e recolheram-se objectos da altura (garrafas de cerveja típicas daquele tempo e que já não se fabricam, garrafas de larangina, pratos metálicos, etc.).
Tivemos que atrasar os trabalhos devido aos inúmeros UXO, isto é, bombas que estavam nos paióis e que podem ser perigosas. Aguardamos que as equipas anti-minas da ONU, que por cá andam há anos a caçá-los, lá cheguem para a remoção.
Entretanto um arquitecto já visitou o local e propôs um plano de reabilitação (ver documento em formato.pdf que mandámos, por e-mail, para a tertúlia) que irá procurar ao máximo respeitar a disposição inicial das casas, mesmo se com outras finalidades:
- centro de documentação-museu;
- bungalows para ecoturistas, na antiga zona de habitação da população;
- restaurante, na antiga cantina, etc.
Em função do levantamento das bombas, ir-se-á dar inicio à reconstrução das infraestruturas, havendo um projecto financiado pela ONG portuguesa IMVF [ Instituto Marquês Valle Flor] com apoio da União Europeia que irá assegurar este trabalho.
2. Centro de Documentação-Museu:
Vai ser uma das grandes apostas desta iniciativa. Estamos por um lado, a recolher depoimentos dos antigos guerrilheiros do PAIGC que por lá passaram antes e durante o assalto final, bem como de militares guineenses destacados em Guiledje. Conseguimos um excelente conjunto de fotos do Capitão José Neto [CART 1613], apenas referentes ao período em que lá esteve (1967/68) e do Abílio (1970/71)[CCAÇ 2617]. Precisamos de ter fotos de outros períodos para finalizar o dossier fotografias.
Os testemunhos e vivências pessoais, como a que o Capitão Zé Neto (1) fez, dos contos do João Tunes e das inúmeras crónicas que têm saído no nosso blogue, são o que seria interessante ter. Podem ser aerogramas enviados de Guiledje, ou lá recebidos. Tudo que mostre a quem não esteve lá, o que era a vida naqueles tempos. Estes relatos são extensivos a Gandembel, Bedanda, Gadamael, entre outros.
3. Ecoturismo:
Começámos já a formação dos primeiros 12 guias ecoturísticos e de 7 jovens artesãos para o fabrico de esculturas de madeira. Começaram-se a identificar alguns percursos e caminhadas, aliando o histórico com o ambiente (mata de Cantanhez lindíssima e animais selvagens: chimpanzés, búfalos e elefantes) e cultural (danças étnicas).
Temos recebido manifestações de interesse de algumas pessoas que lá querem ir ou voltar. Embora estejamos no início e não se possa falar verdadeiramente de ecoturismo organizado, os tertulianos e ex-militares que estiveram em Guiledje têm a prioridade absoluta se cá quiserem vir, disponibilizando a nossa organização, a AD, o apoio para as visitas e acolhimento local.
Aliás, a população pergunta-me sempre quando é que vocês cá voltam de novo. Tenho a certeza que para muitos vai ser um momento emocionante, tanto para vocês como para os antigos viventes locais de Guiledje.
Em resumo, neste momento gostaríamos de ter recordações vossas do tempo que lá estiveram (fotos, crónicas, cartas, testemunhos, etc.) e que farão parte do acervo documental do Museu.
Um abraço
pepito
_____________
Nota de L.G.:
(1) Vd. post de 5 de dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCXXXIX: José Neto, outro senhor de Guileje (CART 1613, 1967/68)
domingo, 11 de junho de 2006
Guiné 63/74 - P864a: Os nossos (des)encontros do 10 de Junho (Hugo Moura Ferreira)
Lisboa > Belém > 10 de Junho de 2006 > Fernando Chapouto, Lema Santos e Sérgio Pereira, três dos nossos tertulianos que o Hugo Moura Ferreira juntou.
Lisboa > Belém > 10 de Junho de 2006 > O Moura Ferreira e o Fernando Franco.
Fotos (e legendas): © Hugo Moura Ferreira (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Texto do Hugo Moura Ferreira, com data de 11 de junho de 2007, 19h42:
Caros amigos.
Foi para mim uma satisfação enorme poder confraternizar convosco no sábado, 10 de Junho, em Belém quando da cerimónia de Homenagem e Recordação dos Combatentes mortos no Ultramar.
Tenho pena que tão poucos tivessem aparecido e que infelizmente alguns daqueles que tinham previsto ir até lá, não tivessem a possibilidade de concretizar essa intenção. Mas outras alturas não deixarão certamente de se apresentar. Até porque já há a proposta, embora incipiente, de que nos venhamos, um dia, a encontrar em Vila de Rei, por ser o centro geodésico de Portugal Continental.
É com certeza certo que o conhecimento que foi dado sobre a existência do Blogue, irá dar frutos pelo que alguns dos que ali tomaram conhecimento da sua existência irão aderir e trazer ao nosso conhecimento outras estórias e vivências. Possivelmente alguns até irão encontrar camaradas que já não viam desde essa altura. Se de todos aqueles que tomaram conhecimento, ao lerem o placard informativo que ali esteve exposto, um que seja adira ao nosso Blogue e nos conte o que tem para trazer ao nosso conhecimento já me darei por feliz.
Feliz, posso eu afirmar que fiquei por poder estar com os meus amigos tertulianos Lema Santos, Sérgio Pereira, Fernando Chapouto e Fernando Franco, bem como com alguns mais que não pertencendo à Tertúlia Virtual de que fazemos parte têm intenção de a vir a integrar.
Entretanto agradeço ao Lema Santos a gentileza que teve em nos enviar as fotos que conseguiu retirar da sua máquina, que desejo venha a melhorar de saúde. E como também tenho algumas, embora poucas, aqui vão as que se aproveitaram.
Um abraço a todos.
Moura Ferreira
2. Comentário de L.G.:
Fico feliz por se terem encontrado. Houve um outro grupinho que estava ali mesmo ao lado: eu próprio, Luís Graça, Jorge Cabral, José Martins, Carlos Fortunato e o António Duarte... Encontrei depois o Magalhães Ribeiro (o nosso ranger do Porto), o Mário Dias e o João Parreira. Para um primeiro ensaio, não está mal...
Guiné 63/74 - P864: Unidades aquarteladas em Guileje até 1973 (Pepito)
Fonte: © Nuno Rubim (2006)
1. O Pepito enviou ao Nuno Rubim uma lista das companhias que passaram por Guileje (os guineenses pronunciam e escrevem Guiledje), incluindo a CCAÇ 726 em relação à qual pedia que fossem completados os dados. Com base nos elementos fornecidos e noutras fontes adicionais, o Nuno Rubim elaborou este excelente e sugestivo gráfico, com o número de meses e dias passados em Guileje por cada dessas unidades. Em relação à maioria das unidades, o Pepito já tem um ou mais elementos de contacto. Mas o o ideal é conseguir-se os máximo de contactos.
Guiné > Região de Tombali > Guião da CCAÇ 726 (1964/66).
Foto: © Nuno Rubim (2006)
Aqui fica fica, para informação da nossa tertúlia, essa lista, devidamente corrigida:
CCAÇ 495 (Fev 1964/Jan 1965)
CCAÇ 726 (Out 1964/Jul 1966) (contactos: Teco e Nuno Rubim)
CAÇ 1424 (Jan 1966/Dez 1966)
CCAÇ 1477 (Dez 1966/Jul 1967) (contacto: Cap Rino)
CART 1613 (Jun 1967/Mai 1968) (contacto: Cap Neto)
CCAÇ 2316 (Mai 1968/Jun 1969) (contacto: Cap Vasconcelos)
CART 2410 (Jun 1969/Mar 1970) (contacto: Armindo Batata)
CCAÇ 2617 ( Mar 1970/Fev 1971) > Os Magriços (contacto: Abílio)
CCAÇ 3325 (Jan 1971/Dez 1971) (contacto: Parracho)
CCAÇ 3437 (Nov 1971 / Dez 1972) > Os Gringos de Guileje
CCAV 8350 (Dez 1972/Mai 1973)
Fonte: Carlos Schwarz/Nuno Rubim (2006)
© José Casimiro Carvalho (2006)
© AD - Acção para o Desenvolvimento (2006)
2. Nota de L.G.:
Há uma pequena divergência entre as fontes em relação à primeira companhia estacionada em Guileje. Para o Pepito, terá sido a CCAÇ 676, com início em Set 1964 (contacto: Paralta). Para o Nuno Rubim, terá sido a CCAÇ 495 (Fev 1964 / Jan 1965).
De qualquer modo, pelo gráfico acima apresentado, constata-se facilmente que a unidade com mais tempo de Guileje foi a CCAÇ 726 (mais de vinte meses). E a que passou menos tempo, pouco mais de seis meses, foi a última, a CCAÇ 8350.
3. Comentário do Pepito, em e-mail com data de 10 de Junho de 2006:
Caro Nuno Rubim
Obrigado pelas informações que me mandou. Ontem ganhei o dia. Há mais de um ano que andava a consultar documentos para estabelecer o quadro das Companhias que passaram por Guiledje (muitos deles contraditórios) e de um momento para o outro você manda-me o trabalho todo feito.
Estarei em Portugal em meados de Julho e seria uma óptima ideia se nos pudessemos encontrar os três [Pepito, Luís Graça, Nuno Rubim]. Vai depender mais de vocês do que de mim, pois estarei de férias nessa altura e qualquer dia me convem. Para não ficar no ar, avanço já com a proposta de dia 13 (quinta-feira) em local e hora a decidir por vocês.
abraços
pepito
sábado, 10 de junho de 2006
Guiné 63/74 - P863: Tabanca Grande: O nosso novo tertuliano, o Coronel Nuno Rubim
Guiné > Guileje > O nosso capitão fula Nuno Rubim ... "À minha esquerda o Alf Moura, da CCAC 1424, que viria a morrer em combate, ao meu lado, em Salancaur"....
Foto: © Nuno Rubim (2006)
Caro Luís Graça
Este email já leva algumas respostas para o Pepito.
Folgo muito com o estabelecimento destes nossos contactos.
Comandei em Guiledge, sucessivamente (de castigo !..., eu qualquer dia conto esta estória) as CCAÇ 726 e 1424, depois de ter também comandado a CART 644 em Mansabá e a CCmds em Brá.
O que foi a minha vivência em Guileje fazem os amigos ideia... Foram de facto perto de 10 meses infernais, com mortos, feridos, estropiados, de ambos os lados, enfim o triste rosário de uma guerra que Portugal nunca devia ter travado.
Tinha também um Grupo de Combate em Mejo, de que pouco tenho ouvido falar. Quando terá sido desactivado esse pequeno aquartelamento ?
E ainda voltei à Guiné em 1972-74, mas isso é outra história..., que meteu o início da conspiração que levou ao 25 de Abril, entre outras coisas...
Vamos então por partes:
(i) Briote. A última vez que o vi foi na reunião da CCmds, já este ano.
Temos trocado emails, mas a partir do último que lhe enviei não obtive mais qualquer resposta.
(ii) História da Artilharia. Já terminei esse estudo há algum tempo, conseguindo fazer o levantamento geral de toda a nossa artilharia desde o final do Séc. XIV até ao presente ! Materiais, Munições, Balística, Tiro, emprego táctico, etc...
Parte destes estudos estão publicados, nomeadamente na Revista de Artilharia e já estão todos digitalizados, pelo que se alguém se interessar posso gravá-
-los e enviá-los. Além de estar a redigir um livro ( medonho !!!- amigo Luís, temos
de falar sobre os cuidados médicos de então, de que já tenho muitos dados... ), sobre as operações militares no Oriente até 1580, tenho últimamente estudado matérias tais como armamento ligeiro, fortificação, navios e estou a realizar uma pesquisa sobre as operações militares portuguesas no Sul de Angola , de cerca de 1870 a 1915.(Os Cuamatos, para mim os adversários mais terríveis que os
portugueses jamais encontraram nas áfricas...).
(iii) Já conheço o Processo Guiledge, tenho-o em pdf, e já li prticamente tudo o que havia ler na Blogueforanada. Acho de facto um projecto interessantíssimo e espero que o nosso amigo Carlos Schwarz consiga levá-lo por diante.
(iv) Obus 14. Curiosamente estou justamente a preparar uma carta
a enviar ao CEME, alertando-o para o facto de se ele não tomar medidas para a conservação de vário material de guerra que está espalhado por vários locais do país ( inclusivamente nos dois Museus Militares, Lisboa e Porto !), em péssimo estado, tomarei a liberdade de levar a questão ao conhecimento público. Esse material pertence à Nação e o Exército é apenas ( isto é, devia ser.. ) o seu curador. Julgo que no Entroncamento ainda existem obuses de 14 cm.
(v) A reunião da CCAÇ 726, no dia 10 de Junho. Além de fazer tenção de colocar o pessoal ao corrente do projecto e do blogue, também vou alertá-los
para que tomem medidas de forma a tentarem salvaguardar a documentação que porventura tenham. E uma das soluções é a de a entregarem formalmente, no Arquivo Histórico Militar, onde justamente ando a fazer uma pesquisa. Outra, fotografias, esquemas, etc... poderiam vir a ser copiadas (digitalmente ) com destino ao Projecto Guiledge.
(vi) Finalmente quanto à Tertúlia. Pois terei muito prazer em dela fazer parte.
Há 3 anos, depois de um processo desencadeado para a chamada reconstituição de carreira, destinadas aos militares que, como eu, foram vítimas de marginalização após o 25 Novembro de 1975, fui promovido a Coronel, já na situação de reforma ! Por pouco era a título póstumo !!!...
Enviem-me, p.f., as moradas para onde poderei enviar um exemplar do meu último trabalho. Trata de duas tapeçarias portuguesas do Séc. XV, que descrevem parte da operação em Alcácer Ceguer e que estão hoje em Espanha, onde as fui fotografar.
Até breve
Um abraço
Nuno Rubim
Comentário de L.G.:
Amigos & camaradas:
1. Para além de todos vocês, que me merecem um carinho especial, é uma honra passar a ter connosco, a privar connosco nesta já imensa e fraterna caserna virtual, o Coronel Nuno Rubim que é, simplesmente, uma sumidade em história da artilharia portuguesa e, como todos os sábios, um homem que não precisa de puxar pelos galões para se fazer ouvir e respeitar…
2. Nuno: como é da praxe, a partir de agora és nosso camarada com direito a tratamento por tu, à boa maneira da Roma dos cidadãos, porque se entende que isso facilita a comunicação (horizontal) entre nós… Que sejas bem-vindo.
3. Acabei de chegar do encontro com os nossos amigos e camaradas, junto ao Forte do Bom Sucesso: Acabei por não estar com o Hugo Moura Ferreira nem o Lema Santos... Em contrapartida , encontrei o Jorge Cabral (pel Caç Nat 63), o António Duarte (CCAÇ 12), o Carlos Fortunato (CCAÇ 13), o José Martins (CCAÇ 5), o Magalhães Ribeiro, o ranger, o Mário Dias, o João Parreira, dois ou três antigos combatentes africanos (1º Companhia de Comandos, CCAÇ 21...). Disseram-me que o Nuno Rubim estava por lá, mas não deu para procurar mais.
4. Também tive o grato prazer de rever dois amigos e conterrâneos, naturais da Lourinhã como eu, o ex-Alf Mil Piloto Lino (esteve na Guiné, em 1970/72, como piloyto de helicópteros) e o ex-Alf Mil Paraquedista Jaime Bonifácio da Silva (que esteve em Angola e que agora vive em Fafe). Vou gerir as emoções... e depois escreverei mais qualquer coisa. Bom feriado.
Foto: © Nuno Rubim (2006)
Caro Luís Graça
Este email já leva algumas respostas para o Pepito.
Folgo muito com o estabelecimento destes nossos contactos.
Comandei em Guiledge, sucessivamente (de castigo !..., eu qualquer dia conto esta estória) as CCAÇ 726 e 1424, depois de ter também comandado a CART 644 em Mansabá e a CCmds em Brá.
O que foi a minha vivência em Guileje fazem os amigos ideia... Foram de facto perto de 10 meses infernais, com mortos, feridos, estropiados, de ambos os lados, enfim o triste rosário de uma guerra que Portugal nunca devia ter travado.
Tinha também um Grupo de Combate em Mejo, de que pouco tenho ouvido falar. Quando terá sido desactivado esse pequeno aquartelamento ?
E ainda voltei à Guiné em 1972-74, mas isso é outra história..., que meteu o início da conspiração que levou ao 25 de Abril, entre outras coisas...
Vamos então por partes:
(i) Briote. A última vez que o vi foi na reunião da CCmds, já este ano.
Temos trocado emails, mas a partir do último que lhe enviei não obtive mais qualquer resposta.
(ii) História da Artilharia. Já terminei esse estudo há algum tempo, conseguindo fazer o levantamento geral de toda a nossa artilharia desde o final do Séc. XIV até ao presente ! Materiais, Munições, Balística, Tiro, emprego táctico, etc...
Parte destes estudos estão publicados, nomeadamente na Revista de Artilharia e já estão todos digitalizados, pelo que se alguém se interessar posso gravá-
-los e enviá-los. Além de estar a redigir um livro ( medonho !!!- amigo Luís, temos
de falar sobre os cuidados médicos de então, de que já tenho muitos dados... ), sobre as operações militares no Oriente até 1580, tenho últimamente estudado matérias tais como armamento ligeiro, fortificação, navios e estou a realizar uma pesquisa sobre as operações militares portuguesas no Sul de Angola , de cerca de 1870 a 1915.(Os Cuamatos, para mim os adversários mais terríveis que os
portugueses jamais encontraram nas áfricas...).
(iii) Já conheço o Processo Guiledge, tenho-o em pdf, e já li prticamente tudo o que havia ler na Blogueforanada. Acho de facto um projecto interessantíssimo e espero que o nosso amigo Carlos Schwarz consiga levá-lo por diante.
(iv) Obus 14. Curiosamente estou justamente a preparar uma carta
a enviar ao CEME, alertando-o para o facto de se ele não tomar medidas para a conservação de vário material de guerra que está espalhado por vários locais do país ( inclusivamente nos dois Museus Militares, Lisboa e Porto !), em péssimo estado, tomarei a liberdade de levar a questão ao conhecimento público. Esse material pertence à Nação e o Exército é apenas ( isto é, devia ser.. ) o seu curador. Julgo que no Entroncamento ainda existem obuses de 14 cm.
(v) A reunião da CCAÇ 726, no dia 10 de Junho. Além de fazer tenção de colocar o pessoal ao corrente do projecto e do blogue, também vou alertá-los
para que tomem medidas de forma a tentarem salvaguardar a documentação que porventura tenham. E uma das soluções é a de a entregarem formalmente, no Arquivo Histórico Militar, onde justamente ando a fazer uma pesquisa. Outra, fotografias, esquemas, etc... poderiam vir a ser copiadas (digitalmente ) com destino ao Projecto Guiledge.
(vi) Finalmente quanto à Tertúlia. Pois terei muito prazer em dela fazer parte.
Há 3 anos, depois de um processo desencadeado para a chamada reconstituição de carreira, destinadas aos militares que, como eu, foram vítimas de marginalização após o 25 Novembro de 1975, fui promovido a Coronel, já na situação de reforma ! Por pouco era a título póstumo !!!...
Enviem-me, p.f., as moradas para onde poderei enviar um exemplar do meu último trabalho. Trata de duas tapeçarias portuguesas do Séc. XV, que descrevem parte da operação em Alcácer Ceguer e que estão hoje em Espanha, onde as fui fotografar.
Até breve
Um abraço
Nuno Rubim
Comentário de L.G.:
Amigos & camaradas:
1. Para além de todos vocês, que me merecem um carinho especial, é uma honra passar a ter connosco, a privar connosco nesta já imensa e fraterna caserna virtual, o Coronel Nuno Rubim que é, simplesmente, uma sumidade em história da artilharia portuguesa e, como todos os sábios, um homem que não precisa de puxar pelos galões para se fazer ouvir e respeitar…
2. Nuno: como é da praxe, a partir de agora és nosso camarada com direito a tratamento por tu, à boa maneira da Roma dos cidadãos, porque se entende que isso facilita a comunicação (horizontal) entre nós… Que sejas bem-vindo.
3. Acabei de chegar do encontro com os nossos amigos e camaradas, junto ao Forte do Bom Sucesso: Acabei por não estar com o Hugo Moura Ferreira nem o Lema Santos... Em contrapartida , encontrei o Jorge Cabral (pel Caç Nat 63), o António Duarte (CCAÇ 12), o Carlos Fortunato (CCAÇ 13), o José Martins (CCAÇ 5), o Magalhães Ribeiro, o ranger, o Mário Dias, o João Parreira, dois ou três antigos combatentes africanos (1º Companhia de Comandos, CCAÇ 21...). Disseram-me que o Nuno Rubim estava por lá, mas não deu para procurar mais.
4. Também tive o grato prazer de rever dois amigos e conterrâneos, naturais da Lourinhã como eu, o ex-Alf Mil Piloto Lino (esteve na Guiné, em 1970/72, como piloyto de helicópteros) e o ex-Alf Mil Paraquedista Jaime Bonifácio da Silva (que esteve em Angola e que agora vive em Fafe). Vou gerir as emoções... e depois escreverei mais qualquer coisa. Bom feriado.
Guiné 63/74 - P862: Os nossos (des)encontros do 10 de Junho (Luís Graça)
Amigos & Camaradas da Guiné:
1. Nas vésperas do 10 de Junho, e na hipótese de eu não ter tempo de inserir esta mensagem no nosso blogue, vou divulgá-la desde já por toda a tertúlia, como tema de reflexão (serena), como testemunho (exemplar)... Eu também concordo com o Briote: estamos, todos ou quase todos, a fazer uma espécie de blogueterapia, à volta de uma guerra e de uma terra que nos marcaram, indelevelmente... Temos estados numa boa, na caserna (que é plural, mas com valores...) e, tanto quanto possível, não incomando os vizinhos... Felizmente que temos esse dinheiro: conquistámo-lo!...
2. No sábado [hoje], lá estarei (há um ano atrás, confesso, seria incapaz de lá ir!...) na ponta direita do monumento aos mortos do ultramar, em Belém (ponta direita, para quem está de fronte ao monumento)... Entre as 11 e 12h, com o meu telemóvel ligado: 93 281 08 72 . O Hugo Moura Ferreira, o José Martins, o João Parreira, o Fernando Franco deo Manuel Lema Santos pelo menos, estes cinco - já me disseram que aparecem por lá...
3. Tal não impede que um belo dia destes a gente não se encontre por aí, com tempo e vagar... Talvez em... Vila de Rei que é o centro geodésico desta Pátria/Mátria que todos amamos, mesmo quando refilamos com ele/ela ou quando ele/ela se comporta connosco como padrasto / madrasta!
4. Hoje [sexta-feira] falei ao telefone com o António Santos (ex-sold trms, num pelotão de morteiros, Nova lamego, 1972/74...), self-made man, empresário (Caneças / Odivelas)... Não morreu na Guiné, sobreviveu aos foguetões 122 mm em Nova Lamego, ia morrendo há seis anos debaixo de um camião TIR, na estrada do ou para o Algarve... Não virou a cara à luta e fez fisgas à morte!... Este é um valente camarada da Guiné, que eu saúdo e de quem estou publicar as respectivas estórias no nosso blogue...
_____________
Mensagem do Virgínio Briote, de 8 de Junho de 2006:
Caro Luís e Camaradas,
Tenho acompanhado com muito interesse o nosso blogue. Aprecio ler o que diariamente é acrescentado à história da nossa passagem por aquela terra mágica. Estou-te reconhecido por este trabalho antológico, aliás apreciado por camaradas com as posições mais variadas.
Não me tenho apercebido que algum de nós ainda faça a apologia da guerra, da defesa do ultramar português. O que tenho visto, isso sim, é compreensão, tolerância, respeito, não só entre nós mas também pelo antigo Inimigo. E, importante, vejo em todos o desejo que naquela terra as crianças cresçam sem fome e em paz.
É natural que um ou outro camarada pense de outra forma. Por mim falo, esse facto não deve ser motivo para que o foranada não continue a vasculhar o que tem estado escondido nas profundezas das arcas de cada um. Esta tarefa tem-me sido útil, ajuda-me a pôr-me em paz comigo próprio e libertar-me do sentimento de culpa que tem vivido comigo estes anos todos.
Um Bem-haja ao Luís Graça e Camaradas.
vb
1. Nas vésperas do 10 de Junho, e na hipótese de eu não ter tempo de inserir esta mensagem no nosso blogue, vou divulgá-la desde já por toda a tertúlia, como tema de reflexão (serena), como testemunho (exemplar)... Eu também concordo com o Briote: estamos, todos ou quase todos, a fazer uma espécie de blogueterapia, à volta de uma guerra e de uma terra que nos marcaram, indelevelmente... Temos estados numa boa, na caserna (que é plural, mas com valores...) e, tanto quanto possível, não incomando os vizinhos... Felizmente que temos esse dinheiro: conquistámo-lo!...
2. No sábado [hoje], lá estarei (há um ano atrás, confesso, seria incapaz de lá ir!...) na ponta direita do monumento aos mortos do ultramar, em Belém (ponta direita, para quem está de fronte ao monumento)... Entre as 11 e 12h, com o meu telemóvel ligado: 93 281 08 72 . O Hugo Moura Ferreira, o José Martins, o João Parreira, o Fernando Franco deo Manuel Lema Santos pelo menos, estes cinco - já me disseram que aparecem por lá...
3. Tal não impede que um belo dia destes a gente não se encontre por aí, com tempo e vagar... Talvez em... Vila de Rei que é o centro geodésico desta Pátria/Mátria que todos amamos, mesmo quando refilamos com ele/ela ou quando ele/ela se comporta connosco como padrasto / madrasta!
4. Hoje [sexta-feira] falei ao telefone com o António Santos (ex-sold trms, num pelotão de morteiros, Nova lamego, 1972/74...), self-made man, empresário (Caneças / Odivelas)... Não morreu na Guiné, sobreviveu aos foguetões 122 mm em Nova Lamego, ia morrendo há seis anos debaixo de um camião TIR, na estrada do ou para o Algarve... Não virou a cara à luta e fez fisgas à morte!... Este é um valente camarada da Guiné, que eu saúdo e de quem estou publicar as respectivas estórias no nosso blogue...
_____________
Mensagem do Virgínio Briote, de 8 de Junho de 2006:
Caro Luís e Camaradas,
Tenho acompanhado com muito interesse o nosso blogue. Aprecio ler o que diariamente é acrescentado à história da nossa passagem por aquela terra mágica. Estou-te reconhecido por este trabalho antológico, aliás apreciado por camaradas com as posições mais variadas.
Não me tenho apercebido que algum de nós ainda faça a apologia da guerra, da defesa do ultramar português. O que tenho visto, isso sim, é compreensão, tolerância, respeito, não só entre nós mas também pelo antigo Inimigo. E, importante, vejo em todos o desejo que naquela terra as crianças cresçam sem fome e em paz.
É natural que um ou outro camarada pense de outra forma. Por mim falo, esse facto não deve ser motivo para que o foranada não continue a vasculhar o que tem estado escondido nas profundezas das arcas de cada um. Esta tarefa tem-me sido útil, ajuda-me a pôr-me em paz comigo próprio e libertar-me do sentimento de culpa que tem vivido comigo estes anos todos.
Um Bem-haja ao Luís Graça e Camaradas.
vb
sexta-feira, 9 de junho de 2006
Guiné 63/74 - P861: O coronel Nuno Rubim, ex-comandante da CCAÇ 726 (Guileje, 1966)
"A fotografia mostra o que resta da antiga capela, num momento em que a AD, em colaboração com a comunidade local, deu início à demarcação e limpeza do terreno, para ter uma melhor vista de conjunto e assim iniciar os trabalhos deste projecto". O croquis que se vê na imagem, foi fornecido pelo Coronel Nuno Rubim e publicado, em primeira mão, na nossa página na Net > Subsídios para a história da guerra colonial > Guiné (13) > Guileje
Por Guileje passaram diversas unidades, incluindo a CCAÇ 726, que foi comandada durante vários meses pelo Cap Rubim, no ano de 1966.
1. À terceira... é de vez ! O coronel Nuno Rubim já nos tinha contactado, em tempos, através do Virgínio Briote, que foi seu alferes miliciano comando, e já tinha colaborado connosco, com o envio de um mapa do aquartelamento de Guileje (1), por ele desenhado em 1998 e que está a agora a ser muito útil ao Pepito e aos seus colaboradores (conforme documenta a foto acima inserida).
Mais recentemente também publicámos um pequeno post, do Nuno Rubin, sobre o corredor da morte (2). Há dias ele mandou-nos uma mensagemque não obteve resposta imediata. como bom artilheiro, ele insistiu... Aqui vai.
2. Texto do Coronel Nuno Rubim:
Dr. Luis Graça:
Tem-me sido muito difícil contactar consigo. Talvez desta vez tenha sucesso, para outro endereço que consegui encontrar ! ...
Transcrevo pois o email que lhe enviei para o endereço lgraca@clixpt
Caro Dr. Luis Graça:
Acho que é a primeira vez que contacto consigo directamente, pois até agora foi por intermédio do Virgínio Briote.
Gostaria de saber como vai o Projecto Guiledge, pois no próximo Sábado [, dia 10 de Junho,]
é a reunião da CCAÇ 726, a unidade que mais tempo permaneceu em Guileje e que comandei durante cerca de cinco meses.
Tenho tenção de pôr o pessoal ao corrente do projecto, pelo menos aos que o desconhecem.
E pergunto-lhe se deseja que na reunião sejam colocados algumas perguntas, pedidos ou esclarecimentos.
Um abraço
Nuno Rubim
3. Resposta, desta vez célere, do L. G.:
Meu caro Nuno Rubim:
(i) Desta vez eu é que estou em falta consigo. De facto, recebi, em boas condições, a sua mensagem, mas estava à espera de poder inseri-la no nosso blogue, divulgá-la e interpelar directamente o nosso amigo Pepito, da ONG de Bissau, AD - Acção para o Desenvolvimento, para saber em que ponto é que está o Projecto Guiledje (como ele gosta e faz questão de escrever).
(ii) Mas vamos por partes. O Briote, que eu só conheço do contacto pela Internet e pelo telefone, fez-me um excelente perfil do Nuno, como homem e como militar. Vejo que, para já, temos em comum o gosto pela história: a mim, por exemplo, interessam-me os serviços de saúde militares ao longo dos tempos, o papel da ordem hospitaleira de São de Deus... Sei que você é um reputado especialista em história da artilharia...
(iii) E é aqui que pode ser útil ao nosso amigo Pepito, que é engenheiro agrónomo de formação (andou no ISA, em Lisboa, tal como o Amílcar Cabral, se bem que ele seja doutra geração) e é uma pessoa de alto gabarito, estando a fazer um trabalho notável à frente da AD, que ele criou e dirige. Julgo que o Nuno já conhece o projecto (que é mais do que a simples reconstrução/reabilitação do aquartelamento de Guileje). Se não, aqui tem o sítio da AD e a página do projecto (segue também ficheiro em formato.pdf).
(iv) Eu ainda não sei muito bem como é que, para além da documentação sobre a guerra e o papel do aquartelamento de Guileje (relatórios,mapas, fotos, testemunhos..., de um lado e de outro), a gente pode ajudá-lo, a ele, Pepito... Para já somos um grupo (de amigos e camaradas da Guiné) que tem divulgado as iniciativas da AD e em especial o Projecto Guiledje... Mas ele precisa de outras coisas, como arquitectos paisagistas, fotógrafos, formadores, especialistas em diversos domínios (fauna, flora... ), mas também em... artilharia. Por exemplo, uma das coisas que ele anda à procura é de um obus 14...
(v) Eu acho que, para já, o mais importante é recolher documentação sobre as unidades militares que por lá passaram, desde o início, incluindo naturalmente a vossa CCAÇ 726... Deve haver muitas fotos e papéis nos baús dos nossos graduados e soldados... Isso não pode morrer, miseravelmente, no caixote do lixo, daqui a uns 10, 15, 20, 25 anos quando começar a desaparecer a geração da guerra colonial... O que eu tenho feito, modestamente, é pôr a malta a falar uns com os outros, a escrever, a divulgar, a contar as suas estórias, a abrir os seus diários, a confrontar-se uns com os outros, em suma, a reconstituir o puzzle da memória (individual e colectiva), como eu gosto de dizer... Este pode ser o melhor contributo para o projecto e a melhor maneira de "a vida triunfar sobre a morte" (sic)... O Pepito irá apreciar, até por que ele é um homem de cultura... Ele está a fazer o mesmo (ou até melhor, através de entrevistas a guerrilheiros e população).
(vi) Sobre Guileje (e Guiledje) já temos dezenas de referências no nosso blogue e nas nossas páginas na Net, incluindo a carta da respectiva região... Um belo dia, iremos lá ao Cantanhez fazer ecoturismo e fazer as pazes com os velhos irãs da floresta, alguns dos quais serão espíritos inquietos dos nossos mortos e das nossas vítimas ...
(vii) Desejo-lhe, meu caro Nuno Rubim, a si e aos seus camaradas, uma bela jornada de convívio no próximo sábado... Divulgue, se possível, o nosso blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné), que está já em dois endereços:
http://blogueforanada.blogspot.com/(até 31 de Maio de 2006)
http://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/(a partir de 1 de Junho de 2006)
Teria muito gosto (e honra) em incluí-lo na nossa tertúlia...Diga-me se me autoriza ou me dá essa honra...
Um ciber-abraço,
PS - Tomo a liberdade de o pôr em contacto com o Guiné 63/74 - CCLXXIV: Projecto Guileje (3): planta do aquartelamento (1966)
(2) Vd. post de 18 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCLXIX: O batalhão do 'corredor da morte' (Nuno Rubim)
Guiné 63/74 - P860: Plano de retracção do Exército Português em 1974 (Leopoldo Amado)
Texto do historiador Leopoldo Amado, membro da nossa tertúlia (1)
Caro Paulo Reis (2),
Seria muito interessante encontrar-se o plano de retracção dos contingentes portugueses na Guiné. Eu não tive essa sorte, mas vali-me dos documentos do Arquivo do PAIGC sobre a matéria e, já agora, também gostaria de certifiacr-me da existência dessa documentação para, caso exista, confrontá-la com a interpretação que, em muitas situações, certamente foram condicionadas pela documentação do Arquivo do PAIGC.
Todavia, devo dizer-te que estou convencido de que tal plano não se elaborou na sequência das negociações de Londres, mas sim nos vários encontros havidos posteriormente na mata de Cantanhez entre o Comando-Chefe da Guiné e uma delegação político-militar do PAIGC. Foram esses encontros, mais do que as de Londres, que fizeram avançar as coisas. Publiquei no livro que escrevi para o Presidente as actas desses encontros elaboradas pelas NT (ver versão PALOP, Editorial Notícias).
Lembro-me que foi nas matas de Cantanhez que se aprovou conjuntamente o plano de retracção das tropas portuguesas, após ter sido adoptado pelas duas partes um documento intitulado "Normas de Vida", documento esse em que basicamente o PAIGC procurava regular a acção do Exército português na fase de transição, tanto mais que ali estava patente que os soldados portugueses apenas podiam deslocar-se num determinado raio de acção dos aquartelamentos, além de uma série de outras restrições em que se via claramente que o PAIGC influenciava a agenda e ditava o rumo dos acontecimentos.
Aliás, quando Spínola expediu para Bissau 20.000 cartazes com imagens suas – convicto como estava de que ainda iria proclamar a República da Guiné-Bissau numa Magna Assembleia em que forçosamente o PAIGC seria forçado a partilhar o poder com outras forças políticas emergentes, algumas delas fabricadas por Spínola com elementos a partir de elementos que com ele colaboraram na política da "Guiné Melhor" – o PAIGC fez ver ao Fabião que as negociações de Londres não permitiram avanços significativos que permitissem ajuizar sobre o diferendo político e militar.
Para além, pois, de recusar terminantemente a ideia da proclamação do Estado da Guiné-Bissau proposta por Spínola, o PAIGC lembrou a Portugal, por intermédio do Fabião, que em momento algum teria anunciado unilateralmente um cessar-fogo, pelo que a cessação das hostilidades que estava a observar, devia-se a um compromisso assumido na decorrência do encontro havido entre Mário Soares e Aristides Pereira, sob os auspícios de Senghor, pelo que a situação que prevalecia era globalmente considerada pelo PAIGC de "tréguas", donde a necessidade de assumpção de um compromisso pelo Comando-Chefe em Bissau relativamente as "Normas de Vida".
Assim, assinado que foram as "Normas de Vida" entre as duas partes, prefigurou-se doravante as condições para que o PAIGC conseguisse em Argel o essencial das suas reivindicações, mormente os aspectos que em Londres revelaram-se de difícil entendimento e que conduziram essa ronda negocial a uma situação de impasse e que somente se desbloqueou com os quatro ou cinco encontros de Cantanhez que, na prática, foram internacionalmente caucionados em Argel.
A posição militar privilegiada do PAIGC depois de 1974 (nem sempre o desequilíbrio de forças foi favorável ao PAIGC), como referi anteriormente, permitiram que fosse esse Partido a influenciar a agenda dos processos que, no essencial, determinaram doravante o rumo dos acontecimentos. Senão vejamos: foi José Araújo (hábil jurista do PAIGC) quem redigiu as "Normas de Vida"que, não obstante algumas emendas de somenos importância sugeridas pela parte portuguesa, acabou no essencial por ser adoptada pelas partes em negociações no terreno.
Foi igualmente na sequência dessas negociações que o Governo português acabou por anuir a proposta do PAIGC no sentido de ser assinada um acordo geral em Argel (sintomaticamente, a escolha de Argel é do PAIGC por razões óbvias, pois ali tinha o apoio do Governo local, para além da pressão internacional exercida sobre o Governo português em sentido convergente, quer do lado do bloco afro-asiático, quer do bloco comunista, para além dos EUA, das Nações Unidas (na altura dirigida por Kurt Waldheim), e ainda, discretamente, também a pressão discreta exercida directa ou indirectamente sobre Lisboa por parte dos países nórdicos e escandinavos em geral.
Aliás, não é por acaso que aspectos que quase conduziam em Londres as delegações de Portugal e a do PAIGC a autêntica situação de crispação, foram quase que magicamente resolvidas posteriormente em Argel, tal a celeridade com que a delegação portuguesa anuiu em relação a todas elas, nomeadamente a exigência do PAIGC para que Portugal reconhecesse sem condições nenhumas a independência da Guiné-Bissau (entretanto proclamada unilateralmente em Madina de Boé, a 24 de Setembro de 1973), o direito à autodeterminação e independência de Cabo Verde e ainda o direito à autodeterminação e independência dos povos das restantes colónias africanas de Portugal.
Aliás, é curioso notar que foi igualmente na ronda negocial de Argel que as duas delegações aprovaram o plano de retracção do Exército português na Guiné, sintomaticamente, plano esse praticamente elaborado por Pedro Pires com base em documentos militares do QG do Comando-Chefe encontrados aquando da tomada de Guiledje, de resto, documentos que continham informações altamente classificadas e, portanto, fidedignas, sobre a composição numérica das unidades do Exercito português espalhados pelo TO, bem como a natureza táctica e estratégica dos dispositivos e companhias militares, incluindo as forças especiais.
Efectivamente, e tomando à letra os documentos de Arquivo do PAIGC, quase todo plano de retracção e evacuação do Exercito português na Guiné foi feito segundo o plano do PAIGC elaborado por Pedro Pires, actual Presidente de Cabo Verde que, não obstante não ter participado directa e pessoalmente nas negociações havidas em Cantanhez, chefiou e dirigiu, pessoalmente, as sessões negociais de Londres e Argel, assim como quase todo processo da descolonização da Guiné-Bissau e Cabo-Verde.
Curiosamente, não foi por acaso que Spínola o recusou cumprimentar a 10 de Agosto de 1974 (salvo erro), quando este chefiava a delegação do PAIGC que compareceu em Lisboa para a cerimónia solene do reconhecimento por Portugal da independência da República da Guiné-Bissau (Spínola acreditava também que Pedro Pires era o elemento moralmente responsável pela morte dos três majores na Guiné). Aliás, no seu discurso de circunstância, Spínola foi incisivo na maneira como se referia aos guinéus, em oposição aos caboverdianos, apesar da solenidade de que se rodeou a cerimónia.
Voltando agora à vaca fria, seria importante encontrar-se documentos militares portugueses que permitissem uma melhor aferição do processo da descolonização do Exercito português, mormente os condicionamentos que propiciaram o abandono dos ex-soldados africanos que combatiam nas fileiras do Exército português. Já agora, seria também importantíssimo aferir da existência ou não desses documentos e, inclusivamente, a aferição de um eventual plano alternativo de retracção militar do contingente português na Guiné, na medida em que, apesar de em 1974 o desequilíbrio de forças ser claramente a favor do PAIGC, facto esse que era mesmo reconhecido pelos INTREP com a chancela Reservado ou Secreto, em uso no QG em Bissau, nada fazia prever que o Comando-Chefe da altura pudesse aceite, como aparente ter acontecido com o Exército português na Guiné, que anuiu a quase totalidade das imposições do PAIGC, inclusive, a de nem sequer se ter dado ao trabalho de ter ou de apresentar, durante o processo negocial, um plano próprio de retracção/evacuação dos seus contingentes.
Sintomaticamente, os documentos do PAIGC são omissos quanto a existência de um tal plano, apesar de não podermos, por isso, aferir da sua inexistência, aliás, eu próprio devo reconhecer – e isso é certamente uma das lacunas de que a minha Tese enferma – que em muitas ocasiões, a interpretação dos factos foi sobremaneira condicionada pela existência de documentos disponíveis. No caso vertente, pelos documentos do Arquivo do PAIGC.
Como quer que seja, caro Reis, é pena já não termos o Fabião entre nós, pois seria certamente de grande utilidade uma sua entrevista com o fito de esclarecer as nossas dúvidas metódicas. O seu filho, Rui Fabião, meu antigo professor de português no Liceu em Bissau e até hoje meu amigo, não me conseguiu proporcionar uma entrevista com o pai ainda em vida, em virtude da frágil situação que o pai atravessava em termos de saúde.
Todavia, nas actas dos encontros de Cantanhez (lavradas põe elementos do Exército Português) e que reproduzi no livro que escrevi para o Presidente Aristides Pereira, encontram-se outros nomes que acompanharam o Fabião em todo esse processo. Eles poderão certamente ser úteis.
Do lado do PAIGC (não confundir com o PAIGC actual), para além dos Presidentes Aristides Pereira e Pedro Pires, outros elementos ainda vivos acompanharam de algum modo esse processo. Valeria a pena abordar-lhes.
Em Cabo Verde, é o caso do Comandante Julinho de Carvalho, ex-chefe do Estado-maior, que tomou parte nalgumas sessões negociais em Cantanhez. Relativamente a Guiné, foram os casos de Juvêncio Gomes, a contraparte de Fabião em todo o processo de transição; Lúcio Soares, que tomou parte nas negociações de Londres, creio.
No livro em referência que escrevi para o Presidente Aristides Pereira, entrevistei um número considerável de ex-combatentes do PAIGC, mas não posso agora precisar se terei ou não abordado os aspectos que agora indagamos. Vale a pena reler essas entrevistas, da mesma maneira que afigura-se importante ouvir os guineenses e caboverdianos que referi. Nesse sentido, caso tiveres interesse e disponibilidade, posso tentar facultar os contactos.
Leopoldo Amado
__________
Nota de L.G.
(1)Vd. post de 4 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P840 - Curriculum Vitae do nosso doutorando Leopoldo Amado
(2) Vd. post anterior, de 9 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P858: Plano de Evacuação da Guiné (Abril/Outubro de 1974) - I Parte (Paulo Reis)
Caro Paulo Reis (2),
Seria muito interessante encontrar-se o plano de retracção dos contingentes portugueses na Guiné. Eu não tive essa sorte, mas vali-me dos documentos do Arquivo do PAIGC sobre a matéria e, já agora, também gostaria de certifiacr-me da existência dessa documentação para, caso exista, confrontá-la com a interpretação que, em muitas situações, certamente foram condicionadas pela documentação do Arquivo do PAIGC.
Todavia, devo dizer-te que estou convencido de que tal plano não se elaborou na sequência das negociações de Londres, mas sim nos vários encontros havidos posteriormente na mata de Cantanhez entre o Comando-Chefe da Guiné e uma delegação político-militar do PAIGC. Foram esses encontros, mais do que as de Londres, que fizeram avançar as coisas. Publiquei no livro que escrevi para o Presidente as actas desses encontros elaboradas pelas NT (ver versão PALOP, Editorial Notícias).
Lembro-me que foi nas matas de Cantanhez que se aprovou conjuntamente o plano de retracção das tropas portuguesas, após ter sido adoptado pelas duas partes um documento intitulado "Normas de Vida", documento esse em que basicamente o PAIGC procurava regular a acção do Exército português na fase de transição, tanto mais que ali estava patente que os soldados portugueses apenas podiam deslocar-se num determinado raio de acção dos aquartelamentos, além de uma série de outras restrições em que se via claramente que o PAIGC influenciava a agenda e ditava o rumo dos acontecimentos.
Aliás, quando Spínola expediu para Bissau 20.000 cartazes com imagens suas – convicto como estava de que ainda iria proclamar a República da Guiné-Bissau numa Magna Assembleia em que forçosamente o PAIGC seria forçado a partilhar o poder com outras forças políticas emergentes, algumas delas fabricadas por Spínola com elementos a partir de elementos que com ele colaboraram na política da "Guiné Melhor" – o PAIGC fez ver ao Fabião que as negociações de Londres não permitiram avanços significativos que permitissem ajuizar sobre o diferendo político e militar.
Para além, pois, de recusar terminantemente a ideia da proclamação do Estado da Guiné-Bissau proposta por Spínola, o PAIGC lembrou a Portugal, por intermédio do Fabião, que em momento algum teria anunciado unilateralmente um cessar-fogo, pelo que a cessação das hostilidades que estava a observar, devia-se a um compromisso assumido na decorrência do encontro havido entre Mário Soares e Aristides Pereira, sob os auspícios de Senghor, pelo que a situação que prevalecia era globalmente considerada pelo PAIGC de "tréguas", donde a necessidade de assumpção de um compromisso pelo Comando-Chefe em Bissau relativamente as "Normas de Vida".
Assim, assinado que foram as "Normas de Vida" entre as duas partes, prefigurou-se doravante as condições para que o PAIGC conseguisse em Argel o essencial das suas reivindicações, mormente os aspectos que em Londres revelaram-se de difícil entendimento e que conduziram essa ronda negocial a uma situação de impasse e que somente se desbloqueou com os quatro ou cinco encontros de Cantanhez que, na prática, foram internacionalmente caucionados em Argel.
A posição militar privilegiada do PAIGC depois de 1974 (nem sempre o desequilíbrio de forças foi favorável ao PAIGC), como referi anteriormente, permitiram que fosse esse Partido a influenciar a agenda dos processos que, no essencial, determinaram doravante o rumo dos acontecimentos. Senão vejamos: foi José Araújo (hábil jurista do PAIGC) quem redigiu as "Normas de Vida"que, não obstante algumas emendas de somenos importância sugeridas pela parte portuguesa, acabou no essencial por ser adoptada pelas partes em negociações no terreno.
Foi igualmente na sequência dessas negociações que o Governo português acabou por anuir a proposta do PAIGC no sentido de ser assinada um acordo geral em Argel (sintomaticamente, a escolha de Argel é do PAIGC por razões óbvias, pois ali tinha o apoio do Governo local, para além da pressão internacional exercida sobre o Governo português em sentido convergente, quer do lado do bloco afro-asiático, quer do bloco comunista, para além dos EUA, das Nações Unidas (na altura dirigida por Kurt Waldheim), e ainda, discretamente, também a pressão discreta exercida directa ou indirectamente sobre Lisboa por parte dos países nórdicos e escandinavos em geral.
Aliás, não é por acaso que aspectos que quase conduziam em Londres as delegações de Portugal e a do PAIGC a autêntica situação de crispação, foram quase que magicamente resolvidas posteriormente em Argel, tal a celeridade com que a delegação portuguesa anuiu em relação a todas elas, nomeadamente a exigência do PAIGC para que Portugal reconhecesse sem condições nenhumas a independência da Guiné-Bissau (entretanto proclamada unilateralmente em Madina de Boé, a 24 de Setembro de 1973), o direito à autodeterminação e independência de Cabo Verde e ainda o direito à autodeterminação e independência dos povos das restantes colónias africanas de Portugal.
Aliás, é curioso notar que foi igualmente na ronda negocial de Argel que as duas delegações aprovaram o plano de retracção do Exército português na Guiné, sintomaticamente, plano esse praticamente elaborado por Pedro Pires com base em documentos militares do QG do Comando-Chefe encontrados aquando da tomada de Guiledje, de resto, documentos que continham informações altamente classificadas e, portanto, fidedignas, sobre a composição numérica das unidades do Exercito português espalhados pelo TO, bem como a natureza táctica e estratégica dos dispositivos e companhias militares, incluindo as forças especiais.
Efectivamente, e tomando à letra os documentos de Arquivo do PAIGC, quase todo plano de retracção e evacuação do Exercito português na Guiné foi feito segundo o plano do PAIGC elaborado por Pedro Pires, actual Presidente de Cabo Verde que, não obstante não ter participado directa e pessoalmente nas negociações havidas em Cantanhez, chefiou e dirigiu, pessoalmente, as sessões negociais de Londres e Argel, assim como quase todo processo da descolonização da Guiné-Bissau e Cabo-Verde.
Curiosamente, não foi por acaso que Spínola o recusou cumprimentar a 10 de Agosto de 1974 (salvo erro), quando este chefiava a delegação do PAIGC que compareceu em Lisboa para a cerimónia solene do reconhecimento por Portugal da independência da República da Guiné-Bissau (Spínola acreditava também que Pedro Pires era o elemento moralmente responsável pela morte dos três majores na Guiné). Aliás, no seu discurso de circunstância, Spínola foi incisivo na maneira como se referia aos guinéus, em oposição aos caboverdianos, apesar da solenidade de que se rodeou a cerimónia.
Voltando agora à vaca fria, seria importante encontrar-se documentos militares portugueses que permitissem uma melhor aferição do processo da descolonização do Exercito português, mormente os condicionamentos que propiciaram o abandono dos ex-soldados africanos que combatiam nas fileiras do Exército português. Já agora, seria também importantíssimo aferir da existência ou não desses documentos e, inclusivamente, a aferição de um eventual plano alternativo de retracção militar do contingente português na Guiné, na medida em que, apesar de em 1974 o desequilíbrio de forças ser claramente a favor do PAIGC, facto esse que era mesmo reconhecido pelos INTREP com a chancela Reservado ou Secreto, em uso no QG em Bissau, nada fazia prever que o Comando-Chefe da altura pudesse aceite, como aparente ter acontecido com o Exército português na Guiné, que anuiu a quase totalidade das imposições do PAIGC, inclusive, a de nem sequer se ter dado ao trabalho de ter ou de apresentar, durante o processo negocial, um plano próprio de retracção/evacuação dos seus contingentes.
Sintomaticamente, os documentos do PAIGC são omissos quanto a existência de um tal plano, apesar de não podermos, por isso, aferir da sua inexistência, aliás, eu próprio devo reconhecer – e isso é certamente uma das lacunas de que a minha Tese enferma – que em muitas ocasiões, a interpretação dos factos foi sobremaneira condicionada pela existência de documentos disponíveis. No caso vertente, pelos documentos do Arquivo do PAIGC.
Como quer que seja, caro Reis, é pena já não termos o Fabião entre nós, pois seria certamente de grande utilidade uma sua entrevista com o fito de esclarecer as nossas dúvidas metódicas. O seu filho, Rui Fabião, meu antigo professor de português no Liceu em Bissau e até hoje meu amigo, não me conseguiu proporcionar uma entrevista com o pai ainda em vida, em virtude da frágil situação que o pai atravessava em termos de saúde.
Todavia, nas actas dos encontros de Cantanhez (lavradas põe elementos do Exército Português) e que reproduzi no livro que escrevi para o Presidente Aristides Pereira, encontram-se outros nomes que acompanharam o Fabião em todo esse processo. Eles poderão certamente ser úteis.
Do lado do PAIGC (não confundir com o PAIGC actual), para além dos Presidentes Aristides Pereira e Pedro Pires, outros elementos ainda vivos acompanharam de algum modo esse processo. Valeria a pena abordar-lhes.
Em Cabo Verde, é o caso do Comandante Julinho de Carvalho, ex-chefe do Estado-maior, que tomou parte nalgumas sessões negociais em Cantanhez. Relativamente a Guiné, foram os casos de Juvêncio Gomes, a contraparte de Fabião em todo o processo de transição; Lúcio Soares, que tomou parte nas negociações de Londres, creio.
No livro em referência que escrevi para o Presidente Aristides Pereira, entrevistei um número considerável de ex-combatentes do PAIGC, mas não posso agora precisar se terei ou não abordado os aspectos que agora indagamos. Vale a pena reler essas entrevistas, da mesma maneira que afigura-se importante ouvir os guineenses e caboverdianos que referi. Nesse sentido, caso tiveres interesse e disponibilidade, posso tentar facultar os contactos.
Leopoldo Amado
__________
Nota de L.G.
(1)Vd. post de 4 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P840 - Curriculum Vitae do nosso doutorando Leopoldo Amado
(2) Vd. post anterior, de 9 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P858: Plano de Evacuação da Guiné (Abril/Outubro de 1974) - I Parte (Paulo Reis)
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