A escassos metros do grupo do Hugo Moura Ferreira, encontravam-se os seguintes elementos da nossa tertúlia de amigos e camaradas da Guiné, entre as 11 e as 12h: na primeira fila, eu, próprio, Luís Graça (CCAÇ 12, 1969/71), à esquerda, e a meu lado o Carlos Fortunato (CCAÇ 13, 21969/71); na segunda fila, a contar da esquerda para a direita: o Jorge Cabral (Pel Caç Nat 63, 1969/71), o António Duarte (CART 3493 e CCAÇ 12, 1972/74), o Mário Dias (Comandos, 1963/66), o José Martins (CCAÇ 5, 1968/70), o Francisco Baldé (1ª, 2ª e 3ª Companhia de Comandos Africanos, 1969/74) e o João Parreira (CART 730 e Comandos, 1964/66).
Lisboa, Belém, 10 de Junho de 2006 > 13º Encontro Nacional de Combatentes>
Descobri, no meio da multidão, o Furriel Comando Francisco Baldé, que esteve em Fá Mandinga, na fase de instrução de aperfeiçoamento operacional da 1º Companhia de Comandos Africanos; apresentei-o ao Jorge Cabral, na época o comandante do destacamento, que era guarnecido pelo Pel Caç Nat 63; ei-los aqui, à minha direita e à direita do José Martins. O Jorge Cabral terá, concerteza, oportunidade de relatar, em mais pormenor, as conversas havidas entre ambos, resultantes deste encontro inesperado...
Lisboa, Belém, 10 de Junho de 2006 > 13º Encontro Nacional de Combatentes>
O nosso querido amigo e camarada José martins, que é já um habitué destes encontros. Fez-se acompanhar da esposa, tal como eu... Eu já conhecia o Martins, uma vez que ele trabalha e vive relativamente perto do meu local de trabalho. Recorde-se que o Martins foi furriel miliciano de transmissões na CCAÇ 5 - Os Gatos Pretos (Canjadude, 1968/70).
Lisboa, Belém, 10 de Junho de 2006 > 13º Encontro Nacional de Combatentes >
O Martins e o Cabral (que me confidenciou: "Só tu é que me podias trazer ao 10 de Junho"; e eu retorqui-lhe na mesma moeda: "Só vocês é que me podiam trazer ao 10 de Junho").
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Foi também um grande prazer rever o calmeirão do Carlos Fortunato (furriel miliciano de armas pesadas e minas e armadilhas, da CCAÇ 13, 1969/71) que eu só conhecia de fotografia e de contacto telefónico, mas de quem tinha uma vaga ideia, já que fomos para a Guiné no mesmo navio, o Niassa, tendo chegado a Bissau a 30 de Maio de 1969. Não me foi difícil reconhecê-lo: ele pertencia à CCAÇ 2590 e eu à CCAÇ 2591, que mais tarde deram origem à CCAÇ 12 e à CCAÇ 13, respectivamente. Ei-lo em íntima conversa com o furriel comando Francisco Baldé, da 3ª Companhia de Comandos Africanos (passou também pela 1ª e pela 2ª). O Carlos anima, com muita competência, dedicação e carinho, uma página na Net, respeitante à sua unidade - Os Leões Negros, mais antiga que o nosso blogue. Como bons amigos e camaradas, trocamos fotos e outra documentação. Foi o Carlos que nos forneceu todos os elementos para a criação da página sobre Bissorã.
Segundo informação que me deu posteriormente o Carlos, "o Jorge Cabral vai investigar a história do bisavô do Francisco Baldé, que foi o 1º Rei Africano a visitar o Rei D. Carlos. O seu nome era Samba Ailé Baldé, e tal ocorreu em 1896. A sua etnia era Fula, e foi rei na região do Gabú" (1).
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Também encontrámos antigos combatentes guineenses, como foi o caso do Rachid (aqui ao lado do Jorge Cabral), que pertenceu à CCAÇ 21 e conheceu malta da CCAÇ 12, como o Abibo Jau, cuja execução pelo PAIGC ele confirmou (assim como a morte violenta do poderoso régulo de Badora)... O Rachid, que também ele teve de fugir para o Senegal, vive e trabalha hoje em Portugal, na construção civil. O Jorge Cabral teve oportunidade de falar mais tempo com ele e de ficar com o contacto dele.
Lisboa, Belém, 10 de Junho de 2006 > 13º Encontro Nacional de Combatentes >
O João Parreira e o Miranda, dois veteranos dos velhos comandos de Brá. Foi o João que me reconheceu de imediato, já que eu não tinha nenhuma fotografia actual dele. Ele escreveu-me logo a seguir dizendo: "Caro Luís Graça: Também tive muito gosto em conhecer-te pessoalmente, bem assim como outros tertulianos. O Furriel Miliciano do Grupo Panteras que não fixaste o nome chama-se António Manuel Constantino Vassalo Miranda. Ele não usa computador mas através de outra pessoa mandou-me o ano passado alguns depoimentos interessantes. Um deles foca o assunto do tal baile da Associação em que ele também entrou.
No dia 10 falei-lhe sobre isso e ele disse-me que se achares oportuno eu podia
enviá-lo para o blogue, pois assim completava as duas versões que já publicaste de dois intervenientes. Mais tarde falarei com ele sobre outros depoimentos".
Também o Mário Dias me forneceu, por e-mail, informação adiconal sobre o Miranda a quem eu peço desculpa por não ter fixado o nome, de imediato, embora percebesse que era uma pessoa muito acarinhada e respeitada pelos outros camaradas dos velhos comandos de Brá:
"Também ele faz parte dos velhos comandos de Brá pois foi um dos militares que se deslocaram a Angola em 1963 para receber instrução nos comandos e que, no regresso à Guiné, organizaram e instruiram o grupo que tomou parte na Operação Tridente. Desse grupo que se deslocou a Angola, 3 oficiais, 1 sargento, 3 furriéis e 2 cabos, apenas 3 continuam vivos: eu, o Miranda e o Gil Dias que é meu irmão mas que não continuou nos comandos após a Op Tridente" (1).
Outros encontros > 24 de Setembro de 2005>
Mais de quatro décadas passadas sobre da Operação Tridente (Ilha do Como, 1964), eis alguns dos elementos que nela tomaram parte, pertencentes ao Grupo de Comandos, fotografados durante o convívio dos Grupos de Comandos que actuaram na Guiné entre 1964/66. Da esquerda para a direita: (i) sold João Firmino Martins Correia; (ii) 1º cabo Marcelino da Mata; (iii) 1º cabo Fernando Celestino Raimundo; (iv) fur mil António M. Vassalo Miranda; (v) fur Mário F. Roseira Dias; (vi) sold Joaquim Trindade Cavaco(Os postos, referentes a cada uma, são os que tinham à época dos acontecimentos).
Foto: © Mário Dias (2005)
Lisboa, Belém, 10 de Junho de 2006 > 13º Encontro Nacional de Combatentes >
Tive a oportunidade também de conhecer pessoalmente o Mário Dias, personalidade que admiro e respeito. É claro que o tempo foi curto mas deu para perceber que ele e os respeitantes camaradas da nossa terúlia, que eu ainda não conhecia, eram uns gajos fixes. Incentivei-o a voltar a escrever no nosso blogue. O Mário respondeu-me depois, por e-mail: "Foi para mim maravilhoso ter-te conhecido pessoalmente. Confesso que a minha expectativa não saíu defraudada pois a tua pessoa corresponde exactamente à imagem que de ti fazia. O que mais me impressionou em ti foi essa tua vontade de a todos dares voz e a todos manteres unidos e amigos respeitando todos e cada um. Não é por acaso que és sociólogo.Bem hajas. Quanto à minhas memórias da Guiné, terra cujo fascínio é responsável por este nosso alinhar de memórias, vão continuar em breve. Espero que ainda nesta semana".
Paguei-lhe com igual moeda, o mesmo é dizer, com afecto e amizade: "Mário: retribuo-te de igual maneira… Tu só podias ser um gajo bom, de grande estatura moral, de grande honestidade intelectual, coerente, patriota, amigo dos seus amigos, camarada dos seus camaradas… Um homem revela-se muito no que escreve, até mais do que naquilo que diz… Obrigado também pelas tuas dicas sobre o Miranda"
PS - Também tive a sorte de encontrar o nosso ranger do Porto, o Magalhães Ribeiro, que vinha com a delegação do Porto da Associação de Operações Especias. Prometo publicar uma foto aqui, no blogue, para celebrar a ocasião. Já nos conhecíamos do Porto, do último Natal de 2005. Em contrapartida, desencontrámo-nos dos restantes camaradas, o que eu sou o primeiro a lamentar, como aqui já deixei referido anteriormente. Um grande abraço de amizade e apreço para o Hugo e restantes camaradas: o Lema Santos, o Sérgio Pereira, o Fernando Franco e o Fernando Chapouto (2)
Créditos fotográficos: © Luís Graça & Camaradas da Guiné (2006)
___________
Notas de L.G.
(1) Sobre a Op Tridente, vd posts de:
15 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCLXXII: Op Tridente (Ilha do Como, 1964): Parte I (Mário Dias)
16 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCLXXV: Op Tridente (Ilha do Como, 1964): II Parte (Mário Dias)
17 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCLXXX: Op Tridente (Ilha do Como, 1964): III Parte (Mário Dias)
(2) Vd. post de 11 de Lunho de 2006 > Guiné 63/74 - P863: Os nossos (des)encontros do 10 de Junho (Hugo Moura Ferreira)
(2) Eis os elementos informativos que o Carlos Fortunato conseguiu recolher da conversa que teve com o Franscisco Baldé e que que acaba de publicarma sua págimna sobre a CCAÇ 13 - Os Leões Negros (vd. : Guerra na Guiné > O massacre dos soldados africanos)
" (...) Francisco Amadeu Baldé foi um dos comandos que conseguiu sobreviver. Era furriel na 3ª Companhia de Comandos Africanos (tinha anteriormente passado pela 1ª e pela 2ª Companhia de Comandos Africanos).
"De acordo com o seu relato, foi preso e levado para a esquadra da polícia juntamente com outros comandos. Lembra-se como as celas eram pequenas, sendo obrigado a ficar sentado pois não tinham altura para mais.
"O seu destino estava traçado, ia ser fuzilado no dia seguinte, no entanto a sua mulher Áliu, conseguiu pelos contactos que possuía, que um dos altos responsáveis pela segurança do PAIGC, Buscardino, intercedesse e o mandasse libertar (Buscardino seria posteriormente morto, no golpe de estado de Nino Vieira a 14 de Novembro de 1980).
"A partir daqui começou a sua fuga em direcção ao Senegal, dirigiu-se para Sará onde tinha familiares, os quais o recolheram.
"Conta que mesmo no Senegal, o PAIGC continuou a perseguição enviando agentes, com promessas de que podiam regressar à Guine, mas os que o fizeram foram logo mortos ao atravessar a fronteira.
"O seu regresso à Guiné seria apenas depois do golpe de estado de Nino Vieira a 14 de Novembro de 1980.
"Após a tomada do poder por Nino Vieira, terminaram as matanças e as prisões arbitrárias, mas todos os que tinham pertencido ao exército português eram excluídos da sociedade, não havendo trabalho para eles. Contudo Francisco conseguiu arranjar trabalho na embaixada da Líbia, e mais tarde regressar a Portugal, onde reside actualmente".
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