Matosinhos > Restaurante Milho Rei > Tabanca de Matosinhos > 8 de Abril de 2009 > De costas, o Zé Manel, que veio da Régua; em frente, da esquerda para a direita, a Alice, de férias no Norte , a Dina e o marido Carlos Vinhal, o nosso actual editor em chefe...
Matosinhos > Restaurante Milho Rei > 8 de Abril de 2009 > O tradicional almoço das 4ªas feiras da Tabanca de Matosinhos > Em primeiro plano , o A. Marques Lopes que me fez uma surpresa: trouxe-me o Domingos Maçarico, que pertence ao ramo de Mira da família Maçarico, cujo núcleo duro, de origem, é Ribamar, concelho de Lourinhã... Fiquei a conhecer, pessoalmente, mais um parente... Engenheiro agrónomo, o Domingos vive em Lisboa. Apesar de ser um homem muito ocupado pelas funções profissionais que exerce num grande grupo económico português, jurámos encontrarmo-nos lá para as nossas bandas, na altura do Verão.
Matosinhos > Restaurante Milho Rei > Almoço das 4ªs feiras da Tabanca de Matosinhos > 8 de Abril de 2009 > Mais um aspecto da mesa, em U, à volta da qual se reuniu mais de 40 convivas...
Matosinhos > Restaurante Milho Rei > 8 de Abril de 2009 > Tabanca d Matosinhos > Esta semana houve rancho melhorado... O Xico Allen, um dos organizadores do almoço-convívio, juntamente com a cozinheira Isilda Maria do Rosário Gomes de Sousa, que foi contratada para o efeito.
Matosinhos > Restaurante Milho Rei > 8 de Abril de 2009> O chabéu de frango de arroz... Os sabores da Guiné...
Matosinhos > Restaurante Milho Rei > 8 de Abril de 2009 > O José Casimiro Carvalho e o cunhado Eduardo Campos (que foi 1º Cabo Trms, em Bijene, Cufar e Nhacra)...
Matosinhos > Restaurante Milho Rei > 8 de Abril de 2009 > O Álvaro Basto é outras almas que animam a Tabanca de Matosinhos (e o seu blogue)... Desta vez era o tesoureiro.
Dois amigos da Figueira, do tempo do liceu: O Domingos Maçarico e o António Pimentel... O Domingos é de Mira... Reconheceu neste encontro o seu velho condiscípulo, figueirense (que hoje vive no Porto)...
O Domingos Maçarico e o António Batista, o nosso camarada a quem chamamos carinhosamente o morto-vivo do Quirafo (no dia 17 de Abril próximo fará 37 anos a tragédia do Quirafo, em que o Batista foi um apanhado à unha pelos tipos do PAIGC e levado para a Conacri, como prisioneiro; em contrapartida, foi dado como morto pelo seu comandante e a tropa mandou enterrá-lo no cemitério da sua terra)...
Fotos e legendas: © Luís Graça (2009). Direitos reservados
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Nota de L.G. (em férias):
(*) Vd. poste de 8 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4158: O mundo é pequeno e o nosso blogue... é grande (3): Hoje houve ronco na Tabanca de Matosinhos (Luís Graça)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
quinta-feira, 9 de abril de 2009
quarta-feira, 8 de abril de 2009
Guiné 63/74 - P4158: O mundo é pequeno e a nossa Tabanca... é grande (3): Hoje houve ronco na Tabanca de Matosinhos (Luís Graça)
Matosinhos > 8 de Abril de 2009 > Tínhamos marcado encontro, hoje, no Restaurante Milho Rei, sito na esquina da Rua Heróis de França, 721, com a Av da República, e que é às quartas-feiras a sede da Tabanca de Matosinhos. Estavam lá todos ou quase todos os nossos camaradas de Matosinhos & arredores, os do costume, mais uns tantos, periquitos ou sulistas... Fica aqui uma foto (incompleta) de família... O resto da narrativa tem continuação, mais logo, se houver uma aberta na blogosfera...
Matosinhos > Restaurante Milho Rei > 8 de Abril de 2009 > A cozinheira, guineense, Isilda Maria do Rosário Gomes de Sousa, há 15 anos em Portugal. Filha de Salvador, irmão do Carlos Domingos Gomes, o velho Cadogo - comerciante de Bissau, nacionalista, e que eu tive o prazer de conhecer pessooalmente no Simpósio Internacional de Guileje (Bissau, 1-7 de Março de 2008), pai do actual primeiro ministro, Carlos Gomes Júnior ... (Aproveito para publicamente dizer, a todo o pessoal interessado, que ele Cadogo, teve a gentileza de me oferecer um exemplar, autografado, das suas memórias, e de me autorizar a sua publicação no nosso blogue, o que fareo em próxima oportunidade)...
Foi a simpatiquíssima Isilda que nos fez o panelão de chabéu, servido à mesa para mais de 4 dezenas de convivas... O petisco estava cinco estrelas, e mereceu os aplausos gerais. No início, o Xico Allen estava preocupado com o número (imprevisto) de comilões que foram chegando à mesa... Mas o chabéu chegou para todos....
A nossa amiga fez uma curta declaração para o blogue e fez votos de paz para o seu país... "Que deixem de se matar uns os outros!" - foi o seu grito de guerra...
Matosinhos > Restaurante Milho Rei > 8 de Abril de 2009 > A cozinheira, guineense, Isilda Maria do Rosário Gomes de Sousa, há 15 anos em Portugal. Filha de Salvador, irmão do Carlos Domingos Gomes, o velho Cadogo - comerciante de Bissau, nacionalista, e que eu tive o prazer de conhecer pessooalmente no Simpósio Internacional de Guileje (Bissau, 1-7 de Março de 2008), pai do actual primeiro ministro, Carlos Gomes Júnior ... (Aproveito para publicamente dizer, a todo o pessoal interessado, que ele Cadogo, teve a gentileza de me oferecer um exemplar, autografado, das suas memórias, e de me autorizar a sua publicação no nosso blogue, o que fareo em próxima oportunidade)...
Foi a simpatiquíssima Isilda que nos fez o panelão de chabéu, servido à mesa para mais de 4 dezenas de convivas... O petisco estava cinco estrelas, e mereceu os aplausos gerais. No início, o Xico Allen estava preocupado com o número (imprevisto) de comilões que foram chegando à mesa... Mas o chabéu chegou para todos....
A nossa amiga fez uma curta declaração para o blogue e fez votos de paz para o seu país... "Que deixem de se matar uns os outros!" - foi o seu grito de guerra...
Matosinhos > Restaurante Milho Rei > 8 de Abril de 2009 > A organizaçã estava a cargo do Xico Allen, do Silvério Lobo (aqui na foto) e do Álvaro Basto. O Zé Teixeira, desta vez, não compareceu, porque estava em viagem de turismo pelo Reino de Marrocos... O ambiente geral foi de grande alegria, confraternização, camaradagem, partilha... No vídeo, a nossa amiga Isilda cantou o Adeus, Guiné! com aquela energia e garra que nos habituámos a ver e a admirar nas mulheres guineenses.
Foto e vídeos: © Luís Graça (2009). Direitos reservados
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Notas de L.G.:
(*) 5 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4144: O mundo é pequeno e o nosso blogue... é grande (2): Partiu vivo jovem forte/Voltou bem grave e calado... (Sophia) (Vasco da Gama)
Foto e vídeos: © Luís Graça (2009). Direitos reservados
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Notas de L.G.:
(*) 5 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4144: O mundo é pequeno e o nosso blogue... é grande (2): Partiu vivo jovem forte/Voltou bem grave e calado... (Sophia) (Vasco da Gama)
Guiné 63/74 - P4157: Não sei o tamanho do meu coração, mas todos cabeis nele, não tenho dúvida (J. Mexia Alves)
1. Mensagem de J. Mexia Alves, com data de 7 de Abril de 2009
Meu caro Carlos Vinhal
Para ti um abraço maior que o mundo pela tua amizade. Obrigado, bem hajas.
Meus caros editores
Deixo à vossa consideraçãoa publicação do texto que vos anexo e que foi a melhor forma que encontrei para agradecer a todos a amizade com que envolveram os meus 60 anos.
Calculo que poderá não ter a ver com a normal linha de textos da Tabanca, mas deixo isso à vossa consideração.
Agradeço apenas que me informem da vossa decisão para que se o dito cujo não for publicado, eu possa agradecer a todos em particular.
Junto também as fotografias de que falo e penso já fazem parte do arquivo da Tabanca.
Mais uma vez, obrigado, porque não tenho mais palavras.
Abraço camarigo da Guiné a Portugal do
Joaquim Mexia Alves
2. Caros Camarigos
Quando na noite de 5 para 6 de Abril, antes de me deitar, decidi ir despedir-me do pessoal da Tabanca, sentados à volta da fogueira, porque na Guiné faz frio como o caraças, sou surpreendido com a minha tromba esparramada pelas paredes da Tabanca.
Pensei logo o que é que teria feito para me ver ali tão retratado!
Percebi então que era por causa dos meus 60 anos, (já cá cantam), e comecei a ler o texto que lá estava publicado.
Qual não é o meu espanto quando me apercebo que tinha um sósia na Tabanca, pois os elogios e os encómios eram tantos, que só poderiam ser para um gajo muita parecido comigo, e que ainda por cima tinha uma fronha igual à minha!
Continuei a ler e tive de me render à evidência, o tal gajo afinal era eu, ou seja, afinal não havia outra!!!
Claro pensei logo em marcar consulta para o oftalmologista do Carlos Vinhal, porque o rapaz está nitidamente a precisar de umas novas lentes, porque as que tem dá-lhe para ver coisas que não existem!!!
Visões de qualidades e virtudes e coisas assim, que só existem na sua amizade!!!
À medida que ia lendo os comentários que iam surgindo a minha mulher ia-me chegando lenços de papel para conter a baba que me escorria queixo abaixo, não só por ter a boca aberta de espanto, mas porque salivava de tanta vaidade que me ia no pensamento.
Foi aí que tudo se esfumou, quando ela me perguntou com um ar incrédulo:
- Mas este és tu?
E largou a rir, com um riso contagiante, de quem tinha ouvido a melhor anedota do ano!
Confesso que fiquei um pouco chateado, porque, raios parta, não sou assim como me pintaram, mas que raio, hei-de ter alguma coisa de bom!
De qualquer maneira isto não se faz a um homem de 60 anos!!!
Não se põe assim um homem a chorar sem mais nem menos, sabendo que o desgraçado tem a lágrima fácil!
Até fez lembrar aquele filme do antigamente, (não me lembro qual), em que o Vasco Santana dizia qualquer coisa como: - Então bebeste vinho e estás a deitar água pelos olhos?
Não sei o que vos dizer a todos e muito particularmente ao Carlos Vinhal.
Obrigado parece-me pouco, mas é uma palavra que vinda do coração significa muito.
Talvez um muito português Bem Hajam, fique melhor e seja mais sentido.
Gostava de responder a cada um particularmente, mas a minha vivência da Semana Santa toma-me, graças a Deus, muito tempo, do qual não me quero desviar.
Mas uma coisa vos garanto:
Não sei o tamanho do meu coração, mas que todos cabeis nele não tenho dúvida nenhuma.
E, meus camarigos, se estais no meu coração, estais nas minhas orações que é o melhor que tenho para vos dar.
A todos e a cada um em particular o meu maior ABRAÇO CAMARIGO
Joaquim Mexia Alves
Para que este texto tenha a ver mais com a Guiné, mando duas fotografias: uma dos festejos dos meus 24 anos no Mato Cão, outra do meu estado após os festejos dos meus 23 anos no Xitole.
Xitole, 1972 > Fazer 23 anos é mesmo uma tragédia. Há até quem beba para esquecer
Mato Cão, 1973 > O ambiente ainda é sereno
Fotos: © J. Mexia Alves (2009). Direitos reservados
Legendas: CV
3. Comentário de CV:
Esta foi a forma que o nosso camarigo Joaquim encontrou para agradecer os elogios recebidos, que não merecia, enviados por uns quantos marmelos, que cegos pela amizade, lhe dirigiram injustamente.
4. Já agora aproveito a boleia para deixar aqui o comentário que o J. Mexia Alves fez no Poste 4155 do Jorge Cabral. Sem comentários.
Ó Jorge Cabral, só tu para nos dares esta história magnifica.
Deixo aqui a minha modesta contribuição, numa parceria com um tal Luís de Camões.
As armas e os Bandos assinalados,
Que do arame farpado de origem Lusitana,
Por matos nunca de antes espezinhados,
Não se atreveram a sair da sua cabana.
Em brincadeiras e jogos esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
Bebendo umas cervejas edificaram
Vários Quartéis que nunca abandonaram;
Cessem do pobre Almeida e do Troiano
As operações grandes que fizeram;
Cale-se do Bruno e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o Bando ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram:
Cesse tudo o que o Bruno antigo canta,
Que outro Bando mais alto se alevanta.
Abraço camarigo
JMA
__________
Nota de CV:
(*) Vd. poste de 6 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4146: Parabéns a você (3): No dia 6 de Abril de 2009, ao camarigo Joaquim Mexia Alves, ex-Alf Mil Op Esp, Guiné 1971/73 (Editores)
(**) Vd. poste de 8 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4155: Estórias cabralianas (48): A Bandolândia ou uma aula de história em... 2092 (Jorge Cabral)
Meu caro Carlos Vinhal
Para ti um abraço maior que o mundo pela tua amizade. Obrigado, bem hajas.
Meus caros editores
Deixo à vossa consideraçãoa publicação do texto que vos anexo e que foi a melhor forma que encontrei para agradecer a todos a amizade com que envolveram os meus 60 anos.
Calculo que poderá não ter a ver com a normal linha de textos da Tabanca, mas deixo isso à vossa consideração.
Agradeço apenas que me informem da vossa decisão para que se o dito cujo não for publicado, eu possa agradecer a todos em particular.
Junto também as fotografias de que falo e penso já fazem parte do arquivo da Tabanca.
Mais uma vez, obrigado, porque não tenho mais palavras.
Abraço camarigo da Guiné a Portugal do
Joaquim Mexia Alves
2. Caros Camarigos
Quando na noite de 5 para 6 de Abril, antes de me deitar, decidi ir despedir-me do pessoal da Tabanca, sentados à volta da fogueira, porque na Guiné faz frio como o caraças, sou surpreendido com a minha tromba esparramada pelas paredes da Tabanca.
Pensei logo o que é que teria feito para me ver ali tão retratado!
Percebi então que era por causa dos meus 60 anos, (já cá cantam), e comecei a ler o texto que lá estava publicado.
Qual não é o meu espanto quando me apercebo que tinha um sósia na Tabanca, pois os elogios e os encómios eram tantos, que só poderiam ser para um gajo muita parecido comigo, e que ainda por cima tinha uma fronha igual à minha!
Continuei a ler e tive de me render à evidência, o tal gajo afinal era eu, ou seja, afinal não havia outra!!!
Claro pensei logo em marcar consulta para o oftalmologista do Carlos Vinhal, porque o rapaz está nitidamente a precisar de umas novas lentes, porque as que tem dá-lhe para ver coisas que não existem!!!
Visões de qualidades e virtudes e coisas assim, que só existem na sua amizade!!!
À medida que ia lendo os comentários que iam surgindo a minha mulher ia-me chegando lenços de papel para conter a baba que me escorria queixo abaixo, não só por ter a boca aberta de espanto, mas porque salivava de tanta vaidade que me ia no pensamento.
Foi aí que tudo se esfumou, quando ela me perguntou com um ar incrédulo:
- Mas este és tu?
E largou a rir, com um riso contagiante, de quem tinha ouvido a melhor anedota do ano!
Confesso que fiquei um pouco chateado, porque, raios parta, não sou assim como me pintaram, mas que raio, hei-de ter alguma coisa de bom!
De qualquer maneira isto não se faz a um homem de 60 anos!!!
Não se põe assim um homem a chorar sem mais nem menos, sabendo que o desgraçado tem a lágrima fácil!
Até fez lembrar aquele filme do antigamente, (não me lembro qual), em que o Vasco Santana dizia qualquer coisa como: - Então bebeste vinho e estás a deitar água pelos olhos?
Não sei o que vos dizer a todos e muito particularmente ao Carlos Vinhal.
Obrigado parece-me pouco, mas é uma palavra que vinda do coração significa muito.
Talvez um muito português Bem Hajam, fique melhor e seja mais sentido.
Gostava de responder a cada um particularmente, mas a minha vivência da Semana Santa toma-me, graças a Deus, muito tempo, do qual não me quero desviar.
Mas uma coisa vos garanto:
Não sei o tamanho do meu coração, mas que todos cabeis nele não tenho dúvida nenhuma.
E, meus camarigos, se estais no meu coração, estais nas minhas orações que é o melhor que tenho para vos dar.
A todos e a cada um em particular o meu maior ABRAÇO CAMARIGO
Joaquim Mexia Alves
Para que este texto tenha a ver mais com a Guiné, mando duas fotografias: uma dos festejos dos meus 24 anos no Mato Cão, outra do meu estado após os festejos dos meus 23 anos no Xitole.
Xitole, 1972 > Fazer 23 anos é mesmo uma tragédia. Há até quem beba para esquecer
Mato Cão, 1973 > O ambiente ainda é sereno
Fotos: © J. Mexia Alves (2009). Direitos reservados
Legendas: CV
3. Comentário de CV:
Esta foi a forma que o nosso camarigo Joaquim encontrou para agradecer os elogios recebidos, que não merecia, enviados por uns quantos marmelos, que cegos pela amizade, lhe dirigiram injustamente.
4. Já agora aproveito a boleia para deixar aqui o comentário que o J. Mexia Alves fez no Poste 4155 do Jorge Cabral. Sem comentários.
Ó Jorge Cabral, só tu para nos dares esta história magnifica.
Deixo aqui a minha modesta contribuição, numa parceria com um tal Luís de Camões.
As armas e os Bandos assinalados,
Que do arame farpado de origem Lusitana,
Por matos nunca de antes espezinhados,
Não se atreveram a sair da sua cabana.
Em brincadeiras e jogos esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
Bebendo umas cervejas edificaram
Vários Quartéis que nunca abandonaram;
Cessem do pobre Almeida e do Troiano
As operações grandes que fizeram;
Cale-se do Bruno e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o Bando ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram:
Cesse tudo o que o Bruno antigo canta,
Que outro Bando mais alto se alevanta.
Abraço camarigo
JMA
__________
Nota de CV:
(*) Vd. poste de 6 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4146: Parabéns a você (3): No dia 6 de Abril de 2009, ao camarigo Joaquim Mexia Alves, ex-Alf Mil Op Esp, Guiné 1971/73 (Editores)
(**) Vd. poste de 8 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4155: Estórias cabralianas (48): A Bandolândia ou uma aula de história em... 2092 (Jorge Cabral)
Guiné 63/74 - P4156: Convívios (107): Pessoal da CCAV 8351 - Tigres de Cumbijã, dia 9 de Maio de 2009 em Meadela, Viana do Castelo (João Melo)
Os Tigres de Cumbijã, 1972/74
Os TIGRES do Cumbijã vão reunir-se no próximo dia 9 de Maio em Viana do Castelo.
Encontro pelas 10 horas no Monte de Santa Luzia, junto ao Templo do Sagrado Coração de Jesus, onde pelas 11 horas será celebrada uma Missa.
Almoço na Quinta da Presa, freguesia de Meadela, a poucos minutos do Monte de Santa Luzia.
Agraddeço a confirmação, com indicação do número de pessoas, até ao dia 13 de Abril, por carta para:
Joaquim da Silva Costa
Tv. Almirante Pinheiro de Azevedo, 20
4435-092 Rio Tinto
Telf/Telem 224 896 133 / 962 659 543
email - joaquimsilvacosta@portugalmail.pt
Joaquim Costa
ex-Fur Mil
1.º e 2.º Pelotões
OBS:-Para obter mais pormenores, ampliar a imagem__________
Nota de CV.
Vd. último poste da série de 7 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4152: Convívios (105): 20.º Convívio da CCS/BART 1914, CART 1743, Pel Mort 1208 e Pel Daimler, Tite - 1967/69 (José Costa)
Os TIGRES do Cumbijã vão reunir-se no próximo dia 9 de Maio em Viana do Castelo.
Encontro pelas 10 horas no Monte de Santa Luzia, junto ao Templo do Sagrado Coração de Jesus, onde pelas 11 horas será celebrada uma Missa.
Almoço na Quinta da Presa, freguesia de Meadela, a poucos minutos do Monte de Santa Luzia.
Agraddeço a confirmação, com indicação do número de pessoas, até ao dia 13 de Abril, por carta para:
Joaquim da Silva Costa
Tv. Almirante Pinheiro de Azevedo, 20
4435-092 Rio Tinto
Telf/Telem 224 896 133 / 962 659 543
email - joaquimsilvacosta@portugalmail.pt
Joaquim Costa
ex-Fur Mil
1.º e 2.º Pelotões
OBS:-Para obter mais pormenores, ampliar a imagem__________
Nota de CV.
Vd. último poste da série de 7 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4152: Convívios (105): 20.º Convívio da CCS/BART 1914, CART 1743, Pel Mort 1208 e Pel Daimler, Tite - 1967/69 (José Costa)
Guiné 63/74 - P4155: Estórias cabralianas (48): A Bandolândia ou uma aula de história em... 2092 (Jorge Cabral)
1. Mensagem de Jorge Cabral, enviada em 1 de corrente:
Amigos! A propósito de Bandos, uma viagem ao Futuro...
Grande Abraço
Jorge
2. Histórias cabralianas (*) > AULA DE HISTÓRIA – ANO 2092
O Cidadão – Aluno XI7 frequenta a décima semana do Curso Unificado – Primário, Secundário, Universitário, o qual segundo as normas da Declaração de Cacilhas, lher irá conferir o Diploma da Sabedoria.
Claro que, quando entrou na escola, já dominava muitas das matérias que antigamente demoravam anos a aprender, pois logo em criança lhe implantaram um chip com todos os conhecimentos básicos. Porém XI7, hoje chegou à aula cheio de dúvidas. É que encontrou uma fotografia do seu trisavô, vestido com uma farda e empunhando um instrumento, talvez uma arma.
Pediu esclarecimentos no lar comunitário onde reside, mas nem os pais, nem as mães o ajudaram. Levou a fotografia para mostrar ao Cidadão – Professor PY4, que naquele dia, ao contrário da semana anterior, parecia uma mulher.
Há mais de vinte anos que a identificação por género foi proibida e existem grandes progressos na criação do Ser hemafrodita. O PY4 mirou o retrato atentamente, dizendo que a paisagem por detrás da figura era certamente africana. Quanto ao homem fotografado representava sem dúvida um militar.
- Se calhar houve uma Guerra em África - concluiu, prometendo averiguar.
Na semana seguinte, após aturado estudo pode informar o Aluno:
- Sim, existiu uma espécie de Guerra, mas muito peculiar. Tratou-se principalmente de uma experiência para a recuperação de desiludidos e preguiçosos, que foram enviados para interagir entre eles, com a natureza e também com outros que se fingiam inimigos.
- E alguém morreu ou foi ferido? - interrogou XI7.
- Ah! Sim! Alguns. Divertiam-se muito a brincar dentro dos Quartéis. Jogavam futebol com granadas. Até colocavam minas junto das camas para serem pisadas logo ao levantar. E aos Domingos organizavam torneios nas paradas. Os ditos inimigos vinham logo de manhã e passavam o dia inteiro a guerrear. Uma verdadeira paródia!...
XI7, ficou a saber que teve um trisavô desiludido, preguiçoso, mas muito brincalhão e ainda perguntou:
- E nunca saíam dos Quartéis?
- Não, nunca os podiam abandonar. Eram os Bandos e povoavam todo o Território. Aliás, na altura pensou-se mesmo em mudar o nome do País. Quiseram chamar-lhe ... BANDOLÂNDIA.
Jorge Cabral
______
Nota de L.G.:
(*) Vd, último poste da série > 2 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4129: Estórias cabralianas (47): A minha mobilização: o galo dos Cabrais... (Jorge Cabral)
Amigos! A propósito de Bandos, uma viagem ao Futuro...
Grande Abraço
Jorge
2. Histórias cabralianas (*) > AULA DE HISTÓRIA – ANO 2092
O Cidadão – Aluno XI7 frequenta a décima semana do Curso Unificado – Primário, Secundário, Universitário, o qual segundo as normas da Declaração de Cacilhas, lher irá conferir o Diploma da Sabedoria.
Claro que, quando entrou na escola, já dominava muitas das matérias que antigamente demoravam anos a aprender, pois logo em criança lhe implantaram um chip com todos os conhecimentos básicos. Porém XI7, hoje chegou à aula cheio de dúvidas. É que encontrou uma fotografia do seu trisavô, vestido com uma farda e empunhando um instrumento, talvez uma arma.
Pediu esclarecimentos no lar comunitário onde reside, mas nem os pais, nem as mães o ajudaram. Levou a fotografia para mostrar ao Cidadão – Professor PY4, que naquele dia, ao contrário da semana anterior, parecia uma mulher.
Há mais de vinte anos que a identificação por género foi proibida e existem grandes progressos na criação do Ser hemafrodita. O PY4 mirou o retrato atentamente, dizendo que a paisagem por detrás da figura era certamente africana. Quanto ao homem fotografado representava sem dúvida um militar.
- Se calhar houve uma Guerra em África - concluiu, prometendo averiguar.
Na semana seguinte, após aturado estudo pode informar o Aluno:
- Sim, existiu uma espécie de Guerra, mas muito peculiar. Tratou-se principalmente de uma experiência para a recuperação de desiludidos e preguiçosos, que foram enviados para interagir entre eles, com a natureza e também com outros que se fingiam inimigos.
- E alguém morreu ou foi ferido? - interrogou XI7.
- Ah! Sim! Alguns. Divertiam-se muito a brincar dentro dos Quartéis. Jogavam futebol com granadas. Até colocavam minas junto das camas para serem pisadas logo ao levantar. E aos Domingos organizavam torneios nas paradas. Os ditos inimigos vinham logo de manhã e passavam o dia inteiro a guerrear. Uma verdadeira paródia!...
XI7, ficou a saber que teve um trisavô desiludido, preguiçoso, mas muito brincalhão e ainda perguntou:
- E nunca saíam dos Quartéis?
- Não, nunca os podiam abandonar. Eram os Bandos e povoavam todo o Território. Aliás, na altura pensou-se mesmo em mudar o nome do País. Quiseram chamar-lhe ... BANDOLÂNDIA.
Jorge Cabral
______
Nota de L.G.:
(*) Vd, último poste da série > 2 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4129: Estórias cabralianas (47): A minha mobilização: o galo dos Cabrais... (Jorge Cabral)
terça-feira, 7 de abril de 2009
Guiné 63/74 - P4154: Destas não reza a História (Manuel Maia) (1): Estou na Guiné há treze meses e a minha mulher está grávida
1. Mensagem de Manuel Maia, ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610, Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine (1972/74), com data de 4 de Abril de 2009:
Agora é uma história verídica que teve como protagonista um indivíduo algo ingénio de Trás-os-Montes (profundo) que evidenciava claramente um coeficiente de inteligência baixíssimo e que por isso mesmo nunca deveria ter sido sujeito a situações com as da vivência de uma guerra.
Teríamos uns treze meses e picos de presença sofrida mas também pejada de situações engraçadas, por vezes roçando mesmo o estatuto de hilariantes, quando me foi contada esta que ora vos transmito.
Determinado soldado, casado, recebeu carta da família informando-o de que iria ser pai.
Irradiando uma satisfação do tamanho do mundo, o soldado em questão, sorriso rasgado de orelha a orelha, mostrou a missiva a um dos seus camaradas, amigo mais chegado:
- Vês pá, vou ser pai. Só peço a Deus que me deixe chegar são e salvo à terra para conhecer o meu filho que está p´ra chegar.
- Olha lá pá, retorquiu-lhe o amigo, com quantos meses de gravidez está a tua mulher?
- Sei lá!!!
Falando para os seus botões, o amigo murmurava:
- Como hei-de dizer a este gajo, a este caramelo, que o filho não é dele?
- Tu sabes há quantos meses estamos na Guiné?
- Isso sei! Nós viemos no dia de S. António e estamos em Julho... são, deixa cá ver...
- São treze meses, pá, treze longos meses feitos semana passada, na Terça-feira...
Então como é que é possível a tua mulher estar grávida de ti? Com quantos meses está de barriga? Tu não vês que a gravidez demora nove meses?
- Sei lá? Disso não percebo nada.
- Olha que essa mulher não serve p'ra ti, pá.
- Não serve proquê?
- Se ela gostasse de ti não te tinha feito o que fez.
- Que é que ele fez?
- Ela fez, ela fez, quem fez foi a irmã dela.
- A irmã dela, tua cunhada? Já não estou a perceber nada.
- Foi assim, eu andava enrabiscado com a irmã dela, mas a gaja um dia meteu-se cum tipo lá da terra dela. Quando fui no Domingo de Páscoa p'ra mor de namorar, ela tinha fugido com um gajo lá da terra.
- E quem foi que te contou?
- Foi a que agora é minha mulher. Disse-me, olha Tone, a minha irmã pôs-tos.
- Ela quê?
- Deixa lá rapaz, deixa lá, ela foi-se embora.
- Se tu quiseres posso ficar nas vezes da minha irmã.
- Se ela quis ir embora pois atão boa viaje.
- Começamos a namoriscar os dois e eu de vingança contra a primeira, casei-me co'a mais velha.
- Que idade tem ela?
- É mais velha do que eu p'rá aí uns sete ou oito anos. Deve ter trinta ou trinta e um, mas não fiquei a perder porque ela tem carta de tractor.
__________
Nota de CV:
(*) Vd. poste de 6 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4147: Blogpoesia (38): A Criatura e Rambo Guinéu (Manuel Maia)
Agora é uma história verídica que teve como protagonista um indivíduo algo ingénio de Trás-os-Montes (profundo) que evidenciava claramente um coeficiente de inteligência baixíssimo e que por isso mesmo nunca deveria ter sido sujeito a situações com as da vivência de uma guerra.
Teríamos uns treze meses e picos de presença sofrida mas também pejada de situações engraçadas, por vezes roçando mesmo o estatuto de hilariantes, quando me foi contada esta que ora vos transmito.
Determinado soldado, casado, recebeu carta da família informando-o de que iria ser pai.
Irradiando uma satisfação do tamanho do mundo, o soldado em questão, sorriso rasgado de orelha a orelha, mostrou a missiva a um dos seus camaradas, amigo mais chegado:
- Vês pá, vou ser pai. Só peço a Deus que me deixe chegar são e salvo à terra para conhecer o meu filho que está p´ra chegar.
- Olha lá pá, retorquiu-lhe o amigo, com quantos meses de gravidez está a tua mulher?
- Sei lá!!!
Falando para os seus botões, o amigo murmurava:
- Como hei-de dizer a este gajo, a este caramelo, que o filho não é dele?
- Tu sabes há quantos meses estamos na Guiné?
- Isso sei! Nós viemos no dia de S. António e estamos em Julho... são, deixa cá ver...
- São treze meses, pá, treze longos meses feitos semana passada, na Terça-feira...
Então como é que é possível a tua mulher estar grávida de ti? Com quantos meses está de barriga? Tu não vês que a gravidez demora nove meses?
- Sei lá? Disso não percebo nada.
- Olha que essa mulher não serve p'ra ti, pá.
- Não serve proquê?
- Se ela gostasse de ti não te tinha feito o que fez.
- Que é que ele fez?
- Ela fez, ela fez, quem fez foi a irmã dela.
- A irmã dela, tua cunhada? Já não estou a perceber nada.
- Foi assim, eu andava enrabiscado com a irmã dela, mas a gaja um dia meteu-se cum tipo lá da terra dela. Quando fui no Domingo de Páscoa p'ra mor de namorar, ela tinha fugido com um gajo lá da terra.
- E quem foi que te contou?
- Foi a que agora é minha mulher. Disse-me, olha Tone, a minha irmã pôs-tos.
- Ela quê?
- Deixa lá rapaz, deixa lá, ela foi-se embora.
- Se tu quiseres posso ficar nas vezes da minha irmã.
- Se ela quis ir embora pois atão boa viaje.
- Começamos a namoriscar os dois e eu de vingança contra a primeira, casei-me co'a mais velha.
- Que idade tem ela?
- É mais velha do que eu p'rá aí uns sete ou oito anos. Deve ter trinta ou trinta e um, mas não fiquei a perder porque ela tem carta de tractor.
__________
Nota de CV:
(*) Vd. poste de 6 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4147: Blogpoesia (38): A Criatura e Rambo Guinéu (Manuel Maia)
Guiné 63/74 - P4153: Bur...akos em que vivemos (3): Acampamentos de apoio à construção da estrada T.Pinto/Cacheu (Jorge Picado/José Câmara)
1. Mensagem de Jorge Picado (*), ex-Cap Mil da CCAÇ 2589/BCAÇ 2885, Mansoa, CART 2732, Mansabá e CAOP 1, Teixeira Pinto, (1970/72), com data de 4 de Abril de 2009:
Caro Carlos
Como ouvi ou li? que estavas à beira do desemprego por falta de matéria prima, envio-te mais um pequeno (?) escrito para te entreteres e ires aguentando o lugar, que não é nenhum tacho... não me batas se nos encontrarmos na quarta-feira.
Tive uma troca de mails com o camarada José Câmara (**) e perante o que ele escreveu achei por bem dar a conhecer esse conteúdo, pela parte que lhe toca.
Apenas eliminei certas gralhas próprias da escrita por vezes mais apressada dos mails, aumentei os intervalos e acrescentei os sub-títulos, mas o sumo afinal é do J. Câmara.
Também envio as minhas 2 fotos e as que ele me mandou e representam as magníficas instalações hoteleiras de *******estrelas em que ele esteve instalado naquele seu período de férias pago pelo Estado, com refeições dignas de qualquer Gran Chefe do famoso Guia Michelan.
Abraço do Mansoa ao Cacheu
Jorge Picado
2. Em 9 de Março p.p. recebi o mail que passo a transcrever, do camarada José Câmara.
Senhor Capitão Picado.
Prefiro tratá-lo assim. Aprendi, desde os meus tempos de berço, a respeitar tudo e todos.
Tenho lido com muita atenção tudo o que tem escrito, sobretudo no que diz respeito à zona de Teixeira Pinto. Por lá andei.
Fiz parte da CCaç 3327, uma Companhia do BII17 com sede em Angra do Heroísmo. A 3327 era comandada pelo Cap Mil Rogério Rebocho Alves que, infelizmente, nunca mais soube dele. Encontro-me emigrado desde 1973.
Primeiramente estivemos na protecção à construção da estrada Teixeira Pinto/Cacheu. A minha Companhia ocupou os dois primeiros acampamentos à esquerda da estrada, uns quilómetros acima do Bachile.
De lá, por altura do começo das chuvas (Junho de 1971) fomos para Bassarel. Em Novembro a Companhia seguiu para Tite e Bissássema, tendo eu seguido para as tropas africanas...
No seu escrito sobre as consoadas, você demonstra dúvida se existia alguma Unidade Africana no Bachile. De facto, o Bachile era, nessa altura, a sede da CCaç 16 uma Companhia de Nativos. Essa Companhia, como todas as outras nativas tinha, por base, os soldados atiradores nativos. Os graduados e especialistas eram quase todos metropolitanos, açorianos e madeirenses.
Espero que este esclarecimento lhe possa servir em próximos escritos.
Como se diz na minha terra, e com todo o respeito, haja saúde.
Cumprimentos
José Câmara
Ex.Fur Mil
3. Em 12 de Março p.p. respondi-lhe deste modo:
Caro camarada de armas da Guiné, José Câmara.
Primeiramente quero pedir desculpa por só agora responder ao seu mail, cujas informações muito agradeço.
Creia que não o fiz por desconsideração, mas apenas pelo simples facto de que tomei conhecimento dele fugidiamente, isto é, sem tempo para o apreciar já na noite do dia 10 e, afazeres diversos, só agora me permitiram lê-lo com calma.
Tenho quase a certeza que na estrada em construção, não cheguei aos locais onde estavam instalados, pois creio que o mais longe que atingi foi Bachile.
Tenho porém duas fotografias, obtidas de meio aéreo que são duma parte dessa estrada, que admito terem sido obtidas em 12 de Outubro de 1971, porque nesse dia desloquei-me a Jolmete, que fica perto do Rio Cacheu mas na direcção norte de Có, e ao Cacheu, localidades muito distantes uma da outra e nessa época sem ligação terrestre. Entre elas ficava a Coboiana, zona ocupada pelos guerrilheiros.
Portanto eu fui de DO ou mais provavelmente de Héli e ao sobrevoarmos a estrada em construção, tirei essas fotografias. Envio-lhas para ver se consegue identificar algo, porque no cimo duma delas nota-se uma área quadrada ou rectangular que parece um acampamento.
Porém, tivemos com toda a certeza, momentos de encontro em Bassarel, uma vez que afirma terem-se deslocado para esta aldeia em Junho e saído de lá em Novembro.
Ora, tenho um apontamento no dia 25MAI71, "caíram primeiras chuvas (muito pouca coisa) à noite" e logo no dia 5JUN71, tenho apontado, Bassarel, Calequisse. Segue-se: 15JUN Bassarel, Chulame (Granja e Veterinária); 28JUN Bajobe, Bassarel (almoço), provas passagem, dos alunos das escola subentenda-se; 3JUL almoço no Bachile com Cor., Ten Cor., visita Chulame, Bassarel, Calequisse. Depois das férias ou seja depois de 16AGO e até ao fim de Novembro, Bassarel aparece uma só vez, no dia 13OUT, englobada entre Bajope, Blequisse, Cajinjassá, Chulame, Calequisse e Cati.
Para já é tudo que consigo descortinar nos meus poucos apontamentos.
Já agora agradecia-lhe que não me tratasse por Capitão. Isso, como já deve ter percebido dos meus escritos, foi um acidente de percurso na minha vida profissional que muito me traumatizou. Trate-me simplesmente por Jorge Picado e proponho-lhe mais, como camaradas e da Tabanca use o tratamento por tu. Creia que para mim isso não significa falta de respeito. Aprendi com o meu Pai, que foi emigrante nos USA desde cerca de 1920(?) até à década de 60, que lá todos se tratava por tu. Já vê.
Não sei em que País está a viver, nem tão pouco se é Metropolitano ou Açoriano. Se é Açoriano, entre outros tive um colega de Curso, sou Engenheiro Agrónomo, e igualmente colega do Curso de Capitão que também foi para a Guiné no mesmo período (1970-1972), chamado António da Costa Santos, duma Família muito abastada desse arquipélago.
Um abraço
Jorge Picado
4. Ora em 29 de Março p.p. chegou a seguinte resposta:
Caro camarada de armas Jorge Picado.
Obrigado pela sua resposta, pelas fotografias e pela cortesia demonstrada. Continuação de boa saúde para si e todos os que o rodeiam.
Estrada Teixeira Pinto – Cacheu
Nunca tinha visto a estrada do ar. Traz lágrimas aos olhos, e recordações que aos poucos se vão desvanecendo na memória.
Se bem me lembro, a estrada tinha apenas duas grandes curvas à esquerda: a primeira logo a seguir ao Bachile e a outra à entrada do Cacheu.
É pena que uma das fotografias não mostre a curva, para em seguida mostrar aquilo que parece ser um descampado que serviu de acampamento, ou um aterro do qual se tirava brita-massame para servir de base à estrada. Se a referida fotografia é, como eu penso ser, da curva a seguir ao Bachile, e se é de facto o local de um dos destacamentos, só poderia pertencer aos dois grupos da Companhia do Fontinha (CCaç 2791).
A minha Companhia esteve nos dois acampamentos à esquerda, quem vai na direcção Teixeira Pinto-Cacheu, a cerca de 10Km do Bachile.
Os BU…RAKOS em que vivemos (***)
O Jorge diz que não conheceu nenhum dos acampamentos. Foi pena que não os tenha conhecido, mas foi muito bom que não tenha acampado em nenhum deles. Pode ter a certeza que o inferno não podia ser pior, e que as vacas do meu pai tinham melhores condições que nós. As condições de vivência eram pura e simplesmente desumanas, e o trabalho a que estávamos submetidos era infernal.
Para ter uma ideia, aqui vai:
1 - Actividade militar - Dois GC saíam para o mato, pelo período de 24 horas, patrulhando e emboscando, e fazendo protecção afastada do acampamento. Dos dois Grupos que ficavam (que afinal eram os dois Grupos acabados de regressar do mato), um saía de imediato - ao regresso do mato - para a picagem da zona onde a estrada ía passar e cujo traçado já estava feito, e ficando por lá até às 6 da tarde para fazer a protecção próxima das máquinas e dos capinadores. O outro GComb ficava com os serviços de sentinelas, ida ao Bachile para água, correio, pão, etc, e arranjo da lenha para a cozinha. Durante a noite, esses dois grupos faziam de vigilância nos dez postos de sentinela (3 soldados por cada posto).
Depois de 24 horas tudo se trocava... e continuava a mesma música. De treze em treze dias, uma secção descansava entre as 6 da tarde e as 6 da manhã, desde que não acontecesse embrulhanço. Felizmente que nunca aconteceu!
2 - Alimentação: ração de combate dia sim dia não, sendo que o grupo que seguia para a picada da estrada tinha apenas uma lata de fruta para o meio dia.
3 - Dormir - Três meses e meio a dormir em cima de um pano de tenda de campanha.
4 - Condições de higiene - Latrinas a céu aberto, com todas as consequências adversas que isso acarretava, água para banho ao mínimo, um frigorífico para bebidas e produtos alimentares, etc, etc...
De tudo isso poderá observar alguns aspectos do que foi essa vivência nas fotografias que junto.
São bem visíveis as coberturas de palmeira, a vala feita a buldozer, e a imagem de N.ª Sr.ª do Coração de Jesus (não fosse a Companhia de açorianos bem enraizados na fé cristã).
Mas afinal o porquê de lhe chamarmos Mata dos Madeiros?
Julgo que, oficialmente, não existe esse nome em qualquer mapa que eu tenha consultado. Portanto é de admitir que esse nome é de gira popular, e se referisse a uma faixa de terreno que existe entre a estrada velha e a estrada nova que se estava a construir.
Antes da guerra começar naquela ex-província, uma companhia de madeiras deixou, por lá, alguns troncos de árvores enormes, junto da estrada velha que ligava Teixeira Pinto e o Cacheu. Tive a oportunidade de contemplar esses lindos troncos de árvores. Julgo que essa deve ser a explicação para o nome Mata dos Madeiros.
Adiante...
Direito há Indignação de mais um elemento dos BANDOS
Sem me querer desviar do assunto, e porque mais uma vez estalou controvérsia (segundo li no blogue do Luís Graça) tenho a certeza que o general Almeida Bruno teria tido imenso prazer em fazer parte do bando que era a CCaç 3327, no período em que essa Companhia esteve naquela Mata. Ou nos cerca dos 10 000 blocos que já deixou feitos em Bassarel. Se isso não for o suficiente, posso acrescentar as 100 (cem) casas e as 7 (sete) escolas que construiu em Bissássema (zona de Tite), os dois furos artesianos e correspondentes fontanários, e ainda a sua actividade militar com as consequentes baixas.
Pessoalmente, sou natural da ilha das Flores, Açores, e emigrei para os EUA em Julho de 1973.
Profissionalmente estou ligado ao ramo de seguro automóvel. Resido com a minha esposa e um filho em Stoughton, MA., e ainda tenho duas filhas já casadas e cinco netas. Nada mau!
Sou, no meio das minhas recordações, um homem em paz consigo mesmo, e com a consciência tranquila de que cumpri o meu dever para com o País. A guerra era impopular. Disso não tivemos culpa. Choro de raiva quando me chamam soldado colonialista. Nenhum de nós, obrigados que fomos ao serviço militar, o foi. E desconheço a guerra em que fomos derrotados militarmente, e nunca estive em zonas libertadas. Porque, pura e simplesmente, nunca fui impedido de ir a qualquer lugar na Guiné. Zonas difíceis sim. Inexpugnáveis não. A estrada de que temos vindo a falar é prova disso mesmo.
Pode utilizar tudo o que ficou escrito, bem assim como as fotografias, em tudo o que lhe for útil para os seus escritos.
No meio de tudo isto apenas peço desculpa por um outro erro cometido. Sempre são trinta e seis anos fora do País.
Com os meus melhores cumprimentos, e um abraço que só nós, os que combatemos na Guiné, compreendem
José Câmara
Fur Mil
CCaç 3327
Imagem de N.ª Sr.ª do Coração de Jesus
PS:- As minhas fotos são do mesmo local mas de ângulos diferentes e não apanham qualquer zona asfaltada. Há sim, uma larga área desmatada, onde são visíveis vários caminhos, além da fita mais larga, que se cruzam. Quando as examinei com grande ampliação verifiquei numerosos traços representativos de árvores e palmeiras deitadas no solo. Por sua vez na Dig0016, na parte superior apercebe-se uma mancha clara, que em grande ampliação dá aideia de ter um acampamento. Com as fotos do camarada quase me convenço que seja do antigo acampamento.
Jorge Picado
__________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 17 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4041: O Spínola que eu conheci (4): Mansoa, 17 de Março de 1970, com o Ministro do Ultramar (Jorge Picado)
(**) Vd. poste de 22 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3777: O Nosso Livro de Visitas (54): Um camarada da diáspora, José Câmara, da açoriana CCAÇ 3327 (1971/73)
(***) Vd. poste da série de 5 de Abril de 2009 Guiné 63/74 - P4141: Os Bu... rakos em que vivemos (2): Bula, CCCAÇ 2790 (António Matos)
Guiné 63/74 - P4152: Convívios (106): 20.º Convívio da CCS/BART 1914, CART 1743, Pel Mort 1208 e Pel Daimler, Tite - 1967/69 (José Costa)
1. Mensagem de José Costa (*), ex-1.º Cabo Op de Mensagens da CCS/BART 1914, Tite, 1967/69, com data de 4 de Abril de 2009:
Assunto: 20.º CONVÍVIO DA CCS BART1914
Amigos,
gostaria que repassassem através dos vossos contactos, a notícia do 20.º Convívio da CCS do BART 1914 e da CART 1743, PELOTÃO DE MORTEIROS 1208 E PELOTÃO DAIMLER que estiveram sediados em TITE - GUINÉ de 1967 a 1969.
O convívio realiza-se em OVAR a 23 de Maio p.f. e o organizador:
JOSÉ COSTA
telem. 964 013 329
Quem estiver interessado em participar, só tem de confirmar até 17 de Maio p.f.
Um abraço
José Costa
MOBILIZAÇÃO GERAL
O Comando da CCS do BART 1914 sediado provisoriamente em OVAR, comunica a todos os ex-militares deste Batalhão, bem como a todos os camaradas que estiveram em TITE, GUINÉ-BISSAU de 1967 a 1969 a comparecerem no dia 23 de Maio próximo, para um fraterno e são convívio, que terá lugar num Restaurante desta cidade de Ovar. Convite extensivo a toda a família e amigos.
Ordem dos trabalhos:
20º CONVÍVIO EM OVAR
40º ANIVERSÁRIO DO NOSSO REGRESSO
RENOVAR OS LAÇOS DE AMIZADE QUE CONTA MAIS DE 40 ANOS!
RECEBER E ACARINHAR AQUELES QUE POR VÁRIOS MOTIVOS NUNCA PODERAM ESTAR PRESENTES
TRAGAM AS VOSSAS FOTOS TIRADAS EM TITE
Recepção e local de concentração:
Pelas: 10;30 JARDIM DOS CAMPOS (Junto ao busto do escritor JÚLIO DINIS)
13;00 RESTAURANTE “A GARRAFEIRA”
Ficas desde já mobilizado para confirmares a tua presença e de quantas pessoas te acompanham impreterivelmente até ao dia; 17 de Maio.
Contacto:
José Pinho da Costa
Rua Tenente-Coronel Camossa, 177
3880-100 OVAR
Telefones Móbil: 964 013 329 ou 256 572 053 ou 256 572 881
e-Mail: jpcovr@sapo.pt
Obs: A fim de facilitar e evitar fila na hora do almoço, podem pagar antecipadamente 18,50 Euros por cada pessoa. Enviar cheque ou vale de correio, para morada acima.
OVAR
CHEGAR E FICAR
Ovar, situa-se a cerca de 35Km das cidades do Porto e de Aveiro, no extremo norte da Ria de Aveiro.
Para chegar até Ovar, poderás fazê-lo através de uma das inúmeras circulações dos Caminhos de Ferro (consulta as tabela dos horários) com paragem em: OVAR. Aqui chegados, podes fazer o percurso até ao Jardim dos Campos, +- 10 minutos a pé.
Caso venhas de carro do Sul pela A1, sai para ESTARREJA e entra na A29 e sai em: OVAR SUL. Segue sempre em frente para Ovar/Furadouro/Hospital até aos Bombeiros V. de Ovar, vira à direita (Centro) até ao JARDIM dos CAMPOS ou JARDIM as ROSAS +- 200 mts.
Caso venhas do Norte, pela A29, sai em OVAR NORTE. Segue as rotundas. Na 4 Rotunda (estátuas em mármore) Contorna e segue para Ovar Centro. Vira à direita no semáforo. Procura seguir a pista do Hospital, segue em frente até aparecer outro semáforo (em frente fica os Bombeiros) Vira à esquerda, (Centro) o Jardim dos Campos ou Jardim das Rosas fica +- a 200 mtos.
Ainda podes chegar aqui através da EN109 e seguindo as indicações já descritas em cima.
Podes estacionar a viatura no parque do restaurante e seguir a pé até ao jardim logo abaixo uns 200 mts.
ONDE PERNOITAR
AQUA HOTEL Telf. 256 575 106 em OVAR
HOTEL MEIA-LUA Telf. 256 581 060 em OVAR
POUSADA DA JUVENTUDE Telf. 256 591 832 em OVAR
ESTALAGEM RIABELA Telf. 234 838 137 em TORREIRA estrada da Ria
INATEL telf. 256 372 048/9 em STA. MARIA DA FEIRA
PENSÃO RESIDENCIAL LOIOS Telf. 256 379 570 em STA. MARIA DA FEIRA
NOVA CRUZ HOTEL Telf. 256 371 400 em STA.MARIA FEIRA (100 m portagem AE1 saída para S.M. da FEIRA)
ALMOÇO CONVÍVIO - OVAR 23 DE MAIO DE 2009
BATALHÃO DE ARTILHARIA 1914
TITE - GUINÉ 1967/67
EMENTA
Entradas - Rissóis, Croquetes e Bolinhos de Bacalhau
Sopa de Legumes
Cozido à Portuguesa
Vinho Verde e Maduro da Casa, Cerveja, Sumos e Águas
Salada de Frutas, Pudim Molotof e Bolo do Batalhão
Café, Digestivos e Espumante
Preço por pessoa... 18,50 Euros
Crianças até 10 anos pagam 50%
RESTAURANTE GARRAFEIRA
Telef 256 574 118
Fax 256 574 400
__________
Nota de CV:
(*) Vd. poste de 23 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3348: Tabanca Grande (93): José Pinho da Costa, ex-1.º Cabo Op Mensagens da CCS/BART 1914, Guiné, 1967/69
Vd. último poste da série de 1 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4120: Convívios (104): Pessoal de Bambadinca 1969/71: BCAÇ 2852, CCAÇ 12, Pel Caç Nat 52, 54 e 63... Castro Daire, 30/5/2009
Assunto: 20.º CONVÍVIO DA CCS BART1914
Amigos,
gostaria que repassassem através dos vossos contactos, a notícia do 20.º Convívio da CCS do BART 1914 e da CART 1743, PELOTÃO DE MORTEIROS 1208 E PELOTÃO DAIMLER que estiveram sediados em TITE - GUINÉ de 1967 a 1969.
O convívio realiza-se em OVAR a 23 de Maio p.f. e o organizador:
JOSÉ COSTA
telem. 964 013 329
Quem estiver interessado em participar, só tem de confirmar até 17 de Maio p.f.
Um abraço
José Costa
MOBILIZAÇÃO GERAL
O Comando da CCS do BART 1914 sediado provisoriamente em OVAR, comunica a todos os ex-militares deste Batalhão, bem como a todos os camaradas que estiveram em TITE, GUINÉ-BISSAU de 1967 a 1969 a comparecerem no dia 23 de Maio próximo, para um fraterno e são convívio, que terá lugar num Restaurante desta cidade de Ovar. Convite extensivo a toda a família e amigos.
Ordem dos trabalhos:
20º CONVÍVIO EM OVAR
40º ANIVERSÁRIO DO NOSSO REGRESSO
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Pelas: 10;30 JARDIM DOS CAMPOS (Junto ao busto do escritor JÚLIO DINIS)
13;00 RESTAURANTE “A GARRAFEIRA”
Ficas desde já mobilizado para confirmares a tua presença e de quantas pessoas te acompanham impreterivelmente até ao dia; 17 de Maio.
Contacto:
José Pinho da Costa
Rua Tenente-Coronel Camossa, 177
3880-100 OVAR
Telefones Móbil: 964 013 329 ou 256 572 053 ou 256 572 881
e-Mail: jpcovr@sapo.pt
Obs: A fim de facilitar e evitar fila na hora do almoço, podem pagar antecipadamente 18,50 Euros por cada pessoa. Enviar cheque ou vale de correio, para morada acima.
OVAR
CHEGAR E FICAR
Ovar, situa-se a cerca de 35Km das cidades do Porto e de Aveiro, no extremo norte da Ria de Aveiro.
Para chegar até Ovar, poderás fazê-lo através de uma das inúmeras circulações dos Caminhos de Ferro (consulta as tabela dos horários) com paragem em: OVAR. Aqui chegados, podes fazer o percurso até ao Jardim dos Campos, +- 10 minutos a pé.
Caso venhas de carro do Sul pela A1, sai para ESTARREJA e entra na A29 e sai em: OVAR SUL. Segue sempre em frente para Ovar/Furadouro/Hospital até aos Bombeiros V. de Ovar, vira à direita (Centro) até ao JARDIM dos CAMPOS ou JARDIM as ROSAS +- 200 mts.
Caso venhas do Norte, pela A29, sai em OVAR NORTE. Segue as rotundas. Na 4 Rotunda (estátuas em mármore) Contorna e segue para Ovar Centro. Vira à direita no semáforo. Procura seguir a pista do Hospital, segue em frente até aparecer outro semáforo (em frente fica os Bombeiros) Vira à esquerda, (Centro) o Jardim dos Campos ou Jardim das Rosas fica +- a 200 mtos.
Ainda podes chegar aqui através da EN109 e seguindo as indicações já descritas em cima.
Podes estacionar a viatura no parque do restaurante e seguir a pé até ao jardim logo abaixo uns 200 mts.
ONDE PERNOITAR
AQUA HOTEL Telf. 256 575 106 em OVAR
HOTEL MEIA-LUA Telf. 256 581 060 em OVAR
POUSADA DA JUVENTUDE Telf. 256 591 832 em OVAR
ESTALAGEM RIABELA Telf. 234 838 137 em TORREIRA estrada da Ria
INATEL telf. 256 372 048/9 em STA. MARIA DA FEIRA
PENSÃO RESIDENCIAL LOIOS Telf. 256 379 570 em STA. MARIA DA FEIRA
NOVA CRUZ HOTEL Telf. 256 371 400 em STA.MARIA FEIRA (100 m portagem AE1 saída para S.M. da FEIRA)
ALMOÇO CONVÍVIO - OVAR 23 DE MAIO DE 2009
BATALHÃO DE ARTILHARIA 1914
TITE - GUINÉ 1967/67
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Salada de Frutas, Pudim Molotof e Bolo do Batalhão
Café, Digestivos e Espumante
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Crianças até 10 anos pagam 50%
RESTAURANTE GARRAFEIRA
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Fax 256 574 400
__________
Nota de CV:
(*) Vd. poste de 23 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3348: Tabanca Grande (93): José Pinho da Costa, ex-1.º Cabo Op Mensagens da CCS/BART 1914, Guiné, 1967/69
Vd. último poste da série de 1 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4120: Convívios (104): Pessoal de Bambadinca 1969/71: BCAÇ 2852, CCAÇ 12, Pel Caç Nat 52, 54 e 63... Castro Daire, 30/5/2009
segunda-feira, 6 de abril de 2009
Guiné 63/74 - P4151: Bandos... A frase, no mínimo infeliz, de um general (12): As origens dos bandos da Guiné (Magalhães Ribeiro)
1. Mensagem de Magalhães Ribeiro, ex-Fur Mil de Operações Especiais, CCS do BCAÇ 4612/74, Cumuré, Mansoa e Brá (1974), com data de 4 de Abril de 2009:
Boa tarde Amigos bloguistas,
Quem não viu/ouviu o programa do Joaquim Furtado, tem que ouvi-lo na totalidade para analisar o contexto em que as palavras foram proferidas pelo Sr. General Almeida Bruno.
Eu penso que vi/ouvi bem o dito programa, embora na altura tivesse junto de mim o meu filho e a minha mulher a conversar e posso ter deturpado o sentido da tão discutida frase. Reparem que nadíssima me move contra o general A.B., pois eu considero-me seu amigo pessoal há uns anos a esta parte, tendo até várias fotos (uma delas podem vê-la no meu blogue) e o seu cartão de visita.
No entanto, o silêncio do general (que eu saiba o mesmo ainda não disse nada acerca da sua entrevista), sobre esta gravíssima matéria é comprometedor, pelo que ele duplamente simboliza: quer como oficial superior do Exército Português, quer como militar prestigiado e condecorado aos mais elevado níveis, como ex-Combatente do Ultramar.
Excerto do programa da RTP, A Guerra, II Série, 3º Episódio, com as declarações do Gen Almeida Bruno (Cortesia do Magalhães Ribeiro)
Quem não se sente não é filho de boa gente, e estou à espera que ele a qualquer momento, face à grande contestação da malta (nomeadamente junto da Liga dos Combatentes), se pronuncie sobre a verdade dos factos, isto é sobre o que realmente nos quis transmitir com aquelas palavras. Na quase certeza absoluta que ouvi bem o que ele disse, e face à ira dos ex-Combatentes e à surpresa gerada entre os esforçados e sacrificados COMANDOS (em especial aquela que eu melhor conheci a 38ª Cia.), que o general omitiu na entrevista vá-se lá saber porquê, aguardemos pelos próximos episódios.
Hoje anexo o restante texto que completa o post 4126, e a que dei o título de: As origens dos bandos da Guiné.
No fundo do anexo podem ler uma primeira reacção do nosso camarada bloguista John Bonifácio (João).
Um grande abraço amigo do MR
2. Guiné: Bandos... A frase, no mínimo infeliz, de um general & O nosso direito à indignação.
As origens dos bandos da Guiné
Enquanto a memória não me atraiçoa, já que, com o implacável e irreversível avançar do tempo, vou sentindo que a senilidade se vai apoderando lentamente de mim, quero completar a minha divagação apresentada no post 4126 (*).
Já pensaram bem qual era, afinal, as origens dos bandos a que o Sr. General Almeida Bruno se refere na entrevista inserida no célebre episódio televisivo e que arribavam à Guiné em navios e aviões.
Em navios onde os bandos de praças viajavam cinco horríveis dias apinhados nos porões, no meio de um agoniante e enjoativo cheiro a vomitado, proveniente daqueles que enjoavam. No Uíge, onde regressámos, não posso dizer-vos como era a comida dos soldados, porque felizmente nunca a provei.
Pois os bandos surgiam chamados, obrigatoriamente, pelas Forças Armadas às fileiras 4 ou 5 dos seus mais belos anos, na flor da idade, períodos estes roubados à convivência com os amigos, namoradas, esposas e famílias, aos jogos de bola e outro desportos, aos estudos, aos dias de sol nas praias, etc.
Uns tantos estudavam, enquanto outros desde tenra idade laboravam em escritórios, fábricas, oficinas, outros já amargavam na rude vida dos campos com os seus pais, etc.
Havia os que pediam, por motivo óbvio, o amparo de mãe e algumas vezes lá o conseguiam, e os que estudavam e viam aprovados os pedidos de adiamento de incorporação, para poderem concluir os seus bacharelatos e licenciaturas.
Repare-se que em número de anos dedicado aos livros, tal perfazia uns 15 anos (4 primários + 7 liceus + 4, no mínimo, universitários).
A grande maioria de nós era quase imberbe, jamais tinha sequer viajado para fora da sua aldeia, vila ou cidade, alguns completamente desprovidos de qualquer grau de agressividade e, a quase totalidade, nunca tinha visto e muito menos pegado numa arma, nem sequer numa simples fisga.
Não vou falar aqui nos que fugiram, nem naqueles que por vários motivos, em que o medo/terror a uma eventual ida para a tropa/Ultramar era factor comum, se auto mutilavam ou arranjavam quem os mutilasse (lembro-me de um rapaz que pediu a outro que lhe cortasse o indicador direito), ou daqueles que arranjavam uma boa cunha para se safarem, ou da tropa toda, ou, pelo menos, da ida para o Ultramar.
Também não vou escrever mais nada da deficiente e quase ineficaz instrução dos bandos (já o fiz no post 4126), e que muitos só através da experiência (por vezes misturada de sangue e morte), que iam adquirindo aos longo do passar do tempo, mas um pouco daquilo que mais os revoltava, enfraquecia e desmotivava que eram as doenças, a qualidade da alimentação e as instalações.
Não é preciso ser médico para sabermos que as mazelas físicas (mais evidentes) e psíquicas (não menos mutilantes e desgastantes por invisíveis que sejam), reflectidas nas diversas doenças que contribuíram, e vêm contribuindo, para nos ajudar a matar. As maleitas venéreas, as disenterias, os paludismos, etc. a que se juntaram os efeitos da angústia das esperas de ataques do IN e, ou, dos que estiveram submetidos a ferro e fogo, de sermos feridos os mortos e de vermos serem feridos e mortos, ao nosso lado, os nossos irmãos de armas.
Excluindo qualquer crítica aos vagomestres, no mínimo, incompetentes, que não dignificavam os seus pares, queria apenas falar-vos dos alimentos de que me lembro, e que seria bom que um dos homens especialista neste assunto, nos descrevesse aquilo de que se lembra e que lá, nos confins da Guiné, onde os reabastecimentos eram obra maquiavélica, nos fazia sobreviver.
A verdade seja dita eu na minha estadia na Guiné, fui um privilegiado já que fome, propriamente dita, nunca passei. A ração de combate sempre dava para desenrascar e lembro-me do vinho nos chegar em bidões de 215 litros (salvo erro) fervidos e refervidos ao sol, da cerveja em lata, do bacalhau liofilizado, do leite em pó da Arábia Saudita e do pêssego em calda que constituía, invariavelmente, as nossa sobremesas.
Lembro-me da odiada comida de puta: arroz, com 1 ovo estrelado 2 salsichas e uma tira de fiambre, que era uma ementa muito utilizada.
Quanto a instalações fora de Bissau, os pré-fabricados eram um luxo, mas alguns destacamentos e secções, estrategicamente colocados em posições mais interiores e, ou, avançadas, viviam em autênticos buracos escavados no solo, cobertos com troncos de árvores e, ou, chapas de bidões cortados e alisados para o efeito.
Era então no seio destes potenciais mancebos, com 21/22 anos, que os bandos se iam treinando e formando, no Exército, na Marinha e na Aviação, recrutados em nome de Portugal, e que, doa a quem doer, com maior ou menor dificuldade, pesem-se na generalidade todos os inconvenientes, contrariedades sofrimentos, deficiente instrução, péssima alimentação, ferimentos e mortes, estóica e bravamente aguentaram inigualavelmente 36 anos de guerrilha na mata (13 em Angola, 12 em Moçambique e 11 na Guiné), ainda hoje considerado por grandes estrategas e estudiosos da matéria guerra, como um feito incomparável e prodigioso, ao nível mundial, até aos dias de hoje.
Resta-me acrescentar que, ninguém pense que eu sou apologista de qualquer resquício anti-militar, já que eu sou defensor, para muitos fins e efeitos que também não vou agora descrever, que todos os nossos jovens, mesmo em tempo da paz podre em que vivemos, deviam ser chamados aos quartéis uns 6 meses, afim de receberem instrução de recruta e uma especialidade.
Para concluir, lembro apenas aos mais distraídos, que os monumentos construídos em memória dos Combatentes do Ultramar, são erigidos em homenagem não ao fuzileiro xis ou ao pára-quedista y, mas em homenagem ao esforço global de todos os ex-Combatentes.
Já foi publicado no blogue - post 3490 -, um poema que em tempos escrevi a propósito, e aqui repito:
3. Sombras desta pseudo-democracia!
Éramos uns putos... feitos Homens!
Arrancados aos bancos dos liceus
Largando mães, namoradas, esposas...
Enfiados em quartéis... longe dos seus
Éramos uns putos... mas tesos!
Sabíamos que o destino era a guerra
Lá... muito longe... em meio hostil...
Pleno de mata, trilho, rio e serra
Éramos uns putos... com vinte anos!
Que crescemos mais rapidamente
Cientes que a coisa era… séria
Cheia de riscos... perigosamente!
Éramos uns putos... mas solidários!
Soubemos ultrapassar as dificuldades
À custa de vasto suor e muito sangue...
Algumas cicatrizes e enfermidades
Éramos uns putos... quase imberbes!
Instruídos p'ra matar... custa a crer!
Imbuídos duma obsessão suprema;
Acima de tudo... sobreviver!
Éramos uns putos... uma geração!
Lidamos com as privações e a morte
Cada um teve a sua missão
Com maior ou menor dose de sorte
Éramos uns putos... temperados!
Quantas vezes superamos as fraquezas
Para dar uma ilusão de sermos fortes
De modo a derrotar dores e tristezas!
Éramos uns putos... Grandes… enfim!
Fomos lá... cumprir... melhor ou pior!
Cada um com seus receios... medos!
Em nome dum Império duro e opressor
Hoje estes putos... já são avós!
E uma coisa estranham... revoltados!
O repugnante ostracismo político
A que, como ex-combatentes, são votados!
Quando pensaram: Cumpri com a PÁTRIA!
Descobriram, digamos que... espantados!
Somos sombras desta pseudo-democracia!
Pura e simplesmente... ignorados!
Cientes que os voluntários foram poucos
E os que não fugiram foram bastantes
A indignação é tanto mais e revoltante…
Quanto os sentimentos são frustrantes
Rezando pelos que entretanto vão partindo
Vão dando continuidade à vida… desgostosos
Desta imensa e repulsiva ingratidão
Por parte de políticos velhacos e rancorosos
Mantendo porém… firmes a sua esperança
Que neste país após a abrilada
Políticos com sentido e Amor Pátrio
Lhes prestem justiça e… mais nada
Porque tudo deram… do seu melhor!
Por vezes… sabe Deus com que sacrifícios
Dez mil morreram na flor da idade, e…
Milhares ainda sofrem mil malefícios!
Trocando experiências e memórias
Estes homens convivem entre si… alegremente
Tornam-se amigos, camaradas... irmãos…
Entre palavras, risos e choros... intestinamente!
Um abraço amigo do Pira de Mansoa
M.R.
4. Respostas do João Gomes Bonifácio
Magalhães, recebi o teu e-mail em relação às palavras proferidas por um oficial que todos conhecemos e que agora tanto nos desiludiu e entristeceu. Já tive a oportunidade de me referir a este caso há uns dias com outro nosso amigo e, do mesmo modo, fiz sentir, que o então Capitão Bruno, Ajudante de Campo do Gen. Spínola, não passou por ser mais do que isso, um militar sem mais que fazer do que: "toma nota Bruno". Depois da sua passagem pela Guiné, sem nunca ter sofrido o que outros de igual patente sofreram.
No mínimo considero uma afronta a inteligência dos seus camaradas com a mesma patente, e para com os militares em geral.
Um dos motivos que eu gostaria de focar relaciona-se com as tuas observações no que concerne à alimentação das nossas tropas.
Depois da minha recruta na Escola Prática de Cavalaria em Santarém, segui para a Póvoa de Varzim, onde fui tirar a especialidade de alimentação.
Também eu, e como referenciaste, tive a sorte de ter um rancho de primeira qualidade, porque também se formavam cozinheiros naquela escola.
Uma das promessas que eu fiz logo no início, foi de estudar bastante para conseguir a melhor classificação, que me permitisse poder escolher a unidade perto da minha família e, do mesmo modo, poder continuar a aprender a administração da alimentação, que no papel parecia muito simples, mas que se provaria mais tarde, que afinal o curso de pouco valeu.
Eu tive a sorte de logo após a chegada ao R.I.3 de Beja, ser logo nomeado para gerente da messe de Sargentos e Cabos Milicianos. Duas Messes, as mesmas refeições, apenas salas diferentes. Como podes imaginar e sendo uma unidade de recrutamento e instrução, eu tinha sempre uma enorme família às refeições.
Foi muito positiva toda a experiência que adquiri em Beja, pois serviu para na Guiné, minimizar todas as frustrações passadas, pelas constantes faltas de géneros e condições de trabalho e higiene, de modo a que a situação dos militares não se ressentisse.
É evidente e estou de acordo contigo, em dizer que a comida dos ranchos era uma lástima e às vezes até poderíamos de chamar imprópria para humanos, muito pior por se tratarem de soldados que sofriam um grande desgaste para cumprir as ordens e os caprichos que chegavam com frequência do poderoso Cmdt de Cia.
Contudo, tudo isto poderia ser tolerado se na altura não houvessem a tais liberdades, que de um modo geral, classificavam os tais vagomestres e eu era no fundo um deles.
Uma diferença existia. Eu procurei sempre, mas sempre, olhar pelo bem estar físico e até psicológico do soldado, tentando dentro das condições que tinha, de lhes proporcionar uma alimentação com os requisitos desejados e que eu tinha aprendido, tendo em conta as linhas de reabastecimento, o clima e o meio ambiente. A selecção de ementas foi feita e alterada sempre que tal se justificava, mais por falta de géneros do que pelo próprio desejo de mudar.
Tivemos que ser flexíveis e nisto estou a falar na quantidade de peixe, carne, vegetais e frutas.
Estivemos em CO onde havia muito e bom peixe e fruta local que foi sendo alterada com a da Militar. A Carne era pouca, porque a Companhia anterior fez por garantir que os que viessem a seguir não tinham vacas para comprar.
No Olossato, não havia peixe, mas muita carne. Como era costume eu mandava os Balantas irem a mata e roubar aos turras.
Na qualidade da comida, existem diferenças em se cozinhar para 150 soldados numa panela grande, e neste caso duas de 100, ou separar e cozinhar em panelas de 50 ou sejam quatro mais pequenas.
Os resultados são iguais, mas a qualidade é muito mais elevada e por razões que tem que ver com a atenção ao detalhe que eu exigia dos cozinheiros do rancho.
Nas messes por onde andei nunca tive problemas pois tive a sorte de ter tido profissionais da indústria hoteleira. O mesmo se pode dizer do pão. Nós tínhamos pão de Lisboa, onde através de uma mistura de farinhas americana e francesa, o meu padeiro, também profissional (condutor da tropa), nos prendou com o que se constava nessa altura como o melhor pão da Guiné.
Todos nós sabemos das diferenças entre os vários escalões das FA, dos graus de educação, das personalidades individuais, mas todos estamos de acordo, que muitos casos lamentáveis de má qualidade e até de fome, tenham sido originados e aqui dói-me dizê-lo, pela incompetência e desinteresse de colegas meus, e também pelas dificuldades de reabastecimento.
Para tudo era preciso uma cunha e boa. Eu tive sorte. O Camarão e a Ostra de Co ajudaram a derrubar muitas barreiras, e eu não tive nunca esse problema. Tive a coluna de reabastecimento a tempo e horas e o avião sempre disponível para me levar o carapau, sardinha, peixe-espada, pescada e fruta do continente.
No fim disto, e tal como todos os que sabem dos comentários do Gen. Bruno, e da falta de sentimentos por ele demonstrado, é de um desnível educacional ao mais alto ponto.
A tropa de macaca ou outro nome que indicaste, não teve culpa da má preparação. Nesse tempo era assim. Os PÁRAS, FUSOS E COMANDOS é que eram a elite. Mas eram eles, que tendo a boa vida que eu sabia em Bissau, eram os primeiros a ser mandados para os chamados pontos quentes. Depois a tal tropa ia fazer o rescaldo do que sobrasse.
Achei sempre que era injusto, mas tudo era diferente. Tão diferente que até eu me sentia Elite por saber que estava preparado para tomar conta da Alimentação dos militares sob a minha responsabilidade, mas também de todos os serviços administrativos da Companhia de Caçadores de que fazia parte.
Muito Obrigado pelo teu texto. Gostei de ler, mas também queria que soubesses, que na maioria dos casos, a incompetência, o interesse, a dedicação, e até a corrupção, estiveram para além de tudo, muito embora os reabastecimentos para o mato fossem muito complicados.
Um Grande Abraço,
João Gomes Bonifácio
Ex-Fur. Milº do Serv. de Admn. Militar
CCaç. 2402/Bat. 2851
Guiné 68/70
__________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 2 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4126: Bandos... A frase, no mínimo infeliz, de um general (7): Os Bravos da Tropa Macaca (Eduardo Magalhães Ribeiro)
Vd. último poste da série de 6 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4149: Bandos... A frase, no mínimo infeliz, de um general (11): Meditei sobre as palavras do sr. gen. Almeida Bruno (Mário Fitas)
Boa tarde Amigos bloguistas,
Quem não viu/ouviu o programa do Joaquim Furtado, tem que ouvi-lo na totalidade para analisar o contexto em que as palavras foram proferidas pelo Sr. General Almeida Bruno.
Eu penso que vi/ouvi bem o dito programa, embora na altura tivesse junto de mim o meu filho e a minha mulher a conversar e posso ter deturpado o sentido da tão discutida frase. Reparem que nadíssima me move contra o general A.B., pois eu considero-me seu amigo pessoal há uns anos a esta parte, tendo até várias fotos (uma delas podem vê-la no meu blogue) e o seu cartão de visita.
No entanto, o silêncio do general (que eu saiba o mesmo ainda não disse nada acerca da sua entrevista), sobre esta gravíssima matéria é comprometedor, pelo que ele duplamente simboliza: quer como oficial superior do Exército Português, quer como militar prestigiado e condecorado aos mais elevado níveis, como ex-Combatente do Ultramar.
Quem não se sente não é filho de boa gente, e estou à espera que ele a qualquer momento, face à grande contestação da malta (nomeadamente junto da Liga dos Combatentes), se pronuncie sobre a verdade dos factos, isto é sobre o que realmente nos quis transmitir com aquelas palavras. Na quase certeza absoluta que ouvi bem o que ele disse, e face à ira dos ex-Combatentes e à surpresa gerada entre os esforçados e sacrificados COMANDOS (em especial aquela que eu melhor conheci a 38ª Cia.), que o general omitiu na entrevista vá-se lá saber porquê, aguardemos pelos próximos episódios.
Hoje anexo o restante texto que completa o post 4126, e a que dei o título de: As origens dos bandos da Guiné.
No fundo do anexo podem ler uma primeira reacção do nosso camarada bloguista John Bonifácio (João).
Um grande abraço amigo do MR
2. Guiné: Bandos... A frase, no mínimo infeliz, de um general & O nosso direito à indignação.
As origens dos bandos da Guiné
Enquanto a memória não me atraiçoa, já que, com o implacável e irreversível avançar do tempo, vou sentindo que a senilidade se vai apoderando lentamente de mim, quero completar a minha divagação apresentada no post 4126 (*).
Já pensaram bem qual era, afinal, as origens dos bandos a que o Sr. General Almeida Bruno se refere na entrevista inserida no célebre episódio televisivo e que arribavam à Guiné em navios e aviões.
Em navios onde os bandos de praças viajavam cinco horríveis dias apinhados nos porões, no meio de um agoniante e enjoativo cheiro a vomitado, proveniente daqueles que enjoavam. No Uíge, onde regressámos, não posso dizer-vos como era a comida dos soldados, porque felizmente nunca a provei.
Pois os bandos surgiam chamados, obrigatoriamente, pelas Forças Armadas às fileiras 4 ou 5 dos seus mais belos anos, na flor da idade, períodos estes roubados à convivência com os amigos, namoradas, esposas e famílias, aos jogos de bola e outro desportos, aos estudos, aos dias de sol nas praias, etc.
Uns tantos estudavam, enquanto outros desde tenra idade laboravam em escritórios, fábricas, oficinas, outros já amargavam na rude vida dos campos com os seus pais, etc.
Havia os que pediam, por motivo óbvio, o amparo de mãe e algumas vezes lá o conseguiam, e os que estudavam e viam aprovados os pedidos de adiamento de incorporação, para poderem concluir os seus bacharelatos e licenciaturas.
Repare-se que em número de anos dedicado aos livros, tal perfazia uns 15 anos (4 primários + 7 liceus + 4, no mínimo, universitários).
A grande maioria de nós era quase imberbe, jamais tinha sequer viajado para fora da sua aldeia, vila ou cidade, alguns completamente desprovidos de qualquer grau de agressividade e, a quase totalidade, nunca tinha visto e muito menos pegado numa arma, nem sequer numa simples fisga.
Não vou falar aqui nos que fugiram, nem naqueles que por vários motivos, em que o medo/terror a uma eventual ida para a tropa/Ultramar era factor comum, se auto mutilavam ou arranjavam quem os mutilasse (lembro-me de um rapaz que pediu a outro que lhe cortasse o indicador direito), ou daqueles que arranjavam uma boa cunha para se safarem, ou da tropa toda, ou, pelo menos, da ida para o Ultramar.
Também não vou escrever mais nada da deficiente e quase ineficaz instrução dos bandos (já o fiz no post 4126), e que muitos só através da experiência (por vezes misturada de sangue e morte), que iam adquirindo aos longo do passar do tempo, mas um pouco daquilo que mais os revoltava, enfraquecia e desmotivava que eram as doenças, a qualidade da alimentação e as instalações.
Não é preciso ser médico para sabermos que as mazelas físicas (mais evidentes) e psíquicas (não menos mutilantes e desgastantes por invisíveis que sejam), reflectidas nas diversas doenças que contribuíram, e vêm contribuindo, para nos ajudar a matar. As maleitas venéreas, as disenterias, os paludismos, etc. a que se juntaram os efeitos da angústia das esperas de ataques do IN e, ou, dos que estiveram submetidos a ferro e fogo, de sermos feridos os mortos e de vermos serem feridos e mortos, ao nosso lado, os nossos irmãos de armas.
Excluindo qualquer crítica aos vagomestres, no mínimo, incompetentes, que não dignificavam os seus pares, queria apenas falar-vos dos alimentos de que me lembro, e que seria bom que um dos homens especialista neste assunto, nos descrevesse aquilo de que se lembra e que lá, nos confins da Guiné, onde os reabastecimentos eram obra maquiavélica, nos fazia sobreviver.
A verdade seja dita eu na minha estadia na Guiné, fui um privilegiado já que fome, propriamente dita, nunca passei. A ração de combate sempre dava para desenrascar e lembro-me do vinho nos chegar em bidões de 215 litros (salvo erro) fervidos e refervidos ao sol, da cerveja em lata, do bacalhau liofilizado, do leite em pó da Arábia Saudita e do pêssego em calda que constituía, invariavelmente, as nossa sobremesas.
Lembro-me da odiada comida de puta: arroz, com 1 ovo estrelado 2 salsichas e uma tira de fiambre, que era uma ementa muito utilizada.
Quanto a instalações fora de Bissau, os pré-fabricados eram um luxo, mas alguns destacamentos e secções, estrategicamente colocados em posições mais interiores e, ou, avançadas, viviam em autênticos buracos escavados no solo, cobertos com troncos de árvores e, ou, chapas de bidões cortados e alisados para o efeito.
Era então no seio destes potenciais mancebos, com 21/22 anos, que os bandos se iam treinando e formando, no Exército, na Marinha e na Aviação, recrutados em nome de Portugal, e que, doa a quem doer, com maior ou menor dificuldade, pesem-se na generalidade todos os inconvenientes, contrariedades sofrimentos, deficiente instrução, péssima alimentação, ferimentos e mortes, estóica e bravamente aguentaram inigualavelmente 36 anos de guerrilha na mata (13 em Angola, 12 em Moçambique e 11 na Guiné), ainda hoje considerado por grandes estrategas e estudiosos da matéria guerra, como um feito incomparável e prodigioso, ao nível mundial, até aos dias de hoje.
Resta-me acrescentar que, ninguém pense que eu sou apologista de qualquer resquício anti-militar, já que eu sou defensor, para muitos fins e efeitos que também não vou agora descrever, que todos os nossos jovens, mesmo em tempo da paz podre em que vivemos, deviam ser chamados aos quartéis uns 6 meses, afim de receberem instrução de recruta e uma especialidade.
Para concluir, lembro apenas aos mais distraídos, que os monumentos construídos em memória dos Combatentes do Ultramar, são erigidos em homenagem não ao fuzileiro xis ou ao pára-quedista y, mas em homenagem ao esforço global de todos os ex-Combatentes.
Já foi publicado no blogue - post 3490 -, um poema que em tempos escrevi a propósito, e aqui repito:
3. Sombras desta pseudo-democracia!
Éramos uns putos... feitos Homens!
Arrancados aos bancos dos liceus
Largando mães, namoradas, esposas...
Enfiados em quartéis... longe dos seus
Éramos uns putos... mas tesos!
Sabíamos que o destino era a guerra
Lá... muito longe... em meio hostil...
Pleno de mata, trilho, rio e serra
Éramos uns putos... com vinte anos!
Que crescemos mais rapidamente
Cientes que a coisa era… séria
Cheia de riscos... perigosamente!
Éramos uns putos... mas solidários!
Soubemos ultrapassar as dificuldades
À custa de vasto suor e muito sangue...
Algumas cicatrizes e enfermidades
Éramos uns putos... quase imberbes!
Instruídos p'ra matar... custa a crer!
Imbuídos duma obsessão suprema;
Acima de tudo... sobreviver!
Éramos uns putos... uma geração!
Lidamos com as privações e a morte
Cada um teve a sua missão
Com maior ou menor dose de sorte
Éramos uns putos... temperados!
Quantas vezes superamos as fraquezas
Para dar uma ilusão de sermos fortes
De modo a derrotar dores e tristezas!
Éramos uns putos... Grandes… enfim!
Fomos lá... cumprir... melhor ou pior!
Cada um com seus receios... medos!
Em nome dum Império duro e opressor
Hoje estes putos... já são avós!
E uma coisa estranham... revoltados!
O repugnante ostracismo político
A que, como ex-combatentes, são votados!
Quando pensaram: Cumpri com a PÁTRIA!
Descobriram, digamos que... espantados!
Somos sombras desta pseudo-democracia!
Pura e simplesmente... ignorados!
Cientes que os voluntários foram poucos
E os que não fugiram foram bastantes
A indignação é tanto mais e revoltante…
Quanto os sentimentos são frustrantes
Rezando pelos que entretanto vão partindo
Vão dando continuidade à vida… desgostosos
Desta imensa e repulsiva ingratidão
Por parte de políticos velhacos e rancorosos
Mantendo porém… firmes a sua esperança
Que neste país após a abrilada
Políticos com sentido e Amor Pátrio
Lhes prestem justiça e… mais nada
Porque tudo deram… do seu melhor!
Por vezes… sabe Deus com que sacrifícios
Dez mil morreram na flor da idade, e…
Milhares ainda sofrem mil malefícios!
Trocando experiências e memórias
Estes homens convivem entre si… alegremente
Tornam-se amigos, camaradas... irmãos…
Entre palavras, risos e choros... intestinamente!
Um abraço amigo do Pira de Mansoa
M.R.
4. Respostas do João Gomes Bonifácio
Magalhães, recebi o teu e-mail em relação às palavras proferidas por um oficial que todos conhecemos e que agora tanto nos desiludiu e entristeceu. Já tive a oportunidade de me referir a este caso há uns dias com outro nosso amigo e, do mesmo modo, fiz sentir, que o então Capitão Bruno, Ajudante de Campo do Gen. Spínola, não passou por ser mais do que isso, um militar sem mais que fazer do que: "toma nota Bruno". Depois da sua passagem pela Guiné, sem nunca ter sofrido o que outros de igual patente sofreram.
No mínimo considero uma afronta a inteligência dos seus camaradas com a mesma patente, e para com os militares em geral.
Um dos motivos que eu gostaria de focar relaciona-se com as tuas observações no que concerne à alimentação das nossas tropas.
Depois da minha recruta na Escola Prática de Cavalaria em Santarém, segui para a Póvoa de Varzim, onde fui tirar a especialidade de alimentação.
Também eu, e como referenciaste, tive a sorte de ter um rancho de primeira qualidade, porque também se formavam cozinheiros naquela escola.
Uma das promessas que eu fiz logo no início, foi de estudar bastante para conseguir a melhor classificação, que me permitisse poder escolher a unidade perto da minha família e, do mesmo modo, poder continuar a aprender a administração da alimentação, que no papel parecia muito simples, mas que se provaria mais tarde, que afinal o curso de pouco valeu.
Eu tive a sorte de logo após a chegada ao R.I.3 de Beja, ser logo nomeado para gerente da messe de Sargentos e Cabos Milicianos. Duas Messes, as mesmas refeições, apenas salas diferentes. Como podes imaginar e sendo uma unidade de recrutamento e instrução, eu tinha sempre uma enorme família às refeições.
Foi muito positiva toda a experiência que adquiri em Beja, pois serviu para na Guiné, minimizar todas as frustrações passadas, pelas constantes faltas de géneros e condições de trabalho e higiene, de modo a que a situação dos militares não se ressentisse.
É evidente e estou de acordo contigo, em dizer que a comida dos ranchos era uma lástima e às vezes até poderíamos de chamar imprópria para humanos, muito pior por se tratarem de soldados que sofriam um grande desgaste para cumprir as ordens e os caprichos que chegavam com frequência do poderoso Cmdt de Cia.
Contudo, tudo isto poderia ser tolerado se na altura não houvessem a tais liberdades, que de um modo geral, classificavam os tais vagomestres e eu era no fundo um deles.
Uma diferença existia. Eu procurei sempre, mas sempre, olhar pelo bem estar físico e até psicológico do soldado, tentando dentro das condições que tinha, de lhes proporcionar uma alimentação com os requisitos desejados e que eu tinha aprendido, tendo em conta as linhas de reabastecimento, o clima e o meio ambiente. A selecção de ementas foi feita e alterada sempre que tal se justificava, mais por falta de géneros do que pelo próprio desejo de mudar.
Tivemos que ser flexíveis e nisto estou a falar na quantidade de peixe, carne, vegetais e frutas.
Estivemos em CO onde havia muito e bom peixe e fruta local que foi sendo alterada com a da Militar. A Carne era pouca, porque a Companhia anterior fez por garantir que os que viessem a seguir não tinham vacas para comprar.
No Olossato, não havia peixe, mas muita carne. Como era costume eu mandava os Balantas irem a mata e roubar aos turras.
Na qualidade da comida, existem diferenças em se cozinhar para 150 soldados numa panela grande, e neste caso duas de 100, ou separar e cozinhar em panelas de 50 ou sejam quatro mais pequenas.
Os resultados são iguais, mas a qualidade é muito mais elevada e por razões que tem que ver com a atenção ao detalhe que eu exigia dos cozinheiros do rancho.
Nas messes por onde andei nunca tive problemas pois tive a sorte de ter tido profissionais da indústria hoteleira. O mesmo se pode dizer do pão. Nós tínhamos pão de Lisboa, onde através de uma mistura de farinhas americana e francesa, o meu padeiro, também profissional (condutor da tropa), nos prendou com o que se constava nessa altura como o melhor pão da Guiné.
Todos nós sabemos das diferenças entre os vários escalões das FA, dos graus de educação, das personalidades individuais, mas todos estamos de acordo, que muitos casos lamentáveis de má qualidade e até de fome, tenham sido originados e aqui dói-me dizê-lo, pela incompetência e desinteresse de colegas meus, e também pelas dificuldades de reabastecimento.
Para tudo era preciso uma cunha e boa. Eu tive sorte. O Camarão e a Ostra de Co ajudaram a derrubar muitas barreiras, e eu não tive nunca esse problema. Tive a coluna de reabastecimento a tempo e horas e o avião sempre disponível para me levar o carapau, sardinha, peixe-espada, pescada e fruta do continente.
No fim disto, e tal como todos os que sabem dos comentários do Gen. Bruno, e da falta de sentimentos por ele demonstrado, é de um desnível educacional ao mais alto ponto.
A tropa de macaca ou outro nome que indicaste, não teve culpa da má preparação. Nesse tempo era assim. Os PÁRAS, FUSOS E COMANDOS é que eram a elite. Mas eram eles, que tendo a boa vida que eu sabia em Bissau, eram os primeiros a ser mandados para os chamados pontos quentes. Depois a tal tropa ia fazer o rescaldo do que sobrasse.
Achei sempre que era injusto, mas tudo era diferente. Tão diferente que até eu me sentia Elite por saber que estava preparado para tomar conta da Alimentação dos militares sob a minha responsabilidade, mas também de todos os serviços administrativos da Companhia de Caçadores de que fazia parte.
Muito Obrigado pelo teu texto. Gostei de ler, mas também queria que soubesses, que na maioria dos casos, a incompetência, o interesse, a dedicação, e até a corrupção, estiveram para além de tudo, muito embora os reabastecimentos para o mato fossem muito complicados.
Um Grande Abraço,
João Gomes Bonifácio
Ex-Fur. Milº do Serv. de Admn. Militar
CCaç. 2402/Bat. 2851
Guiné 68/70
__________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 2 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4126: Bandos... A frase, no mínimo infeliz, de um general (7): Os Bravos da Tropa Macaca (Eduardo Magalhães Ribeiro)
Vd. último poste da série de 6 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4149: Bandos... A frase, no mínimo infeliz, de um general (11): Meditei sobre as palavras do sr. gen. Almeida Bruno (Mário Fitas)
Guiné 63/74 - P4150: (Ex)citações (22): Dando voz ao poeta russo Vladimir Maiakovsky (Vasco da Gama)
1. Comentário deixado por Vasco da Gama (*), ex-Cap Mil da CCAV 8351, Os Tigres de Cumbijã, Cumbijã, 1972/74, no poste de 31 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4115: Os Bu... rakos em que vivemos (1): Banjara, CART 1690 (Parte I) (António Moreira/Alfredo Reis/A. Marques Lopes):
Ao Triunvirato da Tabanca Grande
Caros Camaradas e Amigos,
Face ao vosso belo texto seria muito pobre uma resposta da minha autoria, pelo que, dou a voz a um poeta russo, Maiakovski (**), calado a seguir à revolução bolchevique:
Na primeira noite, eles se aproximam
e colhem uma flor do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite já não se escondem
pisam as flores, matam nosso cão.
E não dizemos nada.
Até que um dia o mais frágil deles, entra sózinho em nossa casa, rouba-nos a lua, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta
E porque não dissemos nada,
já não podemos dizer nada.
Queridos Combatentes da Guiné
Mesmo "de Baixa", ao ataque...
NÃO TORNEMOS A PALAVRA INÚTL.
Vasco da Gama
__________
Nota de CV:
(*) Vd. poste de 5 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4144: O mundo é pequeno e o nosso blogue... é grande (2): Partiu vivo jovem forte/Voltou bem grave e calado... (Sophia) (Vasco da Gama)
(**) Vladimir Vladimirovich Maiakovski (1893-1930)
Vd. último poste da série de 19 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4050: (Ex)citações (21): A esperança de que o António Ferreira ainda esteja vivo...(Cátia Félix)
Ao Triunvirato da Tabanca Grande
Caros Camaradas e Amigos,
Face ao vosso belo texto seria muito pobre uma resposta da minha autoria, pelo que, dou a voz a um poeta russo, Maiakovski (**), calado a seguir à revolução bolchevique:
Na primeira noite, eles se aproximam
e colhem uma flor do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite já não se escondem
pisam as flores, matam nosso cão.
E não dizemos nada.
Até que um dia o mais frágil deles, entra sózinho em nossa casa, rouba-nos a lua, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta
E porque não dissemos nada,
já não podemos dizer nada.
Queridos Combatentes da Guiné
Mesmo "de Baixa", ao ataque...
NÃO TORNEMOS A PALAVRA INÚTL.
Vasco da Gama
__________
Nota de CV:
(*) Vd. poste de 5 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4144: O mundo é pequeno e o nosso blogue... é grande (2): Partiu vivo jovem forte/Voltou bem grave e calado... (Sophia) (Vasco da Gama)
(**) Vladimir Vladimirovich Maiakovski (1893-1930)
Vd. último poste da série de 19 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4050: (Ex)citações (21): A esperança de que o António Ferreira ainda esteja vivo...(Cátia Félix)
Guiné 63/74 - P4149: Bandos... A frase, no mínimo infeliz, de um general (11): Meditei sobre as palavras do sr. gen. Almeida Bruno (Mário Fitas)
1. Mensagem de Mário Fitas, ex-Fur Mil Op Esp da CCAÇ 763, Cufar, 1965/66, com data de 29 de Março de 2009:
Luís,
Meditei, sobre as palavras do sr. Gen. Almeida Bruno, transcritas pelo Jorge Canhão (*).
Esta verdade é uma mentira! Ponham-me em frente do sr. General para contar o que foi Cufar 1961/1974
São de facto palavras de injustiça, para com o valoroso Soldado Português, que vindos dos mais recônditos locais deste nosso Portugal, foram enfiados em navios e despejados em Angola, Moçambique e no nosso caso concreto na Guiné.
Infelizmente, assisti a muita coisa, que não se passaram comigo e com os meus homens, porque:
Tínhamos um comandante, militar impoluto, sem medo, inteligente e que soube transmitir com os seus soldados.
Esse militar, perante o qual - sendo apenas coronel por motivos sobejamente conhecidos - o sr. Gen. Almeida Bruno se teria de pôr em sentido. Aliás tenho dúvidas se na Guiné não o terá feito.
É possível que tenham acontecido alguns (raros) casos, em que se deram situações de fraqueza.
Mas... essa fraqueza, não foi do generoso soldado Português mas sim, e, digo sem medo nenhum, pela ignorância e cobardia de quem os comandava. E quem os comandava sabíamos nós.
Dezenas de Companhias - as quais posso citar - passaram por Cufar e visitaram Camaiupa, Cabolol, Caboxanque em pleno Cantanhez, e aí não havia arame farpado.
O nosso blogue e suas narrações na primeira pessoa é uma fonte inesgotável, para contradizer, as palavras do sr. General.
Estas são as minhas palavras! Mas para que ao sr. Gen. Almeida Bruno seja demonstrada a verdade da Guerra na Guiné, solicito que seja aposto no Blogue como resposta a palavras tão frustrantes, o Prefácio de "Pami na Dondo a Guerrilheira" o qual não foi editado com o livro, mas que se encontra descrito no P1911 de 2 de Julho de 2007 pelo nosso camarada Marques Lopes.
Já tive problemas por comentar os (Senhores da Guerra) que ficam encantados com as (luzes da Ribalta) flaches das TVs e se desbragam por vezes, não tendo o senso e a honestidade de reconhecer que muito daquilo que ostentam no peito, foi à custa daqueles que eles hoje desprezam e tratam mal.
Viva o Brioso, Simples mas Grandioso Soldado Português!
Para todos eles o abraço da extensão do Cumbijã
Mário Fitas
2. Prefácio do Livro de Mário Vicente, Pami Na Dondo A Guerrilheira
Nesta obra, de forma peculiar, o autor apresenta-nos a bajuda (nativa jovem e ainda virgem) Pami Na Dondo - A GUERRILHEIRA - e por ela vamos saber como na Guiné, entre os seus naturais, nasceu a ideia de Nação e como surgiu o PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e de Cabo Verde).
A obra oscila entre a ficção e a realidade, bem documentada, descrevendo o ambiente e as personagens; somos assim postos perante a profundidade de um romance e não face à superficialidade de qualquer outro tipo de narrativa.
Assim, somos transportados desde a vivência dos militantes do PAIGC até à acção e forma de viver dos soldados que compõem a Companhia de Caçadores 763, uma Unidade do Exército Português onde o autor esteve integrado, numa comissão de serviço militar na Guiné Portuguesa.
Ao longo do texto vamos de mãos dadas com a jovem Pami Na Dondo que nos narra a sua infância e adolescência, as peripécias que viveu, até que, já mentalizada, se transformou numa guerrilheira do PAIGC mais tarde, e por via dos factos, é feita prisioneira pelos militares que ela combate e, retida no interior do seu Aquartelamento com o seu espírito de observação, tem a oportunidade de nos poder denunciar o procedimento e as personalidades daqueles que ela tem por seus inimigos.
Pami Na Dondo conta-nos como chegou à noção de Nação, como ajudou a diluir os antagonismos existentes entre os diversos grupos étnico-tribais, acabando por aderir ao PAIGC que para ela seguia a prossecução dos objectivos que ela também visava.
Pelos olhos dela vamos assistir ao desenvolvimento do PAIGC desde os seus primórdios até ao seu completo amadurecimento e, quando mais tarde prisioneira, ficamos a saber o seu comportamento e pensamentos relativos aos seus captores.
A acção desenrola-se no Sul da Guiné, nos princípios de 1965, e gira em torno das actividades de uma Companhia de Caçadores e é pelos olhos de Pami Na Dondo que vamos tomar contacto com diversos elementos daquela Companhia.
Pami Na Dondo alista-se nas hostes da guerrilha que dominava aquela zona de território e, por motivo de um acidente que lhe incapacita um dos braços, acaba como professora do PAIGC devido à sua formação escolar e pelo facto de falar correctamente o português, o que a recomenda para tal função. É na escola que ela mentaliza e doutrina os futuros guerrilheiros e lhes dá paralelamente a correspondente pre paração escolar.
À data em que se inicia a obra, a acção subversiva interna já atingiu a 4ª Fase (criação de Bases e de forças pseudo-regulares). Isto só foi possível em tão curto espaço de tempo, pelas qualidades de Amílcar Cabral, Fundador do PAIGC, homem esclarecido e determinado, cabo-verdiano, engenheiro agrónomo formado no Instituto Superior de Agronomia de Lisboa, e que antes prestara serviço nos Serviços de Agricultura de Bissau, tendo passado à clandestinidade por dissidências com os seus colegas europeus.
De vontade firme e forte, homem culto, Amílcar Cabral procede ao recrutamento dos futuros guerrilheiros, atenua as divergências étnicas entre aqueles que vão cooperar com ele, cria entre todos a noção de Nação e, dirigindo a subversão externamente através do Comité Revolucionário, instalado em Conakry, articula rapidamente as forças do Partido com o apoio dos países de Leste. Refira-se como curiosidade que os EUA se deixaram atrasar na corrida ao apoio dos diversos "grupos de libertação nacional", mas apesar disso ainda conseguem colocar no porto de Conakry um navio-hospital para tratamento dos guerrilheiros feridos do PAIGC.
Ao atingir a 4ª Fase da subversão Amílcar Cabral tinha o território dividido em Regiões e Zonas sendo as zonas divididas em Áreas cujas Bases foram estabelecidas nas matas de muito difícil acesso.
As Forças Armadas Revolucionárias Populares (FARP) são constituídas pelo Exército Popular (EP), Guerrilha Popular (GP) e Milícia Popular (MP). Estas últimas são o instrumento local de defesa e vigilância das populações.
Nas tabancas (povoações) das zonas que considera libertadas, nomeou responsáveis -2 homens e 2 mulheres- que constituem o comité da tabanca, controlando os movimentos dos elementos combatentes e também da própria população.
As bases dispõem de escolas que fazem a doutrinação dos jovens ao mesmo tempo que desenvolvem uma intensa campanha de alfabetização das massas. É numa destas escolas que Pami Na Dondo lecciona dando todo o seu empenho ao Partido.
A guerrilha é a base de recrutamento do Exército Popular e actua regionalmente apoiando a MP e o EP.
Os 1°-, 2°- e 3°- comissários militares, os 1°-, 2°- e 3°- comissários políticos, são as categorias dos chefes existentes nas FARP. Os elementos combatentes são militantes (EP), guerrilheiros (GP) e milicianos (MP), e revelam-se atacando ou flagelando os quartéis, alvejando aviões ou embarcações, implantando abatises, minas e armadilhas nos itinerá rios, destruindo pontes ou casas de alvenaria, coagindo as populações e exercendo represálias. Furta-se normalmente ao contacto com as tropas regulares, mas resiste nos locais de refúgio. Ataca ou flagela as tropas quando estas estão a destruir as tabancas abandonadas pela população ou estão a remover os abatises colocados nos itinerários.
É dentro deste ambiente e vivendo esta situação que vamos encontrar a bajuda Pami Na Dondo que nos descreverá quanto se passa sob os seus olhos, o que ouvem os seus ouvidos e, enfim, descobrindo os seus pensamentos e raciocínio.
Convêm acrescentar que o PAIGC bem treinado e mentalizado, desfruta de uma vantagem ímpar: enfrentava e dava luta a um exército que não fazia a mais pequena ideia do que era a luta de guerrilhas onde o inimigo pode surgir de qualquer direcção, que se esvaía no seio da população - como o peixe na água - com superioridade de armamento, o que nada tinha a ver com a guerra convencional que se ministrava nas escolas militares.
No Exército o oficial de patente mais elevada que pisa o terreno, que enfrenta o guerrilheiro e que tem de resolver todos os problemas de ordem logística que se lhe deparam diariamente, é o Capitão. O capitão tem de possuir caracter e personalidade, é orgulhoso e cheio de brio, tem coragem física e destemer, não evita o combate com o inimigo e no decorrer da actividade operacional procura sempre ter do seu lado a iniciativa das operações, com o intuito de retirar o espaço de manobra ao guerrilheiro.
Um capitão consciente procura compreender a guerrilha e as populações e preparar-se para em comissões futuras poder aplicar da melhor forma os conhecimentos colhidos. Com o decorrer dos anos muitos desses capitães, de novo no T.O. (Teatro de Operações) ou ainda capitães ou já promovidos a majores, vão dar o seu melhor na contenção da guerrilha. Infelizmente o Exército vai buscar os melhores para os ingressar no Corpo do Estado Maior (CEM), desfalcando os operacionais, o que se torna grave com a falta de quadros de capitães tendo de se recorrer a capitães milicianos sem qualquer vocação ou preparação para a guerra.
O CEM é um escol onde não se toca a não ser para funções políticas, governamentais ou diplomáticas, o que não tem implicações directas na guerrilha que se enfrenta; assim, ficam por aproveitar os possíveis ensinamentos que eventualmente pudessem ser aplicados no terreno. Por outro lado, e infelizmente, os oficiais superiores (majores e tenentes-coronéis, nomeadamente) trabalham nos QG (Quartel General) ou Agrupamentos de forças e não faziam ideia do que era a luta de guerrilhas, não baixam ao terreno e limitam-se a manterem-se nos PC (Posto de Comando) durante o desenrolar das operações pelo que as suas instruções (e mesmo as Ordens de Operações) se tornam razoavelmente irreais ou de difícil cumprimento.
Enfim, e apesar de todas as dificuldades, é de justiça mencionar que a Companhia de Caçadores 763 conseguiu pacificar a sua Zona de Acção. Apesar de tantas vicissitudes é com prazer e orgulho que realçamos a acção da CCAÇ 763 a cujos efectivos pertenceu o autor.
A CCAÇ 763, transportada no M/M Timor, chega a Bissau em 17/02/1965 e em 17/03/1965 ocupa a Zona de Acção (ZA) que lhe foi atribuída, entrando em quadrícula em CUFAR, no Sul da Guiné.
A Companhia empenha-se operacionalmente com um sentido de missão e de patriotismo dignos de registo, não há interrogações sobre as razões por que ali se encontram, não havendo a registar um único caso de deserção, toma a iniciativa das operações tácticas desalojando os guerrilheiros dos seus refúgios o que permite desarticular a guerrilha que perde totalmente o controlo da situação; por outro lado constróem-se as infra-estruturas do futuro aquartelamento, cria-se um campo de futebol, um de voleibol e um de badmington, por forma a manter os seus elementos permanentemente ocupados.
Não deixamos de mencionar que a Companhia, por sua iniciativa e à revelia do Exército, consegue recrutar ainda em Lisboa oito cães Pastores Alemães (6 machos e duas fêmeas) aos quais tendo sido atribuídos os respectivos tratadores à custa dos seus efectivos, se ministrou instrução com vista ao seu emprego em patrulhas, guarda, sentinela, esclarecedor do terreno, ataque e combate, todos bastantes acarinhados pelo pessoal da Companhia, e tendo vindo a tornar-se extremamente úteis no decorrer das operações.
Desenvolvendo a maior actividade em todos os sectores, sempre empenhados, em menos de seis meses a ZA foi pacificada, a guerrilha abandonou a zona e o contacto com as povoações vizinhas tornou-se um facto natural; a criação de uma escola dentro do aquartelamento para cento e oito (108) crianças, com um instrutor desportivo e um professor, e tendo os alunos direito ao pequeno almoço e almoço, foi um passo de grande valia no âmbito da acção psicológica sobre as populações. Por outro lado sendo a ZA maioritariamente Balanta (povo animista) e tendo a Companhia ao seu serviço um Pelotão de milícia nativa constituído por Fulas e Mandingas (povos vindo do leste de África e muçulmanos), e que tradicionalmente se odiavam, conseguiu-se um estreito espírito de cooperação entre todos, o que muito veio contribuir para o bom êxito das nossas actividades em todas as vertentes.
O Governador e Comandante-chefe na altura, chegou a confidenciar a alguém que se tivesse seis Companhias como a CCAÇ 763 o problema da guerrilha estaria resolvido.
Infelizmente este problema não foi resolvido, tendeu a agravar-se, considerando do nosso lado a falta de quadros preparados, e do lado da Guerrilha a sua melhoria em todo o tipo de armamento enquanto nós nos mantínhamos agarrados à G-3 e à bazooka.
Em 1973 o PAIGC consegue abater no Norte da Guiné, numa única manhã, dois aviões Dornier e um avião T-6; no Sul em dias não consecutivos, abate dois aviões a jacto Fiat; estava detentor dos mísseis terra-ar, apanhando as forças Portuguesas completamente de imprevisto. Isto vem afectar seriamente a nossa cobertura aérea e o moral dos nossos soldados. No entanto, apesar de tão sérios revezes, continuou a lutar-se até ao dia 25/04/1974.
Vai longo o prefácio e há que dar a palavra a Pami Na Dondo.
Mas não queremos terminar sem frisar que para nós foi extremamente honroso o convite do autor para elaborarmos este prefácio, que, esperamos, tenha servido para esclarecer alguns aspectos ligados à subversão na Guiné-Bissau.
Ainda não há muito tivemos o ensejo de ler a obra do autor Putos, gandulos e guerra, uma autobiografia elaborada com bastante mérito, onde aborda a sua infância, adolescência e a passagem pelas fileiras do Exército.
Agora, depois de tomado o contacto com a GUERRILHEIRA congratulamo-nos com o salto estilístico e linguístico que o autor sofreu, facto pelo qual o felicitamos vivamente.
Um abraço ao Mário Ralheta na certeza de que no futuro saberá fazer jus às suas capacidades literárias, vindo a engrandecer as letras portuguesas.
Carlos da Costa Campos
Coronel
__________
(*) Vd. poste de 28 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4089: Bandos... A frase, no mínimo infeliz, de um general (1): O nosso direito à indignação (Luís Graça / Mário Pinto / Jorge Canhão)
Vd. último poste da série de 5 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4142: Bandos... A frase, no mínimo infeliz, de um general (10): A propósito dos Bandos que pululavam na Guiné (José Teixeira)
Luís,
Meditei, sobre as palavras do sr. Gen. Almeida Bruno, transcritas pelo Jorge Canhão (*).
Esta verdade é uma mentira! Ponham-me em frente do sr. General para contar o que foi Cufar 1961/1974
São de facto palavras de injustiça, para com o valoroso Soldado Português, que vindos dos mais recônditos locais deste nosso Portugal, foram enfiados em navios e despejados em Angola, Moçambique e no nosso caso concreto na Guiné.
Infelizmente, assisti a muita coisa, que não se passaram comigo e com os meus homens, porque:
Tínhamos um comandante, militar impoluto, sem medo, inteligente e que soube transmitir com os seus soldados.
Esse militar, perante o qual - sendo apenas coronel por motivos sobejamente conhecidos - o sr. Gen. Almeida Bruno se teria de pôr em sentido. Aliás tenho dúvidas se na Guiné não o terá feito.
É possível que tenham acontecido alguns (raros) casos, em que se deram situações de fraqueza.
Mas... essa fraqueza, não foi do generoso soldado Português mas sim, e, digo sem medo nenhum, pela ignorância e cobardia de quem os comandava. E quem os comandava sabíamos nós.
Dezenas de Companhias - as quais posso citar - passaram por Cufar e visitaram Camaiupa, Cabolol, Caboxanque em pleno Cantanhez, e aí não havia arame farpado.
O nosso blogue e suas narrações na primeira pessoa é uma fonte inesgotável, para contradizer, as palavras do sr. General.
Estas são as minhas palavras! Mas para que ao sr. Gen. Almeida Bruno seja demonstrada a verdade da Guerra na Guiné, solicito que seja aposto no Blogue como resposta a palavras tão frustrantes, o Prefácio de "Pami na Dondo a Guerrilheira" o qual não foi editado com o livro, mas que se encontra descrito no P1911 de 2 de Julho de 2007 pelo nosso camarada Marques Lopes.
Já tive problemas por comentar os (Senhores da Guerra) que ficam encantados com as (luzes da Ribalta) flaches das TVs e se desbragam por vezes, não tendo o senso e a honestidade de reconhecer que muito daquilo que ostentam no peito, foi à custa daqueles que eles hoje desprezam e tratam mal.
Viva o Brioso, Simples mas Grandioso Soldado Português!
Para todos eles o abraço da extensão do Cumbijã
Mário Fitas
2. Prefácio do Livro de Mário Vicente, Pami Na Dondo A Guerrilheira
Nesta obra, de forma peculiar, o autor apresenta-nos a bajuda (nativa jovem e ainda virgem) Pami Na Dondo - A GUERRILHEIRA - e por ela vamos saber como na Guiné, entre os seus naturais, nasceu a ideia de Nação e como surgiu o PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e de Cabo Verde).
A obra oscila entre a ficção e a realidade, bem documentada, descrevendo o ambiente e as personagens; somos assim postos perante a profundidade de um romance e não face à superficialidade de qualquer outro tipo de narrativa.
Assim, somos transportados desde a vivência dos militantes do PAIGC até à acção e forma de viver dos soldados que compõem a Companhia de Caçadores 763, uma Unidade do Exército Português onde o autor esteve integrado, numa comissão de serviço militar na Guiné Portuguesa.
Ao longo do texto vamos de mãos dadas com a jovem Pami Na Dondo que nos narra a sua infância e adolescência, as peripécias que viveu, até que, já mentalizada, se transformou numa guerrilheira do PAIGC mais tarde, e por via dos factos, é feita prisioneira pelos militares que ela combate e, retida no interior do seu Aquartelamento com o seu espírito de observação, tem a oportunidade de nos poder denunciar o procedimento e as personalidades daqueles que ela tem por seus inimigos.
Pami Na Dondo conta-nos como chegou à noção de Nação, como ajudou a diluir os antagonismos existentes entre os diversos grupos étnico-tribais, acabando por aderir ao PAIGC que para ela seguia a prossecução dos objectivos que ela também visava.
Pelos olhos dela vamos assistir ao desenvolvimento do PAIGC desde os seus primórdios até ao seu completo amadurecimento e, quando mais tarde prisioneira, ficamos a saber o seu comportamento e pensamentos relativos aos seus captores.
A acção desenrola-se no Sul da Guiné, nos princípios de 1965, e gira em torno das actividades de uma Companhia de Caçadores e é pelos olhos de Pami Na Dondo que vamos tomar contacto com diversos elementos daquela Companhia.
Pami Na Dondo alista-se nas hostes da guerrilha que dominava aquela zona de território e, por motivo de um acidente que lhe incapacita um dos braços, acaba como professora do PAIGC devido à sua formação escolar e pelo facto de falar correctamente o português, o que a recomenda para tal função. É na escola que ela mentaliza e doutrina os futuros guerrilheiros e lhes dá paralelamente a correspondente pre paração escolar.
À data em que se inicia a obra, a acção subversiva interna já atingiu a 4ª Fase (criação de Bases e de forças pseudo-regulares). Isto só foi possível em tão curto espaço de tempo, pelas qualidades de Amílcar Cabral, Fundador do PAIGC, homem esclarecido e determinado, cabo-verdiano, engenheiro agrónomo formado no Instituto Superior de Agronomia de Lisboa, e que antes prestara serviço nos Serviços de Agricultura de Bissau, tendo passado à clandestinidade por dissidências com os seus colegas europeus.
De vontade firme e forte, homem culto, Amílcar Cabral procede ao recrutamento dos futuros guerrilheiros, atenua as divergências étnicas entre aqueles que vão cooperar com ele, cria entre todos a noção de Nação e, dirigindo a subversão externamente através do Comité Revolucionário, instalado em Conakry, articula rapidamente as forças do Partido com o apoio dos países de Leste. Refira-se como curiosidade que os EUA se deixaram atrasar na corrida ao apoio dos diversos "grupos de libertação nacional", mas apesar disso ainda conseguem colocar no porto de Conakry um navio-hospital para tratamento dos guerrilheiros feridos do PAIGC.
Ao atingir a 4ª Fase da subversão Amílcar Cabral tinha o território dividido em Regiões e Zonas sendo as zonas divididas em Áreas cujas Bases foram estabelecidas nas matas de muito difícil acesso.
As Forças Armadas Revolucionárias Populares (FARP) são constituídas pelo Exército Popular (EP), Guerrilha Popular (GP) e Milícia Popular (MP). Estas últimas são o instrumento local de defesa e vigilância das populações.
Nas tabancas (povoações) das zonas que considera libertadas, nomeou responsáveis -2 homens e 2 mulheres- que constituem o comité da tabanca, controlando os movimentos dos elementos combatentes e também da própria população.
As bases dispõem de escolas que fazem a doutrinação dos jovens ao mesmo tempo que desenvolvem uma intensa campanha de alfabetização das massas. É numa destas escolas que Pami Na Dondo lecciona dando todo o seu empenho ao Partido.
A guerrilha é a base de recrutamento do Exército Popular e actua regionalmente apoiando a MP e o EP.
Os 1°-, 2°- e 3°- comissários militares, os 1°-, 2°- e 3°- comissários políticos, são as categorias dos chefes existentes nas FARP. Os elementos combatentes são militantes (EP), guerrilheiros (GP) e milicianos (MP), e revelam-se atacando ou flagelando os quartéis, alvejando aviões ou embarcações, implantando abatises, minas e armadilhas nos itinerá rios, destruindo pontes ou casas de alvenaria, coagindo as populações e exercendo represálias. Furta-se normalmente ao contacto com as tropas regulares, mas resiste nos locais de refúgio. Ataca ou flagela as tropas quando estas estão a destruir as tabancas abandonadas pela população ou estão a remover os abatises colocados nos itinerários.
É dentro deste ambiente e vivendo esta situação que vamos encontrar a bajuda Pami Na Dondo que nos descreverá quanto se passa sob os seus olhos, o que ouvem os seus ouvidos e, enfim, descobrindo os seus pensamentos e raciocínio.
Convêm acrescentar que o PAIGC bem treinado e mentalizado, desfruta de uma vantagem ímpar: enfrentava e dava luta a um exército que não fazia a mais pequena ideia do que era a luta de guerrilhas onde o inimigo pode surgir de qualquer direcção, que se esvaía no seio da população - como o peixe na água - com superioridade de armamento, o que nada tinha a ver com a guerra convencional que se ministrava nas escolas militares.
No Exército o oficial de patente mais elevada que pisa o terreno, que enfrenta o guerrilheiro e que tem de resolver todos os problemas de ordem logística que se lhe deparam diariamente, é o Capitão. O capitão tem de possuir caracter e personalidade, é orgulhoso e cheio de brio, tem coragem física e destemer, não evita o combate com o inimigo e no decorrer da actividade operacional procura sempre ter do seu lado a iniciativa das operações, com o intuito de retirar o espaço de manobra ao guerrilheiro.
Um capitão consciente procura compreender a guerrilha e as populações e preparar-se para em comissões futuras poder aplicar da melhor forma os conhecimentos colhidos. Com o decorrer dos anos muitos desses capitães, de novo no T.O. (Teatro de Operações) ou ainda capitães ou já promovidos a majores, vão dar o seu melhor na contenção da guerrilha. Infelizmente o Exército vai buscar os melhores para os ingressar no Corpo do Estado Maior (CEM), desfalcando os operacionais, o que se torna grave com a falta de quadros de capitães tendo de se recorrer a capitães milicianos sem qualquer vocação ou preparação para a guerra.
O CEM é um escol onde não se toca a não ser para funções políticas, governamentais ou diplomáticas, o que não tem implicações directas na guerrilha que se enfrenta; assim, ficam por aproveitar os possíveis ensinamentos que eventualmente pudessem ser aplicados no terreno. Por outro lado, e infelizmente, os oficiais superiores (majores e tenentes-coronéis, nomeadamente) trabalham nos QG (Quartel General) ou Agrupamentos de forças e não faziam ideia do que era a luta de guerrilhas, não baixam ao terreno e limitam-se a manterem-se nos PC (Posto de Comando) durante o desenrolar das operações pelo que as suas instruções (e mesmo as Ordens de Operações) se tornam razoavelmente irreais ou de difícil cumprimento.
Enfim, e apesar de todas as dificuldades, é de justiça mencionar que a Companhia de Caçadores 763 conseguiu pacificar a sua Zona de Acção. Apesar de tantas vicissitudes é com prazer e orgulho que realçamos a acção da CCAÇ 763 a cujos efectivos pertenceu o autor.
A CCAÇ 763, transportada no M/M Timor, chega a Bissau em 17/02/1965 e em 17/03/1965 ocupa a Zona de Acção (ZA) que lhe foi atribuída, entrando em quadrícula em CUFAR, no Sul da Guiné.
A Companhia empenha-se operacionalmente com um sentido de missão e de patriotismo dignos de registo, não há interrogações sobre as razões por que ali se encontram, não havendo a registar um único caso de deserção, toma a iniciativa das operações tácticas desalojando os guerrilheiros dos seus refúgios o que permite desarticular a guerrilha que perde totalmente o controlo da situação; por outro lado constróem-se as infra-estruturas do futuro aquartelamento, cria-se um campo de futebol, um de voleibol e um de badmington, por forma a manter os seus elementos permanentemente ocupados.
Não deixamos de mencionar que a Companhia, por sua iniciativa e à revelia do Exército, consegue recrutar ainda em Lisboa oito cães Pastores Alemães (6 machos e duas fêmeas) aos quais tendo sido atribuídos os respectivos tratadores à custa dos seus efectivos, se ministrou instrução com vista ao seu emprego em patrulhas, guarda, sentinela, esclarecedor do terreno, ataque e combate, todos bastantes acarinhados pelo pessoal da Companhia, e tendo vindo a tornar-se extremamente úteis no decorrer das operações.
Desenvolvendo a maior actividade em todos os sectores, sempre empenhados, em menos de seis meses a ZA foi pacificada, a guerrilha abandonou a zona e o contacto com as povoações vizinhas tornou-se um facto natural; a criação de uma escola dentro do aquartelamento para cento e oito (108) crianças, com um instrutor desportivo e um professor, e tendo os alunos direito ao pequeno almoço e almoço, foi um passo de grande valia no âmbito da acção psicológica sobre as populações. Por outro lado sendo a ZA maioritariamente Balanta (povo animista) e tendo a Companhia ao seu serviço um Pelotão de milícia nativa constituído por Fulas e Mandingas (povos vindo do leste de África e muçulmanos), e que tradicionalmente se odiavam, conseguiu-se um estreito espírito de cooperação entre todos, o que muito veio contribuir para o bom êxito das nossas actividades em todas as vertentes.
O Governador e Comandante-chefe na altura, chegou a confidenciar a alguém que se tivesse seis Companhias como a CCAÇ 763 o problema da guerrilha estaria resolvido.
Infelizmente este problema não foi resolvido, tendeu a agravar-se, considerando do nosso lado a falta de quadros preparados, e do lado da Guerrilha a sua melhoria em todo o tipo de armamento enquanto nós nos mantínhamos agarrados à G-3 e à bazooka.
Em 1973 o PAIGC consegue abater no Norte da Guiné, numa única manhã, dois aviões Dornier e um avião T-6; no Sul em dias não consecutivos, abate dois aviões a jacto Fiat; estava detentor dos mísseis terra-ar, apanhando as forças Portuguesas completamente de imprevisto. Isto vem afectar seriamente a nossa cobertura aérea e o moral dos nossos soldados. No entanto, apesar de tão sérios revezes, continuou a lutar-se até ao dia 25/04/1974.
Vai longo o prefácio e há que dar a palavra a Pami Na Dondo.
Mas não queremos terminar sem frisar que para nós foi extremamente honroso o convite do autor para elaborarmos este prefácio, que, esperamos, tenha servido para esclarecer alguns aspectos ligados à subversão na Guiné-Bissau.
Ainda não há muito tivemos o ensejo de ler a obra do autor Putos, gandulos e guerra, uma autobiografia elaborada com bastante mérito, onde aborda a sua infância, adolescência e a passagem pelas fileiras do Exército.
Agora, depois de tomado o contacto com a GUERRILHEIRA congratulamo-nos com o salto estilístico e linguístico que o autor sofreu, facto pelo qual o felicitamos vivamente.
Um abraço ao Mário Ralheta na certeza de que no futuro saberá fazer jus às suas capacidades literárias, vindo a engrandecer as letras portuguesas.
Carlos da Costa Campos
Coronel
__________
(*) Vd. poste de 28 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4089: Bandos... A frase, no mínimo infeliz, de um general (1): O nosso direito à indignação (Luís Graça / Mário Pinto / Jorge Canhão)
Vd. último poste da série de 5 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4142: Bandos... A frase, no mínimo infeliz, de um general (10): A propósito dos Bandos que pululavam na Guiné (José Teixeira)
Guiné 63/74 - P4148: (Ex)citações (21): Sinto um enorme orgulho em fazer parte desta enorme família (Cátia Félix)
1. Mensagem da nossa amiga Cátia Félix (*), com data de 6 de Abril de 2009:
Caros Amigos
Obrigado pelo post de boas vindas e, especialmente pela intenção.
Deixei um comentário de agradecimento e, achei por bem enviar-vos também por email, já que me apadrinharam na vossa "casa".
Aqui fica e, depois poderão lê-lo no blog (desculpem ser tão extenso):
Caros Amigos
Desde já o meu muito obrigado pelas boas vindas e por todo o carinho manifestado.
Sinto um enorme ORGULHO em fazer parte desta grande família.
Sei que com vocês só tenho a aprender e, com as vossas histórias retirar uma grande lição de vida.
Quem é que hoje em dia, no nosso país, se sujeitava a deixar o aconchego do lar, tendo apenas como companhia a nefasta missão de defender a pátria idolatrada?
Que ORGULHO eu tenho de todos vocês que combateram entre bombas e ogivas, canhões e trincheiras, de corpo cansado, à deriva, com suor, sangue, lágrimas e solidão... Eu consigo reconhecer o vosso verdadeiro valor...
Os "grandes" não o reconhecem? Pois não... Porque apenas têm a frieza de inventarem guerras e as imporem aos seus soldados. Os "valentões" que governavam e gorvernam apenas têm ideias fertéis para inventarem, agora coragem para combater é outra história...
O amigo Carlos Vinhal disse: "a história alguém a há-de escrever. A nós cabe deixar os relatos e os testemunhos para estudo futuro."
Para mim a história são todos vocês. Vocês sim fizeram história e, é essa história que eu vou com certeza contar aos meus filhos, porque da minha parte a vossa história não morrerá no tempo. Farei o meu papel de "Cavaleira desta ordem" como disse o amigo António Matos.
Não vivi no tempo da Guerra Colonial, nem passei pelas angústias que as famílias passaram... Talvez não me aperceba mesmo o quão profunda é a palavra CAMARADA e o sentimento que ela transporta, mas provavelmente será UNIÃO, AMIZADE, LEALDADE... sentimentos que eu quero carregar e passar, porque sem isso a minha vida não teria sentido.
Amigos, em tudo que puder ajudar, apesar da minha tenra idade, estarei aqui...
Obrigado pelos beijinhos, pelo abraço com uma palmada nas costas (acredita que o consegui sentir)... Obrigado por existirem.
Disfrutarei com todos vocês, homens e mulheres de armas, esta viagem que é a vida, pois apenas tenho uma oportunidade e tenho de tirar o maior proveito.
Beijinhos da nova amiga
Cátia Félix
P.S. Desculpem a hora tardia, mas a noite é e sempre será a minha companheira.
2. Comentário de CV:
Face ao exemplo da nossa amiga Cátia só me apetece dizer que afinal não estamos mortos e não nos matarão assim com duas penadas.
__________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 5 de Abril > Guiné 63/74 - P4140: Tabanca Grande (130): Cátia Félix, jovem estudante de Ciências Farmacêuticas, solidária e interessada pela Guerra Colonial
Vd. primeiro poste da série de 4 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4139: Comentários que merecem ser Postes (1) As vacinas da tropa ou as doses cavalares (António Matos)
Caros Amigos
Obrigado pelo post de boas vindas e, especialmente pela intenção.
Deixei um comentário de agradecimento e, achei por bem enviar-vos também por email, já que me apadrinharam na vossa "casa".
Aqui fica e, depois poderão lê-lo no blog (desculpem ser tão extenso):
Caros Amigos
Desde já o meu muito obrigado pelas boas vindas e por todo o carinho manifestado.
Sinto um enorme ORGULHO em fazer parte desta grande família.
Sei que com vocês só tenho a aprender e, com as vossas histórias retirar uma grande lição de vida.
Quem é que hoje em dia, no nosso país, se sujeitava a deixar o aconchego do lar, tendo apenas como companhia a nefasta missão de defender a pátria idolatrada?
Que ORGULHO eu tenho de todos vocês que combateram entre bombas e ogivas, canhões e trincheiras, de corpo cansado, à deriva, com suor, sangue, lágrimas e solidão... Eu consigo reconhecer o vosso verdadeiro valor...
Os "grandes" não o reconhecem? Pois não... Porque apenas têm a frieza de inventarem guerras e as imporem aos seus soldados. Os "valentões" que governavam e gorvernam apenas têm ideias fertéis para inventarem, agora coragem para combater é outra história...
O amigo Carlos Vinhal disse: "a história alguém a há-de escrever. A nós cabe deixar os relatos e os testemunhos para estudo futuro."
Para mim a história são todos vocês. Vocês sim fizeram história e, é essa história que eu vou com certeza contar aos meus filhos, porque da minha parte a vossa história não morrerá no tempo. Farei o meu papel de "Cavaleira desta ordem" como disse o amigo António Matos.
Não vivi no tempo da Guerra Colonial, nem passei pelas angústias que as famílias passaram... Talvez não me aperceba mesmo o quão profunda é a palavra CAMARADA e o sentimento que ela transporta, mas provavelmente será UNIÃO, AMIZADE, LEALDADE... sentimentos que eu quero carregar e passar, porque sem isso a minha vida não teria sentido.
Amigos, em tudo que puder ajudar, apesar da minha tenra idade, estarei aqui...
Obrigado pelos beijinhos, pelo abraço com uma palmada nas costas (acredita que o consegui sentir)... Obrigado por existirem.
Disfrutarei com todos vocês, homens e mulheres de armas, esta viagem que é a vida, pois apenas tenho uma oportunidade e tenho de tirar o maior proveito.
Beijinhos da nova amiga
Cátia Félix
P.S. Desculpem a hora tardia, mas a noite é e sempre será a minha companheira.
2. Comentário de CV:
Face ao exemplo da nossa amiga Cátia só me apetece dizer que afinal não estamos mortos e não nos matarão assim com duas penadas.
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Notas de CV:
(*) Vd. poste de 5 de Abril > Guiné 63/74 - P4140: Tabanca Grande (130): Cátia Félix, jovem estudante de Ciências Farmacêuticas, solidária e interessada pela Guerra Colonial
Vd. primeiro poste da série de 4 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4139: Comentários que merecem ser Postes (1) As vacinas da tropa ou as doses cavalares (António Matos)
Guiné 63/74 - P4147: Blogpoesia (38): A Criatura e Rambo Guinéu (Manuel Maia)
1. Em mensagem com data de 4 de Abril de 2009, recebemos do nosso camarada Manuel Maia, ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610, Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine, (1972/74), este soneto e esta sextilha.
A CRIATURA
Figurão de figurina figura,
Pavão de politiqueiro pendor,
Cacique de cambada condutor
E Soba de sortuda sinecura...
Pedante de pestilenta postura
Camaleão cambiando de cor,
Peralta presunçoso, sem pudor,
Casmurra e capciosa é a criatura...
Verboso de verborreia viscosa,
Falante de fala falaciosa
Cultor de calculado cinismo.
Fedúncio de farisaico feitio
Bargante de bedúncio bafio
Nababo de notório narcisismo...
Manuel Maia
RAMBO GUINÉU
Os óculos "Ray-Ban", boina a preceito,
Medalhas à mão cheia enchendo o peito,
Nem Rambo ostenta pose tão guerreira...
O camuflado é novo, sem usança,
O lenço um adereço de "cagança"
Num certo general, que faz nojeira...
Manuel Maia
__________
Notas de CV:
(*) Vd. postes com data de:
15 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4037: Blogpoesia (31): Quando eu era menino e moço... (Manuel Maia)
e
29 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4101: O trauma da notícia da mobilização (6): Trata de arranjar o caixão, disse-me o pobre do Zé... (Manuel Maia)
Vd. último poste da série de 30 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4112: Blogpoesia (37): Para fechar o dia dos poetas da guerra colonial, celebrado hoje, aqui e em Coimbra... (Alberto Branquinho)
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