Guiné > Zona Leste > Sector L2 > Geba > CART 1690 (1967/69) > Destacamento de Banjara > 1968 > O Alf Mil Alfredo Reis, com uma mauser... O Reis foi colega do Alberto Branquinho, dos tempos de Liceu em Santarém...
Guiné > Zona Leste > Sector L2 > Geba > CART 1690 (1967/69) > Destacamento de Banjara > 1968 > O destacamento não tinha população civil e era defendido por um pelotão da CART 1690. Distava 45 km de Geba. O ataque a 24 de Julho de 1968, às 18h00, já foi descrito por A. Marques Lopes, membro da nossa Tabanca Grande, na I Série do nosso blogue. As fotos são do ex-Alf Mil Alfredo Reis, também da CART 1690, embora tenham chegado à nossa mão através do A. Marques Lopes. Pela colaboração com o nosso blogue, o Alfredo Reis e o António Moreira passam, a partir de agora, a figurar na lista dos membros da nossa Tabanca Grande.
Fotos: © Alfredo Reis / A. Marques Lopes (2007) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados
Lisboa > Jantar de Natal 2007 > Os quatro gloriosos alferes da CART 1690 > Ao fundo, estão o Domingos Maçarico, à esquerda, e o Alfredo Reis, à direita. Em primeiro plano, está o António Moreira, à esquerda, e o António Marques Lopes, à direita. Pela colaboração com o nosso blogue, o Alfredo Reis e o António Moreira passam, a partir de agora, a figurar na lista dos membros da nossa Tabanca Grande. E a CART 1690 faz o "pleno" em matéria de alferes milicianos...
Recorde-se o que o A. Marques escreveu sobre estes quatro grandes camarigos: "Em 21 de Agosto de 1967, fui ferido na estrada de Geba para Banjara e fui, uma semana depois, evacuado para o HMP, em Lisboa . O Domingos Maçarico foi ferido em 21 de Setembro de 1967, sendo igualmente evacuado para o HMP. O Alfredo Reis foi ferido na mesma altura, mas esteve apenas vários dias no hospital em Bissau. O António Moreira nunca foi ferido. Ele e o Reis estiveram sempre na companhia, em Geba e destacamentos, até Outubro de 1968"...A. Marques Lopes (2007) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.
Foto: © A. Marques Lopes (2007). Todos os direitos reservados
O Geba Estreito (Rio), ligando o Xime-Bambadinca-Bafatá-Contuboel e, na margem norte, a povoação de Geba, mais ou menos a 12 km, a oeste de Bafatá. Em 1953/55, na altura em que foi foi feito o levantamento cartográfico da Guiné, Geba era um centro ou entreposto comercial e uma "povoação de tipo indígena, cerrada". Em 1968, Geba era a sede da CART 1690. A noroeste de Geba ficava o destacamento de Banjara.
Fonte: Excerto da Carta da Guiné Portuguesa (1961) 1/500.000.
Guiné > Zona Leste > Sector L2 > Geba > CART 1690 > Destacamentos e aquartelamentos > 1968 > A CART 1690, com sede em Geba, tinha vários destacamentos: Banjara, Cantacunda, Sare Banda, Sare Ganá... Os destacamentos não tinham luz eléctrica e as condições de segurança eram precárias. O IN tinha uma importante base em Sinchã Jobel.
Matosinhos > Tabanca de Matosinhos > Restaurante Milho Rei > Almoço-convívio das 4ªas feiras > 26 de Janeiro de 2011 > O regresso do nosso camarigo A. Marques Lopes... Ex-Alf Mil At Inf CART 1690 (Geba) e CCAÇ 3 (Barro) (1967/69), hoje Cor DFA, reformado.
Foto: © Tabanca de Matosinhos (2011) (Com a devida vénia...)
1. Há tempos, depois do Natal de 2010, falámos por telefone e eu perguntei-te:
- O que é feito de ti, camarigo António Marques Lopes, tertuliano da primeira hora, pioneiro do nosso blogue, co-fundador e co-editor do blogue Tabanca de Matosinhos ?...
Foto: © Tabanca de Matosinhos (2011) (Com a devida vénia...)
1. Há tempos, depois do Natal de 2010, falámos por telefone e eu perguntei-te:
- O que é feito de ti, camarigo António Marques Lopes, tertuliano da primeira hora, pioneiro do nosso blogue, co-fundador e co-editor do blogue Tabanca de Matosinhos ?...
Acabei por saber que estavas com um problema de saúde por resolver... Pois, muito folgo de ver-te agora de regresso ao convívio dos camarigos, das 4ªas feiras, na Tabanca de Matosinhos (foto acima), neste caso no passado dia 26, no restaurante Milho Rei...
Em tua homenagem, fui desencantar velhas fotos de Banjara, destacamento onde esteve um Grupo de Combate da tua primeira companhia na Guiné, a CART 1690... Em tua homenagem e dos camaradas, como tu, que por lá passaram, e de quem não temos falado nestes últimos tempos... Aqui ficam, editadas por mim, e reproduzidas em formato extra-largo... São "fotos falantes", com rostos expressivos, que por isso mesmo dispensam legenda... Banjara foi um dos muitos Bu...rakos por onde andávamos naquela terra onde Cristo nunca parou....
A CART 1690 foi mobilizada pelo RAL 1, fazendo parte do BART 1914 (Tite, 1967/1969). Partiu para a Guiné em 8/4/1967 e regressou à Metrópole em 3/3/1969. Esteve em Geba e em Bissau. Comandantes: Cap Art Manuel Carlos da Conceição Guimarães, e Cap Mil Art Carlos Manuel Morais Sarmento Ferreira.
Esta subunidade tem um dos mais trágicos historiais da guerra da Guiné: 10 mortos em combate, incluindo o Cap Art Guimarães, 2 alferes milicianos e um furriel miliciano; 12 militares "retidos pelo IN" (e levados para Conacri), dos quais 2 morreram no cativeiro; 5 militares, feridos em combate, e evacuados para o Hospital Militar Principal, da Estrela, em Lisboa, incluindo dois alferes milicianos, o A. Marques Lopes e o Domingos Maçarico (meu parente afastado). (LG)
2. O ataque ao destacamento de Banjara em 24 de Julho de 1968
por A. Marques Lopes
Vou-vos falar sobre Banjara. Não havia população civil e estava cercado por mata. Estava só um pelotão, 30 efectivos. A um quilómetro havia uma fonte onde, alternadamente, os nossos e o PAIGC se iam fornecer de água. Às vezes, encontravam-se… Mas havia uma fuga concertada dos dois lados, sem tiroteio. Ficava a 45 kms da sede da companhia (a CART 1690, em Geba).
Como podem ver pelo mapa [do sector de] Geba que já vos enviei, tinha do lado esquerdo a base de Samba Culo, do PAIGC, e do lado direito a base de Sinchã Jobel. Os abastecimentos eram feitos por terra, com grandes dificuldades. Às vezes demoravam muito tempo, pelo que era necessário recorrer aos "produtos" da natureza, isto é, apanhar algum bicho para comer (javalis, pássaros, macacos e até cobras). Neste ataque de que vos dou o relatório, tentaram fazer o mesmo que em Cantacunda [, apanhar a malta à unha], mas sem sucesso.
Ataque a Banjara (excertos do relatório):
24 de Julho de 1968.
"Desenrolar da acção: No passado dia 24, pelas 18H00, o destacamento de Banjara foi atacado por numeroso grupo IN, estimado em cerca de 80 elementos (Bigrupo reforçado) com o seguinte armamento:
-Morteiro 82
-Morteiro 60
-Bazuca
-Lança-Rocketes
-Metralhadoras pesadas
-Armas ligeiras
"O ataque terminou às 19H15. Verificou-se que, durante o ataque, as NT sofreram 1 morto e 2 feridos, tendo sido atingido por uma granada de morteiro a caserna e por uma granada do lança-rocketes o depósito de géneros.
"O ataque foi efectuado no sentido Norte-Sul tendo o IN instalado alguns elementos do lado Sul. Verificou-se que, mal o IN abriu fogo com os morteiros 82 e 60, alguns elementos correram imediatamente para a rede de arame farpado, cortando o arame nalguns sítios, procurando penetrar no aquartelamento. No entanto, devido à pronta reacção das NT, não o conseguiram, tendo sido obrigados a retirar, após o que continuaram a flagelar o aquartelamento sem, contudo, causarem mais baixas às NT.
"Diversos: A hora a que o ataque se realizou quase que coincidiu com a hora da terceira refeição. Verificou-se que a maioria dos soldados se encontravam a tomar banho, pois tinham acabado de jogar uma partida de futebol.
"O impacto inicial do ataque foi sustido principalmente pelo soldado Manuel da Costa que, mal se iniciou o ataque, correu para a metralhadora pesada Breda [, vd. foto acima,]e, sem ser apontador da mesma, pô-la imediatamente [em acção] e manteve-se sempre nesse posto, e pelo soldado José Manuel Moreira da Sila Marques que, sozinho, em virtude dos outros dois camaradas que constituíam a esquadra do morteiro 81, terem sido feridos, funcionou com o mesmo, tendo a presença de espírito para, a certa altura, e após ter verificado que algumas das granadas estavam sujas de terra, despir os calções para limpar as mesmas e poder assim continuar a bater o IN com um fogo bastante certeiro.
"A coluna de socorro, constituída por 1 PEL REC do EREC [Esquadrão de Reconhecimento] 2350, 1 Gr Comb da CART 1690 e pelo PEL CAÇ NAT 64, saiu de Saré Banda às 07H30 do dia 25 (e tal deveu-se a ter sido necessário recolher as forças que executavam a Operação Iluminado) e atingiu Banjara às 15H00, pois foi necessário picar toda a estrada até ao destacamento de Banjara.
"Quando a coluna lá chegou ordenei que um Gr Comb batesse toda a região, tendo o mesmo detectado várias manchas de sangue e pedaços de camuflado IN, e munições de armas ligeiras.
"Devido às baixas, deixei uma secção a reforçar o destacamento de Banjara, tendo em seguida regressado a Geba.
"Resultados obtidos:
"Baixas sofridas pelo IN: dois mortos confirmados; várias baixas prováveis; material capturado: munições de armas ligeiras e uma granada de morteiro 82".
[Revisão / fixação de texto / edição e selecção de fotos: L.G.]
_____________
Nota de L.G.:
Último poste desta série > 31 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7700: Memória dos lugares (129): Ponta do Inglês no tempo da CART 1746 (Manuel Moreira)
A CART 1690 foi mobilizada pelo RAL 1, fazendo parte do BART 1914 (Tite, 1967/1969). Partiu para a Guiné em 8/4/1967 e regressou à Metrópole em 3/3/1969. Esteve em Geba e em Bissau. Comandantes: Cap Art Manuel Carlos da Conceição Guimarães, e Cap Mil Art Carlos Manuel Morais Sarmento Ferreira.
Esta subunidade tem um dos mais trágicos historiais da guerra da Guiné: 10 mortos em combate, incluindo o Cap Art Guimarães, 2 alferes milicianos e um furriel miliciano; 12 militares "retidos pelo IN" (e levados para Conacri), dos quais 2 morreram no cativeiro; 5 militares, feridos em combate, e evacuados para o Hospital Militar Principal, da Estrela, em Lisboa, incluindo dois alferes milicianos, o A. Marques Lopes e o Domingos Maçarico (meu parente afastado). (LG)
2. O ataque ao destacamento de Banjara em 24 de Julho de 1968
por A. Marques Lopes
Vou-vos falar sobre Banjara. Não havia população civil e estava cercado por mata. Estava só um pelotão, 30 efectivos. A um quilómetro havia uma fonte onde, alternadamente, os nossos e o PAIGC se iam fornecer de água. Às vezes, encontravam-se… Mas havia uma fuga concertada dos dois lados, sem tiroteio. Ficava a 45 kms da sede da companhia (a CART 1690, em Geba).
Como podem ver pelo mapa [do sector de] Geba que já vos enviei, tinha do lado esquerdo a base de Samba Culo, do PAIGC, e do lado direito a base de Sinchã Jobel. Os abastecimentos eram feitos por terra, com grandes dificuldades. Às vezes demoravam muito tempo, pelo que era necessário recorrer aos "produtos" da natureza, isto é, apanhar algum bicho para comer (javalis, pássaros, macacos e até cobras). Neste ataque de que vos dou o relatório, tentaram fazer o mesmo que em Cantacunda [, apanhar a malta à unha], mas sem sucesso.
Ataque a Banjara (excertos do relatório):
24 de Julho de 1968.
"Desenrolar da acção: No passado dia 24, pelas 18H00, o destacamento de Banjara foi atacado por numeroso grupo IN, estimado em cerca de 80 elementos (Bigrupo reforçado) com o seguinte armamento:
-Morteiro 82
-Morteiro 60
-Bazuca
-Lança-Rocketes
-Metralhadoras pesadas
-Armas ligeiras
"O ataque terminou às 19H15. Verificou-se que, durante o ataque, as NT sofreram 1 morto e 2 feridos, tendo sido atingido por uma granada de morteiro a caserna e por uma granada do lança-rocketes o depósito de géneros.
"O ataque foi efectuado no sentido Norte-Sul tendo o IN instalado alguns elementos do lado Sul. Verificou-se que, mal o IN abriu fogo com os morteiros 82 e 60, alguns elementos correram imediatamente para a rede de arame farpado, cortando o arame nalguns sítios, procurando penetrar no aquartelamento. No entanto, devido à pronta reacção das NT, não o conseguiram, tendo sido obrigados a retirar, após o que continuaram a flagelar o aquartelamento sem, contudo, causarem mais baixas às NT.
"Diversos: A hora a que o ataque se realizou quase que coincidiu com a hora da terceira refeição. Verificou-se que a maioria dos soldados se encontravam a tomar banho, pois tinham acabado de jogar uma partida de futebol.
"O impacto inicial do ataque foi sustido principalmente pelo soldado Manuel da Costa que, mal se iniciou o ataque, correu para a metralhadora pesada Breda [, vd. foto acima,]e, sem ser apontador da mesma, pô-la imediatamente [em acção] e manteve-se sempre nesse posto, e pelo soldado José Manuel Moreira da Sila Marques que, sozinho, em virtude dos outros dois camaradas que constituíam a esquadra do morteiro 81, terem sido feridos, funcionou com o mesmo, tendo a presença de espírito para, a certa altura, e após ter verificado que algumas das granadas estavam sujas de terra, despir os calções para limpar as mesmas e poder assim continuar a bater o IN com um fogo bastante certeiro.
"A coluna de socorro, constituída por 1 PEL REC do EREC [Esquadrão de Reconhecimento] 2350, 1 Gr Comb da CART 1690 e pelo PEL CAÇ NAT 64, saiu de Saré Banda às 07H30 do dia 25 (e tal deveu-se a ter sido necessário recolher as forças que executavam a Operação Iluminado) e atingiu Banjara às 15H00, pois foi necessário picar toda a estrada até ao destacamento de Banjara.
"Quando a coluna lá chegou ordenei que um Gr Comb batesse toda a região, tendo o mesmo detectado várias manchas de sangue e pedaços de camuflado IN, e munições de armas ligeiras.
"Devido às baixas, deixei uma secção a reforçar o destacamento de Banjara, tendo em seguida regressado a Geba.
"Resultados obtidos:
"Baixas sofridas pelo IN: dois mortos confirmados; várias baixas prováveis; material capturado: munições de armas ligeiras e uma granada de morteiro 82".
[Revisão / fixação de texto / edição e selecção de fotos: L.G.]
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Nota de L.G.:
Último poste desta série > 31 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7700: Memória dos lugares (129): Ponta do Inglês no tempo da CART 1746 (Manuel Moreira)