terça-feira, 6 de setembro de 2011

Guiné 63/74 - P8745: Humor de caserna (21): Vocês são danados p'ra brincadeira, diz o Manuel Reis, guilejista (Joaquim Mexia Alves)


O Manuel Reis (hoje professor do ensino secundário, reformado, com o barco ancorado em Aveiro; noutra incarnação, Alf Mil, CCAV 8350, Guileje, 1972/73), apanhado pelo bom humor e talento do régulo da Tabanca do Centro, Joaquim Mexia Alves, anfitrião do 12º encontro,recentemente realizado...

Fonte: Tabanca do Centro (com a devida vénia...)

1. Mensagem de hoje, enviada da Tabanca do Centro, pelo Joaquim Mexia Alves:

Meus camarigos

Ao ler hoje os comentários, todos de grande expressão, saltou aos olhos a expressão do Manel Reis, que me despertou logo a veia humorística.

Espero que não me leves a mal,  Manel, pois por ser teu amigo é que me meto contigo, "obviously"!!!

Aqui vai:



Um abraço

Joaquim


2. Comentário de L.G.:

A Tabanca do Centro vai já no seu 13º encontro, a realizar no próximo dia 28 de setembro... Em Monte Real, pois claro...È, a par da Tabanca de Matosinhos, a mais ativa socialmente falando... Claro que o seu sucesso se deve muito à liderança, ao carisma, à capacidade organizativa e á hospitalidade do seu régulo... Daqui vai um abraço de parabéns para ele, o Joaquim, por ter feito da Tabanca do Centro um polo de atração e um sítio onde amigos e camarigos se sentem em casa...  Infelizmente não tenho podido participar mais vezes do que eu gostaria nesta tertúlia, de gente bem disposta, com sentido de humor e que gosta da vida... 

Aproveito para dar os parabéns ao editor da nova revista social da Tabanca, a Karas de Monte Real, o Miguel Pessoa, presença de resto habitual nos encontros desta tertúlia,  ele e a sua Giselda (vd. nº especial de Agosto de 2011)...

Dos outros tabanqueiros, registo com agrado a presença do Manuel Reis, que vem expressamente de Aveiro...  Fica aqui, com a devida vénia, a expressão plástica, sob a forma de cartoon, da homenagem que o Joaquim Mexia Alves lhe quis fazer. Toda a caricatura é, antes de mais, uma homenagem ao caricaturado. Neste caso, a um grande camarada da Guiné, um verdadeiro Pirata de Guileje... (LG).

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Nota do editor:

Guiné 63/74 - P8744: Histórias da guerra (José Carlos Gabriel) (2): Gabriel já não volta, coincidência ou percepção?

1. Mensagem do nosso camarada José Carlos Ramos dos Santos Gabriel* (ex-1.º Cabo Op Cripto da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513, Nhala, 1973/74), com data de 3 de Setembro de 2011:

Junto mais uma história e algumas fotos com um abraço a todos os camaradas e amigos.


HISTÓRIAS DA GUERRA - II

GABRIEL JÁ NÃO VOLTA (Coincidência ou percepção?)

Em 1973 na chegada a Nhala foi-me apresentada a lavadeira que já tinha prestado o mesmo serviço aos camaradas criptos de campanhas anteriores.

Mulher Grande de uma educação estrema e que se fazia sempre acompanhar da sua Bajuda, miúda linda e educada que na altura teria por volta dos 6 a 7 anos.

Quando eu recebia as encomendas enviadas pela família era normal oferecer à Bajuda as latas de sardinha e atum em conserva (pois de conserva estava já farto) assim como um ou outro sabonete.

Numa das últimas encomendas recebidas em 1974 estavam incluídas umas toalhas.

Quando as mandei lavar, e ao me serem entregues, foi-me pedido pela Bajuda para lhas oferecer porque eram MANGA DE RONCO, pedido a que não acedi.

Dias antes de deixar Nhala para vir de férias, ao me ser entregue a roupa lavada, sou novamente confrontado com a Mulher Grande e a Bajuda a pedirem insistentemente para eu lhes oferecer as toalhas porque eu já não iria voltar, sendo estas as suas palavras:
- Eh Gabriel, dá toalhas porque já não voltas, vais na Metrópole ver Mulher Grande e Bajuda e já não voltas, dá toalhas, dá toalhas prá Bajuda.

Mais uma vez não acedi ao pedido, mas perante tanta insistência separei as ditas toalhas assim como mais uns artigos e pedi ao meu camarada que caso eu não regressasse lhos oferecesse.

A realidade é que já não regressei pelo que as ofertas lhes terão sido entregues.

Nhala > Pelotão de Especialistas

Nhala > Cantina à esquerda e Enfermaria à direita

Nhala > Chegada de coluna com frescos

Nhala > Trabalhos de Engenharia na estrada Aldeia Formosa-Buba

José Carlos Gabriel
Ex-1.º Cabo Op Cripto
2.ª CCAÇ do BCAÇ 4513
Nhala
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Nota de CV:

Vd. primeiro poste da série de 23 de Agosto de 2011 > Guiné 63/74 - P8697: Histórias da guerra (José Carlos Gabriel) (1): Imagens que nunca se apagarão

Guiné 63/74 - P8743: In Memoriam (91): Magalhães Pinto, ex-Fur Mil Vague Mestre da CCS/BART 645 - Águias Negras (Bissau e Mansoa, 1964/66) (Carlos Vinhal)

No dia 6 de Setembro de 2011, Magalhães Pinto, ex-Fur Mil Vague Mestre da CCS/BART 645 (Águias Negras) parte para a eternidade.

Caros camaradas, é caso para dizer Soma e segue. (*)

Há poucos minutos recebi uma mensagem do nosso amigo Albano Costa a dar conhecimento do falecimento de mais um camarada da Guiné, desta feita o (para nós) Dr. Magalhães Pinto, ex-Fur Mil Vague Mestre da CCS/BART 645 (Águias Negras), Batalhão a que pertencia o nosso camarada e tertuliano Rogério Cardoso, da CART 643, a quem aliás já mandei mensagem a dar conta deste acontecimento.

Magalhães Pinto, Economista, pessoa sempre atenta ao que o rodeava, tinha um Blogue, o Poliscópio, nas suas palavras: Os sinais do nosso tempo, num registo despretensioso, bem humorado por vezes e sempre crítico.

Tinha regular actividade cívica e política, além de publicar alguns artigos de opinião em jornais e revistas locais e nacionais.

O seu grande amigo Joaquim Queirós, que durante muitos anos foi director do extinto jornal Matosinhos Hoje, onde Magalhães Pinto colaborava regularmente, já manifestou o seu profundo desgosto na página do facebook do nosso camarada agora falecido.

Autor de vários e variados livros, entre os quais o romance Os Heróis e o Medo, onde, baseado em factos reais, conta a história do seu Batalhão, que foi comandado pelo Coronel Braamcamp Sobral, e dos seus camaradas do BART 645 (**). Este romance foi alvo de uma recensão por parte do nosso camarada Beja Santos.

No próximo dia 14 de Setembro iria ser apresentado o seu último trabalho, Fernando Pinto de Oliveira, um homem além do seu tempo, a biografia de um antigo Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, cujo mandato ocorreu entre os anos de 1958 e 1970, homenagem a que se iria associar o actual Presidente da Câmara, Dr. Guilherme Pinto.

A este propósito dizia há dias Magalhães Pinto no seu Poliscópio: Não sei que mais admirar: se a qualidade de um Presidente de Câmara durante a ditadura (Fernando Pinto de Oliveira - Matosinhos), se a de outro, actual, que decidiu homenagear essa qualidade (Guilherme Pinto - Matosinhos). Parece mesmo é que a qualidade é matosinhense.

Matosinhos acaba de perder uma pessoa importante e nós, ex-combatentes da Guiné, um brilhante camarada.

O seu funeral sairá amanhã pelas 14h30 da Capela Mortuária de Matosinhos para o Cemitério de Sendim.

À família enlutada apresentamos os nossos sentidos pêsames e a certeza de que têm a solidariedade dos inúmeros amigos que este cidadão e camarada granjeou ao longo da sua vida.
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Notas de CV:

(*) Vd. último poste da série de 5 de Setembro de 2011 > Guiné 63/74 - P8738: In Memoriam (90): Fernando de Sousa Henriques, foi Alf Mil OpEsp / RANGER na CCAÇ 3545 / BCAÇ 3883 (Canquelifá, 1972/74), faleceu ontem, dia 4 de Setembro de 2011

(**) O BART 645 foi mobilizado pelo RAL 1. Partiu para a Guiné em 4/3/1964 e regressou à Metrópole em 9/2/1966. Esteve em Bissau e em Mansoa. Comandantes:  Ten Cor Art  António Braamcamp Sobral; Maj Art Raul Pereira Baptista.

Guiné 63/74 - P8742: Memórias da CCAÇ 1546 (Domingos Gonçalves) (1) - Reportagens da Época (1966): A caminho de embarque e Embarque

 

1. Primeiro poste da série "Memórias da CCAÇ 1546 (1966) - Reportagens da Época", de autoria do nosso camarada Domingos Gonçalves*, (ex-Alf Mil da CCAÇ 1546/BCAÇ 1887, Nova Lamego, Fá Mandinga e Binta, 1966/68), enviadas em mensagem do dia 22 de Agosto de 2011.





Memórias da CCAÇ 1546 (1966) - Reportagens da Época - I

A Caminho do embarque

7 de Maio de 1966

Pelas cinco horas da manhã o corneteiro executou o toque de alvorada.
Os homens da Companhia de Caçadores n.º 1546 levantaram-se, fardaram-se, prepararam as respectivas bagagens e, pelas sete horas da manhã, tomaram o pequeno almoço.

Às oito horas e meia, em formatura, a Companhia despediu-se do Pragal, abandonando o aquartelamento e a povoação em passo de corrida, obedecendo à voz de comando do capitão.
Como era muito agradável o destino que nos esperava, era necessário correr ao seu encontro!...

Para trás, nos olhares saudosos da população que nos via partir, ficavam já muitas histórias de amores passageiros, mas talvez profundos, construídos durante as escassas semanas em que a Companhia permaneceu no pequeno aquartelamento que se debruçava, singelo, sobre o Tejo.

Entretanto, as viaturas do Exército já haviam carregado as bagagens e rumado para as bandas de Lisboa.

Embarcada num cacilheiro, a Companhia desceu o Tejo, até Porto Brandão, onde, no mesmo barco, iniciaram a travessia do rio os homens das Companhias de Caçadores n.º 1547 e n.º 1548, também pertencentes ao Batalhão n.º 1887.

De Porto Brandão o cacilheiro levou-nos ao cais da Rocha, onde se desembarcou e se preparou a formatura do Batalhão para o desfile do embarque.

Gare Marítima da Rocha Conde D´Óbidos
Com a devida vénia ao Blogue Restos de Colecção

Depois foi a cerimónia da despedida.

Houve discursos e recordações para os soldados, oferecidas pelas senhoras do Movimento Nacional Feminino.

Estiveram também presentes no local, bastante discretas, algumas raparigas do Serviço de Apoio aos Milicianos, um movimento pouco conhecido, constituído por gente nova, que prestava alguma ajuda aos jovens que, por causa da guerra, tinham que abandonar estudos, interromper cursos e partir para as colónias.


O EMBARQUE

Eram dez horas da manhã.
O Sol caía, abrasador, sobre a marginal lisboeta, queimando, inclemente, o rosto entristecido de cada homem.
A formatura estava impecável.
A luz incidia, radiosa, sobre a cor das fardas e sobre os galões dourados dos oficiais e sargentos, dando uma alma estranha, mas cheia de nobreza e brilho, ao Batalhão em parada...

De repente, quase angélico, ecoou nos ares o toque de sentido.
De imediato, como se fora um só corpo animado pela força do mesmo espírito, o Batalhão inteiro, mais de setecentos homens, o rosto iluminado pelo sol ofuscante, ficou petrificado, olhando em frente.

E os metais do clarim soltaram nova melodia, desta vez, ainda, mais harmoniosa, e a formatura fez direita volver.

O clarim tocou de novo...
A fanfarra soou...

O eco profundo causado pelo ruído de mais de setecentos homens marchando, espalhou-se, grandioso, ao perto e ao longe, para voltar de novo ao asfalto que as botas pisavam rudemente...
E o desfile prosseguia até se desfazer nas escadas do Uíge, que os soldados, ainda sob a força hipnotizante do toque de fanfarra, subiam a marchar.

Finalmente, quando o último soldado já se encontrava a bordo, a escada do barco levantou-se.



No cais, amontoavam-se centenas de homens, mulheres e crianças, olhos fixos no barco pronto para iniciar a viagem.
Eram os familiares e amigos que ficavam.
No rosto de cada um pairava, tristonha e dolorosa, a imagem da saudade.

No barco, olhando o cais, os irmãos, as namoradas, ou outros familiares, que ficavam, os soldados apenas almejavam o fim do quadro pungente que viviam. Todos desejavam sentir o barco a deslizar rio abaixo, o mais rapidamente possível.

Às doze horas, sensivelmente, o Uíge levantou ferro e, muito lentamente, foi sulcando as águas calmas do Tejo, rumo ao Atlântico misterioso, belo e fundo.

Agitadas pelo vento, desfazendo-se em espuma, as ondas faziam baloiçar o barco que, vagaroso, deslizava nas águas mansamente.

A luz do sol incidia, ténue, na planura das águas e, do Barreiro a Cacilhas, da Praça do Comércio a Belém, o rio era um imenso lençol de prata, um verdadeiro mar a desfazer-se em pérolas.

Bandos de gaivotas pairavam nos ares, poisavam na água, esvoaçavam de novo, enquanto, sempre baloiçando, o Uíge, impelido pela força dos hélices, ia cortando a massa líquida.

A ponte, ainda em construção, o Cristo Rei de Almada, os Jerónimos, o Padrão dos Descobrimentos, a Torre de Belém, os rochedos da costa, tudo foi desaparecendo do horizonte.

No barco, pensativos, os soldados, rapazes do Minho, de Trás-os-Montes, das Beiras, de Lisboa e das Ilhas, iam contemplando a terra que desaparecia, sem que a esperança morresse em seus corações.

A alma do regresso seguia bem enraizada no peito de cada um.

Quantas promessas à Virgem e aos Santos eles fizeram antes de embarcar! Eles e os familiares... E as namoradas...

(Continua)
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Nota de CV:

(*) Vd. poste de 1 de Setembro de 2011 > Guiné 63/74 - P8718: Convívios (361): Relembrando o 1.º Convívio da CCAÇ 1546/BCAÇ 1887, em Fátima, no dia 24 de Maio de 1997 (Domingos Gonçalves)

Guiné 63/74 - P8741: Notas de leitura (271): Contra-Inssureição em África, 1961-1974, O modo português de fazer a guerra, de John P. Cann (Mário Beja Santos)

1. Mensagem de Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 11 de Agosto de 2011:

Queridos amigos,
Este “Modo português de fazer a guerra” tem a ver com a Guiné, trata-se de um estudo em que um distinto oficial-aviador da Marinha norte-americana e professor de conflitos de baixa intensidade procura demonstrar que houve uma singularidade nas soluções encontradas pelos militares portugueses e que poderão servir de exemplo a outros países que tenham de enfrentar situações semelhantes. Aliás, John Cann recorre frequentemente à comparação entre o que se passou nos nossos três teatros de operações com o Vietnam, a Malásia e a Argélia.
Com controvérsia ou sem ela, diz sem nenhuma hesitação que esta estratégia global foi a melhor forma para ditar vitórias e sucessos dos militares portugueses e deplora que tenham sido malbaratados pelo poder político da época, que teimosamente insistiu em não negociar com os guerrilheiros.

Um abraço do
Mário


O modo português de fazer a guerra

Beja Santos

“Demonstraremos como os portugueses desenvolveram o seu próprio e singular modo de lutar, executando a sua estratégia nacional e as práticas que daí advieram: o modo português de fazer a guerra. Compará-lo-emos tematicamente com outras contra-insurreições contemporâneas e esta descrição positiva salientará a sua singularidade. O facto de Portugal ter perdido a guerra por não ter conseguido encontrar uma solução política não nega as suas proezas militares nem a lição que pode constituir para outros conflitos futuros”. Com esta frase temos em toda a extensão os objectivos do trabalho “Contra-insurreição em África, 1961-1974, o modo português de fazer a guerra”, por John P. Cann, Edições Atena, Lda., 1998.

Logo no prólogo o general Bernard E. Trainor recorda que na actualidade as guerras de libertação nacional estão praticamente inactivas mas o mesmo não sucede com as rivalidades étnicas, religiosas, políticas e económicas, particularmente na África subsariana. Estudar o modo português de fazer a guerra é analisar como um país cheio de carências, em 1961 sem prática de contra guerrilha conseguiu conter a violência, proteger as pessoas e impedir com certos limites o acesso de guerrilheiros às populações locais, incutindo igualmente nas chefias rebeldes o respeito suficiente para induzir negociações políticas.

John Cann começa por pôr os dados na mesa quanto aos desafios da contra-insurreição postos a Portugal: refere distâncias entre a metrópole e os teatros de operações, descreve efectivos, o posicionamento dos movimentos de libertação e o volume dos encargos militares. Salta depois para o compromisso com o Ultramar, destacando a política salazarista, a natureza ideológica dos partidos rebeldes e passa à cronologia dos acontecimentos de 1961, a partir das insurreições em Angola, o golpe liderado pelo general Botelho Moniz, a posição frágil e o isolamento de Portugal nas Nações Unidas e a queda de Goa. Centrado na doutrina portuguesa de contra-insurreição, passa em revista a preparação para a guerra subversiva, os fundamentos da doutrina portuguesa e analisa detalhadamente os manuais intitulados “O Exército na Guerra Subversiva”, material que respigava o essencial das doutrinas britânica e francesa, bem como algum material norte-americano.

O objecto de análise seguinte prende-se com a organização, a educação e o treino português para contra-insurreição, encontramos aqui matriz da colocação das tropas, a orgânica dos dispositivos, o modo de coordenação civil e militar (no caso da Guiné unificado a partir de 1964), a natureza dos efectivos progressivamente adaptados à natureza dos efectivos da contra guerrilha e dá o exemplo da instrução de aperfeiçoamento operacional que veio a ser adaptada à cultura e geografia do teatro operacional. E escreve textualmente: tanto na Guiné como em Angola os movimentos nacionalistas que ficaram em 1970 num equilíbrio militar que reflectia, entre outros factores a eficácia destas alterações”. O autor considera que um dos elementos mais significativos na condução portuguesa das campanhas foi a africanização das suas forças armadas, conseguindo assim suprir a gradual escassez de efectivos metropolitanos, premiando as populações fiéis e encontrando até soluções na criação de uma categoria especial de oficiais que respondesse ao desgaste a que estava a ser sujeito o quadro permanente. Descreve todo o desenvolvimento da africanização referindo-se aos milícias guineenses falando em milícias normais como aquelas que tinham um papel defensivo e milícias especiais como as que conduziam operações de contra-insurreição ofensivas longe das defesas locais. E escreve: “Em 1971, foi formado o novo corpo de milícias para integrar todas as milícias e tropas de 2.ª linha no exército regular. O corpo foi organizado por companhias de grupos de combate e juntou cerca de 40 companhias com mais de 8000 homens”. Refere-se igualmente às companhias de comandos e aos fuzileiros guineenses.

A rede portuguesa de informações de contra-insurreição é igualmente descrita com minúcia referindo o reconhecimento do terreno, o reconhecimento aéreo, o estudo dos documentos e equipamentos apreendidos bem como os interrogatórios aos guerrilheiros capturados. Falando da mobilidade, o autor enfatiza o papel dos helicópteros e das lanchas de marinha, a resposta mais adequada à natureza do terreno onde operavam com facilidade os guerrilheiros e as populações por estes controlados. Os aldeamentos portugueses são minuciosamente apreciados, segundo John Cann introduziram uma brecha profunda no aliciamento das populações em muitos casos forçadas ao jogo duplo entre Portugal e o PAIGC.

Dá como demonstrado ter havido uma abordagem específica portuguesa da contra-insurreição, em que o eixo central era constituído pela procura da manutenção de um conflito globalmente de baixa intensidade e refere números que se prendem com as baixas em combate, o custo financeiro da guerra e o papel das informações. E termina o seu estudo dizendo: “As forças militares não poderiam pôr fim à guerra. O general Spínola e todas as forças armadas portuguesas estavam cientes deste facto. Contudo, os líderes políticos de Portugal permaneceram sem visão e afastados da realidade. A verdadeira esperança para a recuperação de Portugal passava pela libertação das suas colónias a fim de resolver as dissensões internas e internacionais e abraçar a prosperidade europeia que então progredia. A posição de Portugal em África fora insustentável desde o início e o exército tinha reconhecido este facto. A liderança do exército português demonstrara presciência quer no planeamento quer na condução da guerra. Administrou habilmente a utilização das vidas e dos bens. Quando os políticos não conseguiram providenciar o necessário apoio complementar, foi o exército que interveio a 25 de Abril de 1974”.

Este estudo de John Cann é o primeiro relato completo das campanhas de África feito em língua inglesa. O autor prestou serviço no comando ibérico da NATO, em Oeiras, entre 1987 e 1992. Fez uma longa pesquisa para o seu trabalho e ouviu inúmeros testemunhos de oficiais portugueses.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 3 de Setembro de 2011 > Guiné 63/74 - P8729: Notas de leitura (270): A Pele dos Séculos, por Joana Ruas (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P8740: Convívios (372): Tabanca de Guilamilo, 21 de Agosto de 2011: A arte de bem receber da Margarida e do Joaquim Peixoto (ex-Fur Mil, CCAÇ 3414, Saré Bacar e Bafatá, 1971/73)


Tabanca de Guilamilo, freguesia de Polvoreira, concelho de Guimarães > 21 de Agosto de 2011 > Não é fácil de lá chegar... O dono da casa foi-nos esperar à saída da autoestrada...

Tabanca de Guilamilo, freguesia de Polvoreira, concelho de Guimarães > 21 de Agosto de 2011 >  Os sete magníficos; a contar da direita, António Carvalho (ou simplesmente Carvalho de Mampatá), Zé Rodrigues, Zé Manel Lopes, Zé Cancela, Joaquim Peixoto - régulo da tabanca -, Manuel Carmelita, Brito da Silva;  mais um, Luís Graça, na ponta esquerda...  

Aqui reunem-se, de vez em quando, os amigos da Guiné, diz o letreiro, bem humorado, afixado no alpendre da casa, centenária, cheia de mistério e de história, ensombrada por um irã, que repousa sobre um diospireiro (Diospyros kaki, originário da China) , e que dizem ser a alma (penada) de um frade que terá sido morto durante a guerra civil de 1828-1832...  Em suma, dizem os pergaminhos da casa (que em tempos até serviam para os caseiros fazer os porta-enxertos das vides...) que o casarão já foi convento, extinto provavelmente em 1834, como todos os outros em Portugal...
 


Tabanca de Guilamilo, freguesia de Polvoreira, concelho de Guimarães >  21 de Agosto de 2011 >  Algumas das iguarias com que nos brindaram os donos da casa, a Margarida e o Joaquim Peixoto, professores do ensino básico, reformados, a viver habitualmente em Penafiel... O cabritinho (não confundir, com o anho ou o cordeiro a que tinham direito os senhores professores quando no activo...) e o respectivo arroz de forno (com açafrão) eram dignos de uma página de finmo recorte literário do grande gourmet que também era o Eça de Queiroz... Ou melhor, e passe a publicidade: A Margarida teve a nota máxima... Um dia ainda haveremos de editar o livro de receitas de todas as nossas tabancas... E o cabrito de Guilamilo, à moda da professora Margarida Peixoto, deverá lá figurar como uma das nossas maravilhas gastronómicas...
 

Tabanca de Guilamilo, freguesia de Polvoreira, concelho de Guimarães >  21 de Agosto de 2011 >  Os aperitivos, cá fora, na antiga eira da quinta... Do lado esquerdo, O Zé Cancela (Penafiel) e  o Zé Manel Lopes (Régua); do lado direito, duas das esposas, a do Zé Cancela e a do António Carvalho (Gondomar)...  (As duas são Luísas, se não me engano... Não fixei todos os nomes, lapso de que peço mil perdões.)

Tabanca de Guilamilo, freguesia de Polvoreira, concelho de Guimarães > 21 de Agosto de 2011 >  Em primeiro plano, a esposa do Brito da Silva (cuja entrada, na Tabanca Grande, se aguarda...) e a Alice, da Tabanca de Candoz...  O Brito da Silva, natural de Baião (e, portanto, vizinho da Tabanca de Candoz) vive, por sinal, na Madalena, Vila Nova de Gaia, onde eu (e a Alcie) costumo ir com frequência...
 

Tabanca de Guilamilo, freguesia de Polvoreira, concelho de Guimarães > 21 de Agosto de 2011 >  O Joaquim Peixoto - régulo da tabanca - exibindo uma surpreendente oferta do Manuel Carmelita à Tabanca Grande, representada por mim, um relógio de parede com o logótipo da solidária e alegre Tabanca de Matosinhos... 

O Manuel Carmelita, que é um verdadeiro artista, casado com a Joaquina Carmelita, vive em Vila do Conde, ofereceu igual prenda ao Pepito, director executivo da AD - Acção para o Desenvolvimento, a passar férias em Portugal (e réguo da Tabanca de São Martinho do Porto),  aquando da sua  visita (muito comentada) à Tabanca Pequena, no passado dia 17 de Agosto...

O Joaquim estava superfeliz, por  uma série de razões: (i) acabava de se reformar; (ii) tinha conseguido, em finais de Julho, realizar o 1º encontro da sua companhia, a CCAÇ 3414 (Sare Bacar, 1971/73), "graças ao teu/nosso blogue"; (iii) trazia a Guilamilo alguns dos seus amigos e camaradas da Tabanca de Matosinhos, mais chegados, incluindo o Brito da Silva (ex-Fur Mil Mec da sua companhia); (iv) tivera a agradável surpresa da vinda dos já velhos amigos Luís Graça e Alice Carneiro, da Tabanca de Candoz; (v) juntava também os seus filhos e genro... E, last but not the least, (vi) através do nosso blogue, um ilustre parente desconhecido contactou-o, por mail e depois por telefone, dando-lhe conhecimento dos desenvolvimentos da árvore genealógica dos Peixoto e da história de Guilamilo...


Tabanca de Guilamilo, freguesia de Polvoreira, concelho de Guimarães > 21 de Agosto de 2011 > Os anfitriões, Margarida e Joaquim, na hora dos discursos... Antes do Old Parr ("from Scotland for The Portuguese Armed Forces with love"...) e da aguardente, amarelinha,  do frade, feita outrora na quinta... (O Joaquim fez questão de presentear cada um dos seus convidados com uma garrafa desse precioso líquido, em cuja feitura estava presente o alquimista do frade; a Margarida, por sua vez, e mais uma vez, surpreendeu-nos com os seus delicados mimos, para as senhoras, que também eram oito... No seu brilhante e bem disposto improviso, a Margarida fez questão de sublinhar o quão bem tinha feito ao seu marido o reencontr com os camaradas da Guiné.)
 


Tabanca de Guilamilo, freguesia de Polvoreira, concelho de Guimarães > 21 de Agosto de 2011 >  À hora refeição, em que participou também a família Peixoto (Margarida e Joaquim, mais os seus dois filhos e o genro, marido da Joana).

 A Tabanca de Guilamilo (que já foi falsamente baptizada, por mim, como Guilhomil) dá assim mais um magnífico exemplo de camarigagem e de gosto pela convivialidade, sã e fraterna,  dos camaradas da Guiné que, de norte a sul, se reúnem sob o poilão da nossa magnifica Tabanca Grande... Neste caso, os convivas (incluindo eu) têm uma dupla pertença, são também "tabanqueiros" da Tabanca de Matosinhos, e fazem jus ao slogan, "Uma, duas, três, muitas tabancas"...

O Joaquim Peixoto (bem com os seus convidados nortenhos, acima identificados) reúne-se regulamente, às 4ªas feiras, para o já sacramental e célebre almoço no restaurante  Milho Rei  (A chamada Tabanca Pequena, que tem também uma página no Facebook, é descrita como um "espaço feito para e por ex-combatentes da Guerra do Ultramar na Guiné e que se juntam semanalmente em Matosinhos para perpetuarem uma amizade iniciada na sua juventude em África em tempos de Guerra").


Fotos (e legendas): © Luis Graça (2011). Todos os direitos reservados 

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segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Guiné 63/74 - P8739: O Nosso Livro de Visitas (116): Ex-Alf Mil Orlando Silva, CCAÇ 3325 (Os Cobras), Guileje e Nhacra, 1971/72

1. Comentários deixados por um nosso camarada que se identifica como Orlando Silva - Ex-Alferes Cobra, Aveiro, no Poste Poste 5637:

i) - Ao falar de Guileje e do Ultramar Português, vou passar a contar algumas passagens, que suponho farão para uns recordar e para outros sorrir:

Quando da nossa chegada a Guileje (Fevereiro de 1971) para rendição da C.Caç. 2617 que se iria deslocar para Quinhamel, vindos de Gadamael-Porto, e depois dos outros dois Grupos de Combate terem sido recebidos no dia anterior a "foguetão", foi a nossa vez (os outros dois Grupos).

Como não havia camas para todos, calhou-me a fava e tive que pernoitar no Gabinete do Médico (Dr. Acácio Bacelar) que se encontrava, suponho, de férias. Naquela noite, estava eu confortavelmente em cuecas, quando "elas" começaram a cair.

Como eu só me encontrava em segurança dentro de uma Caserna-Abrigo (à prova de 120 perfurante), resolvi de imediato calçar os mini-chinelos, agarrar na cartucheira e na minha companheira G3. Como o meu Grupo (2.º) estava na Caserna-Abrigo mais próxima (à entrada do Aquartelamento do lado de Gadamael), sei que atravessei a voar a distância entre o Gabinete Médico e o Abrigo. Não me lembro se pus os pés no chão ou não. Sei que me senti bem quando entrei naquele Abrigo, e que não me tinha sujado em lado nenhum. Homem feliz!

Mais tarde, no Bar de Oficiais, os sacanas do Capitão Parracho, e dos Alferes Cristina, Cunha, Rodrigues, Almeida e até o valentão do Acácio, fartaram-se de rir com a minha estafeta. Também eu me ri, mas só depois. Nunca fui herói, por isso naquele momento de perigo foi o que consegui fazer, e felizmente não me saí mal. Felizmente também, não acertaram dentro do Quartel, e como o Cristina (Alferes de Artilharia) começou logo a retaliar com os obuses 11,4, a valentia do IN acabou.

Por hoje é tudo. Um abraço.
Orlando-Ex-Alferes Cobra
Aveiro


ii) - Para falarmos de Guileje, convinha primeiro dar a conhecer a sua Zona de Acção:

O Subsector de Guileje tinha a área aproximada de 185 km2 tendo por limite, a Este a República da Guiné, a Oeste a AICC da região de Salancaur, a Norte o Sector de Aldeia Formosa e a AICC do Corredor de Guileje e a C.Caç. 2796.

A ZA tinha sensivelmente a configuração de um rectângulo com a extensão máxima no sentido E-W.
Dos itinerários do Sector, o único que era utilizável para viaturas era a Picada que saía de Guileje para Gadamael.

O único centro populacional que se encontrava na nossa ZA era Guileje, que tinha cerca de 300 habitantes, que viviam dentro dos limites do Aquartelamento.

Na n/ ZA. havia vários rios que no nosso início de comissão estavam secos com excepção de pequenos cursos de água, como o Rio de Áfia e o Rio Mejo que, apesar de tudo, atravessávamos facilmente, e um braço do Rio Cacondo que tinha bastante água mas que se atravessava também embora com muita dificuldade.

Toda a ZA. da C.Caç.3325 tinha uma mata relativamente aberta, excepto a parte compreendida entre a Estrada Guileje-Mejo e o limite Norte em que a mata era bastante fechada.

Era uma zona rica em caça, especialmente porco do mato, gazelas, galinha do mato, cabras do mato, aparecendo com certa frequência elefantes no limite com a República da Guiné.

Os produtos agrícolas eram especialmente a mancarra, batata doce e o arroz, que não chegava no entanto para satisfazer as necessidades da população.

Para ser possível efectuar este relatório, foi preciso percorrermos toda a ZA. Muito trabalho!. Nunca esperámos que o IN viesse ao nosso encontro, antes procurámos qualquer trilho que aparecesse, e por isso muitas vezes lhes aparecemos por trás onde nunca contavam que a tropa portuguesa ousasse sequer entrar. Arriscámos? É verdade, mas só devido a essa nossa insistência foi possível evitar que o IN nos incomodasse muito.

Mais tarde, já na época das chuvas, tentaram finalmente inverter a situação, enviando para a nossa ZA.

Sapadores Cubanos, que montaram vários campos de minas. Mas, os azares que daí surgiram só nos vieram dar mais força: como retaliação, fomos também montar campos de minas nos seus itinerários, incluindo no Corredor de Guileje/da Morte, donde resultaram muitos danos para o IN.

Hoje fico por aqui, meus amigos.
Um abraço.
Orlando Silva-Ex-Alferes Cobra
Aveiro


2. Comentário de CV:
Caro camarada Orlando, muito obrigado por deixares os teus comentários no Poste 5637, mas gostaríamos mais que te juntasses à nossa tertúlia e colaborasses regularmente no nosso Blogue, não só comentando, mas enviando as tuas histórias e fotografias.

Pertenceste à CCAÇ 3325, Os Cobras, formado no BII 19 do Funchal, de onde terás partido em Janeiro de 1971 para a Guiné, e que esteve cerca de um ano no Guileje.
Gostaríamos de conhecer as tuas memórias desses tempos passados nessa zona quase mítica, onde as NT passaram muitos maus bocados.

Para te juntares a nós, envia-nos uma foto do teu tempo de Guiné e outra actual, de preferência tipo passe, em formato JPEG, fala-nos da tua Unidade pois o nosso Blogue não tem praticamente nenhuma referência a ela, fala-nos de ti, tudo isto numa pequena apresentação para te ficarmos a conhecer um pouco.

Esperando o teu próximo contacto, deixo-te um abraço.
Utiliza o endereço luisgracaecamaradasdaguine@gmail.com ou os dos co-editores.
Carlos Vinhal
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 15 de Agosto de 2011 > Guiné 63/74 - P8672: O Nosso Livro de Visitas (115): António Agreira (ex-Fur Mil Trms, CCAÇ 4544, Cafal Balanta, 1973/74)

Guiné 63/74 - P8738: In Memoriam (90): Fernando de Sousa Henriques (1949-2011), foi Alf Mil Op Esp / RANGER na CCAÇ 3545 / BCAÇ 3883 (Canquelifá, 1972/74), faleceu ontem, dia 4 de Setembro de 2011







1. Ainda não estamos recompostos do impacto da notícia do falecimento da nossa Camarada Enfª Pára 
Piedade Gouveia e tomamos conhecimento pelo nosso Camarada José Pinho, hoje, pelas 13h19, através de um comentário escrito no poste P8024, onde se apresentou na Tabanca Grande o Fernando de Sousa Henriques, da sua surpreendente e repentina morte:

“O Fernando faleceu ontem, 4 de Setembro 2011, quando fazia aquilo de que muito gostava: caça submarina. Fica a memória de um grande amigo e companheiro. Até Sempre, Fernando.”

Ficou mais pobre a CCAÇ 3545 e o BCAÇ 3883, ficamos mais sós no blogue e o mundo perdeu um homem bom, sempre bem disposto e um excelente Amigo dos seus Amigos.



Recorda-se que o nosso Camarada Fernando de Sousa Henriques, foi Alf Mil OpEsp / RANGER na CCAÇ 3545 / BCAÇ 3883 (Canquelifá, 1972/74), nasceu em Estarreja (Aveiro) em 1949, tinha-se formado na cidade Porto em Química e, posteriormente, em Electrotecnia.

Como Alferes do CIOE e adjunto do Comandante de Companhia, partiu, em Março de 1972, rumo à Guiné, de onde regressou em Julho de 1974.

Foi Professor, tendo passado por Empresas como a Mobil Oil Portuguesa e os CTT, até se fixar, como Assessor, na Administração Portuária, em Ponta Delgada, São Miguel, RAA. Mantinha a sua actividade de Engenheiro.




2. O Henriques deixou 4 Obras Publicadas:

- Picadas e caminhos da vida na Guiné

- Um Icebergue chamado 25 de Abril

- No Ocaso da Guerra do Ultramar

- Nandinho - Os primeiros 6 anos dos últimos 60… (Conto infantil)


3. Em nome do Luís Graça, Editores e demais Camaradas da nossa tertúlia da Tabanca Grande, apresentamos à querida Esposa do Fernando Henriques, filhos e restante família enlutada, e porque outras palavras nos faltam, as nossas melhores e mais sentidas condolências.

4. NOTÍCIA DE ÚLTIMA HORA: O corpo do Fernando Henriques, encontrar-se-á na próxima quarta-feira, dia 7, a partir das 08h30 em câmara ardente na nova Casa Mortuária do Cemitério de São Joaquim (contígua ao Crematório). A missa realizar-se-á às 13h30, finda a qual se procederá ao funeral.
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Notas de M.R.:

Vd. Também sobre a literatura do Fernando os seguintes postes:

10 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3430: Bibliografia de uma guerra (36): No ocaso da Guerra do Ultramar, de Fernando Sousa Henriques. (Helder Sousa)

28 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3809: Os últimos dias do destacamento de Copá, Janeiro/Fevereiro de 1974 (Helder Sousa / Fernando de Sousa Henriques)

11 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3871: Em busca de... (65): Pessoal de Copá, 1ª Companhia do BCAV 8323/73 (Helder Sousa)

1 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8496: Notas de leitura (252): Picadas e Caminhos da Vida na Guiné, de Fernando de Sousa Henriques (Mário Beja Santos)


Vd. último poste desta série em:

4 de Setembro de 2011 > Guiné 63/74 - P8733: In Memoriam (89): A Enfermeira Pára-quedista Piedade Gouveia faleceu hoje, dia 4 de Setembro de 2011


Guiné 63/74 - P8737: Agenda Cultural (148): Lançamento do livro A Mulher nas Malhas da Guerra Colonial, de Ana Bela Vinagre, dia 10 de Setembro de 2011, em Leiria

LANÇAMENTO DO LIVRO "A MULHER NAS MALHAS DA GUERRA COLONIAL", DE ANA BELA VINAGRE, DIA 10 DE SETEMBRO DE 2011, ÀS 18 HORAS NA LIVRARIA ARQUIVO, EM LEIRIA



EXCERTO DO TEXTO:
«Quando o conflito armado eclodiu e à medida que os meses se sucediam, crescia nas mães que tinham filhos pequenos, a esperança de que, chegada a hora de os verem envergar a farda para cumprir o servi ço militar, a guerra já tivesse terminado
Quantas se enganaram!...
Nos bastidores duma guerra colonial sem fim à vista, ficavam mães, esposas, namoradas, irmãs, que depois de um doloroso adeus, a que o Tejo já se habituara, à vista de imensos lenços brancos de despedida, na metrópole lutavam, diariamente, contra uma saudade imensurável e o medo do espectro da morte, que a qualquer momento lhes poderia bater à porta. Em silêncio, engoliam as próprias lágri mas, calavam a revolta, escondiam a sua indignação. O sofrimento era atroz.
As namoradas e esposas, povoadas de projectos e de sonhos, vi ram-se traídas e defraudadas na sua juventude, esperando o fim de um pesadelo, que a cada dia, parecia mais distante.»


Ana Bela da Silva Vinagre nasceu no Bombarral a 16 de Maio de 1954, residente em Leiria. Licenciada em História, pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, possui o Curso de Especialização em Ciências Documentais – Arquivo. Directora do Arquivo Distrital de Leiria, em regime de substituição, teve a seu cargo a organização dos seus fundos documentais.
Trabalhos e publicações: Registos Paroquiais do Concelho de Bombarral – Sua análise arquivológica. Leiria, 1991; Manuscritos de Capas de Pergaminho de Livros Paroquiais e Notariais do séc. XII a XIX- Inventário Preliminar. Leiria, 1989, publicado no II vol. De Actas do II Colóquio sobre História de Leiria e a sua Região. Leiria, Câmara Municipal de Leiria, 1995; Guia de Fundos do Arquivo Distrital de Leiria – colaboração técnica. Leiria Arquivo Distrital de Leiria, 1997, Tito Larcher: A Luta do Filantropo Austero e Erudito, co-autora. Leiria, Arquivo Distrital de Leiria, 1997; Relatório Preliminar sobre o Cartório Notarial de Antão de Sá Sotomaior. Batalha 1741-1747 publicado no II vol. De Actas do III Colóquio sobre História de Leiria e a sua Região. Leiria, Câmara Municipal de Leiria, 1999; Dicionário dos Autores do Distrito de Leiria – co-cordenadora. Leiria, Magno Editora, 2004; A Casa do Distrito de Leiria (em Lisboa) publicado nas Actas do IV Colóquio sobre História e a sua Região – História Contemporânea. Leiria, Câmara Municipal de Leiria, 2005; Lar do Soldado Açoriano em Leiria (1970-1975). Açores, Ponta Delgada, Publiçor, 2006; A Casa do Distrito de Leiria em Lisboa. Leiria, Folheto Edições & Design, 2008; A Cruzada das Mulheres Portuguesas de Leiria. Leiria, Folheto Edições & Design, 2008.

|Entrada Livre|
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 28 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8613: Agenda Cultural (147): Ciclo de Conferências-debate Os Açores e a Guerra do Ultramar - 1961-1974: história e memória(s) (Carlos Cordeiro) (5): Apontamento e fotos do dia 22 de Julho de 2011

Guiné 63/74 - P8736: Convívios (371): 8.º Encontro do pessoal da CCAÇ 4540/72, dia 17 de Setembro de 2011 no Marco de Canaveses (Vasco Ferreira)

1. Mensagem do nosso camarada Vasco Ferreira, ex-Alf Mil da CCÇ 4540, Cadique e Nhacra, 1972/74:



Nota de CV:

Vd. último poste da série de 1 de Setembro de 2011 > Guiné 63/74 - P8722: Convívios (364): Encontro da CART 2412, ocorrido no passado dia 14 de Maio de 2011 em Castelo Branco (Jorge Teixeira)

Guiné 63/74 - P8735: Blogoterapia (188): Encontros, ou como abrir o tal Capítulo da Vida (Torcato Mendonça)

1. Mensagem de Torcato Mendonça* (ex-Alf Mil da CART 2339 (Mansambo, 1968/69), com data de 1 de Setembro de 2011:


ENCONTROS

Foi-me dado a conhecer o Blogue, LG & Camaradas da Guiné.
Li e, passado algum tempo, fiz um comentário. Não sei porquê, após esse comentário, comecei a escrever com alguma assiduidade. Porquê? …A guerra para mim acabou há muito tempo… dizia ou pensava eu…

Sobre a vida militar e a guerra pensava, há muito tempo, ter essa parte de minha memória envolvida por denso nevoeiro. Recordava, em pequenos “flashes”, um assunto ou outro. Certo, isso sim, era ter considerado encerrado esse Capítulo. Não tenho o hábito,  após considerar encerrado um “Capítulo de Vida”, voltar a abri-lo. Erro meu este, erro meu.

Hoje pouco, muito pouco mesmo, escrevo para o Blogue. Agravado por estes períodos de ausência que vieram reforçar a pouca vontade de “contador de estórias” e etecéteras desse meu passado.

Aborreço-me ler certos escritos. Não são só aqueles geradores de “desavença” ou polémica. Esses são naturais e salutares em espaço de opinião que se quer plural. Refiro-me mais a certos abusos,  não reprimidos.

Muitos deles são aberrações, produto de mentes com algum problema ou intenções destrutivas. Como tal deviam, de imediato, entrar na trituradora do papel. Também certo modo de juntar demasiado as NT e o IN (leia-se Nossas Tropas e o Inimigo). Cada um no seu lugar. Misturas,  não. Claro que a guerra já terminou.

Então falemos abertamente, com o respeito tido outrora ou hoje sem contenda. Diga? Quem? Eu? Só nós? Pois, e assim não, não.

Contudo, o que começo a tolerar menos, detesto, são certas “vaidades”. Chamo-lhe assim e coloco entre aspas para poder continuar.

Volto ao inicio, à abertura de um Capítulo já encerrado, ao erro da sua abertura.

Queria eu dizer então:
- Há muitos anos, muitos mesmo, tendo tanto trabalho, tanta vida a galgar, tanta preocupação, como iria ter tempo para recordações militares?

Fechei então esse “Capítulo” e ponto final. Os anos passaram velozes.

Um dia o telefone tocou.
- É um senhor com um assunto pessoal.
- Quem?
- Diz ter estado na Guiné…
- Passe então… Guiné!?

Estabeleceu-se uma conversa que me levantou algumas dúvidas. Não a recordo bem. Queria o meu endereço para tratar, ele e outros, do primeiro almoço da Companhia, a CART 2339. Disse-lhe o número do apartado.

Dias depois aí estavam notícias. Falei com alguém da Companhia. Não tenho a certeza com quem. Como não recordo o ano. Talvez 90 ou 91. Localidade escolhida para esse primeiro encontro, Aveiro.
Fui. O ponto de encontro foi junto a um hipermercado. Depois fomos para um restaurante da cidade.
Ali estávamos novamente junto,  cerca de vinte anos depois.

Olhava e queria ver o impossível, os mesmos rostos, os mesmos gestos e sorrisos e, confesso, além de não recordar a maioria ou confundir os nomes, estava muito emocionado. O desgaste do tempo, o nosso afastamento, aquela inesperada reunião - planeada,  é certo – a emoção que provocava, a saudade dos que ali não estavam e sentiam-se, tudo junto levava-me a só parte de mim ali estar. Além disso quem ali estava pouco, muito pouco, tinha a ver com o militar que outrora estivera com aqueles camaradas. Era outro muito diferente e não vestia o camuflado. Era passado. Só que nunca se apaga totalmente o passado e algo ainda ali permanecia, algo começava a aparecer. Sentia-o naturalmente.

Além disso apercebia-se, pela forma de estar, de conversar, de rir que alguns ainda por lá andavam. Muito deles pertenciam ainda a esse passado. Viviam o hoje como se fosse o ontem, contavam certas vivências como fossem quase o presente.

Eu reagia, fortemente, a uma palavra se pronunciada – Mansambo. Preferi ir na onda e ouvir mais do que falar. Hoje sinto uma recordação tão longínqua, tão afastada desse encontro, talvez, mesmo mais afastada do que os tempos vividos na Guiné.

Ali estava gente feliz com risos, gargalhadas, falando alto em alegria e, talvez, procurando apagar aquele afastamento de duas décadas. Seria? Não sei.


Do “meu” Grupo estava, como é lógico, mais próximo. Sentia uma maior emoção ao vê-los, sentia-os todos, os presentes e os ausentes. Com alegria ia conhecendo a sua vida de hoje, o seu estar na vida, a família, os filhos e as mulheres. Era uma alegria fortemente emotiva.
- Tens dez filhos?
- Dez…

O tempo voou rápido e saí. Como? Quando? Não sei, não recordo. Rumei a Coimbra. Apetecia-me beber em silêncio, estar só. Vinha-me uma palavra ao pensamento, uma recordação mais forte. Porque abrira aquilo? Porque abrira aquele “Capítulo de Vida”? Era um misto de sim e não. Era o aceitar e o querer afastar. Não as pessoas, não os camaradas ou a Guiné. Então o quê? O meu eu de outrora? Era uma luta entre o passado, aquele passado, e o presente. Mas o presente não podia viver amputando dessa parte do passado.

Aquele encontro é possível que tenha condicionado mais fortemente o novo encerramento. Tanto assim que foram sucedendo, ano após ano, os almoços anuais dos encontros e fui, ano após ano, adiando a minha comparência. No fundo sempre os senti perto. Estavam todos, todos, mas em Mansambo. Eram os eternos camaradas e amigos. Difícil de explicar. Tanto assim que certo acontecimento marcou o regresso.

Ano de 2005, ano difícil para mim. Esperava ser ano de paragem, ano em fim de linha. Regressei, quinze anos depois, ao Encontro,  para uma despedida silenciosa. Era uma necessidade voltarmos a encontrar-nos em Évora onde, trinta e oito anos antes, tudo começara.

Falamos, rimos, revivemos, voltei a entreabrir o tal “Capitulo de Vida”, qual pisca-pisca ou abre e fecha.
Senti-me desgastar mais cedo do que esperava e, a meio da tarde, pedi a meu filho para regressarmos.

Ele, que não foi militar e da Guiné pouco sabia, regressou a contra-gosto. Um regresso cheio de perguntas. Estava deslumbrado e não entendia bem aquele convívio, o modo como as pessoas estavam, a maneira como se relacionavam umas com as outras, a amizade e camaradagem. Tentei explicar. Devia ter explicado há mais tempo.

Poucos dias depois o mais novo disse-me:
- Pai, se para o ano fores ao Encontro, eu quero ir contigo.

O irmão contara-lhe. Talvez um dia isso aconteça, talvez um dia regresse.

Agora tenho ido aos Encontros do Blogue – LG & Camaradas da Guiné. É diferente. São antigos militares, camaradas e amigos, muitos a só se conhecerem nesses encontros, mas com algo em comum. A Guiné, a guerra, as situações de perigo vividas e algo que só eles, só eles compreendem e eu não sei definir.

Há uma palavra que diz algo: - camarigo. Sim camarigo, a contracção de camarada e amigo. Para alguns a palavra camarada é pouco agradável, mas o afecto, a amizade, a partilha de toda uma vivência naquela Terra une-os e continuam camaradas e amigos.

Os encontros de Companhia têm tudo isso e mais a cumplicidade vivida e sentida. Para o ano, parece ser em Maio de 2012, há mais um encontro da Companhia e porque não ir? Estamos, temporalmente, a uma eternidade de meses de distância e vivo um dia de cada vez. Um dia…

Terei que pensar, com tempo, tanto tempo para esse Encontro.

Tenho, sinceramente que tenho, vontade de encerrar mesmo. Ainda hoje consegui ouvir um minuto, talvez dois, do fim da conversa de três Camaradas numa TV. São do Blogue, membros do Blogue. Não deu para ter uma opinião. Certo é que me deu para pensar um pouco, para juntar estas letras e me interrogar sobre alguns porquês.

Até sempre Camaradas ou Camarigos…
TM
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 16 de Agosto de 2011 > Guiné 63/74 - P8676: Fotos à procura de... uma legenda (6): Mansanbo, CART 2339 (1968/69)...O pingue-pongue...da vida undergound (Torcato Mendonça)

Vd. último poste da série de 24 de Agosto de 2011 > Guiné 63/74 - P8703: Blogoterapia (187): Devaneios literários? (José Marcelino Martins)

Guiné 63/74 - P8734: Parabéns a você (313): José Marcelino Martins, ex-Fur Mil TRMS da CCAÇ 5 - Gatos Pretos (Canjadude, 1968/70)

Para o José Martins um abraço de parabéns do camarada Miguel Pessoa, dos Editores e da restante Tertúlia
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Notas de CV:

José Marcelino Martins foi Fur Mil Trms na CCAÇ 5, Gatos Pretos que esteve em  Canjadude nos anos de 1968 a 1970.

Vd. último poste da série de Guiné 63/74 - P8732: Parabéns a você (312): José da Câmara, ex-Fur Mil da CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56, e Torcato Mendonça, ex-Alf Mil da CART 2339

domingo, 4 de setembro de 2011

Guiné 63/74 - P8733: In Memoriam (89): A Enfermeira Pára-quedista Piedade Gouveia faleceu hoje, dia 4 de Setembro de 2011

FALECEU, HOJE, DIA 4 DE SETEMBRO DE 2011 A EX-ENFERMEIRA PÁRA-QUEDISTA 
MARIA DA PIEDADE GOUVEIA




1. Mensagem de hoje, dia 4 de Setembro de 2011, do nosso camarada Miguel Pessoa, ex-Ten Pilav, BA 12, Bissalanca, 1972/74, hoje Coronel Pilav Reformado:

Caro Carlos,

Depois do contacto telefónico de há pouco, em que te informei do falecimento da Enfª Pára Piedade Gouveia, dei-me conta do facto de ela não ter chegado a ser tertuliana da Tabanca Grande. Não deixa no entanto de pertencer ao grupo dos que naquele tempo deram o seu melhor em terras da Guiné. Penso por isso que deve ser dado conhecimento desta notícia aos outros tertulianos.

A Enfermeira Maria da Piedade Gouveia era colega de curso (1970) da Giselda e da malograda Celeste, falecida em 1973 num acidente na Guiné e ali prestou serviço em 1972/1973.

O velório da Piedade inicia-se às 16H00 de hoje, na Igreja da Póvoa de Sta. Iria, perto de Lisboa. Haverá Missa de Corpo Presente no mesmo local, amanhã pelas 10H45.

O corpo será depois transportado para o cemitério local, onde será cremado.

À vossa consideração deixo algumas fotos que poderão eventualmente querer publicar.
Miguel Pessoa


Recordações fotográficas de mais uma das nossas camaradas Enfermeiras Pára-quedistas que nos deixa.
Na foto de baixo, Maria da Piedade à esquerda e Giselda Antunes à direita.

Fotos: Miguel e Giselda Pessoa (2011)

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2. Mensagem de hoje do nosso camarada Hélder Sousa, ex-Fur Mil de TRMS TSF, Piche e Bissau, 1970/72:

Caros amigos,
Recebi este mail onde é referido o falecimento da Enf.ª Pára Piedade Gouveia

É um poema de homenagem saído neste Blogue que é de um camarada nosso (não sei ao certo quem).
Talvez o Miguel saiba e/ou possa confirmar.

Abraço
Hélder










Homenagem à Piedade Gouveia, 2.º Srgt Enf.ª Pára-quedista, acabada de Falecer

A Piedade subiu
Ao Céu de onde descia...
Resplandecente, vestiu
Roupagens de Anjo Bom
Como a tantos se mostrou.
...Anseios do coração
De quem espera o alento
De um sorriso e sustento
Nas horas, que nada é bom,
Que duram quanto durou.


Com a devida vénia ao Blogue Acordar Sonhando

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3. Também do nosso camarada Carlos Cordeiro, ex-Fur Mil At Inf CIC, Angola, 1969/71, recebemos esta mensagem:

Carlos,
Uma má notícia. Acabo de receber um e-mail do blogue http://acordarsonhando.blogspot.com/ (não sei a razão de receber notícias deste blogue) que dá conta da morte da 2.º Sargento Enf.ª Pára-quedista Piedade Gouveia. Deve também ter andado pela Guiné.

Talvez vocês queiram fazer-lhe uma pequena homenagem ou pelo menos dar a notícia.
Vamos desaparecendo. É a lei da vida.

Um grande abraço amigo,
Carlos

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4. À família e amigos da nossa malograda camarada Maria da Piedade Gouveia, os editores, em nome da  tertúlia do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, deixam as mais sentidas condolências.

Nesta hora tão difícil em que a dor é quase insuportável, não faltarão palavras de conforto pelo reconhecimento de uma vida dedicada ao próximo.
Na guerra, foi a Enf.ª Maria da Piedade um dos Anjos descidos dos céus que nunca evitou perigos para que os seus conhecimentos e as suas palavras meigas contribuissem para minorar o sofrimento de anónimos militares nas bolanhas da Guiné.

Para ela o nosso reconhecimento eterno e o desejo de que, onde quer que se encontre, continue a velar por nós.

Os editores deixam aqui um agradecimento especial ao nosso camarada Miguel Pessoa que a tempo e horas deu conhecimento desta triste notícia, via telefone, ao Blogue. Por impedimento dos editores só agora foi possível publicar este poste In Memoriam em homenagem à nossa camarada Piedade Gouveia.

Aos camaradas Hélder Sousa e Carlos Cordeiro também o nosso muito obrigado pelos mails enviados dando conta desta triste ocorrência.
CV

PS - A Piedade Gouveia esteve presente no 4º Encontro da Tabanca do Centro, em 2010, conforme poste de 27 de Maio de 2010, do blogue da Tabanca do Centro (que, como se sabe, é gerida pelo nosso camarigo J. Mexia Alves).  Por outro lado, há um belo texto da Maria da Piedade Gouveia no blogue nos nossos camaradas Especialistas da Base Aérea 12, Guiné 65/74, com data de 22 de Setembro de 2009, cuja leitura se recomenda. Clicar aqui.

5. O nosso camarada Manuel Bastos, autor do blogue Cacimbo, evocou, em tom emocionado, "a enfermeira que vinha do céu" e que o trouxe, gravemente ferido, para o hospital de Mueda, em Moçambique. Reproduzimos aqui, com a devida vénia, as suas palavras:


Custam-me a sair as palavras. Era assim que acontecia sempre que morria um dos nossos. Uma coisa sem sossego no peito e nós todos calados de os olhos postos no chão. Mas se nos calarmos, que seja por pouco tempo, o minuto cerimonial e mais nada, depois falemos, contemos a toda a gente quem foi a enfermeira pára-quedista Piedade Gouveia. Ela merece ser recordada de cabeça levantada e em continência, como só os verdadeiros heróis merecem. 

Chamei-lhe "A enfermeira que vinha do céu" e todos os soldados que um dia combateram perceberam logo porquê.  Um dia foi-lhe confiada a minha vida, e na meia hora mais dramática que vivi até hoje, a Piedade cuidou dela com desvelo. 

Eram dias dramáticos, tinha-se um sentimento de vida à beira do abismo, de experiência limite, e todos nós, os que combatíamos, obrigados ou não, sentíamos, pelo menos durante algum tempo, que cumpríamos um dever inelutável. 

Outros momentos dramáticos se sucederam neste país limítrofe, sempre à beira de um abismo qualquer; mas ser combatente não é só ter capacidade para pegar em armas, e o exemplo das enfermeiras pára-quedistas, as únicas mulheres combatentes na guerra colonial, são exemplo de como a coragem para enfrentar o perigo e o medo, e a generosidade e a disponibilidade para com os outros podem salvar-nos a todos do recorrente abismo. Nós que as conhecemos, não deixemos que os portugueses se esqueçam disso.

Hoje partiu a enfermeira que vinha do céu. Vai só.  O héli que a leva não regressará com ela para nos salvar quando tombarmos de novo. Ficámos mais sós também.

 Fonte: Cacimbo, blogue de Manuel Bastos > 4.9.11 > A enfermeira que vinha do céu - Final.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 4 de Agosto de 2011 > Guiné 63/74 - P8636: In Memoriam (88): Na morte de um Cavaleiro do Gabu (2)

Guiné 63/74 - P8732: Parabéns a você (312): José da Câmara, ex-Fur Mil da CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56, e Torcato Mendonça, ex-Alf Mil da CART 2339

Para o José Câmara um abraço de parabéns do camarada Miguel Pessoa, restante tertúlia e editores


Para o Torcato Mendonça um abraço de parabéns do camarada Miguel Pessoa, restante tertúlia e editores
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Notas de CV:

- José Câmara foi Fur Mil na CCAÇ 3327 e no Pel Caç Nat 56 e esteve na Guiné nos anos de 1971 a 1973.

- Torcato Mendonça foi Alf Mil na CART 2339 que esteve em Mansambo nos anos de 1968 e 1969.

Vd. último poste da série de 3 de Setembro de 2011 > Guiné 63/74 - P8730: Parabéns a você (311): Agradecimento à tertúlia de José Corceiro, ex-1º Cabo TRMS da CCaç 5 - Gatos Pretos (Canjadude, 1969/71)