terça-feira, 21 de maio de 2013

Guiné 63/74 - P11603: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (52): Respostas (nºs 113/114/115): José Augusto Ribeiro, ex-Fur Mil da CART 566; Manuel Dias Pinheiro Gomes, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista do STM e Ernestino Caniço, ex-Alf Mil, CMDT do Pel Rec Daimler 2208

1. Respostas ao inquérito do nosso camarada José Augusto Ribeiro, ex-Fur Mil da CART 566, Cabo Verde (Ilha do Sal,  Outubro de 1963 a Julho de 1964) e Guiné (Olossato, Julho de 1964 a Outubro de 1965):


(1) Quando é que descobriste o blogue?

R - Descobri o Blogue no dia 26 de Dezembro de 2012.

(2) Como ou através de quem (por ex., pesquisa no Google, informação de um camarada)?

R - Através de pesquisas no Google, quando procurava temas relacionados com a guerra colonial na Guiné.

(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia)? Se sim, desde quando?

R - Sou membro da nossa Tabanca Grande desde 5 de Janeiro de 2013 com o número 597.

(4) Com que regularidade visitas o blogue (Diariamente, semanalmente, de tempos a tempos...)?

R - Vejo o Blogue quase diariamente, à noite, quando estou à espera do sono.

(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.)?

R - Já mandei material para o Blogue. Fotografias do Sal (Cabo Verde), Bissau, Bissorã e Olossato. Enviei também alguns textos e um filme sobre a CArt 566 realizado pelo Comandante da Companhia.

(6) Conheces também a nossa página no Facebook [Tabanca Grande Luís Graça]?

R - Conheço bem a nossa página do Facebook, Tabanca Grande, Luís Graça. Tenho como endereço: https://www.facebook.com/jose.mirandaribeiro.

(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue?

R - Ultimamente tenho ido menos vezes consultar o Blogue, do que o Facebook por este, ser novidade para mim.

(8) O que gostas mais do Blogue? E do Facebook?

R - Gosto mais do Blogue, porque nos dá mais informações sobre a Guerra Colonial na Guiné, fala dos nossos camaradas conhecidos e desconhecidos, que agora, muitos já passaram a ser do meu conhecimento.

(9) O que gostas menos do Blogue? E do Facebook?

R - Nestes quatro meses, não encontrei nada, que mereça a classificação “de não gostar”. De um modo geral, tudo me tem agradado. Se encontrar alguma vez, algo que não concorde, saberei fazer a minha crítica construtiva.

(10) Tens dificuldade, ultimamente, em aceder ao Blogue? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...)

R - Tenho tido algumas dificuldades, em aceder ao Blogue, mas a pouco e pouco vou aprendendo a procurar os assuntos, que mais me têm cativado. O meu maior problema é escrever nos espaços apropriados. Vou tentar vencer esta dificuldade, porque eu sou “um jovem” interessado em aprender e as minhas netas dão-me lições de Informática, em troca das explicações de Matemática que habitualmente lhes dou.

Em relação à lentidão no acesso ao Blogue e ao Facebook, a que se refere o Inquérito, informo que,  para mim, não tem havido qualquer lentidão.

(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti? E a nossa página no Facebook? 

R - Como encontrei o Blogue, há relativamente pouco tempo, o que ele representa para mim é o que ele representou no início. O Blogue e a nossa página no Facebook representa para mim o reviver de tempos passados, que nunca mais esquecerei. É a falar nos episódios difíceis, onde eu fui protagonista, e que me marcaram psicologicamente, que encontro a “cura” para o meu stress de guerra.

Creio que foi uma ótima ideia a sua criação e oxalá continue, cada vez com mais entusiasmo e que os camaradas mais novos, não o deixem morrer, pois que muitos temas, aqui abordados, poderão mais tarde contribuir para a história da Guerra Colonial, em especial no que se relaciona com os militares que nela participaram. 

Nas invasões francesas, por exemplo, só se fala em generais, Junot, Massena, Ney, Loison (o Maneta), Claussel, Solignae, etc. e do lado das tropas portuguesas fala-se excecionalmente no Furriel Vitorino de Barros Carvalhais, que comandou um grupo de 15 académicos (milicianos), que com a ajuda de muitos populares impediram as tropas francesas de entrarem na cidade de Coimbra. 

Quem defende a sua Pátria, a sua terra, a sua família tem mais força, mais coragem do que quem ataca. Da nossa Guerra Colonial poderá falar-se, um dia, nos valentes soldados de qualquer secção de 9 homens, muitas vezes com poucas munições, que tiveram de se defender de grupos inimigos, com mais de 200 elementos. 

Na minha opinião, nós na Guiné defendiamo-nos, a nós próprios e aos nossos companheiros. Um dia, num domingo de manhã, depois de ter chovido abundantemente toda a noite, recebi ordens para ir com a minha Secção realizar uma patrulha de reconhecimento nos arredores do Olossato. Na minha Secção tinha três elementos voluntários africanos, um mandiga, outro balanta e o terceiro era manjaco, cujos nomes já passaram ao esquecimento. O mandinga, era quase o meu braço direito, ia sempre perto de mim e fazia-me observar muitas anormalidades. Naquele dia, repentinamente mandou parar todos, e disse-me que queria ir sozinho à frente para observar. 
Falou numa linguagem clara que era quase a Língua Portuguesa, Eu concordei e ficámos todos parados em alerta. O mandinga volta para trás e disse: - Vêem aqui estes passos, de pés descalços a saírem do capim? Foi alguém (deles) que veio ver se a armadilha, que aqui terá colocado, já rebentou, porque depois voltou para trás. Disse isto, mostrando-nos as pegadas em sentido contrário. 

Com as facas do mato preparámos umas varas compridas cortadas de uma árvore que parecia um salgueiro. Com as varas esgravatámos aquele chão ainda encharcado da chuva da noite anterior. Finalmente encontrámos, a poucos metros, uma mina antipessoal que tinha o tamanho aproximado de uma caixa de fósforos. Qualquer um de nós poderia ter ficado sem uma perna, como já acontecera antes. Nenhum era especialista em minas e armadilhas, por isso, levámos aquela mina com todo o cuidado, na palma da mão até ao quartel. 

Cerca de 100 metros, antes de entrarmos pela porta do lado de Bissorã, vimos um papel pregado numa árvore, que dizia: “Salazaristas filhos da puta, ide-vos embora. Esta terra é nossa”. 
Estas palavras deram-me muito que pensar. Só vi este problema a ser resolvido, ao chegarmos ao 25 de Abril. 
  
(12) Já alguma vez participaste num dos nossos anteriores encontros nacionais?

R - Nunca participei em qualquer encontro da Tabanca Grande.

(13) Este ano, estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de junho, em Monte Real?

R - Já estou inscrito para o próximo Encontro Nacional que se irá realizar em Monte Real, no dia 8 de Junho.

(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar?

R - Sou otimista e por isso acho que este Blogue ainda terá fôlego, força anímica e garra para continuar por mais alguns anos, mas é preciso que todos vão contribuindo, e fazendo pequenas intervenções, que possam motivar alguns dos nossos camaradas, que já se “sentem velhos” para relembrar o passado.

(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer.

R - Não tenho críticas a fazer, por enquanto, mas, como já disse anteriormente, se as fizer algum dia, serão críticas construtivas.

Como comentário quero confessar que me sinto triste de ser o único “tabanqueiro” da CArt 566. 
Já fiz, sem sucesso, vários apelos aos “Bravos e Sempre Leais”, meus camaradas de Companhia, muitos deles que comparecem todos os anos na Serra do Pilar, onde temos uma cerimónia religiosa e na Parada daquele Quartel uma cerimónia militar, onde o nosso Ex-Comandante, a quem se deve todo o êxito da Companhia, coloca uma coroa de flores, com guarda de honra e ao toque de clarins, junto ao painel de pedra que contém o nome de todos os camaradas, daquela unidade, mortos em combate. O dia termina com um longo almoço, no Restaurante Boucinha, em Avintes, que é do nosso camarada Madureira. Ali o General Albuquerque Nogueira, que continua a ser a alma da CArt 566, recorda-nos, nos seus discursos “o esforço daqueles jovens na flor da idade, que deixaram a família, as namoradas e os amigos, para cumprirem o dever…”

José Augusto Miranda Ribeiro

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2. Respostas ao questionário do nosso camarada Manuel Dias Pinheiro Gomes (ex-1.º Cabo Radiotelegrafista do STM / Agrupamento de Transmissões da Guiné, Catió e Bissau, 1970/72): 

1 - Em 23-12-2011. 

2 - Através do camarada Hélder de Sousa.

3 - [Sou membro da Tabanca Grande,] desde Agosto 2012. 

4 - [Visito o blogue] todos os dias.

5 - Pouco mas já mandei.

6 - Sim, conheço.

7 - Mais ao blogue.

8 - O passado que eu não conhecia.

9 - Gosto de tudo. 

10 - Não nunca tive ] dificuldades de acesso ao blogue].

11 - Representa as memorias dos tempos que passei na Guiné.

12 - Ainda não.

13 - Sim,  estou com ideias de estar presente [no VIIi Encontro Nacional, em Monte Real, dia 8 de junho].

14 - Penso que sim, ainda tem muito caminho para andar.

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3. Respostas ao questionário do nosso camarada Ernestino Caniço (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Rec Daimler 2208, MansabáMansoa e Bissau, 1970/72):

(1) Quando é que descobriste o blogue? 

R - Em 2010.

(2) Como ou através de quem? (por ex., pesquisa no Google, informação de um camarada) 

R - Através do nosso camarada Manuel Traquina, no exercício da minha atividade profissional.

(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia)? Se sim, desde quando? 

R - Sim, desde 2011.05.21.

(4) Com que regularidade visitas o blogue? (Diariamente, semanalmente, de tempos a tempos...) 

R - 1 a 2 vezes por semana.

(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.)? 

R - Tenho mandado, condicionado à disponibilidade temporal e às ocorrências. Penso continuar. 

 (6) Conheces também a nossa página no Facebook [Tabanca Grande Luís Graça]? 

R - Não.

 (7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue? 

R - Ao Blogue. 

 (8) O que gostas mais do Blogue? E do Facebook? 

 R - As verdades.

 (9) O que gostas menos do Blogue? E do Facebook? 

R - As inverdades.

 (10) Tens dificuldade, ultimamente, em aceder ao Blogue? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...) 

R - Não. 

(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti? E a nossa página no Facebook? 

R - O despertar de emoções só compreendidas por quem as viveu. 

(12) Já alguma vez participaste num dos nossos anteriores encontros nacionais? 

R - Sim. 

(13) Este ano, estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de junho, em Monte Real? 

R - Sim.

(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar? 

R - Com certeza que sim, até que haja um ex-combatente da Guiné “de pé”.
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Nota do editor:

Último poste da série de 20 de Maio de 2013 > Guiné 63/74 - P11601: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (51): Respostas (nºs 111/112): Carlos Sousa (CCAÇ 1801, Ingoré, Bissum-Naga, S. Domingos, Cacheu e Antotinha, 1968/69); e António Barbosa (2.ª CART/BART 6523, Cabuca, 1973/74)

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Guiné 63/74 - P11602: Convívios (525): Encontro do pessoal da CCAÇ 4740, dia 15 de Junho de 2013 em Fátima (Armando Faria)

1. A pedido do nosso camarada Armando Faria (ex-Fur Mil, CCAÇ 4740, Cufar, 1972/74), damos notícia do próximo Encontro Nacional do pessoal da CCAÇ 4740 a levar a efeito no dia 15 de Junho de 2013 em Fátima

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Nota do editor

Último poste da série de 19 DE MAIO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11593: Convívios (524): Rescaldo do Encontro do pessoal do BCAÇ 2885, no passado dia 11 de Maio, em Ançã - Cantanhede (César Dias)

Guiné 63/74 - P11601: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (51): Respostas (nºs 111/112): Carlos Sousa (CCAÇ 1801, Ingoré, Bissum-Naga, S. Domingos, Cacheu e Antotinha, 1968/69); e António Barbosa (2.ª CART/BART 6523, Cabuca, 1973/74)


1. Resposta nº > Carlos Sousa [, ex-alf mil op esp/ Ranger,  CCAÇ 1801, Ingoré, Bissum-Naga, S. Domingos, Cacheu e Antotinha (destacamento de Ingoré) 1968/69]



Caro Luis,
Não tenho participado muito do nosso fórum, mas quero manter-me "vivo".
Não sei como é que queres que responda ao inquérito, mas posso desde já deixar aqui uma resposta em formato livre:


(1) Quando é que descobriste o blogue ?

Em 2009

(2) Como ou através de quem ? (por ex., pesquisa no Google, informação de um camarada)
Através do camarada Eduardo Magalhães Ribeiro (Ranger)

(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia) ? Se sim, desde quando ?

Sim [, desde 17 de setembro de 2009].

(4) Com que regularidade visitas o blogue ? (Diariamente, semanalmente, de tempos a tempos...)

De tempos a tempos.


(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.) ?

Só mandei no início.

(6) Conheces também a nossa página no Facebook [Tabanca Grande Luís Graça] ?

Sim.

(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue ?

Não tenho ido a nenhum deles.

(8) O que gostas mais do Blogue ? E do Facebook ?

Do blogue gosto das recordações lá colocadas.


(9) O que gostas menos do Blogue ? E do Facebook ?

Não tenho referências negativas.

(10) Tens dificuldade, ultimamente, em aceder ao Blogue ? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...)

Não.

(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti ? E a nossa página no Facebook ?

Tenho tido poucos acessos.

(12) Já alguma vez participaste num dos nossos anteriores encontros nacionais ?

Não.

(13) Este ano, estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de junho, em Monte Real ?

Não.


(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar ?

Acho que sim.

(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer.

Nada.

Um abraço, Carlos Fernando da Conceição Sousa

 2. Resposta > António Barbosa [Santarém] [ex-alf mil op esp/Ranger, 2.ª CART/BART 6523,  Cabuca, 1973/74]



1) Descobri o blogue em Agosto de 2009.

2) Descobri-o através do também Ranger Magalhães Ribeiro

3/4) Visito o Blogue quase diariamente.

5) Já mandei várias publicações, bem como parte significativa do meu álbum fotográfico.

6) Conheço a página no Facebook

7) Visito mais vezes o blogue que a página

8/9) Gosto do rigor e qualidade das postagens no blogue.

10) Ultimamente não me posso queixar na rapidez de acesso ao blogue.

11) Para mim o blogue representa a mesa de café (gigante) em que livremente podemos expor as n/ opiniões reviver velhos amigos, partilhar informação que por certo irá servir para engrandecer a História de Portugal, enfim podemos recordar os bons e maus momentos por que todos nós passámos, momentos esses que nos ajudaram a crescer e a tornar-nos nos pais e avós que hoje somos.

12/14) Embora seja minha vontade ir ao VIII Encontro [, em Monte Real, no próximo dia 8 de junho], ainda não poderei garantir com exactidão a minha presença.

14) Bem hajam pelo bem que tem feito aos combatentes. Um Abraço.
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Guiné 63/74 - P11600: Notas de leitura (484): Os Portugueses nos Rios da Guiné (1500-1900), por António Carreira (3) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 5 de Fevereiro de 2013:

Queridos amigos,
Creio que a reedição desta obra era um facto cultural da maior importância para Portugal e Guiné-Bissau. António Carreira até hoje não foi contestado nas suas observações bem cruas sobre a presença portuguesa, a sua incapacidade para travar a presença francesa que culminou num acordo com a perda de um território que secularmente era ocupado pelos portugueses, mesmo que superficialmente – o Casamansa.
Ao exemplificar com a formação tardia do crioulo guineense como língua franca, Carreira destaca a precariedade da nossa ocupação, chefes tradicionais poderosos resistiram à potência colonial.
E como ele lembra, o PAIGC apostou fortemente no crioulo para procura unir os guineenses.

Um abraço do
Mário


Os portugueses nos rios da Guiné (1500-1900), por António Carreira (3)

Beja Santos

Se há título indispensável para conhecer, sob a forma de resumo, a presença portuguesa num território amplo, nos primeiros séculos, e progressivamente minguado até se ter chegado à Convenção Luso-Francesa de 1886 que no essencial consagrou as fronteiras atuais, é este livro de António Carreira. Carreira era já um investigador de créditos firmados quando se lançou nesta edição de autor, coisa estranha, parecia um testamento sobre a sua visão da Guiné, um olhar pessoalíssimo como atesta o que escreveu sobre a presença portuguesa no século XIX. Adiante se verificará como escreveu para a História.

Recorde-se que Carreira enfatiza as guerras e escaramuças entre grupos étnicos, no período entre 1840 a 1899, os portugueses a tudo assistiram impotentes, era impossível qualquer intervenção com tão magros efetivos nas praças, tal o armamento obsoleto e a falta de meios navais. Quem dessa impotência se aproveitou foram os franceses que visavam a consolidação do seu domínio nas chamadas rias do Sul e mesmo no Casamansa. Só depois de tudo perder é que Lisboa decidiu melhorar os efetivos para assegurar a integridade das praças de Geba e Buba, elas foram reforçadas com vista a garantir os direitos de ocupação de todo o território. Carreira reflete sobre este “pandemónio” de praticamente meio século observando que se deveu a múltiplos fatores que ele aliás regista cuidadosamente: a decisão dos Fulas-Pretos de se libertarem da escravização a que se encontravam submetidos pelos Fulas-Forros; a conquista do poder dominava os jovens, eles esforçaram-se pela expulsão dos velhos régulos, déspotas que governavam microsociedades sem nenhum desejo de mudança; e a imposição do islamismo aos povos animistas, em que o papel mais ativo foi desenvolvido pelos almanis do Futa-Djalon.

Dá-se, entretanto, nesse estado de deliquescência a separação do Governo da Guiné do de Cabo Verde, em 1879. Mas mesmo com a autonomização do Governo, não foi possível dominar a situação na periferia das praças, estas continuaram a ser atacadas com frequência. Como o autor regista, de 1864 a 1919, as diversas praças e presídios sofreram pelo menos 30 ataques das populações nativas. Parte das sublevações terminou com a assinatura de tratados em que os régulos e chefes tradicionais intervieram como se fossem entidades soberanas. Tem aqui todo o sentido respigar um texto do governador Correia Lança no seu relatório em 1888: “Nos tratados estabeleceram-se cláusulas que nunca se observaram e obrigações que não se cumpriram”. Aos poucos, cada praça foi equiparada a comando militar. Nos primeiros anos de 1900 tentou-se a instituição de um regime de administração civil denominado as Residências, substituindo os comandos militares. No ano que preludia as medidas efetivas de pacificação foram criadas as circunscrições civis.

Em 1913, o Governo, na convicção de que os Papéis não voltariam a atacar a praça de Bissau, deliberou a demolição das muralhas construídas à volta da fortaleza de S. José, a Amura. A partir de 1919, foram sendo criados centros fixos em locais de reconhecido interesse comercial e administrativo, era mais uma tentativa de ocupar território e de impor a lei portuguesa. E convém não esquecer que mesmo após a pacificação se viveu um período de grande intranquilidade nos anos de 1919 e 1920.

Carreira lembra as diferenças abissais nas culturas guineenses e cabo-verdiana. Na Guiné, as sete escolas primárias oficiais que funcionaram no ano letivo 1899-1900 com 303 alunos destinavam-se a filhos dos colonos, dos funcionários, filhos dos cristãos e grumetes já fora das suas comunidades de origem. Nesse mesmo ano letivo funcionavam nas ilhas de Cabo Verde 42 escolas primárias oficiais com 4275 alunos, além das escolas particulares. Isto serve para compreender como é que a massa esmagadora dos cabo-verdianos usavam na plenitude o crioulo como língua materna e na Guiné, no final do século XIX, o crioulo estava circunscrito aos escassos 7000 cristãos e grumetes residentes nas praças e presídios.

Então, Carreira desenvolve a sua tese observando que parece lícito afirmar que até à segunda metade do século XIX a evolução do processo histórico da Guiné mostra que o território viveu quase fechado a culturas estranhas, com a sua economia de subsistência, esta auxiliada pela comercialização, em modesta escala, de couros, cera, algum marfim, panos e bandas de algodão de confeção local, e pouco mais. Evidentemente, o tráfico de escravos foi, até à sua extinção, uma notável fonte de rendimento dos régulos e seus guerreiros.

A moeda praticamente não funcionava no comércio. Terá sido a introdução do cultivo do amendoim a primeira tentativa positiva de viragem económica. Mas as guerras tribais tudo dificultavam. O mil reis português, em prata, e a moeda divisionária em prata ou em cobre mal circulavam. As moedas verdadeiramente importantes eram a pataca espanhola, o peso mexicano, o peso boliviano, o franco francês (conhecido por peso) e a libra.

Urgindo concluir, estão apontadas as dificuldades que se depararam à fixação dos portugueses na costa africana, elas ajudam a entender como era difícil a formação de um crioulo que pudesse ultrapassar as exíguas áreas que os régulos arrendavam para a implantação das praças e presídios. Tudo contrariou à aceitação do crioulo, os chefes sentiram que esta língua franca faria perigar o seu poder e os modos de vida. E Carreira opina que não se criou nenhum crioulo na área conhecida por Guiné, o que se deu foi a difusão dos rios da Guiné do crioulo nado nas ilhas de Cabo Verde, difusão essa feita pelos lançados crioulófonos para ali enviados a partir dos primeiros anos para o resgate de escravos.

Outra razão que levou à dificuldade em formar-se o crioulo da Guiné foram os dois grandes grupos linguísticos, a língua sudanesa (mandingas e fulas) definido pelo uso de sufixos plurativos e o grupo étnico-linguístico classificado de Semi-Banta, de línguas aglutinantes (balanta, papel, manjaco, felupe, banhum…). São dois grupos que não possuem grandes afinidades com o crioulo. O crioulo guineense, com o andar dos tempos, tornou-se permeável à influência destes dois grupos. A partir de 1900, e depois com a Pax Lusitana, a situação alterou-se. Os próprios negociantes tiveram um papel fundamental na divulgação do crioulo, ele entrou em expansão nas décadas de 1920 e 1930. E Carreira observa que a luta pela independência foi outro dínamo para acelerar a aprendizagem do crioulo.

António Carreira junta um apenso documental do maior interesse para a compreensão da presença dos portugueses e das múltiplas dificuldades que se puseram à sua fixação, inclusive demonstra como o processo da missionação falhou rotundamente, impedindo a cristianização maciça dos guineenses.
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Notas do editor:

Vd. postes anteriores de:

13 DE MAIO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11562: Notas de leitura (480): Os Portugueses nos Rios da Guiné (1500-1900), por António Carreira (1) (Mário Beja Santos)
e
17 de Maio de 2013 > Guiné 63/74 - P11581: Notas de leitura (481): Os Portugueses nos Rios da Guiné (1500-1900), por António Carreira (2) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 19 DE MAIO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11597: Notas de leitura (483): Soronda - Revista de Estudos Guineenses - Dezembro de 2000 (2) (Francisco Henriques da Silva)

Guiné 63/74 - P11599: Manuscrito(s) (Luís Graça) (3): O país que via passar os comboios



Lisboa > Museu da Electricidade > 2006

Foto: © Luís Graça (2006). Todos os direitos reservados.


O país que via passar os comboios

14:13h.
Coimbra B.
Estação da CP.
Deprimente.
Como todas as estações B do mundo.
Como todas as estações da CP.
B de 2ª classe.
B, segunda letra do alfabeto.
Como todas as estações da CP urbanas, suburbanas e rurais.
Deprimentes.
Todas as estações de caminho de ferro do mundo são deprimentes.
Abro talvez uma excepção para os apeadeiros.
São bonitos, os apeadeiros.
Ou eram bonitos os apeadeiros da CP,
Quando havia o cavador, o burro, o boi, a charrua,
O camponês, o zé povinho, camponês e burro,

Besta de carga.
A horta, a saída direta para os campos.
As hortas.

Os azulejos azuis  e amarelos Viúva Lamego 
Nas quatro estações do ano.
O termo apeadeiro eternece-me,

Faz-me lembrar os tempos
Em que se ia às hortas.
Eu já não sou desse tempo.
Mas os alfacinhas iam às hortas dos saloios.
Benfica, Porcalhota, Pontinha, 
Sintra, Caneças, Colares ...
Faziam piqueniques, cantavam o fado.
Gosto do termo apeadeiro.
E da ideia de ir passear às hortas.
Em família, aos domingos, de comboio.
Ronceiro, o comboio.
Ronceira, a vida da gente.
Li isso algures numa história qualquer sobre os comboios
Que unificaram o país de norte a sul.
Há uma dívida de gratidão que é devida aos comboios.
E aos homens dos comboios.
E aos engenheiros das estradas e pontes.

E aos operários que as construíram.
Ao zé povinho da cidade e dos campos.
Ao engenho e à obra.
Ao Fontes.

Ao Pereira.
Ao Melo.
Ao fontismo.

Ao positivismo.
Ao génio organizativo.
Mesmo que a minha professora 
De Sociologia Histórica das Classes Laboriosas,
Discípula do E.P. Thompson,
Só gostasse dos corticeiros
Que eram anarcossindicalistas.
Sempre suspeitei que ela não gostasse dos cavadores.
Nem de comboios.
Nem de hortas.
Nem do Fontes.
Nem dos ferroviários,
Nem dos camponeses e dos burros e dos bois.
Naquele tempo parava-se em todas estações e apeadeiros.
E havia tempo, não havia pressa.
Não havia stresse naquele tempo.

Colhiam-se papoilas vermelhas no meio do trigo.
Não havia tempo para se ter stresse.
Morria-se cedo. 
Ou nascia-se tarde.
Sem tempo de ver crescer filhos e netos.
O stresse é uma construção social do meu tempo.
E não havia bombas nos comboios.

Ao alcance de um qualquer toque de telemóvel,
Da Nokia, da Samsung ou da Siemens, tanto faz.
Que as novas tecnologias quando nascem 
(não) são para todos.
Ou talvez houvesse stresse
Mas chamavam-lhe outra coisa.
Afinal, essa coisa é tão velha como a vida.
E morria-se cedo naquele tempo.

A esperança média de vida é um artefacto estatístico.
E há sessenta e tal anos, na França ocupada,
Os ferroviários também punham bombas. 

Nas linhas de caminhos de ferro.
Matavam os seus postos de trabalho em nome da liberdade.
Punham bombas para fazer descarrilar os comboios.
Sabotagem.
Resistência ao ocupante nazi.
Hoje seriam caçados como terroristas internacionais.
Não sou ferroviário nem resistente nem terrorista.
Nem anarcossindicalista.
Estou numa estação deprimente.
Coimbra B.
Coimbra merecia, pelo menos, uma estação A.

Este país, bom aluno da Europa,
Devia merecer uma letra A.
Nem que fosse Coimbra A.
Ouço uma voz gritante.
Alfarelos.
Com paragem não sei onde.
Nunca soube, ao certo, onde fica Alfarelos.

É algures no país profundo.
Assim como Freixo de Espada à Cinta
Que ninguém conhece.
Não, vim de boleia.

Muito obrigado.
De Viseu.
Aguardo o Alfa Pendular para Lisboa.
Aliás, Lisboa SA.
Deve chegar às 15:16h.

── Lisboa, Santa Apolónia ?
── Não, Lisboa, Sociedade Anónima!
 Corrijo o portuga por detrás do guiché.
── Não, não quero Santa Apolónia.
Quero a Estação de Lisboa Oriente.
E depois... o que diria o Zé (Cardoso Pires)!

── Lisboa, SA!

Pergunta o portuga, 
Caixa de óculos, por detrás do bunker, 
Que fala em nome da CP.
── Conforto ou turística ?
Olha para mim, como se quisesse me tirar as medidas.
Ou adivinhar a minha secreta conta bancária.
──  2ª classe, se faz favor!
──  Turística...
... 2ª classe, por defeito.
Para quem não ostenta sinais exteriores de riqueza.
Classe B.
E eu a pensar ingenuamente que já não havia 2ª classe.
Comboios de 2ª classe. 

Gente de 2ª classe.
País de 2ª classe no desconcerto das nações.
(Ah!, meu velho José Rodrigues Miguéis,
E a tua gente de 3ª classe
Nos porões nauseabundos dos cargueiros
Que rumavam às Américas!).

Devo ter percebido mal.
Os comboios e a CP também se democratizaram.
Agora só há conforto e turística.
No alfa pendular de todas as emoções e condições.
O Portugal SA já não é mais classista.
Para ter classe basta ter dinheiro no multibanco,
Minha querida professora.

Mas, mais seguro, é na Suiça ou num off shore qualquer.
É o que se chama mobilidade social.
Fugir à condição de besta de carga.
── Vê-se mesmo que o senhor é um utente acidental da CP,
Já não há 2ª classe.

── Sou um mau utilizador do comboio, peço desculpa ──.
Comprei um bilhete de 2ª classe.
17 euros, IVA incluído à taxa de 5%.
── O senhor, desculpe, mas eu sou fã dos comboios.
Tenho uma dívida histórica para com os comboios,
Que unificaram o meu país.
Pode não ser seu, mas é meu.
Tenho orgulho nele.
E tinha que lhe dizer isto.
Vou para Lisboa, SA,

Capital do reino,
Desço na Gare do Oriente...





Lisboa > Museu da Água > Aqueduto das Águas Livres  > 18 de abril de 2013

Foto: © Luís Graça (2013). Todos os direitos reservados.

Tenho tempo.

Ou penso que tenho tempo.
Nada como esperar um comboio 

Numa estação de tipo B, Coimbra B
Para saber o que é isso de ter tempo.
É bom ter tempo.

Uma hora de avanço.
Nada de stresse.
Não penses na morte.
Que o stresse mata
Como uma bala de Kalash.
Peço uma sandes manhosa no bar da esquina.
Bebo uma topázio que é uma cerveja local.
Compro o Zé Cardoso Pires no quiosque.
A república dos corvos.
Um livro de contos.
Jornal Público.
Colecção Mil Folhas, ao preço de hipermercado.
Redescubro o meu velho Dinossauro Excelentíssimo.
Que li na revista Almanaque, se bem me lembro.
Deambulo no cais de embarque 

Como o prisioneiro no pátio da prisão.
E leio a única coisa interessante
Que está afixada na parede da estação de Coimbra B.
Alguém mandou afixar.
Creio que em bronze (sou mau em metais):

"Neste cais da estação de Coimbra, embarcou,
No dia 15 de Maio de 1982, Sua Santidade,
O Papa João Paulo II"
.
O artista não quis desqualificar a estação nem a cidade.
Coimbra B ?, 

O que diria a corte papal!
Os grandes deste mundo!
E os turistas que visitam a cidade dos doutores!
E os vindouros!
Mas lá fica a tabuleta.
Para a história.
Para o viajante distraído, apressado ou deprimido como eu.

Ou se calhar para ninguém.
Só para a História.
Afinal, quem lê neste país placas de bronze 
Afixadas em estações B da CP ?
Aliás, quem lê neste país, perguntaria a minha professora ?

Histórias aos quadradinhos 
Mas não a História com H grande.
Um dia um arqueólogo, um historiador ou um antiquário
Desaparafusa a placa e leva-a para casa,
Para o museu ou para a loja de antiguidades.
Não, nada acontece em Coimbra B.
Mas por aqui passou um peregrino.
João Paulo II.

Um dia,  em 1982.
Por aqui passou Jesus Cristo,
Na pessoa do seu representante na terra.
Sou mau em metais e em teologia.
Mas esta é a minha leitura.
Peço desculpa aos poetas mais doutos  do que eu.
Peço desculpa aos lentes de Coimbra.

Chega o Alfa.
Just in time,
Como na linha de montagem automóvel pós-taylorista da AutoEuropa.
Entro no Alfa e sinto-me quase europeu
Na ponta mais ocidental da Europa acidental.
Com o lusitano Mondego aqui ao lado.
Admiro a eficiência
Das sociedades pós-tayloristas e cosmopolitas.
A nossa nunca chegou a conhecer o Sr. Taylor,

Nem os seus principles of scientific management.
Nem a ética protestante nem o Max Weber.
Provinciana e ronceira, a tua terra,

Lá diriam o Eça e a minha professora, 
Que é queirosiana e estrangeirada.
Acelera o Alfa.
Tenho um secreta vertigem suicidária pela alta velocidade.
Dou por bem empregues os meus 17 euros,

IVA incluído à taxa de 5%.
Isto faz bem à minha autoestima.
Sobretudo depois da sandocha manhosa e da topázio morna
Que engoli, de pé, ao balcão, do bar manhoso
Da estação deprimente de Coimbra B.

── Quanto vai dar ?
──  Chega aos 200 ou mais!, ──
Diz-me um puto de brinco na orelha...
Não apostei.
Nem gosto de apostas.
Deixei de ser solidário, que me desculpe a Santa Casa

Da Misericórdia.
── Umas cartas para passar o tempo ?
── Não, obrigado, não jogo, não aposto, não fumo. 
Tenho livros para ler. 
Abranda o Alfa lá para os lados da Albergaria dos Doze.
Regresso à idade média da minha memória coletiva.
O caminho de Santiago.
As albergarias.
Já em terra dos mouros.
La folie meutrière de la réligion.
A tua, a minha.
Deus é grande e tem muitos profetas.
São bons hortelãos, os mouros e os moçárabes.

── Chega à tabela.
Dezassete e seis na Estação do Oriente,
Diz-me o pica, orgulhoso.

── Até que enfim que os comboios partem e chegam à tabela,
Na nossa terra.
Fico sempre com inveja
Quando vou a Amesterdão e a Leiden.
Quando ia à Holanda, que agora já não vou.
Quero dizer, ao estrangeiro de fora.

── Já não te calha na rifa, ó Ramalho!,
Agora são vinte e cinco cães a um osso, ó Ortigão!

── Vai desejar tomar alguma coisa ?,
Pergunta no futuro próximo o homem-do-chá-café-laranjada...

── Um Prozac, por favor.
── Lamento, mas já não temos. Esgotou-se.
── Sim ?
── Esgotou-se na última viagem que fizemos ao inferno.
11 de Março último.
Estação de Atocha.
Madrid.

── Atocha ?
── Sim, Atocha...Não lê os jornais ? 
── Não, acabo de chegar doutro planeta.
── En Madrid existen dos estaciones principales de tren:
Chamartín y Atocha.
Ambas son estaciones de trenes de largo recorrido y de cercanías
...

── Muchas gracias!, não sabia.
Não vou a Madrid há anos.

Estou de costas para a Europa.
── Atocha está situada en la zona sur de la ciudad,
Muy cercana al centro.
Desde ella salen todos los trenes de largo recorrido
Que van a levante y al sur de España.
También algunos trenes de los que pasan por la estación
Se dirigen luego a Chamartín
Y luego a destinos en la mitad norte de la península.
Dentro de la estación hay otra estación llamada Puerta de Atocha
Desde donde sale el tren de alta velocidad (AVE)
Que va a Andalucía
...

── Muchas gracias! Vejo que é um homem viajado.
── Só faço a península ibérica.
── Ah!, a jangada de pedra...
── Perdão ?!... Sabe, nasci no Entroncamento,
Filho e neto de ferroviários.
Os comboios estão-me na massa do sangue...
Mas a Espanha para mim é pura emoção.
Uma tragédia horrível, aquela...

── E não tem medo do futuro dos comboios ?
── Não... Com os aviões passou-se o mesmo.
Enfim, um homem tem que ganhar a vida.
De qualquer jeito.

── Deixe, a vida continua... As guerras passam.
Olhe, já agora dê-me um compal de maçã.
Fico sempre deprimido quando tomo o comboio.
Ou quando parto. 

Ou penso em bombas nas casas de banho
Das carruagens dos comboios.
Ou quando bebo compal de maçã.
Não sei por que pedi o raio do compal.
Reflexo condicionado.

Empatia.
Compaixão.
Que é coisa rara, tomar o comboio.

E pensar em bombas.
Houve um tempo em que pensava em minas.
Anticarro. Antipessoais.
Minas. Bailarinas. O ballet da morte.
Nasci numa terra onde não passavam comboios.
É um estranho sentimento, esse,
Que me acompanha desde pequeno.
Mas o compal de maçã até é bom.
E dizem que vale mais do que uma chávena de café 
Para te tirar o sono.
Antes de partires às 3 da manhã,
Para a Ponta do Inglês.
── Ponta do Inglês ?!...
Já sei, saíste cedo da casa de teus pais, 
Ainda menino e moço!
── É a voz do sangue, 
O meu lado de marinheiro que nunca fui.
Em boa verdade, detesto os entroncamentos.
Rodo ou ferroviários.

As picadas. Os trilhos.
Detesto o Entroncamento.
Da primeira vez que lá passei.
Meia de dúzia de casas mal caiadas, 
Uma feixe de linhas e cheiro a óleo e a sucata.
Mas tenho a nostalgia dos cais de embarque.
A nostalgia do mar e da maresia.
Uma palavra que mexe comigo.
Cais.
Cais de embarque.
Cais de partida.
Niassa.
Rocha Conde de Óbidos.
Num comboio que veio da noite, silencioso e triste.
Do Campo Militar de Santa Margarida.
Destino: Lisboa.
Com carga para outro destino: Bissau.

Mercadoria=carne para canhão,
Alguém escreveu, a spray,  
Um grafito na última carruagem.
Na primavera de 1969.
Numa outra primavera que não chegou a haver.

── Política, meu estúpido!,
A primavera política do Marcelo Caetano.
Eras jovem
E não vias a luz ao fundo do túnel.
Nem muito menos as luzes da cidade-luz.
Paris.
Perdeste o último comboio para Paris.
Com o teu amigo que queria ser pintor.
Fernando Nobis.
Com paragem, talvez em Atocha,
Para visitar o Greco, o Velasquez, o Goya,
Os grandes de Espanha que estão no Prado...

── És doido, ou quê ?!
Com a pide à perna,
Mais os carabineiros da guardia civil!



Portugal > Alto Douro Vinhateiro, Património Mundial da Humanidade > Vila de Foz Coa > Pocinho > 3/9/2010 > Estação terminal da linha de caminho de ferro do Douro (Porto-Pocinho) > Pormenor dos azulejos da estação, da Fábrica Sant'Anna (fundada em 1741): a vindima...

Foto: © Luís Graça (201o). Todos os direitos reservados.


Fazia sol e frio em Viseu.
O país profundo.
O país que mexe, dizem-te.
Gosto sempre de ler os jornais da terra
Quando estou no hotel.
Duas estrelas, o hotel. Novo, a cheirar a tinta.
Bom serviço. Comida caseira. Faces rosadas.
Mas faz frio à noite.

── Voyeurismo!  ── pensa ela.
A rapariguinha do bar.
Oito páginas,
Entre notícias locais e os pequenos anúncios classificados.
Duas páginas de anúncios pessoais.
"A brasileira do bumbum"...
"A universitária que faz oral"...
"A mulatchinha dengosa"...

Linguagem de código.
A semiótica da solidão.
Do sexo triste e solitário.

── Mue bem, ligue para o meu telemóvel,
Que a crise bate a todas as portas,
Sem distinção de género, etnia, cor, condição ou religião.

── A crise também chegou ao teu país profundo, baby.
── Ah!, mas Viseu, como cresceu, meu Deus!
── Não sei se cresceu bem...
Não sou de cá.
O Politécnico. 
O túnel de Viriato.
Os colóquios. 
Os debates. 
As ideias.
Os intelectuais e artistas que vêm de fora.
O comércio.
O fórum, que há-de vir.
A Grande Área Metropolitana de Viseu.
Quase 400 mil.
O orgulho de se ser do Kavaquistão.

O que é feito do RI 14 ?
Não sei, a guerra acabou. 
Foi bom para cidade,
A tropa,
O regimento.
── Ruas, estás de granito!,
Diz o grafito.
(Ruas é o chefe da tribo, presumo).
Nada como um bom grafito na terra do Grão Vasco:

── Apreciem o lado empreendedor dos beirões. 
── Só falta a Universidade,
Que mais de 10 mil estudantes do politécnico  já cá temos.

── Tiraram-nos a Faculdade de Medicina,
Os gajos da Covilhã.
Outro lóbi beirão, o da Covilhã.
Registo o orgulho dos  miúdos e miúdas
Da Associação de Estudantes 
Da Escola Superior de Enfermagem de Viseu
Que realizam anualmente as suas jornadas.

O país mexe.
Viseu mexe.
O país profundo mexe.

O Kavaquistão.
Os jovens deste país mexem.
Mesmo com capa e batina,
Vestidos de preto como o corvo do Zé (Cardoso Pires).

16:30h. Passei o corpo pelas brasas.
Perdi um pedaço de mundo.

Revisitei outros infernos.
── O Alfa vai a 140, ó puto.
Temperatura: 19º interior. 20º exterior,
Leio no tabelau de bord.

── Mas agora abranda. 129, 101, 74, 52...
Está parado.

── Porquê ?
Uma placa com um S, outra com um M.
Não percebo nada da sinalética dos comboios.
Obras.
Modernização da linha.
Tenho um pensamento piedoso e nobre 

Para com os trabalhadores anónimos
Que constroem as novas linhas dos caminhos de ferro do futuro.
Ucranianos ? Africanos ? 
Guineenses ? Ex-camaradas teus ? 
Imigras ? Clandestinos ?
── Não lhes vejo nem a cara nem o passaporte.
── Podiam estar a trabalhar na estufas de Almeria, 
O inferno na terra.
Mas aí são magrebinos.

── O novo proletariado do Século XXI.
── Desço na Oriente.
Mandem alguém da empresa buscar-me.

── Dá o Benfica na esporte tê vê.
E de novo o Alfa em marcha...
A paisagem muda.
A paisagem industrial da bacia do Tejo.
A ocupação selvagem da lezíria.
Mataram os campinos e o gado bravo.

E os flamingos. E as ostras,
Les petites portugaises.
O branqueamento de dinheiro
Que vai por essa nova Lisboa do Póximo Oriente.
A luxuriante estação do Oriente.

A ostentação dos ricos.
Just in time.
17:06h.
Cheguei.
Balanço do cliente:

── Pensei que já fosse o TGV.
O TGV é que é.

── Não é o TGV,
Mas por mim não desgostei.
De viajar no Alfa Pendular.
Turística, claro.

Que é como quem diz, 2ª classe.
De Coimbra B a Lisboa SA.
17 euros, IVA incluído à taxa de 5%.
Mais 10% de desconto nos Hotéis Tal &Tal.
Tive tempo para (des)arrumar algumas ideias.

── O país que via passar os comboios...
E o puto tinha razão:

── Na ponta final, o Alfa Pendular dá mesmo
Os 210.
Um dia ainda vou ter orgulho na CP.
E na terra onde nasci
E onde nunca vi sequer passar os comboios.
Os comboios não passam na minha terra.
Nem chegam a Viseu.
Um abraço aos Viriatos.
Até para o ano.
Voltarei, se me convidarem,
De Expresso, por esses ipês acima.
Com regresso de comboio.

Se não sabotarem o comboio que pára em Coimbra B.
E prometo ao barman

Que não me esquecerei de Atocha.
Sobretudo não esquecerei Atocha.
Quando voltar a Coimbra B.

Outra vez.
Não esquecerei as bombas de Atocha.
Nem as minas e armadilhas da Ponta do Inglês.

25/3/2004. Revisto nesta data.


_______________

Nota do editor:


Último poste da série > 14 de maio de 2013 >Guiné 63/74 - P11566: Manuscrito(s) (Luís Graça) (2): Humor com humor se (a)paga: RIP... Requiescat In Pace... Lápides funerárias da minha coleção!

Guiné 63/74 - P11598: Parabéns a você (578): Mário Pinto, ex-Fur Mil da CART 2519 (Guiné, 1969/71)

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Nota do editor

Último poste da série de 19 DE MAIO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11592: Parabéns a você (577): Francisco (Xico) Allen, ex-1.º Cabo da CCAÇ 3566 (Guiné, 1972/74)

domingo, 19 de maio de 2013

Guiné 63/74 - P11597: Notas de leitura (483): Soronda - Revista de Estudos Guineenses - Dezembro de 2000 (2) (Francisco Henriques da Silva)

1. Mensagem do nosso camarada Francisco Henriques da Silva (ex-Alf Mil da CCAÇ 2402/BCAÇ 2851, Mansabá e Olossato, 1968/70), ex-embaixador na Guiné-Bissau nos anos de 1997 a 1999, com data de 16 de Maio de 2013:

Meus caros amigos e ex-camaradas de armas,
Na sequência do meu "post" anterior, junto segue a 2.ª parte da minha recensão sobre o número especial da revista "Soronda" relativo ao conflito armado de 1998-1999.

Afiguram-se particularmente interessantes os "cartoons" de Fernando Júlio, “A guerra desenhada – Lutu na Polón di Brá”, de que reproduzo alguns, em que o desenhador compara, com humor, a guerra civil à luta livre tradicional, muito popular na população bissau-guineense, onde, todavia, há sempre a enorme vantagem de não se registarem mortos.

Com os meus cumprimentos cordiais e amigos
Francisco Henriques da Silva
(ex-Alf Mil de Infª
CCaç 2402,
ex-embaixador de Portugal em Bissau 1997-1999


Soronda – um exercício a várias vozes sobre a guerra civil

(continuação)

Mamadu Jao faz uma “Leitura do Conflito Guineense” em que analisa as causas e consequências da guerra de 7 de Junho. No que concerne as causas, segundo ele, não existe, até à data, uma versão que se possa considerar consensual: para uns, designadamente para o Poder político em Bissau o conflito constituiu uma verdadeira surpresa; para outros, o país reunia todas as condições objectivas (políticas, económicas e sociais) e subjectivas para a eclosão das hostilidades em larga escala. Calcula o número de mortos em 6.000, o que se nos afigura exagerado, desconhecendo-se o rigor da cifra apresentada e como se atingiu tal valor. Considera ainda que a guerra colonial de 11 anos não atingiu a crueldade desta que, em contraste, durou apenas 11 meses. Em conclusão, para o autor, quando o conflito tem lugar, a Guiné-Bissau debatia-se com uma profunda crise económica e social, perfilhando por conseguinte a segunda tese. Adianta que a guerra não se traduziu em condições mais dramáticas para as populações devido ao espírito de solidariedade e de entreajuda, sobretudo no interior do país, mais tangível nas primeiras fases da guerra e menos na fase final, em que se geraram mesmo alguns focos de tensão.

“A tragédia de Junho de 1998 – factos e comentários” de Leonardo Cardoso é um texto em que, à parte um ou outro elemento novo eventualmente a reter, repete informação já conhecida e especula de forma infrene sobre o envolvimento de países exteriores à região (neste caso, a França e Portugal). A análise centra-se sobre as razões do conflito e as diferentes tomadas de posição sobre o mesmo, bem como, a variabilidade dessas mesmas tomadas de posição ao longo da contenda. Não primando pela inovação, nesta matéria, o autor repisa os habituais lugares comuns de todos os que escreveram sobre o conflito. Aponta como motivos para a guerra a crise generalizada política, económica e social com que se debatia a Guiné-Bissau culminando no levantamento de 7 de Junho. A deficiente democratização do país, a má governação, a gestão deficiente, a corrupção endémica, a degradação das condições de vida da população, os problemas nas áreas de maior impacto social (educação e saúde) são alguns dos temas glosados à exaustão ao longo de vários parágrafos. Para Leonardo Cardoso “começava a desenhar-se o início do fim da era do PAIGC enquanto partido no Poder e do autoritarismo do seu líder, Nino Vieira” (p. 132). Mais grave ainda era a situação no seio das FA’s com diferentes facções que se opunham entre si, num ambiente tenso e malsão. Quanto ao tráfico de armas (considerada por quase todos os autores como uma das causas do conflito), o autor alega que não está na origem, mas que foi apenas um acelerador do processo. Em seguida, L. Cardoso, depois de se referir à condenação internacional do levantamento militar, analisa as posições de Portugal e da França. As adesões à Francofonia e à UEMOA da Guiné-Bissau conduzem a uma “derrapagem da política linguística e cultural de Portugal nesse país “franco-luso-africano a favor da França que multiplica as suas ações e vê as suas relações com a Guiné-Bissau cada vez mais fortalecidas” (p. 144). Afigura-se-nos que, neste particular, apesar de Leonardo Cardoso ter parcialmente razão, está a analisar o problema de modo muito superficial, o desenrolar da guerra, designadamente a intervenção dos países vizinhos, e o seu desfecho vêm precisamente contrariar esta tese. Refere-se a uma alegada “intervenção francesa directa” (bombardeamentos por navios franceses, militares desta nacionalidade na linha da frente, morte de 2 militares, etc.). Trata-se, bem entendido, de pura especulação sem qualquer fundamento ou coerência. Em seguida, com base numa notícia publicada pelo “Observatório” da Liga Guineense dos Direitos Humanos (de Novembro de 1998) refere que o embaixador de Portugal em Bissau, na altura eu próprio, teria, supostamente, recebido um telefonema anónimo, cerca das 5 e 30 da manhã, de 7 de junho de 1998, a informar-me do levantamento militar, que eclodiria minutos depois, o que é totalmente falso. Afirma L. Cardoso: “É, no mínimo, questionável este telefonema. Que relações existiam entre o embaixador português e o levantamento militar? O levantamento representava. algo de importante para Portugal ao ponto de o seu embaixador ser informado em primeira mão ainda antes de começar, com todos os riscos que a chamada pudesse representar caso fosse interceptada?” (pp. 149-150). O delírio destas pretensas informações, sem qualquer credibilidade ou fundamento, é absoluto. É questão para nos interrogarmos quanto às razões que levaram à respetiva publicação. O autor vai ainda mais longe, considerando que a prontidão em evacuar os cidadãos portugueses , “permite concluir que Portugal estava na posse de informações sobre as disposições da Junta Militar” (p. 150), o que é um absurdo. Poder-se-á dizer que devido à situação de grande instabilidade político-militar na Guiné-Bissau, Portugal dispunha já de um plano secreto de evacuação (Operação Crocodilo) que foi acionado logo que se encetaram as hostilidades, o que, aliás, é hoje bem conhecido. O autor alude ainda ao “envolvimento de Portugal no conflito ou de uma grande simpatia para com a Junta Militar, à qual tinha sido prometido o apoio da marinha portuguesa caso se consumasse o envio das corvetas francesas” (ibid). Eis, Alice, resplandecente, no País das Maravilhas! Quaisquer comentários adicionais são inúteis.

“La guerre des mandjua – crise de gouvernance et implosion d’un modèle de résorption de crises” de Fafali Koudawo trata-se de um dos artigos mais interessantes desta edição especial da “Soronda”. Mandjua significa em crioulo pares, ou seja da mesma idade, da mesma geração. No sistema tradicional vigente na Guiné-Bissau, o termo refere-se à igualdade social e à identificação com o mesmo grupo etário. Para Koudawo estamos perante uma crise multidimensional. Se a razão imediata para a guerra consistiu no tráfico de armas para os rebeldes de Casamansa, as causas remotas são mais complexas, a saber: as marcas deixadas pelo processo de independência por um partido armado; os efeitos perversos do sistema de hegemonia politica do PAIGC; a insuficiente despolitização (leia-se, despartidarização) das FA’s, consideradas o braço armado do PAIGC; a incompleta conversão do PAIGC em partido civil; a difícil adaptação do partido único ao novo contexto politico pluralista; a questão mal resolvida da desmobilização dos antigos combatentes, abandonados pelo Poder; a cisão entre ex-combatentes privilegiados versus ex-combatentes proletarizados (lumpen), ou seja um sistema iníquo criado pelos antigos companheiros de luta; os obstáculos reais à criação de um verdadeiro estado de direito; a preeminência da má governação com problemas graves de administração e de gestão do Estado e dos recursos do país, a opacidade e a corrupção. Koudawo coloca o acento tónico na questão da má governação e na ruptura dos equilíbrios que engendrou.

Seguindo as teses de Fafali Koudawo, ao longo do tempo, a transferência de competências institucionais para círculos privados traduziu-se numa efetiva privatização das instituições e numa forte informalização do Estado. A suspensão de Ansumane Mané do cargo de CEMGFA em Janeiro de 1998 e o aumento das tensões entre fações militares, atinge, digamos, um ponto de não retorno quando a crise (designadamente a questão do tráfico de armas) sai dos círculos informais e passa para os circuitos formais. O Parlamento tenta reabsorver uma situação crítica, o que deveria ser considerado normal, mas, com efeito, acaba por gerar maior instabilidade. O autor conclui: “A guerra não é pois o simples resultado do fracasso duma saída da crise, é também a consequência fatal duma tentativa de saída do Estado informal. Posto noutros termos se a crise é resultado da má governação, a guerra é o resultado duma tentativa abortada de instrumentalização da boa governação numa situação de crise. É este aparente drama da boa governação que constitui o paradoxo Bissau-guineense.” (trad. pp. 157-158). Por conseguinte, a má governação constitui, por assim dizer, o elemento decisivo, o que engendra um sistema informal de resolução de gestão de conflitos nas diversas esferas de poder (económico, politico e militar) com ramificações por toda a sociedade, prevalecente na Guiné-Bissau desde a independência, mas que é posto em causa quando da abertura política em 1991 e sobretudo nas eleições de 1994. O PAIGC e o velho sistema informal de resolução de crises desorganizam-se e não podem funcionar, como no passado, porque as regras do jogo são outras. Os mandjuas (os pares, os iguais) que resolviam os problemas entre si deixam de o poder fazer e os diferendos passam para os circuitos formais e institucionais de eficácia precária ou inoperantes. Os actores sentem que a situação lhes escapa, mas concomitantemente sentem também que as questões permanecem todas em aberto e sem solução à vista. Esta manifesta incapacidade de gestão dos conflitos internos está na origem do levantamento militar, ou seja na expressão violenta do descontentamento, pela via das armas, com inevitáveis reflexos regionais e internacionais. Atente-se que Nino pensava ter resolvido o problema do partido no VI Congresso pela via informal e preparava-se para suprimir a resistência do CEMGFA suspenso, por processos semelhantes. A revolta de Mané é um elemento capital, mas só pôde ser concretizada porque – e não é demais sublinhá-lo - não foi um ato isolado. Tratava-se sobretudo da recusa na restauração da hegemonia pessoal e autoritária em torno do Presidente da República (v. p. 168). Nino procurava impor-se e conquistar o Poder absoluto. A mensagem dos mandjuas é simples: Nino não é mais que um primus inter pares e os pergaminhos do tempo de luta devem-se igualmente aos seus iguais.

“O impacto do conflito na reserva da biosfera do arquipélago Bolama-Bijagós” de Justino Biai, refere que as ações beligerantes levaram muitos milhares de cidadãos de Bissau a procurar refúgio em regiões menos afetadas pela guerra, como foi o caso do arquipélago Bolama-Bijagós. Para alem dos deslocados, as ilhas receberam também militares estrangeiros, senegaleses e conacri-guineenses que para ali foram destacados, uma vez que o aeródromo da ilha principal, Bubaque, era vital para os militares leais a “Nino” Vieira e para a tropa estrangeira, sobretudo após a queda do Leste (Bafatá e Gabu) a favor da Junta Militar. Todavia, o arquipélago é uma reserva da biosfera e possui um eco-sistema muito frágil. A população aumentou desmesuradamente o que veio a prejudicar os recursos naturais e as atividades da população local.

“O Impacto do conflito político-militar sobre o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa” de Samba Sané é amplamente referenciado neste artigo. O INEP era uma instituições científicas e culturais de referência na Guiné-Bissau. Situado na linha da frente, entre a tropa de “Nino” Vieira e dos seus aliados e os rebeldes da Junta Militar, foi alvo de bombardeamentos, pilhado e saqueado. Serviu de caserna à tropa senegalesa. A maior parte da documentação e do material foi destruída ou roubada. “Todo um trabalho de mais de 15 anos de recolha de dados com vista à constituição da memória histórica do país desapareceu” (p. 211).

O antropólogo francês Gérald Gaillard, da Universidade de Lille, publica um extenso artigo intitulado “La guerre en son contexte: histoire d’une erreur politique” que se divide em quatro partes: na primeira, analisa a história da Guiné-Bissau, sobretudo a partir de 1980; na segunda, debruça-se sobre a guerra civil, com alguma minúcia; na terceira, em que predomina a especulação amiúde infundamentada, avalia a queda de “Nino” Vieira, as políticas divergentes da União Europeia, uma vez que Portugal e a França alinharam em campos opostos e, sobretudo, tenta compreender os erros desajeitados cometidos por Paris na análise da situação bissau-guineense, das realidades locais e dos jogos internos de relação de forças; finalmente, na quarta parte, examina a situação da Guiné-Bissau no rescaldo da guerra civil, o problema de Casamansa, a influência líbia na região, designadamente, na Guiné-Bissau e na Gâmbia e a situação neste último país. A primeira e segunda partes constituem uma narrativa descritiva relativamente extensa que nos vamos abster de comentar em geral, limitando-nos a referir quatro ou cinco questões pontuais. Para Gaillard não há uma cesura étnica na Guiné-Bissau o que, a seu ver, demonstraria uma grande maturidade por parte do povo bissau-guineense. Parece-nos uma conclusão apressada e superficial. Ao referir-se às eleições de 1994, alega que “Nino” não terá obtido votos junto dos veteranos de guerra, o que demonstraria que estes já não estariam maioritariamente com ele. Não se sabe até que ponto esta asserção é verdadeira. Apesar de todos os defeitos do regime, as agências de cooperação e assistência internacionais e as embaixadas estrangeiras teriam confiado em “Nino” na ausência de uma alternativa viável – i.e., não haveria ninguém para o substituir. Esta conclusão é presumivelmente verdadeira. Estamos em crer que Portugal, a França e os demais países apostaram sempre em Kabi, até porque estavam convictos que o regime, apesar das turbulências, estava de pedra e cal e o PR para ficar. Gaillard refere-se ao dossiê petrolífero e às reservas off-shore bem como às posições perdedoras da Guiné-Bissau nesta matéria, sem, porém, entrar em grande pormenores. Seria importante que o tivesse feito, mas trata-se, bem entendido, de matéria opaca. Afirma que a “luz verde” para o ataque final às posições ninistas em 6 de maio terá sido dada pelo presidente nigeriano Abdulsalami Abubakar a Ansumane Mané, o que se nos afigura totalmente especulativo e pouco crível. Para o autor, Portugal ao conceder o asilo político a Vieira, no fundo, “impôs” (?) uma solução que evitaria o respetivo julgamento em território da Guiné-Bissau. Desconheço que elementos de informação dispôs Gaillard para poder concluir desta forma. Ora bem, se se deparam com especulações na primeira e segunda partes aquelas continuam com uma intensidade quiçá reforçada na terceira e quarta, até por que aqui a matéria de facto já não é tão abundante e a imaginação não tem fronteiras. É claro que a ausência de uma política europeia comum em relação à Guiné-Bissau, como em relação a n outras regiões do mundo e a outros tópicos de politica externa, é no fundo uma tautologia. Considera que a França falhou ao acalentar uma aproximação da Guiné-Bissau ao Senegal e a integração do país no conjunto francófono. Todavia, Gérald Gaillard chega a advogar que a Guiné-Bissau se possa tornar uma província do Senegal (!). Finalmente, para além dos erros crassos cometidos pela França, duvida da capacidade de Portugal se impor como coordenador da politica externa europeia na Guiné-Bissau. Trata-se a meu ver de um problema geral de falta de confiança no nosso país, que, aliás e infelizmente, não é só apanágio de certos autores franceses.

Finalmente, Fafali Koudawo, analisa os “cartoons” da história em quadradinhos de Fernando Júlio no texto intitulado “A guerra desenhada – Lutu na Polón di Brá” em que compara, com humor, a guerra à luta livre tradicional, muito popular na população bissau-guineense, onde, todavia, não se registam mortos.


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Nota do editor

Último poste da série de 18 DE MAIO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11591: Notas de leitura (482): Soronda - Revista de Estudos Guineenses - Dezembro de 2000 (1) (Francisco Henriques da Silva)

Guiné 63/74 - P11596: Os melhores 40 meses da minha vida (Veríssimo Ferreira) (36): 37.º episódio: Memórias avulsas (18): Aquando no CSM, Mafra, Maio de 1964

Convento de Mafra


1. O nosso camarada Veríssimo Ferreira (ex-Fur Mil, CCAÇ 1422 / BCAÇ 1858, Farim, Mansabá, K3, 1965/67), em mensagem do dia 13 de Maio de 2013, enviou-nos mais uma história ocorrida durante "Os melhores 40 meses da sua vida".


OS MELHORES 40 MESES DA MINHA VIDA

GUINÉ 65-67 - MEMÓRIAS AVULSAS

AQUANDO NO CSM, MAFRA, MAIO de 1964

Aquela noite prometia deveras. A minha 1ª Companhia, acampara ali a seguir ao Sobreiro, mais propriamente na Achada, e do lado esquerdo de quem vai de Mafra para a Ericeira.
Antes da saída do convento, fora-me transmitido que levasse o fato à civil, o que estranhei, pois que se íamos para passar uns dias no mato, para quê as calças, camisa, blusão azul, sapatos e meias?

O local era porreiro, junto a um riacho, cheio de pinheiros, e foi ali mesmo que se montaram umas tendas onde coubemos os 150... oficiais e tudo... a cozinha de campanha... três jeep's . A povoação ficava lá no alto e dera para ver que lugares prazentosos não faltavam, assim nos conseguíssemos desenfiar, para usufruir.

Criaram-se postos de segurança... porta d'armas... a tenda de Comando... enfermaria. Dava portanto para entender que a guerra iria ser dura, só que ainda não sabíamos contra quem, mas o ar fingido dos Oficiais, fazia-nos perceber que não seria pera doce.

Chegada a noite e consultada a lista de serviço, verifiquei que todos os meus camaradas estavam nomeados, quer fosse para Sargento de dia, quer para cozinha e limpeza, mas o meu nome não aparecia em nenhuma tarefa, o que me intrigou mas também esperançou a que viesse a ter uma noite descansada.

Não o foi... foi melhor do que isso. Chamado ao Cmdt do meu 1º pelotão, sou então informado do porquê de ter levado o paletó e quejandos. Ali fui de imediato empossado na minha função de Mata-Hari, ou seja iria fazer de espia, nas tascas lá de cima da povoação. É que acantonados do outro lado, mais ou menos a 3Km e do lado contrário ao nosso, estava o inimigo, constituído por uma Companhia dos do COM e haveria de lhes conhecer os planos e localização, e competia-me a mim, descobrir tal, sondando as patrulhas que decerto ali iriam tomar o seu copo.

Chegada a noite, lá fui, ou melhor levaram-me até lá num dos jeep's, para não aparecer de sapatos sujos ao encontro que provavelmente iria ter e tive. Também me abonaram com 15 mil réis, para pagamentos a fazer das bebidas a sorver, tendo-me entretanto sido ministrado um curso rápido de como conseguir as informações pretendidas, e descansado fiquei pois que não teria de mostrar a perna a ninguém.

Qual morador no local, fui serenamente passeando pela estrada, onde ainda transitavam duas carroças, puxadas, uma por um animal de raça asinina (portantus.. um burro de quatro patas) e a outra, com mais potência por dois muares (ou seja, verdadeiras mulas).

Eis senão quando, miro lá dentro, na taberna que fazia esquina com uma rua perpendicular à via principal, miro lá dentro repito, 3 tropas de Mauser a tiracolo e tudo... e que eram mesmo quem eu procurava. Entrei, dei as boas-noites e fui correspondido até pelo Sr. João, o taberneiro, com quem eu havia estado antes e por isso lhe sabia o nome. A noite estava húmida, algo fria e aqueles não resistiram ao chamamento do local quentinho qu'até o lume tinha aceso ali ao meio da sala de convívio.

Palavra puxa palavra, acabei por oferecer um copo aos bravos militares, quatro, pois que entretanto chegou outro que houvera saído a gritar do WC:
- Estou de "caganêra", porra.

Foi aí que percebi que o rapaz, seria meu conterrâneo lá da República Federal do Alto-Alentejo, pois que em Português se dizia:
-Estou a desfazer-me em trampa...

Aceitaram e fui-os questionando:
- Onde estão?...
- São de Mafra?...
- Quantos são?...
- O vosso Comandante é Fulano?...

Enfim, uma actuação de verdadeiro profissional acabado de ser doutorado, ou seja... eu.
Na verdade saquei o que podia, não desconfiaram de nada, e ao fim de duas horas assisti a uma deveras e acesa discussão, provocada pelos alcoóis ingeridos, pois que aguentavam pouco, ao contrário do que acontecia comigo que desde pequeno, mamava tinto.

Dos quatro, dois queriam ir ao bordel que sabíamos bem onde era e os outros dois mais calmos propuseram que fôssemos ao local onde estavam instalados, deitar abaixo um vinhito americano de sua pertença. Era em Pinhal dos Frades, (como afirmaram e bendita inocência que nem precisei de perguntar).
Calhava mesmo bem, pois disse-lhes que "moi même" vivia ali para esses lados.

Acabei por os acompanhar... bispei qu'até os sentinelas dormiam e lá me dessedentei de novo.

Regressei depois a penates... "desbronquiei" tudo... louvado fui e nessa madrugada o ingénuo inimigo foi atacado por dois dos nossos pelotões, graças à minha perspicácia evidentemente.

Aquilo foi fazer prisioneiros, primeiro os vigias, depois entrámos com grande à-vontade e abarbatámos toda a Companhia.

Dois anos mais tarde, recordámos (eu e um dos quatro daquela noite e agora Alf. Mil. do meu BCAÇ 1858) tal episódio e enquanto tomávamos um aperitivo no Café Portugal, junto à Praça do Império, Bissau.

Rimos a bandeiras despregadas e quem nos viu, decerto pensou:
-Estes amaluqueceram.

(continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 12 DE MAIO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11557: Os melhores 40 meses da minha vida (Veríssimo Ferreira) (35): 36.º episódio: Memórias avulsas (17): A invenção do "X"

Guiné 63/74 - P11595: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (50): Respostas (nºs 108/109/110): Rogério Freire (CART 1525, Bissorã, 1966/67); José Zeferino (2.ª CCAÇ / BCAÇ 4616, Xitole, 1973/74), Filomena Sampaio (viúva do Manuel Castro Sampaio, CCS/BCAÇ 3832, Mansoa, 1971/73)

1. Resposta nº 108 > Rogério Freire [ex-Alf Mil da CART 1525, Bissorã, 1966/67; fundador e editor principal do sítio sobre a CART 1525 - Os Falcões]

Caros Camarigos: Seguem as minhas respostas, algumas sem jeito, juntamente com a minha prova de vida!!!
Um abraço do Rogério Freire
(CART 1525 - Os Falcões - www.cart1525.com)



(1) Quando é que descobriste o blogue ? 

Há muito muito tempo, era o blogue uma criança que brincava no bailoço e ao pião ... 2005?2006?

(2) Como ou através de quem ? (por ex., pesquisa no Google, informação de um camarada) 

Nesta altura não faço a mínima ideia ... não me lembro mesmo ... talvez através de pesquisa no Google sobre assuntos relacionados coma Guiné.

(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia) ? Se sim, desde quando ?

 Sou Tabanqueiro,  sim, senhor, creio que desde o início ... lá para os idos 2005?2006? [Desde 13 de outubro de 2005]

(4) Com que regularidade visitas o blogue ? (Diariamente, semanalmente, de tempos a tempos...) 

De tempos a tempos ... muitas vezes as visitas são relacionadas com a recepção de mensagens via email.

(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.) ?

Sim,  já enviei no passado, ultimamente não tenho enviado.

(6) Conheces também a nossa página no Facebook [Tabanca Grande Luís Graça] ? 

Embora a Tabanca seja um dos meus amigos no Facebook nunca visitei a página do Facebook da Tabanca Grande. O Facebook já está para lá da minha capacidade participativa. Os meus amigos no Facebook, além da Tabanca Grande, estão limitados aos meus filhos e netos e a mais um ou dois amigos mais próximos.

(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue ? 

Actualmente e como disse só esporadicamente vou ao Blogue. Nunca ao Facebook.

(8) O que gostas mais do Blogue ? E do Facebook? 

No Blogue as notícias em geral, alguns textos dos camarigos e fotos da Guiné. Não visito o Facebook.

(9) O que gostas menos do Blogue ? E do Facebook ? 

No Blogue, por vezes a dificuldade, em encontrar o que procuro. Não visito o Facebook.


(10) Tens dificuldade, ultimamente, em aceder ao Blogue ? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...)

Não tenho sentido dificuldades em aceder ao Blogue.

(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti ? E a nossa página no Facebook ? 

O Blogue é uma pedra no sapato para azucrinar a consciência nacional ao registar em primeira mão a sofrida epopeia de milhares de rapazes e raparigas que serviram Portugal quando a isso foram chamados, em muitos casos com o sacrifício da própria vida.

(12) Já alguma vez participaste num dos nossos anteriores encontros nacionais ? 

Não.

(13) Este ano, estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de junho, em Monte Real ? 

Não.

(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar ? 

Sem duvida, especialmente se os camarigos que tratam dele continuarem a dar-lhe o tratamento anímico indispensável para que não lhe falte o fôlego. Obrigado pelo excelente trabalho e serviço ao longo dos já 9 anos. Bem hajam!

(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer. 

Critica a fazer não tenho nenhuma. Sugestão praticável creio que também não tenho. Só mesmo lembrar a minha dificuldade (enfatizo aqui "a minha dificuldade") em aceder à informação. A informação é tanta que por vezes, entre links e mais links, é dificil encontrar o que se procura. Pergunta de ignorante em blogues ... haverá maneira de reorganizar a informação? por datas, por locais? por Batalhão/Companhia?


2. Resposta nº 109 > José Zeferino [ex-alf mil At Inf, 
2.ª CCAÇ / BCAÇ 4616, Xitole, 1973/74]

Amigo Luís Graça: Acabei de ter uma intervenção cirúrgica e, depois de largo tempo sem disposição para blogues e internet, eis-me regressado a estas “lides”.
E para recomeçar logo tinha este questionário do nosso blogue.
Aqui vão, assim, as minhas respostas que, espero, sejam de alguma forma úteis.

Um abraço para ti . 

Conto rever o pessoal em Monte Real este ano. 

Com os melhores cumprimentos. 
José António dos Santos Zeferino

(1) Quando é que descobriste o blogue ?
  Em 2008.

(2) Como ou através de qem ? (por ex., pesquisa no Google, informação de um camarada)
Pesquisa na web.

(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia) ? Se sim, desde quando ? 
Sim,  desde 2008. [20 de fevereiro de 2008]. 

(4) Com que regularidade visitas o blogue ? (Diariamente, semanalmente, de tempos a tempos...).
Agora de tempos a tempos. Antes, diariamente.

(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.) ?
Sim. Mas no último ano não. 

(6) Conheces também a nossa página no Facebook [Tabanca Grande Luís Graça] ?
Não.

(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue ?
Só blogue.

(8) O que gostas mais do Blogue ? E do Facebook ? 
Relatos de operações e vivências. Do facebook ...nada.

(9) O que gostas menos do Blogue ? E do Facebook ? 
Aniversários e coisas do género... no blogue. No facebook ... passo ao lado.

(10) Tens dificuldade, ultimamente, em aceder ao Blogue ? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...)
Não.

(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti ? E a nossa página no Facebook? 
Blogue: recordações e esclarecimentos de situações vividas.

(12) Já alguma vez participaste num dos nossos anteriores encontros nacionais ?
.

(13) Este ano, estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de junho, em Monte Real ?
Sim.

(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar ?
Sim.

(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer.
Tudo bem, o que vier por bem!



3. Resposta nº 110 >  Filomena Sampaio, viúva do nosso camarada Manuel Castro Sampaio, ex-1.º cabo trms que pertenceu à CCS/BCAÇ 3832, Mansoa, 1971/73; só temos foto dele, não dela, que o representa, e muito bem, na nossa Tabanca Grande; o Manuel Castro  faleceu em 6/2/2006]

Boa tarde, Dr. Luís Graça: 
Embora tardiamente, decidi responder ao Questionário. Se não se enquadrar no pretendido, agradeço proceda ao seu arquivo ao abrigo do artigo cesto.
Abraços. 
 Filomena.

(1) Quando é que descobriste o blogue ?

Descobri o Blogue em 2008.

(2) Como ou através de quem (por ex., pesquisa no Google, informação de um camarada) ?

Através dum camarada do meu Marido.

(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia) ? Se sim, desde quando ?

Sou membro desde Maio de 2009. 

(4) Com que regularidade visitas o blogue (Diariamente, semanalmente, de tempos a tempos...) ?

Visito o Blogue várias vezes por semana.

(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.) ?

Não tenho mandado nada para o Blogue.

(6) Conheces também a nossa página no Facebook [Tabanca Grande Luís Graça] ?

Sim. Também conheço a vossa página no Facebook.

(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue ?

Sim, vou mais vezes ao Facebook.

(8) O que gostas mais do Blogue ? E do Facebook ?

O que mais gosto do Blogue é de ler histórias (acontecimentos verdadeiros) bem contados quer seja na primeira ou terceira pessoa.

Do Facebook, a rapidez com que circula.

(9) O que gostas menos do Blogue ? E do Facebook ?

Estas duas questões, ficam para os mais entendidos. São perguntas simples com respostas muito difíceis.

(10) Tens dificuldade, ultimamente, em aceder ao Blogue ? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...)

Não tenho dificuldade, mas reconheço que é bastante lento.


(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti ? E a nossa página no Facebook?

O Blogue, para mim,  representou muito conhecimento e ainda hoje representa.

O Facebook, é “filho” do Blogue, logo, tem significados idênticos.


(12) Já alguma vez participaste num dos nossos anteriores encontros nacionais ?

Não. Nunca participei. Não tive oportunidade, mas gostaria.

(13) Este ano, estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de junho, em Monte Real ?

Não. Não posso.

(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar ?

Claro que tem e cada vez mais. Sei que uns vão “desaparecendo, pela lei natural da vida”, mas muitos têm aparecido e com tempo e disposição para dedicarem um tempinho para darem continuidade às histórias das muitas que ainda falta contar.

(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer.

Gostava muito que este Blogue continuasse por muitos e longos anos. Quando me reformar, terei mais tempo para o visitar ler e reler muito daquilo que já se escreveu. Votos de uma longa vida.

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Nota do editor:

Último poste da série > 16 de maio de 2013 > Guiné 63/74 - P11577: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (49): Respostas (nºs 105/106/107): João Ruivo Fernandes (CART 3494, Xime, dez 1972 / jan 1973; e depois, Nova Lamego, 1973/74), Juvenal Candeias (CCAÇ 3520, Cacine, Cameconde, Guileje, 1971/74); e José Figueiral (CCÇ 6, Bedanda, 1970/72)