segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Guiné 63/74 - P12123: Parabéns a você (634): Bom dia, comandante Jorge Rosales!... Um feliz e magnífico dia de aniversário! (José Manuel Matos Dinis, Armando Pires, Beja Santos, Hélder Sousa, Luís Graça)



Leiria > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> VII Encontro Nacional da Tabanca Grande >  O Jorge Rosales, régulo da Tabanca da Linha, ainda do tempo do caqui amarelo (1964/66) e a Giselda Pessoa, a primeira mulher a quem começámos a tratar, por direito próprio, como camarada, na sua qualidade de enfermeira paraquedista no TO da Guiné (1972/74).


Foto: © Manuel Resende (2012) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados


  1. Mensagem de José Manuel Matos Dinis [, foto à direita, do Manuel Resende, 2012], secretário da Magnífica Tabanca da Linha onde pontifica o comandante Jorge Rosales:

Data: 3 de Outubro de 2013 às 13:02

Assunto: O dia de aniversário do Rosales (*)

Don Rosales encantou-se pelo pré-cosmopolitismo da região entre Cascais e Estoril. Mas os laços só consolidaram, quando conheceu uma senhora de uma família tradicional de Cascais, por quem se apaixonou, e foi correspondido. Casaram, e decorridos pelo menos os meses que a natureza impõe, nasceu um robusto rapaz, a que se seguiu uma menina e outro rapazola. O primogénito foi rodeado de mimos, e veio ao mundo com seis quilos, setecentas e oitenta e cinco gramas, segundo dados oficiais da família. Chamaram-lhe Jorge, um nome distinto e com apetências imperiais.

Don Rosales assistia ao desenvolvimento do puto com indisfarçável orgulho, e cogitava, se houvesse mais uma dúzia daqueles matulões, garantia-se a si próprio, Portugal nunca se teria separado da Galiza.

Aos dez anos o meu pai deu-me um passe metálico, com fotografia, onde se colocava um bilhete semanal, e mandou-me estudar para os Salesianos do Estoril, a ESSA. Na minha turma andava um rapazito, também Zé, e de apelido Rosales. Tinha um irmão mais velho, que andava lá para os últimos anos do liceu, vestia-se à adulto, com casaco, levava uns cadernos debaixo do braço que lhe conferiam ar intelectual, e batia-me alarvemente, alegando que eu fazia macaquices ao irmão benjamim. Depois já não alegava nada, batia-me, porque sim. Jurei vingar-me.

Mais tarde, quando eu andava pelos dezassete ou dezoito aninhos, o meu clube de putos, o CAC, mas com grande aura na região, foi treinar algumas vezes contra o Estoril-Praia, clube mais ou menos referenciável em ambientes luminosos e dragonianos, fundado por um grupo de que se destacava um primo meu. Lá andava outra vez o Rosales, o tipo assanhado que eu, ainda lingrinhas, tinha que evitar no meio do campo. Por isso jogava a extremo-direito.

Havia dois defesas na equipe da Amoreira que, alternadamente, me calhavam em sorte, o Coropos, e mais escassamente, porque era direito, o Virgílio. Eram dois bulldozers, e a minha equipa fazia um futebol geométrico de grande efeito prático: antes de recebermos a chicha, já tínhamos que saber a quem a endossar. Era lindo, ver os canarinhos em corridas desenfreadas de um lado para o outro. No meio do campo amarelo, o alferes promovido a capitão levava as mãos à cabeça e clamava por calma.

Felizmente para eles, os jogos-treino não tinham espectadores, ou seriam varridos com saraivadas de pedras, sempre abundantes no topo norte. A vingança consumar-se-ia muito mais tarde, no Blogue do Luis Graça (**), onde voltei a encontrar a imponente figura, mas mais lento de movimentos, sem as fintas com jogo de cintura, e até umas artroses que lhe tolhem os lançamentos em profundidade.

Por isso aproveito esta magnífica ocasião gentil e solidariamente concedida pelo Boss, para vos dar conta do que o aniversariante tem ocultado de personalidade litigante.

Para não faltar à verdade, ainda acrescento que o dito Rosales foi campeão nacional de ténis de mesa, que se transferiu para a Académica, onde esteve quase a triunfar, se o Dr. Rocha tivesse mudado de ares, e posteriormente optou por ir defender a Pátria, e escolheu Porto Gole como destino de privilégio. Assessorado pelo Alface, distinguiu-se com virilidade e distinção. Também mantevev relações próximas com o chefe local Abna Onsa, temido e fiel à NT, com quem consertava táticas e acções.

A vocação imperial que lhe estava destinada, tem-na praticado com visíveis resultados, em tascas, bares, e outros estabelecimentos de bebidas. Às vezes aparece em minha casa, sempre a dar ordens disfarçadas de perguntas gentis, do género Ó Zé, tens cá algum vinho bonzinho?

Com o óbvio desejo de lhe tornar a vida num castigo, daqui lhe apresento os parabéns, e o desejo longa vida.

JD [ José Manuel Matos Dinis,  ex-Fur Mil da CCAÇ 2679, Bajocunda, 1970/71]


Portugal > Estoril > 1920 > Foto do Grande Casino Internacional Monte Estoril. Autor desconhecido. Postal do arquivo Arquivo de Luís Filipe Dias Gonzaga Ribeiro, bisneto do antigo dono do local. Documento, com mais de 90 anos,  do domínio público. Reproduzido na Wikimedia Commons (com a devida vénia..).



Lê-se na Wikipédia, sobre o Estoril, freguesia do Concelho de Cascais:

(...) "A sua proeminência recente teve início no começo do século XX por Fausto de Figueiredo (detentor da concessão de exploração de jogo, no Casino Estoril). Finalmente, sob a visão de Fausto Cardoso de Figueiredo e do seu sócio, Augusto Carreira de Sousa, surge, em 1913, o projeto do Estoril enquanto centro turístico de ambições internacionais.

O início da I Guerra Mundial implicou atrasos consideráveis na sua concretização, pelo que só em 16 de Janeiro de 1916 se procedeu à colocação da primeira pedra para a construção do casino. Segue-se um período de intensa construção nas zonas conquistadas ao pinhal, às terras de lavoura e às pedreiras, facilitada, desde 1940, pelo fácil acesso rodoviário proporcionado pela estrada marginal, junto ao mar. O concelho assume-se, então, como centro turístico de primeira ordem, recebendo durante e depois da II Guerra Mundial um elevadíssimo número de refugiados e exilados, (...)


2. Mais alguns depoimenntos, pedidos pelo editor à última hora, a alguns dos frequentadores da Tabanca da Linha. Muitos dos seus amigos e camaradas da Tabanca da Linha ficaram, infelizmente, de fora, na impossibilidade de os contactar a todos em tempo útil. Aqui ficam as mensagens que nos chegaram até domingo á noite (LG):


2a.Armando Pires [, aqui na Tabanca da Linha, à esquerda, com o Jorge Rosales, à direita, em novembro de 2012. Foto de Manuel Resende]


Já não sei pela mão de quem, fui ao almoço da Tabanca da Linha.

Conhecia uns dois ou três dos presentes e os outros foram-me sendo apresentados.

Já estávamos dos digestivos, iam-se misturando as histórias do passado, quando um decidiu incluir-me como actor de uma bravata por ele imaginada.

Senti necessidade de sair por ser mais forte o meu respeito por todos.

Foi quando a tua mão forte pousou suavemente no meu ombro, e na tua voz serena me disseste, “tem calma, Armando, a malta aqui da linha conhece o gajo, é um inventor, ninguém acredita nas coisas que o gajo conta”.

O teu gesto, Jorge, tornou-se marca indelével de ti. A um grande Homem bastam pequenas coisas para o tornar admirado, respeitado. À admiração e ao respeito fui somando a amizade que te ganhei.

Gosto de ouvir quando ao telefone me dizes, “Armando, sabes quem fala? É o Jorge, o Rosales, estás bom Armando?”

E sinto até o vazio dos anos, tantos anos, que tardei em te conhecer.

Ainda bem que te conheci, Jorge.

Hoje fazes anos. Leva um profundo abraço meu.

É o melhor de mim que tenho para te dar.


2b. Mário Beja Santos

[Imagem à direita: Coruche > 2010 19º Encontro Nacional da CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole e Missitá, 1965/67) > Da direita para a esquerda, o Mário Beja Santos, o Henrique Matos , o João Crisóstomo e o Jorge Rosales.  Foto do Henrique Matos.]


Meu Estimado Jorge Rosales:

Quem me preparou tão bem os soldados e cabos guineenses de Missirá e Bambadinca ], do Pel Caç Nat 52,] está sempre no meu coração, é uma inerência afetuosa muito apreciada, fica sabendo .

Desejo-te mil alegrias aniversariantes saúde e bonomia nunca te faltem,,espero ver-te em breve, sabe-se se lá na Tabanca da Linha ou coisa parecida. 

Um abraço de gratidão do Mário Beja Santos


2c. Hélder Sousa [, foto à esquerda: com o Zé Manuel Dinis, o "secretário", Tabnaca da Linha, nov  2012. Foto de Manuel Resende]

Ora bem, cá temos mais um aniversário do nosso amigo Jorge Rosales.

Há uns três anos atrás tive oportunidade de descrever como conheci, melhor, como interagi com o Rosales a propósito das reuniões do autodenominado “Grupo do Cadaval”,  para diligenciar a produção do livro “História de Portugal em Sextilhas” do nosso ‘bardo’ Manuel Maia.

Disse que não o conhecia antes, apesar das suas qualidades futebolísticas. E, sendo mais novo e vivendo, à data, na “linha de Vila Franca”, não me tinha cruzado com ele, nem tampouco na Guiné, devido essencialmente à diferença de idades.

Disse que foi através deste incomparável e insubstituível ‘local de encontros’ que é o nosso Blogue, que cheguei ao conhecimento e reconhecimento do Rosales.

Já disse isso tudo e, sendo assim, o que haverá mais?

Ora bem, o tempo foi passando, e por via de circunstâncias várias foi possível um relacionamento mais próximo, com mais cumplicidade, com o Jorge. E, por via disso, todas as ‘coisas boas’ que se foram dizendo do Rosales foram sendo confirmadas.

Desde muito cedo que teve a sina de aturar o Zé Dinis, que como sabem, não é nada fácil, não senhor, depois foi a aventura na Guiné. Nos meus contactos com ele aprendi a apreciar o seu modo sereno de estar, de conversar, de resolver as questões que se passam à sua volta. Vi como se relaciona superiormente com as gentes do Couço, vi como se impõe naturalmente na “Tabanca da Linha”, vi como ao seu redor as conversas se desenrolavam com profundidade e tranquilidade no último Encontro da nossa “Tabanca Grande”.

Por tudo isto posso dizer que o Rosales é um amigo firme e confiável, que estimo e prezo e que ganhei através do nosso Blogue.

Ah, é verdade, hoje é o dia do seu aniversário e sendo assim aqui ficam os meus parabéns e os votos de uma longa vida.

Parabéns! Hélder Sousa


1º Postal de parabéns dedicado ao Jorge Morales. 71º Aniversário, em 2010. Cartoon do Miguel Pessoa (2010), sob foto de, salvo erro, Henrique de Matos.

2d. Luís Graça

Homenagem a um grã-tabanqueiro, 
régulo da Magnífica Tabanca da Linha,
antecipando o almoço-convívio,
no dia 17, na Adega Camponesa
em Cabreiro, Alcabideche, Cascais (**):

Foi craque de futebol
E do pinguepongue  campeão,
Desterrado em Porto Gole,
Tudo por mor da Nação.

É de galega linhagem,
Na Linha nado e criado,
É-lhe devida homenagem
Por ter sido bravo soldado.

Comandante só há um
Na Magnífica Tabanca:
Rosales, e mais nenhum,
Que ainda salta e pouco manca.

Estudou nos Salesianos,
Foi herói de capa e espada,
Faz setenta e quatro anos,
É um bom pai e camarada.

É o melhor pai do mundo,
Diz a Marta, no Brasil.
Tenho-lhe um amor profundo,
Diz o Tiago, no Estoril.

É um camarada porreiro,
Dizemos todos em coro,
É nosso grã-tabanqueiro,
É amigo que vale ouro.

Que este dia se repita,
Por muitos e bons aninhos,
Saúde, sorte e guita,
São os votos dos velhinhos.

Tu, periquito, vai no mato
Que o Rosales segue para Bolama,
Da guerra já ele está farto,
Só quer uísque e uma boa cama.

Adeus, meu povo balanta,
Adeus, caqui amarelo,
Nunca sede tive tanta,
Só queria uísque com gelo.

Água do Couço sabe bem,
Na Adega da Camponesa,
Aparece lá também,
Oh! bajuda, oh! beleza.

Se o bom irã me ajudar,
E me der anos p'ra viver,
...Ao Geba quero voltar,
E Porto Gole rever!
__________________

Notas do editor:

(*) Últimos dois postes anteriores da série >

7 de outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P12122: Parabéns a você (633): Obrigado, pai... Tenho muito orgulho  em si (Tiago ). Obrigada, pai, por seres o melhor pai do mundo (Marta): depoimentos dos filhos do Jorge Rosales, no dia do seu 74º aniversário

7 de outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P121121: Parabéns a você (632): Jorge Rosales, régulo da Magnífica Tabanca da Linha, ex-alf mil, 1ª CCAÇ, Porto Gole, 1964/66
(i) O Jorge Rosales era alf mil, tendo pertencido à 1ª Companhia de Caçadores Indígena, com sede em Farim (Havia mais duas, uma Bedanda, a 4ª CCAÇ, e outra em Nova Lamego, 3ª CCAÇ, que deram origem à CCAÇ 6 e à CCAÇ 5, respetivamente).

(ii) Em Farim, ficou pouco tempo, talvez uma semana. A companhia estava dispersa. Foi destacado para Porto Gole, com duas secções (da CCAÇ 556, do Enxalé) e outra secção, sua, de africanos (, da 1ª CCAÇ). 

(iii) Em Porto Gole fez amizade com o mítico Capitão de 2ª linha, o Abna Na Onça, chefe espiritual, poderoso, da comunidade balanta da região, a quem o PAIGC havia cometido o erro fatal de “matar duas mulheres e roubar centenas de cabeças de gado”. O seu prestígio, a sua influência e e o seu carisma eram tão grandes que ele sabia tudo o que se passava numa vasta região que ia de Mansoa a Bambadinca (nomeadamente, importantes informações militares, como a passagem de homens e armas do PAIGC).

(iv) Jovem (teria hoje 76/77 anos se fosse vivo), o Abna Na Onça era um homem imponente, nos seus 120 kg. Schultz tinha-lhe oferecido um relógio de ouro e uma G3 como reconhecimento pelos seus brilhantes serviços …

(v) Recorde-se que, mais tarde, será morto, em Bissá, em 15/4/67, com seis dos seus polícias administrativos, todos eles residentes em Porto Gole… Nesse dia o destacamento é abandonado pelas NT:  foi "um dia trágico para quem estava no inferno de Bissá, como escreveu o Abel Rei no seu diário (Entre o paraíso e o inferno: de Fá a Bissá. Memórias da Guiné, 1967/68, editado em 2002, pp. 68/70);

(vi) O Jorge Rolaes tinha um guarda-costas bijagó. Parte dos soldados eram balantas. Possuíam apenas 1 morteiro (60) e 1 bazuca. A farda ainda era amarela, o famoso caqui amarelo, antes do camuflado.

(vii) Ficou 18 meses em Porto Gole. Ia a Bambadinca jogar à bola com os de Fá. Foi uma vez a Bafatá, apanhar o NordAtlas. Lembra-se da piscina.

(viii) Enquanto lá esteve, em Porto Gole, havia um certo respeito mútuo, de parte a parte, entre as NT e o PAIGC. A influência de Cabral era evidente, fazendo a distinção entre o povo (português) e o regime (colonialista). Podiam deslocar-se num raio de 10 km….
(ix) Mas a ligação com Mansoa já se perdera. O troço já não era seguro. Em Mansoa estavam os respeitados Águias Negras (o BART 645), que dominavam o triângulo do Óio: Olossato, Bissorâ e Mansabá) .

(x) Do lado do Geba, eram os fuzileiros que impunham a lei e o respeito. Lançavam uma bóia e fundeavam a LDG em frente a Porto Gole. Vinha quase tudo por rio: os frescos, a bianda, os cunhetes de munições… (exceto o correio, que era lançado do ar, de DO 27, e às vezes ir cair no tarrafo; em contrapartida, o correio expedido ia de LDG... Singuralidades de Porto Gole que não tinha uma simples pista de terra batida, para as aeronaves).

(xi) Tem vários amigos fuzos, desse tempo, incluindo o comandante Castanho Pais.

(xii) Do outro lado, a nascente estava a CCAÇ 556, no Enxalé, frente ao Xime… Também conhece dois furrieís do Enxalé, de quem se tornou amigo.

(xiii) Também passou por Fá. E, no final da comissão, esteve em Bolama, por onde passavam os periquitos… Conviveu com algumas companhias que, da ilha de Bolama, partiam para operações no continente…Deu formação a pessoal africano.

(xiv) No seu tempo (Março de 1966), morreu em Porto Gole o alf mil António Maldonado, que o veio substituir. O Maldonado, de Coimbra, estava em Bolama. Eram amigos, tinham estado em Mafra. Tinham combinado revezar-se ao fim de um ano. O Maldonado vinha para Porto Gole e o Jorge ia para Bolama… No meio disto, há um coronel que vem dificultar o acordo de cavalheiros. Enfim, uma história que era preciso contar com tempo e vagar (, coisa que ainda aconteceu).

(xv) O Maldonado [, António Aníbal M. C. Maldonado}   é morto, em 4/3/1966, num ataque violentíssimo a Porto Gole, depois de as NT terem feito um ronco nas áreas controladas pelo PAIGC… Ferido, aguardou em vão o heli que só podia vir de manhã. A mãe do Jorge foi ao enterro, em Coimbra. O cadáver foi rapidamente trasladado, contrariamente ao que acontecia na época. Esta morte abalou-o,ao Jorge.

(xvi) O Jorge participou no nosso IV Encontro, em 2009.  Na altura, queixava-se de estar isolado, de não ter ninguém do seu tempo, até pelo facto de ter sido de rendição individual. Mais tarde vai criar a Mgnífica Tabanca da Linha, de que se torna "régulo". (O pessoal da Linha reune-se habitualmente na Adega Camponesa, no Cabreiro, em Alcabideche, Telefone: 214 690 328).

(xvii) Está reformado de uma dessas empresas que faziam o reabastecimento de combustível aos aviões, no aeroporto de Lisboa, pelo que conhece muita malta ligada à TAP e à antiga ANA.  Tem dois filhos, Marta (doutorada em antropologia, investigadora, professora auxiliar convidada na NOVA - Universidade Nova de Lisboa, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas) e o Tiago (bancário, em Oeiras).

(xviii) O Jorge vive no Monte Estoril.  Tem também casa e um pequena exploração agrícola, no Couço, Coruche…  Em 2009, quando entrou para a nossa Tabanca Grande, não descartava a hipótese de voltar à Guiné,   "com mais malta do seu tempo"…

Guiné 63/74 - P12122: Parabéns a você (633): Obrigado, pai... Tenho muito orgulho em si (Tiago ). Obrigada, pai, por seres o melhor pai do mundo (Marta): depoimentos dos filhos do Jorge Rosales,no dia do seu 74º aniversário

Tiago Vilar Rosales [, filho, bancário]

Olá,  pai, obrigado, pai,

Obrigado, pelo stick de hóquei que me deu no Natal;

Obrigado, por nadar comigo até à “Rocha”,  na praia de Mingotes;

Obrigado por me ir ver jogar a Évora, Estremoz, Mourão...;

Obrigado,  por me ajudar quando preciso;

Obrigado.

Tenho muito orgulho no pai. E obrigado, por me ensinar e orientar a ser o que hoje sou.

Um beijo.

Obrigado. Tiago



Marta Vilar Rosales [ filha, antropóloga]

O pai ensinou-nos a gostar dos outros,
A ter vontade de os conhecer e respeitar,
Ensinou-nos a ser curiosos e aventureiros
e a não ter medo da diferença,
a ter iniciativa 
e a não desistir.

Usa o seu exemplo 
para mostrar que ser correcto faz sentido, 
que as regras existem para alguma coisa 
e que fazer e manter laços sociais 
dá trabalho, 
exige esforço 
mas vale muito a pena. 

Tudo coisas muito importantes 
para se ser gente (mãe, mulher, filha, irmã, amiga) hoje, 
e para se trabalhar 
no quadro da mais humana das ciências sociais 
como é a Antropologia.

Obrigada,  pai, 
por seres o melhor pai do mundo.

Parabéns!
Marta,  em Ipanema,  RJ,  Brasil

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Nota do editor:

Último poste da série > 7 de outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P121121: Parabéns a você (632): Jorge Rosales, régulo da Magnífica Tabanca da Linha, ex-alf mil, 1ª CCAÇ, Porto Gole, 1964/66

Guiné 63/74 - P12121: Parabéns a você (632): Jorge Rosales, régulo da Magnífica Tabanca da Linha, ex-alf mil, 1ª CCAÇ, Porto Gole, 1964/66


Vd. aqui mais postes do Jorge Rosales que entrou para a Tabanca Grande em 9/6/2009 

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Nota do editor:

Último poste da série > 4 de outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P12115: Parabéns a você (631): Artur Conceição (ex-sold trms, CART 730, Bissorã, Farim, Jumbembem, 1965/67); e Inácio Silva (ex-1º cabo ap armas pes, Mansabá, CART 2732)

domingo, 6 de outubro de 2013

Guiné 63/74 - P12120: Em busca de... (230): Camaradas da CCAV 1749, Os Duros (Mansoa e Mansabá, 1967/69)... Até hoje não encontrei ninguém (Martinho Gomes)

1. Apelo que nos chega através da nossa página no Facebook Tabanca Grande Luís Graç, com data  de 2 do corrente É subscrito pelo camarada Martinho Gomes, nascido em 16/6/1945 e que presumimos que viva em França:

Bom dia, Luis Graça, quero perguntar uma coisa: como posso encontrar colegas da minha companhia ? Até hoje não encontrei nada dos meus colegas de combate da CCAV 1749, os Duros, que foi para a Guiné nos anos1967 até 1969 . Até hoje não tive ninguém.

Peço uma ajuda, Luis. Muito obrigado aus combatentes. Um grande abraço a todos. Ok, nós estivemos em Mansoa e Manssaba e arredores Obrigado, amigo Luís.


2. Comentário do editor, L.G. (*):

Camarada Gomes:
Bonjours!,  sê bem vindo!... Infelizmente
não temos ningem, no nosso blogue
(Luís Graça & Camaradas da Guiné)
que represente a CCAV 1749. subnidade que tinha como divisa "Saúde, saber, sorte"... Espero que, ao menos, tu e os teus camaradas tenham tido estas três coisas no TO da Guiné, nos idos anos de 1967/69. Até agora tivemos uma visita de um camarada teu. Vamos ver se ele nos lê (*ª).

(...) Chamo-me Carlos Alberto Morais dos Santos, fiz parte da Companhia de Cavalaria 1749 como Mecânico Auto e estava em Mansabá aquando do ataque na quinta-feira Santa de 1969, que o senhor  descreve no seu blogue, e que eu costumo ler, recordando tempos passados. Mas uma situação me intriga. O senhor  apenas faz refer ência à sua Companhia e ao Batalhão 2851.  então comandado pelo Tenente Coronel César da Luz Mendes, e não fala da actuação da Companhia de Cavalaria 1749, que também sofreu um morto e vários feridos. Porquê? Será por esquecimento? Gostaria de saber. Carlos Alberto Morais dos Santos. (...)

O senhor a que ele se refere é o camarada... Raul Albino,  que depois responde. Podes ver aqui a resposta do nossoc camarada Albino, (*). O nosso coeditor, Carlos Vinhal, que também passou por Mansabá (entre abril de 1970 e março de 1972), e que está de férias até ao dia 13 do corrente, pode depois dar-te o contacto do teu camarada Carlos Santos. Um Alfa Bravo (ABraço). Luís Graça

PS - Sabemos, atraves de noticia do portal Ultramar Terraweb (página dos combatentes da guerra do Ultramar: Angola, Guiné, Mo;ambqiu),  de 28 de abril de 2007, que  no dia 17 de Junho de 2007 se ia realizar, em Rio Maior,  o almoço convívio do  38.º Aniversário da Companhia de Cavalaria 1749, "Os Duros". A notícia foi enviada por Armando (Cripto). Tens aqui os contactos  (os números de telemóvel) dos organizadeores desse evento (clica aqui):  Nogueira, Coelho e Martins. Entra em contacto com eles e depois dá-nos notícias frescas.



Guiné > Região do Oio > Mansabá > Novembro de 1971 > Testemunho da passagem da CCAV 1749 por Mansabá. Sentado na base do monumento o nosso coeditor Carlos Vinhal, então fur mil art minas e armadilhas, CART 2732 (Mansabá, abril de 1970 / março de 1972).

Foto: © Carlos Vinhal (2012). Todos os direitos reservados.

Guiné 63/74 - P12119: Blogpoesia (355): Dois poemas escritos em Pedra Maria, no regresso à terra natal... enquanto se aguarda a indicação da data e do local de lançamento do livro de poesia "Baladas de Berlim", com a chancela da Chiado Editora, 2013 (J.L. Mendes Gomes)



J.L. Mendes Gomes [ex-alf mil, CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66; jurista, reformado; poeta, ativo]


1. No passado dia 19 de setembro, recebi a seguinte mensagem do nosso poeta J.L.Mendes Gomes, nascido em Pedra Maria, Varziela, Felgueiras, Vale do Ave, trazendo-me uma notícia que me deixou orgulhoso e feliz:

Meu caro Luís

Como vão essas férias? Oxalá bem, com saúde, tu e os teus.

Luís: Vou dar-te uma novidade, com todo gosto e honra. Vai ser lançado o meu primeiro livro de poesia. Devo-o muito ao apoio dos meus amigos. Contigo à frente.

Será, em dia a marcar, depois de 14 de Outubro. Numa sala da Chiado Editora- que o editou. Chama-se "Baladas de Berlim", por terem sido escritas durante a minha estadia lá.

Dar-me- ás muito gosto e honra em estares presente, com os teus ( a Esposa) e quem entenderes trazer.

Um grande abraço

Joaquim



2. Enquanto aguardamos informações mais detalhadas sobre a data e o local do lançamento do livro (que serão publicadas em poste da série "Agenda Cultural", aqui ficam dois poemas recentes escrito em Pedra Maria... Mas há mais, no blogue de poesia que ele mantem desde 2008...


Baladas da madrugada...

No silêncio escasso

Desta terra frenética,
Num compasso breve de espera,
À beira da estrada,

Oiço tantas vozes passadas,
Sombras e luzes,
E festas,
Sorrisos e lágrimas,
De rostos sombrios,
Que sofreram
Horas amargas...


Nas casas com telhas,
Cobertas de musgo,
Que sobram dispersas,
Entre campos e montes,
Que já não são como eram.


Abundam ridentes,
Expostas ao sol,
Muitas janelas e portas cerradas
De casas modernas,
Perfeitamente afitadas.


Cheiram a novas,
Têm vida e alma ocultas.


Passam por mim rostos risonhos,
Com traços e linhas
Que me lembram alguém,
Sorriem para mim,
Não sei de quem são,
Mas são do meu tempo.


Que horas de sonho e saudade,
São estas que mexem comigo,
Foram e não voltam...


Ouvindo Hélène Grimaud, tocando Bach
Pedra Maria, 25 de Setembro de 2013, 7h12m


Princípios do tempo...

Como me sinto eu,
Ao deambular feliz,
Por estes caminhos verdes,
Pelas terras onde, há tanto, nasci.


Um reencontro que se sente, cá dentro,
Nos apanha o corpo e a alma.


Que cortejo imenso,
De lembranças de luz e de sombras,
Ao pensamento me vem...


A pé descalço,
A caminho da escola,
Verão e inverno.


Da catequese e adro da igreja,
Pedra Maria,Tanta brincadeira,
Onde não contava o tempo.


Lugar da Forca,
Pinheiros e matas sem fim,
Os tanques da rega dos campos
Faziam de praia,
Banhos furtivos,
Nas tardes de Agosto.
Vida do campo,
Em movimento e mudança.
Arados e noras,
Vindimas de mosto,
Eiras ao sol.


Lareiras de paz.
Com falta de tudo,
Menos de alegria,
Por graça de Deus...
Um milagre de sol...Só quem o viveu!...


Ouvindo André Rieu, em Deus Pai

Pedra Maria. 26 de Setembro de 2013 7h12m

Joaquim Luis Mendes Gomes

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Nota do editor:

Último poste da série > 14 de setembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12038: Blogpoesia (354): Por cada bombeiro que morre... e outros poemas de setembro (J. L. Mendes Gomes)

sábado, 5 de outubro de 2013

Guiné 63/74 – P12118: Estórias avulsas (69): Balas de raiva: o meu amigo Toy Sardinha, da CCAV 1747 (Bissum, 1967/69), gravemente ferido em 24/12/1967, é evacuado para o HMP... Os médicos não lhe encontram a bala... que virá a sair, anos mais tarde, da perna... contrária! (José Saúde)


1. O nosso Camarada José Saúde, ex-Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BART 6523 (Nova Lamego, Gabu) - 1973/74, enviou-nos a seguinte mensagem.



Homenagem a um velho amigo, e camarada, que muito estimo



António Sardinha, ferido numa emboscada na região de Bula no dia 24 de dezembro de 1967



Balas de raiva



Não quero, tão-pouco pretendo, lançar achas para a fogueira cujas labaredas se predispõem a mal entendidos quando em causa residem opiniões egocêntricas que cruzam um espaço onde se debitam ideias variadas e que ostensivamente merecem o nosso devido respeito.



Sublinho que a minha já longa experiência de vida, na escrita sobretudo, não me permite dirimir convicções, ou certezas absolutas, mas um alinhamento de conjugações factuais que literalmente elevam o teor da discussão. É credível a opinião de todos os camaradas, pese embora a precisão faturada de quem emite pareceres de um determinado acontecimento vivido em grupo. 

A pluralidade de um destinado confronto com a guerrilha é por vezes digerido, e comentado, de formas diferentes. Porém, existe na narração verdades pelas quais passámos, sendo que a maneira de explanar o chamado “embrulhar” tem perniciosos tentáculos amplamente complicados.

As emoções sentidas por cada um de nós na guerra da Guiné, levam-nos a extravasar díspares sensações vividas no meio do conflito onde eramos, apenas, pedras de um puzzle colocados em espaços anárquicos e ao serviço de interesses alheios.

A temática por ora exposta tem como título balas de raiva numa Guiné deveras surpreendente. Creio que era peculiar conviver de perto com o aforismo popular sangue, suor e lágrimas.

Todos, ou quase todos, conhecemos os amargos de uma guerra que não deu descanso. A luta trivial nas frentes de combate foi extremamente dura. Duríssima, acrescento. Perdas de vidas, estropiados e feridos com gravidade foram mato.

Desse imenso rol de camaradas que ainda hoje se deparam com problemas herdados da guerra na Guiné, trago à estampa o meu velho amigo António Manuel Moisão Sardinha, natural de Beja, que embarcou para aquele território em julho de 1967, sendo que seis meses depois, numa emboscada sofrida na zona de Bula, colocou fim à sua comissão.

O meu amigo e camarada Toy Sardinha, como é habitualmente conhecido em Beja, pertencia à CCAV 1747, independente, e que ficou instalada no aquartelamento de Bissum.

No dia 24 de dezembro de 1967, vésperas de Natal, o pelotão onde seguia caiu numa emboscada, sendo que o saldo final se cifrou num morto e quatro feridos. O morto, segundo o Toy, tinha como sobrenome de Silva.

Sendo o seu estado preocupante, o nosso antigo camarada foi evacuado para o Hospital de Bissau, onde se manteve dois meses, e transferido para o Hospital Militar de Lisboa. Foi operado naquela unidade hospitalar e a sua recuperação estendeu-se até ao mês de dezembro de 1969.

O nosso camarada é um homem que jamais escondeu a sua postura física. Ela é visível. A perna esquerda ficou mais curta. Ainda assim fez, e faz, uma vida absolutamente normal. Vive no seu recanto familiar com a sua eterna companheira Fernanda. Trabalhou na antiga Administração Regional de Saúde em Beja. Está aposentado. Mantém uma disposição ótima. É alegre. Os seus apartes desabam, normalmente, para descomunais sorrisos. Tem sempre uma anedota na ponta da língua. 

O Toy é e será um dos muitos milhares de deficientes das Forças Armadas Portuguesas. Assume. Um selo herdado de uma emboscada sofrida no malfadado dia 24/12/1967, lá para as bandas de Bula

Hoje, o nosso camarada não se refugia na herança que a vida, enquanto jovem, o carimbou. Ironizando, como é seu hábito, assegura: “Na altura da operação a equipa médica não conseguiu encontrar a bala alojada na perna, mas passados muitos anos a magana acabaria por sair pela perna contrária sem que nada o fizesse prever. Coisas do destino”, diz com um sorriso nos lábios.

Expressa o povo, e com razão, que o nosso corpo tem por hábito expulsar matérias estranhas e a bala de raiva que dilacerou as entranhas do nosso camarada, finalmente apareceu. 

Força, Toy! 




Junto ao rio


Com outros camaradas em Bissum


O segundo da fila


No Hospital Militar, em Lisboa

Com Rosa Santos, antigo árbitro de futebol internacional, amigo de infância e que foi ferido em Angola 
Um abraço, camaradas 
José Saúde
Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BART 6523 


Mini-guião de colecção particular: © Carlos Coutinho (2011). Direitos reservados.

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Nota de M.R.:



Vd. último poste desta série em:


2 DE OUTUBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12105: Estórias avulsas (68): Do meu Álbum de Fotos sobre Galomaro 3 (José Ribeiro)

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Guiné 63/74 - P12117: Álbum fotográfico do Luís Nascimento, ex-1º cabo cripto, CCAÇ 2533, Canjambari e Farim, 1969/71 (Parte II): No N/M Niassa, com a CCAÇ 2590/CCAÇ 12, do Gabriel Gonçalves (GG), com a CPM [, Companhia de Polícia Militar,] 2537, do Jerónimo de Sousa...E depois Canjambari!



1. Pedi ao Luís Nascimento algumas informações adicionais:

(...) Já agora diz-me a razão de ser da tua alcunha, "assassan" (do francês, "assassin", assassino)... Diz-me também as datas (mês/ano): quando é que estiveste em Canjambari e em Farim... Quando é que vieste férias... Se tu foste para a Guiné com a tua companhia, a CCÇ 2533, então viajámos juntos (eu pertencia à CCAÇ 2590, futura CCAÇ 12), no Niassa, em 24/5/1969 (com chegada a Bissau a 30) e regressámos juntos, ni Uige (a 17/3/1971)!!!... 

É verdade ? Se sim, como vês, o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande!!!... Um abração forte. Luis Graça

2. Resposta de imediato do Luís Nascimento,com data de ontem:

 Assunto: Histórias e Recordações de Guerra


Amigo Luís Graça,

Começo por agradecer a tua disponibilidade, por aturares todos estes filhos da Guiné e responder às tuas dúvidas, acerca do meu passado pelas fileiras do exército e a alcunha de "SIR ASSASSIN" meio inglês, meio francês...

Fiquei com a alcunha dos tempos em que era júnior do Académico de Viseu. Na altura, o  meu avô Vicente Afonso estava estabelecido com um negócio de talho, lá para os lados da Feira Franca de S. Mateus (Ribeira), junto ao campo de Viriato. 

Num jogo disputado no estádio do Fontelo com o Abraveses, eu que era guarda-redes, por indicação de mestre Vieirinha jogo a avançado centro. Ora numa rotação à entrada da área, deixei o defesa pregado e estatelado no chão e, sem maldade,  com as travessas da chuteira, atingi o meu adversário na mão que com os pregos à vista se feriu, sangrando abundantemente. 

Jogo parado, para assistência ao jogador,  e da bancada central do estádio, um espetador (Sr. João Pereira),  ex sénior do clube, manda a grande boca:
- És um assassino, julgas que estás lá no talho a matar vacas! ?

Daí a alcunha que perdura até hoje, mas com um toque mais macio,  "Sir Assassan". 

Estive no R.I. 14. na recruta,  estive 2 semanas nos campeonatos de atletismo da 2ª Região Militar em Coimbra, no estádio universitário. E depois em Leiria R.A.L 4 (Escriturários e S.P.M), onde bati umas bolas com:

(i)  o Aurélio Pereira (S.C.P),  o Manecas (Elefante Branco),  o Gê Gê (Gabriel Gonçalves, Cripto,  o Jeselito de Bambadinca, já teu conhecido, da CCAÇ 12);

(iv) o Moita (Oriental), o Brazão e o Camões (Trafaria), o Rodrigo Moura (AC de Viseu), internacional júnior na Alemanha com Victor Damas (Andámos os dois na Nuno Gonçalves, morámos na mesma rua, em Ponta Delgada, no mesmo prédio, jogámos à bola nas escadinhas da Ilha do Pico, com o irmão Miguel, o Dani e o Colorado,  mais tarde dos "Neptunos" das grandes noites do Passadiço)...

(v) e ainda o Pavão (F.C.P) (ainda bebi uns copos com o pai, quando da minha estadia no B.C.10 em Chaves, na formação da CCAÇ 2533), o  Caló (S.C.P) e o Camocas (S.L.B).

Ainda hoje o Assassan está presente nos almoços anuais do 2º Turno de 1968 (Criptos, Material Segurança, Informação, Escriturários S.M.P). Estive de férias no mês de Agosto na Metrópole.

As datas referidas estão certas. Quando cheguei a Bissau, depois de passar pelos adidos,  quartel general e Amura de visita a camaradas, embarcámos na banheira "Montante" [LDG], com destino a Farim,  com paragem no Cacheu, em  Ganturé, Binta e finalmente à terra da Maria Gorda e do Pedro Turra. 

Em coluna lá foram os piriquitos à ração de combate, há 9 dias com destino a Canjambari,   Morocunda,  com passagem por Ponte Lamel (onde mais tarde em 71 morreu em combate o nosso Alferes Ambrósio), Jumbembem (terras do Carlos Silva) e por fim o inferno até Dezembro 70,  o fim da comissão cerca de 3 meses em Farim, sem grandes problemas só umas bazucadas em Nema, na companhia de Vasco Lourenço e seus muchachos.

Pois,  amigo, viajamos nos mesmos cruzeiros e numa tivemos a companhia do camarada Jerónimo de Sousa,  do P.C.P,  da Companhia Polícia Militar 2537. 

A bordo do Niassa,  ancorado no cais do soldado,  em Stª. Apolónia, o meu pai Alberto Ramos (Tripulante do N/M Moçambique), foi fazer um pedido a um colega pasteleiro do navio, para me dar de comer e beber, pois a dormida ficou por minha conta, umas vezes no tombadilhos, outras vezes no fundo do porão em estado de coma com uma Vat 69 por perto.

Um Alfa Bravo,
Com WW um para ti, outro para mim. Nascimento
"Sir Assassan"

P.S - Quero aqui homenagear duas Grandes Mulheres que recordo com saudade,  da minha vida de Militar: Dª Aida Batista e Dª Fanta de Farim.




N/M Niassa > Navio misto (carga e passageiros), de 1 hélice, construído em 1955, na Bélgica, registado no Porto de Lisboa, e abatido em 1979; com  mais de 151 metros de comprimento, tinha arqueação bruta de c. 10.700 toneladas, uma potência de 6.800 cavalos e uma velocidade normal de 16,2 nós. Dispunha dos seguintes alojamentos: 22 em primeira classe, e 300 em classe turística, num total de 322 passageiros. (Quando transportavam tropas, a sua lotação quintuplicava...). O número de tripulantes era de 132. Armador: Companhia Nacional de Navegação, Lisboa.

Foi neste navio, adaptado a transporte de tropas,  que viajaram (!), de Lisboa para Bissau, diversas companhias independentes, incluindo a CCAÇ 2590 (futura CCAÇ 12), a CCAÇ 2591 (futura CCAÇ 13), a CCAÇ 2592 (futura CCAÇ 14), bem como a do nosso camarada Luís Nascimento, a CCAÇ 2533 ou ainda a CPM 2537 a que pertenceu o atual secretário geral do PCP (Partido Comunista Português), Jerónimo de Sousa. (Foi através do Luís Nascimento que soube deste facto, que desconhecia por completo).

Crédito fotográfico: Navios Mercantes Portugueses (2004) (Foto aqui reproduzida com a devida vénia...)














Guiné > Região do Oio >Canjambari > CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 19679/71) > o 1º cabo cripto Luis Nascimento.


Fotos (e legendas) : © Luís Nascimento (2013). Todos os direitos reservados. [Edição: L.G.]

(Continua)

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Nota do editor:

Guiné 63/74 - P12116: (Ex)citações (226): Não me lembro do Oh! Alexandre... mas é muito natural que ele se lembre de mim: afinal, em dois terços do tempo de comissão, fui eu que comandei a CCAÇ 798... Também se deve lembrar do alf mil Pinheiro, que comandava o destacamento de Ganturé e que foi evacuado com 14 perfurações no corpo, na sequência de uma emboscada na estrada para Gandembel (Manuel Vaz, Gadamael, 1965/67)

1. Mensagem, de 24 de setembro último,  assinada pelo Manuel Vaz (ex-Alf Mil da CCAÇ 798, Gadamael Porto, 1965/67), em comentário ao poste P12083 (*):


Amigo Luís:

O Oh! Alexandre está a dar que falar!... e há razões para isso, mas eu não me lembro dele, o que não é de estranhar.

Quando a minha companhia saiu de Gadamael, o posto sanitário ainda não existia. O que existia era o posto de socorros da Companhia, ao lado das instalações de oficiais. Só em 70/71 é que foi construído entre os dos setores do Aldeamento um posto sanitário. Foi no tempo do Capitão Morais da Silva e deve ter sido aqui que o Oh Alexandre trabalhou.

As recordações que tem de mim resultam do facto de ter passado 2/3 da Comissão a Comandar a Companhia, o que me dava mais visibilidade. No meu tempo em Gadamael não havia população, residia toda no Destacamento, em Ganturé.

O Oh Alexandre também se deve lembrar
do Alf Pinheiro que comandava o Destacamento
[de Ganturé] e foi evacuado com 14 perfurações, quando o Grupo de Combate, juntamente com o Pel Rec 963, caiu numa emboscada na estrada para Gandembel.

Nunca mais voltou à Companhia mas safou-se.

Em Gadamael, quando a CCAÇ 798 saiu, ficou lá uma família de Tandas. Veio-me pedir para ficar lá e logo percebi que era para não ficar junto da restante população que residia em Ganturé.

Um abraço. Manuel Vaz (**)





Guiné-Bissau > Região de Tombali > Iemberém > 2 de março de 2008 > Exibição de um grupo de dançarinos tandas, por ocasião do Simpósio Internacional de Guiledje (Bissau, 1-7 de março de 2008). Os tandas, que são uma minoria étnica do Cantanhez (c. 2 mil), utilizam. para confeção do vestuário de trabalho e de lazer. cascas de árvores da floresta. [Para saber sobre os tandas e outros povos do Cantanhez, clicar aqui]

Fotos (e legenda): © Luís Graça (2008). Todos os direitos reservados

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Notas do editor:

(*) Vd poste de 25 de setembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12083: Notícias dos nossos amigos da AD - Bissau (31): testemunho gravado em Gadamael, a história do Oh! Alexandre, que conheceu o alf mil Manuel Vaz, da CCAÇ 798, bem como o pessoal da CCAÇ 1659, os Zorba

(**) Último poste da série > 26 de setembro de 2013 > Guiné 63/4 - P12090: (Ex)citações (225): O nosso blogue e o último dos nossos direitos como veteranos de guerra e cidadãos, o "jus esperniandi", o direito de espernear... (Vasco Pires, ex-cmdt, 23º Pel Art, Gadamael, 1970/72; e português da diáspora no Brasil)

Guiné 63/74 - P12115: Parabéns a você (631): Artur Conceição (ex-sold trms, CART 730, Bissorã, Farim, Jumbembem, 1965/67); e Inácio Silva (ex-1º cabo ap armas pes, Mansabá, CART 2732)



Sobre os aniversariantes de hoje, ver aqui mais postes;  (i) Artur Conceição, ex-sold trms, CART 730, Bissorã, Farim e Jumbembem (1965/67);  (ii)  Inácio Silva (ex-1.º cabo, ap armas pes, CART 2732, Mansabá, 1970/72).

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Nota do editor:

Último poste da série > 3 de outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P12111: Parabéns a você (630): Carlos Prata ex-capitão cmdt das CCAÇ 4544/73 (Cafal Balanta) e CCAÇ 13 (Bissorã), 1973/74, hoje cor ref) e Hélder Sousa (ex-fur mil trms TSF, Piche e Bissau, 1970/72)

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Guiné 63/74 - P12114: Álbum fotográfico de Carlos Fraga (ex-alf mil, 3ª CCAÇ / BCAÇ 4612/72, Mansoa, 1973) (12): O terror das minas...


Guiné > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 4612/72 > Foto nº 1 > Numa picada numa operação de patrulhamento. Eu estou em 1º plano. À frente os guias. Creio que foi numa picada que ia de Mansabá em direcção ao Sara-Changalena, picada que não era utilizada há anos e que pretendiam reabrir para reabrir o acesso directo a uma localidade que não me lembro o nome picada que atravessava o Sara-Changalena.



Guiné > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 4612/72 > Foto nº 2 >Na picada acima referida, depois de abandonarmos as viaturas. A partir daí foi a pé. Creio que sou o primeiro, de costas. Pormenor muito interessante é que nós não facilitávamos. Mantínhamos as distâncias entre os militares e em deslocações auto matinhamos as distâncias entre as viaturas e a velocidade e em zonas perigosas íamos a pé com as viaturas no meio da coluna às distâncias próprias.



Guiné > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 4612/72 > Foto nº 3 > Os guias

Guiné > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 4612/72 > Foto nº 4 > Os picadores


Guiné > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 4612/72 > Foto nº 5 > Durante a mesma operação. Intervalo para almoço. O calor era tanto que tirei o dolmen para o torcer encharcado de humidade. Outro pormenor. Tínhamos sempre as armas prontas. Almoçava-se ou descansava-se com elas ao colo ou mesmo à mão.

Guiné > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 4612/72 > Foto nº 6 >Mina anti-pessoal




Guiné > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 4612/72 > Foto nº 7 > Mina A/P, referida na foto nº 6, montada pelo PAIGC, e devidamente detectada e desmontada pelas NT.


Fotos da autoria do ex-alfd mil Carlos Alberto Fraga, enviadas em CD pelo Jorge Canhão e o Agostinho Gaspar, e outras por mail, pelo próprio Carlos Fraga. A ordem de numeração ( e a reconstituição da sequência são da responsabilidade do editor).
Fotos (e legendas): © Carlos Alberto Fraga / Jorge Canhão (2011). Todos os direitos reservados

1.  Continuação da publicação do álbum de Carlos Fraga, que foi alf mil, na 3ª CCAÇ/BCAÇ 4612/72, em Mansoa, na segunda metade do ano de 1973. Foi adjunto (num curto período de 4 meses, até finais de 1973) do cap [José Manuel] Salgado Martins, indo depois ele próprio comandar, como capitão, uma companhia em Moçambique, a seguir ao 25 de abril de 1974. [ O cap art José Manuel Salgado Martins, transmontano, hoje coronel na reforma, a viver nos Açores. Nunca veio a nenhum encontro da companhia, constituídio maioritariamenmte por malta do Algarve, Alentejo e Lisboa..

Adenda às legenda, pelo  Carlos Fraga:

As fotos que se seguem [. vd. acima], foram tiradas numa operação de patrulhamento. Fomos por uma picada que saía de Mansabá e seguia para o Sara-Changalena. Isto passa-se,  salvo erro,  em 18/08/73. Nesse dia detectámos uma mina anti-pessoal que foi desmontada pelo Capitão Salgado Martins.

Tratava-se de uma mina anti-pessoal do PAIGC. Note-se que está plantada ao pé de um tronco de árvore. A ideia era quem se sentasse para descansar no tronco pisava a mina.

Estava desenterrada. Nisso os macacos eram nossos aliados. Com a curiosidade iam mexer. Foram eles que a desenterraram. Às vezes os pobres dos bichos também iam pelos ares,  vitimas da curiosidade. 

Nós queríamos rebentar a mina de longe mas o Cap Salgado
 Martins,  que era um belíssimo comandante de companhia
e corajoso,  embicou que conseguia desmontar a mina e desmontou-a.  [Foto à direita: O ex- cap art José Manuel Salgado Martins, transmontano, hoje coronel na reforma, a viver nos Açores. Nunca veio a nenhum encontro da companhia, constituídio maioritariamenmte por malta do Algarve, Alentejo e Lisboa, segundo informação do Jorge Canhão.Foto do Carlos Cordeiro].

Nessa operação aconteceu um episódio pitoresco. Mal tínhamos começado a andar na picada quando ouvimos um restolhar do lado direito. Por instinto agachámos e virámos as armas para o mato,  do lado direito,  e surge uma gazela (ou bicho semelhante) que passa entre nós de um lado para o outro. 

Desatámos a rir. Era o que menos se esperava.

Carlos Fraga
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Nota do editor:

Último poste da série > 2 de agosto de 2013 > Guiné 63/74 - P11898: Álbum fotográfico de Carlos Fraga (ex-alf mil, 3ª CCAÇ / BCAÇ 4612/72, Mansoa, 1973) (11): Imagens de postais ilustrados (Parte II)