José Brás [, ex-Fur Mil, CCAÇ 1622, Aldeia Formosae Mejo, 1966/68; escritor]
No Portugal que temos
só me apetece esta, caro Luís.
Abraço. José Brás
Revolta
Por dentro de mim circulam revoltas
circula um vento agreste
feito de revoltas
que me fecham tantas vezes o sorriso
a vontade de ouvir
e de dizer
que fui
que sou
só porque digo que serei o que nem sei…
Chegam-me ainda
o seco som dos tiros
cheiros de enxofre
e de carne morta
tantos sons de nomes que perdi
porque de mim se perderam
na viscosidade quente das matas…
Chegam sons de pragas
e de choros
a visão de olhos vazios
no apelo da desistência
o bafo quente
húmido e podre do tarrafo
as febres da malária e da cólera…
A trovoada tropical
racha-me por dentro
queima-me tronco e folhas
de onde haviam de brotar risos
José Brás
_____________
Nota do editor:
Último poste da série > 21 de março de 2014 > Guiné 63/74 - P12863: Blogpoesia (372): O Dia Mundial da Poesia, 21 de março de 2014, na nossa Tabanca Grande (III): Dois poemas do último livro, "Entre margens", Lua de Marfim Editora, 2013 (Regina Gouveia)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
sexta-feira, 21 de março de 2014
Guiné 63/74 - P12864: Notas de leitura (574): "Pai, tiveste medo?", por Catarina Gomes (Mário Beja Santos)
1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 20 de Março de 2014:
Queridos amigos,
É mesmo uma abordagem original, os filhos a questionar a guerra dos pais, a descodificar doenças ou silêncios pesados, à busca de identidade, a aprender que há dores irrepresentáveis, como ser filho de prisioneiro de guerra ou receber um dia um livro que o pai propositadamente elaborou sobre aquela comissão militar em que perdeu uma perna.
A Guiné tem aqui uma fatia de leão: o soldado Vítor Capítulo, resgatado na operação Mar Verde e que foi acolhido triunfalmente em Sesimbra, parecia o dia da procissão do Senhor Jesus das Chagas; o drama do pai de Alexandra Penteado que veio com stresse pós-traumático da Guiné e levou a vida familiar aos quintos dos infernos; a ternura de “I nha fidju”, Maria Júlia da Costa Deitado, filha ilegítima do Cabo FZE 9375 narra a sua história tocante, ninguém ficará insensível à majestade deste depoimento; Mariama Sambú filha de um piloto aviador da Guiné-Bissau que nasceu no mato, em 1973; Tiago Teixeira cresceu a ouvir falar de tabancas, de rebentamentos e do amor do pai a uma povoação, Mampatá, outra história edificante; um filho de João Bakar Jaló mantém um amor entranhado a alguém que ele trata como herói de Portugal.
São pedaços das memórias filiais que abrem a porta a um ângulo inédito de um tremendo conflito onde releva o amor filial, acima de tudo.
Não percam.
Um abraço do
Mário
Pai, tiveste medo?
Beja Santos
“Pai, tiveste medo?”, por Catarina Gomes, Matéria-Prima Edições, 2014, é uma abordagem original da história da guerra colonial, até hoje não enveredada: o registo de depoimentos de quem a descobriu através da memória dos pais. São relatos em que só o afetivo é enaltecido, não há território nem espaço de manobra para censuras, vitupérios ou ajustes de contas, nem remorsos. Para os filhos desses combatentes, parece que o tempo sarou feridas, limpou malquerenças. Em sequência, a autora, que soube timbrar todos estes relatos dentro de uma inequívoca atmosfera jornalística, põe a desfilar um prisioneiro de guerra que será resgatado em Conacri e recebido triunfalmente em Sesimbra; um fuzileiro sofredor de stresse pós-traumático e que pôs a família a viver num inferno; Marisa que descobre na mala do pai o imaginário de um militar que queria vencer a solidão e que escrevia febrilmente para várias madrinhas de guerra; Maria Júlia Deitado, filha ilegítima do cabo FZE 9375 demorou décadas a descobrir a sua mãe guineense, é talvez o relato mais empolgante deste encadeado de narrativas em que a guerra colonial é vista ao caleidoscópio pelos filhos dos combatentes de então...
Mas há mais, o leitor irá descobrir a importância de uma cabeça de veado embalsamada, Mariama tem a fotografia do seu pai tirada na União Soviética, Serifo Sambú era piloto aviador, Mariama vive em Portugal e gosta de saber que o seu pai tem um nome respeitado na Guiné; o filho de Hugo Ventura, piloto que desapareceu no ar, em Moçambique, sem deixar rasto, guarda o dossiê desse pai que perdeu quando tinha dois anos; um maqueiro à força na Guiné devotou-se a ajudar a população, em Mampatá, o filho, médico, fascinou-se com as histórias que o pai lhe contou na infância e juventude, pai e filho, cada um pelo seu próprio caminho, mantêm-se ligados à Guiné… e há o filho do mítico capitão João Bakar Jaló, Comandante da primeira Companhia de Comandos Africana; e há um militar que escreveu um livro sobre a sua experiência dolorosa, a guerra para ele acabou no dia em que perdeu uma perna; e há também uma paraquedista e há Pedro Luqueia de Santarém que foi apanhado em menino durante uma operação em Angola e que continua a ir aos almoços convívios do Esquadrão de Cavalaria 122, foram estes militares que o trouxeram…
Não é um livro sobre a história da guerra colonial, quem depôs para este livro nem conhece os outros. A jornalista foi à procura de histórias em que os filhos verrumaram túneis de escuridão, desafiaram silêncios, aprenderam a amar os pais graças a uma experiência que acabou por os deslumbrar.
Teresa Capítulo é filha do soldado Capítulo que foi prisioneiro do PAIGC em Conacri, conheceu 33 meses de cativeiro, foi liberto na operação Mar Verde. Resgatado, não pôde revelar a ninguém de que modo tinha sido resgatado e voltara a Portugal. “A 4 de dezembro de 1970, Sesimbra encheu-se de um mar de gente para o receber, tanto que mais parecia o dia procissão do Senhor Jesus das Chagas, padroeiro dos pescadores, assim lhe descreveram o acontecimento para que Teresa percebesse o tamanho da multidão que o esperava”. Pai e filha conversaram muito, há um álbum com as imagens desse tempo de guerra, antes do aprisionamento. E há os relatos da prisão. O pai prestou um depoimento, gravou-o em vídeo para a sua junta de freguesia. Ainda hoje em Sesimbra continua a ser conhecida como “a filha daquele rapaz que esteve lá fora, a filha daquele que esteve preso”.
Alexandra Penteado tem muitas memórias de um pai violento, ameaçador, só muito tarde descobriu que o pai era um veterano de guerra doente. Era o pai tinha sido um jovem cordial, brincalhão, foi para a Guiné como Fuzileiro Especial, depois tornou-se um farrapo. Quando o pai faleceu vítima de cancro do pulmão, em 2002, Alexandra juntou aqueles papéis e aquelas fotos, manteve-se indiferente aos ritos dos Fuzileiros que vieram ao funeral. Procurou decifrar o pai, já o desculpou. Nos dias em que o pai acordava a meio da noite a gritar “saiam senão mato-vos”, Alexandra vê a tentativa de proteger a família dele mesmo, é como se ainda tivesse consciência que não os devia magoar, mas talvez não passe de uma mera explicação de alguém que passou a vida a sofrer os danos colaterais de quem não assumia que estava doente…
“Pai, tiveste medo?”, é pungente, inspirador, no conteúdo e na forma. É uma coletânea de explorações que convidam a sondar o passado, a tentar entender por que razão se procuravam madrinhas de guerra porque se foi separado da mãe, como papéis, fotografais, histórias, memórias, tudo em confluência, ou quase, leva a que vejamos os nossos pais num outro tempo, hoje inapreensível. Como diz a autora, a guerra contada é muito diferente da que foi vivida. E é original porque rasga uma nova perspetiva sobre um conflito de antigos combatentes consigo próprios e que possui o condão de iluminar a ligação entre pais e filhos, durante e após a guerra colonial.
____________
Nota do editor
Último poste da série de 17 DE MARÇO DE 2014 > Guiné 63/74 - P12848: Notas de leitura (573): "Literaturas Africanas de Expressão Portuguesa", por Pires Laranjeira e "Jornal Português" e a notícia do assassinato de Amílcar Cabral (Mário Beja Santos)
Queridos amigos,
É mesmo uma abordagem original, os filhos a questionar a guerra dos pais, a descodificar doenças ou silêncios pesados, à busca de identidade, a aprender que há dores irrepresentáveis, como ser filho de prisioneiro de guerra ou receber um dia um livro que o pai propositadamente elaborou sobre aquela comissão militar em que perdeu uma perna.
A Guiné tem aqui uma fatia de leão: o soldado Vítor Capítulo, resgatado na operação Mar Verde e que foi acolhido triunfalmente em Sesimbra, parecia o dia da procissão do Senhor Jesus das Chagas; o drama do pai de Alexandra Penteado que veio com stresse pós-traumático da Guiné e levou a vida familiar aos quintos dos infernos; a ternura de “I nha fidju”, Maria Júlia da Costa Deitado, filha ilegítima do Cabo FZE 9375 narra a sua história tocante, ninguém ficará insensível à majestade deste depoimento; Mariama Sambú filha de um piloto aviador da Guiné-Bissau que nasceu no mato, em 1973; Tiago Teixeira cresceu a ouvir falar de tabancas, de rebentamentos e do amor do pai a uma povoação, Mampatá, outra história edificante; um filho de João Bakar Jaló mantém um amor entranhado a alguém que ele trata como herói de Portugal.
São pedaços das memórias filiais que abrem a porta a um ângulo inédito de um tremendo conflito onde releva o amor filial, acima de tudo.
Não percam.
Um abraço do
Mário
Pai, tiveste medo?
Beja Santos
“Pai, tiveste medo?”, por Catarina Gomes, Matéria-Prima Edições, 2014, é uma abordagem original da história da guerra colonial, até hoje não enveredada: o registo de depoimentos de quem a descobriu através da memória dos pais. São relatos em que só o afetivo é enaltecido, não há território nem espaço de manobra para censuras, vitupérios ou ajustes de contas, nem remorsos. Para os filhos desses combatentes, parece que o tempo sarou feridas, limpou malquerenças. Em sequência, a autora, que soube timbrar todos estes relatos dentro de uma inequívoca atmosfera jornalística, põe a desfilar um prisioneiro de guerra que será resgatado em Conacri e recebido triunfalmente em Sesimbra; um fuzileiro sofredor de stresse pós-traumático e que pôs a família a viver num inferno; Marisa que descobre na mala do pai o imaginário de um militar que queria vencer a solidão e que escrevia febrilmente para várias madrinhas de guerra; Maria Júlia Deitado, filha ilegítima do cabo FZE 9375 demorou décadas a descobrir a sua mãe guineense, é talvez o relato mais empolgante deste encadeado de narrativas em que a guerra colonial é vista ao caleidoscópio pelos filhos dos combatentes de então...
Mas há mais, o leitor irá descobrir a importância de uma cabeça de veado embalsamada, Mariama tem a fotografia do seu pai tirada na União Soviética, Serifo Sambú era piloto aviador, Mariama vive em Portugal e gosta de saber que o seu pai tem um nome respeitado na Guiné; o filho de Hugo Ventura, piloto que desapareceu no ar, em Moçambique, sem deixar rasto, guarda o dossiê desse pai que perdeu quando tinha dois anos; um maqueiro à força na Guiné devotou-se a ajudar a população, em Mampatá, o filho, médico, fascinou-se com as histórias que o pai lhe contou na infância e juventude, pai e filho, cada um pelo seu próprio caminho, mantêm-se ligados à Guiné… e há o filho do mítico capitão João Bakar Jaló, Comandante da primeira Companhia de Comandos Africana; e há um militar que escreveu um livro sobre a sua experiência dolorosa, a guerra para ele acabou no dia em que perdeu uma perna; e há também uma paraquedista e há Pedro Luqueia de Santarém que foi apanhado em menino durante uma operação em Angola e que continua a ir aos almoços convívios do Esquadrão de Cavalaria 122, foram estes militares que o trouxeram…
Não é um livro sobre a história da guerra colonial, quem depôs para este livro nem conhece os outros. A jornalista foi à procura de histórias em que os filhos verrumaram túneis de escuridão, desafiaram silêncios, aprenderam a amar os pais graças a uma experiência que acabou por os deslumbrar.
Teresa Capítulo é filha do soldado Capítulo que foi prisioneiro do PAIGC em Conacri, conheceu 33 meses de cativeiro, foi liberto na operação Mar Verde. Resgatado, não pôde revelar a ninguém de que modo tinha sido resgatado e voltara a Portugal. “A 4 de dezembro de 1970, Sesimbra encheu-se de um mar de gente para o receber, tanto que mais parecia o dia procissão do Senhor Jesus das Chagas, padroeiro dos pescadores, assim lhe descreveram o acontecimento para que Teresa percebesse o tamanho da multidão que o esperava”. Pai e filha conversaram muito, há um álbum com as imagens desse tempo de guerra, antes do aprisionamento. E há os relatos da prisão. O pai prestou um depoimento, gravou-o em vídeo para a sua junta de freguesia. Ainda hoje em Sesimbra continua a ser conhecida como “a filha daquele rapaz que esteve lá fora, a filha daquele que esteve preso”.
Alexandra Penteado tem muitas memórias de um pai violento, ameaçador, só muito tarde descobriu que o pai era um veterano de guerra doente. Era o pai tinha sido um jovem cordial, brincalhão, foi para a Guiné como Fuzileiro Especial, depois tornou-se um farrapo. Quando o pai faleceu vítima de cancro do pulmão, em 2002, Alexandra juntou aqueles papéis e aquelas fotos, manteve-se indiferente aos ritos dos Fuzileiros que vieram ao funeral. Procurou decifrar o pai, já o desculpou. Nos dias em que o pai acordava a meio da noite a gritar “saiam senão mato-vos”, Alexandra vê a tentativa de proteger a família dele mesmo, é como se ainda tivesse consciência que não os devia magoar, mas talvez não passe de uma mera explicação de alguém que passou a vida a sofrer os danos colaterais de quem não assumia que estava doente…
“Pai, tiveste medo?”, é pungente, inspirador, no conteúdo e na forma. É uma coletânea de explorações que convidam a sondar o passado, a tentar entender por que razão se procuravam madrinhas de guerra porque se foi separado da mãe, como papéis, fotografais, histórias, memórias, tudo em confluência, ou quase, leva a que vejamos os nossos pais num outro tempo, hoje inapreensível. Como diz a autora, a guerra contada é muito diferente da que foi vivida. E é original porque rasga uma nova perspetiva sobre um conflito de antigos combatentes consigo próprios e que possui o condão de iluminar a ligação entre pais e filhos, durante e após a guerra colonial.
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Nota do editor
Último poste da série de 17 DE MARÇO DE 2014 > Guiné 63/74 - P12848: Notas de leitura (573): "Literaturas Africanas de Expressão Portuguesa", por Pires Laranjeira e "Jornal Português" e a notícia do assassinato de Amílcar Cabral (Mário Beja Santos)
Guiné 63/74 - P12863: Blogpoesia (372): O Dia Mundial da Poesia, 21 de março de 2014, na nossa Tabanca Grande (III): Dois poemas do último livro, "Entre margens", Lua de Marfim Editora, 2013 (Regina Gouveia)
1. Regina Gouveia
Caro Luís Graça
Aí vão dois do meu novo livro “Entre margens", editado em 2013. Um, implicitamente, tem a ver com a guerra colonial , o outro não
Ab, Regina Gouveia
Cais
por Regina Gouveia
Na janela, a cortina rendada.
Através dela, navios que demandam o cais,
outros que partem.
Lenços brancos acenam da amurada
outros respondem acenando de terra.
Entre uns e outros, oceano e guerra.
Navego no navio da memória
delida pelo tempo, esse cavalo alado.
Na janela, cada dia mais puída a cortina rendada.
Através dela já não vislumbro
o inexistente cais, outrora imaginado.
(…) Com raiva, o poeta inicia a escrita como um rio desflorando o chão (…) Mia Couto
As rugas, no rosto, cavaram-nas lágrimas
a escorrer dos olhos que de amor choraram.
Os leitos dos rios, cavaram-nos águas,
violando os solos por onde passaram.
O poeta, um dia, juntou águas, dores,
lágrimas, amores
e fez poesia.
Fonte: Gouveia, R. - Entre Margens. Póvoa de Santa Iria: Lua de Marfim Editora, 2013.
__________________
Nota do editor:
Último poste da série > 21 de março de 2014 > Guiné 63/74 - P12862: Blogpoesia (371): O Dia Mundial da Poesia, 21 de março de 2014, na nossa Tabanca Grande (II)...Três poemas do 'Zorba' Mário Gaspar (CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68)
Caro Luís Graça
Aí vão dois do meu novo livro “Entre margens", editado em 2013. Um, implicitamente, tem a ver com a guerra colonial , o outro não
Ab, Regina Gouveia
Cais
por Regina Gouveia
Na janela, a cortina rendada.
Através dela, navios que demandam o cais,
outros que partem.
Lenços brancos acenam da amurada
outros respondem acenando de terra.
Entre uns e outros, oceano e guerra.
Navego no navio da memória
delida pelo tempo, esse cavalo alado.
Na janela, cada dia mais puída a cortina rendada.
Através dela já não vislumbro
o inexistente cais, outrora imaginado.
Regina Gouveia, Bafatá, c. 1969/70. Foto: Fernando Gouveia |
As rugas, no rosto, cavaram-nas lágrimas
a escorrer dos olhos que de amor choraram.
Os leitos dos rios, cavaram-nos águas,
violando os solos por onde passaram.
O poeta, um dia, juntou águas, dores,
lágrimas, amores
e fez poesia.
Fonte: Gouveia, R. - Entre Margens. Póvoa de Santa Iria: Lua de Marfim Editora, 2013.
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Nota do editor:
Último poste da série > 21 de março de 2014 > Guiné 63/74 - P12862: Blogpoesia (371): O Dia Mundial da Poesia, 21 de março de 2014, na nossa Tabanca Grande (II)...Três poemas do 'Zorba' Mário Gaspar (CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68)
Guiné 63/74 - P12862: Blogpoesia (371): O Dia Mundial da Poesia, 21 de março de 2014, na nossa Tabanca Grande (II)...Três poemas do 'Zorba' Mário Gaspar (CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68)
Mário Gaspar [ex-Fur Mil At Art, MA, CART 1659, "Zorba", Gadamael e Ganturé, 1967/68]
Camaradas e Amigos da Tabanca Grande Luís e Carlos
Camaradas e Amigos da Tabanca Grande Luís e Carlos
Poesia ou poésia?...
Escritas duas oesias em Gadamael Porto, tal e qual como saíram da caneta para o aerograma.
Não fiz emendas! Estão todas virgens. Uma delas, "Gadamael Porto ", foi elaborada cá, julgo que numa Terapia de Grupo.
Vão em anexo.
Um abraço
Mário Vitorino Gaspar,
ex-Furriel Miliciano Mário Vitorino Gaspar
CART 1659 - ZORBA
1967&68
1967&68
(i) Gadamael Porto
por Mário Vitorino Gaspar
Gadamael Porto, nome de guerra,
no sul da longe Guiné, onde morrer,
enjaulado no porco cu desta terra,
sinto-me amargurar e escurecer.
E com o sangue jovem a ferver,
o mundo quase que me encerra.
Não sei bem o que querer!
Difícil vislumbrar o que vem:
– E não é com certeza um bem!
Nem de descanso uma singela hora!
Meu inútil sorriso, derradeiro?
Serei de mim. decerto, prisioneiro.
Simplesmente um homem que chora.
Corro e caio..., verifico estar perdido,
num oco de nada, imenso e indefinido.
Na mata e bolanha entre o capim, olhei,
Avistei uma multidão de nada, nem lei.
E em busca do amor, sempre à procura,
vislumbro a vastidão da noite escura.
Parvoíce ganhar da vida um segundo,
depois do último, lá bem no fundo!
E do primeiro me afastara, e perdera,
pelo tudo que acreditava, e não fizera.
Perdidos sonhos de quem sempre amou,
levados pela guerra que tudo me negou.
Quedo, me vejo quebrado a estagnar,
bem longe da vida, da paz e do amar.
Quanto espelha a minha mísera figura?
Jaz uma imagem de solidão e amargura,
Ergo-me, escarro e vomito a distância,
completamente destituído daquela ânsia.
E, quem me dera saber o meu nome!?
Matar da vida a sede e a fome,
do jovEm com a minha idade.
Eu que pretendia a eternidade,
que segurei os cornos do boi,
mísero, reles estátua de morto herói.
Quem sabe se do mundo? Cobarde…
no sul da longe Guiné, onde morrer,
enjaulado no porco cu desta terra,
sinto-me amargurar e escurecer.
E com o sangue jovem a ferver,
o mundo quase que me encerra.
Não sei bem o que querer!
Difícil vislumbrar o que vem:
– E não é com certeza um bem!
Nem de descanso uma singela hora!
Meu inútil sorriso, derradeiro?
Serei de mim. decerto, prisioneiro.
Simplesmente um homem que chora.
Corro e caio..., verifico estar perdido,
num oco de nada, imenso e indefinido.
Na mata e bolanha entre o capim, olhei,
Avistei uma multidão de nada, nem lei.
E em busca do amor, sempre à procura,
vislumbro a vastidão da noite escura.
Parvoíce ganhar da vida um segundo,
depois do último, lá bem no fundo!
E do primeiro me afastara, e perdera,
pelo tudo que acreditava, e não fizera.
Perdidos sonhos de quem sempre amou,
levados pela guerra que tudo me negou.
Quedo, me vejo quebrado a estagnar,
bem longe da vida, da paz e do amar.
Quanto espelha a minha mísera figura?
Jaz uma imagem de solidão e amargura,
Ergo-me, escarro e vomito a distância,
completamente destituído daquela ânsia.
E, quem me dera saber o meu nome!?
Matar da vida a sede e a fome,
do jovEm com a minha idade.
Eu que pretendia a eternidade,
que segurei os cornos do boi,
mísero, reles estátua de morto herói.
Quem sabe se do mundo? Cobarde…
(ii) Zorba - Quão Vazia esta Vida que me Agonia
Por Mário Vitorino Gaspar
Quão vazia esta vida que me agonia,
quão grande o meu sofrimento,
quase que nem uma folha mexia,
no fundo do meu pensamento.
É porque há algo errado em mim
que não consigo entender:
preso acorrentado, como num fortim,
morro decerto, padeço até ao fim.
Deturpem quem viver assim,
matem-no mas sem sofrimento,
porque faço por esquecer em mim
o meu próprio nascimento.
Para alguns a vida brilha como água,
límpida, inocente, cor esbranquiçada.
Sinto, sou mortal, enorme mágoa
da vida, que vivo, tão deturpada.
Posso perguntar, porque nascer?
Perguntar, porque vagabundear?
Seria preferível na lama morrer,
por tanto ter que suportar.
Mas virá das nuvens um abutre,
sequioso, de garras com carne morta,
ele decerto que também padece e nutre,
enorme sofrimento e o suporta.
Gadamael Porto (Guiné-Bissau),
21 de Junho de 1967
(iii) Zorba - Zé do Mato
por Mário Vitorino Gaspar
Tendo um dia vindo para a Guiné,
com o seu multicolor fato,
todos diziam: - É o Zé!
que chegou agora ao mato.
Foi de Gadamael para Ganturé,
com as características pernas de pato.
Figura típica a do Zé:
- Olha, é o Zé do Mato.
Soldado corajoso, afamado:
Dó, ré, mi, eram notas,
mas acordeonista falhado,
este das pernas tortas.
Vai para o içar da bandeira,
não se pode pôr em sentido.
Será da bebedeira?
Ou talvez por estar bebido?
Pode ser das pernas tortas,
que o sentido não pode fazer,
com certeza, e tu te importas,
por ele tanto beber?
Gadamael, sem data
______________
Nota do editor:
Último poste da série > 21 de março de 2014 > Guiné 63/74 - P12861: Blogpoesia (370): O Dia Mundial da Poesia, 21 de março de 2014, na nossa Tabanca Grande (I)...Gratidão (Juvenal Amado)
Último poste da série > 21 de março de 2014 > Guiné 63/74 - P12861: Blogpoesia (370): O Dia Mundial da Poesia, 21 de março de 2014, na nossa Tabanca Grande (I)...Gratidão (Juvenal Amado)
Guiné 63/74 - P12861: Blogpoesia (370): O Dia Mundial da Poesia, 21 de março de 2014, na nossa Tabanca Grande (I)... Gratidão (Juvenal Amado)
Juvenal Amado, 2013 |
GRATIDÃO
Sobre elas nada disse,
nada escrevi.
Com elas, por elas cheguei à idade adulta,
Com elas sou completo
Ao pé delas o Mar é mais verde,
o céu mais azul,
o Outono mais calmo
e o Inverno menos agreste.
Num ciclo incessante
amanhece,
entardece
e anoitece.
Sempre por elas regressam
as alvoradas perfumadas
Elas são o meu pilar,
A minha água límpida,
o vento que me projecta,
o fogo que me aquece
a voz que embala
e a luz dos meus dias
São o significado do meu remar
a razão da minha gratidão
É delas o amor que perdurará
E eu falo do que amo!
Juvenal Amado (**)
____________
Notas do editor
(*) Repto lançado ontem, pelo nosso editor L.G., com o objetivo de celebrarmos, de maneira festiva, na nossa Tabanca Grande, o Dia Mundial da Poesia, 21 de março de 2014::
Amigos e camaradas, filhos, netos, bisnetos e por aí fora de Camões e dos nossos maiores bardos (e bardas)... Amanhã é dia mundial da poesia... E a gente não celebra ? Não há para aí uma cantiga de amigo, escondida no baú ? Ou uma cantiga de escárnio e maldizer ? Um soneto ? Uma simples quadra ?
Poetas da guerra, da paz, do amor, acordai!... Vamos lá mostarr esses talentos... Desculpem se o lembrete vem muito em cima da hora... Um alfabravo fraterno. Luís Graça
(*) Último poste da série de 20 de março de 2014 > Guiné 63/74 - P12857: Blogpoesia (369): No equinócio da primavera, no dia internacional da felicidade e na véspera do dia mundial da poesia... Poetas da guerra, da paz e do amor, acordai!
quinta-feira, 20 de março de 2014
Guinjé 63/74 - P12860: Fotos à procura... de uma legenda (25): Da janela da antiga cadeia do Crato, do séc. XVIII, os reclusos podiam assistir a cerimónias religiosas, celebradas na capela em frente, a de N. Sra. do Bom Sucesso... (Hélder Sousa / Manuel Mata / Luís Graça)
Alto Alentejo > Crato > Flor da Rosa > 2 de março de 2014 > O antigo mosteiro de Samta Maria da Flor da Rosa, a 2 km do Crato... É hoje uma pousada nacional. O edifício foi recuperado e transformado em 1995 pelo arquiteto Carrilho da Graça. Vd. aqui o roteiro turístico do Crato...
Alto Alentejo > Crato > Flor da Rosa > 2 de março de 2014 > Claustro do antigo Mosteiro de Santa Maria de Flor da Rosa, agora Pousada do Crato, Flor da Rosa... D. Álvaro Gonçalves Pereira, Grão-Prior do Ordem do Hospital (mais tarde Ordem de Malta) e pai de D. Nuno Alvares Pereira, mandou erigir o edifício no século XIV.
É um importante monumento do nosso gótico nacional, ligado profundamente à história não só do Alto Alentejo como do nosso país. No séc. XIV, com a criação do Priorado do Crato, a vila e concelho do Crato torna-se um das mais poderosas do Alentejo, em termos militares e religiosos. O seu período áuereo é antigido no séc. XVI, nos reinados de D. Manuel I e D. João III. Recorde.se que um dos priores do Crato, D. António de Portugal, foi um dos pretendentes ao trono, na sequência da crise dinástica de 1580.
(...) "Sob a responsabilidade do Arquitecto Português Carrilho da Graça, nesta Pousada encontramos um conjunto de edifícios distintos, construídos em épocas distintas, como o Paço acastelado gótico, uma igreja Gótica Manuelina e ainda compartimentos Conventuais Renascentistas e mudéjares." (...) (Fonte: sítio oficial da Pousada do Crato, Flor da Rosa).
Enfim, uma bela e acolhedora terra de Portugal, muito mal conhecida, e que merece uma visita de fim de semana... Tem, por exemplo, mais de 70 antas, sendo duas monumentos nacionais. Os vestígios da ocupam humana têm mais de 5 mil anos...
Alto Alentejo > Crato > 2 de março de 2014 > R 5 de Outubro, antiga Rua da Cadeia
Alto Alentejo > Crato > 2 de março de 2014 > R 5 de Outubro, antiga Rua da Cadeia > Edifício da antiga cadeia municipal... Data do séc. XVIII. No 1º piso, funciona agora a biblioteca municipal.
Alto Alentejo > Crato > 2 de março de 2014 > R 5 de Outubro, antiga Rua da Cadeia > Janela, gradeada da antiga cadeia, donde os presos podiam assistir à missa (e outras cerimónias litúrgicas), na capela em frente, a de Nossa Senhora do Bom Sucesso
Alto Alentejo > Crato > 2 de março de 2014 > R 5 de Outubro, antiga Rua da Cadeia > Janela da capela de Nossa Senhora do Bom Sucesso, mandada construir em 1755.
Alto Alentejo > Crato > 2 de março de 2014 > R 5 de Outubro, antiga Rua da Cadeia > Fachada da capela de Nossa Senhora do Bom Sucesso, mandada construir em 1755, por uma piedosa senhora, com o único propósito de permitir aos reclusos da cadeia (que ficava em frente) assistirem a cerimónias religisoas
Alto Alentejo > Crato > 2 de março de 2014 > R 5 de Outubro, antiga Rua da Cadeia > Folheto afixado, na parte interior, da janela da capela de Nossa Senhora do Bom Sucesso, onde se dá uma bereve explicação da sua origem e função
Alto Alentejo > Crato > 2 de março de 2014 > R 5 de Outubro, antiga Rua da Cadeia >Janela da da antiga cadeia e, do outro da rua, a janela, envidraçada, da capela de Nossa Senhora do Bom Sucesso,
Alto Alentejo > Crato > 2 de março de 2014 > R 5 de Outubro, antiga Rua da Cadeia > Aspeto parcial do piso térreo da antiga cadeia.
Caro Luís:
Obrigado pela notícia de tua passagem pelo Crato (*)
Realmente o meu telefone fixo mudou de número, mas qualquer pessoa dizia onde me encontrares, pois não existe outro Manuel Mata neste Concelho.
Tenho pena sinceramente de assim ter acontecido.
Não sou natural do Crato, mas sim de Marvão, criei-me em Portalegre, quando vim da Guiné, emigrei para a Escola de Nisa e a seguir fui abrir a do Gavião. Logo depois vim abrir a do Crato e aqui fiquei.
Aqui no Crato faz-se anualmente um almoço convívio da rapaziada, natural ou residente, que esteve na Guiné.
Achei interessante o repto lançado para as três fotos (*), também é notória a falta de conhecimento da nossa história. Diga-se de passagem não era fácil para quem não conheça o que foi a antiga prisão, agora Biblioteca Municipal no 1º piso.
Amigo, numa outra passagem por estas bandas espero por ti ou outros que queiram bater à porta.
Um abraço
MMata
Tel. (...)
Telm. (...)
2. Comentário de L.G.:
(....) Meu amigos zzz... Crato! É Crato! Agora o que são precisas são 'legendas'.... O que o Rosinha escreve faz algum sentido. Podia ser: "A Paz, para lá das grades". Ou então: "Aproveita a solidão para reflectir". Há mais, mas seguem estas agora. (...)
A singuraliddae da foto é que apanha, do outro lado da rua, a janela envidraçada da "capela da cadeia"... É percetível uma imagem de uma santa, a Nossa Senhora do Bom Sucesso...
A todos muito obrigado pela participação. E a próxima vez que lá voltar prometo procurar o nosso amigo Manuel Mata, camarada do meu tempo do leste, que esteve em Bafatá (EREC 2640, 1969/71).
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Nota do editor
(*) Vd. poste de 15 de março de 2014 > Guiné 63/74 - P12840: Fotos à procura... de uma legenda (24): Por terras de além-Tejo... (Luís Graça)
(*) Vd. poste de 15 de março de 2014 > Guiné 63/74 - P12840: Fotos à procura... de uma legenda (24): Por terras de além-Tejo... (Luís Graça)
Guiné 63/74 - P12859: Brochura, "Deveres Militares", SPEME, 2ª ed, 1969 (Fernando Hipólito): Parte II: Era longa a lista dos nossos deveres militares (e curta a dos direitos): Aí vão mais, do 11º ao 20º
Continuação da reprodução da brochuira "Deveres Militares", onde naturalmente não se fala... de direitos... A lista dos deveres de um miliatar é (ou era) longa...Publicamos mais dez... Fonte: "Deveres Militares", 2ª edição, SPEME, 1969. A 1ª edição é de 1963. E há uma 4ª edição de 1973. (*)
1. O documento chegou-nos, digitalizado, por intermédio do Fernando Hipólito e César Dias.
O Fernando Hipólito [, foto atual à esquerda, ] é o nosso novo grã-tabanqueiro, com o nº 650...
Passou pelo CISMI, Quartel da Atalaia, Tavira, 3º turno, 1968.
Foi fur mil, CCAÇ 2544, Angola, 1969/71.- Esteve a maior parte do tempo no leste, em Lumege.
_____________
Nota do editor:
(*) vd.poste de 19 de março de 2014 > Guiné 63/74 - P12856: Brochura, "Deveres Militares", SPEME, 2ª ed, 1969 (Fernando Hipólito): Parte I: Os dez primeiros deveres de um militar...
(*) vd.poste de 19 de março de 2014 > Guiné 63/74 - P12856: Brochura, "Deveres Militares", SPEME, 2ª ed, 1969 (Fernando Hipólito): Parte I: Os dez primeiros deveres de um militar...
Guiné 63/74 - P12858: In Memoriam (186): Maria Alice de Sousa Loureiro Costa (1948-2014), esposa do nosso camarada António da Costa Maria (ex-Fur Mil Cav, Esq Rec Fox 2640, Bafatá, 1969/71)
1. A triste notícia, esperada há dias, surgiu ontem, a Alice, esposa do nosso camarada e tertuliano, António da Costa Maria [foto à direita], (ex-Fur Mil Cav do Esq Rec Fox 2640, Bafatá, 1969/71), acabava de falecer depois de ter lutado estoicamente contra uma doença que fatalmente a havia de vencer.
O António Maria foi um exemplar companheiro, que durante 24 horas de cada dia, nos últimos dois ou três anos, particularmente, velava pela sua esposa, indiferente ao desfecho, inevitável, que se aproximava.
Quem de perto o acompanha, como alguns do amigos mais próximos, sabe que ele foi um marido, um amante e um enfermeiro. Sabemos que a Alice foi estimada, mesmo quando já não conseguia comunicar. O nosso velho amigo Tone Maria é um exemplo, diria, o nosso herói.
A nossa amiga Maria Alice, esposa do António Maria, foi aluna da Escola Industrial e Comercial de Matosinhos, onde começaram o seu namoro ainda muito jovens, ele com 15 anos e ela com 13. Namoraram cerca de 10 anos, e após o regresso da Guiné, casaram. Fruto desse casamento há dois jovens filhos que hoje choram a perda da mãe, o Pedro e o Nuno. A Alice deixa também em profunda dor a sua mãe, uma senhora com mais de 90 anos, também a cargo do nosso camarada.
Ontem à noite pude verificar o quanto abatido está o nosso velho amigo, tal a canseira a que foi sujeito ao longo de anos, tratando esposa e sogra. Oxalá recupere tão rápido quanto possível. A família e os amigos vão dar uma mãozinha.
O funeral da Alice sairá hoje às 15h30 da Capela do Corpo Santo com destino à Igreja Matriz de Leça da Palmeira, onde será celebrada Missa de Corpo Presente. Repousará definitivamente no Cemitério n.º 1.
Ao António Maria, à senhora sua sogra, aos filhos Nuno e Pedro, netos e demais familiares, em nome da tertúlia, apresento os nossos mais sentidos pêsames e a certeza de que eles não estão sós nesta hora tão dolorosa.
____________
Nota do editor
Último poste da série de 6 DE MARÇO DE 2014 > Guiné 63/74 - P12796: In Memoriam (185): Victor Manuel Amaro dos Santos (1944-2014), cor art ref, ex-cap art, cmdt, CART 2715 (Xime, 1970/71)...
O António Maria foi um exemplar companheiro, que durante 24 horas de cada dia, nos últimos dois ou três anos, particularmente, velava pela sua esposa, indiferente ao desfecho, inevitável, que se aproximava.
Quem de perto o acompanha, como alguns do amigos mais próximos, sabe que ele foi um marido, um amante e um enfermeiro. Sabemos que a Alice foi estimada, mesmo quando já não conseguia comunicar. O nosso velho amigo Tone Maria é um exemplo, diria, o nosso herói.
A nossa amiga Maria Alice, esposa do António Maria, foi aluna da Escola Industrial e Comercial de Matosinhos, onde começaram o seu namoro ainda muito jovens, ele com 15 anos e ela com 13. Namoraram cerca de 10 anos, e após o regresso da Guiné, casaram. Fruto desse casamento há dois jovens filhos que hoje choram a perda da mãe, o Pedro e o Nuno. A Alice deixa também em profunda dor a sua mãe, uma senhora com mais de 90 anos, também a cargo do nosso camarada.
Ontem à noite pude verificar o quanto abatido está o nosso velho amigo, tal a canseira a que foi sujeito ao longo de anos, tratando esposa e sogra. Oxalá recupere tão rápido quanto possível. A família e os amigos vão dar uma mãozinha.
O funeral da Alice sairá hoje às 15h30 da Capela do Corpo Santo com destino à Igreja Matriz de Leça da Palmeira, onde será celebrada Missa de Corpo Presente. Repousará definitivamente no Cemitério n.º 1.
Ao António Maria, à senhora sua sogra, aos filhos Nuno e Pedro, netos e demais familiares, em nome da tertúlia, apresento os nossos mais sentidos pêsames e a certeza de que eles não estão sós nesta hora tão dolorosa.
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Nota do editor
Último poste da série de 6 DE MARÇO DE 2014 > Guiné 63/74 - P12796: In Memoriam (185): Victor Manuel Amaro dos Santos (1944-2014), cor art ref, ex-cap art, cmdt, CART 2715 (Xime, 1970/71)...
Guiné 63/74 - P12857: Blogpoesia (369): No equinócio da primavera, no dia internacional da felicidade e na véspera do dia mundial da poesia... Poetas da guerra, da paz e do amor, acordai!
1. Sábado de sol...
por J. L. Mendes Gomes
Casei-me num sábado de sol,
Com a terra negra,
Florida em pradaria.
Voavam pássaros em bando.
E muitas borboletas,
De cores garridas,
Batiam suas asitas desconexas,
Beijando as pétalas reluzentes.
Houve um cortejo longo
De nuvens brancas,
Lá no alto,
Pareciam caravelas,
Num mar azul,
Carregadinhas de esperança
E de promessas,
A caminho do oriente.
Ouviu-se coros magnos,
De tantas vozes lindas,
Em uníssono,
E a sinfonia potente e cristalina
Duma orquestra.
Chegaram reis,
Engalanados,
De todas as casas reais
Da Família em festa.
Recebi, ufano,
A mão da noiva,
Sorridente,
Em estado puro,
Das mãos do Pai,
Junto ao altar.
Choveu orvalho, em gotas d’oiro,
Sobre os olhos de convidados.
Choveram palmas,
Muitas flores,
Muitos sorrisos,
Quando jurámos amor
Para todo o sempre...
Ali, à frente.
Ouvindo Lohengrin, de Wagner > Marcha nupcial
Mafra, 20 de Março de 2014, 8h20m
Joaquim Luís Mendes Gomes
2. Amanhã, 21, é Dia Mundial da Poesia
E a sinfonia potente e cristalina
Duma orquestra.
Chegaram reis,
Engalanados,
De todas as casas reais
Da Família em festa.
Recebi, ufano,
A mão da noiva,
Sorridente,
Em estado puro,
Das mãos do Pai,
Junto ao altar.
Choveu orvalho, em gotas d’oiro,
Sobre os olhos de convidados.
Choveram palmas,
Muitas flores,
Muitos sorrisos,
Quando jurámos amor
Para todo o sempre...
Ali, à frente.
Ouvindo Lohengrin, de Wagner > Marcha nupcial
Mafra, 20 de Março de 2014, 8h20m
Joaquim Luís Mendes Gomes
2. Amanhã, 21, é Dia Mundial da Poesia
Amigos e camaradas, filhos, netos, bisnetos e por aí fora de Camões e dos nossos maiores bardos (e bardas)...
Amanhã é dia mundial da poesia...
E a gente não celebra ?
Não há para aí uma cantiga de amigo, escondida no baú ? Ou uma cantiga de escárnio e maldizer ? Um soneto ? Uma simples quadra ?
Poetas da guerra, do amor, da paz, acordai!...
Vamos lá mostarr esses talentos... Desculpem se o lembrete vem muito em cima da hora...
Um alfabravo fraterno. Luís Graça
Um alfabravo fraterno. Luís Graça
PS - Já recebi logo de manhã, em menos de uma hora, poemas de: José Brás. Jaime Machado, José Teixeira, Manuel Amaro e Joaquim Mexia Alves... Que serão publicados amanhã. (Este pedido circulou internamente pelo correio da Tabanca Grande, logo de manhã).
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Nota do editor:
Último poste da série > 24 de fevereiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12768: Blogpoesia (368): Cinco cartas aos Continentes... (J. L. Mendes Gomes)
quarta-feira, 19 de março de 2014
Guiné 63/74 - P12856: Brochura, "Deveres Militares", SPEME, 2ª ed, 1969 (Fernando Hipólito): Parte I: Os dez primeiros deveres de um militar...
Reproduzção das cinco primerias folhas da brochura "Deverese Militares", 2ª edição, SPEME, 1969. A 1ª edição é de 1963. O documento chegou-nos, digitalizado, por intermédio do Fernando Hipólito e César Dias.
1. O César Dias mandou-nos ontem mais uma brochura que era distribuída na instrução militar:
Boa noite, Luis:
O nosso amigo Hipólito tem um baú bastante fundo, tirou mais esta. Dá uma olhada pode ser que dê para uns postes humoristicos.
Um abraço
César
César
Olá, .César: Aqui vai ,ais um livrinho que nos davam, sobre os deveres miliatres, um edição de 1969. Se interessar, envia ao blogue. Tenho mais, vou enviando a pouco e pouco. Abraço, Hipólito.
2. Comentário de L.G.:
César, doa noite, o Fernando ficou com a arca de Noé!... Que rico baú, e que grande aquisição fez a Tabanca Grande...
Mas, ó Fernando, a gente também quer histórias de amor, paz e guerra... A história do miúdo merece ser contada!...
Um abração. Luis
3. Resposta do Fernando Hipólito:
Meus Amigos
Histórias de paz, amor e guerra... Vou tentar arranjar algo desse género, passadas no meu mundo da tropa. Tentarei algo que pode ter acontecido em qualquer parte do território Português,em tempo de Guerra. Vou colaborar no que me for possível.
Abraço, Fernando Hipólito.[ex- fur mil, CCAÇ 2544, Angola, e em especial Lumege, 1969/71; o pessoal tem um blogue, desde janeiro de 2006, animado pelo Zé Oliveira e onde o Fernando Hipólito também colabora]
4. Referência bibliográfica desta brochura, na Biblioteca do Exército:
Título: Deveres Militares
Edição: 1ª ed. - 1963, 4ª ed.- 1973
Publicação: [S.l.] : SPEME
Descrição física: pag. var. : fig. ; 15 cm
Colecção:(Regulamentos)
ISBN:(brochado)
Assuntos: Deveres Militares
Cota: 901 BER 2 exemp.
Tipo de documento:Texto impresso
País de publicação:PT
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