sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Guiné 63/74 - P14304: Agenda cultural (380): V. N. Famalicão, Museu Bernardino Machado: ciclo de conferências 2015: Portugal na 1ª Guerra Mundial, pelo Cor Aniceto Afonso, hoje, às 21h30




1. Mensagem encaminhada

De: Museu Bernardino Machado

Data: 25 de fevereiro de 2015 às 16:44

Assunto: Convite - Ciclo de Conferências 2015 - Coronel Aniceto Afonso - 27/02

Sinta-se convidado!

O Ciclo de Conferências 2015 é acreditado pelo CFAE de V. N. de Famalicão para os professores dos grupos 200, 300, 400, 410, 420 e 430. 

Inscreva-se já, em http://www.bernardinomachado.org/





Museu Bernardino Machado

Rua Adriano Pinto Basto, n.º 79

4760-114 Vila Nova de Famalicão

Telef. 252 377 733

Site: www.bernardinomachado.org

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Nota do editor:

Último poste da série > 24 de fevereiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14293: Agenda cultural (383): Lançamento do livro "Dez Décadas de Força Aérea", dia 4 de Março de 2015, às 17h30, no Auditório do Estado Maior da Força Aérea, Av. Leite de Vasconcelos, 4 - Lisboa

Guiné 63/74 - P14303: Parabéns a você (869): Luís Moreira, ex-Alf Mil Sapador do BART 2917 e BENG 447 (Guiné, 1970/71)

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Nota do editor

Último poste da série de 26 de Fevereiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14299: Parabéns a você (868): João Carlos Silva, Amigo Grã-Tabanqueiro, ex-1.º Cabo Esp MMA (Força Aérea Portuguesa, 1979/82)

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Guiné 63/74 - P14302: Recordando a Operação Revistar (Mário Vitorino Gaspar, ex-Fur Mil Art MA da CART 1659)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Vitorino Gaspar (ex-Fur Mil At Art e Minas e Armadilhas da CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68), com data de 11 de Fevereiro de 2015:

Caros Camaradas:

Envio-lhes a “Operação Revistar”, quando da sua preparação, mereceu decerto a atenção devida, até pela ambição do projecto. Destruição de acampamentos; capturar o chefe Nino Vieira e apanhar armamento e documentação do PAIGC. Era obra…

Enquanto a NT, principalmente os nossos Comandantes Militares, planeavam a Acção mortífera, o “nosso deles” Serviço de Informação, funcionou ao contrário. O informador “jogava com um pau de dois bicos”, toda a Guiné sabia, e mais que eu… talvez até o nome da Operação.

Grande fracasso! E como existe medo de se contar a verdade, surge a mentira. Vivi tudo isto.
Estive dias beliscando papéis no Arquivo Histórico-Militar. Encontrava um, faltava-me outro, mas reuni estes elementos. Tenho fotocópias de tudo, poderia ter escrito mais. Gostava de saber por que razão camaradas da CCAÇ 1620 não respondem aos meus mails, e um até foi mal educado, porque nem sequer lhe tinha dito quem era já me tinha respondido que “não queria comprar nada”.

Por que razão na História da Unidade da CCAÇ 1620 não falam desta Operação?

Um abraço
Mário Vitorino Gaspar




OPERAÇÃO REVISTAR

Acabado de gozar Licença na Metrópole, em Bissau só se falava de uma Operação a efectuar no Sector 2, onde a CART 1659 estava agregado em termos operacionais por ser no caso uma Companhia Independente.

Escrevi uma carta à minha mulher que “estava já farto de Bissau, porque aqui só se fala em guerra”. Sou chamado ao Quartel-General, encontrava-me hospedado no Hotel Portugal, e lá me foi dito que tinha de partir com urgência para Gadamael. Respondi que não tinha transporte nos barcos tão depressa, e disseram para ir ao aeroporto que partiria de avioneta para Gadamael Porto. 

Pouco descansei, seguimos com um Grupo para Mejo a 30 de Novembro. A CCAÇ 1591 partiu para a Operação. O ambiente, passado pouco tempo era escaldante, tínhamos conhecimento do que se ia passando. Surgiam muitos evacuados por insolações. Analisei militarmente a situação e concluí que iríamos todos os que fazíamos a segurança a Mejo, chamados a intervir na Operação. 

Comecei por escrever cartas de despedida para os familiares, namoradas e amigos. Entreguei-as em mão a um camarada Furriel Miliciano de Mejo, pedindo-lhe que as guardasse, e no caso de não regressar que as colocasse no Correio. Conhecia bem Mejo, Quartel onde estava destacada a CCAÇ 1591, comandada pelo Capitão de Infantaria Luís Carlos Loureiro Cadete. O então Capitão Cadete já era meu conhecido do CISMI, em Tavira. Tinha sido o meu Comandante do Pelotão da Especialidade de Armas Pesadas, Especialidade que iniciara a Agosto de 1965. Ele na altura era Alferes, a famosíssimo Alferes Cadete, tão conhecido por todos os Sargentos Milicianos.

Mas a “Operação Revistar”, e segundo o que se pode ler na História da Unidade da CART 1613, destacada em Guileje, não se desenrolou de 1 a 3 e de 6 a 7 de Dezembro de 1967, já teriam sido efectuadas outras Operações Secundárias da “Operação “Revistar”, por parte da CART 1612, com Montagem de uma base de fogos em Nhacobá (com Pelotão de Morteiros 1086, Pelotão de Milícias 137 e CCAÇ Nativos). Causaram ao IN 5 feridos confirmados. As NT sofreram 1 morto, 3 feridos graves e 6 ligeiros. 

Também existem sinais da intervenção da CCAÇ 1622, Patrulhamento e Emboscada no “Corredor de Guileje” onde as NT foram flageladas à distância. Isto no dia 27 de Novembro de 1967.

A CCAÇ 1622 viria a ser a maior vítima da “Operação Revistar”, que tinha por objectivo a Acção ofensiva em diversos acampamentos do PAIGC e o aprisionamento do chefe Nino Vieira. Participaram na “Operação Revistar”, a CCAÇ 1622; CCAÇ 1591; CCAÇ 1624 e CART 1613.

No dia 3 (de dezembro de 1967), teve a Companhia, 3 feridos (um Oficial, um Sargento e um Soldado; 18 evacuados por esgotamento físico e dois por doença).

No dia 6, repete-se a Operação, e para além das Companhias que tinham estado na 1.ª Acção no terreno, foram reforçados com a minha CART 1659 e CCAÇ 1620.

Na História da Unidade da CCAÇ 1620, nem uma linha sobre a “Operação Revistar”, entretanto esteve lá.

Na História da Unidade da CART 1659 consta:

“De 1 a 3 e de 6 e 7 de Dezembro de 1967, feita a Operação Revistar, uma Acção ofensiva na Península de Salancaur, tendo as forças da CART 1659 colaborado numa primeira fase, montando segurança ao aquartelamento de Mejo. Numa segunda fase, participaram da operação juntamente com as forças da CART 1613 e CCAÇ 1591, 1622 e 1624. Os objectivos previstos não foram atingidos devido ao esgotamento físico das nossas tropas”.

Na História da Unidade da CCAÇ 1591, repetem-se as dificuldades que a NT teve ao percorrer matas fechadas, calor intenso o que provocou o agravamento do estado físico das NT. Termina dizendo que a Companhia acusou, notoriamente, as 5 noites ao relento, dormindo no chão e a falta de alimentação capaz, antes de iniciar a Operação.

Na História da Unidade da CCAÇ 1624, repete-se o mesmo, só com mais 15 evacuações (1 Oficial e 1 Sargento), não existindo condições para se concluir a Operação.

No dia 7 de Dezembro encontrei-me com o Comandante da “Operação Revistar”, o Capitão Luís Carlos Loureiro Cadete. Estranho,  por nunca nos termos encontrado, quando ia tantas vezes a Mejo e a sua CCAÇ 1591 as visitas que fazia a Gadamael Porto. Olhou-me, e reconheceu-me. Mesmo junto da bolanha, com a zona a atingir escondida, faziam-se evacuações. O helicóptero ali perto, e foi ele que iniciou a conversa. Perguntou-me o que pensava da Operação.

- Quem está a sobrevoar sobre nós a todo o momento, e que ao mesmo tempo nos localiza? -  perguntei eu.

Respondeu que era o Comandante da Operação. Falei-lhe que toda a Guiné, de certeza sabia daquela Operação, e qual a razão do Comandante da Operação não pisar terra e ver o estado de espírito das NT.. Com certeza que o PAIGC se juntara todo na Península de Salancaur. Respondeu-me que, segundo informações recolhidas,  o PAIGC tinha 20 Canhões S/R, apontados para a bolanha, bolanha essa por onde entraríamos.

Segundo o que se dizia, Paraquedistas, Fuzileiros e Comandos actuariam do lado oposto da bolanha, depois de nós iniciarmos o avanço. Logo após os primeiros passos cairiam sobre nós e poucas possibilidades de sobreviver. O Capitão chamou o Comandante a terra, saiu de um helicóptero com um camuflado acabado de sair do Casão, muito gordo.

Passado pouco tempo dão-nos ordens para irmos para Mejo. Caminhada rápida. Lembro-me que nem um gole de água bebera do cantil. Perguntei a todos se tinham sede. Ninguém quis. A dentadinha na palha verde do capim era eficaz, molhava os lábios. Rindo, depois de ouvir de todos que não queriam água, despejei o cantil sobre a cabeça. Chegado a Mejo, pedi as cartas ao Furriel Miliciano, meu camarada e rasguei- as. Bebi a minha dose de cerveja. Seguimos de imediato para Gadamael.

Não se entende a razão de logo no dia seguinte o Capitão de Infantaria Luís Carlos Loureiro Cadete foi em coluna auto para Cacine, e no dia 10 embarcou com destino a Buba, via Bolama. Buba (curiosamente era a Sede do Sector 2 em termos operacionais). Foi afastado devido ao fracasso da Operação Revistar? Não sou capaz de encontrar uma outra resposta. Não conheço nenhuma rendição nestes termos.

Sobre a actividade da Força Aérea nada é focado, mas que a aviação esteve lá não me podem negar. Dias antes já actuava, e em força, bombardeando constantemente a Península de Salancaur.

Em relação aos motivos que levaram que a Operação não fosse concluída, todos falam em desgastes nas NT.

Estavam Paraquedistas, Fuzileiros e Comandos do lado contrário da Bolanha? E a aviação?

Uma Grande Operação falhada. Quem foram os culpados?

Estes também foram para mim dias horríveis, 7 dias consecutivos que não esqueço.

Nota: - Pena que o Blogue não tenha camaradas destas Companhias. Ou tem? Colaborem para tentarmos encontrar uma resposta. Assim se pode colocar a verdade na história da Guerra Colonial.

Mário Vitorino Gaspar

Guiné 63/74 - P14301: Pensamento do dia (20): "Em Mueda, os cordeiros que entram, são lobos que saem. Adeus, checas". (Grafito, c. 1968/70)


Moçambique > Mueda > CART 2369 (1968/70) > O 2º sargento miliciano Sérgio Neves (que também passou pela Guiné), irmão do nosso camarada Tino Neves, junto a um mural onde se lê: "Em Mueda, os cordeiros que entram, são lobos que saem. Adeus,  checas". Recorde-se que o checa, em Moçambique, era o nosso pira ou periquito, na Guiné (ou maçarico, em Angola). (**)

Foto: © Tino Neves (2007). Todos os direitos reservados.[Editada por L.G.]


1. Comentário do editor:

Pode ser uma boa frase ou um pretexto para uma reflexão à volta do tema da sondagem desta semana (*). Em que   medida a guerra muda os combatentes, física e psicologicamente ? E como é que os antigos combatentes, nomeadamente os que passaram pelo TO da Guiné,  se veem hoje, 40 ou 50 anos depois ?... Obviamente, o grafito (a frase inscrita na parede, algures num quartel em Mueda, no norte de Moçambique,. por volta de 1968/70) não tem que ser tomado à letra... Tem um sentido figurado. (**)

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(**) Último poste da série > 25 de fevereiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14297: Pensamento do dia (19): A sociedade de Brunhoso (Francisco Baptista)

Guiné 63/74 - P14300: História do BART 3873 (Bambadinca, 1972/74) (António Duarte): Parte XXII: novembro de 1973: crescente africanização da guerra de contraguerrilha no setor L1: são a CCAÇ 12 e a CCAÇ 21, constituídas por militares do recrutamento local, quem se arrisca a ir à sempre temida região do Poindom / Ponta do Inglês


Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > c. 1970/72 > Paisagem típica da bacia hidrográfica do rios Geba e Corubal.

Foto: © Benjamim Durães (2010). Todos os direitos reservados.


1. Continuação da publicação da História do BART 3873 (que esteve colocado na zona leste, no Setor L1, Bambadinca, 1972/74), a partir de cópia digitalizada da História da Unidade, em formato pdf, gentilmente disponibilizada pelo António Duarte (*)

[António Duarte, ex-fur mil da CART 3493, a Companhia do BART 3873, que esteve em Mansambo, Fá Mandinga, Cobumba e Bissau, 1972-1974; foi transferido para a CCAC 12 (em novembro de 1972, e não como voluntário, como por lapso incialmente indicamos); economista, bancário reformado, formador, com larga experiência em Angola; foto atual à esquerda].

O destaque do mês de novembro de 1973 (pp. 74/77) vai para:

(i) fraca atividade do IN no setor L1 (Bambadinca), com flagelações ao Enxalé e ao Xime; intensificação da atividade no sul da província, no subsetor de Cobumba (onde o BART 3873 tinha uma companhia destacada, a CART 3493, que antes guarnecia  Mansambo);

(ii) crescente pressão do PAIGC sobre as populações sob o seu controlo na zona de Madina/Enxalé;

(iii) crescente "africanização da guerra de contraguerrilha" no setor L1: são a CCAÇ 12 (agora unidade de quadrícula do Xime) e a CCAÇ 21 (unidade de intervenção ao serviço do comando do BART 3893), ambaS "constituídas por militares do recrutamento provincial", quem se arrisca a ir à sempre temida região do Poindom / Ponta do Inglês; percebe-se: os "tugas" do BART 3893 estão em fim de comissão;

 (iv) a CCAÇ 21, comandada pelo ten comando graduado Jamanca,  tinha regressado ao setor L1 (Bambadinca), vinda do setor L6 (Pirada); a ela pertencia o nosso saudoso Amadu Bailo Jaló (1940-2015), com o posto de alferes comando graduado;

(v) visita,  a Bambadinca, de jornalistas brasileiros e dinamarqueses.

(vi) reafirmação do "perfeito entendimento" entre civis e militares e entre militares europeus e guineenses;

(vii) atribuição do "13º mês", beneficiando os militares do recrutamento provincial;

(viii) Sexa Governador e Com-chefe, gen Bettencourt Rodrigues visita, pela 1ª vez, Bambadinca, no exercício das suas funções; guarda de honra constituída por uma companhia a três pelotões; 

(ix) preocupações, do comando do BART 3873,  com o crescente entendimento do Senegal com o PAIGC.










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Nota do editor:

Último poste da série > 26 de janeiro de  2015 > Guiné 63/74 - P14189: História do BART 3873 (Bambadinca, 1972/74) (António Duarte): Parte XXI: outubro de 1973: Flagelação, pela primeira vez, do reordenamento de Nhabijões, de maioria balanta, com parentes no mato...

Guiné 63/74 - P14299: Parabéns a você (868): João Carlos Silva, Amigo Grã-Tabanqueiro, ex-1.º Cabo Esp MMA (Força Aérea Portuguesa, 1979/82)

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Nota do editor

Último poste da série de 25 de Fevereiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14295: Parabéns a você (867): Gumerzindo da Silva, ex-Soldado Condutor Auto da CART 3331 (Guiné, 1970/72)

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Guiné 63/74 - P14298: (Ex)citações (262): A questão do afecto entre o povo de Portugal e o povo da Guiné-Bissau (Juvenal Amado)

1. Mensagem do nosso camarada Juvenal Amado (ex-1.º Cabo Condutor Auto Rodas da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74), com data de 7 de Fevereiro de 2015:


A questão de afecto entre nós e o povo da Guiné-Bissau

Hoje as nossas relações com o povo da Guiné, leio-as à luz da saudade daquela terra e da juventude que tinha quando por lá passei.

Éramos homens simples que foram conviver com gente simples e, ao contrário de outras potências coloniais, nós não tínhamos conceitos racistas, nem estávamos espartilhados por proibições de relacionamento com autóctones, antes pelo contrário era promovida num são relacionamento ditado pela “psicola” base da política de Spínola por uma "Guiné Melhor" com que ele contava ganhar a guerra. Essa política oficial tinha outras intenções que visavam atingir outros ganhos é verdade, mas na nossa educação nunca constou a palavra apartheid desde Afondo de Albuquerque, que promoveu a cruzamento dos portugueses das caravelas com as indígenas, dando origem ao termo que Deus criou o Homem e os portugueses criaram a mestiçagem da Índia, Ceilão, Brasil e África, bem sabemos que nem sempre pacifica.

Amizade ou necessidade.

Os guineenses guardam também muitas recordações e afectos agravados pelo falhanço das transformações políticas em que a independência se atolou na luta política, na corrupção e prepotência dos novos dirigentes, que rapidamente se esqueceram por que tinham feito a guerra e do bem-estar do seu povo e ao contrário disso, foram as vinganças sórdidas que tanto sangue fez correr. Mistura-se assim a necessidade com a amizade.

A esperança deu lugar à descrença. As infraestruturas que nós construímos bem como as que os países doadores puseram ao dispor dos novos governos, para a melhoria do nível de bem-estar das populações, deram lugar a elites e à sua destruição nos conflitos que após a independência eclodiram entre facções e etnias.

Depois do descalabro das instituições e a falência do estado pós-independência, os guineenses rapidamente se aperceberam do duríssimo caminho que tinham para percorrer sem a nossa economia de guerra, com milhares de soldados e milícias a receberem ordenado, a nossa assistência médica, e do comércio que era exercido juntos aos quartéis, bem como o apoio logístico que era dado às populações. Os últimos dez anos da nossa soberania sobre os territórios tinham resultado num salto em frente, em praticamente todos os sectores, o que se acabou por perder.

Não era nem devia ter sido assim e era espectável ser diferente. Devia esse povo ter seguido em frente e alcançar o que não tinha conseguido, até ali governado por outros interesses que não os seus. Não sabiam que tudo isso estava a custar demasiado a Portugal e que a nossa economia não podia suportar por muito mais tempo aquele estado de coisas, talvez devido à estreiteza da visão política e económica com que Lisboa olhou para os territórios ultramarinos durante décadas, onde praticamente se impediu o crescimento e a autossustentabilidade.

Apesar de tudo, as nossas relações hoje são pautadas pela a ajuda solidária a nível de organizações que vivem das contribuições de ex-militares e pouco ou nada a nível institucional. Ainda há dias li o que escreveu uma cooperante quanto às dificuldades em desbloquear equipamentos, bem como medicamentos, pelos serviços aduaneiros excessivamente “zelosos e burocráticos” da Guiné-Bissau.

Mas quando falamos da Guiné, o coração amolece logo pois é um país muito pobre. Rapidamente são esquecidos os maus bocados que lá passámos, bem como os desmandos e razões que levaram parte dos guineenses, na esteira de outros povos africanos e asiáticos, a exigirem as suas autodeterminações antes mesmo de pegarem em armas.

Em abono da verdade essas exigências foram mal recebidas praticamente por todas as potências administrantes, que como se sabe os obrigou a lançarem-se em guerras contra a ocupação, e não poucas as vezes fratricidas, que levaram a utilização de uma violência entre eles muitas vezes superior à que foi utilizada contra os ocupantes.
Talvez muitos se tenham arrependido, mas quem sabe quantas pedras e curvas tem o caminho, antes de lá passar?

Mas tudo passou e nós nunca fomos maus rapazes e como tal, numa relação de irmãos ricos e pobres, hoje só não damos mais porque não podemos. E essa é a grande verdade.

Paz para eles e para nós que bem precisamos.

JA
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Nota do editor

Vd. último poste da série de > 20 de fevereiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14275: (Ex)citações (261): Uma coisa posso dizer com clareza: o povo guineense é um povo digno de admiração (Manuel Joaquim, membro da ONGD Ajuda Amiga)

Guiné 63/74 - P14297: Pensamento do dia (19): A sociedade de Brunhoso (Francisco Baptista)

1. Mensagem do nosso camarada Francisco Baptista, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2616/BCAÇ 2892 (Buba, 1970/71) e CART 2732 (Mansabá, 1971/72), com data de 21 de Fevereiro de 2015:


A Sociedade de Brunhoso

Volto a Brunhoso como quem volta ao principio do mundo, foi lá que começou para mim o despertar das sensações e dos sentidos. Recordo ainda a primeira vez em que me reconheci ao espelho, provavelmente será a recordação mais antiga que tenho. Sei que foi na varanda da casa dos meus avós maternos. Não sei porque estava esse espelho que até era bastante grande na varanda. Nunca mais esqueci a surpresa e o espanto ao descobrir que o miúdo, de olhos azuis e cabelo arrepiado e loiro, que do outro lado do espelho olhava para mim, não era ninguém, mas a minha imagem refletida.
Olhando para dentro de mim, fazendo a tal introspeção de que falam os psicólogos, vejo-me num espelho já baço, que me devolve uma imagem que não me entusiasma tanto como o espelho da varanda.

Embora me tenha procurado estudar ao longo de todos estes anos de vida, do que consegui entender pouco encontrei que não fosse comum aos meus semelhantes. Não vou falar de mim, não vou falar das minhas qualidades, se é que as tenho, nem nos meus defeitos. Já aprendi com a vida que nunca devemos ter uma opinião demasiado optimista de nós próprios, pois nesse caso daremos aos outros a imagem ridícula de pavões de plástico insuflados de vento. Também nunca devemos ter uma opinião demasiado pessimista pois isso pode ser a via para uma vida de queixumes e auto-comiseração que nos pode levar a um mau fim. O melhor é pensarmos que somos como a maioria, um entre tantos, perdidos ou despercebidos na multidão.

Ao olharmos com muita insistência para o nosso umbigo, podemos ter o desgosto de pouco ou nada conseguirmos ver para além dele..
O melhor é estarmos atentos às realidades exteriores, estarmos atentos aos outros pois vêm-se melhor e ao conhecê-los aprendemos a conhecer-nos a nós próprios pois não somos muito diferentes. Somos todos macacos que evoluíram e até aprendemos a escrever.

Hoje neste regresso às minhas origens procuro entender e perceber os meus conterrâneos de menino e jovem e os que os antecederam. Sobretudo procuro entendê-los na sua verticalidade, na sua honra, na sua lealdade de uns para com os outros, na sua fidelidade à palavra dada, na sua hospitalidade. Não fantasio, na minha infância e juventude tudo isto era autêntico, tudo isto era real.
Pela história que tenho lido de várias fontes, livros, jornais, revistas, testemunhos dos mais velhos procuro conhecer e interpretar esse povo de Brunhoso a que pertenço e compreender as suas vidas e comportamentos.

Pastor de Brunhoso
Foto retirada do Blogue Brunhoso, com a devida vénia ao seu autor

Brunhoso no passado foi uma sociedade de subsistência e como tal pobre, onde as pessoas viviam com muito trabalho e com pouca fartura. Nesse tipo de sociedade não há lugar ao desperdício nem ao supérfluo. Nesses tempos antigos as pessoas à noite, antes de se deitarem, acubilhavam o lume, para guardar brasas para o acender na manhã seguinte e dessa forma pouparem um fósforo. Comia-se o que dava a terra e a carne dos animais que cada um criava, as aves e o porco, do qual se aproveitava tudo, até as tripas para fazer o fumeiro. Na casa dos meus pais, lavradores remediados, recordo-me dos dias de segada, no pino do verão, em que eram chamados muitos homens à jeira. Nesses dias, os trabalhadores tinham que ser bem alimentados, pois estavam sujeitos a um esforço enorme, e a nossa alimentação em casa também melhorava. Eu que lhes ia levar muitas vezes as refeições às searas, gostava sobretudo de comer com eles, pelas nove horas da manhã, as sopas de centeio com azeite rijado, alho e colorau, cada um com uma colher cerca de oito por cada tacho.

Uma sociedade de subsistência é uma sociedade que vive do essencial e que tem um grande respeito por tudo o que é essencial, a vida, a morte, os alimentos como o pão, o azeite e o vinho, são produtos quase sagrados, necessários à vida e às cerimónias religiosas.

A grande alteração dos costumes dos valores e mentalidades fazem já parte da história da minha vida, pois terá acontecido nos anos 60, quando se dá a grande emigração para a França e outros destinos europeus.
A "fuga" para o estrangeiro estendeu-se a todas as famílias de trabalhadores da terra e sobretudo aos mais válidos. Brunhoso sofreu uma devastação enorme, uma sangria terrível. A partir daí as relações económicas e de trabalho ficaram alteradas.e tudo se vai modificar, os costumes, os valores, as mentalidades. Os terrenos eram pobres e só eram rentáveis porque a mão de obra era barata. Com a debandada dos trabalhadores a mão de obra escasseia e fica mais cara, a mecanização da lavoura é dispendiosa e o retorno que dá em rendimento é fraco ou nulo. Quando escrevi no P12388(*) sobre o dia das sortes, disse que quatro dos meus "praças" já tinham partido para Angola ou Brasil mas esqueci-me de referir que os outros três, que fizeram a inspeção comigo, vieram propositadamente de França, para "dar a tropa" segundo a expressão deles. Não sei se vieram por medo ou por amor à Pátria, pois a Pátria poucos benefícios lhe tinha dado além duma professora que os enchia de bofetadas e reguadas se não soubessem as lições de história e geografia.

A revolução de Abril de 1974 irá dar outra compreensão aos habitantes das aldeias e campos de Trás-Os-Montes e outras terras do interior, mas eles já tinham feito a sua revolução.

As revoluções anteriores, a Liberal e a Republicana, nada tinham alterado nas suas vidas, os seus parcos recursos e as condições de trabalho nos anos cinquenta do século passado, reportavam à Idade Média. Quando as condições são difíceis e não conseguimos melhorá-las a atitude mais inteligente obriga-nos a conformar-nos com elas e a procurar sermos felizes dessa forma. Nessa sociedade escalonada, entre trabalhadores sem terra, muito poucos, pois uma hortinha quase todos tinham, pequenos lavradores que embora tendo já alguns bens, eram obrigados a trabalhar para os outros, os dez ou quinze lavradores "remediados" pois sem ter que trabalhar para os outros e tendo que chamar outros nas colheitas, trabalhavam as suas terras. Restam os ricos, no topo da pirâmide, quatro famílias poderosas, cujos proprietários não trabalhavam e tinham muitos a trabalhar para eles. Mesmo estes ricos não viviam duma forma muito faustosa pois para pôr os filhos a estudar por vezes viam-se com dificuldades. Estas relações entre uns e outros com as suas diferenças e desníveis perdiam-se na bruma dos tempos pelo que cada qual as aceitava sem pensar em culpas ou injustiças, enfim era o destino de Deus.

Pobres ou ricos, todos eram amigos embora houvesse queixas, como há sempre nas relações entre homens. Por exemplo, patrão que dava pouco vinho aos trabalhadores era "falado" e pouco considerado entre eles.

Sem que houvesse qualquer sindicato, os trabalhadores nem conheciam tal palavrão, mesmo nesse tempo de ditadura faziam chegar algumas revindicações aos lavradores. Lembro-me de ouvir o meu pai, fixei-lhe as palavras, sem lhe conhecer todo o significado social, pertencia aos lavradores remediados, dizer para um irmão ou cunhado o seguinte:
- Olha que os homens este ano querem mais um escudo por jeira!

Nunca soube quem era o porta-voz das revindicações. As casas mais ricas, por vezes com bastante regularidade, outras vezes atendendo à miséria de alguns anos, eram bastante permissivas com os mais pobres e deixavam que eles fossem "roubar" lenha, pastar os animais para os seus lameiros e davam também bens de primeira necessidade como pão, batatas, azeite e até forragem para os animais. Precisavam todos uns dos outros, daí também esta "caridade", não de todo desinteressada. Esta era a sociedade ideal que o ditador sempre quis para Portugal, humildes, trabalhadores, tementes a Deus e respeitadores da ordem estabelecida. .
Porém esta sociedade não foi obra dele, pois esta é uma sociedade que vem de séculos antigos que os reis, os senhores feudais e a Igreja criaram. Afinal ele terá nascido e sido criado numa sociedade semelhante e quis reproduzi-la num país inteiro.
Como disse atrás, as revoluções liberal e republicana, mais viradas para as grandes cidades e o litoral, passaram muito longe do Portugal interior.

Com a emigração dos anos sessenta e setenta, surgem os trabalhadores, que à custa de muito trabalho, muitas privações e sacrifícios, amealham muitos milhares de francos que numa primeira fase servirão para adquirir algumas terras que nunca tiveram e construir casas com melhores condições na aldeia. A febre dos francos era tal que até um tio meu, um lavrador "remediado", bastante aventureiro, que nunca tinha trabalhado para outros, já com mais de cinquenta anos, resolveu ir "a salto" para a França. Só conseguiu aguentar lá meio ano pois as condições eram mais duras do que ele pensava.

Nessa sociedade medieval desnivelada e pacifica, vivi contente, outras vezes descontente, mas eram tempos de mais alegria e entusiasmo pois foram os anos da infância e da adolescência. Os homens dessas sociedades, condenados a viver num espaço confinado, onde os parentescos se cruzavam entre todos e até por vezes o mais pobre podia ser irmão do mais rico, e a terem que encarar-se quase diariamente eram obrigados a serem leais e solidários. As sociedades mais pobres, talvez por causa da escassez de bens materiais, cultivam bastante e gostam de o demonstrar com algum orgulho certos valores espirituais e sociais como a lealdade, a honra e a hospitalidade. Atente-se aos berberes e a algumas tribos de árabes. Não sei se consigo dar a razão mais correta desse comportamento.

Nesse meio pequeno, a palavra dada e a honra eram como moedas de troca que garantiam a qualquer habitante desse universo limitado que teria sempre um amigo por perto, em quem podia confiar, em caso de necessidade. A hospitalidade que se cultiva faz parte dessa sociedade comunitária que desde tempos antigos teve que se defender do frio, da fome, dos lobos ou outros animais selvagens. Essa hospitalidade estende-se aos forasteiros que são sobretudo habitantes de terras próximas ou até longinquas. Inicialmente terá sido instituída para alimentar os homens em trânsito ou deslocados posteriormente terá ficado como uma prática cavalheiresca.

Brunhoso, esse paraíso para uns e um campo de trabalhos para outros, mas onde afinal se coexistia com uma felicidade relativa, está a acabar, a emigração e os média, acabaram com a sociedade de subsistência e impuseram a sociedade de consumo, onde tudo tem um preço convertível em dinheiro, até a lealdade, a palavra e a honra. Essa sociedade de subsistência com a evolução e a globalização estava condenada a acabar.
Duma sociedade de miséria, desigual mas fraterna, passamos para uma sociedade individualista e miserável, onde temos que estar sempre precavidos dos aldrabões, traficantes e trafulhas. Ficamos abertos aos produtos que a sociedade moderna e tecnológica fabrica, muitos deles necessários porque o markting os impõe como tal. Ficamos expostos aos vendilhões do templo que se insinuam nas televisões no intervalo das telenovelas.

Hoje a minha memória vagueia entre cá e lá, entre essa sociedade antiga e fraterna mas desigual que obrigou muitos dos meus conterrâneos a dar sesse grande salto que lhes deu dinheiro mas também muita humilhação e sacrifícios e, a sociedade de consumo, sociedade de banqueiros e financeiros, homens sem rosto e sem honra que nos governam e nos roubam a dignidade e o dinheiro.
As experiências têm falhado, mas tem que haver uma sociedade alternativa.

Não podemos, não devemos esquecer que os portugueses descobridores, povoadores, viajantes, emigrantes, dispersos por toda a Terra, há quinhentos anos descobrimos os caminhos da Terra inteira.

Talvez possamos fazer mais essa descoberta. .

Um grande abraço a todos os camaradas
Francisco Baptista
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Notas do editor

(*) vd. poste de 4 de dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12388: Estórias avulsas (73): O Dia das Sortes na aldeia de Brunhoso (Francisco Baptista)

Último poste da série de 23 de fevereiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14289: Pensamento do dia (18): A guerra (colonial) e as nossas mulheres (Tony Borié / António Graça de Abreu)

Guiné 63/74 - P14296: Inquérito online: quando um irmão (e camarada) não "reconhece" outro irmão (e camarada)... Será que mudámos assim tanto nestes últimos 40/50 anos, com 3 de tropa e de guerra ?


António Carvalho, o "Carvalho de Mampatá", fur mil enf, CART 6250, Mampatá, 1972/74


O António Carvalho, hoje 


O Manuel Carvalho,  fur mil armas pesadas inf,  CCAÇ 2366 / BCAÇ 2845 (Jolmete, 1968/70)


O Manuel Carvalho, hoje

Fotos (e legendas): © Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2015). Todos os direitos reservados 


I. Assunto: Quando um irmão (e camarada) não "reconhece" outro irmão (e camarada)... Será que mudámos assim tanto ? 

Camaradas, será que mudámos assim tanto, física e psicologicamente, ao fim destes 40/50 anos ?...  Com um ano de tropa (ou mais) e dois de guerra ? Será que mudámos, até de fisionomia, ao ponto de um irmão mais velho (Manuel Carvalho) não conseguir reconhecer outro irmão, mais novo (o Carvalho de Mampatá, o Toni), numa foto de agosto de 1974, em Nhala ?

Recorde-se que:

(i) o Manuel Carvalho foi fur mil armas pesadas inf,  CCAÇ 2366 / BCAÇ 2845, Jolmete, 1968/70):
(ii) o António Carvalho, o "Carvalho de Mampatá", foi fur mil enf, CART 6250, Mampatá, 1972/74;
(iii) quatro anos os separam...

Comentário do Manuel Carvalho ao poste P14291 (*):

"Toni, já agora podias identificar o pessoal porque, apesar de sermos irmãos, nem a ti te reconheço e aos outros muito menos. Ao olhar para aqueles rostos não consigo ver ninguém com cara de querer continuar por ali. E tão pouco saber quem ganhou ou quem perdeu a guerra"... 

Este comentário diz "muito" sobre nós, ex-combatentes que estivemos no TO da Guiné... E é o tema da sondagem desta semana... (A questão é de resposta múltipla, admite mais do que uma resposta; votar, diretamnente, na coluna do lado esquerdo, no canto superior da página de rosto do blogue).

II. SONDAGEM: "AO FIM DESTES 40/50 ANOS, MUDEI MUITO, FÍSICA E PSICOLOGICAMENTE" (RESPOSTA MÚLTIPLA)


1. Sim, mudei muito

2. Mudei muito fisicamemte

3. Mudei muito psicologicamente

4. Não, não mudei muito

5. Não mudei muito fisicamente

6. Não mudei muito psicologicamente

7. Não sei
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Nota do editor:

(*) Vd. poste de 24 de fevereiro de  2015 > Guiné 63/74 - P14291: Fotos à procura de... uma legenda (53): Os "Unidos de Mampadá", à despedida, em Nhala, em agosto de 1974... (António Murta / António Carvalho / José Manuel Lopes)

Guiné 63/74 - P14295: Parabéns a você (867): Gumerzindo da Silva, ex-Soldado Condutor Auto da CART 3331 (Guiné, 1970/72)

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Nota do editor

Último poste da série de 24 de Fevereiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14290: Parabéns a você (866): António Cunha, ex-1.º Cabo da CCAÇ 763 (Guiné, 1965/66) e Manuel Henrique Quintas de Pinho, ex-Marinheiro Radiotelegrafista das LDM 301 e LDM 107 (Guiné, 1971/73)

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Guiné 63/74 - P14294: Convívios (653): Dia do Combatente de Gondomar, Sábado dia 7 de Março de 2015, Fânzeres (Carlos Silva)

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Nota do editor

Último poste da série de 24 de Fevereiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14292: Convívios (652): Encontro do pessoal do Batalhão de Cavalaria 3846 (Companhia Independente), dia 15 de Março de 2015, na Batalha (Delfim Rodrigues)

Guiné 63/74 - P14293: Agenda cultural (379): Lançamento do livro "Dez Décadas de Força Aérea", dia 4 de Março de 2015, às 17h30, no Auditório do Estado Maior da Força Aérea, Av. Leite de Vasconcelos, 4 - Lisboa

Lançamento do livro "Dez Décadas de Força Aérea", dia 4 de Março de 2015, às 17h30, no Auditório do Estado Maior da Força Aérea, Av. Leite de Vasconcelos, 4 - Lisboa


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Nota do editor

Último poste da série de 23 de fevereiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14288: Agenda cultural (382): Acaba de sair o livro de Sofia Branco, "As mulheres e a guerra colonial" (A Esfera dos Livros, 2015, 384 pp.)... Lançamento a 26 de fevereiro, na Póvoa do Varzim (Correntes d'Escritas) e 4 de março em Lisboa (A25A)

Guiné 63/74 - P14292: Convívios (652): Encontro do pessoal do Batalhão de Cavalaria 3846 (Companhia Independente), dia 15 de Março de 2015, na Batalha (Delfim Rodrigues)

Pede-nos o nosso camarada Delfim Rodrigues (ex-1.º Cabo Auxiliar de Enfermagem da CCAV 3366/BCAV 3846, Suzana e Varela, 1971/73) para publicarmos a alteração do Restaurante onde vai ser servido o almoço do Convívio publicado no Poste 14266*:


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Notas do editor

(*) Vd. poste de 16 de fevereiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14266: Convívios (650): Encontro do pessoal do Batalhão de Cavalaria 3846 (Companhia Independente), dia 15 de Março de 2015, na Batalha (Delfim Rodrigues)

Vd. último poste da série de 20 de fevereiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14278: Convívios (651): IX Encontro dos Combatentes do Ultramar do Concelho de Matosinhos, dia 7 de Março de 2014, em Leça da Palmeira (Carlos Vinhal)

Guiné 63/74 - P14291: Fotos à procura de... uma legenda (53): Os "Unidos de Mampadá", à despedida, em Nhala, em agosto de 1974... (António Murta / António Carvalho / José Manuel Lopes)


Foto 1A


Foto 1B


Foto 2A


Foto 2B

Guiné > Região de Tombali > Nhala (a nordeste de Buba) > 1974 > Agosto de 1974 >  Os "Unidos de Mampatá", em final de comissão, foram despedir-se dos "periquitos" de Nhala (2ª CCAÇ/BCAÇ 4513)... Recorde-se que a CART 6250 foi mobilizada, pelo RAP 2, partiu para o TO da Guiné em 27/6/1972 e regressou em 24/8/1974. Esteve em Mampatá e Ilondé.Comandante: cav mil inf  Luís de Jesus  Ferreira Marcelino, nosso grã-tabanqueiro.

Fotos (e legenda): © António Murta (2015). Todos os direitos reservados [Edição: LG]


1. Comentário do António Murta (*) [ex-alf mil inf , Minas e Armadilhas, 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513. Aldeia Formosa, Nhala e Buba, 1973/74]

Olá, José Carlos [Gabriel]. Então não te lembras do rapazinho do saco da TAP? Era o Alf Capelão e chegou a ir várias vezes a Nhala em diligências do seu ofício, sujeitando-se às partidas escabrosas dos alferes anfitriões.

Não recordo o nome dele, nem da maioria dos que aparecem nas fotos, embora me lembre de todos. Agora sei os nomes do António Carvalho (camisa aberta, cinturão, cigarro na boca), e do José Manuel Lopes (à esquerda, camisola azul, bigodinho), porque os encontrei aqui na Tabanca Grande. 

Já quanto ao Alf Carlos Farinha, (por trás à esquerda, de óculos escuros, a esconder-se do fotógrafo, aliás, todos os alferes ficaram na parte de trás do grupo), quanto a ele, dizia, nunca me esqueci do seu nome nem do seu rosto, porque chegámos a ser parceiros de "quarto", aquando da minha estadia em Mampatá com o meu Grupo de Combate. 

O Capelão, confesso, não sei se pertencia à CART 6250 de Mampatá. Que eram todos camaradas magníficos, não tenho dúvidas, Cap Luís Marcelino incluído, também ele camarada tabanqueiro.

António Murta (ou só Murta, para os conhecidos!)

22 de fevereiro de 2015 às 00:35 


2. Comentário do António Carvalho (*) [ex-Fur Mil Enf da CART 6250/72, Mampatá, 1972/74]

Com referência à 2ª foto [2A e 2B]

Na cabine do Unimog: o Zé Manel, da Régua, na frente, de calções às riscas;  e, por trás, o Nina (Mecânico). [Foto 2A]

Entre as Bandeiras: na frente o levanta-minas (Vilas Boas) , de óculos, sentado [Foto 2A]; por trás,  o Vieira da Madeira, de cigarro na boca e bandeira na mâo; por trás deste, o Carlos Farinha (só se lhe vê a cabeça) era o Alferes que substituía o Capitão [Foto 2A].

À direita das bandeiras ( da esquerda para a direita): Quarto da frente, Rato (de camisola vermelha), eu (de camisa camuflada, calças nº 1 e chinelos de dedo), o capelão do Batalhão e o Simões (professor da companhia) [Foto 2B].

Sete de trás: Benvindo ?  Transmissões? Alferes do Pel Caç Nat,  Pinto... O rapaz da camisa à Jimmy Hendrix, seria o  Murta? Alferes Esteves, de Mirandela e o Fernandes de Lisboa (cigarro na mão esquerda) [Foto 2B] (**)

Carvalho de Mampatá

22 de fevereiro de 2015 às 03:37


3. Poema do Josema [José Manuel Lopes], já aqui publicado há uns largos atrás, e onde se evocam alguns dos supracitados "Unidos de Mampatá" (***)... 

[Na altura, em março de 2008, ainda não o conhecia pessoalmente, falávamos ao telefone... Dele escrevi que se tratava de "uma voz muito original, pessoal, uma surpreendente revelação da escrita poética sobre a guerra colonial na Guiné".] (LG]

Calor, cansaço, suor,
saudades de tudo
e de um rio...
mas podia ser pior,
pois há ali o Corubal
com sombras e água boa;
nem tudo é mau, afinal,
não é o Douro, eu sei,
nem o Tejo de Lisboa,
são outros os horizontes,
falta o xisto e o granito,
as encostas e os montes,
mas diga-se, na verdade,
há o Carvalho, 
há o Rosa,
há um hino à amizade,
há o Gomes e o Vieira,
a sonhar com a Madeira,
há o Farinha e o Polónia,
gestos [d]e solidariedade,
há o Esteves e o Pinheiro,
amigos e sinceridade,
há o Nina e até amor,
também sofrimento e dor,
há o desejo de voltar
e um apelo à liberdade.

Josema

Mampatá, 1974


[fixação de texto: LG]
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(**) Último poste da série > 15 de fevereiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14261: Fotos à procura de... uma legenda (52): a boeira, de Candoz, também conhecida por alvéola ou lavandisca, noutros sítios (Luís Graça)

(***) Vd. poste de 28 de março de 2008 >  Guiné 63/74 - P2694: Poemário do José Manuel (5): Não é o Douro, nem o Tejo, é o Corubal... Nem tudo é mau afinal.... Há o Carvalho, há o Rosa...

Para ter acesso à maioria dos poemas publicados (série "Poemário do José Manuel"), vd  poste de 29 de setembro de  2009 > Guiné 63/74 - P5033: Poemário do José Manuel (30): O sol queima em Colibuia...

Vd. ainda poste de 27 de fevereiro de 2008 >  Guiné 63/74 - P2585: Blogpoesia (8): Viagem sem regresso (José Manuel, Fur Mil Op Esp, CART 6250, Mampatá, 1972/74)

Guiné 63/74 - P14290: Parabéns a você (866): António Cunha, ex-1.º Cabo da CCAÇ 763 (Guiné, 1965/66) e Manuel Henrique Quintas de Pinho, ex-Marinheiro Radiotelegrafista das LDM 301 e LDM 107 (Guiné, 1971/73)


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Nota do editor

Último poste da série de 23 de fevereiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14285: Parabéns a você (865): José Carlos Pimentel, ex-Soldado TRMS da CCAÇ 2401 (Guiné, 1968/70) e José Maria Claro, ex-Soldado Radiotelegrafista (DFA) da CCAÇ 2464 (Guiné, 1969)

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Guiné 63/74 - P14289: Pensamento do dia (18): A guerra (colonial) e as nossas mulheres (Tony Borié / António Graça de Abreu)


"Depois de aconselhar o Syriza, em Atenas... e, de Partenon ao fundo, com a minha parceira chinesa, avançarmos para a compra do porto do Pireu".  Foto enviada em 21 do corrente pelo nosso camarada e amigo António Graça de Abreu

Foto (e lgenda): © António Graça de Abreu  (2015). Todos os direitos reservados

1. Comentário de António Graça de Abreu ao poste P14283 (*):

Dizes, meu caro amigo: A dedicada esposa, assim que houve falar em guerra, logo nos diz, “please, stop fighting with your thought”, que quer dizer mais ou menos, “por favor, parem de lutar com o vosso pensamento”. 

Meu caro camarada, como eu conheço estes entendimentos e palavras, mas em chinês, por parte da minha mulher chinesa que abomina a guerra e as sequelas da guerra, e passa a vida a dar-me na cabeça por causa da Guiné. 

Quanto ao Museu Dali de S. Petersburgo, na Florida, tive a sorte, e um desbragado prazer de o visitar, há menos de um ano, em Março de 2014. Aluguei um carro em Miami, viajei pela Florida durante seis dias(Everglades, crocodilos, astronautas, Cape Canaveral, Ferraris aos montes), a descoberta do universo, a ostentação dos ricos, made in America, o equilibrio dos pobres, made in Mexico. E mais os outros todos. America, fascínios do mundo.

O Museu norte americano de S. Petersburgo, (onde caí, por acaso, na ronda pela Florida) é excepcional, maravilhas na obra de Salvador Dali. Pagas a peso de ouro (Dali gostava de ouro, quem é que não gosta, até os tipos gregos do Syriza gostam), por um magnata americano das massas comestíveis, esparguetes e mais mil variedades, amigo de Dali, que ao morrer, em 1991, legou o seu espólio dos quadros de Salvador Dali, à cidade norte-americana que melhor o soubesse conservar e perservar. E foi S. Petersburgo que avançou, construindo este fabuloso museu Dali, na Florida,
um museu encantatório e mágico.

O que é que isto tem a ver com a nossa Guiné? Tudo, porque estamos vivos, trazemos dentro de nós uma guerra que jamais esquecemos, mas somos cidadãos (os melhores!) do mundo.

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Notas do editor:

(*) Vd. psote de 22 de fevereiro de  2015 > Guiné 63/74 - P14283: Libertando-me (Tony Borié) (5): 50 anos depois

(...) Neste começo de ano as coisas estão a parecer-nos um pouco diferentes, pois por alguns momentos vamos retornar à personagem “Cifra” e, aquela personagem, que naquele tempo se chamava “Zargo”, hoje é o nosso amigo Jorge, que está a viver por aqui, na Florida, pelo menos uns meses, portanto encontramo-nos, falando também de guerra, mas raras vezes, pois a sua dedicada esposa, assim que houve falar em guerra, logo nos diz, “please, stop fighting with your thought”, que quer dizer mais ou menos, “por favor, parem de lutar com o vosso pensamento”. (...)

(...) Voltando à guerra que nós vivemos, torna-se um pouco claro que o seu custo é ainda maior do que nós possamos imaginar, porque a guerra tem um apetite insaciável pela morte, que ainda hoje, continua a matar, não só a quem nela participou activamente, pois as pessoas começam com sentimentos de confusão, depois move-as um longo pensamento de raiva e, finalmente, vem a indiferença. Mas aquele esgotamento escuro e emocional ainda se encontra de pé, mesmo à beira de um abismo, convidando-nos a saltar, pensando que com essa estúpida atitude, todos os sentimentos vão acabar. (...)

Guiné 63/74 - P14288: Agenda cultural (378): Acaba de sair o livro de Sofia Branco, "As mulheres e a guerra colonial" (A Esfera dos Livros, 2015, 384 pp.)... Lançamento a 26 de fevereiro, na Póvoa do Varzim (Correntes d'Escritas) e 4 de março em Lisboa (A25A)

 








Press release da editora A Esfera dos Livros. O livro saiu a 20 do corrente. Será também lançado na Póvoa de Varim, terra natal da autora,  a 26 (vd. sítio Correntes d'Escritas). Em Lisboa, será lançado a 4 de Março, às 19h30, na Associação 25 de Abril (A25A).

O nosso blogue colaborou com a autora fornecendo ideias e contactos de camaradas nossos e de amigas nossas (mães, filhas, mulheres, namoradas, madrinhas de guerra de camaradas nossos) que a autora entrevistou. Sofia Branco é jornalista de profissão e presidente do Sindicato dos Jornalistas.

Sobre ela já aqui  em tempos referimo-la como um exemplo, feminino, pioneiro, na abordagem da Mutilação Genital Feminina:

"A Sofia Branco tem-se destacado, nos últimos anos, como jornalista, competente, corajosa, lúcida e empenhada, na investigação e divulgação do problema da Mutilação Genital Feminina na Guiné-Bissau"...

Vd. poste de 15 de setembro de  2008 > Guiné 63/74 - P3208: Pensamento do dia (16): E não se pode exterminá-la ?... A epidemia de cólera em Bissau (Sofia Branco,Público)

Sobre ela escreveu também o Jorge Cabral:

(...) Creio que o impacto dos artigos da Sofia Branco, publicados no Jornal Público em 2002, se deve principalmente à informação de que a Mutilação Genital Feminina ocorreria em Portugal. Também pela Europa as preocupações aumentaram com a possibilidade da prática ser cá efectuada, dada a corrente migratória. Julgo, porém, que toda a Mutilação Genital Feminina é igualmente grave, devendo ser denunciada e combatida, independentemente do lugar onde seja efectuada. A universalidade dos Direitos Humanos impõe-nos que sintamos toda a sua violação, como violação dos nossos direitos. A mutilação de uma menina no Sudão constitui uma ofensa à minha condição de homem livre, até porque a minha liberdade só pode ser assumida em plenitude, num Mundo de Homens e Mulheres Livres. (...)

Vd. poste de 10 de março de 2007 > Guiné 63/74 - P1580: Fanado ou Mutilação Genital Feminina: Mulher e direitos humanos: ontem e hoje (Luís Graça / Jorge Cabral)

Vd. também:

25 de setembro de  2007 > Guiné 63/74 - P2131: Mutilação Genital Feminina: É crime, diz explicitamente o novo Código Penal (A. Marques Lopes / Luís Graça)

Guiné 63/74 - P14287: Agenda cultural (377): Está de novo à venda o livro "Nós Enfermeiras Paraquedistas", que tem apresentações marcadas em Aveiro, no dia 26 de Março, e no Porto, no dia 9 de Abril

Com a devida vénia à Tabanca do Centro, transcrevemos a seguinte notícia ali publicada:


“NÓS, ENFERMEIRAS PARAQUEDISTAS”

A Tabanca do Centro fez em devido tempo (NOV2014) a divulgação da apresentação do livro "Nós, Enfermeiras Paraquedistas".

Estamos agora em condições de informar que o livro já está à venda nas grandes superfícies (Bertrand, FNAC, etc.) a um preço que rondará os 19,00 €. Deverá ser num desses locais que os interessados deverão fazer a sua aquisição.


Aproveitamos ainda para informar que estão já previstas duas apresentações do referido livro:

A primeira em Aveiro, pelas 18H00 de 26 de Março, no Centro de Congressos de Aveiro Cais da Fonte Nova, contará com a presença do Senhor Professor Adriano Moreira.

A segunda pelas 15H00 de 9 de Abril, na Messe de Oficiais da Batalha, no Porto, com o apoio do Núcleo da Liga dos Combatentes. 

A informação sobre estas duas apresentações foi-nos transmitida por um responsável pela Editora "Fronteira do Caos", que publicou o livro, podendo ainda ser passível de pequenas correcções. 

Divulgaremos mais pormenores quando deles tivermos conhecimento.
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Nota do editor

Último poste da série de 16 de fevereiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14269: Agenda cultural (380): Sessão de apresentação do Projecto "MGF, NÃO", dia 19 de Fevereiro de 2015, a partir das 14h20, no Edifício Municipal, Campo Grande n.º 25, Lisboa (Beja Santos)