quinta-feira, 9 de junho de 2016

Guiné 63/74 - P16179: Facebook...ando (39): O crocodilo do Rio Ganjola (Alcides Silva, ex- 1.º cabo estofador, CCS / BART 1913, Catió, 1967/69)


´Guiné > Região de Tombali > Catió > Ganjola > c. 1967/69 > Um crocodilo apanhado por militares no rio de Ganjola. O zebro parece ser dos fuzileiros. Amigos e camaradas, não confundam crocodilo e jacaré. Na Guiné não há, nem havia no nosso tempo, jacararés...

Foto: © Alcides Silva (2016). Todos os direitos reservados [Edição e legenda: LG]




1. Alcides Silva é membro da nossa Tabanca Grande desde  15/5/2010; foi 1.º cabo estofador, CCS/BART 1913, Catió, 1967/69); e faz anos amanhã, 10 de junho (*)


Há tempos o  Alcides Silva (que tem página no Facebook) postou a foto acima, na nossa página da Tabanca Grande. Perguntámos-lhe a data e o local exatos onde tinha ocorrido esta "pescaria" ou "caçaada"... E se a foto era dele.

Ele, ponta e honestamente esclareceu: 

"Não, essa foto alguém, ma deu,  dos que andaram em Catió, já não faço ideia quem são os pescadores. Há dias a mexer nas minhas memórias encontrei essa e resolvi postá-la. Sei que o crocodilo foi pescado no rio,  em Ganjola, onde estava  um pelotão da companhia operacional, para proteger um comerciante que lá existia [, o sr. Brandão]. Quando o  Spinola foi para governador da Guiné, acabou com essa brincadeira de estar a tropa a proteger um civil. Houve uma ocasião em que  esteve em risco a vida de todos que lá estavam". (**)

Sobre o BART 1913 (Catió, 1967/69) temos  mais de 70 referências no nosso blogue.
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Notas do editor:

(*) 15 de maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6394: Tabanca Grande (219): Alcides Silva, ex-1º Cabo Estofador (e não ex-Sold Cond Auto...), CCS / BART 1913, Catió, 1967/69

Guiné 63/74 - P16178: Parabéns a você (1093): Ernesto Duarte, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 1421 (Guiné, 1965/67)

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Nota do editor

Último poste da série de 8 de Junho de 2016 Guiné 63/74 - P16174: Parabéns a você (1092): Antero Santos, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 3566 e CCAÇ 18 (Guiné, 1972/74)

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Guiné 63/74 - P16177: Memórias de Gabú (José Saúde) (63): O “ventre” de um espólio raramente conhecido. Passagem de bens alimentícios em armazém.


1. O nosso Camarada José Saúde, ex-Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BART 6523 (Nova Lamego, Gabu) - 1973/74, enviou-nos a seguinte mensagem.

As minhas memórias de Gabu

O “ventre” de um espólio raramente conhecido
Passagem de bens alimentícios em armazém

Numa prosaica viagem pela minha comissão na Guiné, ocorrem-me velhos e estrábicos sentimentos que me levam a uma curta explanação de factos, filtrados obviamente, que se apresentavam como matéria só conhecida por aqueles que no dia-a-dia prezavam pela sua incumbência no interior de um quartel onde existiam, também, substanciais carências. O rancho, porém, lá estava incessantemente sobre a mesa no momento em que a barriga reclamava por um novo reabastecimento.

Neste encadeamento de ocorrências que iam para além do conflito da guerrilha no terreno, e não obstante a dor que me assola o peito por esses tempos já distantes, digo que mantenho ainda comigo uma cópia de um relatório literalmente especificado de uma passagem de bens alimentícios em armazém entre dois furriéis da minha companhia - CCS BART 6523 - que entretanto assumiram a presunçosa função de vagomestre.

Curioso, por que é justo que o citamos, é que ambos foram “atirados” para uma incumbência completamente à parte daquela a que tinham sido submetidos durante o período em que foram mancebos de uma outra especialidade mas que ditou, ao arrepio da verdade, o seu subsequente futuro por terras da Guiné. Um que assumia o cargo desde a nossa chegada a Gabu; o outro a quem foi proposta a possibilidade de substituir o primeiro durante o seu período de férias, 30 dias.

Ainda assim, fica a textura de um documento que descrimina todo o conteúdo do material armazenado e os custos que cada um deles tinham à época. No balanço geral feito à narrativa exposta, oferece-me viajar nas fileiras da ventosidade do tempo e relembrar o “montão de patacão” que os homens que lidavam com os valores sob a sua “divina” proteção mantinham no interior de um quartel onde existiam inevitáveis privações.

Revejo as quantidades, os preços por unidade e o seu subsequente total, assim como os bens nutritivos que por ora eram então averiguados no momento da transição dos artigos de viveres que ambos os furriéis assumiam. Um entregava e outro recebia.

Da listagem observada, existe a certeza que se de um lado estavam os bens depositados do outro os ditos frescos. Ou seja, tudo o que fosse arroz, açúcar, azeite, batata, banha, feijão, grão, massas, vinho, óleo, vinagre, etc, etc, etc, pertencia a um lote, sendo que os frescos eram constituídos pelo frango congelado, peixes e fruta da época, entre outros, mas devidamente faturados.

O distinto documento era completado com as rações de combate, farinha, sal, café e outros bens necessários. Não há registos das compras espontâneas que se articulavam com o quotidiano, isto é, das vacas, dos leitões, dos porcos, dos cabritos, das galinhas, e outros, que concluíam a ementa.

Reportando-me aos números, refiro que a relação dos artigos em escudos era o seguinte: viveres existentes e frescos transportavam 319 986$20; outros viveres 88 587$10. 

Creio que poucos, ou quase nenhuns, dos soldados depositados num quartel onde as “fissuras” de uma peleja teimava em ceifar vidas de jovens em plena idade de puro crescimento, desconheciam o conteúdo real de bens alimentícios que a companhia detinha.

Relembro ainda as famosas patuscadas organizadas pela malta que entretanto comprara um leitão, ou um cabrito, e que depois da sua trivial passagem pelo forno, servia de repasto fino para uma rapaziada que se orgulhava com o distinto acolhimento de um prato bem composto. A acompanhar lá estavam as cervejolas bem fresquinhas.

Relíquias de um tempo sem tempo numa Guiné que despejou em nós um cosmos de emoções.

Fotos de Relatórios, cabrito e cervejas num repasto de uma noite de copos. 


Um abraço, camaradas 
José Saúde
Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BRT 6523

Mini-guião de colecção particular: © Carlos Coutinho (2011). Direitos reservados.
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Nota de M.R.: 

Vd. último poste desta série em: 

Guiné 63/74 - P16176: Estórias do Zé Teixeira (41): O sonho do João (José Teixeira, ex-1.º Cabo Aux Enf)

Em mensagem do dia 30 de maio último,  o nosso camarada José Teixeira (ex-1.º cabo aux enf,  CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70), enviou-nos mais um pequeno conto, para a sua série "Estórias do Zé Teixeira":


O Sonho do João

por Zé Teixeira

A noite chegara cedo. Extenuado de um dia de trabalho, o João adormeceu no sofá, deixando-se abraçar suavemente pelo Morfeu que o transportou rapidamente ao país dos sonhos…

Caminhava com uma sombra à sua frente. Parecia-lhe o pai vergado por um dia de trabalho.As árvores da floresta verdejante impediam a sua passagem. O sol penetrava por entre a folhagem, aquecendo-lhe o corpo de forma impiedosa. O zumbido estridente de um mosquito perturbava-o. Parecia um comboio a apitar, quando se aproximava dos seus ouvidos. Então, parou e olhou em redor.

Uma enorme teia de aranha da cor da lua cheia impedia-o de ver ao longe. E o sol continuava a penetrar queimando-lhe a pele. Quis penosamente continuar o caminho, mas os corpos de soldados estendidos no chão eram um empecilho. Ouvi um tiro. Outro. Seguiu-se um silêncio ensurdecedor. Não conhecia ninguém… ou talvez não tivessem rosto, aqueles corpos ali estendidos.

Só agora notou que a tal sombra humana desaparecera. E sentiu-se só. Nada nem ninguém. Só. Apenas o silêncio da floresta o perseguia. Angustiado, continuou a caminhar, a subir, a subir, apressado. Por vezes parecia que voava. Não sabia muito bem para onde ia, mas continuava a caminhar. Desejava parar. Talvez…E corria, corria… Sem entender. E havia troncos carregados de vermes gigantes. E granadas de morteiro a explodir.

E havia árvores com belas flores, que os seus olhos nunca viram, a acariciar-lhe o rosto e a limpar-lhe as gotas de suor que teimavam em perturbar-lhe a visão. E havia mosquitos a zumbir à sua volta.
Sentia-se tão fatigado!
- Ah, se pudesse ao menos abancar!

Um tronco coberto de musgo, caído ali à sua frente, pareceu-lhe convidativo. Quis alcançá-lo, mas ele parecia estar sempre a um passo mais adiante, e bailava à sua frente. Bailava. Conseguiu chegar junto dele e tentou sentar-se. O tronco desapareceu com o peso do corpo e no seu lugar surgiu uma mancha verde. Uma espécie de tapete. Os soldados dançavam alegremente com cobras de todos os tamanhos. As cobras assobiavam de tal forma aguda, que lhe feria os ouvidos.

Queria gritar, fujam! Fujam! Aí estão eles! Mas a sua voz recusava-se. Quis correr e não tinha forças. E as granadas a rebentar… A floresta abriu-se num flanco escarpado da montanha. Surgiu então um atalho que lhe era familiar, sem saber de onde. Na encosta cresciam videiras penduradas em árvores altas com os seus cachos doirados. Pensou em voltar para trás, mas o abismo era apavorante e estava a ficar escuro.

Uma coruja de olhos redondos, que mais pareciam duas lâmpadas acesas, esvoaçou, lançando seus gritos estridentes e assustadores para celebrar o anoitecer daquele dia. Sente-se tomado pelo medo e gritou. Gritou, palavras sem nexo. Os seus olhos velados de orvalho perscrutam ansiosamente o horizonte. E ele viu, de novo ao longe, a sombra que o tinha abandonado, envolvida num manto de sol doirado. Era alguém que se movia lentamente e lhe fazia sinais. Pareceu-lhe que ia e vinha outra vez ao seu encontro em passos rápidos, mas nunca mais chegava…Era o pai, ou… talvez não. Era mesmo!

A sombra parou ficando a pairar no espaço e apareceu um bando de lobos a uivar. A tremer de medo, escondeu-se atrás de uma rocha. A sombra humana fazia-lhe gestos com as mãos. Pareciam ser gestos de meiguice que só o seu pai lhe fazia quando era mais pequenino. Estendeu os braços para a agarrar enquanto corria para ela. Escorregou e caiu no abismo.
- Pai! Pai! Acode-me não me deixes cair! Não te vás!
- João! João! Acorda, amor, foi apenas um sonho. Acorda! Acorda!

Era sua esposa, que lhe agarrava as mãos e as encostava bem juntinho do seu coração, enquanto um cristal em forma de lágrima lhe descia pela face. Abriu os olhos, desconfiado. Era noite. Sentou-se. Olhou para a esposa. Perscrutou todo o ambiente à sua volta, como se tratasse de um estranho lugar. Sentiu o corpo tremente. sem uma palavra deixou-se cair e mergulhou de novo no sono. Num calmante sono que lhe retemperou as forças.

José Teixeira
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Nota do editor:

Guiné 63/74 - P16175: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (102): no convívio deste ano, do pessoal do BCAÇ 3872, quem é que eu vou reencontrar? O meu antecessor, o hoje ilustre prof Pereira Coelho, bem como o Ussumane Baldé que estagiou comigo quando eu era subdelegado de saúde da zona de Galomaro-Cossé (Rui Vieira Coelho, ex-alf mil médico, BCAÇ 3872 e BCAÇ 4518, Galomaro, 1973/74)


Convíívio do pessoal do BCAÇ 3872 (Galomaro, 1972/74) > O momento do reencontro dos dois grandes médicos do batalhão de Galomaro... Entre os dois o ex-alf mil trms Mário Vasconcelos


Os drs,  Pereira Coelho e Rui Vieira Coelho, mais o  Juvenal Amado

Fotos (e legendas): © Juvenal Amado (2016). Todos os direitos reservados

1. Mensagem, com data de ontem, do nosso camarada Rui Vieira Coelho, médico reformado, ex-almil méd,  BCAÇ 3872 e BCAÇ 4518 (Galomaro, 1973/74):

Assunto - Libaneses

Luís, uma vez questionaste se havia Libaneses nas regiões em que estávamos aquartelados.

Em Galomaro eu sabia que sim, só que não me recordava do nome. Um estabelecimento que vendia de tudo, era do Sr Antoine Faran que vivia com a sua esposa, dois filhos e com o seu pai que se chamava Zamir Faran. 

Foi num convívio do Batalhão 3872, há pouco mais de 3 semanas,  que eu vim a tomar conhecimento daquilo que me parecia já esquecido.

Reencontrei o meu antecessor,  o Professor Pereira Coelho que já não via há cerca de 42 anos e que me emocionou bastante. Voltar a abraçar o percursor em Portugal da inseminação artificial deu ao encontro uma grandeza ainda maior

No meio disto tudo o Prof Pereira Coelho vinha acompanhado do Sr. Ussumane Baldé, que estagiou no Posto de Saúde Militar e na Saúde Civil onde eu era Sub-Delegado de Saúde da Zona de Galomaro- Cossé. 

 O Ussumane Baldé [, foto à esquerda,] mora na Praceta Henrique Pausao n 7,  4 E, 2745-123 Queluz Monte Abraão, mas ainda não apurei o que faz ou que necessidades eventualmente possa ter. 

Foi realmente um reencontro memorável e cheio de afectos, recordações de tempos conturbados mas com a certeza do acreditar numa Lusofonia que nos trouxe ensinamentos e amizades que se irão perdurar cosmicamente para todo o sempre.

O meu relato do encontro do Batalhão serve para responder a várias interrogações e tornar a Tabanca Grande cada vez Maior.

Um abraço do
Rui Vieira Coelho
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Notas do editor:

Guiné 63/74 - P16174: Parabéns a você (1092): Antero Santos, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 3566 e CCAÇ 18 (Guiné, 1972/74)

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Nota do editor

Último poste da série de 6 de Junho de 2016 Guiné 63/74 - P16168: Parabéns a você (1091): Belarmino Sardinha, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista do STM/CTIG (Guiné, 1972/74)

terça-feira, 7 de junho de 2016

Guiné 63/74 - P16173: Efemérides (227): Programa do Dia do Combatente Limiano e Dia de Portugal - Largo de Camões - Ponte de Lima

 C O N V I T E

DIA DO COMBATENTE LIMIANO

Venho convidá-lo para se associar à celebração do DIA DO COMBATENTE LIMIANO que vai ser realizada no próximo DIA DE PORTUGAL, 10 de Junho de 2016, feriado de sexta-feira, na sede do concelho, conforme se lê no cartaz anexo. 


Trata-se de um cerimónia que dispensa comentários, porque é um dever cívico e moral das sociedades cuidarem da sua História. 

Eis o Programa: 
10 h - concentração e convívio no Largo de Camões; 
11 h - missa na Igreja da Misericórdia; 
12 h - deposição de flores no Memorial do Paço do Marquês. 

Esta será a 5ª Homenagem aos nossos Conterrâneos que deram as suas vidas pela Pátria na Primeira Grande Guerra (20 mortos) e na Guerra do Ultramar (52 mortos). 

Pouco a pouco esta cerimónia anual vai sendo enraizada na cultura limiana e no futuro todos seremos recordados por não termos deixado apagar as Memórias dos nossos Heróis. É isso que já começa a ser escrito nos dias de hoje e que constará certamente em obra literária a publicar proximamente, da qual todos nos orgulharemos! 

Agradeço a sua melhor atenção e apresento os meus cordiais cumprimentos. 

Muito atenciosamente, 
António Mário Leitão 
(Presidente Lions Clube P. Lima, 2015-2016)
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Nota do editor

Último poste da série de 1 de junho de 2016 Guiné 63/74 - P16155: Efemérides (226): Programa do XXIII Encontro Nacional de Combatentes, dia 10 de Junho, em Lisboa (Manuel Lema Santos)

Guiné 63/74 - P16172: A guerra vista do outro lado... Explorando o Arquivo Amílcar Cabral e outros / Casa Comum (19): Declarações do 1º cabo mec auto, CCS/BART 1896 (Buba, 1966/68) à Rádio Libertação, do PAIGC, em Conacri, em 1968... O Correia foi aprisionado, em 20/5/1968, com mais 7 camaradas, na picada entre Mampatá e Uane


O Rui Rafael Correia,  no dia da homenagem
que lhe foi feita pelo Núcleo de Matosinhos da Liga 


O Rui Rafael Correia, antes de ser mobilizado
 para Guiné como 1º cabo mecânico auto, 
CCS/BART 1896 (Buba, 1966/68). 
Vive na Galiza desde 1972.







Instituição: Fundação Mário Soares

Pasta: 04309.007.011

Título: Guiné 1 - Falam os portugueses prisioneiros de guerra 

Assunto: Editado pela FPLN / Portugal [, Frente Patriótica de Libertação Nacional], em Argel, exemplar 1 de publicação com declarações dos militares portugueses, feitos prisioneiros pelo PAIGC. Pretende-se dar conhecimento da verdade às famílias, ao mesmo tempo que se acusa o governo português de os referir como desaparecidos (militares das incorporações de 1966). Este número inclui transcrição de uma comunicação de Amílcar Cabral, Secretário-Geral do PAIGC, aos microfones de "A Voz da Liberdade" [, da FPLN, em Argel], dirigida aos prisioneiros portugueses, no dia 3 de Agosto de 1968, com a promessa de fornecer em breve fitas magnéticas com testemunhos dos prisioneiros, bem como o tratamento que lhes é dado, quando feridos e ligação com a Cruz Vermelha Internacional, para o seu repatriamento para junto das suas famílias.

Data: 1968

Observações: Declarações gravadas em fita magnética e difundidas pela Rádio Libertação, pelo PAIGC, que autorizou retransmissão pela emissora da FPLN, a Voz da Liberdade.

Fundo: Arquivo Mário Pinto de Andrade

Tipo Documental: Documentos

Direitos: A publicação, total ou parcial, deste documento exige prévia autorização da entidade detentora.[ Cortesia da Fundação Mário Soares / Portal Casa Comum]

Arquivo Mário Pinto de Andrade > 04. Lutas de Libertação > 04. Investigação e Textos >
Mário Pinto de Andrade e outros

Citação:
(1968), "Guiné 1 - Falam os portugueses prisioneiros de guerra", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_84394 (2016-6-6)



Lista dos prisioneiros "entrevistados" (p. 23)  pela Rádio Libertação, do PAIGC, em Conacri, em 1968... Sublinhados, a vermelho, os nomes de alguns dos nossos camaradas da CCS/BART 1896 e CART 1612, aprisionados em 20/5/1968, na picada Mampatá-Uane-Nhala. (Ao todo, foram oito).

Tratou-se de um operação de "marketing" político, habilmente conduzida por Amílcar Cabral: o objetivo explícito era mostar à opinião pública, portuguesa e internacional, que: 

(i) havia uma "guerra de libertação" em curso, na Guiné, com baixas de ambos os lados, incluindo prisioneiros; 

(ii)  os "prisioneiros de guerra" feitos pelo PAIGC tinham um tratamento, de acordo com as mais elementares regras de humanidade e de respeito pela Convenção de Genebra; 

(iii) os militantes e simpatizantes do PAIGC capturados pelas tropas portugueses eram, em contrapartida, tratados como simples "presos de delito comum"; 

(iv) não estando Portugal oficialmente em guerra com nenhum país vizinho, os militares portugueses aprisionados pelo PAIGC eram dados como "desaparecidos" ou "retidos pelo IN", situação de grande incerteza e angústia para as famílias.

A FPLN - Frente Patriótica de Libertação Nacional, que combatia no exílio, o regime do Estado Novo, fez depois uma edição, em papel, com estas declarações gravadas, em duas brochuras. A nº 1 tem 24 páginas, a 2ª tem 26 páginas. Na 2ª  reproduzem-se as declarações do Manuel Ferreira e do José Medeiros, que pertenciam ao mesmo grupo de prisioneiros.

Reproduzimos, com a devida vénia, as declarações (, a pp. 7/8), do Rui Rafael Correia, natural de Leça da Palmeira, Matosinhos, 1º cabo mecânico auto da CCS/BART 1896 (Buba, 1966/68). 

O Correia só será libertado em 20 de novembro de 1970, na sequência da Op Mar Verde. Teve portanto dois anos e meio de cativeiro.

De acordo com as declarações que o Rui Rafael Correia prestou aos microfones da Rádio Libertação, fica-se a saber que: 

(i) estava na CCS, em Buba; 

(ii) foi chamado para ir a Aldeia Formosa reparar uma viatura que estava avariada na estrada: 

(iii) recuperada a viatura, ficou à espera dos camaradas que estavam no mato;

(iv) quando estes regressaram, deram conta que faltava a "milícia"; 

(v) por ordem do alferes, comandante da força, foi um pequeno grupo a caminho de Uane buscar a "milícia"; 

(vi) o cabo mecânico Correia sentiu-se na obrigação de acompanhar a viatura à qual tinha acabado de dar assistência; 

(vii) entre Mampatá e Uane (vd. carta de Xitole) foram emboscados; 

e (viii) o pequeno grupo ficou completamente indefeso perante "uma emboscada tão forte e tão bem montada"... Balanço: 4 mortos e 8 prisioneiros. (LG)


Guiné > Carta de Xitole (1955) > Escala 1/50 mil > Posição relativa de Mampatá, Uane, Nhala, Buba, Aldeia Formosa e Chamarra.


Segundo o nosso camarada José Teixeira, da CCAÇ 2381, que rendeu a CART 1612 [que estava em Aldeia Formosa desde novembro de 1967], "este trágico acontecimento [deu-se] no pontão de Uane entre Mampatá e Nhala, na velha picada de ligação Aldeia Formosa / Buba"... 

Era "um sítio muito complicado e temido junto a uma bolanha, onde existia um carreiro por onde PAIGC fazia passar o material de guerra vindo da Guiné Conacri para o interior da Guiné, via Cantanhez"... Era "um lugar para muitos cuidados, com emboscadas às colunas que faziam a ligação de Buba a Aldeia Formosa a par de outro conhecido pela Bolanha dos Passarinhos, já muito perto de Buba".

As NT estacionadas em Aldeia Formosa faziam patrulhamentos e montavam emboscadas na zona, mas as coisas aconteciam "ao mais pequeno descuido, como parece ter acontecido, ou pelo menos era o que constava, quando ali chegou a CCaç 2381 em julho de 1968 para render a Companhia [, a CART 1612,]  que sofreu esta emboscada, em 20 de maio".

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2016)








Guião, escrito pelo punho de Amílcar Cabral, para "conversa c/ os prisioneiros a libertar" (sic),  datado de 15/12/68". Clicar aqui para ampliar. [Cortesia do portal Casa Comum / Fundação Mário Soares]

Tópicos:

Augusto Dias - amigo (?) S [Sim ?]; Manuel Ferreira - amigo (?) S [Sim ?]; João da Costa Sousa -  amigo (?) N [Não ?]; [anotações ilegíveis, a seguir aos nomes]

Saudação - Estado deles. Tratamento, profissão, instrução, família; A situação deles. A juventude portuguesa; As mães, os pais, a família; O que é a nossa luta; o colonialismo português; A nossa posição; estamos certos de vencer; A posição do povo português (?); A posição do governo português, M. Caetano; Os crimes da guerra colonial; O nosso gesto: a vida deles está salva; O que esperamos deles. Documento disponível

[Observações - Estes 3 prisioneiros, Augusto Dias, Manuel Ferreira e João Costa Sousa, foram efetivamente entregues por Amílcar Cabral, em dezembro de 1068,  à Cruz Vermelha do Senegal, na pessoa de Rito Alcântara, Presidente da Cruz Vermelha no Senegal, e ex-vice-presidente da Cruz Vermelha Internacional durante 12 anos. Ver aqui foto do Arquivo Amílcar Cabral]





Instituição: Fundação Mário Soares

Pasta: 07060.029.011

Título: Apontamentos para a conversa com os prisioneiros de guerra.

Assunto: Apontamentos de Amílcar Cabral para uma conversa a ter com os prisioneiros de guerra portugueses, Augusto Dias, Manuel Ferreira e João da Costa Sousa, a serem libertados.

Data: Domingo, 15 de Dezembro de 1968.

Observações: Doc. Incluído no dossier intitulado Manuscritos de Amílcar Cabral.

Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral

Tipo Documental: Documentos

Direitos: A publicação, total ou parcial, deste documento exige prévia autorização da entidade detentora.

Arquivo Amílcar Cabral
04. PAI/PAIGC
Segurança

Citação:
(1968), "Apontamentos para a conversa com os prisioneiros de guerra", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_41211 (2016-6-7)

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segunda-feira, 6 de junho de 2016

Guiné 63/74 - P16171: Efemérides (227): 20 de Maio de 1968, "Um dia, dos muitos que a guerra teve..." (José Martins, ex-Fur Mil TRMS da CCAÇ 5)

 

1. Em mensagem do dia 23 de Maio de 2016, o nosso camarada José Marcelino Martins (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), lembra o fatídico dia 20 de Maio de 1968, quando, na estrada Mampatá-Nhala, uma coluna auto do BART 1896, a pouco tempo de terminar a sua comissão de serviço, sofreu uma emboscada, da qual resultou a morte, por ferimentos em combate, de 4 militares e a retenção pelo IN de mais 8.



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2. Comentário do editor

Entre os militares retidos no dia 20 de Maio de 1968 está o ex-1.º Cabo Mec Auto da CCS/BART 1896, Rui Rafael Correia, natural de Leça da Palmeira, homenageado pelos seus amigos e pela Liga dos Combatentes no passado dia 30 de Abril, na Sede do Núcleo de Matosinhos.
Com a permissão do camarada José Martins, aqui ficam duas fotos alusivas ao acto:

O homenageado Rui Rafael (à esquerda na foto); Raul Ramos e Ribeiro Agostinho, seus amigos e vizinhos 
Foto: Núcleo de Matosinhos da LC

O Rui recebeu dos seus amigos uma boina; das mãos do senhor Major-General Fernando Arruda (Direcção Central da LC), uma Medalha da Liga e, das mãos do senhor Ten-Coronel Armando Costa, o Cartão de Sócio do Núcleo de Matosinhos da LC. 
Foto: Núcleo de Matosinhos da LC

Para memória futura aqui deixamos este ofício do então Serviço de Informação Pública das Forças Armadas, de 3 de Junho de 1968, enviado ao pai do Rui Rafael, comunicando a situação de prisioneiro do seu filho.

©: Com a devida vénia a Rui Rafael Correia
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Nota do editor

Último poste da série de 1 de junho de 2016 Guiné 63/74 - P16155: Efemérides (226): Programa do XXIII Encontro Nacional de Combatentes, dia 10 de Junho, em Lisboa (Manuel Lema Santos)

Guiné 63/74 - P16170: Nota de leitura (845): Estudos Sobre a Economia do Ultramar, por José Fernando Nunes Barata, publicado em 1963 pela Biblioteca do Centro de Estudos Político-Sociais (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 27 de Julho de 2015:

Queridos amigos,
O planeamento socioeconómico pesou no processo político metropolitano e ultramarino. Lê-se este bem condimentado trabalho de Nunes Barata, sentem-se as boas intenções em diversificar produções e exportações, intensificar a industrialização, o autor até vaticina ser uma boa aposta o caju na Guiné e faz referências brandas ao desenvolvimento piscatório. É um estudo que ele elabora em Bissau, data de Novembro de 1962, o Sul já está em subversão, é impossível que o economista não disponha de informações de que se avizinha uma tormenta, e deixa-nos um documento sereno, confiante, nada se passa a não ser a fé naquela aposta do desenvolvimento. Foi assim que aconteceu, quando o estudo foi publicado este projeto estava definitivamente comprometido. Mas é preciso ler tudo, dar atenção a tudo e perceber que a Guiné teve e tem enormes potencialidades para o desenvolvimento e o bem-estar do seu povo.

Um abraço do
Mário


Como era encarado o desenvolvimento da Guiné, à beira da guerra

Beja Santos

Para deter uma informação contextualizada sobre evolução socioeconómica da Guiné, entre o pós-guerra e a eclosão da guerra de libertação, é indispensável reunir várias peças e sobretudo as opiniões disponíveis, perceber o alcance das previsões. Foi nessa perspetiva que li o estudo de José Fernando Nunes Barata publicado em 1963 pela Biblioteca do Centro de Estudos Político-Sociais, trabalha idóneo, documentado, seguramente concebido sem sentir os efeitos da guerra que se pressagiava e que depois se propagou, até destroçar qualquer planeamento fora da custódia militar.

É ocioso determo-nos sobre o que ele escreve quanto a território, população, ambiente social e até realidades económicas, embora neste último aspeto vale a pena uma certa recapitulação: não existia agricultura organizada nas mãos dos “civilizados”, mas havia “ponteiros”, geralmente industriais de água-ardente, muitas vezes e simultaneamente comerciantes. Os produtos de exportação eram o amendoim, o coconote e as madeiras, o arroz, tão exportado na década de 1950, começava a cair a pique. Mas este arroz pesava eternamente, era o alimento privilegiado da autossubsistência. Quanto a madeiras, exportava-se “bissilom”, “mancone”, “pau conta”, “pau sangue”, “pau bicho”, “pau miséria”, “pau incenso”, “pau veludo”, entre outros. Havia ao tempo propostas para um melhor aproveitamento da floresta e sobretudo falava-se no aproveitamento, com caráter industrial, dos subprodutos das florestas. De há muito que a borracha perdera o significado que tivera entre finais do século XIX e começos do século XX. E o autor observa: “A borracha talvez possa constituir uma notável fonte de receita para a Guiné. Não muito longe, na Libéria, a conhecida Firestone explora uma plantação de 80 mil hectares, a que corresponde uma produção superior a 20 toneladas de borracha”. Como prova de que as pescas, por insólito que pareça, tinham um peso inexpressivo nas atividades económicas, basta ouvir a opinião do autor. “Quanto a pesca, parece revestir-se de interesse a execução de um plano de desenvolvimento desta indústria, pois as riquezas de bancos relativamente próximos, recomenda tal desígnio. De resto, a atividade das populações nativas neste setor é primitivo e insuficiente”.

Um soberbo palmar no parque do Cantanhez, 
Tirado do site www.ideiasoltas.no.sapo.pt, com a devida vénia

A indústria apresenta-se como uma grande nebulosa, mas há expetativas quanto à bauxite e ao petróleo, fala-se no contrato com a N. V. Billiton Maatschappij para pesquisar e explorar minérios de alumínio em Angola e na Guiné. Após pesquisas, confirmaram-se depósitos de bauxite na região do Boé e outras, com um teor de minério inferior. Em 1958, a Esso obteve o direito de pesquisar e explorar jazigos de carbonetos de hidrogénio, rescindiu contrato em 1961, o trabalho de Nunes Barata não avança as razões da rescisão. Em termos de import-export, vem aí uma novidade: “A Guiné, como não consome tudo quanto importa, faz a reexportação para os países limítrofes de enorme quantidade de tabaco, uísque e tecidos. Daí o volume impressionante de invisíveis que alimentam as casas de câmbio de Lisboa, que os aproveitam para pagamento de transações com Tânger”.

Para se entenderem as propostas de Nunes Barata, convirá não esquecer que o regime de Marcello Caetano apostara no planeamento como matriz do desenvolvimento, era esse o papel nevrálgico do Estado, tanto na metrópole como no Ultramar. Assim se percebe melhor o esquema de um plano de estudo sobre a situação económico-social da Guiné, mostrar o país no seu relevo, clima, solos, cursos de água, vegetação e fauna, etc; a sua população e o mosaico étnico, alimentação, saúde e ensino, para tomar o poço das necessidades; diagnosticar a ação da população branca para perceber as possibilidades de povoamento; deter um quadro das infraestruturas – todos os tipos de transporte, levantamento do equipamento social e fontes de energia; definir o desenvolvimento agrícola através da investigação científica, da agricultura e os elementos de apoio as programas de desenvolvimento, a silvicultura e as pescas; enquadrar as possibilidades do subsolo, da criação de indústrias agroalimentares, entre outros. E depois definir as condições e política de desenvolvimento económico à luz dos Planos de Fomento já existentes, definir medidas para a existência de elites associadas à política de desenvolvimento, montar uma administração ao serviço desse desenvolvimento, com aparelho estatístico, serviços modernos de assistência técnica (e aí o autor enumera exaustivamente a agricultura, a pecuária e as florestas, mas também as indústrias extrativas e as energias). E tece um apanhado de considerações sobre as quais vale a pena refletir: “No capítulo das despesas sociais justifica-se uma conveniente dotação dos serviços em quadros de pessoal e meios técnicos e o prosseguimento nos pequenos melhoramentos para o bem-estar dos agrupamentos nativos, na política de saúde e assistência e, sobretudo, na instrução pública. Penso que haveria todo o interesse em valorizar o percurso Bissau-Mansabá-Bafatá-Gabu. Esta estrada parece-me a grande linha de penetração para o interior. Por ela circula já hoje o maior trânsito da Guiné. Um segundo trajeto que haveria a cuidar é o de Bissau a São Domingos e Praia de Varela. Justificariam esta atenção não só razões económicas mas ainda motivos de segurança e, sobretudo, turísticos.
A Guiné é uma terra favorecida pelo mar. Aproveitar o dote natural dos rios e dos canais, nos problemas de circulação, será ainda um ato de economia e de inteligência”.

Nunes Barata assina o seu trabalho em Novembro de 1962, depois de enumerar uma criteriosa bibliografia consultada. Estes ideais de desenvolvimento nunca serão postos em prática, a guerra está a chegar, o território ficará desarticulado, Spínola intentará um plano de desenvolvimento, rasgará as estradas à sombra da tal poderosa custódia militar. E quando chega a independência, os dirigentes do PAIGC não podiam ignorar a situação calamitosa em diferentes regiões. Foram voluntaristas, ingénuos e deixaram-se ludibriar por muita gente corrupta, puseram em lugar de responsabilidade gente incompetente. Ao caos da guerra juntou-se o ilusionismo de tudo para a frente. E assim aconteceram as amargas deceções até ao próximo presente.
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Nota do editor

Último poste da série de 3 de Junho de 2016 Guiné 63/74 - P16161: Nota de leitura (844): Boticas e beberragens: a criação dos serviços de saúde e a colonização da Guiné, por Philip Havik (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P16169: Álbum fotográfico de Francisco Gamelas, ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 3089, ao tempo do BCAÇ 3863 (Teixeira Pinto, 1971/73) - Parte II: Quartel de Teixeira Pinto e cidade, sede do "chão manjaco" (I)



Foto nº 7 > Janeiro de 1972 > CCS/BCAÇ 3863 (Teixeira Pinto, 1971/73) > Bar de oficiais: alf mil comando  Paiva, da 35ª CCmds, furriel piloto do heli do General Spínola (que veio visitar o batalhão)  e alf  mil cav  Francisco Gamelas, cmd do Pel Rec Daimler 3089 (1971/73)


 

Foto nº 15 > Janeiro de 1972 >  Extremo norte da Avenida. Dentro do perímetro da estátua a Teixeira Pinto, o alf mil  Francisco Gamelas e o alf milç  Joaquim Correia Pinto, meu camarada de quarto. Nesta zona situavam-se as casas de comércio de libaneses.



Foto nº 6 > Janeiro de 1972 – A “oficina” do Pelotão Daimler, com a casa do chefe da PIDE/DGS ao fundo. É visível o 1º cabo mecânico David Miranda.


Foto nº 6A > Janeiro de 1972 – A “oficina” do Pelotão Daimler,  É visível o 1º cabo mecânico David Miranda que fazia o "milagre" de manter as viaturas sempre operacionais. Chegámos a ter  duas ou trêsd Daimlers, vindas da sucata de Bissau, para "canibalizar". Ao trabalho do Miranda muito ficou a dever o sucesso do Pelotão.



Foto nº 5 > Janeiro de 1972  >  O “bairro de lata” do aquartelamento.


Foto nº 11  > Janeiro de 1972 >  Extremo Sul (à saída do aquartelamento) da avenida de Teixeira Pinto (Vd. foto nº 15). Na abertura para a direita, a 50 metros, ficavam os correios, com serviço de telefone.


Foto nº 11A > Janeiro de 1972 >  Início da avenida de Teixeira Pinto (a partir do extremo sul)


Foto nº 11B > Janeiro de 1972 > Aspeto do meio da avenida de Teixeira Pinto (vista a partir do extremo sul)


Foto nº 13 > Janeiro de 1972 >  Cine Canchungo, situado no início da avenida, próximo do Quartel, sobre a via ascendente (esquerda), numa praça que se abria entre o Cine  e a Casa da Assembleia do Povo, edifício paralelo a este, sobre a esquerda da fotografia. A antiga vila foi elevada a cidade pelo Ministro do Ultramar, Silva Cunha,  em 24 de julho de 1973.






Foto nº 13A  > Janeiro de 1972 >  Cine Canchungo.  Vista parcial.


Fotos (e legendas): © Francisco Gamelas (2016). Todos os direitos reservados [Edição: LG]



1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do Francisco Gamelas (*), ex-alf mil cav., cmdt do Pel Rec Daimler 3089 (Teixeria Pinto, 1971/73), adido ao BCAÇ 3863 (1971/73) e novo membro da nossa Tabanca Grande [. foto à direita, em Capó, janeiro de 1972) (**).


Francisco Gamelas, que é engenheiro eletrotécnico de formação quadro superior da PT Inovação reformado, vive em Aveiro, e acaba de publicar "Outro olhar - Guiné 1971-1973. Aveiro, 2016, ed. de autor, 127 pp. + ilust. P.reço de capa 12,50 €. Os interessados pode encomendá-lo ao autor através do seu email pessoal franciscogamelas@sapo.pt. O design é da arquiteta Beatriz Ribau Pimenta. Tiragem: 150 exemplares. Impressão e acabamento: Grafigamelas, Lda, Esgueira, Aveiro.

No seu livro, a pp.  16 e ss., pode encontrar-se uma detalhada descrição da Teixeira Pinto daqueles tempos:

"Implantada na planície, a meio da metade litoral norte da Guiné, entre os rios Cacheu, a norte, e Mansoa, a sul, mais próxima do último e dele recebendo a visita das suas águas na bolanha" (...), "a sua parte nobre e mais recente desenvolveu-se a partir da abertura de uma larga avenida em linha recta, com orientação aproximada norte-sul, que ligava  o primitivo aldeamento do Canchungo ao quartel erguido a sul do povoado, a cerca de seiscentos metros de distância. O quartel albergava as sedes de uma batalhão [, o BCAÇ 3863] e de um CAOP [1]. Este com uma companhia de forças especiais - comandos [, a 35ª CCmds]. Na avenida, ou a ela chegados, sediavam-se os serviços disponibilizados, próximos do quartel". (...) "De ambos os lados erguiam-se casas de habitação de aspecto colonial, tendencialmente as melhores da cidade. Que me recorde, em nenhuma delas  habitava uma família nativa". [Vd. fotos 15, 11 e 13].(Gamelas, 2016, pp.  17-17).  [Respeitámos a opção do autor que escreve de acordo com a "antiga ortografia". Reprodução de excerto, por cortesia do autor.]

Guiné 63/74 - P16168: Parabéns a você (1091): Belarmino Sardinha, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista do STM/CTIG (Guiné, 1972/74)

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Nota do editor

Último poste da série de 5 de Junho de 2016 Guiné 63/74 - P16166: Parabéns a você (1090): Manuel Traquina, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 2382 (Guiné, 1968/70)

domingo, 5 de junho de 2016

Guiné 63/74 - P16167: Blogpoesia (451): "Cocciolo..." e "O talento...", por J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

1. "Cocciolo" e "O talento...", poemas do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66).


O "cocciolo"...

Naqueles tempos,
Muito lá atrás,
A abóboda celeste
Parecia infinita,
Uma campânula breve,
Onde todos vivíamos.

Tinha os limites do horizonte.
Tudo serras ao redor
A definiam.

Era a Serrinha perto
E o Marão lá longe.
Lado nascente.

Santa Quitéria ao norte,
Ali bem à vista.
Do mar a Penha
E Barrosas ao fundo.

Ali se vivia,
Numa cerca verde.
Se sabia de cor
O que nela havia.

As mesmas caras.
As mesmas vozes.
O vestir igual.

A camioneta da carreira,
Além do carteiro,
Que ia e vinha,
Às mesmas horas,
Dos mesmos sítios.
O comboio ao longe.
A bicicleta ao pé.

O que fosse estranho
Toda a gente via.

Me lembro bem,
O espanto que deu,
Uma bicicleta a andar,
Sem dar ao pedal.
Tinha um motor
Que largava fumo.

Era de Braga.
Um "cocciolo"
Ficou na história.
Nunca mais esqueceu.

Foi o começo.
O progresso a vir.
À mão de todos...

Os poucos carros
Eram só p'ra fidalgos...

Berlim, 3 de Junho de 2016
9h6m

Jlmg
Joaquim Luís Mendes Gomes

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O talento…

Aquela tocha oculta.
Só se vê
Quando arde e ilumina.
Que amplifica a força e o poder.
Desvenda ao vulgo o belo e o saber
Com um recato quase divino.
Um mistério à vista
No quadro excelso dum pintor.
Na mensagem bela dum poema
Que nos deixa extasiado.
Naquela voz com timbre d’oiro
Que se desprende com fulgor
E nos deixa arrepiado.
As mãos que correm as teclas
Fazendo ouvir os maviosos sons
Que só uma mente iluminada ouviu
E escreveu numa pauta.
Aquele mago doutor da medicina
Que, só de ver,
Nos descobre e sara do mal,
Com uma arte quase divina…
É um valor que se tem ou não.
Não se compra e não se vende…

Ouvindo concerto nº 1 para piano de Chopin

Jlmg
Joaquim Luís Mendes Gomes
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Nota do editor

Último poste da série de 29 de maio de 2016 Guiné 63/74 - P16143: Blogpoesia (450): "Brando, sereno e suave..." e "As energias...", por J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

Guiné 63/74 - P16166: Parabéns a você (1090): Manuel Traquina, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 2382 (Guiné, 1968/70)

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Nota do editor

Último poste da série de 3 de Junho de 2016 Guiné 63/74 - P16159: Parabéns a você (1089): António Azevedo Rodrigues, ex-1.º Cabo do CMD AGR 2957 (Guiné, 1968/70)