sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Guiné 63/74 - P16758: (D)o outro lado do combate (Jorge Araújo) (1): Amílcar Cabral e os desertores portugueses: os casos dos 1ºs cabos Armando Correia Ribeiro e José Augusto Teixeira Mourão


Guiné  > Região Óio > PAIGC > Base de Sará > c. 1966 > É muito provável que os indivíduos, brancos, sentados, e assinalados por elipse a vermelho, sejam os desertores portugueses José Augusto Teixeira Mourão e Armando Correia Ribeiro. Tinham "livre trânsito"  nas bases do PAIGC mas provocaram alguns dissabores a Amílcar Cabral, antes do posterior envio para Argel... Desconhece-se o fim desta história...
Foto do Arquivo Amílcar Cabral / Casa Comum, com a devida vénia. (JA)

Citação:

(1963-1973), "Guerrilheiros do PAIGC, base no interior da Guiné", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_43576 (2016-11-20).





Jorge Araújo, ex-fur mil op esp / ranger, CART 3494 / BART 3873 (Xime e Mansambo, 1972/1974); doutorado pela Universidade de León (Espanha) (2009), em Ciências da Actividade Física e do Desporto; professor universitário, no ISMAT (Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes), Portimão, Grupo Lusófona. Damos início a uma nova série, da sua autoria, "(D)o outro lado do combate".


1. Introdução 

Na elaboração da anterior narrativa [P16721] (*), a terceira relacionada com a entrevista ao médico-cirurgião Virgílio Camacho Duverger (1934-2003), foram incluídas referências a casos de deserção de militares das NT, nomeadamente o dr. Mário Moutinho de Pádua, considerado o primeiro oficial desertor da história da Guerra do Ultramar, ocorrida em Outubro de 1961, em Angola [Alf Mi Médico do BCAÇ 88].

Decorridos seis anos após essa sua tomada de decisão, o dr. Mário Pádua acabaria por integrar uma equipa de clínicos cubanos em missão de apoio ao PAIGC, primeiro no Hospital Militar, em Boké, na Guiné-Conacri, durante os meses de julho e agosto de 1967, fixando-se depois no Hospital de Ziguinchor, no Senegal.

Referiram-se, ainda, os casos de David Ferreira de Jesus Costa [David Costa], soldado da CART 1660 (1967/1968), aquartelada em Mansoa, que em 17 de maio de 1967 foi aprisionado na mata circunvolvente ao quartel por grupo de guerrilheiros, e o de Manuel Fragata Francisco [Manuel Fragata], soldado da CART 1690 (1967/1969), sediada em Geba, que ao ficar ferido em combate na “Op Invisível”, realizada em 19 de dezembro de 1967, na mata do Oio, não lhe permitiu retirar-se do local por ausência de mobilidade própria, sendo igualmente aprisionado. Em ambos os casos os militares portugueses foram levados para a base [Lar/Hospital] de Ziguinchor.

Por lapso, associei o nome de David Costa ao de Daniel Alves [militar identificado com "dupla deserção"] e que fora noticiada por Amílcar Cabral [1924-1973] em nota, por si manuscrita, enviada aos seus camaradas no início de janeiro de 1969 [P16722] (**).

Da pesquisa realizada para encontrar alguma referência acerca do caso do Daniel Alves, fugido de Dacar no final do ano de 1968, tendo por fonte privilegiada a «Casa Comum – Fundação Mário Soares», ela não produziu qualquer resultado. Porém, tive acesso a outros documentos relacionados com o tema “deserções”, pelo que decidi partilhá-los convosco, elaborando, por ordem cronológica de acontecimentos, mais esta pequena narrativa.


2. OS casos de Armando Correia Ribeiro, da CCAV 789, e de José Augusto Teixeira Mourão [, unidade desconhecida] 

A referência a estes dois militares metropolitanos que decidiram desertar de unidades do exército português em missão no CTIG foi encontrada em documento, sem data, manuscrito por Amílcar Cabral, em francês,  e que abaixo reproduzimos. Os nomes referidos são:

(i) Armando Correia Ribeiro, 1º cabo  ["caporal"], n.º mecanográfico 1919/64, da CCAV 789, com 24 anos de idade, natural de Coimbra, e chegado a Bissau a 28 de abril de 1965. [Repare-se na subtileza do apontamento de Amílcar Cabral: "séjour dans notre pays depuis le 28 avril 1965", ou seja, "permanência do nosso país desde o dia 28 de abril de 1965"];

(ii) José Augusto Teixeira Mourão, 1º cabo, n.º mecanográfico 3426/64, unidade militar desconhecida, com 23 anos de idade, natural do Porto, e chegado a Bissau a 6 de abril de 1965.



Citação:
(s.d.), "Informações relativas a dois militares do exército português", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_41210 (2016-11-20)


Instituição: Fundação Mário Soares
Pasta: 07058.016.013
Título: Informações relativas a dois militares do exército português
Assunto: Informações relativas a dois militares do exército português: Armando Correia Ribeiro e José Augusto Teixeira Mourão.
Data: s.d.
Observações: Doc incluído no dossier intitulado Manuscritos de Amílcar Cabral 1961-1963
Fundo: DAC – Documentos Amílcar Cabral
Tipo Documental: Documentos




Galhardete da CCAV 789

Uma vez que não existe no espólio do nosso blogue qualquer elemento historiográfico da CCAV 789, tendente a ajudar-nos a entender as razões ou as motivações que estiveram na origem da deserção do Armando Correia Ribeiro, avançámos para a elaboração do quadro de baixas em combate verificadas nesta unidade durante a sua comissão, com relevância para as respectivas datas
De referir que a CCAV 789, a terceira unidade operacional do BCAV 790, instalado em Bula, chegou a Bissau a 23 de abril de 1965 e o regresso à Metrópole verificou-se a 8 de fevereiro de 1967. As duas viagens foram realizadas a bordo do N/M Uíge. A CCAV 789 esteve aquartelada em Teixeira Pinto e Binar.

Quadro estatístico do autor - Fonte: http://ultramar.terraweb.biz/Convivios_Imagens/BCAV790/BCAv790_osmortos.pdf, (com a devida vénia).

Quanto ao caso do José Augusto Teixeira Mourão, desconhecem-se, igualmente, os antecedentes que o levaram a desertar do exército português, a que se adicionam todos os elementos relacionados com o seu currículo militar [a não ser que o nosso camarada e colaborador permanente do blogue, José Martins,  nos possa ajudar neste âmbito].

No entanto, a primeira referência de que há registo sobre José Augusto data de junho de 1966 e foi relatada pelo médico cubano Domingo Diaz Delgado no primeiro fragmento da sua entrevista [P16234] (***).
Recuperamos essa passagem: 

[…] Lilica Boal [...] levou-me a sua casa [em Dacar], aonde permaneci três ou quatro dias até que me dão a conhecer [junho de 1966] um desertor do exército português, de nome José Augusto [José Augusto Teixeira Mourão], e apresentam-me como admirador do Movimento e que queria participar na guerrilha contra o seu governo. A este ex-militar deram-lhe numerosos detalhes e dizem-lhe que sou cubano. 

Desde aquele momento não fiquei tranquilo e pedi que me mudassem de casa, pois não confiava naquele homem [, o José Augusto]. Mudam-me para outra moradia, onde fiquei mais um dia. […]

 O principal trabalho em Sará [base], durante esses meses [julho a dezembro de 1966], foi a extração de dentes. Tenho um caderno onde registei a quantidade de pessoas que tratei, incluindo o português desertor [José Augusto] que me apresentaram em Dacar, que depois se confirmou tratar-se de um agente da Inteligência portuguesa [PIDE]. Esse homem permaneceu preso no Norte da Guiné, convivendo connosco nesse acampamento. [...]

Creio que podemos validar, com elevada margem de segurança,
a hipótese de a imagem [, que encima este poste], ser referente à base de Sará, na região do Óio, e ao ano de 1966...

Observando-a com mais detalhe [, imagem à direita,] nela se vê um homem jovem , branco, [provavelmente um militar português] vestido “à civil”, com barba de duas semanas, calçando ténis... Ao seu lado é possível identificar a perna esquerda de um outro corpo, cuja situação deveria ser igual à sua.  Daí podermos considerá-los como sendo o José Augusto e o Armando Ribeiro, fazendo fé nas referências produzidas nos vários documentos a seguir identificados. 

Pelo nº mecanográfico, eram dois militares da incorporação de 1964, um com 24 anos o Armando) e outro com 23 (o José Augusto), na altura em que se entregaram ou foram capturados pelo PAIGC em 1967.  É bem possível que tenha havido, também aqui, razões do foro disciplinar para explicar a deserção. O José Augusto já estava, em Dakar,  com o PAIGC em agosto de  1966.


3. Reunião com os desertores portugueses em 31 de agosto de 1967: 

Por decisão de Amílcar Cabral foi realizada, na data em título, uma reunião com os dois desertores portugueses, onde foram abordados os seguintes pontos [resumo]:

– Desculpa-se de só agora os ter podido ouvir [, aos desertorres].

– Fala do significado da deserção. Refere os cuidados que nós [PAIGC] devemos ter também com os desertores. Referiu o caso de um desertor que levado até Dacar fugiu e hoje se encontra em Bissau [será o caso do David Costa ?]. 

Apesar da nossa boa vontade, dos nossos princípios de humanidade, do nosso bom coração, temos de estar vigilantes. Refere os casos de tentativa de fuga, de um deles lá dentro [?] e de outro, de fuga em Dacar, onde se juntou. Diz ainda que os Relatórios mostram contradições nas suas afirmações.

- Mourão (José Augusto) – Chegou a Dacar. Esteve três dias preso. Liberto, foi para o Lar [Ziguinchor?!]. Dois dias depois foi beber uma cerveja com um camarada nosso (Joaquim), numa taberna de um tal Lima (que é Pide). Este pediu-lhe para o ajudar no seu trabalho. Mais tarde conheceu um tal Germano Monteiro (Pide) que o levou à freira. Conversaram na embaixada e fizeram-lhe perguntas. As suas respostas eram comunicadas ao telefone ao embaixador da Suíça. Depois comunicam com a Lilica [Boal] que, segundo afirma, lhe disse que se quisesse ir para Lisboa esta lhe obteria os papéis [documentos oficiais].

- Amílcar – Esclarece que Lisboa começa mesmo em Dacar com qualquer Pide. Esta pode matar em sua casa o desertor, pode fazer desaparecer o corpo e enviá-lo para Lisboa. Pode também liquidá-lo mesmo na Embaixada ou obrigá-lo à força a sair para Lisboa.


- Lilica Boal  [, Maria da Luz Freira de Andrade, n. 1934, Tarrafal, Santiago, Cabo Verde]– esclarece que é falso o que diz e o que se passou foi o seguinte: afirmou-lhe que se quisesse ir para Lisboa o liquidariam.



Nota: O texto acima corresponde à transcrição da página 1, abaixo reproduzida.



- Fala Armando [Ribeiro] (desertor) – Conta que foi com dois camaradas nossos longe do Sará [base] para ir beber e que se embebedou. Voltou à base e começou a falar sozinho. Depois, porque estava a dizer coisas sem nexo, um camarada criticou-o pelo que disse. O José Augusto começou a provocá-lo e depois jogaram à pancada. 

Em consequência disso, aborrecido, saiu da base à noite e depois encontrou um grupo de guerrilheiros que o conduziu à base. Ia às vezes caçar, mesmo sozinho. Outra vez afastou-se para uma Tabanca, tendo depois sido acusado de tentativa de fuga.

- Pergunta de Fidelis (a José Augusto) – Porque mostrou a figura de Amílcar e de outros responsáveis do Partido a um desconhecido que estava numa taberna, cerca da C.R.P. [Casa de Reclusão do Partido?].

- José Augusto – Explicou a coisa.

- Amílcar – Diz que se tratará o problema da melhor maneira possível. Damos-vos comida, tratamo-los bem, damos-lhes dinheiro. Devem ter toda a confiança. Irão conversar com os camaradas Fidelis, Araújo, Vasco e talvez Armando [Ramos]. Diz que podem comunicar com a família.

- PRESENTES – Amílcar Cabral, Aristides Pereira, Vasco Cabral, José Araújo, Fidelis Almada, Armando Ramos, Joseph Turpin, Nino Vieira e Lilica Boal.


Nota: O texto acima corresponde à transcrição da página 2, abaixo reproduzida.


Citação:
(1967), "Reunião com os desertores portugueses", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_41297 (2016-11-20)



Instituição:  Fundação Mário Soares
Pasta: 07072.125.007
Título: Reunião com desertores portugueses
Assunto: Apontamentos da reunião com os desertores portugueses. Presentes: Amílcar Cabral, Aristides Pereira, Vasco Cabral, José Araújo, Fidelis Cabral de Almada, Armando Ramos, Joseph Turpin, Nino Vieira e Lilica Boal.
Data: Quinta, 31 de Agosto de 1967
Observações: Doc incluído no dossier intitulado Relatórios VI 1962-1971.
Fundo: DAC – Documentos Amílcar Cabral
Tipo Documental: Documentos


2.2. Pedido de autorização ao Ministro das Forças Armadas da República da Guiné, com data de  5 de setembro de 1967, para envio dos dois desertores do exército português para Argel:

Cinco dias após a realização  desta reunião com os dois desertores portugueses – Armando Ribeiro e José Augusto Mourão – ,  Amílcar Cabral, procurando resolver o problema conforme prometera, solicita, em carta enviada ao Ministro das Forças Armadas da República da Guiné-Conacri [General Lansana Diané (1920-1985)], autorização para o envio daqueles militares para Argel.

Eis a sua transcrição na íntegra [, tradução nossa, do francês para português].

Conacri, 5 de Setembro de 1967

Senhor Ministro das Forças Armadas e do Serviço Cívico 

Conacri

Senhor Ministro e caro companheiro de luta.

Depois de termos desencadeado a nossa luta armada de libertação nacional, vários militares portugueses e africanos desertaram das fileiras das tropas coloniais para se juntarem às nossas forças, abandonando, assim, a guerra colonial. A maioria dos desertores portugueses, dos quais obtivemos o melhor acolhimento, juntaram-se com a nossa ajuda aos movimentos antifascistas de Portugal, após terem passado pela República da Guiné. Outros passaram através do Senegal.

Dois militares portugueses, 1º cabo, n.º 1919/64, Armando Correia Ribeiro, e  1ºcabo n.º 3426/64, José A. [Augusto] Teixeira Mourão, que desertaram das tropas coloniais no Norte do país, foram transferidos para o Sul, encontrando-se presentemente em Conacri. Sujeitos às medidas de segurança necessárias, estes desertores forneceram-nos uma série de informações que considerámos interessantes.

Como os anteriores, gostaríamos de os enviar para a Argélia para inclusão num dos movimentos antifascistas portugueses mais representativo, com o qual temos boas relações [, Frente Patriótica de Libertação Nacional].

É por isso que tenho a honra de lhe solicitar nos conceda, por favor, as autorizações necessárias às suas viagens para Argel.

Aceite, Senhor Ministro e caro companheiro de luta, a expressão dos nossos sentimentos de elevada e fraternal consideração.

P’ Bureau Político do P.A.I.G.C.

Amílcar Cabral
Secretário-Geral

 
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Citação:
(1967), Sem Título, CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_35016 (2016-11-16)


Instituição:  Fundação Mário Soares
Pasta: 04606.045.134
Assunto: Solicita autorização junto das autoridades de Conakry para enviar dois desertores do exército português para Argel.
Remetente: Amílcar Cabral, Secretário-Geral do PAIGC.
Destinatário: Ministro das Forças Armadas e do Serviço Cívico, Conakry
Data: Terça, 5 de Setembro de 1967
Observações: Doc incluído no dossier intitulado Cartas e textos dactilografados enviados por Amílcar Cabral 1960-1967
Fundo: DAC – Documentos Amílcar Cabral
Tipo Documental: Correspondência

Para além do escrutínio aos documentos supra, nada mais relevante foi encontrado, pelo que continuará incógnito o que terá acontecido, a partir de 5 de setembro de 1967, na vida de cada um dos nossos dois camaradas, a não ser que, entretanto, surjam novos desenvolvimentos.

Vamos acreditar que tal possa acontecer.  Obrigado pela atenção.

Um forte abraço de amizade com votos de muita saúde.
Jorge Araújo.
21nov2016.
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 15 de novembro de 2016~> Guiné 63/74 - P16721: Notas de leitura (892): (D)o outro lado do combate: memórias de médicos cubanos (1966-1969) - Parte XII: O caso do médico militar, especialista em cirurgia cardiovascular, Virgílio Camacho Duverger [III]: o encontro, em Boké,com o médico português Mário Pádua (Jorge Araújo)

(**) Vd. poste de 15 de novembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16722: Debates da nossa tertúlia (I): Nós e os desertores (22): Quem terá sido o Daniel Alves, "duplamente desertor" ? Primeiro, fugiu das nossas fileiras, possivelmente em 1967, e depois das fileiras do PAIGC... Amilcar Cabral, traído e preocupado, escreveu: "O Daniel Alves conseguiu enganar a malta (sic) e fugiu em Dacar. É um facto banal numa luta (deserção ou traição), mas pode complicar-nos muito a vida em relação aos amigos"....

(***) Vd. poste de 24 de junho de 2016 > Guiné 63/74 - P16234: Notas de leitura (852): (D)o outro lado do combate: memórias de médicos cubanos: o caso do cirurgião Domingo Diaz Delgado, 1966-68, segundo o livro de H. L. Blanch (2005) - Parte II: a vida dura nas base de
Sara, na região do Oio (Jorge Araújo, ex-fur mil op esp / ranger, CART 3494, Xime-Mansambo, 1972/1974)

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Guiné 63/74 - P16757: Álbum fotográfico de Fernando Andrade Sousa (ex-1º cabo aux enf, CCAÇ 12, 1969/71) - Parte IV: Os bravos da equipa de enfermagem



Guiné >Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > CCAÇ 12 (1969/71) > Da esquerda para a direita, o 1º cabo aux enf Fernando Sousa, o 1º cabo aux enf Carlos Alberto Rentes dos Santos [, é de Amarante, vive em França], o fur mil enf João Carreiro Martins (,vive em Lisboa) e o alf mil at cav José António G. Rodrigues [, já falecido, vivia em Lisboa; estava aqui de oficial de dia, era cmdt do 4º Gr Comb]


Guiné >Zona leste > Setor L1 >  Bambadinca > CCAÇ 12  (1969/71) > 1969 Três elementos dos serviços de saúde: o fur mil enf João Carreiro Martins, à sua esquerda o 1º cabo ex enf Fernando Sousa e à sua direita o 1º cabo aux enf José Maria S. Faleiro [, morada actual desconhecida; foi dos primeiros a ser evacuado por doença intectocontagiosa, ainda em 1969)]... Os três militares da CCAÇ 12 estão junto ao momnumento erigido pela  CCAÇ 1551 / BCAC 1888 (Bambadinca, mai - nov 1966; Fá Mandinga, nov 1966 - jan 1968): além de Bambadinca, teve pessoal destacado  em Xitole, Saltinho, Mansambo; Missirá e Dulombi).


Guiné >Zona leste > Setor L1  > Bambadinca > CCAÇ 12  (1969/71) > c. 1970 > O  1º cabo aux enf Fernando Sousa,  de regresso a Bambadinca, depois de uma operação no subsetor de Mansambo... Estamos no tempo das chuvas, quie transformavam as picadas em ribeiras caudalosas....



Guiné >Zona leste > Setor L1  > Bambadinca > CCAÇ 12  (1969/71) > c. 1970 > O  1º cabo aux enf Fernando Sousa, na chamada ação psicossocial... A população é fula, a tabanca deveria situar-se np regulado de Badora (ou até mesmo no Xime)


Guiné >Zona leste > Setor L1 >  Bambadinca > CCAÇ 12  (1969/71) > c. 1970 >  1º cabo aux enf Fernando Sousa, vacinando a população... É auxiliado por um colega da CCS/BART 2917 (1970/2), o 1º cabo aux enf, Américo,  natural do Porto e jogador de futebol júnior ...   (Na CCS,   havia também soldados maqueiros que estavam distribuídos pelos destacamentos.)

Pelo vestuário, a população parece-nos ser balanta, do reordenamento de Nhabijões, que tinha muitos parentes no "mato" (leia-se, em tabancas son controlo do PAIGC, ao longo da margem direita do Rio Corubal(...  Alguns vinham, nas calmas e nas barbas da NT, abastecer-se em Nhabijões, ir ao médico a Bambadinca ou fazer compras  no comércio local.

Fotos (e legendas): © Fernando Andrade Sousa (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].



1. Continuação da publicação do álbum de Fernando Andrade Sousa que foi 1º cabo aux enf, CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, entre maio de 1969 e março de 1971), e mora na Trofa. Era seu superior hieráquico o fur mil enf João Carreiro Martins, membro, também ele, da nossa Tabanca Grande (*).

O Fermando Sousa tem página no Facebook. foi praticante de futebol e tem experiência associativa.

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Guiné 63/74 - P16756: Amigos para sempre (2): Tony Levezinho, boa continuação da viagem pela picada da vida fora, sempre com um olho, à esquerda, à direita, atrás e à frente, nas p... das minas e armadilhas em que podemos cair e "lerpar" (Luís Graça)



Guiné > Zona Leste > Setor L1 > CCAÇ 12 (1969/71> c. 1970 > 2º Grupo de Combate > Estrada Bambadinca-Xime > Destacamento da Ponte do Rio Udunduma

O Tony (Levezinho) e o Humberto (Reis) sentados na "manjedoura"... Era ali, protegidos da canícula, por uma chapa de zinco, à volta de uma tosca mesa de madeira, entre duas árvores,  com vista sobre o espelho de água do rio Udunduma, afluente do Geba..., era ali que tomavámos em conjunto as nossas refeições, escrevíamos as nossas cartas e aerogramas, jogávamos à lerpa, bebíamos um copo, matávamos o tédio e os mosquitos...

Na imagem, o Tony (Levezinho), à esquerda, segurando uma granada  de LGFog de 3.7.   À direita, o Humberto Reis, o nosso "ranger"... e fotógrafo. O 2º Gr Comb ficou, cedo, entregue aos dois furriéis, Levezinho e Reis... O alf mil António Carlão foi destacado... para a equipa de reordenamento de Nhabijões ( a gigantesca tabanca, ou aglomerado de tabancas, de maioria balanta, onde a rapaziada  do PAIGC se dava ao luxo  de entrar e sair quando lhe apetecia...).

Foto: © Humberto Reis  (2006). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]-



Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > CCAÇ 12  (1969/71) > c. 1970 > Furriéis milicianos António Levezinho e Luís Graça Henriques, à civil... "enquanto a guerra seguia dentro de momentos"

Foto: © António Levezinho (2006). Todos os direitos reservados



1. Meu velho camarada e amigo Tony:

Sei que és mais “feicebuqueiro” do que “blogueiro”  (, este último vocábulo já está grafado nos nossos dicionários, tal como "blogue")… Se calhar é um bom sinal (ou uma melhor estratégia) de saúde mental… Para quê voltar atrás. perguntarás tu,  ao tempo e aos lugares onde sofremos, penámos e perdemos uma parte dos nossos verdes anos ?!...

No nosso blogue tens meia centena de referência e no Google Imagens muito mais fotos, que podes visualizar aqui, umas tuas, outras partilhadas por camaradas nossos: 


Da tropa (Campo Militar de Santa Margarida e da guerra (T/T Niassa e T/T Uíge, Guiné, CCAÇ 2590/CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, maio de 1969/março de 1971) ficou, entre nós, uma bela e serena amizade, que se estendeu às nossas caras-metade, Isabel e Alice,  e filhos, Rita,  Nuno, Joana, João…

Como eu costumo dizer, a amizade é como um jardim, precisa de ser regada, nem que seja uma vez por ano, com um copo de bom vinho,   pela(s) festa(s) de aniversário natalício ou outros eventos sociais!...

De tempos a tempos lá nos vamos encontrando, aqui ou lá em baixo ( na tua Tabanca da Ponta de Sagres - Martinhal) ou falando ao telefone, mas não tantas vezes quanto as que gostaríamos… Desgraçadamente até o teu nº de telemóvel perdi, tive que ir  recuperá-lo,  naquelas velhas listas de papel que a gente tem o bom senso de não pôr no lixo (e que são o "back up" da nossa memória esburacada...), de modo a poder-te mandar ao vivo, como já o fiz esta manhã,  aquele xicoração fraterno e festivo que tu bem mereces no dia de hoje. 

Meu jovem idoso Tony, agora na terceira idade, desejo-te boa continuação da viagem pela picada da vida fora, sempre com um olho, à esquerda, à direita, atrás e à frente, nas p... das minas e armadilhas em que podemos cair e "lerpar"... E essas não são poucas, nesta fase das nossas vidas...

Bom, mas sejamos sempre ativos e proativos, como tu o tens sido, ao longo da tua vida, sabendo agora envelhecer com bom humor, sabedoria e gentileza: o caminho fez-se para caminhar,  e faz-se caminhando, e até aos 100 (5ª idade), é sempre em frente, não tem nada que enganar!…

Um bom “novo” ano, para ti, para a Isabel, para os teus filhos, para o teu neto, para todos nós, teus amigos  e camaradas, para todos nós, "tugas", e já agora para o resto do mundo, porque não podemos viver “apartados”… nem há "muros" que nos salvem... Ah!, sem esquecer a “nossa” Guiné , que também regámos com o nosso sangue, suor e lágrimas...(Ou foi ela que nos "regou" com a seiva dos seus mágicos poilões, cabaceiras e bissilões, ou nos  enfeitiçou com as mezinhas dos seus irãs?)

Amigos, para sempre!

Luís (+ Alice, Joana, João)

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Guiné 63/74 - P16755: Parabéns a você (1166): Abel Santos, ex-Soldado At Art da CART 1742 (Guiné, 1967/69) e António Levezinho, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 12 (Guiné, 1969/71)


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Nota do editor

Último poste da série de 23 de Novembro de 2016> Guiné 63/74 - P16749: Parabéns a você (1165): José Saúde, ex-Fur Mil Op Especiais do BART 6523 (Guiné, 1973/74)

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Guiné 63/74 - P16754: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (106): meninos do Xime: numa foto de 1970, do José Nascimento, da CART 2520, vejo agachada a minha prima Sene Soncó, que depois viria a casar com um irmão meu que cumpriu serviço militar em Farim... Infelizmente, ambos já faleceram (José Carlos Mussá Biai, engenheiro florestal, Lisboa)


 Foto nº 1 A >  Guiné > Zona leste > Setor L1 >  Ao centro, a menina Sene Soncó



Foto nº 1 > Guiné > Zona leste > Setor L1 > Xime > CART 2520 > c. 1970 > Da esquerda paar a direita, de pé, fur Renato Monteiro, um dos picadores e o fur José Nascimento... Em baixo, "meninos do Xime", entre os quais a menina Sene Soncó, prima e cunhada do nosso amigo José Carlos Mussá Biai, que podia perfeitamente estar nesta foto, já que vivia nessa  altura no Xime...

 [O Zé Carlos é membro, da primeira hora, da nossa Tabanca Grande, vive hoje em Portugal onde se formou em engenharia florestal, trabalhando na Direção-Geral do Território (DGT), Direção de Serviços de Informação Cadastral (DSIC), Divisão de Cadastro Geométrico da Propriedade Rústica (DCG), Rua Artilharia Um, nº 107, 1099 - 052 Lisboa, tel. 21 381 96 00].


Foto (e legenda): © José Nascimento (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Foto nº 2 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Xime > 1/10/2006 > Os "minos do Xime", na escola primária, mais de 35 anos depois...


Foto nº 3 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Xime > 1/10/2006 >  Rua principal


Foto nº 4 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Xime > 1/10/2006 > Grupo de antigos combatentes que estiveram ao lado das NT durante a guerra colonial...Entre eles, dois irmãos e um primo do José Carlos Mussá Biai, membro da nossa Tabanca Grande.. (*)


Fotos (e legendas): © Domingos Fonseca  / AD - Acção para o Desenvimento, Bissau (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do nosso amigo, natural do Xime. José Carlos Mussá Biai, com data de hoje

Olá,  Luís, viva

Mais uma vez fui surpreendida pela riqueza deste nosso Blog. (**)

Nesta fotografia tirada pelo camarada José Nascimento,  da CART 2520, vejo agachada a minha prima Sene Soncó, que depois casou com um irmão meu que cumpriu serviço militar em Farim. (***)

Ambos, infelizmente já faleceram. Sene há poucos anos e o meu irmão faleceu no dia 27 de julho de 2016, vítima de alergia a um medicamento qualquer que lhe foi receitado no hospital.


Um abraço,

Zé Carlos

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 20 de janeiro de 2006 > Guiné 63/74 - P441: Estou emocionado (J.C. Mussá Biai)

(...) Estou emocionado!...

 (...) As fotos falam por si. Os locais por onde brinquei, onde dei alguns mergulhos... Melhor, ainda as pessoas que me viram nascer, que cuidaram de mim e com quem partilhei refeições, angústias e alegrias. Estou a referir-me aos meus irmaõs mais velhos (sim, meus irmãos de sangue) e de um primo-irmão dos quais lhe falei.

Os meus irmãos são, Fodé Biai, o primeiro a contar da direita para a esquerda e Bacar Biai, o segundo na mesma ordem e Malam Mané, o quarto, dos que estão de pé.

O Fodé e o Malam cumpriram o serviço militar em Farim e depois Bissau, sendo o Malam depois transferido para Bambadinca. O Bacar sempre esteve em Xime.

(...) O curioso de tudo isso, quem tirou as fotografias é um colega meu, o Domingos Fonseca, trabalhei junto com ele na Escola do Ensino Básico Preparatório Amizade Guiné Bissau - Suécia, em Bissau. Ele leccionava a língua portuguesa e eu matemática, antes de ele ir tirar o curso de engenheiro técnico agrário na Argélia. Estive com ele no ano 2000 em São Domingos onde ele estava como responsável de AD." (...)

Guiné 63/74 - P16753: Blogoterapia (282): o tema, recorrente, dos "cansados da guerra" (... e do blogue) (José Manuel Cancela / Hélder Sousa)


Foto nº 1 > Guiné 1969/70 > Postal de boas festas, do Zé Manel Cancela


Foto nº 2 > Bissau > 1969 >  O Zé Manel Cancela, à esquerda, junto ao Hotel Portugal,   acompanhado de um conterrâneo,  de Penafiel, o Ernesto.


Foto nº 3  > Bula > 1968 > Com uma semana de comissão, o Zé Manel  Cancela, "posa" para a fotografia, aquela  que se mandava para casa, para tranquilizar a família: "nós por cá todos bem"...


Matosinhos >  Tabanca Pequena >  s/d > "Unidos" em  Mampatá,  amigos para sempre!... Da esquerda para  a direita,  o Zé Manel Lopes (Josema) e  o António Carvalho (ou Carvalho  de Mampatá) (ambos da CART 6250/72, Mampatá, 1972/74) e o Zé Manel Cancela (CCAÇ 2382, Bula, Buba, Aldeia Formosa, Nhala, Contabane, Mampatá e Chamarra, 1968/70]1968/70)... 

Fotos da página do Facebook do Zé Manel [Moreira] Cancela, natural de Rio de Moínhos, Penafiel.

Fotos (e legendas): © José Manuel Cancela (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. O tema, recorrente,  dos "cansados da guerra " (... e do blogue) volta  a aparecer nas caixas de comentários... Cite-se três comentários (*):

(i) Hélder Valério de Sousa (ex-Fur Mil de TRMS TSF, Pichee Bissau, 1970/72),

Caros camaradas: não tenho tido tempo para participar mais activamente no nosso Blogue mas isso não significa que não o acompanhe diariamente (quase, quase,,,) mas falta-me a disponibilidade para a intervenção.

E bem sei que o Blogue precisa disso (há que alimentá-lo, pois é muito voraz) mas vou fazendo o que posso, dando 'sinal de vida' através dos parabéns aos aniversariantes e sempre, sempre, com a esperança de que 'para a semana vou conseguir'... vê-se!

Mas era impossível não reagir a este texto de antologia do Francisco (*), de reflexão sobre um tema sempre presente ao longo das nossas vidas e que, teimosamente, sempre procurámos evitar aprofundar. O pretexto foi a partida do Vasco Pires. O que o Baptista escreve sobre ele é totalmente subscrito por mim. Não, não é preguiça ou simples economia de palavras e tempo, é porque realmente mais seria escusado. (...)

Obrigado, Francisco, por este incontornável texto, que na prática também é uma justa e merecida homenagem ao Vasco Pires.

(ii) José Manuel Cancela [ ex-soldado apontador de metralhadora, CCAÇ 2382, Bula, Buba, Aldeia Formosa, Nhala, Contabane, Mampatá e Chamarra, 1968/70]

Adorei o texto do Francisco Baptista. Há uns anos atrás conheci outros camaradas que também escreviam assim, no nosso Blogue, não sei porquê, cansaram-se.

Não te canses tu, amigo Baptista.É um privilégio ter-te de vez em quando ao meu lado e convivermos, e não esqueças o que sabes fazer de melhor... que é escrever.


(iii) Tabanca Grande

Meu caro Zé Manel Cancela: o que queres que eu te diga sobre os camaradas que se "cansaram" do blogue ?
São 13 anos a blogar, mais de 16700 postes, 731 camaradas e amigos inscritos no blogue (50 dos quais já morreram), formalmente inscritos (mas muitos mais, 2313, na página do Facebook da Tabanca Grande)... São 66 mil comentários, quase outras tantas imagens e vídeos... São cerca de 9,3 milhões de visualizações!...

Muitos de nós já "raparam" o baú da(s) memória(s), já fizeram as pazes com o passado, e não tem mais histórias para contar... Por outro lado, a Guiné-Bissau de hoje...  é uma deceção, não era o país que todos desejávamos que fosse, nós, os amigos da Guiné e sobretudo os guineenses...

Mas quem está 100% satisfeito com o país que lhe caiu na rifa ? O mundo é hoje uma trampa (em inglês, "trump"...] , está cada vez mais feio e perigoso... E podemos especular sobre (... antes de temer) o que ainda nos espera... Com a nossa idade e experiência, só nos resta sermos, não direi otimistas (só os idiotas é que são hoje otimistas...) mas positivos e proativos...

Zé Manel Cancela, 13 anos é muito tempo... Estamos todos cansados... Cansados da vida e da guerra... Bolas, são "seis  comissões"!.... A p... da guerra não durou tanto... A malta vai "desertando", "ficando pelo caminho", "envelhecendo", "entristecendo", "definhando", "arrumando as botas e as cartucheiras"... e "morrendo", uns física, outros socialmente.

Esperemos que entre "sangue novo" na Tabanca Grande... Está a entrar,  mas a um ritmo muito mais lento do que uns tempos atrás... Eu estou cansado, o Carlos Vinhal está cansado, os nossos colaboradores permanentes estão cansados... É humano, é normal, era expectável, quando arrancámos em 2004... O que eu não esperava (e seguramente a maior parte dos camaradas da Guiné) é que o raio do blogue se aguentasse tanto nas canetas... Bolas, 13 anos é um 1/5, em média,  das nossas vidas!... Já deram conta disso, camaradas e amigos da Guiné ?!...

E depois temos a concorrência do Facebook, que é "fast food", é "pudim instantâneo"!... Todos (ou quase todos...) reconhecemos que o blogue é mais exigente, dá mais trabalho, tanto para quem escreve como para quem lê.... O blogue e o facebook têm missões diferentes, estilos diferentes, gramáticas diferentes e até  públicos diferentes...
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Nota do editor:

(*) Último poste da série > 21 de novembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16745: Blogoterapia (282): Reflexões sobre a morte no adeus ao Vasco Pires (Francisco Baptista, ex-Alf Mil)

Guiné 63/74 - P16752: Convívios (774): Almoço de Natal dos associados e camaradas da tertúlia da Tabanca Pequena ONGD, a levar a efeito no próximo dia 11 de Dezembro (domingo), a partir das 13 horas, em Leça da Palmeira (Álvaro Basto)



Mensagem do nosso camarada Álvaro Basto (ex-Fur Mil Enf da CART 3492/BART 3873, Xitole, 1971/74), dirigente da Tabanca Pequena ONGD, com data de 22 de Novembro de 2016, dando conta do Almoço/Convívio de Natal dos seus associados e camaradas da tertúlia:

Caros associados e camaradas da tertúlia da Tabanca Pequena ONGD 

Vamos este ano, e uma vez mais, realizar um almoço convívio de Natal para nos revermos e convivermos em sã camaradagem. 

Para que tudo corra o melhor possível, precisávamos que se inscrevessem com a antecedência necessária para que o planeamento do almoço possa agradar a todos. 

Para isso, deverão usar os telefones do Zé Teixeira (966 238 626) ou do João Rebola (919 082 512) para se inscreverem indicando quantas pessoas irão comparecer e se irão preferir a carne assada ao bacalhau. 

Claro que todos gostaríamos que o almoço corresse o melhor possível pelo que acreditamos que este apelo terá da vossa parte o melhor acolhimento. E já agora, e porque estamos todos em família, se quiserem trazer uma sobremesa ela será muito bem vinda. 

Não deixem de comparecer para celebrar mais um ano da nossa longa camaradagem.

Um grande abraço 

Pela TERTÚLIA DA TABANCA PEQUENA ONGD 
Álvaro Basto
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Nota do editor

Último poste da série de 22 de novembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16748: Convívios (773): 28º convívio da Magnífica Tabanca da Linha: 40 convivas no último encontro do ano, no restaurante "O Nosso Cantinho", Alvide, Cascais (Manuel Resende)

Guiné 63/74 - P16751: A construção de Mansambo, em imagens (Carlos Marques dos Santos, ex-fur mil at art, CART 2339, 1968/69) - Parte IV: a porta fechada que o IN não conseguiu abrir para se infilrar nos regulados de Badora e Cossé

 







Fotos (e legendas): © Carlos Marques dos Santos (2016). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]






1. Quarta parte do trabalho sobre a "construção de Mansambo em imagens" (*), realizado pelo Carlos Marques dos Santos, nosso grã-tabanqueiro da primeira hora, ex-furriel miliciano da CART 2339 (Mansambo, 1968/69), subunidade adida ao BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70). (*)



História da “feitoria” de Mansambo, com foral a partir de 21 de abril de 1968


A ideia de “fortificar” as imediações da pequena tabanca de Mansambo (sob a chefia do Leonardo – um velho homem grande) terá sido iniciada ainda antes do general Spínola ter chegado à Guiné como Governador e Comandante Chefe.

De “pingalim”, de monóculo, de luvas, bem fardado e com uma postura de “cavalaria”, como mandavam as regras, era assim que aparecia, de surpresa no mato em visitas de informação ou operações.

Em fevereiro de 1968,depois de várias acções de controlo na zona, faz-se a primeira exploração à zona para saber da viabilidade de construir um “aquartelamento altamente fortificado” que sustivesse a força do IN (a partir das matas do Poidon, Fiofioli e Burontoni) no célebre triângulo Xime-Xitole- Bambadinca.

Em 21 de abril de 1968, 1 Gr Comb, neste caso o 4.º da Cart 2339, inicia a ocupação de Mansambo e a construção de casernas abrigo e em sobreposição com 1 Gr Comb da Cart 1646.

Em julho todo o pessoal operacional estava aí instalado, ainda com a formação em Fá Mandinga. Só em novembro [de 1968] a Companhia se reuniu na totalidade.

O projecto era do BENG 447, a mão de obra era o nosso pessoal, que, no terreno, construía um aquartelamento, com base nos materiais de construção que quase diariamente lhe eram enviados em enormes colunas de reabastecimento.

Cada abrigo-caserna tinha capacidade para 2 secções. Quinze dias depois de iniciada a obra o cmdt da Cart deslocou-se para Mansambo para supervisionar os trabalhos.

O Gr Comb da 1646 regressou ao Xitole e a partir daí a segurança era realizada pelo pessoal da Companhia que ainda estava sedeado em Fá Mandinga. Cada Gr Comb ficou encarregado da construção de dois abrigos. A disposição dos abrigos (8) era em quadrado. Em simultâneo procedia-se à desmatação e capinagem das imediações.

Entretanto a Secretaria mudou-se para Bambadinca e só em Novembro se estabelece em Mansambo, com a adaptação de um abrigo, e procede-se à construção de uma enfermaria, um depósito de géneros, uma cozinha e um poço que abasteceria os balneários e em geral o aquartelamento.

A iluminação exterior e interior, a gerador, foi inaugurada a 4 de agosto de 1968. Grande “ronco”: balas tracejantes, morteirada, etc., etc., etc.. Mais vistoso que fogo de artifício. Até aí eram as garrafas de cerveja (bazookas) com mechas que serviam de iluminação.

Os abrigos, construídos em blocos de cimento, executados no local, tinham porta e umas “seteiras”, eram recobertos na sua fachada com terra, cerca de 1,5 m, bidões de gasóleo, inteiros ou abertos em chapas planas. Os telhados, eram executados, com terra, bocados de baga-baga, cibes, chapas de bidões e mais cibes. Uma verdadeira fortaleza (???).

Já houve quem questionasse o limite da sua segurança. Nós fomos atacados muitas vezes e, ou por falta de pontaria do IN ou qualidade da instalação, não tivemos, nesse aspecto,  razão de queixa.

Foi montado, interabrigos, um sistema de som que, através da Rádio Mansambo – e aqui a palavra de ordem era: Aqui rádio Mansambo – passava música e notícias e ainda um sistema de telefones internos.

Foi inaugurado oficialmente em 21 de janeiro de 1969, com a presença de entidades oficiais (diga-se, militares e religiosas) e festa rija, que incluiu “variedades” a cargo de elementos da Cart 2339 e um conjunto musical de Bambadinca – Os Zorbas (?) [o conjunto chamava-se Os Bambas D'Incas... (LG)]

É de notar que, apesar desta azáfama, continuámos em intervenção operacional como Companhia Independente em quadrícula no Sector L1. Mansambo foi, é, e continuará a ser, a porta fechada que o IN não conseguirá abrir para infiltração nos regulados de Badora  e Cossé , pode ler-se em remate da história oficial da Companhia.


Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Mansambo (CART 2339, 1968/69) > 1969 > Atuação do conjunto musical, da CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70), "Os Bambas D' Incas": > A malta em cima de um abrigo > Da esquerda para a direita, José Maria Sousa (viola solo), de pé; Tony (vocalista), sentado; Otacílio (viola baixo), de pé; Neves (bateria), sentado; e Peixoto (viola ritmo), de pé. (**)

Foto (e legenda): © José Maria Sousa Ferreira (2015). Todos os direitos reservados. (Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné)

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Notas do editor:


Guiné 63/74 - P16750: Os nossos seres, saberes e lazeres (186): Uma viagem em diagonal pelos países dos eslavos do Sul (10) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 23 de Junho de 2016:

Queridos amigos,
Aqui se põe ponto final a uma digressão iniciada em Belgrado e com percurso pelo Montenegro e Croácia.
Não consigo imaginar uma longa estadia em Veneza, tal a pressão provocada pelo turismo de massas. Da última vez que cá estivera desenhara uma visita a partir de Milão, por comboio fui batendo várias capelinhas, como o lago de Garda, Vicenza, Pádua, dois dias em Veneza e depois os Dolomitas. Admito que haja seres humanos que se sintam perfeitamente integrados, semanas ou meses a fio, naquele mundo de canais, pontes e praças, com passeios esporádicos pelas ilhas. É um turismo caro o de Veneza, sente-se que uma parte esmagadora deste turismo desaparece ao anoitecer, tais são os preços dos hotéis e dos albergues. A despeito destas restrições, Veneza é extraordinária, deve estar para nascer o primeiro turista que não se mete numa embarcação e atravessa todo o Canal Grande sem um frémito diante de uma beleza única, irrepetível. Isto para dizer que recomendo a todos os viajantes que por aqui comecem ou acabem viagens esplendorosas como a que tive pelos países dos eslavos do Sul.

Um abraço do
Mário


Uma viagem em diagonal pelos países dos eslavos do Sul (10)

Beja Santos

Ao romper da alva, o viandante parte de Cannaregio para San Marco. Convém esclarecer que Veneza divide-se em bairros administrativos ou sestieri. Vivo no campo dos Jesuítas em Cannaregio, amanhã vai dar um grande jeito viver neste bairro extremo com uma ilha-cemitério em frente, ao longe uns Alpes com as cumeadas cheias de neve, e uma estação de barco à porta que me deixará em Marco Polo, o aeroporto de Veneza. Prova provada que a cidade já está enxameada de turistas é o gralhar em muitas línguas, jovens branquíssimas besuntam-se com protetor solar, anda tudo enchapelado. O dia promete. A ver se o viandante não se distrai com praças, ruelas ou fachadas de igreja, a manhã está reservada para essa relíquia que é San Marcos.





Duas colunas assinalavam a principal entrada de Veneza, as colunas de S. Marcos e S. Teodoro, o viandante já está na Piazzetta, frente a um edifício notável, a Zecca, foi a Casa da Moeda de cidade. Aqui se descansou a contemplar o tráfego já intenso, mesmo em frente esta a ilha de S. Jorge, é um verdadeiro regalo para os olhos. Não é possível fotografar no interior da basílica, entra-se e o viandante fica para ali especado a olhar a cúpula central, só mais tarde é que a basílica vai ficar completamente iluminada, o melhor é sonhar, andar por ali a ver mosaicos, a mirar as paredes decoradas com preciosos mosaicos, o interior das cúpulas, caso dos mosaicos do batistério, sentar-se numa das capelas e procurar abstrair o ruído de fundo. É difícil dizer o que é que é mais excecional que o outro, o viandante regozija-se de que desta vez teve tempo e luz para ver a Cúpula da Ascensão. Nada na história da arte Ocidental é tão primoroso como este casamento entre sucessivos estilos do Gótico ao Barroco, dentro da arte e arquitetura bizantinas.
Cá fora, uma longa mirada sobre a Torre do Relógio renascentista, outra peça preciosa com fases da lua e o Zodíaco, trata-se de um relógio de esmalte dourado, invulgaríssimo. O guia que o viandante regularmente consulta alerta para um pormenor. No nível superior, vê-se o leão alado de S. Marcos contra um fundo azul recamado de estrelas. Lá no alto as duas enormes figuras de bronze têm o nome de mouros, são estas figuras que batem no sino a dar as horas. A idade impõe limites, é enorme a tentação de voltar a visitar o palácio dos Doges, fica para a próxima. Mas o viandante não resiste a fotografar a Ponte dos Suspiros, um dos locais mais iconográficos de Veneza, a ponte é famosa porque outrora os delinquentes atravessavam-na a caminho do tribunal, manda a imaginação romântica que paravam nas janelas para suspirar antes de uma condenação.


Caminhamos para a hora de almoço, é melhor sair deste lugar, é onde a comida é mais cara em Veneza. Toca de caminhar contornando S. Marcos e o Cannaregio, como se fosse em direção da estação ferroviária e paralelo ao Canal Grande, viagem movimentada, resistindo a todas as tentações de ver vidros de Murano e outras atrações locais. É nisto que o viandante vê o anúncio do concerto, música de câmara alemã, cravo e flauta de bisel, entrada grátis. Com os pés cansados e a promessa de umas sonoridades amenas, por ali se entrou, igreja muito austera, deu para perceber que era credo protestante, ouvia-se falar alemão e rapidamente deu para perceber que se estava na igreja luterana de Veneza. Foi um concerto inesquecível numa sala em que o viandante ficou face a um quadro que dava facilmente para perceber que tinha mão de mestre. E tinha mesmo: Martinho Lutero pintado por Lucas Cranach. Como não se podia fotografar, o viandante comprou um bilhete-postal, este belo retrato de Lutero pode ser visitado na comunidade evangélica luterana de Veneza no Campo dos Santos Apóstolos, em Cannaregio.



A primeira vez que o viandante veio a Veneza foi em 1981, tratava-se de uma reunião de gente que fazia programas de televisão dedica aos consumidores, três dias a visionar filmes e a comentá-los no salão nobre do Palazzo Labia, no canal Cannaregio. Reza o guia do viandante que em 1745-50 o salão de baile foi pintado a fresco por Tiepolo com cenas da vida de Cleópatra. Ao tempo era estação de rádio da RAI. Uma das atrações fora do trabalho foi ir a Pádua e outra visitar o Museu Peggy Guggenheim, nunca o viandante tivera oportunidade de ver ao vivo tantas obras consagradas de mestres contemporâneos. Mete-se ao caminho com igual intento, esta tarde, mas é atraiçoado por mais igrejas, praças, recantos, fachadas de edifícios, a coscuvilhice de andar a mirar os palácios do Canal Grande. Enfim, quando lá chegou, ia encerrar. Não houve desapontamento, o que não se vê hoje fica para a próxima, é o que vai acontecer. Entretanto, aqui ficam duas imagens da esplêndida passeata em que a procura de rumo foi menos relevante que o prazer de descobrir novos lugares sem bússola e sem carta.



Se é a última tarde em Veneza, morra marta morra farta, vou palmilhar o Cannaregio, depois jantar e cama. O local da devassa chama-se Fondamente Nuove, aproveito, é hora de missa, entro na igreja dos Jesuítas, dedicada a Santa Maria Assunta. Estranho a opulência da fachada, espera-se dos Jesuítas maior comedimento. Se a fachada tem pompa o interior não tem menos, carregado de mármore verde e branco, fica-se com a impressão de que a igreja está revestida de damasco. E para descansar as pernas o viandante dá-se o luxo de ficar a contemplar até ser posto na rua um quadro de Ticiano, o martírio de S. Lourenço. Toca de palmilhar, ali perto está um outro ícone veneziano o Cà d’Oro, uma das grandes atrações do Grande Canal, o mais belo exemplar do Gótico veneziano da cidade. E para acabar o dia o viandante percorre o gueto, um bairro judeu de Veneza, mantém o seu castiço mas judeus há poucos no bairro. O viandante detém-se no memorial do holocausto, percorre lentamente alguns estabelecimentos locais e vê o exterior de sinagogas. Anoiteceu, a fisiologia do septuagenário ainda é uma dádiva dos céus, está regalado, segue-se o último jantar em Itália, tudo arrumado para a viagem de regresso amanhã, seriam cinco da manhã e os russos vieram para a casa de banho fazer um pandemónio de autoclismo, duche e secador. O viandante considerou e reconsiderou se devia protestar. Ficou a dormitar, resignado. Queria levar as melhores recordações de Veneza e deixar no olvido a má criação destes russos convencidos.
E assim se põe termo a uma viagem que começou em Belgrado, andou-se por Sutomore, Kotor, Dubrovnik, Split, Plitvice, Rijeka, Trieste e a Sereníssima. O leitor que se prepare, dentro de umas semanas o viandante volta a Bruxelas e às Ardenas.
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Nota do editor

Último poste da série de 16 de novembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16727: Os nossos seres, saberes e lazeres (185): Uma viagem em diagonal pelos países dos eslavos do Sul (9) (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P16749: Parabéns a você (1165): José Saúde, ex-Fur Mil Op Especiais do BART 6523 (Guiné, 1973/74)

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Nota do editor

Último poste da série de 19 de novembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16735: Parabéns a você (1164): Mário Migueis da Silva, ex-Fur Mil Rec Inf (Guiné, 1970/72)