quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Guiné 61/74 - P17824: Os nossos seres, saberes e lazeres (232): Em Moffat, no coração do Sul da Escócia, a explorar os arredores (3) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70) com data de 29 de Junho de 2017:

Queridos amigos,
Uma das vantagens de não andar na disciplina da excursões é dispor de tempo para percorrer calmamente uma povoação de um lado para o outro, apreciar o que os outros compram, como se indumentam, o que visitam, estar num café e escutar conversas.
Estava-se em plena campanha eleitoral, mas houve a intuição que os escoceses viviam o prélio um tanto à margem, o matraquear da líder nacionalista escocesa quanto a um segundo referendo não colheu efeito, os nacionalistas voltaram a ganhar mas perderam muitos assentos para os conservadores e trabalhistas.
É bom cirandar nos lagos, parar-se um carro para desfrutar aquelas paisagens únicas em que as colinas declivam para vales fundos onde serpenteiam ribeiros murmurantes enquanto as ovelhas se apascentam sem nenhum constrangimento.
Eram estas as férias singulares que eu tinha encetado em Moffat, no Sul da Escócia, na esplêndida região de Dumfries e Galloway.

Um abraço do
Mário


Em Moffat, no coração do Sul da Escócia, a explorar os arredores (3)

Beja Santos

Moffat já teve umas esplendorosas termas vitorianas, acabou tudo em cinzas, ainda hoje corre o rumor de que foi fogo posto por proprietário endividado. A povoação ressuma bem-estar, não há indicativos de pobreza extrema, os seniores andam cuidados, seja com próteses, seja nas suas cadeiras-viaturas. Tem belos vales, uma correnteza de lagos, um clube de golfe, o hotel mais estreito do mundo e um outro que começou por ser uma casa senhorial que saiu do traço de um arquiteto prodigioso do seu tempo, Robert Adam. Começa-se o passeio no largo de Santa Maria, nos Scottish Borders. As paragens são múltiplas, há recantos formosos, ruínas românticas, cemitérios, anda-se à volta entre Moffat e Selkirk, vai-se até 35 milhas a Sul de Edimburgo.


Com o aperto da fome, viandante e companhia vão comer um prato de empadão num desses restaurantes à beira-rio, neste caso no Yarrow Valley. O que se vê é uma reconstrução com dois anos, laboriosa e bem-cuidada. Um curto-circuito esturricou tudo, ficaram as paredes-mestras. Uma bela exposição fotográfica permite ver o antes e o depois. Nestas coisas do caráter arquitetónico, os britânicos não desarmam, nada de mamarrachos ou novas construções com betão e vidros, a tradição impõe-se. O viandante não dá novidade a ninguém, tem que se ser moderado no que se bebe, em restaurantes do Reino Unido, o vinho é proibitivo, há cervejas gostosas e os pratos trazem pastelões farfalhudos, que se regam com um molho que dá pelo nome gravy, feito com os sucos da carne, Maizena e algo mais, legumes não faltam; o cliente escolhe batata cozida, com ou sem casca (neste caso, abre-se ao meio e mete-se manteiga, é bom que se farta) mas não é incomum ver-se nestes restaurantes comer tudo frito, desde o peixe frito com a batata frita.


Nesta região de Dumfries e Galloway, onde existe uma biosfera reconhecida pela UNESCO, não faltam ovelhas, a lã escocesa tem renome mundial, vendem-se peças para todos os preços, os merinos e caraculos são procurados como peças finas, sem igual no comércio da lã. O viandante está convicto que falta alguma claridade à imagem, é para se saiba que o tempo é instável, a seguir a uma chuvada vem um bom sol e que aquelas nuvens brancas que se vêem ao fundo, sob azul celeste, têm nuvens negras por cima de quem está a tirar a fotografia. É o tempo da Escócia, daí a pastagem dos solos que sustentam estes animais, de manhã à noite, quatro estações por ano.


Falando de Moffat, mostro-vos o principal templo religioso, é da igreja da Escócia, anos atrás pude visitá-lo, é de uma austeridade sem paralelo, agora está permanentemente fechado, só abre para a missa dominical. A fé cristã está a cair a pique, mesmo em Moffat há uma igreja que se transformou em prédio de apartamentos. Felizmente que o viandante irá percorrer algumas abadias (em geral em ruínas); elas ainda guardam sinais de esplendor, as guerras religiosas fizeram desaparecer estatuária, ourivesaria e pintura de incalculável valor. Voltaremos ao assunto.



Há alguma relação entre estas duas imagens, acreditem. O viandante aprecia muito entrar nestes estabelecimentos de miudezas onde se vende traquitana que dá pelo nome de lembrança. Há um assunto nacional que dá pelo nome de trocas postais, bilhetes de aniversário, de Natal, de parabéns pela data do casamento, o mais que se sabe. Na segunda imagem pode-se ver-se à direita uma loja de beneficência, têm hoje um peso social relevantíssimo: aqui se encontra roupa e calçado e chapéus, cortinados, têxteis de todos os tipos, livros, cd’s, tudo o que o leitor quer imaginar, felizmente com uma grande rotação, os preços são competitivos, há livros a meia libra, belíssimos álbuns de música clássica… O viandante irá abastecer-se até o limite, regressará desapontado com as coisas que não pôde comprar.


Mas que grande surpresa, o viandante sempre se habitou a ver cabines e marcos do correio em bom vermelho, preparava-se para meter ali uns postais e deu com um marco de correio completamente dourado, coisa nunca vista. Enfim, a tradição já não é o que era.



Veio-se a este cemitério preitear mortos de família, o viandante não perde a oportunidade para vaguear por estes espaços de calmaria e serenidade. Acresce que há sempre um monumento a recordar os mortos da I Guerra Mundial. Os nomes não dizem nada ao viandante, só aquele cumprimento do dever em que se dá a vida. Pensa-se no sofrimento e ora-se pela misericórdia divina.


O local que se visitou tinha mesmo este nome: Drumlanrig, ali perto se bebeu um café com leite e um scone de queijo de sabor inesquecível. À entrada do carro o viandante deu com esta fachada rara, lembrou-se da azulejaria portuguesa, achou que o desenho era original e tirou fotografia. Fora um dia e peras. Regressa-se a Moffat, o viandante está em pulgas por ir acompanhar a campanha eleitoral, será bem-sucedido no final, na noite das eleições não pregará olho, acompanhará hora a hora um desfecho que muito provavelmente irá mudar o curso da história do Reino Unido dentro da Europa e talvez no mundo.

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 27 de setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17800: Os nossos seres, saberes e lazeres (231): Do Yorkshire profundo até Moffat, Sul da Escócia (2) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P17823: Historiografia da presença portuguesa em África (96): primeira relação de nomes geográficos da Guiné Portuguesa, em 1948, ao tempo do governador Sarmento Rodrigues (Parte I)




Governador-geral Manuel Sarmento Rodrigues (1945-1949) [, foto acima,  cortesia da Revista Militar].  





(Continua)


1. "Em bom português nos entendemos"... já em 1948, quando era governador da Guiné (então Portuguesa) o capitão de fragata Sarmento Rodrigues. Foi com ele que se fez um primeiro esforço sério para grafar os topónimos (nomes geográficos) da Guiné, através da Portaria nº 71, de 7 de julho de 1948... Ainda hoje, há um  pequena "Babel linguística" no nosso blogue,  quando escrevemos alguns nomes de terras por onde passámos e que nos são familiares, dolorosamente familiares, nalguns casos.

Por exemplo, deve escrever-se Guileje e não Guilege ou Guiledje... Guidaje e não Guidage.. Bajocunda e não Badjucunda... . Xime e não Chime... Copelão e não Cupelom ou Cupilão ou Pilão... Sinchã e não Sintchã... Sare e não Saré... Nalguns casos, ficaram consagradas grafias erradas como Bafatá (que deveria ser Báfata)...

As cartas geográficas seguiram esta orientação de "aportuguesamento" dos nomes geográficos da Guiné. No nosso blogue (, que é escrito, em geral, em Português europeu...) devemos seguir esta "normalização"  dos nomes geográficos da Guiné que conhecemos.... A "crioulização" do português da Guiné.Bissau é outro problema  (complexo e delicado...) sobre o qual não nos vamos debruçar agora... Na dúvida, perguntamos ao Ciberdúvida da Língua Portuguesa...

Até 1948, as tropelias linguísticas nesta matéria (grafia dos nomes geográficos da Guiné) era confrangedora.  Basta ler um folheto como "Resumo do que era a Guiné Portuguesa há vinte anos e o que é hoje", da autoria do 2.º Sargento António dos Anjos (Bragança, Tipografia Académica, 1937, c. 97 pp.) que  publicámos no nosso blogue. Cite-se alguns nomes: Gábu, Xôroenque, Sáfim, Gêba, Gade-Mael, Xôro, Bacerél, Sozana, etc.

Obrigado ao nosso amigo Armando Tavares da Silva, especialista da história político-militar da Guiné (1878-1926) que nos fez chegar cópia desta portaria e de alguns dos seus anexos (que vamos publicar em próximo poste).

Aqui fica a mensagem, de ontem do nosso amigo Armando Tavares da Silva:

Luís,

Enviei por WeTransfer 14 páginas da "Primeira Relação de Nomes Geográficos da Guiné Portuguesa" elaborada em 1948 nos tempos do Governador Sarmento Rodrigues.

Por ela se pode ver que havia 2 povoações Canchungo, uma na área de S. Domingos e outra na área de Cacheu. Teixeira Pinto existia e era uma Vila.

Quanto a Portugal, havia uma povoação na área de Bolama e uma fulacunda. A do régulo Bacar Dikel deve ser esta.

Gabú era uma circunscrição e Nova Lamego uma Vila.

Quanto a Aldeia Formosa esta aparece como uma fulacunda, e Quebo outra fulacunda, aparecendo também como povoação na região de Catió (páginas não enviadas).

Curioso é ler o preâmbulo da Portaria de Sarmento Rodrigues e as normas adoptadas para a escrita dos nomes geográficos.

Sinchã foi introduzida para designar uma nova povoação fula. Entre elas notei a existência de uma Sinchã Comandante, outra Sinchâ Sarmento e (entre muitas outras) uma Sinchã Marío (com acento agudo!?).

Espero que isto anime a discussão...

Abraço

Armando
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Nota do editor:

Último poste da série > 3 de outubro de 2017 > Guiné 61/74 - P17819: Historiografia da presença portuguesa em África (95): A intriga política na Guiné, 1915-1917 (Armando Tavares da Silva, historiador)

Guiné 61/74 - P17822: Inquérito 'on line' (126): Em 50 respondentes, 60% diz que há pelo menos um monumento aos combatentes do ultramar no concelho onde mora... Prazo-limite de resposta: sábado, dia 7, até às 20h43


Lourinhã > Modelo > Vista parcial do Monumento aos Combatentes do Ultramar, inaugurado em 2005.  No concelho da Lourinhã. há mais monumentos: na sede, Lourinhã, nas vilas de Atalaia e de Ribamar, e ainda nas povoações de Zambujeira / Serra do Calvo.


Foto (e legenda): © Luís Graça (2012). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


I. INQUÉRITO DE OPINIÃO:

"NO CONCELHO ONDE MORO, HÁ MONUMENTO AOS COMBATENTES DO ULTRAMAR"...

Primeiras 50 respostas (até às 23h00 de ontem)



1. Sim  > 30 (60%)



2. Não  > 12 (24%)


3. Não sei / não tenho a certeza  > 8 (16%)


Votos apurados: 50


Último dia para votar: sábado, dia 7, até às 20h43.

II. Portugal tem 308 concelhos (, 278 no continente, 11 na RA Madeira e 19 na RA Açores). 

Se tivermos mais de 300 monumentos aos combatentes do Ultramar, isso daria praticamente 1 monumento por concelho. (Exclui-se a centena de monumentos existentes, erigidos à memória dos combatentes da I Grande Guerra,)

Nada mais enganador... Há concelhos com mais de um monumento (1 na sede no concellho, um, dois ou mais nalgumas sedes de freguesia). E há concelhos sem nenhum...

Camarada, ajuda-nos a identificar esses concelhos que estão em falta... 
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Guiné 61/74 - P17821: Parabéns a você (1321): Artur Conceição, ex-Soldado TRMS da CART 730 (Guiné, 1965/67) e Inácio Silva, ex-1.º Cabo Apont AP da CART 3732 (Guiné, 1970/72)


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Nota do editor

Último poste da série de 3 de Outubro de 2017 > Guiné 61/74 - P17818: Parabéns a você (1320): Cor Ref Carlos Alberto Prata, ex-Capitão, CMDT da CCAÇ 4544/73 e CCAÇ 13 (Guiné, 1973/74), e Hélder Valério Sousa, ex-Fur Mil TRMS TSF (Guiné, 1970/72)

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Guiné 61/74 - P17820: As memórias revividas com a visita à Guiné-Bissau, que efectuei entre os dias 30 de Março e 7 de Abril de 2017 (5): 4.º Dia: Bissau, Safim, Bula, Có, Pelundo, Canchungo, Bachile e Cacheu (António Acílio Azevedo, ex-Cap Mil)


1. Continuação da publicação das "Memórias Revividas" com a recente visita do nosso camarada António Acílio Azevedo (ex-Cap Mil, CMDT da 1.ª CCAV/BCAV 8320/72, Bula e da CCAÇ 17, Binar, 1973/74) à Guiné-Bissau, trabalho que relata os momentos mais importantes dessa jornada de saudade àquele país irmão.

AS MINHAS MEMÓRIAS, REVIVIDAS COM A VISITA QUE EFECTUEI À GUINÉ-BISSAU ENTRE OS DIAS 30 DE MARÇO E 7 DE ABRIL DE 2017

AS DESLOCAÇÕES PELO INTERIOR DA GUINÉ-BISSAU (5)

4º DIA: DIA 02 DE ABRIL 2017 - BISSAU, SAFIM, BULA, S.VICENTE, INGORÉ, S. DOMINGOS, SUSANA, VARELA E PRAIA VARELA

Como tínhamos de véspera combinado ir neste dia visitar o norte da Guiné, saltámos da cama por volta das 07,00 da matina, pois um dia longo nos esperava pela frente.

Engolido o pequeno-almoço, tomámos lugar nos 4 jeeps e iniciámos a viagem com destino final na Praia Varela, zona de etnia “Felupe”, passando por Safim, pela ponte Amílcar Cabral construída sobre o Rio Mansoa, por Bula, visita que deixámos para o dia seguinte, passámos sobre a nova ponte de S. Vicente, que liga as localidades de S. Vicente e Ingoré à saída da qual parámos para a foto da praxe, atravessámos Ingoré, que também decidimos visitar no regresso e efectuámos a primeira paragem em S. Domingos, situada a cerca de 5 quilómetros de Mpak, fronteira com o Senegal, pois daqui até Varela eram 52 quilómetros que teríamos que percorrer em estrada de terra e com muitas covas.

Entrámos num pequeno bar/restaurante da localidade, onde reencontrámos 3 casais portugueses que fizeram a viagem no mesmo avião que de Lisboa nos levou a Bissau e andavam a conhecer a Guiné.
Um pouco de conversa, uma bebida fresca, porque já estava muito calor e um pequeno passeio a pé pela zona central desta localidade e eis-nos de novo a caminho, percorrendo aos “esses”, esta autêntica picada que, na época das chuvas deve ficar quase intransitável e obrigará os habitantes destas localidades (Susana e Varela) a utilizar a via fluvial até à cidade do Cacheu, situada do outro lado deste largo rio.
Mais ou menos a meio do caminho, efectuámos uma paragem na povoação de Susana, onde no tempo da guerra colonial se sediava uma Companhia de militares do Batalhão de S. Domingos, a fim de desentorpecemos o corpo e as pernas, ficando algo tristes ao vermos as instalações do antigo quartel completamente degradadas.

Com tristeza, encontrámos aqui dois antigos memoriais das nossas tropas quase completamente destruídos e abandonados, mas ficámos um pouco admirados com a presença, junto à estrada, de um habitante de Susana, a vender garrafas e garrafões com gasolina para as motorizadas, porque, segundo nos contou, a partir de S. Domingos não existem postos públicos de venda de combustíveis.
Pessoa simples e afável, que estava acompanhado de um filhote com cerca de 5 anos, contou-nos um pouco da sua vida e dos seus familiares e da ilusão que para ele e seus pais, tinha sido a independência do País. Sintomático e elucidativo da vida destas gentes…

Arrancando pouco depois, chegámos à localidade de Varela, mas resolvemos continuar até à denominada Praia Varela, que dali distanciava 5 quilómetros, pois um dos motivos desta nossa deslocação era, pelo menos molhar nos pés nas tépidas águas do Oceano Atlântico.
Saindo dos jeeps, efectuámos um curto passeio a pé até ao mar, atravessando uma zona de dunas, constatando, passados uns minutos, que um grupo de 5 senhoras, ficaram com a carrinha Toyota metida nas areias até ao eixo. O motorista guineense, bem tentava retirar a viatura, mas cada vez mais a enterrava.
Fomos em seu socorro, informando-nos que eram quatro médicas e uma enfermeira italianas, que estavam numa missão de apoio solidário e voluntário no Hospital de Bissau e aproveitaram a folga do fim-de-semana para irem até à Praia Varela.

Com muito custo e apenas com a ajuda e força de dois dos nossos jeeps, conseguimos tirar de lá a Toyota em que as médicas se faziam transportar.
Como este “salvamento” demorou bastante tempo a concluir, a nossa intenção de virmos almoçar a S. Domingos gorou-se e resolvemos almoçar no “Aparthotel Chez Helléne”, na povoação de Varela, aproveitando as médicas a nossa boleia e indo elas também lá almoçar.
Surgiu, porém, um pequeno contratempo, pois como não estavam a contar com tanta gente para almoçar (só nós éramos 12, mais 3 motoristas), a que se juntavam mais 6 pessoas (5 italianas e o motorista), tivemos que esperar que descongelassem a carne o que nos atrasou cerca de 2 horas, mas no final tudo ficou bem e as italianas ficaram muito gratas pela nossa acção de interajuda.

Com esse atraso, no regresso parámos somente na localidade de Ingoré, uma pequena vila que nos pareceu bastante comercial e com grande movimento de pessoas, não sem que antes nos detivéssemos uns minutos a observar a extracção e produção do sal, que apanhavam do solo de uma das bolanhas junto à estrada por onde circulávamos, tendo sido já de noite, que chegámos a Bissau.

Foto 37 - S. Domingos (Guiné-Bissau): Descanso no pequeno bar/restaurante da localidade, estando na mesa ao nosso lado, os 3 casais que viajaram no mesmo avião em que nós fomos

Foto 38 - S. Domingos (Guiné-Bissau): Vista aérea da vila, onde se vê a povoação, a pista de aviação e na parte superior direita, a picada, em terra batida, que a liga às localidades de Susana e Varela. A rua que do centro se abre para a direita da foto, vai ligar a fronteira senegalesa de Mpak. Em primeiro plano as instalações do Quartel
Foto: © José Salvado (2016). Todos os direitos reservados

Foto 39 - Susana (Guiné-Bissau): Edifício do Comando da última Companhia de militares que aqui esteve estacionada

Foto 40 - Susana (Guiné- Bissau): Antigas e arruinadas instalações do antigo aquartelamento
Fotos e legendas: © Pepito/ AD - Acção para o Desenvolvimento (Bissau) (2007)

Foto 41 - Susana (Norte da Guiné-Bissau): Bela foto de um natural desta terra, com o seu filhote, que, em bancada idêntica à que se vê na imagem, vendia garrafas e garrafões de gasolina para motos

Foto 42 e 43 - Praia Varela (Norte da Guiné-Bissau): Duas fotos minhas. Na primeira, a molhar os pés na tépida água do Atlântico e na seguinte, junto à água, a filmar a paisagem para o lado norte

Foto 44 - Praia Varela (Norte da Guiné-Bissau): Mais um conjunto de banhistas da areia seca (da direita para a esquerda: Rebola, Vitorino, Rodrigo, Cancela e Isidro)

Foto 45 - Varela (Norte da Guiné-Bissau): No Aparthotel "Chez-Helléne", aguardando, com cara de fome o almoço.

Foto 46 - Ingoré (Guiné-Bissau): Jardim de Infância
Foto: © José Teixeira (2013). Todos os direitos reservados

Foto 47 - Ingoré (Guiné-Bissau): Descarga de material diverso, para o Jardim de Infância
Foto: Com a devida vénia a Tabanca de Matosinhos & Camaradas da Guiné

Foto 48 - Antotinha (Guiné-Bissau): Moutinho, Azevedo e motorista Armando, junto à nova ponte sobre o Rio Cacheu

Foto 49 - S. Vicente (Guiné-Bissau): Nova ponte construída sobre o Rio Cacheu

Foto 50 - Rio Cacheu (Guiné-Bissau): O antigo e velho cais de S. Vicente/Antotinha, onde actualmente existe a nova ponte

Fotos: © A. Acílio Azevedo

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 28 de setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17804: As memórias revividas com a visita à Guiné-Bissau, que efectuei entre os dias 30 de Março e 7 de Abril de 2017 (4): 3.º Dia: Bissau, Safim, Bula, Có, Pelundo, Canchungo, Bachile e Cacheu (António Acílio Azevedo, ex-Cap Mil)

Guiné 61/74 - P17819: Historiografia da presença portuguesa em África (95): A intriga política na Guiné, 1915-1917 (Armando Tavares da Silva, historiador)


João Teixeira Pinto (1908), cavaleiro da Ordem da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito. Foto gentilmente cedida pelo Prof. A. Teixeira-Pinto, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).(*)
 
Foto (e legenda) : © A. Teixeira-Pinto (2007). Todos os oireitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do nosso amigo e grã-tabanqueiro Armando Tavares da Silva, historiador:

Luís,

Quem se interessar em conhecer o que foi a vida política na Guiné a seguir à campanha de Teixeira Pinto em Bissau em 1915 e as circunstâncias que vieram a originar um processo de sindicância realizado por Manuel Maria Coelho a mando de António José d'Ameida, desejará ler o texto anexo. Foi o que se me proporcionou após a leitura do post P 17807 de Beja Santos.(*)

Abraço
Armando





Capa do livro de Armando Tavares da Silva. “A Presença Portuguesa na Guiné, História Política e Militar (1878-1926)” (Porto: Caminhos Romanos, 2016, 972 pp.)


2. A Política na Guiné, 1915-1917

por Armando Tavares da Silva

Os antecedentes que levaram o governador Andrade Sequeira a abandonar a Guiné a 11 de Julho de 1916 estão largamente referenciados e descritos em “A Presença Portuguesa na Guiné, História Política e Militar, 1878-1926”. E aí se encontra muito mais informação do que aquela transmitida para Lisboa pelo gerente do BNU em Bolama, que Beja Santos transcreve no seu Post n.º 17807 de 29 de Setembro.  (**)

[José António] Andrade Sequeira  [.Portalegre, 1876 - Portalagre, 1952, capitão-tenente médico naval,] tinha feito graves acusações a Teixeira Pinto sobre a forma como decorrera a campanha de Bissau de 1915, e acontecimentos subsequentes.

Estas acusações foram submetidas à apreciação do vice-almirante na reforma Guilherme Augusto de Brito Capelo  [1839-1926] que, relativamente às mesmas, promoveu vários inquéritos e diligências, tendo ouvido, além do próprio Teixeira Pinto, anteriores governadores, entre eles Josué d’Oliveira Duque, sob cuja governação tinha decorrido a campanha de Bissau. (***)

Será em resultado do parecer de Brito Capelo que António José d’Almeida, na altura presidente do ministério e ministro das colónias, elabora um projecto dispensando Teixeira Pinto das provas de major. E, ao conhecer por telegrama de 1 de Julho este projecto, Andrade Sequeira responde ao ministro considerando que tal projecto demonstrava que tinham sido consideradas “inanes e talvez caluniosas” as acusações que fizera a Teixeira Pinto. Considerando-se numa situação “crítica e melindrosa” pedia que se fizesse “toda a luz” sobre os documentos da última campanha e que determinasse responder em conselho de guerra “a fim de ser punido quem caluniou ou quem prevaricou”. Neste caso confiava que lhe seria dada previamente a demissão. E a 11 de Julho de 1916 Andrade Sequeira abandona a Guiné seguindo no paquete para Lisboa.

Em Lisboa, Andrade Sequeira pede ao ministro um rigoroso inquérito “a fim de se averiguarem abusos vários praticados na colónia” e que ele ”sobejamente” documentara em seus relatórios. E para que o ministro ficasse inteiramente à vontade solicita-lhe a sua exoneração, que é recusada. 

António José d’Almeida [Penacova, 1866- Lisboa, 1929] manda então que o coronel Manuel Maria Coelho investigue na própria província “as irregularidades que porventura tenha havido, discriminando as respectivas responsabilidades”, e que ao mesmo tempo se abra um ”rigoroso inquérito sobre a vida pública da mesma província, para assim se esclarecerem tantas e tão variadas queixas”, que haviam chegado ao ministério das colónias.

Enquanto Andrade Sequeira permanece em Lisboa, Manuel Maria Coelho [Chaves, 1857-Lisboa. 1943] é investido em Janeiro de 1917 no cargo de governador interino e tomará as medidas várias que entendia necessárias para realizar a sindicância de que fora incumbido e ouvir as queixas e participações de quem pretendesse fazê-las. O relatório dessa sindicância é terminado a 2 de Julho de 1917 e a essência do seu conteúdo e conclusões é extensamente referida no livro acima indicado [, “A Presença Portuguesa na Guiné, História Política e Militar (1878-1926)”].

Importa aqui referir que nos comentários produzidos sobre este livro no Post n.º 17591 de Beja Santos (****) e referentes à presença e actuação de Manuel Maria Coelho na Guiné em 1917, apenas é referido que este “envolver-se-á numa teia de acusações a uma coluna de polícia à ilha de Canhabaque”. Beja Santos esqueceu-se ou não reparou na importância da sindicância realizada por M. M. Coelho e suas conclusões, não a mencionando no referido Post. Porém, tendo-se dela conhecimento e havendo sobre a mesma uma extensa documentação,  não poderia ela ser olvidada, sob pena de se estar a privar o leitor do conhecimento de um conjunto importante de factos políticos determinantes na vida da colónia. Por isso eles estão relatados com objectivos de rigor e imparcialidade tal como o mostra a documentação existente.

Igualmente no mesmo livro são extensamente expostas as acusações que Andrade Sequeira faz a Teixeira Pinto, já acima referidas, assim como a defesa do próprio e os depoimentos de todos os que foram ouvidos sobre essas mesmas acusações, tendo igualmente como fonte documentação exclusivamente pública. É o relatório de Brito Capelo de 28 de Abril de 1916 que conclui que as acusações que lhe foram dirigidas pelo governador Andrade Sequeira não tinham fundamento e que, se “houvera erro”, a responsabilidade quanto à campanha era do governador Duque.

Também todas estas circunstâncias, pela sua importância na caracterização da vida política e social da Guiné, não poderiam deixar de ser relatadas, havendo delas conhecimento. E para quê, se assim não tivesse sido? Para se evitar ser acusado de se estar a “chamar a si a defesa do bom nome de Teixeira Pinto” – defesa esta que era independente do reconhecimento do “acervo de acusações” de atrocidades cometidas por Abdul Injai e os seus homens na campanha de Bissau? 

Para se ocultar o conhecimento do clima de intriga e conflitualidade política existente na Guiné – como de resto a carta do gerente do BNU acima referida claramente indicia? Para se ocultar os “tristes e graves sintomas da situação moral de uma parte do funcionalismo que cerca o governador”, que deveria prestar-se a “um procedimento imediato e enérgico”, e que poderia comprometer a “segurança da colónia” – como refere o parecer de Brito Capelo?


Foto de Abdul Injai em 1915, herói do Oio, no auge da sua glória. 

Sobre a vida política da colónia e as várias facções de que se compunha a sociedade guineense, também se refere o relatório da sindicância de M. M. Coelho, que constituía, de resto, um dos objectivos da missão que lhe fora confiada. Verificara que a presença do elemento cabo-verdiano desempenhava aí grande influência. Era o pano de fundo sobre o qual tudo se tinha passado e que, em parte, o explicava. 

Essas facções habitavam os dois principais centros: Bolama, onde estava o funcionalismo, e Bissau, importante pelo comércio aí estabelecido. A “guerra aberta” em que se transformou o conflito entre Andrade Sequeira e Teixeira Pinto, em que se misturavam “ambições, invejas, ódios, punha em evidência dois males terriveis a que era indispensável prover remédio; o fermento de rebelião do indígena, alimentado pela falta de patriotismo dos elementos cabo-verdianos, que vivem, alastram pela Guiné e a exploram, e a conivência de funcionários europeus e europeizados nessa absorção da província por elementos de sentimentos patrióticos mais que duvidosos, quais são esses cabo-verdianos”. 

 Manuel Maria Coelho identificava claramente a existência de dois partidos: o “partido dos cabo-verdianos e de poucos europeus, de que Andrade Sequeira se fêz chefe e protector, e [o] dos europeus e, felizmente alguns cabo-verdianos, que se agrupavam ao redor do nome de Teixeira Pinto”.

Parece, de resto, que a Guiné sempre viveu num clima de intriga: são várias as referências de governadores à existência de intrigas, quer nas disputas entre régulos, quer por elementos estrangeiros, que assim perturbavam o curso da administração da província.

Manuel Maria Coelho (em 1910).
Cortesia de
Casa Comum / Fundação Mário Soares
O relato dos acontecimentos de Bissau de 1891, da sua razão de ser, das diligências tendentes a compreender e explicar a sua origem e a subsequente procura da paz e harmonia, está cheio de referências a “intrigas”. Em 1891 o governador estava convicto de que as hostilidades entre as duas tribos papéis da ilha de Bissau, Intim e Antula, se deviam às ”intrigas dos habitantes da praça”, que “formando dois partidos” entre os beligerantes ”alimentavam a guerra”. 

O mesmo governador dirá que “o gentio branco e mulato (filhos da ilha do Fogo, principal colónia em Bissau) estão [...] mancomunados com os gentios e grumetes para nos desrespeitarem e desacatarem a autoridade; e os estrangeiros colaboram neste vil procedimento”, fim para que se serviam de “intrigas de toda a ordem”. E na procura de nomes dos instigadores do clima de desconfiança, um grumete afirma que “se fossem só portugueses e não do Fogo os que estavam na praça, não havia nunca guerra, nem com os grumetes, nem com Intim”. (*****)

Parece que a “intriga” é, ainda hoje, algo sempre presente na vida pública da Guiné-Bissau: quem assistir a reuniões em que se discute a sua situação política e administrativa poderá ouvir com alguma frequência pronunciar-se a palavra “intriga”.

Armando Tavares da Silva
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de  20 de março de 2007 > Guiné 63/74 - P1615: Historiografia da presença portuguesa em África (5): O Capitão Diabo, herói do Oio, João Teixeira Pinto (1876-1917) (A. Teixeira-Pinto)

Vd. também  7 de abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8057: Notas de leitura (226): João Teixeira Pinto, A Ocupação Militar da Guiné (3) (Mário Beja Santos)

(...) Aqui se dá por terminado o relato das 4 campanhas de Teixeira Pinto entre 1913 e 1915.

A pacificação foi um facto, mas só se deu por concluída em 1936. Teixeira Pinto irá morrer no combate de Negomano, frente aos alemães, em 26 de Novembro de 1917.

Abdul Injai irá cair em desgraça e será deportado. Todo este episódio da campanha de 1915 decorre já numa atmosfera de envenenamento que preludia as calúnias sobre o grande herói Teixeira Pinto. Lastimavelmente, todos estes episódios históricos estão mal estudados, parece que a Guiné só ganha importância aos olhos do historiador com a chegada do comandante Sarmento Rodrigues. Coisas da história. (...) 


Guiné 61/74 - P17818: Parabéns a você (1320): Cor Ref Carlos Alberto Prata, ex-Capitão, CMDT da CCAÇ 4544/73 e CCAÇ 13 (Guiné, 1973/74), e Hélder Valério Sousa, ex-Fur Mil TRMS TSF (Guiné, 1970/72)


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Nota do editor

Último poste da série de 29 de setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17806: Parabéns a você (1319): António Bastos, ex-1.º Cabo At Inf do Pel Caç Ind 953 (Guiné, 1964/66)

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Guiné 61/74 - P17817: Inquérito 'online' (125): "No concelho onde eu moro, há monumento aos combatentes do ultramar": 1. Sim, 2. Não, 3. Não sei / não tenho a certeza... Resposta até sábado, dia 7, às 20h43


Lourinhã >  Atalaia > Parque dos Moinhos > 16 de junho de 2013 > Inauguração do monumento aos combatentes do ultramar > Vista parcial do monumento... O concelho da Lourinhã tem, pel menos, 5 (cinco!) monumentos aos combatentes do ultramar: para além da sede do concelho,  tem este na Atalaia, e em mais 3 povoações (Moledo, Zambujeira / Serra do Calvo, Ribamar).

Mas haverá concelhos onde (ainda) não existe nenhum monumento aos soldados da nossa geração, que fizeram a guerra colonial (ou do Ultramar, ou de África, como alguns de nós preferem chamar-lhe), mesmo singelo ou tosco que seja...  Por exemplo, o concelho onde eu moro, Amadora. Vd. aqui a preciosa lista de memoriais ("monumentos aos combatentes e campas"), por concelhos,  publicada no portal UTW - Dos Veterenos da Guerra do Ultramar (, fundado pelo nosso camarada António Pires, ex-fur mil mec auto, CSM/QG/RMM, Moçambique 1971/1973).


Foto (e legenda): © Luís Graça (2013). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Lisboa > Belém > Avenida de Brasília, (junto ao Forte do Bom Sucesso) > Monumento aos combatentes do Ultramar
"Obra do escultor João Antero de Almeida e de um conjunto de arquitectos, Francisco José Ferreira Guedes de Carvalho, Helena Albuquerque e Sidónio Costa Cabral, este memorial "Aos Combatentes do Ultramar" viu lançada a sua primeira pedra em 12 de Maio de 1993, tendo sido inaugurado em 15 de Janeiro de 1994. 
"Realizar um acto de justiça aos Combatentes que serviram a Pátria no Ultramar", "exercer uma acção cultural, patriótica e pedagógica na defesa de Portugal", "favorecer uma função nacional, de prestação de honras solenes à memória dos Combatentes, em datas históricas consagradas ou na ocasião de visitas de Estado ao nosso País" são os objectivos patentes na sua memória descritiva e que presidiram à construção deste elemento. 
Bem integrado no Forte do Bom Sucesso, a sua concepção abstracta, de grande sobriedade e fortemente geométrica, baseada numa ideia de grande pureza formal e simbólica, é traduzida através de um pórtico monumental, cuja forma triangular de linhas simples, exibe uma verticalidade acentuada. Trata-se de uma escultura de pedra, incluindo metal e uma zona espelhada, inserida num lago, cuja água simboliza o afastamento ou a distância a que os combatentes se encontravam, exibindo no centro do monumento a "Chama da Pátria".<

Foto: cortesia de António Basto /  AVECO - Associação dos Veteranos Combatentes do Oeste /

Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2017)

Legenda: Sítio da Câmara Municipal de Lisboa > Equipamentos > Lago dp Monumento dos Combatentes do Ultramar
 

I. INQUÉRITO DE OPINIÃO:

"NO CONCELHO ONDE MORO,  HÁ MONUMENTO AOS COMBATENTES DO ULTRAMAR"...

Primeiras respostas (n=15) (até às 13h00 de hoje)

1. Sim  > 8 (53%)
2. Não  > 3 (20%)
3. Não sei / não tenho a certeza  > 4 (27%)

Votos apurados: 15
Dias que restam para votar: 5 (Até dia 7, sábado, às 20h43)
Voto direto, "on line", no canto superior esquerdo do blogue.


II. Quantos memoriais ou monumentos aos antigos combatentes existem em Portugal?
 

Segundo o DN- Diário de Notícias, de 12 de agosto de 2016, há um ano atrás, seriam já mais de 3 centenas os monumentos aos antigos combatentes do Ultramar.
 
Santiago do Cacém, no passado dia 24 de julho de 2016, era então a última localidade onde se realizava uma cerimónia de inauguração de um Monumento de Homenagem aos Combatentes em Portugal, uma iniciativa da Câmara Municipal local e do núcleo de Vila Nova de Santo André da Liga dos Combatentes (LC).


Segundo Chito Rodrigues, presidente da LC, citado pelo DN, entre 1974 e 2003 terão sido erguidos 52 desses monumentos. Nos últimos 13 anos (2004-2016), ergueram-se mais duas centenas e meia, "por iniciativa das populações, das juntas de freguesia, das câmaras municipais, da Liga ou dos seus 112 núcleos espalhados pelo país"... e, por certo também, das associações de antigos combatentes, não integradas na LC.

Adicionalmente, haverá ainda um centena de monumentos aos combatentes da I Grande Guerra, segundo a mesma fonte.
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Nota do editor:

Último poste da série 13 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17579: Inquérito 'on line' (124): num total de 64 respostas, metade (50%) considera que o aerograma (ou "aero") "em geral era seguro e rápido"... Imprescindível para o sucesso do SPM foi a colaboração da TAP e da FAP.

Guiné 61/74 - P17816: Agenda cultural (587): Apreciação dos 3.º e 27.º livros da coleção Fim do Império, da autoria do Major Piloto-Aviador Carlos Acabado, "Kinda" e "Histórias de uma Bala Só" (Manuel Barão da Cunha)

18.º CICLO DE TERTÚLIAS FIM DO IMPÉRIO, EM OEIRAS
CENTRO DE APOIO SOCIAL DAS FORÇAS ARMADAS 

181.ª Tertúlia Fim do Império

Apreciação de livros do Major Piloto-Aviador Carlos Acabado
 coleção Fim do Império:

3.º livro, "Kinda", por Carlos Acabado

27.º livro, "Histórias de uma Bala Só", por Carlos Acabado
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Nota do editor

Último poste da série de 23 de setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17790: Agenda cultural (586): Conferência "Guiné-Bissau - Roteiro da Memória", dia 4 de Outubro de 2017, pelas 17 horas, na Associação 25 de Abril, em Lisboa

Guiné 61/74 - P17815: Notas de leitura (1000): “A França contra África”, por Mongo Beti; Editorial Caminho, 2000 (2) (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 18 de Março de 2016:

Queridos amigos,

Foi uma grande surpresa conhecer este patriota camaronense, fez a sua longa vida de professor em França e voltou ao país muitas décadas depois. É uma poderosa água-forte da África francófona pós-independente e as subtis cumplicidades e conivências com o poder e os partidos políticos franceses.
Escrito num período de transição, a seguir à Guerra Fria, encontramos aqui situações análogas às que temos identificado na Guiné-Bissau: a decrepitude das infraestruturas, o mandarinato dos governantes e de quem circula à sua volta; o lixo por todo o lado, a degradação do ensino e a perda do sentido do Estado.

Livro primorosamente escrito, uma denúncia corajosa que nos dilata o horizonte e faz perceber por onde passam os porquês da inércia em que permanece a África negra.

Um abraço do
Mário


Há alguma analogia possível entre os Camarões e a Guiné-Bissau? (2)

Beja Santos

O título deste texto pode parecer surpreendente, o que é que há de comum entre os Camarões e a Guiné-Bissau. Continuando a falar do livro “A França contra a África”, de Mongo Beti [foto à direita], Editorial Caminho 2000, os Camarões estendem-se por 470 mil quilómetros quadrados, tinham à data da redação do livro 12 milhões de habitantes, é a República francófona proporcionalmente mais povoada da África Central, tem recursos como o café e o cacau e o petróleo. Estamos a falar de um país que depois da independência viveu em ditadura, com uma feroz polícia política e um círculo privado de gente abastada à volta do ditador. Mongo Beti desvela a degradação do país a diferentes níveis, a progressiva inação das infraestruturas e dos serviços públicos, mostra um desemprego galopante, a falta de liberdade de expressão, um sistema universitário inoperante.

Assim como os polícias são tentados a transformarem-se em bandidos, a fraude e o contrabando são outras duas pestes e diz sem hesitações: “O país está mergulhado numa atmosfera fétida de fraudes e falsificações que o asfixiam lenta mas seguramente. É como um apocalipse rastejante”. O petróleo foi para os países africanos francófonos uma maldição, a população jamais foi ouvida e não há ilusões entre a aliança das companhias francesas como a Total e a Elf-Aquitane e os ditadores. O regime nega-se a prestar contas, nem mesmo ao Banco Mundial e ao FMI. Os lucros das petrolíferas são entregues ao ditador, que os desbarata alegremente. O fenómeno da gestão do petróleo na África francófona tem muito a ver com a Guerra Fria, o Ocidente e particularmente a França olharam para esta região como um domínio neocolonial, e o autor vai mais longe: “O destino do petróleo africano é o de assegurar a independência energética da França, não de proporcionar a felicidade dos africanos, para os quais mais valia que ele não existisse”.

A seguir Mongo Beti fala-nos dos bancos falidos devido a gestão danosa, empréstimos à claque do regime, que em muitíssimos casos não honrou os seus compromissos. A banca francesa lá está para endireitar as contas. Quando, em 1990, num discurso célebre, François Mitterand anunciou que chegara a hora de instituir as liberdades e regimes democráticos no continente africano, houve maquilhagens a que se aliaram as autoridades francesas, os partidos da direita e da esquerda mostraram-se favoráveis à continuação do ditador no poder. Os franceses estabeleceram desde a independência um relacionamento com a claque fiel do regime, assiste-se a uma dança de cadeira, a classe dirigente, totalmente inapta para a inovação vive exclusivamente preocupada em defender os exorbitantes privilégios acumulados durante mais de 30 anos, Paris e os partidos políticos assobiam para o lado.

A corrupção dá por diferentes nomes, quem quer emprego tem que mostrar fidelidade ao partido único e ao seu chefe em suma, terá de se corromper, deixar de se preocupar com essas questões da integridade do caráter. E pertencer à claque é ter acesso às benesses do petróleo e dos apoios pecuniários que são escandalosamente desviados dos projetos destinados ao desenvolvimento para os bolsos destes pequenos mandarins tão descarados que exibem sem dificuldade os valores do seu parque automóvel. A democracia continua a ser um simulacro, o regime pode inclusivamente mandar espancar e torturar os seus opositores. De um modo geral, na Costa do Marfim, no Togo, no Congo, nos Camarões, na República Centro Africana, os aliados de Paris lançaram os seus exércitos tribais para um braço de ferro, travando os processos de democratização. Mais adiante, o autor recorda-nos que a ditadura camaronesa, tal como a ditadura no Haiti, oferece a observador todos os sinais de uma máfia. Não há nada de semelhante nos Camarões onde os dirigentes são provenientes de todas as etnias nacionais. É um clã muito pequeno que se apoia no exército, desprovido de quaisquer escrúpulos, reinando pelo terror, pela mentira, pela corrupção.

As eleições presidenciais, como se previa, foram falsificadas e o ditador Paul Biya submeteu o seu adversário vitorioso. Era uma era de esperança, tinha-se desmoronado a URSS, tudo levava a crer que o continente negro ia ser subtraído ao esquecimento. Contudo, a África negra continuou subjugada à tutela de Paris. Como numa autêntica profissão de fé, no termo do seu relato Mongo Beti insiste que a África pode desenvolver-se se tiver a coragem de combater as três pragas que a afligem: a marginalização da aldeia, o regresso e a boa gestão dos recursos humanos e o fim do colonialismo paternalista que se apoia no centralismo sem nenhuma relação com a tradição e as exigências do progresso. E há outros desafios pela frente: extirpar o cancro da corrupção, devolver aos camaroneses a propriedade da sua pátria e fazer com que eles tenham o sentimento de serem os seus gestores. E a ajuda estrangeira.

O que há então de analogia com o país lusófono encravado no amplo espaço da francofonia africana? A mesma incapacidade na perceção da soberania nacional, no desenho de projetos estratégicos e na definição do desígnio que deixa inerte o tribalismo e as suas tentações. Um regime democrático onde os seus órgãos se respeitem sem colisões; um planeamento das infraestruturas, uma implementação do serviço público num processo de comunicação permanente entre as comunidades aldeãs e os respetivos núcleos populacionais. E por aí adiante.

Não há neocolonialismo na Guiné-Bissau, o que existe é ingovernabilidade, a incapacidade do Estado se afirmar, estabelecer projetos credíveis à cooperação internacional, agir no combate à corrupção e banir as clientelas que se movimentam em torno dos dirigentes, famílias, gente da mesma etnia que quer abocanhar umas migalhas na mesa do orçamento. 

Aí são nítidas as similitudes entre os Camarões e a Guiné-Bissau, não é o espectro da ditadura que apoquenta a classe política, é a sua indisponibilidade para o sentido do Estado, para o estabelecimento de acordos entre os parceiros políticos, sociais e económicos, dando assim esperanças ao levantamento e ao respeito pelo Estado. 

Foi bom ter lido Mongo Beti e sentir que há cidadãos empenhados em contribuir para o bom nome da sua pátria.
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Notas do editor

Poste anterior de 25 de setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17796: Notas de leitura (998): “A França contra África”, por Mongo Beti; Editorial Caminho, 2000 (1) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 29 de setembro de 2017 Guiné 61/74 - P17807: Notas de leitura (999): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (2) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P17814: Ser solidário (204): "Uma escola em Timor" - Parte I: o projeto de construção de uma escola em Manati-Boibau, Liquiçá, Timor Leste... (Rui Chamusco, tabanca de Porto Dinheiro)



Lourinhã > Porto Dinheiro > Tabanca de Porto Dinheiro > Convívio anual > 18 de agosto de 2017 > O novo membro da Tabanca de Porto Dinheiro: natural de Malcata, Sabugal, vive parte do ano na Lourinhã, professor de Educação Musical no ensino oficial e de Português, Filosofia e Latim no ensino Particular. ativista da causa de Timor-Leste (lidera um projeto de construção de escolas nas montanhas de Timor Lorosae e apadrinhamento de crianças)

Foto (e legenda): © Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça / Camaradas da Guiné]



I. Mensagem de Rui Chamusco, amigo da Tabanca de Porto Dinheiro, Lourinhã:


Data: 18 de agosto de 2017 às 21:05

Assunto: Informações

Caro Amigo Luís Graça



Antes de mais quero agradecer-te o agradável encontro de tabanqueiros em Porto Dinheiro (*). 

Estar convosco foi um privilégio, que lembrarei para sempre. É a segunda vez que participo em encontros de camaradas de guerra colonial (por sinal o primeiro  também perto daqui,  no restaurante "O Pardal", com um batalhão que combateu em Moçambique), e desde então admiro e respeito, com conhecimento de causa, os valores de camaradagem que estes encontros transmitem. Obrigado por me terem incluído no vosso ambiente.

Como me foi pedido, deixo aqui o IBAN da conta aberta na CGD - agência do Sabugal - com destino à angariação de fundos para o Projeto de Solidariedade "Uma Escola em Timor Lorosa'e" e apadrinhamento de crianças em bairros pobres de Dili.

Como expliquei, esta conta está em meu nome RUI MANUEL FERNANDES CHAMUSCO, exclusivamente para este efeito. Portanto qualquer depositante de qualquer quantia deve mencionar o destino: escola ou apadrinhamento da criança (nomes do padrinho/madrinha e do afilhado(a).

IBAN:PT50003507020002631576122

Junto envio também em anexo algumas informações úteis sobre estes dois projetos. Se forem necessárias mais informações estamos ao dispor.

Com consideração e amizade

Rui Chamusco

II. Projeto de Solidariedade > "Uma escola em Timor" > 

Escola e Desenvolvimento

Enquanto entre nós, em Portugal, se fecham escolas, noutros países como Timor Leste há necessidade de se construírem e abrirem. A nossa obrigação como cidadãos do mundo é sermos úteis a quem e aonde precisarem de nós, fazer o que pudermos para melhorar o mundo. Instruir e educar é um dever de todos, dos estados e de cada um de nós. Poder participar num projeto de solidariedade é uma honra.

O projeto de solidariedade “Uma Escola em Timor” é uma iniciativa de amigos que, motivados por uma grande afeição a Timor, pretendem contribuir para o progresso e o bem estar do povo de Boibau, através da construção e funcionamento dum complexo escolar que inclui duas salas de aula, pré escolar e escolar (1º ciclo), uma cantina, uma biblioteca e uma capela. 

Boibau é uma região do interior de Timor Leste que, à semelhança de outras aldeias do interior de qualquer parte do mundo, carece de estruturas e apoios para o seu desenvolvimento. Todas as ações humanitárias com este fim serão sempre uma mais valia no caminho do progresso. Este projeto pretende ser uma resposta a este apelo.

Para além destas razões humanitárias há também justificações de índole afetiva e patriótica. A presença portuguesa em Timor faz-se ainda sentir particularmente através do apreço e carinho que os timorenses manifestam com os portugueses que os visitam e dos timorenses que falam o idioma de Camões. Apesar das muitas pressões a que foi sujeito o governo de Timor após a independência por parte do idioma inglês, a língua portuguesa foi preterida como língua oficial de Timor Leste. Constatamos que ao longo destes anos o apoio oficial dado pelos governos a esta causa tem sido pouco significativo, particularmente em zonas afastadas e desprotegidas, o que nos motiva a prestar a nossa colaboração, caso seja aceite.

Em Boibau existem nos dias de hoje à volta de 150 crianças a precisar de escolarização. As poucas que frequentam a escola têm de se deslocar, sem meios de transporte, muitos quilómetros a pé, o que só por si é uma causa do abandono escolar. Daqui a pertinência deste nosso projeto.

Bases para a concretização do projeto “ Uma Escola em Timor “

1. Meios humanos

Esta missão tem por base a vontade explícita e o empenho de três amigos que desde há longa data estão envolvidos por ligações com Timor, a saber:

- Gaspar Sobral, de naturalidade timorense, a residir e a trabalhar em Portugal como topógrafo, reformado da função pública, com formação posterior em Direito.

- Glória Lourenço Sobral, natural de Malcata (Sabugal, Portugal), professora aposentada de Geografia, casada com Gaspar Sobral.

- Rui Chamusco, natural de Malcata (Sabugal, Portugal),  professor de Educação Musical no ensino oficial e de Português, Filosofia e Latim no ensino Particular.

2. Meios logísticos e económicos

Este empreendimento tem como base e garantia o apoio em material escolar (livros e mesas de sala de aula) e pecuniário do Sr. José Gomes, que já tem investimento noutros países lusófonos ( São Tomé e Guiné Bissau ) onde existem escolas com o seu apoio.

Contamos também com uma rede de amigos que, embora não estejam disponíveis para participação imediata devido aos seus afazeres familiares e laborais, estão dispostos a ajudar na justa medida das suas possibilidades. A criação de uma associação ligada a este projeto é uma possibilidade.

3. Meios legais

Este projeto está a suscitar interesse junto de instâncias e autoridades locais. Em contatos já havidos com o régulo da localidade foi expresso o consentimento para esta iniciativa. Todas as questões relacionadas com licenças e autorizações estarão a cargo do Gaspar Sobral, com raízes familiares nesta terra e bom conhecedor das questões da implantação da obra.

Em Abril de 2016 o Gaspar Sobral e o Rui Chamusco deslocar-se-ão a Timor, ao local indicado, para fazer contatos com as autoridades locais e o levantamento topográfico do terreno, a fim de procedermos ao início da obra. Com pequenos passos estaremos assim fazendo o caminho.

4. Conclusão

Embora sabendo das dificuldades que iremos encontrar ao longo do caminho (nem tudo são rosas ou não há rosas sem espinhos), a vontade da concretização deste projeto é tão forte que nada nos impedirá de superar os obstáculos. Fazer o bem junto de quem mais precisa é uma missão nobre. E se com o nosso compromisso conseguirmos melhorar a vida das pessoas através do conhecimento, da instrução e da educação temos o nosso objetivo conseguido. A escola é o local privilegiado para fazermos este trabalho. Com o compromisso de alguns e o apoio e a solidariedade de todos vamos conseguir.

“ O sonho comanda a vida “.

JUNTE-SE A NÓS!... JUNTE-SE A NÓS!... JUNTE-SE A NÓS!...

AJUDE-NOS A CONCRETIZAR ESTE SONHO (**)…

Rui Chamusco

(Comtinua)
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Notas do editor:

(*) Vd. postes de:


(**) Último poste da série >  5 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17549 Ser solidário (203 ): Em troca do meu livro ("Lameta"), os meus amigos podem ajudar, com algum dinheiro, o projeto de construção de uma escola em Manati-Boibau, Liquiçá, Timor Leste... Por mor das crianças timorenses mas também da língua que nos serve de traço de união (João Crisóstomo)

domingo, 1 de outubro de 2017

Guiné 61/74 - P17813: Fotos à procura de uma... legenda (92): O escritor, investigador e professor, e ex-capitão SGE, Manuel Ferreira (1917-1992), passou por aqui, entre 1954 e 1958, e muitos de nós também, mais tarde... Alguém reconhece este quartel ?


Quartel regimental cuja secretaria Manuel Ferreira (1917-1992) chefiou, entre 1954 e 1958, e por onde muitos de nós passámos, antes de ir parar à Guiné, durante a guerra colonial (1961/74)...

Texto e foto: Luís Graça (2017).


1. O escritor e investigador, ex-capitão SGE Manuel Ferreira (Leiria, 1917 - Oeiras, 1983), passou por aqui, já depois de ter estado no Mindelo, São Vicente, Cabo Verde (e 1941-1946),  e na Índia Portuguesa (1948-1954). Esta foto é, alías, da exposição comemorativa do seu centenário,  inaugurada no passado dia 22 de julho... e que estava previsto terminar em 17 de setembro. Título da exposição: "Manuel Ferreira: Capitão de longo curso" (O nosso editor Luís Graça ficou de fazer uma notícia do evento, o que ainda, lamentavelmente, não fez...).

Foi aqui, neste quartel, em 1957, quando  chefiava a secretaria regimental, e nesta cidade onde viveu,  que ele escreveu o seu livro de contos, "Morabeza" (publicado no ano seguinte, em 1958). Nesta cidade Manuel Ferreira  viveu 4 anos, até ser transferido para Lisboa. Em 1962, sai o seu primeiro romance de temática cabo-verdiana, o "Hora di Bai". E em 1965 é mobilizado para Angola. como tenente SGE.

2. Será que os nossos leitores vão adivinhar logo à primeira  que quartel era este? De que regimento estamos a falar ? Em que cidade fica(va) ? É uma  terra portuguesa, com ceteza. Não, não  é Águeda, onde Manuel Ferreira requentou a antiga Escola Central de Sargentos, em data que ainda não apurámos, na década de 1950.

Muitos camaradas nossos passaram por aqui, na tropa, antes de serem mobilizados para a Guiné... Foi um verdadeira fábrica...

Agradecimentro (e parabéns) ao João B. Serrra, comissário da exposição, e que foi à "fonte" buscar a foto original...  A cópia é de Luís Graça que lá foi no dia da inauguração.

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Nota do editor:

Último poste da série >  26 de setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17799: Fotos à procura de... uma legenda (91): Equilibristas ou artistas de circo na cambança dos cursos de água, esquálidos e esgrouviados...Os bravos do Cachil, entre eles o ten mil médico Rogério Leitão (1935-2010) (José Colaço, ex-sold trms, CCAÇ 557, Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65)