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sábado, 31 de maio de 2025

Guiné 61/74 - P26869: Os nossos seres, saberes e lazeres (683): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (206): Algures, na Renânia-Palatinado, em Idstein, perto de Frankfurt – 6 (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 12 de Março 2025:

Queridos amigos,
Permitam-me um desabafo de quem há duas semanas foi operado a um tendão na coifa ou manguito e anda com o braço enfraquecido, como se impõe, como diz a minha ortopedista o tempo é que é o remédio. Fiz desta viagem já um tanto gemebundo, nunca me passou pela cabeça que mesmo com aquelas massagens de alívio do Voltaren e a toma de analgésico pudesse andar por ali com tanta genica, como felizmente andei, não é por prosápia que me interrogo como andei a fazer aqueles quilómetros de bom andarilho desde a estação central ferroviária de Frankfurt até ao museu e etapas seguintes, ainda se vão seguir alguns dias em que andei sem parança. No caso do apontamento de hoje, deliciei-me com o contraste do centro histórico da velha Frankfurt visto de dia e de noite, é uma área muito dinâmica da segunda maior praça financeira da Europa (a primeira é Londres); o essencial da viagem era despedir-me de uma velha amiga que me cumulou de gentilezas, mais de um quarto de século, e que determinou ao seu herdeiro que eu seria uma das poucas pessoas a ter direito às cerimónias fúnebres; e mesmo com a coifa a dar-me dores regressei ao centro histórico de Frankfurt, também em jeito de despedida, já no comboio de regresso a Idestein dei graças por ser um velho a caminho de 80 anos que tem tido o privilégio de percorrer caminhos de um continente que cimenta os valores e princípios que o moldam, é na Europa que eu sinto a minha identidade, sem nenhum detrimento do meu amor por um certo ponto de África.

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (206):
Algures, na Renânia-Palatinado, em Idstein, perto de Frankfurt – 6


Mário Beja Santos

Não quero esconder que saio compungido do Museu Der Städel, os alemães não brincam com os horários, falta um minuto para as 18 horas, esta imagem do vestíbulo do museu ninguém me a tira. Fiquem sabendo que descia esta bela escadaria e mergulhei de chofre na primeira mostra de imagens que vos apresentei, uma seleção de alta qualidade entre o século XIX e o modernismo europeu. Paciência, hei de voltar, haja saúde, tenho este privilégio de haver amigos fraternos que em franqueiam cama e mesa. É nisto, do hei de voltar, que me assaltou à mente aquela tirada retumbante do final da obra de José Saramago Viagem a Portugal em que ele diz que a viagem nunca acaba, os viajantes é que acabam, o que se vê dia não é o que se vê de noite, o que se vê na primavera não é o que se vê no outono, etc., etc., deu-me, o leitor que me desculpe, para pôr em sequência o que eu tinha posto na câmara ao atravessar o rio Meno, e seguidamente mostrar-vos o que deste lado do rio Meno vejo à noite, tão só para me sentir certo e seguro que todos os dias são bons para voltar, e há aquela sedução da cambiante horária que tudo molda sobre a forma das coisas.

O leitor que me perdoe a ingenuidade e a ignorância, tirar uma imagem com o vidro em frente pode ser entendido como muito artístico, aqui certamente não o é, mas temos o confronto entre a luz e a sombra.
Ao amanhecer, partimos em grupo para uma localidade perto de Frankfurt, Offenbach, é a apertadíssima moção de uma despedida, a deposição de cinzas de alguém com quem tive íntima amizade mais de um quarto de século, telefonemas a fio, convites para ir de lá para cá e de cá para lá, dei comigo a pensar que é a primeira vez que entro num cemitério alemão, gozam de uma serenidade que se aparenta com a dos britânicos, lá fui tirando imagens à sorrelfa, não queria ferir sentimentos, há preconceitos a respeitar, e não vimos propriamente para circuito turístico.
Ocorreu-me conectar estas três imagens, já lera que por razões geológicas, porventura por fenómeno que terá milhões e milhões de anos, todo este vale de Frankfurt parece a cratera de um vulcão rodeado de uma cordilheira de montanha, como é patente na terceira imagem, anteriormente mostrei uma secção do cemitério e um monumento dedicado aos mortos da guerra, o monumento, imagine-se, tem a ver com a guerra franco-prussiana de 1870.
Finda a cerimónia fúnebre, abraços repetidos e apertos de mão, olhos molhados, até à próxima, cada um partiu para o seu destino, o meu é o centro histórico de Frankfurt, vou andar à volta desse espaço que dá pelo nome de Römerberg, prende-se com uma área de grande interesse histórico para os alemães, na catedral de S. Bartolomeu os príncipes eleitores escolhiam o novo imperador, depois de investido, em festa encaminhava-se para o Römer, o edifício da Câmara Municipal e depois para o palácio imperial, todo este território conheceu ocupação romana, a era carolíngia, a alta Idade Média, aqui os nazis fizeram a queima de livros a que eram hostis, a barbaridade em fogueira. Entro agora na Igreja de Santa Catarina perto de Hauptwache, onde existiu uma estação da guarda, agora um café do século XX, como quase tudo neste espaço conheceu a reconstrução, no final da visita irei aqui tomar um café. Santa Catarina foi igreja medieval, depois transformada em igreja barroca, devorada pelo fogo em 22 de março de 1944 e reconstruída. Fui surpreendido à entrada por alguns vestígios do passado, estava na hora de servir uma refeição quente a gente sem-abrigo, pediu-se licença para ir ver peças que resistiram ao bombardeamento ou que tinham sido salvaguardadas.
Belíssimas pedras tumulares
Quando intitulado O Bom Samaritano, de Daniel Thielen, 1623-1711, da galeria que pertenceu à igreja destruída nos bombardeamentos de 1944. Juro que bem procurei fugir à intensa iluminação que pairava neste espaço, depois de andar várias vezes à frente, atrás e ao lado, foi o melhor que consegui.
Reconstrução da igreja, solução muito impressiva com a reconstrução do teto e a reprodução dos vitrais
Bem gostaria de saber o que é que estava a ver, ficou-me a consolação que talvez fosse uma lápide funerária, nunca me acanho em fazer perguntas, mas quem por aqui passava ia em direção a uma refeição, siga, meu amigo, e console o seu estômago.
Reconstrução do Römer, nem passou pela cabeça, atendendo à pressão do tempo, a entrar
É a reprodução desta praça de eleição, o Römer, com a fonte da justiça ali perto, aqui foi a queima de livros nazi de 1933, perto oiço um guia a referenciar os acontecimentos da praça ao longo da história, mercados, feiras, torneios, festivais e campo de execuções.
Igreja de S. Nicolau, para surpresa do leitor foi ligeiramente danificada e mostra toda a beleza do gótico alemão, com as suas cores primitivas.
É uma das mais imponentes casas da velha Frankfurt, diz aqui na brochura que é conhecida pelo nome de Goldene Waage, escamadas douradas, construída entre 1618 e 1621, reconstruída no século XVIII, tem café e o museu histórico de Frankfurt.
Chama-se catedral de S. Bartolomeu, a torre sineira é impressionante, o seu vestíbulo é neogótico. Diz na brochura que não é uma catedral no sentido estrito da palavra, seria melhor designá-la por igreja episcopal. O que acontece é que a partir do século XII era aqui que decorriam as cerimónias de investidura do imperador do sacro império romano-germânico. Como em tantíssimas igrejas, neste caso vem da era merovíngia, tornou-se na capela palatina dos Carolíngios e Saxões, de facto as eleições reais começara por se realizar aqui, com o andar dos anos fez-se uma divisão para a eleição, projetou-se o transepto e a grande torre é obra já do século XV.
Placa alusiva aos sucessivos incêndios durante a Segunda Guerra Mundial
É uma das melhores recordações que vou levar desta catedral, a capela Mariana onde está o altar de Maria Adormecida, obra do século XV, num espaço decorado do século XIX, escultura de uma beleza impressionante, não é permitido avançar mais, o que me impediu de poder ter focado num elemento de grande ternura, um anjinho a fechar um dos olhos da Virgem, ela adormece e depois, de acordo com o texto bíblico, ascende aos céus.
A catedral está recheada de belos retábulos, altares, capelas, grandes tesouros como o quadro de Anthonis van Dick, A Lamentação de Cristo, os cadeirais do coro são de uma beleza impressionante, como aqui se exemplifica com um dos retábulos.
Na linha do transepto, que era aqui que na Idade Média se realizava a procissão do novo imperador eleito, temos agora a sul um grande órgão, construído entre 1553 e 1944, é uma construção impressionante, um órgão moderno perfeitamente adaptado a uma estrutura antiga.
Um outro retábulo que não me podia deixar indiferente
Estas duas imagens têm a ver com os aspetos da coroação do novo imperador, a primeira com o local onde se fazia a sua proclamação, a segunda com a sua coroação.
À saída de S. Bartolomeu encontrei esta imagem que nos mostra os efeitos do bombardeamento de 22 de março de 1944, foram vários dias de bombardeamentos que coroaram com o daquele de 22, esmagador, a catedral aguentou todos aqueles embates, tal como a igreja de S. Nicolau.

É hora de regressar a casa, o dia de amanhã será passado no Limburgo, que eu desconhecia totalmente, estou pronto a regressar pelas razões do que a seguir vos vou mostrar.

(continua)

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Nota do editor

Último post da série de 24 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26841: Os nossos seres, saberes e lazeres (682): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (205): Algures, na Renânia-Palatinado, em Idstein, perto de Frankfurt – 5 (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P26868: Convívios (1035): Fotorreportagem do 61º almoço-convívio da Magnífica Tabanca da Linha, Algés, 29 de maio de 2025 (Manuel Resende / Luís Graça ) - Parte II

 
Foto nº 10 > Magnífica Tabanca da Linha > 61º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 29 de maio de 2025 >  Da esquerda para a direita, o José Carlos  Valente (Amadora) e o Hélder Sousa (Setúbal). 

O Valente faz hoje anos. Desafiei-o a integrar (e a colaborar em) a Tabanca Grande, o que ele aceitou. Doutorado em História, é autor de dois livros, editados pela Colibri: "Estado Novo e Alegria no Trabalho" (2019, 250 pp.) e "Para a História dos Tempos Livres em Portugal: Da FNAT a INATEL 1935-2010" (2011, 288 pp.). É "pira" na Tabanca da Linha. Pelo que eu perecebi, foi fur mil enf,  CCS/BCAÇ 2884 (Pelundo, 1969/70).

O Hélder Sousa não precisa de apresentação: é o provedor da Tabanca Grande.



Foto nº 11 > Magnífica Tabanca da Linha > 61º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 29 de maio de 2025 >  Dois camaraadas do que reprentam bem o nosso Sul: o Eduardo Estrela (Cacela, Vila Real de Santo António) e o José Serrano Matias (Évora). Houve mais dois "magníficos" que vieram do Algarve, o Mário Santos (Loulé) e o Joaquim Teixeira (Faro)


Foto nº 12 > Magnífica Tabanca da Linha > 61º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 29 de maio de 2025 > O António Bartolomeu e o filho... O Bartolomeu não o via desde junho/julho de 1969, estivemos juntos no CIM Contuboel. Viemos no mesmo T/T Niassa, em 24 de maio de 1969: ele petrtencia à CCAÇ 2592 (futyura, CCAÇ 14) e eu à CCAÇ 2590 (futura CCAÇ 12). Reconhecemos de imediato, uma ao outro!... Vive em Almada. É membro da nossa Tabanca Grande desde 31/5/2007. Esteve em Aldeia Formosa e em Cuntima.

Escrevi, no poste da sua apresentação à Tabanca Grande, em 31/5/2017:

 (...) "Foram os meus melhores momentos da Guiné, os únicos em que fiz Férias & Turismo, em que me esqueci que estava na guerra e vinha para fazer uma guerra… Contuboel representou para nós - creio que para nós todos - a maravilhada descoberta da África (...) Foi um tempo maravilhoso, intenso e veloz… Depois fomos lançados às feras… Ainda em farda nº 3, tivemos o nosso baptismo de fogo em finais de Junho, em Madina Xaquili…

As recordações são sempre (re)construções: pelo teu apelido, já não ia lá, mas ao ver a tua chapa, sem pêra, acendeu-se uma luzinha cá na minha base de dados… Do Dores e das suas anedotas, tenho uma vaga ideia, mas não estou a ver-lhe a cara…

Quanto a ti, por que é que não apareceste mais cedo, meu malandro ? Até à data, fora o pessoal da minha CCAÇ 2590/CCAÇ 12 (o Levezinho, o Reis, o Marques, o Fernandes, o Sousa, o Martins, o Piça…), eu só tinha reencontrado o Renato Monteiro, da CCAÇ 11, mais antigo que nós em Contuboel " (...).



Foto nº 13  > Magnífica Tabanca da Linha > 61º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 29 de maio de 2025 >  O João Crisóstomo com o seu camarada da CCAÇ 1439 (1965/67),  o ex-1º cabo cond auto, António Almeida Figueiredo (São Domingos de Rana, Cascais). Cairam os dois numa mina anticarro, na estrada Enxalé-Missirá



Foto nº 14 > Magnífica Tabanca da Linha > 61º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 29 de maio de 2025 > O João e a Vilma (nascida em Brestanica, Eslovénia,em 1947; hoje naturalizada americana, casada com o J0ão em 2013; o casal vive em Queens, Nova Iorque; a Vilma já tem 22 referências no nosso blogue.

 


Foto nº 15 > Magnífica Tabanca da Linha > 61º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 29 de maio de 2025 > Na mesa do João Crisóstomo, a  Cristina (Nova Iorque / Lisboa), o Joaquim Teixeira (Faro) ("pira" nesta tertúlia, também não é membrto da Tabanca Grande) e o Manuel Leitão (Mafra)... 


Foto nº 16 > Magnífica Tabanca da Linha > 61º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 29 de maio de 2025 >  O João Crisóstomo trouxecom ele meia "companhia": além da esposa (Vilma) e da filha (Cristina, que vive e trabalha agora em Lisboa), desafiou mais uns tantos camaradas dfa sua companhia, a CCAÇ 1439, o Joaquim Teixeira (que veio de Faro), o Leitão ("Mafra"), que veio com o filho, Pedro, e ainda  o  António Almeida Figueiredo (que veio com a esposa e uma filha; moram em São Domingos de Rana)



Foto nº 17 > Magnífica Tabanca da Linha > 61º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 29 de maio de 2025 >  O Pedro Leitão, filho do 
Manuel Calhandra Leitão ("Mafra"), ex-1º cabo at arm pes inf, Pel Mort 1028 (Fá Mandinga, Xime, Ponta do Inglês, Enxalé e Xitole, 1965/67), Mmbro ds Tabanca Grande desde 4/12/2022.



Foto nº 18 > Magnífica Tabanca da Linha > 61º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 29 de maio de 2025 >  Mais um "pira", o José Maria Monteiro, ilustre representante da Marinha (a par do Manuel Lema Santos) (cito de cor, em 0itenta e tal 
convivas)... O Monteiro é membro recente da Tabanca Grande. É autor de "Os Mais Jovens Combatentes, A Geração de Todas as Gerações, 1961-1974" (Lisboa, Chiado Books, 2019), de que o nosso crítico literário, Beja Santos, já fez a recensáo (em três notas de leitura).

Fotos: © Manuel Resende (2025). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. Continuação da fotorreportagem do último almoço-convívio da Tabanca da Linha,  Algés, 29 de maio de 2025, em que participaram 83 "magníficos" dos 87 inscritos. Fotos do Manuel Resende,  com legendagem do nosso editor LG.

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Nota do editor LG:

Guiné 61/74 - P26867: Convívios (1034): Fotorreportagem do 61º almoço-convívio da Magnífica Tabanca da Linha, Algés, 29 de maio de 2025 (Manuel Resende / Luís Graça ) - Parte I

 

Foto nº 1 > Magnífica Tabanca da Linha > 61º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 29 de maio de 2025 >  O régulo Manuel Resende visivelmente bem disposto por tudo ter corrido bem: ds 87 inscritos faltaram 4, por razões de força maior... 

E neste convívio tinhamos um "magnífico" que veio de longe: o João Crisóstomo, nosso camarada, que vive em Nova Iorque. 

Na foto, de pé à esquerda, o Luís Graça  (Lourinhã) e à direita,a sentado, o Joaquim Pinto de Carvalho (Cadaval) (fez ntem anos, uma capicua, 77...). Quatro régulos, ao fim e ao cabo: da Tabanca Grande, da Tabanca da Diáspora Lusófona, da Tabanca da Linha e, por último, da Tabanca do Atira-te ao Mar e Não Tenhas... Medo!

Foto nº 2 > Magnífica Tabanca da Linha > 61º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 29 de maio de 2025 >  Aspeto parcial do 2º (e último) piso do restaurante que estava cheio (11 meses de 8 convivas)... Já há muito, desde antes da pandemia, que não se atingia praticamente a lotação máxima.


Foto nº 3 > Magnífica Tabanca da Linha > 61º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 29 de maio de 2025 > As "nossas mulheres grandes" (sempre "bajudas"!) desta vez responderam à chamada do nosso régulo: a sala estava muito bem composta... 

Aqui o António Duque Marques, com a esposa... O casal viva na Amadora. ("António, como é que ? És "magnífico" desde  18 de maio de 2017, mas ainda não és membro da Tabanca Grande ? Ainda por cima, meu vizinho!... Temos estado distraídos os dois, tu e eu!... Estás 'convocado' para te sentares à sombra do nosso poilão, no lugar nº 906!")... 


Foto nº 4 > Magnífica Tabanca da Linha > 61º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 29 de maio de 2025 > Outro casal amoroso, simpatiquíssimo, fotogénico, apanhado pelo nosso fotógrafo com um sorriso lindo: o José Diniz Souza Faro e a esposa (S. Domingos de Rana, Cascais)... (Foi fur mil art, 7.º Pel Art / BAC , Cameconde, Piche, Pelundo e Binar, 1968/70, tem 14 referências no nosso blogue, e é membro da nossa Tabanca Grande desde 23/05: é "magnífico" desde 15/5/2015).


Foto nº 5 > Magnífica Tabanca da Linha > 61º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 29 de maio de 2025 > Outro "menino da Linha", o Mário Fitas, com a sua Helena.

 É um dos "pais-fundadores" da Tabanca da Linha, em 2010 (está no livro de baptismo com a data de 19/2/2015, o que não bate certo). Ofereceu-nos, com uma bela dedicatória, o seu ultimo  livro (Mário Vicente - "Do Alentejo à Guiné: Putos, Gandulos e Guerra", ed. autor, maio de 2025, 162 pp.)



Foto nº 6 > Magnífica Tabanca da Linha > 61º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 29 de maio de 2025 > Já não nos víamos há muito tempo, desde os bons tempos antes da pandemia!... Teve um grande susto, quase a patinar, disse-me ele...Refiro-me ao António Alves Alves (Carregado, Alenquer), que é "magnífico"  desde 15/11/2015...(Também não és "grão-tabanqueiro", temos de ver isso, camarada!)


Foto nº 7 > Magnífica Tabanca da Linha > 61º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 29 de maio de 2025 > Manuel Gonçalves e Tucha, mais dois meninos (Carcavelos, Cascais)... São transmontanos de Bragança... O Manuel Gonçalves, ex-alf mil Manutenção,  CCS/BCAÇ 3852 (Aldeia Formosa, 1971/73),  é "magnífico há "dois anos"... E "grão.tabanqueiro" desde 2 de agosto de 2018 (nº 776); foi alunos dos Pupilos do Exército...


Foto nº 8 > Magnífica Tabanca da Linha > 61º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 29 de maio de 2025 > Foi uma grande alegria para todos nós (e para mim e a Alice, em especial) poder abraçar o Manuel Joaquim e a esposa... Problemas de saúde (do foro oftalmológico) tem-no impedido, há muito, de comparecer aos nossos convívios. Tem 110 referências no nosso blogue.

É autor, como se lembram, de uma das mais belas histórias, com fim feliz, contadas no nosso blogue.  Foi fur mil armas pesadas inf da CCAÇ 1419 (Bissau, Bissorã e Mansabá, 1965/67), hoje professor do ensino básico reformado: trouxe para a sua casa e educou, como padrinho, o "nosso minino Adilan", o Zé Manel, o José Manuel Sarrico Cunté...

Falámos do Adilan, à mesa, com muita emoção (!)... Agora já avô, e feliz por viver em Portugal, o Zé Manel!... Camaradas: é um grande lição de portuguesismo e de humanidade, a do Manuel Joaquim e do Adilan, aliás, Zé Manel, dois membros da Tabanca Grande (onde raça, etnia, cor de pele, religião, partido, clube, classe social, etc., ficam lá fora).. Dois grandes seres humanos que muito nos honram e a quem desejemos o melhor da vida...


Foto nº 9 > Magnífica Tabanca da Linha > 61º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela De Ouro > 29 de maio de 2025 > Mais dois meninos (e uma menina) da Linha... Não precisam de apresentação... São veteraníssimos nestas andanças!... São "magníficos" da primeira hora e também membros da Tabanca Grande: António Marques e Gina (Cascais) e Armando Pires (Oeiras)...

Fotos: © Manuel Resende (2025). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Escreveu o Manuel Resende na página do Facebook da Magnífica Tabanca da Linha, quinta feira, 29 de maio, às 21:56:


Mais um convívio se realizou hoje no Restaurante Caravela de Ouro, foi o nº 61. As cadeiras ocupadas foram 83. Creio que fizemos uma boa manifestação de gratidão ao nosso camarada João Crisóstomo, que vive em Nova Iorque  e que fizemos coincidir com as suas férias cá. Quem não souber quem é o Crisóstomo vá ao Blog Luis Graça e procure. Está lá tudo.

Como de costume, e para que fique registado, tirei algumas fotos que junto, clicando neste link.

2. Vamos selecionar algumas das mais de 6 dezenas de fotos do Manuel Resende, editá-las e legendá-las. Este é o primeiro poste.  

Fica aqui também a minha / nossa gratidão ao "magnífico-mor". 

Foi mais um almoço-convívio cuja organização esteve impecável e foi do agrado geral. 

Sempre discreto, o Manuel Resende está em "todas" as funções que cabem a um "régulo":  depois de ter convocado as "tropas", sempre com música suave ao ouvido (não precisa de berrar, vai atualizando o Facebook...), e de ter orientado as coisas com o restaurante,  lá esteve ele, de novo,  para nos nos receber,  dar as boas vindas aos "piras" (7 desta vez vez!), receber a "guita", fazer as contas, pagar,  etc. 

Nunca tem tempo, coitado, para provar os aperitivos e come à pressa... Lá pega na máquina fotográfica e percorre as 11 mesas, tirando 61 chapas... em tempo recorde... E ainda por cima posando, com calma e pachorra, para os "telemóveis" que querem ficar com uma "selfie"...

Tudo começa antes das 12h30 para acabar mais ou menos às 15h00... Vamos ter saudades do nosso "régulo" quando ele se reformar (mas, felizmente, ainda falta muito...). Deus lhe dê muita saúde e longa vida,  que ele merece as duas coisas... (LG)

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Nota do editor:

Guiné 61/74 - P26866: Parabéns a você (2382): Mário Beja Santos, ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52 (Missirá e Bambadinca, 1968/70)

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Nota do editor

Último post da série de 30 de Maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26862: Parabéns a você (2381): Fernando Andrade de Sousa, ex-1.º Cabo Aux Enfermeiro da CCAÇ 2590/CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71) e Joaquim Pinto Carvalho, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 3398/BCAÇ 3852 e da CCAÇ 6 (Buba e Bedanda, 1971/73)

sexta-feira, 30 de maio de 2025

Guiné 61/74 - P26865: Agenda Cultural (887): Visitas guiadas à exposição "Imaginários da Guiné-Bissau - O Espólio da Álvaro de Barros Geraldo (1955-1975)", patente de 8 de maio a 31 de agosto de 2025, no Museu Nacional de História Natural e da Ciência, Rua da Escola Politécnica 56, Lisboa (Catarina Laranjeiro)


1. Mensagem de Catarina Laranjeiro, investigadora no Instituto de História Contemporânea da NOVA (FCSH), com data de hoje, 30 de Maio de 2025, dando conta das visitas guiadas à Exposição "Imaginários de Guiné-Bissau", no Museu Nacional de História Natural e da Ciência:

Boa tarde,
Gostaria muito de contar com vocês nas visitas comentadas da exposição Imaginários da Guiné-Bissau: O Espólio de Álvaro de Barros Geraldo, no Museu Nacional de História Natural e da Ciência.
A primeira visita é já este domingo!

A exposição, que contou com a curadoria minha e da Inês Vieira Gomes, parte do espólio de Álvaro de Barros Geraldo para questionar o argumento da “manutenção da paz” num território em guerra.
Através de imagens de emboscadas, cerimónias e iniciativas militares e sociais, propõe-se uma leitura crítica desse discurso e dos seus legados pós-coloniais, neste ano em que celebramos os 50 anos das independências das antigas colónias portuguesas.
O Museu é um espaço fresco, com um belo jardim para quem vier com crianças.

Aqui ficam as datas das visitas comentadas, sempre às 11h00:

01.06 (domingo): Visita comentada por Daniel Barroca e João Egreja
29.06: Visita comentada por Catarina Mateus e Inês Vieira Gomes
13.07: Visita comentada por Ariana Furtado e Catarina Laranjeiro
27.07: Visita comentada por Aurora Almada e Santos e Paulo Catrica
31.08: Visita comentada e debate com Amadu Dafé e Onésio Soda

Um abraço
Catarina

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Nota do editor

Último post da série de 24 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26840: Agenda Cultural (886): Entrada livre... O nosso grão-tabanqueiro, luso-guineense, Mamadu Baio & Amigos (incluindo o João Graça, violino, mais 5 guineenses), amanhã, dia 25, no Palácio Baldaya, Estrada de Benfica, 701, Lx, às 17h30, na 16ª edição do festival "Junta-Te Ao Jazz"... Encerra, às 18h30, com o grande Paulo Flores, a voz angolana do kizomba, do semba, da resiliência e da esperança

Guiné 61/74 - P26864: Notas de leitura (1803): "Um Império de Papel, Imagens do Colonialismo Português na Imprensa Periódica Ilustrada (1875-1940)", por Leonor Pires Martins; Edições 70, 2012 (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 8 de Janeiro de 2025:

Queridos amigos,
É uma bela edição correspondente a uma investigação rigorosa e que permite dados surpreendentes, uma viagem por publicações periódicas ilustradas desde que se fundou a Sociedade de Geografia de Lisboa até esse acontecimento faustoso que foi a Exposição do Mundo Português, em 1940. Temos aqui uma investigação de como se mostrava e satisfazia a curiosidade quanto a este ascendente Terceiro Império, a iconografia das expedições, como se procurou suturar o tratamento vexame do Ultimato, passando a pente fino crueldades existentes ou ficcionadas pela potência britânica. Naturalmente que para esta recensão se procurou mostrar imagens da Guiné, logo em 1879, mostrando Bolama como capital. E pela primeira vez pude ver gente num empreendimento que me intrigava desde agosto de 1968, nesse dia fiz o primeiro patrulhamento na companhia do furriel Zacarias Saiegh, fomos até à Aldeia do Cuor, onde vi, abismado, paredes monumentais de edifícios sobre os quais ninguém me dava esclarecimento. Só mais tarde soube que tinha ali dado consultoria técnica o engenheiro Armando Cortesão, de quem herdei os ferros de uma cama, e agora pude ver gente que ali viveu e até uma criança que ali nasceu. Esta sociedade agrícola aspirava muito, afundou-se rapidamente e certo e seguro com grandes prejuízos, não sabemos se para os empreendedores ou para o banco financiador.

Um abraço do
Mário


A Guiné num Império de Papel

Mário Beja Santos

É uma soberba obra de investigação, Um Império de Papel, Imagens do Colonialismo Português na Imprensa Periódica Ilustrada (1875-1940), por Leonor Pires Martins, Edições 70, 2012, uma exposição de representações visuais do Império em publicações ilustradas desde que foi fundada a Sociedade de Geografia de Lisboa até a esse ponto alto do nacionalismo imperial português, a Exposição do Mundo Português de 1940.

A revista O Ocidente terá um papel fulcral no elenco das publicações, nela colaboraram nomes de talento do seu tempo, como Rafael Bordalo Pinheiro. Recorda a autora que nos finais do século XIX, altura em que as fronteiras coloniais em África se encontravam já definidas, o território português compreendia, para além do continente e suas ilhas adjacentes, mais de 1 200 000 km2 na costa africana ocidental (Angola), 783 000 km2 na costa oriental (Moçambique), a Guiné com cerca de 36 000 km2, dois arquipélagos no Atlântico (Cabo Verde e São Tomé e Príncipe) e ainda resquícios do antigo Império do Oriente: Goa, Damão e Diu, no subcontinente indiano, Macau, no Sul da China e Timor na Insulíndia. Num país de elevadíssimo analfabetismo, a classe política conhecia as legislações alusivas aos chamados territórios ultramarinos, foi graças a revistas e a jornais ilustrados que o grande público passou a ver expressões do Império, muitas vezes sobre a retórica propagandística, caso de uma fotografia em que aparece uma guineense que participou na Exposição Colonial do Porto, em 1934, a Rosinha, empenhando a bandeira portuguesa junto do monumento “Ao Esforço Colonizadora”, fotografia manifestamente encenada, onde se pode ler a legenda: “Negra muito embora, portuguesa de lei, ei-la empunhando a bandeira verde-rubra que domina todo o Império”, imagem que aparece na revista Civilização. Este esforço colonizador é mostrado em edifícios, estradas e pontes.

Outros momentos de exaltação são as imagens das expedições, que deram glória e fama a Serpa Pinto, Capelo e Ivens, entre outros. Essas expedições ao interior do continente africano concorriam com outras expedições europeias, a Conferência de Berlim decretara que ter uma colónia era ocupar território, a revista O Ocidente publicará imagens alusivas a estas expedições e depois as homenagens, os jantares, as conferências dos expedicionários, a sua chegada em triunfo, imagens dos africanos que acompanhavam os novos heróis da gesta, o Terceiro Império. Como igualmente apareciam imagens de indígenas com os seus usos e costumes; e quando chegou a hora do ultimato britânico não faltaram imagens que procuraram revelar os aspetos cruéis do colonialismo britânico e, claro está, caricaturistas como Rafael Bordalo Pinheiro revelavam a subserviência portuguesa ao poder britânico, era a resposta à humilhação que nos provocara o maior império colonial do seu tempo; e, com poder catártico, irá mostrar-se um outro herói, Mouzinho de Albuquerque, e a prisão de Gungunhana, e a sua exposição pública, o seu exílio em Angra do Heroísmo.

Também estas publicações exploraram uma outra dimensão, o pitoresco, a fauna, o deslumbramento dos rios, a opulência das florestas, o povoamento, casas, hospitais, centros urbanos, é assim que vemos a ilha de Bolama que apareceu na revista O Ocidente, em 1879, havia que mostrar a capital da Guiné. Surgiu depois a fotografia, terá também um papel fundamental na ilustração das publicações. Havia também que exibir como facto consumado que estávamos a trabalhar no progresso e no desenvolvimento, não eram só os edifícios e as infraestruturas, era a cartografia, o ensino, o estabelecimento de hospitais e farmácias, a missionação, as culturas agrícolas, a abertura dos caminhos de ferro, a briosa ocupação militar como vemos num desenho produzido a partir de uma fotografia, tropa no forte de Cacheu, isto em 1891.

A missionação aparece associada ao ensino, à escola de artes e ofícios, ao aparecimento de igrejas, como se mostra a igreja matriz de Bolama em 1896, que veio publicado na revista Branco e Negro. Os jardins, os edifícios das alfândegas, as estátuas, os cais, até mesmo a projeção em terras de África do mundo rural português tem inteiro cabimento no Império de Papel, havia que suscitar a curiosidade para atrair imigrantes, mostrar famílias, crianças europeias nos territórios da colonização, colonos em piquenique, mas, sempre que necessário, expor as expedições militares. É o caso do grande acervo de imagens do primeiro fotógrafo militar português José Henriques de Mello, que acompanhou as tropas comandadas por Oliveira Muzanty, em abril de 1908, para destituir Infali Soncó, um régulo insurreto que pretendia impedir a navegabilidade do Geba, ao tempo o coração da atividade comercial.

Ao folhear este belíssimo trabalho, deparei-me com uma reportagem sobre a Guiné Portuguesa, publicada na revista Ilustração, procurava-se mostrar os colonos brancos e como viviam. E pude ver pela primeira vez uma resposta a uma dúvida que tinha desde 5 de agosto de 1968. Nesse dia fiz o meu primeiro patrulhamento de reconhecimento no regulado do Cuor, saímos de Missirá para a Aldeia do Cuor; aqui chegados, mesmo à beira do Geba estreito, levantavam-se paredes grossíssimas, pedra volumosa, indício certo e seguro de que ali houvera um qualquer importante estabelecimento. Soube mais tarde, nas minhas leituras no Arquivo Histórico do Banco Nacional Ultramarino, de que se tratava da Sociedade Agrícola do Gambiel, ali foi consultor técnico Armando Zuzarte Cortesão, nome eminente da cartografia portuguesa, encontrei referências à natureza do empreendimento, era um grande sonho agrícola que cedo caiu na água. Pois bem, na revista Ilustração, num número de 1926, encontrei fotografias alusivas a esses colonos “brancos”, numa delas um grupo de empregados onde se vê um deportado e noutra, vê-se o chefe do empreendimento com mulher e criança que nascera na região, pode ver-se na fotografia do grupo de empregados que eram instalações de boa constituição, de grande solidez, os tais vestígios que guardei desse patrulhamento de agosto de 1968.

O Estado Novo trouxe africanos a exposições organizadas em Portugal. Podem ver-se três fotografias publicadas na revista Ilustração, isto em outubro de 1932, aspetos da Grande Exposição Industrial Portuguesa que se realizou no Pavilhão dos Desportos, em 1932, são guineenses, na fotografia superior temos um ministro das Colónias, Armindo Monteiro, com a sua comitiva e sentados algumas figuras ilustres, porventura régulos e em baixo, numa fotografia, três fulas e noutra as mulheres fulas que acompanharam os régulos. A exposição de 1934 trouxe igualmente guineenses, elas revelaram-se um grande motivo de atração, todas de peito ao léu, houve fotografias de Domingos Alvão e Eduardo Malta, nomeado pintor oficial da exposição, fez vários retratos a lápis, produziram-se álbuns desses desenhos que evidenciam o risco talentoso de Malta. E assim chegamos ao acontecimento grandioso da Exposição do Mundo Português, foi o momento culminante em que o Estado Novo procurou mostrar a multidões imagens de um Império que era sobretudo conhecido por quem lia jornais e revistas, agora revelava-se para o orgulho dos portugueses qual era a dimensão daquela comunidade imperial imaginada.

Um Império de Papel dá-nos conta do que foram ficções e realizações, era um império longínquo que parecia ao alcance da mão e destinado à eternidade.


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Nota do editor

Último post da serie de 29 de maio de 2025 >Guiné 61/74 - P26860: Notas de leitura (1802): "Gil Eanes: o anjo do mar", de João David Batel Marques (Viana do Castelo: Fundação Gil Eanes, 2019, il, 132 pp.) - Parte II: A questão da assistência à frota branca, que atinge o seu auge com o Estado Novo, nos anos 40/50: em 1958 a "faina maior" tinha 77 unidades e 5736 homens (Luís Graça)

Guiné 61/74 - P26863: Casos: a verdade sobre... (53): o ataque do PAIGC a Bissássema em 3 de fevereiro de 1968: entre a propaganda e o "apagão"



Guiné > Região de Quínara > Tite > Bissássema > 10 de março de 1968 > CCAÇ 2314 > Destruição, pelas NT, da tabanca, antes da retirada.  Très anos depois será reocupada e nela construído um reordenamento.


Guiné > Região de Quínara > Tite > Bissássema > s/d > 10 de março de 1968 > CCAÇ 2314 > Destruição, pelas NT, da tabanca, por ocasião da retirada.


Guiné > Região de Quínara > Tite > Bissássema > s/d >  c. 3 fev / 10 mar 68 > CCAÇ 2314 >  O alf mil at inf José Manuel Pais Trabulho.

Fotos do álbum do cor GNR ref Pais Trabulo, disponíveis na página do facebook da CCAÇ  2314 - Age quod agis, 9 de dezembro de 2020 (com a devida vénia...)



Fonte: Casa Comum | Instituição: Fundação Mário Soares e Maria Barroso | Pasta: 04325.001.006 | Título: PAIGC - Communiqué | Assunto: Amílcar Cabral, Secretário-Geral, informa que o PAIGC, no combate de 03.FEV.1968 em Bissássema, a 12 km de Bissau, fez 3 prisioneiros portugueses, da companhia sediada em Tite. Terão direito ao tratamento previsto pelas convenções internacionais. | Data: Segunda, 19 de Fevereiro de 1968 | Fundo: Arquivo Mário Pinto de Andrade | Tipo Documental

Citação:
(1968), "PAIGC - Communiqué", Fundação Mário Soares / Arquivo Mário Pinto de Andrade, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_84046 (2025-5-30)


(Reproduzido com a devida vénia...) Vd. tradução para português a seguir:


PAIGC - Partido Africano para a Independência da Guiné e Cbo Verde


Comunicado


No dia 3 de fevereiro do corrente, na sequência de um combate que opôs uma unidade do nosso Exército regular a um contingente colonialista, perto da tabanca de Bissássema, a 12 km de Bissau, na margem esquerda do rio Geba, foram feitos prisioneiros os elementos do exército colonial português, de que se apresenta a seguir a identificação:
  • Alferes de infantaria, António Júlio Rosa;
  • 1º cabo nº 093526/66, Geraldino Marques Contino;
  • Soldado nº 034680/66, Victor Manuel de Jesus Capítulo.
Todos os três pertencem à companhia 1743, estacionada em Tite.

Na sequência do mesmo confronto, 18 soldados inimigos foram postos fora de combate.

O inimigo, que retirou em debandada para o campo fortificado de Tite, abandonou no terreno uma grande quantidade de material, incluindo 8 aparelhos emissores-recetores de campanha, de fabrico inglês,

De acordo com os princípios do nosso Partido, estes novos prisioneiros terão direito ao tratamento previsto pelas convenções internacionais

Amílcar Cabral, Secretário Geral





Guiné > Região de Quínara > Carta de Tite (1955) (escala 1/50 mil) > Posição relativa de Tite, Jabadá, Enxudé, rio Geba e Bissássema (a sudoeste de Tite)

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2025)


1. Já aqui o dissemos: tanto as NT como o PAIGC parece terem feito um "apagão" da batalha de Bissássema (que, em rigor, vai de 31 de janeiro, início da operação para reocupar Bissássema, a 10 de março de 1968, altura em a tabanca foi queimada e abandonada pelas NT, para renascer três anos depois com o gen Spínola  a mandar fazer um grande reordenamento de 100 moranças mais os equipamentos coletivos habituais: escola, posto sanitário, lavadouros, mercado, etc.) (*)


Na riquíssima e incontornável plataforma Casa Comum, desenvolvida pela Fundação Mário Soares e Maria Barroso, que reúne diversos arquivos, surpreendentes e relevantes para a documentação e o conhecimento da guerra colonial (nomeadamente, o de Amílcar Cabral e o Mário Pinto de Andrade), há uma única referência a Bissássema, num comunicado assinado por Amílcar Cabral, em francês,  datado de 19/2/1968, quinze dias depois dos acontecimentos, sobre o grande "ronco" do dia 3; omite-se, portanto, os desaires que o PAIGC sofreu, nesse e nos dias seguintes. 

Cabral era perito em tirar o melhor partido dos sucessos militares e hábil em ignorar ou escamotear os revezes (tal como, de resto,  os nossos comandantes, o que é "humano", afinal não somos heróis nem santos, isto é, "semideuses"...).

Por sua vez, no livro da CECA - Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). , 6º Volume: Aspetos da Atividade Operacional, na Guin+e  no período de 1967/70, só há 5 referências a Bissássema: omite-se a acção do PAIGC, ocorrida em 3/2/1968 (*), de que resultaram 3 prisioneiros portugueses, da CART 1743, sediada em Tite.  Lapso ?  "Branqueamento" ou "apagão" ? 

Há uma referência, mas com outra data (8/2/1968), no cap II (Atividade operacional, relativa ao 1º semestre de 1968)

(...) Zona Sul

Acção - 08Fev68

Forças da CCaç 2314 e 2 Gr Comb/CArt 1743, que ocupavam temporariamente Bissássema, SI, em reação ao ataque desencadeado sobre a povoação, expulsaram e perseguiram o ln que já havia penetrado em dois pontos do perímetro defensivo, causando-lhe 15 mortos e muitos feridos em número não estimado e apreendendo:

1 LGFog
2 Pistolas metralhadoras PPSH;
7 Gran LGFog;
Munições e material diverso. (...)


Fonte: Excertos de: Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 6.º Volume; Aspectos da Actividade Operacional; Tomo II; Guiné; Livro II; 1.ª Edição; Lisboa (2015), pág. 166 (Com a devida vénia...)

(Revisão / fixação de texto, negritos: LG)

Pergunta-se; será que o ataque a Bissássema, de 3 /2/1968 foi deliberadamente omitido pela Comissão para o Estudo das Campanhas de África (CECA) ? (**)

À partida, julgamos que não faria sentido essa omissão, mais de  4 décadas depois  do fim da guerra e da independência da Guiné-Bissau...  Mas confirmamos que a CECA também não refere, por exemplo, o ataque do PAIGC a Cantacunda, dois meses depois,  em 10/11 de abril de 1968, de que resultaram 1 morto e 11 "elementos retidos pelo IN" (prisioneiros de guerra, levados para Conacri, e só libertados, tal como os de Bissássema na sequência da Op Mar Verde, em 22 de novembro de 1970).

Em conclusão, no volume nº 6, Tomo II, Guiné, Livros I, II e III, a CECA centra-se apenas na atividade operacional das NT e só esporadicamente refere a atividade IN.

O hoje cor GNR ref Pais Trabulo (ex-alf mil até inf, CCAÇ 2314, Tite, 1968/69)  escreveu (*):

(...) "Ainda hoje, temos no nosso pensamento a visão dolorosa do estado dos nossos camaradas em fuga para Tite, bem como as lágrimas que corriam nas suas faces, os olhos cobertos de lama e a maioria descalços, ou mesmo nus, parecendo figuras de filmes de terror, apenas com forças para agarrarem, desesperadamente, a arma, a sua única salvação para manter a vida, quando em redor somente havia a morte…

Sabe-se que esta intervenção, em Bissássema, foi um fracasso para ambos os lados e que o PAIGC sempre ocultou no seu historial:

(i) se, pelo lado português, para além dos três prisioneiros e dois desaparecidos e feridos, não se conseguiu concretizar os objetivos propostos;

(ii)  para o lado do PAICG, o elevado números de baixas levou a que sempre escondesse as suas consequências, tendo, inclusivamente, sido considerado por alguns, como um dos maior desaires que sofreu o movimento de libertação da Guiné." (...)

Esperemos que o nosso novo grão-tabanqueiro nº 905, o Joaquim Caldeira, nos possa akjudar a responder a algumas das nossas dúvidas.


 (seleção, revisão / fixação de texto, tradução,  edição de fotos: LG)

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Notas do editor:

(*) Vd. postes de:


24 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26839: Facebok...ando (79): Bissássema (cor GNR ref João Manuel Pais Trabulo, ex-alf mil, CCAÇ 2314, Tite e Fulacunda, 1968/69) - Parte II: a tragédia de 3 de fevereiro de 1968 e dias seguintes, que a NT e o PAIGC tentaram esquecer


Guiné 61/74 - P26862: Parabéns a você (2381): Fernando Andrade de Sousa, ex-1.º Cabo Aux Enfermeiro da CCAÇ 2590/CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71) e Joaquim Pinto Carvalho, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 3398/BCAÇ 3852 e da CCAÇ 6 (Buba e Bedanda, 1971/73)


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Nota do editor

Último post da série de 28 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26854: Parabéns a você (2380): António Acílio Azevedo, Ex-Cap Mil, CMDT da 1.ª CCAV/BCAV 8320/72 e da CCAÇ 17 (Bula e Binar, 1973/74)

quinta-feira, 29 de maio de 2025

Guiné 61/74 - P26861: Álbum fotográfico de João Moreira (ex-Fur Mil Cav da CCAV 2721 - Olossato e Nhacra, 1970/72) (30)

Foto 236 > Janeiro de 1972 > Quartel de Nhacra > João Moreira
Foto 237 > Janeiro de 1972 > Piscina de Nhacra > João Moreira
Foto 238 > Janeiro de 1972 > Nhacra > Anti-aérea no posto retransmissor da Emissora Oficial Guiné > João Moreira
Foto 239 > Janeiro de 1972 > Tabanca de Nhacra > João Moreira
Foto 240 > Janeiro de 1972 > Tabanca de Nhacra > João Moreira
Foto 241 > Janeiro de 1972 > Nhacra > João Moreira
Foto 242 > Janeiro de 1972 > Nhacra > João Moreira
Foto 243 > Janeiro de 1972 > Nhacra > Antena da Emissora Oficial Guiné > João Moreira

(continua)
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Nota do editor

Último post da série de 22 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26831: Álbum fotográfico de João Moreira (ex-Fur Mil Cav da CCAV 2721 - Olossato e Nhacra, 1970/72) (29)