Guiné > Bissau > Brá > Setembro de 1965 > Grupo Comandos Diabólicos > "Foto de finais de Set 65, tirada em Brá, quando começaram os "ensaios" com as boinas vermelhas... Da esquerda para a direita: Marcelino da Mata, Azevedo, Virgínio Briote , Black e Valente"...
Guiné > Bissau > Brá > Setembro de 1965 > Grupo Comandos Diabólicos, completo, em frente à camarata do Grupo. Ao centro, na 1ª fila, o 6º a contar da esquera, o comandante do grupo, alf mil 'comando' Virgínio Briote. Na ponta direita, de pé, o srgt mil 'comando' Mário Valente. Na 2ª fila, de pé, na extrema direita, o 1º cabo 'comando' Marcelino da Mata.
Fotos (e legendas): © Virgínio Briote (2012). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Comentários à primeira foto de cima (*):
Comentários à primeira foto de cima (*):
(i) Fernando Ribeiro:
1. No mato ninguém morre em versão John Wayne, porque o John Wayne nunca morria nos filmes. Ele era sempre o "herói" da fita e um "herói" nunca morre.
Quanto à fotografia em que se veem cinco militares, pode ler-se na legenda, a dada altura: «Foto de finais de Set 65, tirada em Brá, quando começaram os "ensaios" com as boinas vermelhas...»
1. No mato ninguém morre em versão John Wayne, porque o John Wayne nunca morria nos filmes. Ele era sempre o "herói" da fita e um "herói" nunca morre.
Quanto à fotografia em que se veem cinco militares, pode ler-se na legenda, a dada altura: «Foto de finais de Set 65, tirada em Brá, quando começaram os "ensaios" com as boinas vermelhas...»
Aqui permito-me discordar. Boinas vermelhas nos Comandos, já em 1965?! Eu julgava que elas só tivessem sido usadas depois do 25 de Abril... As boinas parecem vermelhas porque a imagem está toda ela avermelhada! Os pigmentos azuis e verdes da fotografia original desapareceram com o passar dos anos, e quase só ficaram os pigmentos vermelhos.
As boinas deles deviam ser castanhas, como as de toda a gente, e os uniformes deviam ser de caqui, e não amarelos fosforescentes como parecem ser. As cores da imagem não correspondem às cores originais, nem pouco mais ou menos. Estão completamente alteradas. O tempo não perdoa.
25 de agosto de 2021 às 18:13
(ii) Carlos Vinhal:
Quero subscrever as palavras escritas pelo camarada de armas Fernando Ribeiro. As boinas vermelhas dos Comandos começaram a ser utilizadas só em 1974 e as verdes dos Operações Especiais em 1982. O resto é fantasia.
25 de agosto de 2021 às 18:13
(ii) Carlos Vinhal:
Quero subscrever as palavras escritas pelo camarada de armas Fernando Ribeiro. As boinas vermelhas dos Comandos começaram a ser utilizadas só em 1974 e as verdes dos Operações Especiais em 1982. O resto é fantasia.
Dá-me a ideia que as boinas da foto foram coloridas à posteriori.
Boina militar em Portugal:
A primeira unidade militar a usar boina em Portugal foram as tropas paraquedistas da Força Aérea em 1955.
O Exército só adotou a boina (para as suas unidades de Caçadores Especiais) em 1960. São ou foram usadas as seguintes boinas:
- Boina verde escuro (verde caçador-paraquedista) - Tropas Paraquedistas
- Boina azul - Polícia Aérea;
- Boina castanha - inicialmente apenas Caçadores Especiais, depois boina genérica do Exército Português;
- Boina negra - tropas da Arma de Cavalaria (com excepção dos militares qualificados como Paraquedistas ou Comandos), incluindo a Polícia do Exército;
- Boina vermelho vivo - Comandos a partir de 1974;
- Boina verde-claro (verde musgo) - Operações Especiais a partir de 1982;
- Boina azul ferrete - Fuzileiros Navais
- Boina negra com uma faixa verde - Regimento de Infantaria da Guarda Nacional Republicana
- Boina verde escuro - Comandos Territoriais de Infantaria da Guarda Nacional Republicana
- Boina bege - Grupo de Intervenção de Proteção e Socorro da Guarda Nacional Republicana
- Boina camuflada (fora de uso) - 3ª Companhia de Comandos (Guiné) e Força de Flechas da PIDE/DGS,
- Boina amarela (fora de uso) - Grupos Especiais de Moçambique
- Boina vermelho grená (fora de uso) - Grupos Especiais Paraquedistas de Moçambique
- Boina branca (fora de uso) - Formações Aéreas Voluntárias
25 de agosto de 2021 às 20:29
(iii) Gil [Virgínio Briote]:
Caros Camaradas:
Esta foto de Setembro de 1965 foi tirada em Brá. A farda era caqui amarela clara e a boina que usámos, exclusivamente para a foto, era de cor vermelha. Julgo que algum Camarada terá encomendado essas boinas em Lisboa. Tenho a foto original, em papel.
Caros Camaradas:
Esta foto de Setembro de 1965 foi tirada em Brá. A farda era caqui amarela clara e a boina que usámos, exclusivamente para a foto, era de cor vermelha. Julgo que algum Camarada terá encomendado essas boinas em Lisboa. Tenho a foto original, em papel.
Estávamos no início da formação dos Cmds da Guiné, na que, mais tarde, veio a ser chamada a "fase de grupos". Estes gozavam de grande independência, quase sempre actuaram isolados, com apoio e recolha de Grs Comb das zonas de actuação. Só muito raramente, talvez duas ou três vezes os Grs actuaram em conjunto. Esta filosofia veio a alterar-se com a chegada das CCmds formadas em Lamego.
A boina vermelha, que ouvi dizer cá que não é vermelha mas magenta, só foi autorizada muito mais tarde.
Em 1964/65 estava-se na fase da formação de identidade, que incluia a cor da boina, mas não só.
Um abraço e obrigado pelo vosso interesse.
V Briote
ex-alf mil da CCav 489/ BCav 490 (Jan/Mai) e CCmds do CTIG (Jun 1965 /Set 1966)
25 de agosto de 2021 às 22:04
V Briote
ex-alf mil da CCav 489/ BCav 490 (Jan/Mai) e CCmds do CTIG (Jun 1965 /Set 1966)
25 de agosto de 2021 às 22:04
(iv) Tabanca Grande Luís Graça:
Fernando: Intuitiva e apropriada a tua observação. De facto, nas lendas e narrativas do Faroeste da nossa infância e adolescência, os heróis eram todos brancos e nunca podiam morrer. Hollywood alimentou (e matou) o nosso imaginário. O mundo está dividido entre fortes e fracos, heróis e vilões, índios e cobóis... E o melhor índio só podia dia ser... o morto.
Ainda cheguei, já no tempo do Spínola, a ouvir essa, em Contuboel e em Bambadinca, da parte dos meus soldados fulas: "Um balanta a menos era um turra a menos"... Como se sabe, o racismo nem tem cor nem bandeira, nomeadamente nas "guerras civis" (como também o eram as "guerras coloniais" em que, por "azar do destino", nos calhou, sem termos feito mal a ninguém...).
26 de agosto de 2021 às 08:36
(v) Tabanca Grande Luís Graça:
Afinal, boinas há (ou havia) muitos... Como havia bonés, chapéus e barretes, de todos os feitios, grandes e pequenos...
Eu aceito plenamente a explicação do Gil (, leia-se: Vb, ou Virgínio Briote). Ele é a honestidade intelectual em pessoa e, como nosso autor e nosso coeditor jubilado, o blogue deve-lhe muito).
Não tenho dúvidas, pois, que as boinas da foto fossem vermelhas, mesmo que a foto tenha sido "retocada" para efeitos de melhoria da sua resolução... Nessa altura, na decadência do Estado Novo, já se podia dizer "vermelho". Mas no auge do regime de Salazar, nos anos 30/40, a palavra era proibida. Oficialmente, o "vermelho" não fazia parte do espectro das cores do arco íris... Até a tinta, nas repartições públicas, era azul ou "carmezim".
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Notas do editor:
(*) Vd. poste de 24 agosto de 2021 > Guiné 61/74 - P22481: Notas de leitura (1374): Jorge Monteiro Alves: “No mato ninguém morre em versão John Wayne: Guiné, o Vietname português” (Lisboa, Livros Horizonte, 2021, 191 pp.) – Parte I (Luís Graça)