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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Guiné 63/74 - P15765: Efemérides (216): O Pepito deixou-nos há 2 anos... Retenho a ideia que tinha dele em vida: um homem de grande coragem física e moral, um cidadão de princípios e de valores, um intelectual de fina inteligência e sensibilidade sociocultural, um engenheiro agrónomo e gestor com uma espantosa capacidade de trabalho, organização, determinação e liderança, um dirigente de arguta visão, um abnegado patriota, um amigo generoso e hospitaleiro, um bom pai e melhor avô, e sobretudo, um bom gigante com um coração de ouro... Enfim, um homem que, perante a adversidade, sabia que "desistir era perder, recomeçar era vencer"... (Luís Graça)



Lisboa > Campus da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Liosbnoa > 6 de setembro de 2007 > A face lumionsa do engº agrº Carlos Schwarz da Silva, 'Pepito'  (Bissau, 1969-Lisboa, 2014)... Tal como a máquina fotográfica a fixou, há mais de 8 anos atrás...


Lisboa > Campus da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade NOVA de Lisboa > 18 de fevereiro de 2016 > A palmeira cresceu, está vigorosa, contrariamente a muitas que na zona foram atacadas pelo escaravelho da palmeira (Rhynchophorus ferrugineus Olivier) e morreram... Sempre que passo por ela,  lembrou-me do Pepito e da sua face luminosa...  Hoje voltei a sentir o vazio da sua ausência...

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2016). Todos os direitos reservados.

1. Faz hoje dois anos que o Pepito, "nickname" de Carlos Schwarz da Silva, nos deixou, aos 64 anos,  Era um lusoguineense, filho de pais portugueses, nascido em Bissau, em 1/12/1949. Morreu, em Lisboa, no Hospital Curry Cabral, em 18/2/2014. 

A sua vida foi um exemplo para todos os que com ele trabalharam, dentro e fora da Guiné-Bissau. Muitas imagens foram usadas para o descrever, a corpo inteiro. Mas continua a faltar um grande biógrafo para um "homem grande" como ele que não foi apenas um "construtor de sonhos" (José Teixeira) como um  "arquiteto de pontes de diálogo" (Luís Graça), e, claro, sempre, um lutador, um sobrevivente,  um resistente,  um cidadão  do mundo.

No dia do seu 63º aniversário, escrevi: "Espero que a Guiné e o seu povo continuem a merecer a vida e a história de vida deste homem que nos honra a todos".

No Natal de 2005, recebi uma prenda do Pepito que muito me sensibilizou. Ele enviou-me, para publicação no blogue, um dos contos, escritos pelo seu pai, já falecido (Artur Augusto Silva) e que os filhos (Henrique, João e Carlos Schwarz da Silva) decidiram reunir em livro. Dois meses depois, em fevereiro de 2006,  conheci pessoalmente o Pepito, que me ofereceu o livro ("O cativeiro dos bichos"). Foi o início de uma bela amizade, que lamentavelmente só iria durar 7 anos.

À medida que foi nasccendo entre nós essa amizade (que foi curta mas grande) e que o fui conhecendo melhor, reforcei a ideia que tinha dele em vida: um homem de grande coragem física e moral, um cidadão de princípios e de valores, um intelectual de fina inteligência e sensibilidade sociocultural,  um engenheiro agrónomo e gestor com uma espantosa capacidade de trabalho, organização, determinação e liderança,  um dirigente de arguta visão, um abnegado patriota, um amigo generoso e hospitaleiro, um bom pai e melhor avô, e sobretudo, de um bom gigante com um coração de ouro... Enfim, um homem que  perante a adversidade,  sabia que "desistir era perder, recomeçar era vencer"...

O José Teixeira, dirigente da Tabanca Pequena ONGD,  também grande amigo e admirador do Pepito, escreveu sobre ele:

"Tive a felicidade de caminhar várias vezes a seu lado pelo interior da Guiné. Impressionava-me vivamente a forma como era acolhido em festa. Como os mais velhos e os mais novos se acercavam dele, em grupo ou isoladamente, para lhe darem conta dos resultados dos projetos em desenvolvimento. (...) Havia sempre razão para um sorriso de esperança. Havia sempre uma mão estendida num cumprimento afetuoso. Havia sempre uma palavra amiga e de estímulo. O Pepito acreditava naquela gente, mais que ninguém porque conhecia pessoa a pessoa e chamava-a pelo nome."

O Pepito teria, com certeza, os seus defeitos, como qualquer ser humano. Os amigos são magnânimos ao engrandecer as virtudes e ao minimizar os defeitos dos grandes homens e, sobretudo, dos amigos.

Quero, porém,  recordá-lo como o descrevi ao meu filho, João Graça, na véspera de partir, em dezembro de 2009, para a Guiné onde foi passar duas semanas, entre 6 a 19 de Dezembro de 2009, numa jornada mix de voluntariado e de férias. Ofereceu os cinco primeiros dias (de 6 a 10 de Dezembro de 2009), para trabalhar como médico no Centro de Saúde Materno-Infantil de Iemberém, no Cantanhez, com apoio (logístico) da AD - Acção para o Desenvolvimento e a hospitalidade do Pepito (e da Isabel Levy Ribeiro). Para além de Bissau e do Cantanhez, o João esteve nos Bijagós, na zona leste (Bambadinca, Bafatá, Tabatô e Gabu) e na região do Cacheu (São Domingos): foi um jornada, também para ele, inesquecível... (Valeu um ano de faculdade... de medicina!).

Devo também ao Pepito a oportunidade de regressar à Guiné, 37 anos depois da guerra colonial... Escrevi sobre isso aqui, no primeiro de 18 postes publicados na série "Uma semana inolvidável na pátria de Cabral: 29/2 a 7/3/2008 (Luís Graça):

(...) "Regresso à Guiné. 37 anos depois. É duro, é uma provação. Tenho sentimentos ambivalentes. Quero e não quero ir. Há o Graça que quer ir, o fundador e o editor deste blogue; e o Henriques que não quer, o velho tuga, o furriel miliciano, apontador de armas pesadas de infantaria que esteve na CCAÇ 12, em Bambadinca, em 1969/71, e a quem deram uma G3 de atirador de infantaria… Durante muito tempo, todos nós quisemos esquecer a Guiné, ao mesmo que alimentámos o desejo secreto, voyeurista, de lá voltar… Eu decididamente não teria lá voltado se não tivesse surgido a oportunidade que representou, para mim e outros camaradas, a realização do Simpósio Internacional Guiledje na Rota da Independência da Guiné-Bissau, que vai começar amanhã e prolongar-se até 7 de Março de 2008. (...) Mas já houve mais resistências ou defesas, há uns tempos atrás, quando recebi o convite dos organizadores do Simpósio. Agora os dados estão lançados, é tarde demais para hesitações. Vou à Guiné, não em romagem de saudade (acho piroso o termo…), mas pura e simplesmente em trabalho. Quero convencer-me disso. É mais fácil assim. Racionalizo, logo passo o teste. (...).

Essa viagem (com ida ao Cantanhez, num fim de semana prolongado) reforçou a minha convicção de que a Guiné-Bissau é um terra de esperança e de futuro... Pepito escolheu, e não foi por acaso, a escultura do Nhinte-Camatchol como "mascote" do Simpósio Internacional de Guiledje.  Em Bissau escrevi um longo poema que terminava assim:



(...) E que o Nhinte-Camatchol, 

o grande irã dos nalus,
te proteja,
Guiné, Tabanca Grande.
E o Deus dos cristãos,
dos grumetes do Geba e da Amura,
e o Alá dos fulas, mandingas e beafadas,
e os irãs dos balantas, manjacos, papéis, bijagós
e demais povos ribeirinhos, animistas,
que todos eles te inspirem
e te protejam! (...)

O Nhinte-Camatchol não protegeu o Pepito, que sacrificou muito da sua saúde, segurança e "qualidade de vida" (suas e da sua família) pelo seu povo. Esperemos que Deus, Alá e os Grandes Irãs protejam aquela terra que continuamos a amar, e os nossos amigos que lá vivem. Eles merecem. E que o exemplo do Pepito continue a ser inspirador, para eles e para todos nós. (LG)



Guiné-Bissau > Região de Tombali > Iemberém> Simpósio Internacional de Guileje > 1 de Março de 2008 > Grafito com o desenho nalú do irã protetor da tabanca, o Nhinte-Camatchol, e que fez parte do logótipo do Simpósio, organizado pela AD -Acção para o Desenvolvimento, o INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesqusias, e UCB - Universidade Colinas do Boé

O Nhinhe Camatchol é uma escultura dos nalus do Cantanhez usado na festa do fanado. Representa uma cebeça de pássaro com rosto humano, sendo a mensagem aos participantes deste ritual de iniciação à vida adulta a seguinte: que todos eles passam a considerar-se como verdadeiros irmãos, mais verdadeiros que os próprios irmãos biológicos. O que deve ser entendido como a afirmação do interessse colectivo, comunitário, acima do interesse dos indivíduos e das famílias. Orginalmente esta máscara não poderia ser vista pelos não iniciados, sob pena de morte (Campredon, Pierre – Cantanhez, forêts sacrées de Guinée-Bissau. Bissau,Tiguena. 1997, pp. 32-33).

Foto (e legenda): © Luís Graça (2008). Todos os direitos reservados.


2. O Pepito, direta e indiretamente, tem no nosso  blogue algumas centenas de referências, desde 2006. É-nos impossível, por falta de tempo,  fazer um recolha sistemática num universo que já vai a caminho dos 16 mil postes (não falando das imagens, algumas centenas das quais são dele ou relacionadas com ele e os seus projetos).

Aqui ficam alguns marcadores e, mais abaixo, uma seleção de postes (incompleta, já que faltam muitos postes entre 2006 e 2008).

Em termos biográficos, é de lembrar que ele descende de uma notável família, portuguesa, de origem polaco-judaica, pelo lado materno (Clara Schwarz) e caboverdiana, pelo lado paterno (Artur Augusto Silva). Clara Schwarz, com 101 anos, honra-nos com a sua presença na Tabanca Grande, sendo a nossa decana. (**)


AD - Acção para o Desenvolvimento (216)

Artur Augusto Silva (26)

Clara Schwarz (39)

João Schwarz da Silva (4)

Núcleo Museológico Memória de Guiledje (21)

Pepito (197)

Samuel Schwarz (3)

Simpósio Internacional de Guiledje (12)

Tabanca de São Martinho do Porto (16)

______________

Notas do editor:

(*) Último poste da série > 17 de fevereiro de 2016 > Guiné 63/74 - P15758: Efemérides (215): Canquelifá, 9 de fevereiro de 1970: o burro, as carraceiras e o tiro ao alvo com uma Mannlicker... Ou quando um burro valia mais do que um Unimog... (Valdemar Queiroz, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70)

(**) Vd. postes de:

8 de fevereiro de 2016 > Guiné 63/74 - P15722: Notas de leitura (806): Textos de Carlos Schwarz (Pepito), na Revista Sumara, publicação da responsabilidade da Fundação João Lopes, Cabo Verde (Mário Beja Santos)

31 de outubro de  2014 > Guiné 63/74 - P13828: Notícias dos nossos amigos da AD - Bissau (36): Vídeo de homenagem ao Pepito (1949-2014)


18 de abril de 2014 > Guiné 63/74 - P13006: 10º aniversário do nosso blogue (12): Faz hoje 2 meses que o Pepito nos deixou... Em sua memória reproduzimos aqui um vídeo de 2012, em que ele relata, com humor e boa disposição, uma das cenas de violência de que foi vítima, na sua casa do Quelelé, ao tempo de Kumba Ialá (c. 2000)...



21 de março de 2014 > Guiné 63/74 - P12869: Blogpoesia (377): O Dia Mundial da Poesia, 21 de março de 2014, na nossa Tabanca Grande (VIII): Pepito, o construtor de sonhos (José Teixeira, ONGD Tabanca Pequena, Matosinhos)


7 de março de 2014 > Guiné 63/74 - P12804: Manuscrito(s) (Luís Graça) (25): O Pepito que eu conheci... em 16/2/2006 e que, no fim da conversa de 1 hora, me fez um pedido algo insólito: um obus 14 para o Núcleo Museológico Memória de Guiledje...

25 de fevereiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12772: In Memoriam (184): Carlos Schwarz da Silva (1949-2014)... Pepito ca mori!... E obrigado, homem grande e querido amigo, pelo teu calendário de 2014, com belíssimas fotos do Ernst Schade sobre as gentes da tua terra que tu amavas como poucos (Luís Graça)


15 de fevereiro de 2013 > Guiné 63/74 - P11098: In Memoriam (138): Cadi Baldé (c. 1984-2013), mãe da pequena Alicinha do Cantanhez (Luís Graça / Alice Carneiro)

6 de fevereiro de 2013 > Guiné 63/74 - P11064: Diário de Iemberém (Anabela Pires, voluntária, projeto do Ecoturismo, Cantanhez, jan-mar 2012) (5): Em Catesse, com o Pepito... Pela primeira vez tive medo!...Medo de não conseguir corresponder ao tanto que a população espera de todos nós!

2 de novembro de  2012 >  Guiné 63/74 - P10606: Blogpoesia (301): Na ka misti tchora mas, Guiné (Luís Graça)


25 de abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8165: 7º aniversário do nosso blogue: 23 de Abril de 2011 (20): O nosso Blogue serviu para colar partes da vida separadas pela guerra e que através dele se reencontraram (Pepito, AD- Acção para o Desenvolvimento, Bissau)

3 de abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6102: PAIGC - Quem foi quem (9): Abdú Indjai, pai da Cadi, guerrilheiro desde 1963, perdeu uma perna lá para os lados de Quebo, Saltinho e Contabane (Pepito / Luís Graça)

1 de abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6086: Ser solidário (63): Gente feliz... com lágrimas: a Cadi e a sua filha, a Maria Alice do Cantanhez (Pepito / Luís Graça)

26 de agosto de 2009 > Guiné 63/74 - P4863: Agenda cultural (24): A História de Cristina, por Mikael Levin, no CCB, de 31/8 a 8/11 (Carlos Schwarz, 'Pepito' / Luís Graça)

3 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3168: Ser solidário (20): Bissau: O triste caso da Cadi e a ajuda extraordinária do Tino, que trabalha na AD (Nuno Rubim)

3 de setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3167: Ser solidário (19): Morreu o Nuninho, da Cadi. De paludismo. De abandono (Luís Graça)

quinta-feira, 27 de março de 2014

Guiné 63/74 - P12904: Notícias dos nossos amigos da AD - Bissau (35): Grande e sentida homenagem ao Pepito (1949-2014), no bairro do Quelelé, em Bissau, onde fica a sede da ONDG e a casa de família

  
Guiné-Bissau > Bissau > Quelelé > Campo polivalente do Quelelé > 18 de março de 2014 > Homenagem da AD ao Pepito > Cartaz com o célebre frase com que acaba o texto autiobiográfico ("A sombra do pau torto") que o Pepito escreveu em 2008, que nos ofereceu depois de um memorável jantar na  nossa casa  de Alfragide e que o nosso blogue publicou em primeira mão, em 31/7/2008 (*):

 "Recomeçámos tudo mais uma vez, menos por convicção, mais por tradição. Hoje as nossas duas netas, Sara e Clara, sabem que desistir é perder e recomeçar é vencer."...

Foi também com essa convicção, de que "desistir é perder e recomeçar é vencer", que a  Isabel  ("Belocas", para a família e os amigos mais íntimos) e as filhas, Cristina e Catarina, regressaram há dias para  a sua casa no bairro do Quelelé, em Bissau... onde estão grande parte das suas memórias e das suas vidas de trabalho, de resistência, de amor... Sim, por que recomeçar é preciso, Isabel, Cristina, Catarina, Ivan, Henrique, João, Clara!


Guiné-Bissau > Bissau > Quelelé > Campo polivalente > 18 de março de 2014 > Homenagem da AD ao Pepito > O José Filipe Fonseca, da AD, no uso da palavra. É um velho amigo do Pepito e cofundador da AD:

"Em 1991, incluído num grupo de guineenses do qual faziam parte José Filipe Fonseca, Nelson Dias, Isabel Miranda, Roberto Quessangue e Rui Miranda, entre outros, criámos uma organização não-governamental, a Acção para o Desenvolvimento (AD), que pretendia promover uma ética de desenvolvimento local centrada no homem e não no crescimento económico. A AD surgia assim para dar continuidade e potenciar de forma mais aberta as actividades de vulgarização do DEPA." (Carlos Schwarz, " A sombra do pau torto", 2008).



Guiné-Bissau > Bissau > Quelelé > Campo polivalente > 18 de março de 2014 > Homenagem da AD ao Pepito > A Isabel Miranda (se não erro...), no uso da palavra.  É a presidente da direção da AD, casada com o Rui Miranda: conheci o casal em 2008.



Guiné-Bissau > Bissau > Quelelé > Campo polivalente > 18 de março de 2014 > Homenagem da AD ao Pepito > O Rui Miranda (se não erro...), outro cofundador da AD, e marido da Isabel Miranda. As fotos publicadas no sítio da AD não trazem legendas...  Rui Miranda foi nosso camarada no tempo da guerra colonial, o Pepito tratava-o por "nosso furriel".


Guiné-Bissau > Bissau > Quelelé > Campo polivalente do Quelelé > 18 de março de 2014 > Homenagem da AD ao Pepito >  A família mais próxima: as filhas Cristina e Catarina, a viúva, Isabel, e o irmão, Henrique (que vive em Lisboa).



Guiné-Bissau > Bissau > Quelelé > Campo polivalente do Quelelé > 18 de março de 2014 > Homenagem da AD ao Pepito > O  irmão, Henrique Schwarz (que vive em Lisboa, enquanto o outro João vive em Paris, e a mãe, Clara Schwarz, de 99 anos, vive em Paço de Arcos, Oeiras).



Guiné-Bissau > Bissau > Quelelé > Campo polivalente > 18 de março de 2014 > Homenagem da AD ao Pepito >  Mais um amigo dos muitos amigos do Pepito transmitindo as suas condolência à Isbael. (Se não erro,  o homem que abraça a Isabel é o Mussa Candé, da Associação dos Moradores de Quelelé.)

Legendas de Luís Graça. Fotos da AD - Acção para o Desenvolvimento.


1. Imagens da homenagem ao Pepito,  Carlos Augusto Schwarz da Silva (Bissau, 1949-Lisboa, 2014), por parte dos funcionários e parceiros da AD, bem como dos seus muitos amigos e admiradores. É no bairro do Quelelé que fica a sede da AD e a casa do Pepito e da Isabel bem como de outros amigos próximos (por ex., o Nelson Gomes).

Sobre a ONGD AD, fundada pelo Pepito e mais uma cinquentena de guineenses, convirá dizer o seguinte: (i) em 2012, em termos de recursos financeiros, mobilizou  mais de  542 milhões de CFA, o equivalente a cerca de  827 mil euros (1 euro=655,957 CFA); metade dessas receitas era proveniente de fundos  da União Europeia; (ii) dava  trabalho a mais de 3 dezenas de profissionais; (iii) tinha um significativo impacto na vida de diversas comunidades onde desenvolvia projetos (Bissau, região do Cacheu, região de Tombali); e, por fim, (iv) as suas contas eram auditadas.

Fotos da AD - Acção para o Desenvolvimento (2014), página na Net e página no Facebook. Aqui reproduzidas com a devida vénia... (**)

_______________

(**) Último poste da série >  17 de março de 2014 > Guiné 63/74 - P12849: Notícias dos nossos amigos da AD - Bissau (34): Homenagem nacional e internacional ao Pepito, organizada pelos seus amigos e colaboradores, um mês depois da sua morte: 3ª feira, 18 de março, em Bissau, no Quelelé, no seu "chão"... Seguramente que ele não quereria um "choro" à moda tradicional, mas sim uma festa onde os seus valores, os seus sonhos, os seus projetos e a sua equipa fossem celebrados como um legado vivo, fecundo e proativo... (Luís Graça)

segunda-feira, 17 de março de 2014

Guiné 63/74 - P12849: Notícias dos nossos amigos da AD - Bissau (34): Homenagem nacional e internacional ao Pepito, organizada pelos seus amigos e colaboradores, um mês depois da sua morte: 3ª feira, 18 de março, em Bissau, no Quelelé, no seu "chão"... Seguramente que ele não quereria um "choro" à moda tradicional, mas sim uma festa onde os seus valores, os seus sonhos, os seus projetos e a sua equipa fossem celebrados como um legado vivo, fecundo e proativo... (Luís Graça)


Lisboa, campus da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa > 7 bde setembro de 2007 >

Neste rosto luminoso, há carisma, afabilidade, determinação, coragem física e moral, visão estratégica, cinco qualidades pessoais que eu identificava e admirava no engº agrº Carlos Schwarz da Silva (1949-2014), mais conhecido por Pepito ("nickname" que vem da primeira meninice: segundo o irmão João,  o Carlos tinham um herói, uma das figuras de banda desenhada do "Cavaleiro Andante", o Agapito, um nome com 4 sílabas, dificeis de pronunciar por uma criança, e que ele simplficava, chamando-lhe "Pepito"...).

No nosso blogue, sempre o tratámos, carinhosamente, como Pepito. Tem mais de 130 referências... E foi um dos nossos primeiros 111 "tertulianos" (, designação  criativa  para os "membros" da nossa tertúlia, a comunidade virtual que se juntou à volta da primeira série do nosso blogue, entre 23 de abriul de 21004 e 1 de junho de 2006).

Foto (e legenda): © Luís Graça (2007). Todos os direitos reservados.



1. Um mês depois da sua morte, o nosso querido amigo Pepito vai receber a homenagem que lhe é devida por parte dos seus amigos e colaboradores da ONG AD - Acção para o Desenvolvimento, de que ele foi, durante 23 anos,  o ideólogo, o líder carismático, a figura de proa e o diretor executivo, pelas comundidades (rurais e urbanas) com quem trabalhou, e ainda pela sociedade civil guineense e bem como representantes do poder político, nacional e internacional.

Chega-nos agora o programa, disponível no sítio da ONG AD, que reproduzimos a seguir.

Para a  família do Pepito,  e em especial Isabel e as filhas, Cristina e Catarina,  que voltaram  à Guiné-Bissau, no sábado passado, dia 15,  os nossos melhores votos de regresso.  Sei que o Henrique Schwarz também as acompanhou e vai estar presente, e falar, na festa de amanhã.

À Isabel Miranda, presidente da Direção da AD, as nossas melhores saudações pessoais e bloguísticas... Ela é uma figura fundamental para fazer a transição neste momento difícil e manter vivo, fecundo e proativo o enorme legado do Pepito. Pepito ca mori, Isabel!... O seu exemplo continuará a ser inspirador para todos vós e para nós, seus amigos de Portugal.

O nosso alfabravo (ABraço) fraterno também para o Nelson Dias, vizinho e amigo do peito  do Pepito, presidente do Conselho Fiscal da AD, alfabravo extensível a toda a vasta família da AD, a segunda família do Pepito.

Ao novo diretor executivo da AD, eng agr Tomané Camará (que eu conheci em 2008, como braço direito do Pepito na comissão organizadora do Simpósio Internacional de Guiledje, um dos "oito magníficos",) vão os nossos votos de sucesso a nível pessoal e profissional, na esperança que a AD continue a desenvolver o seu trabalho e a realizar a sua miss
ão, com o rigor,  a paixão, a indepedência, a ética e a visão de futuro que o Pepito sempre quis transmitir no  seu pensamento e na sua ação. O Tomané Camará é nosso grã-tabanqueiro desde 2008.

Desempenhava até agora funções como "coordenador de Programas da AD, responsável pela planificação, implementação, monitorização e avaliação dos componentes que constituem os quatro Programas Integrados da AD". Era, além disso, "responsável da Direcção Nacional da AD pela área Financeira".


Para mim, o Pepito era um perfeito exemplo do líder (etimologicamente falando, "o que vai à frente, mostrando o caminho"). E mais: para ele a liderança não era um fim em si mesma, mas apenas um meio para  pôr as pessoas a trabalhar em conjunto, de maneira cooperativa, construtiva, solidária e criativa. Ele era um exemplo vivo do trabalho de liderança em equipa: "trabalhar com a equipa, através da equipa e às vezes contra alguns... para concretrizar os objetivos da equipa"...

Era um lider carismática e uma figura de proa, mas nunca o vi em bicos a dizer a equipa sou eu, a AD sou eu... Pelo contrário, gostava muitas vezes de ficar fora das luzes da ribalta... O Simpósio Internacional de Guiledje (Bissau, 1-7 de março de 2008)  foi disso exemplo extraordinário, uma lição magnífica de liderança: "Pepito e os oito magníficos da sua equipa", escrevi eu aqui, em tempos, na véspera de partir para Bissau onde fui participar no evento (*):

"Por detrás de um grande líder, há sempre uma grande equipa. No caso da organização do Simpósio Internacional de Guiledje - uma ideia que nasceu no seio da ONG AD há dois anos e tal - esse líder chama-se Pepito e a equipa é constituída, pelo menos, por oito magníficos, três dos quais são mulheres: a Anésia Fernandes, a Cadidjatu Candé e a Conceição Vaz"...

Por outro lado, era bem patente, nesta iniciatiava de um "paisano" e um "pacifista" (que nunca na vida pegou em armas), a grande sensibilidade sociocultural e a visão de futuro, que só um homem com as qualidades dele podia ter,  ao fazer questão de acentuar que aquele  simpósio (i) não pretendia " celebrar a derrota de ninguém";  pelo contrário, (ii) representava "o triunfo da vida sobre a morte, da paz sobre a guerra, da memória colectiva sobre o esquecimento e o branqueamento da história, da ciência sobre a propaganda, da amizade sobre o ódio"... Enfim, era também  ou pretendia ser  (iii) "a afirmação (ou a reivindicação) da apropriação da história por parte dos guineenses, e de certo modo da recusa do círculo vicioso da pobreza e da dependência"... 

Pepito ca mori, amigos da AD- Bissau!... Foi um privilégio conhecê-lo (e tê-lo como amigo e parceiro da nossa Tabanca Grande). (LG)


2. ATO SOLENE DE HOMENAGEM A PEPITO EM BISSAU

Campo polivalente de Quelele, 18 de março de 2014

16:45 Chegada dos participantes

16:50 Os participantes tomam os seus lugares

1ª parte: mensagens da AD 

17:00 Hino da AD

Família AD, Sofia Rodrigues e Verónia Gomes (solistas)

17:05 Boas vindas aos participantes

Alfredo Simão da Silva, Presidente da Assembleia Geral da AD

17:10 Introdução ao Ato Solene

José Filipe Fonseca, AD

17:20 Interlúdio

Demba Galissa (cora)

17:25 Resumo das mensagens recebidas até ao momento

Isabel Miranda, Presidente da Direção da AD

17:40 A obra de Carlos Augusta Schwarz da Silva (Pepito)

Nelson Gomes Dias, Presidente do Conselho Fiscal da AD

17:55 Interlúdio

Cooperativa Cultural Os Fidalgos

2ª parte: mensagens das comunidades urbanas e rurais 

Comunidades urbanas

18:00 Mussa Candé, Associação dos Moradores de Quelele

18:05 Emília Lopes, representatnte das Mandjuandis de Cacheu

Comunidades rurais

18:10 Hadja Djenabu Baldé, Presidente da APALCOF, Contuboel

18:15 Interlúdio

Mandjuandadi Amizadi Ca Facil, Quelele

18:20 Quissima Ducuré, representante da comunidade de S. Domingos

18:25 Momo Silá, representante de Cubucaré

18:30 Interlúdio 

Professores e alunos da Rede das Escolas de Verificação Ambiental (EVA)

18:40 Mandjuandcadi Firquidja di Bula

3ª parte: Mensagens da Sociedade Civil, setor público e parceiros  internacionais 



18:45 Luís Vaz Martins, Presidente da Liga Guineense dos Direitos do Homem

18:50 Augusta Henriques, Conselheira da Tiniguena

18:55 Sambu Seck, Secretário Executivo da Kafo

19:00 Interludio 

Mandjuandis de Cacheu

19:05 Ibraima Sori Djaló, Presidente da Assembleia Nacional Popular

19:10 Representante da Delegação da União Europeia

19:15 Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário do Senegal, Decano do Corpo Diplomático

19:20 Interlúdio

Por: Patchi di Rima

Agradecimentos

19:25 Henrique Schwarz, representante da família do Pepito

19:35 Interlúdio

Por: Cooperativa Cultural os Fidalgos

19:40 Tomane Camará, Diretor Executivo da AD

19:45 FIM DO ATO SOLENE (**)

sexta-feira, 7 de março de 2014

Guiné 63/74 - P12804: Manuscrito(s) (Luís Graça) (25): O Pepito que eu conheci... em 16/2/2006 e que, no fim da conversa de 1 hora, me fez um pedido algo insólito: um obus 14 para o Núcleo Museológico Memória de Guiledje...


Joana Graça (2014): Africa > Homenagem ao Pepito 1 > Acrílico com digital,  40 x 30 cm.



Joana Graça (2014): Tabanca Grande: caixa de histórias > Homenagem ao Pepito 2 > Técnica mista, colagens e digital,  30 x 20 x 15.

Fotos: © Luís Graça (2014). Todos os direitos reservados.



1. Conheci, pessoalmente, o Carlos Schwarz da Silva, Pepito (1949-20014),  em 16/2/2006...

Ele costumava, por essa altura do ano, vir a Lisboa, para passar os anos da sua mãe, Clara Schwarz, hoje uma veneranda senhora, de 99 anos, de origem judia, de pai polaco e mãe russa, mas portuguesa de gema, nascida em Lisboa, a 14 de fevereiro de 1915, casada com o caboverdiano Artur Augusto Silva (1912-1983).

Já nos conhecíamos do blogue, por intermédio do saudoso Zé Neto (1929-2007). Foi ele que me falou do Pepito e do seu projeto museológico de Guileje.

Como prometido, o Pepito esteve  connosco, nesse dia já longínquo de 16/2/2006:  com o Zé Neto (de manhã, na Fundação Marquês de Valle For) e comigo (à tarde, no meu local de trabalho, na Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de  Lisboa).

Foi muita gentileza, da parte dele, ter-se deslocado só para me conhecer pessoalmente, dar-me notícias da sua terra (que ele amava com um coração muito grande), e falar-me, com entusiasmo contagiante, da menina dos seus olhos - que era então o Projecto Guiledje (com dj, como ele gostava de grafar Guileje).

Capa do livro de contos de Artur
Augusto Silva (1912-1983)
 (Bissau, edção de autor, 2006)
Na altura fez questão de presentear-me com o livro de contos do seu pai, Artur Augusto Silva (Ilha Brava, Cabo Verde, 1912- Bissau, 1983), um homem de leis e de cultura, amante da justiça e da liberdade: O Cativeiro dos Bichos era o título de uma colectânea de 25 contos, selecionados pelos seus filhos, Henrique, João e Carlos Schwarz, alguns dos quais tinha sido escritos na prisão de Caxias, em 1966. O  livro tinha acabado de ser editado em Bissau (Fevereiro de 2006, edição de autor).

A conversa, de cerca de 1 hora, que tive com o Pepito (ninguém o conhecia, em Lisboa ou em Bissau, por Carlos Schwarz da Silva, nem quando fora ministro dos transportes num governo de transição antes do golpe de Estado de 1998) só pecou por ser curta... Mas deu para, de imediato, eu fazer mais um amigo guineense...

Bem razão tinha o capitão Zé Neto quando um mês antes tinha escrito sobre o Pepito o seguinte:

" (...) Eu conheço pessoalmente o engº Carlos Schwarz da Silva, o nosso Pepito. Passei uma tarde a conversar com ele em casa do nosso amigo comum, engº António Estácio. Eles foram colegas de infância e condiscípulos, pois o Estácio também é guineense.

"Tenho a pretensão de conhecer o carácter dos homens ao fim de dois dedos de conversa. Não tão cientificamente como tu, profissional do ramo, mas, como dizia o outro, raramente me engano.

"E asseguro-te que o Pepito é do melhor que há. Talvez um pouco sonhador, porque abdica duma vida confortável que poderia gozar cá em Portugal, em troca das mil e uma tarefas que desenvolve na sua querida Guiné em prol do seu povo. É fácil entender que o seu espírito superior choca com certo primitivismo que grassa naquela região, mas não desiste e essa é a qualidade que faz dele um amigo que muito admiro e a quem dispenso a minha modestíssima colaboração sem reticências.

"Quando ele vier, para o mês que vem, vais confirmar o quer te digo" (...).

De imediato comfirmei a opinião do Zé Neto, que era de facto um grande conhecedor da natureza humana. Para mim,foi um privilégio conhecer, ao vivo, uma pessoa com a qualidade humana do Pepito.




Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > 2005 > Núcleo Museológico Memória de Guiledje > 

Antigos combatentes do Exército Português em Guileje, e que viviam no quartel.  O seu conhecimento do terreno permitiu mais facilmente a localização de cada um dos edifícios do quartel.

Foto: © AD - Acção para o Desenvolvimento  (2005) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.


2. No seguimento da nossa conversa, no meu gabinete, na Escola Nacional de Saúde Pública, o Pepito, jà quase à despedida, veio-me fazer um pedido algo insólito: ele precisava de um obus 14...

Para quê ? Para pôr no seu Núcleo Museológico Memória de Guileje, a criar a partir da reconstrução do nosso antigo aquartelamento, abandonado em 22/5/1973... E eu repliquei, no blogue, esse pedido:
- Camaradas, algum de vocês sabe de um velho obus 14, para aí abandonado num qualquer ferro-velho da tropa ? Se souberem, digam-nos... Levá-lo até Guileje será outra carga de trabalhos, mas até lá folgam as costas...



Guiné > Região de Tombali > Bedanda > CCAÇ 6 > Agosto de 1972 > O temível obus 14 [140 mm] em ação... à noite.

(...) "O Obus 14 cm (...), de origem inglesa, foi  recebido em Portugal, em 1943, para equipar as Unidades de Artilharia pesada, substituindo os  Obuses 15 cm T.R. m/918 e 15 cm / 30 m/41. O Obus foi concebido para tracção auto exercida  pelo camião tractor de 8 ton A.E.C. (Matador)  4x4 MA/46 e pelo camião tractor de 8 ton Magirus  – Deutz 4x4 MA78. Serviu operacionalmente nos teatros de guerra da Guiné, Angola e Moçambique,  entre 1961 e 1974, tendo sido substituído, em 1987, pelo Obus M114 155mm/23"... O obus 14 pesava mais de 6 toneladas... Cada granada pesava c. 45 kg...  Tunha um alcance de c. 15 km... e uma cadência de tiro de 2 granadas por minuto... Tinha uma guarnição de 10 militares... (Fonte: sítio do  Exercito Português).

Foto: © Vasco Santos (2011) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.



Ele falou-me com entusiasmo do progresso das escavações efetuadas pelo pessoal da AD e população local no antigo aquarteklamento de Guileje. Nas limpezas e escavações até então feitas feitas,tinham já sido encontros e recuoperados objectos do quotidiano dos militares portugueses,  alguns curiosos como garrafas de cerveja com o rótulo de papel intacto ou garrafas de sumo de laranja - de um conhecido fabricante de refrigerantes de então, com sede em Venda do Pinheiro, Mafra...

Divertidas, para o Pepito, eram as manifestações de humor (e de carinho) dos fulas para com os seus antigos camaradas de guerra, metropolitanos: ele  referiu-se às gravações audio que estavam a fazer e em que os antigas combatentes fulas, que estiveram do lado das NT, imitavam descaradamente os tugas, quando estes estavam debaixo de pressão (na época ainda não se usava o termo stresse...):
- Seus c...lhos...! Seus ca...ões! Seus s... nas! Seus filhos... da p...!

O Pepito prometeu-me depois mandar alguns excertos dessas gravações áudio, reveladoras do superior sentido de humor fula... E comentei-lhe:
- Ora quem diria! ... Eu, pessoalmente, sempre os achei inteligentes e com grande capacidade para negociar e estabelecer alianças estratégicas.

O Pepito também corroborou este ponto de vista: os fulas eram um povo  orientado para o poder, aliaram-se ao Spínola contra o Amílcar Cabral; e depois ao Luís Cabral, a seguir à independência, contra os balantas...

Lisboa, ENSP/UNL, 13 de julho de 2007 >
 Pepito no meu gabinete. Foto  de L.G.
Como diria o Príncipe de Salinas, protagonista do filme O Leopardo (Visconti, 1963), eles eram os leopardos, os leões, enquanto os novos vencedores - que se aliaram ao PAIGC - não passavam de chacais e de hienas... Mesmo assim, eles tinham a consciência de que, presas e predadoras, têm de coexistir (mais ou menos pacificamente) naquela terra, que é a sua terra...

O Pepito mostrou-se, por outro lado, deveras impressionado com o que estava a acontecer com o nosso blogue e o ritmo de produção das nossas memórias... E eu, na altura, avancei com uma explicação de vulgata sociológica:

 (i) a nossa geração, os machos, tinham  mais ou menos à sua frente quinze anos a vinte de 
esperança média de vida;

(ii) para muitos de nós, a experiência da guerra colonial terá sido porventura o acontecimento maior, talvez o mais  emociante, das nossas vidas cinzentas;

(iii) tivemos a sorte de sobreviver e, ao fim de cinco anos, retomar a marcha do comboio, não contando com os que ficaram precocemente pelo caminho: os mortos, os traumatizados, os inadaptados, os desadaptados, os cacimbados;

(iv) muitos de nós já tinham deixado (ou estavam em vias de deixar) a vida activa e sentiam o vazio do presente: os filhos que partiram, os netos que só se veem nos dias festivos, as companheiras que sempre se recusaram a partilhar essa experiência, a guerra, que é uma actividade de machos;

(v) enfim, a memória seletiva do passado, a disponibilidade de tempo, a redescoberta da camaradagem, o apelo dos verdes anos..



Lisboa > Universidade Nova de Lisboa > Escola Nacional de Saúde Pública > 13 de Julho de 2006 > Três homens de Guileje!... Visita de cortesia e reunião de trabalho do Pepito (AD - Acção para o Desenvolvimento) - na foto, ao centro - e dois dos amigos que o apoiam no seu Projecto Guiledje: O capitão Zé Neto (à esquerda) e o coronel Nuno Rubim, especialista em história da artilharia (à direita). Os membros eram então membros, da primeira hora, da  nossa Tabanca Grande. O anfitrião fui eu.

Almoçámos juntos (tivémos a agradável surpresa da visita, embora rápida, do José Martins, que trabalhava, na épcoa, no MARN e que passou pela Av Padre Cruz a caminho do médico para uma consulta de rotina). Fizemos o ponto da situação do Projecto Guiledje, contámos histórias, conhecemo-nos pessoalmente (do grupo, eu só conhecia o Pepito, embora já tivesse falado ao telefone com o Zé Neto e o Nuno Rubim).

Tal como Pepito, o Zé Neto, infelizmente, já não está entre nós. O nosso querido Zé Neto (ex-2º sargento da CART 1613, Guileje, 1967/68, e na altura capitão reformado, com 10 anos de Macau), era o veterano da nossa tertúlia, na altura. Era um pessoa dotada  de uma invejável energia e de uma memória fabulosa.  Foi o primeiro "tertuliano" a falecer, em 2007.

 Quanto ao Nuno Rubim, ex-capitão da CCAÇ 726, Guileje, 1964/74, é bom que se recorde que foi um dos oficiais mais condecorados da Guiné (onde fez duas comissões). É hoje coronel na reforma e historiador militar. Teve a gentileza de me oferecer um das suas publicações, além de um CD-ROm com os seus trabalhos.... Por razões de saúde, também está retirado doas nossas lides bloguísticas. Falei-lhe, ainda há relativamente pouco tempo, pelo telefone.

Foto: © Luís Graça (2006). Todo os direitos reservados.


3. Sabendo das suas suas obrigações como diretor executuivo da AD e das dificuldades de comunicações da Guiné-Bissau com o mundo exterior, o Pepito surpreendeu-me, na altura,  ao dizer-me que não dispensava a visualização diária do nosso blogue. Achava que este fenómeno (a vontade de abrir o livro, o baú da memória...) também estava a acontecer na Guiné: os antigos combatentes, de um lado e do outro,  sentiam necessidade de falar do passado e passar a escrito (ou ao videogravador) as suas memórias... A necessidade de falar da luta, na cidade ou nas matas, com alguém...

Grande parte da memória (escrita) de guerra de libertação, na posse do PAIGC, dos seus militantes e ex-militantes, desapareceu, foi destruída, extraviou-se ou ficou reduzida ao Arquivo Amílcar Cabral, em boa hora tratado e preservado pela Fundação Mário Soares.

Há um sério risco da geração pós-independência ver amputada uma grande parte da memória do seu povo, a luta pela independência, a difícil construção da Guiné-Bissau, a revolução que devorou os seus filhos, a fabricação dos novos mitos, os ajustes de contas, o cinismo pós-revolucionário, a subversão de valores...

Daí que o Pepito e os seus colaboradores da AD - Acção para o Desenvolvimento estivessem  afanosamente a gravar depoimentos dos antigos combatentes e habitantes de Guileje... Começaram pelas bases, mais acessíveis e espontâneas... Numa segunda fase, esperavam poder entrevistar os dirigentes, os comandantes operacionais, os comissários políticos, quando as defesas psicológicas e as pressões dos pares se começassem a quebrar ou a esbater...

Respondi-lhe que nós também cá tínhamos esse problema: como dissera uma vez  o Jorge Cabral, ainda havia, na época, muito boa gente (militar) com culpa e vergonha de ter feito a guerra da Guiné, a começar pelos nossos oficiais superiores... A hierarquia militar não nos  parecia ainda disposta a dar a senha e a contra-senha de acesso aos arquivos militares da guerra colonial...

O que o Pepito e a sua ONG estavam então  a fazer era, na  minha opinião,  um trabalho meritório e sobretudo patriótico, com dividendos para o futuro... Foi o que transmiti ao Pepito; não há futuro para um povo que tenha perdido a memória, a historicidade e a identidade.  E o tempo urgia, porquanto a geração que fez a guerra colonial (ou a guerra de libertação, conforme os lados da barricada), estava a desaparecer... Mais rapidamente na Guiné, devido à menor esperança média de vida à nascença dos homens guineenses da geração da guerra...

Também falámos da  situação económica, social e política da Guiné-Bissau, nessa épcoca (2006).  Dos medos e das esperanças que os guineenses sentiam em relação ao futuro. Do retorno à pertença e à identidade étnicas, na ausência de um Estado de direito que garantisse a proteção e o respeito do indivíduo e da sua família... Dos terríveis acontecimentos de 1998, que levaram o Pepito e a família a refugiar-se em Cabo Verde, terra de seu pai... E do doloroso regresso a Bissau, um ano e tal depois, o retorno à casa, no bairro do Quelelé,  completamente pilhada, violada, destruída... Os livros, as fotografias, as memórias de uma vida...

O que foi espantoso, para mim,  foi  ouvir este homem, que era um profissional do optimismo, contar isto sem ódio, sem ressentimento, sem rancor, qause sem mágoa... Tinha vindo a recuperar algumas coisas, com emoção: uns negativos, umas cartas, uns livros... E isso era suficiente para lhe dar alento e força para retormar a picada de uma vida, fértil de acontecimentos, sonhos, emoções, projetos, realizações...



Seta de sinalização de um dos antigos espaldões da artilharia.
Foto: © Carlos Afeitos (2013).  Todo os direitos reservados.

Para além das suas obrigações como deputado (por Contuboel, e independente, se bem recordo), o que mais lhe dava gozo era viajar de jipe - apesar dos problemas de coluna de que já sofria, em consequência dos milhares de quilómetros feitos através das picadas da Guiné... E estar no sul, em Iemberém ou em Guileje, com os seus amigos e vizinhos... A Mata do Cantanhez, o futuro Parque Transfronteiriço do Cantanhez, era um espanto, com riquíssima fora e fauna - onde se incluíam elefantes e chimpanzés ! - e, felizmente, ainda então ao abrigo, devido ao seu isolamento, dos apetites vorazes da clique político-militar no poder em Bissau e em Conacri...

Last but not the least, o Pepito também gostaria de ter contactos com todas as companhias que passaram por Guileje e, se possível, ter acesso a uma resumo da sua actividade operacional na região. Disse-lhe que esse pedido não seria  difícil de conseguir... Mais difícil seria desencantar, adquirir, encaixotar e transportar o raio do obus 14!... E a verdade é que o tempo passou e a gente esqueceu-se mesmo do obus!... Mas seguramente não vamos esquecer-nos do nosso querido amigo Pepito!...Dele e do Zé Neto, o primeiro a falar-me do Pepito.

Até sempre, amigos Pepito e Zé Neto! Um alfabravo para o Nuno Rubim a quem desejo saúde e longa vida.
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sábado, 11 de outubro de 2008

Guiné 63/74 - P3295: Ser solidário (21): Do Projecto Sementes ao Museu de Guiledje (Pepito)

São Martinho do Porto > Casa de verão do Pepito e da Isabel > 19 de Agosto de 2008 > O casal Carlos Schwarz Silva e Isabel Levy Ribeiro (mais a matriarca da família, a mãe do Pepito, Clara Schwarz da Silva), recebem dois ilustres Gringos de Guileje (CCAÇ 3477, Guileje, Novembro de 1971/ Dezembro de 1972): o ex-Cap Mil Abílio Delgado e o ex-Fur Mil Trms José Carioca, que se fizeram acompanharam das respectivas esposas.

O Zé Carioca, aqui à esquerda, em primeiro plano, tem sido o líder do projecto de recolha de sementes para os agricultores da Guiné-Bissau, em cooperação com a AD - Acção para o Desenvolvimento, a Organização Não-Governamental (ONG) fundada e dirigida pelo Pepito. O Abílio - aqui na foto, ao meio - mora na Ericeira e o Zé Carioca em Cascais. O Pepito ficou muito sensibilizado com a oferta, para o futuro museu de Guileje, que o Abílio lhe fez: os seus galões de capitão, o mais jovem capitão do Exército Português que passou pela Guiné...

Também apareceu um amigo dos Gringos de Guileje, o Diamantino Figueira (na foto, à esquerda). Ele foi connosco à Guiné, por ocasião do Simpósio Internacional de Guileje (1-7 de Março de 2008), juntamente com o seu filho. É dono de um restaurante na zona de Cascais . Para eles e para todos nós, foi uma semana inolvidável na Guiné-Bissau. Recorde-se que ele pertenceu ao BIG (Batalhão de Intendência Geral), Bissau, 1971/73. Telefone de contacto: 214752070.

São Martinho do Porto > Casa de verão do Pepito e da Isabel > 19 de Agosto de 2008 > As esposas do Zé Carioca, do Abílio Delgado e do Diamantino (não sei a ordem é esta...), conversando com a mãe e a esposa do Pepito.


São Martinho do Porto > Casa de verão do Pepito e da Isabel > 7 de Agosto de 2008 > Convívio com a família de Luís Graça: na foto, à esquerda, o João Graça, a meio o Luís Graça, e à sua direita, Isabel e o Pepito.

São Martinho do Porto > Casa de verão do Pepito e da Isabel > 7 de Agosto de 2008 > Da esquerda para a direita: a esposa do Ivan, filho do Pepito e da Isabel, a Alice Carneiro (esposa do Luís Graça), o João (filho de ambos), um amigo do Ivan, a Isabel e a sua mãe, Levy Ribeiro.

São Martinho do Porto > Casa de verão do Pepito e da Isabel > 7 de Agosto de 2008 > A Isabel e o Luís Graça.

São Martinho do Porto > Casa de verão do Pepito e da Isabel > 7 de Agosto de 2008 > O João Graça e a neta do Pepito e da Isabel, filha do Ivan (que vive em Portugal).

Fotos: © Carlos Schwarz (Pepito) (2008). Direitos reservados. (Legendas: L.G.)


1. Mensagem do Pepito, enviada de Bissau, com data de 24 de Setembro último:

Amigo e Companheiro Luís:

Com muito atraso em relação ao que te prometi, aqui seguem alguns apontamentos sobre a evolução do Projecto de Guiledje:


1- Durante as minhas férias em Portugal encontrei-me várias vezes com o Luís Graça, a Alice, o João e a Joana, em Lisboa, S. Martinho do Porto e Lourinhã, todos de uma amizade e entrega contagiantes, absolutamente fora de série e que nos deram mais força e ideias para avançar com este programa.

Os Gringos, os últimos a aparecer, já ocupam o primeiro lugar da pool position. Liderados pelo Zé Carioca têm desenvolvido uma série de iniciativas, tanto ligadas à reabilitação de Guiledje, como de apoio ao desenvolvimento das populações de Cantanhez. Adiantaram com algumas ideias, parte delas já em execução:

(i) Fornecimento de mais de 10 Kg de sementes hortícolas às mulheres de várias tabancas do sul de Cantanhez (Cabedú, Catesse, Cafine, Cadique, Iemberém e outras): vários Gringos compraram sementes de alface, feijão, tomate, cebola, pimento, couve, melancia e outras cultivares. Trouxe-as de Lisboa para Bissau e no final de Outubro (quando as chuvas acabarem) serão lançadas à terra. Muitos amigos compraram estas sementes, entre eles o José Rocha, o José Teixeira e o jornalista Fernando Mendes (Jornal de Notícias, do Porto). Criaram um fundo que alimentará no futuro a compra de mais sementes. Esta é uma resposta a um compromisso que o Zé Carioca e o Abílio tomaram quando estiveram a inaugurar um fontanário em Cabedú durante o Simpósio. Promessa feita, promessa cumprida. Os nossos agradecimentos serão feitos com o envio de fotos dos campos cultivados.

(ii) Fornecimento de roupa para a AD distribuir: o Zé Carioca, o Diamantino e outros amigos conseguiram recolher mais de 50 cartões contendo roupa para a AD distribuir à população no próximo Natal. Os cartões já embarcaram e deverão chegar a Bissau já em Outubro.

(iii) Cooperação com a Associação Cultural Confluência: ficou decidida a ida a Portugal do Grupo Cénico guineense Os Fidalgos para a apresentação da peça O Lutador, para fazer uma tournée em algumas cidades, entre elas Cascais e Loulé. Em 2009 virá à Guiné-Bissau o Grupo de Teatro da Confluência, acompanhado de escultores, cantores e poetas.

(iv) Geminação Bedanda-Cascais: criou-se uma dinâmica para promover a geminação entre Bedanda e Cascais, tendo como ponto de partida o facto de serem zonas turísticas e poderem ser materializadas através de Guiledje e Iemberém. O Zé Carioca e o Dr. Carimo Baldé, juiz guineense reformado, serão os motores de sensibilização junto da Câmara Municipal de Cascais. Uma das iniciativas a implementar é a da criação de uma Praça central em Iemberém, designada de Confluência, onde se virão encontrar 4 ruas: da Guiné-Bissau, de Portugal, de Cabo Verde e de Cuba.

(vi) inauguração do Museu de Guiledje: foi sugerida a ideia de se fazer uma cerimónia especial para a inauguração do Museu, onde viriam participar novos ex-militares portugueses que estiveram nesta zona e que têm manifestado o desejo de lá regressar. Dentro do ex-quartel vai-se designar cada passeio com nomes de ex-militares e outras pessoas que lá viveram e que muito se envolveram na iniciativa de Guiledje.

2- O Governo Japonês manifestou interesse em apoiar a remoção de obuses, bombas e outros engenhos explosivos que ainda existem em Guiledje e que, de certa forma condicionam a reconstrução dos antigos edifícios que serão destinados ao Museu, Escola Rural, sede do Parque Natural Transfronteiriço, e bungalows para o ecoturismo. Tudo indica que a remoção deste material de guerra possa ter início em Janeiro de 2009 e se prolongue por 3 meses.

3- O actual Primeiro-Ministro do Governo guineense, Carlos Correia, que participou assiduamente no Simpósio de Guiledje, prometeu que tudo iria fazer para que, até Novembro, o antigo quartel passasse a estar sobre a gestão da AD para se incrementar todas as iniciativas previstas.

4- Apadrinhamento de criança guineense: o Xico Allen propôs servir de intermediário para conseguir que um casal do norte de Portugal apadrinhasse uma criança da zona de Cantanhez. Com o acordo dos pais foi seleccionada a Sabá, de 7 anos, natural de Cadique e actualmente a estudar a 2ª classe em Bissau. O apadrinhamento traduz-se num apoio à sua educação escolar.

Seguem algumas fotos de momentos de grande amizade.

As esposas do Abílio, Diamantino e Zé Carioca, pessoas formidáveis como os maridos, partilharam comigo e com a minha família uma tarde inesquecível em S. Martinho do Porto.

Um abraço
pepito

sexta-feira, 30 de março de 2018

Guiné 61/74 - P18470: História de vida (46): O meu saudoso mano mais novo, Carlos Schwarz da Silva, "Pepito" (1949-2014) (João Schwarz da Silva) - III (e última)


Foto nº 1 > O "Pepito", com cerca de  5 anos em frente do carro Nash que o paiArtur  tinha comprado na América.


Foto nº 2 > O "Pepito" com a avò materna Ágata


 Foto nº 3 > O "Pepito" com o avô materno Samuel.



Foto nº 4 > O "Pepito", ainda bebé


Foto nº 5A > Algures, s/d, o "Pepito", com cerca de 12 anos, e o pai, Artur.


Foto nº 5 > Algures, o "Pepito" com o pai, Artur


Foto nº 6 > Portugal > Alcobaça > São Martinho do Porto > Estrada do Facho > Casa do Cruzeiro > c. 1957 > O pai, Artur Augusto Silva (1912-1983), com os filhos, da esquerda para a direita, João, Ica [, Hwenrique,]   e Carlos Schwarz da Silva, "Pepito" (1949-2014). Cortesia de João Schwarz da Silva, que nos diz que a data deve ser "provavelmente 1957"... Teria então o Pepito (, nascido em Bissau, em 1949) os seus oito anos...

Fotos (e legendas): © João Schwarz da Silva (2015). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



III (e última parte) da publicação do texto do João Schwarz da Silva sobre o seu malogrado mano mais novo, membro da nossa Tabanca Grande, que nos deixou há 4 anos atrás. e que tem por título Carlos Schwarz (Pipito).

As fotos nºs 1 a 4 foram ontem enviadas pelo João que, por sua vez, aceitou o nosso convite para integrar a nossa Tabanca Grande, o que muito nos apraz registar e anunciar.

Carlos Schwarz da Silva, Lisboa, 6/9/2007.
Foto de Luís Graça
O Pepito tem mais de 220 referências no nosso blogue. Continua a fazer parte da nossa Tabanca Grande, tal como a sua mãe, Clara Schwarz (1915-2016). Os seus exemplos de vida foram (e continuam a ser) inspiradores.  Vejo o Pepito,  nascido em Bissau,  sobretudo como um construtor de pontes, entre o passado e o futuro, entre os nossos dois povos, entre a África e a Europa.  A sua paixão pela Guiné levou-o a uma morte precoce, aos 63 anos. Veio morrer à terra da sua muito querida mãe, veio morrer em Lisboa,  quatro dias depois de celebrar os 99 anos da  Clara. Morreu em 18 de fevereiro de 2014. Para nós, é agora um "bom irã" que vive connosco no poilão da Tabanca Grande, a que se vem juntar, com muita alegria minha, o João, seu mano do meio: vou apresentá-lo, ainda hoje, aos amigos e camaradas da Guiné. (LG)
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Nota do editor:

Vd. postes anteriores da série: