quinta-feira, 10 de abril de 2008

Guiné 63/74 - P2745: Tabanca Grande (61): Valentim Oliveira da CCAV 489 / BCAV 490 (1963/65)

1. Mensagem do Valentim Oliveira, de 8 de Abril de 2008


Camarada Luís Graça:

É com muita admiração que leio todas as Histórias escritas por ti e por todos os outros camaradas que participaram na GUERRA DA GUINÉ.

Também sou veterano da mesma Odisseia: era da CCAV 489 do BCAV 490. Participei na grande Operação Tridente, na Ilha do Como.

Segui para Farim, onde por toda aquela zona muitas coisas boas e más se passaram. Também passei no inferno de Guidaje. Como tal também tenho muitas Histórias boas e más para escrever.

Peço permissão para entrar como membro da equipa dos Camaradas da Guiné.

Um grande abraço,
Valentim Flor Oliveira

PS - Por favor coloca esta minha mensagem no blogue.


2. Comentário do co-editor Virgínio Briote:

Caro Valentim,

Chamo-me Briote e fui Alf Mil da CCAV 489. Fui substituir um Camarada (do 3º Pel?) que foi evacuado para Lisboa.

O Cmdt da CCAV 489 era o Cap Pato Anselmo até ser substituído pelo Cap Mil Tavares Martins, que esteve convosco até ao fim da vossa comissão.

Estive poucos meses em Cuntima. Cheguei lá em finais de Janeiro de 1965 e saí em Maio.

Infelizmente muitas das minhas fotos de Cuntima extraviaram-se, restam-me pouco mais de meia dúzia. Envio-te uma dos alferes da Companhia. O único que não está na foto é o Ferreira (o que tinha aspecto de indiano), que talvez estivesse de férias.



Na estrada que vinha do Senegal e atravessava a povoação de Cuntima (mais tarde conhecida pela Avenida do Senegal), a fotografia dos oficiais da CCAV 489. Da esq para a dir, o Adilson, o médico Dr. Lourenço (açoreano da Terceira), o Cap Pato Anselmo (mais tarde tornado famoso por se ter rendido em 25/4 ao Cap Salgueiro Maia, com os carros na Baixa lisboeta), eu e o outro alferes maçarico (que era assim que se chamavam na altura os recém-chegados), chamado Carvalho.
Foto: © Tantas Vidas, Blogue de Virgínio Briote, Lisboa (2008). Direitos reservados.


Há distância de 43 anos, alguma destas figuras não te devem dizer muito. Eu e o meu pelotão dormíamos no celeiro, em frente à casa do capitão, do rádio e do posto de socorros.

Ficamos à espera das tuas histórias, das boas e más e das fotos que talvez ainda guardes. Sê bem vindo a à nossa tertúlia, em meu nome e dos restantes editores, Luís Graça e Carlos Vinhal, e dos demais amigos e camaradas da Guiné que formam este blogue.

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Notas de vb:

1. Estive há duas semanas com o Cor Cavaleiro, está com 91 ou 92 anos e com a cabeça em muito bom estado.

2. Batalhão de Cavalaria nº 490:

Sob o comando do Ten Cor Fernando Cavaleiro, o Batalhão integrava a CCS e as CCAV 487, 488 e 489. Arrancou de Estremoz, do RC 3, com a divisa "Sempre em Frente".

A estadia na Guiné iniciou-se em Julho de 1963 e a comissão foi dada como finda em Agosto de 1965.

Da actividade operacional, destaca-se a participação na Op Tridente (Ilha do Como/Komo), uma das maiores operações militares efectuadas pelas tropas portuguesas em territórios então designados como ultramarinos.

Mas a acção do Batalhão não se resumiu a essa operação. Após o desembarque, com base em Bissau, desenvolveu várias acções na zona do Oio. Partiu para as Ilhas do Como, Caiar e Catunco em 14 de Janeiro de 1964 e só de lá saiu quando a acção foi dada por terminada, em 24 de Março de 1964.

Passou então à quadrícula. Em 31 de Maio do mesmo ano assumiu a responsabilidade do sector de Farim, que compreendia os subsectores de Cuntima, Jumbembem, Bigene e Farim e a partir de 29 de Junho o de Binta.

Em 25 de Março de 1965 preparou-se para ocupar Canjambari (que estava dentro do sector à sua responsabilidade e que na altura estava totalmente nas mãos da guerrilha). Foi uma acção violenta, com flagelações contínuas e a ocupação, apesar da vasta experiência das tropas do Batalhão, só se deu por concluída em 31 de Maio de 1964.

Entre outras, nas operações Jocoso, Vouga e Invento foram capturados não só guerrilheiros e subtraída população ao IN, como também apreendidas significativas (na altura) quantidades de material de guerra (1 ML, 19 PMs, 36 Espingardas Simonov e outras, 10 minas e cerca de 10.000 munições), numa época em que o PAIGC estava a fazer todos os esforços para o introduzir na zona Norte, em particular o Oio, utilizando para isso todo o chamado corredor de Sitató, que partia do Senegal, atravessava Canjambari e ia até Morés, donde irradiava para toda a zona limítrofe.

Em 15 de Junho foi substituído no sector pelo BART 733 (Cmdt Ten Cor Glória Alves), tendo recolhido a Brá, onde ficou alojado até à data de regresso à metrópole.

Fonte: Extracto da História do Batalhão de Cavalaria 490

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